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AULA 06- NOVAS E VELHAS MENTALIDADES

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HISTÓRIA MODERNA: DA TRANSIÇÃO DO 
FEUDALISMO ÀS REFORMAS RELIGIOSAS
NOVAS E VELHAS MENTALIDADES
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Avaliar a importância de São Tomás de Aquino para a filosofia
moderna; 2. aplicar o conceito de circularidade cultural; 3. identificar como as mudanças operadas no campo das
mentalidades são assimiladas pelo homem moderno.
Como vimos nas aulas anteriores, o pensamento medieval não foi simplesmente substituído por uma nova
mentalidade. Ele, na verdade, surgiu como base para o pensamento moderno. Mesmo no interior da Igreja
Católica, existiam pensadores que procuravam conciliar as novas transformações e descobertas com a ideologia
católica.
Neste contexto, destacamos a obra de São Tomás de Aquino, que consegue, através das obras que produziu ao
longo de sua vida, alinhar duas instâncias aparentemente incompatíveis, a fé e a razão.
A escola de pensamento fundada por São Tomás se denominará tomismo e seus princípios foram fundamentais
para a manutenção do ideal eclesiástico durante a Idade Moderna.
Cabe lembrar que ele era filho de uma família nobre e abastada e pôde estudar em Nápoles, uma das mais
importantes universidades de seu tempo.
- -3
Se levarmos em consideração apenas os marcos temporais, aqueles que discutimos anteriormente,
restringiríamos seu pensamento à Idade Média, já que este filósofo viveu no século XIII e, pelos marcos
tradicionais, a Idade Moderna começaria somente no século XV.
Mas seus escritos serão uma das mais importantes bases do pensamento moderno, o que é também um exemplo
de como não devemos nos prender tão fixamente a esses marcos.
Quando fazemos nossa análise sobre os diversos processos históricos, vemos que não há uma rigidez para que
possamos realmente determinar o fim de uma era e o começo de outra.
De fato, para elaborar suas teses, São Tomás recupera um filósofo da antiguidade, Aristóteles.
Hoje, quando pensamos em filosofia, entendemos essa disciplina como algo inteiramente ligado ao mundo das
ideias, e, aparentemente, descolado do mundo físico e das ciências exatas. Essa concepção é em si, um equívoco,
já que a filosofia constituiu o fundamento da maior parte das ciências e os grandes cientistas e artistas eram,
também, filósofos.
Portanto, quando pensamos na filosofia na antiguidade, devemos compreender que esses filósofos estavam
envolvidos nos mais diversos campos do conhecimento. Aristóteles, por exemplo, dedicava-se à política, à poesia
e à astronomia, tendo sido um dos primeiros a defender o modelo geocêntrico de universo que foi refutado
posteriormente por Copérnico e Galileu.
Podemos reconhecer aqui um exemplo de como o conhecimento é cumulativo. Sabemos hoje que o modelo
geocêntrico não está correto. Entretanto, ele serviu como ponto de partida para a elaboração de novas teorias.
Essa é a dinâmica pela qual os saberes se aprimoram.
Ao retomar Aristóteles, São Tomás destaca o método de observação de mundo desse filósofo, na qual todos os
eventos e todos os indivíduos tem um propósito implícito. Há, portanto, uma ordem universal nas coisas que,
para São Tomás, é dada pela vontade divina. Dessa forma, a partir do pensamento tomista, a igreja adquire um
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fundamento teológico, baseado na Bíblia e um fundamento racional, baseado na filosofia. Podemos resumir essa
improvável junção entre fé e razão em uma famosa frase de São Tomás.
Crer para poder entender e entender para crer.
Como vemos, a fé se mantém como o fundamento da obra tomista, mas ao dedicar sua vida a racionalizar os
princípios da fé, sendo reconhecido pela igreja por sua contribuição ideológica, o filósofo buscou demonstrar que
todas as coisas que existem provinham de Deus e não havia, portanto, nenhuma contradição ou separação entre
a fé e a ciência.
Ao abraçar as ideias tomistas, podemos perceber que a igreja não permanece estática e imutável ao longo dos
séculos, mesmo sendo sua ideologia fundada em dogmas.
Dogmas...esse é outro conceito que precisamos definir antes de continuarmos.
Fique ligado
Em termos religiosos, dogmas são princípios irrefutáveis e a partir dos quais uma crença é
fundada.
- -5
Tomemos o exemplo cristão: na ideologia cristã, Maria, mãe de Jesus, concebeu virgem. Esse é um principio de
fé: ou acreditamos ou não acreditamos.
Ele não pode ser racionalizado, pois é um...dogma, ou seja, uma verdade absoluta. Na verdade, não só o
catolicismo é fundado em dogmas, mas todas as religiões os possuem. Outro dogma cristão é que há um único
Deus. Esse é um princípio no qual se sustenta a fé católica, não podendo, portanto, ser questionado.
Em grande parte, são os dogmas católicos que nos passam a impressão da Igreja como um corpo rígido, o que
está muito longe de ser verdadeiro, como podemos notar nas teses de São Tomás.
Suas ideias fazem com que ele seja um dos principais representantes da filosofia escolástica. A escolástica é uma
corrente filosófica muito disseminada na Idade média, em especial a partir do século XI e que teria servido como
ponto de partida para a filosofia moderna.
Sem dúvida, São Tomás foi também profundamente influenciado pela sua formação napolitana.
Durante o século XIII, as cidades italianas, como vimos nas aulas passadas, viviam um intenso movimento de
renascimento urbano e comercial e muitas culturas confluíam para elas, formando um caldeirão cultural
propício ao surgimento e desenvolvimento de novas teorias.
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Além disso, como vimos na última aula, o acúmulo de riquezas oriundas do comércio permitiu à burguesia
napolitana patrocinar diversos artistas e pensadores. Mesmo pintores renascentistas que não eram italianos,
como o flamenco Pieter Brueghel, ficaram encantados com o cosmopolitismo e a paisagem napolitana,
imortalizando-a em suas obras.
Nesta obra, Brueghel retrata o porto, fonte de poder e riqueza não só de Nápoles, mas das cidades italianas como
um porto.
É interessante pensarmos que o porto não era somente o meio de escoar e receber mercadorias, mas era
também um lugar por onde chegavam mercadores de terras distantes, burgueses, filósofos e artistas.
Quando vemos obras como essas e outras que pudemos estudar na última aula, vemos o surgimento de um
mundo novo, de luxo e riqueza para os nobres e de ascensão social para a burguesia.
São estas as classes retratadas nas pinturas e documentos, são sobre elas os documentos que são escritos.
Mas...e as classes subalternas?
Onde estão os camponeses, os pobres, os mendicantes? Em que parte da história eles se encaixam?
Aquelas que não podem pagar por seus retratos, não conseguem frequentar as universidades, não vivem nas
grandes e efervescentes cidades, como conhecê-las?
As classes baixas foram, durante muito tempo, uma classe silenciosa.
Não tinham livros escritos sobre ela, não narravam suas memórias, não eram imortalizadas na literatura ou nas
artes plásticas, mas sempre estiveram ali, e sempre foram importantes e mostraram suas forças nas grandes
eclosões sociais como os motins de fome e as revoluções burguesas.
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Somente no século XX, a historiografia, sendo a Inglaterra uma das pioneiras nesse processo, retomou a história
das classes populares, em sua , ou história vista de baixo. De fato, a metodologia histórica foihistory from bellow
profundamente renovada durante o século XX, com a escola dos Annales e as novas correntes historiográficas
inglesa e italiana. A partir de então, a cultura popular também foi considerada um objeto da história e percebeu-
se que havia muito ainda a ser descoberto e estudado.
Mas como revelar a história das classes que durante séculos se mantiveram sem voz? Esse foi um dos primeiros
grandes obstáculos que, a princípio, pareceram quase instransponíveis. Quase.
Uma das mais preciosas ferramentas para transmitir o conhecimento entre as classes baixas era a oralidade.
Assim, práticas cotidianas, artes de cura, senso comum, histórias diversas, lendas, mitos passavam de pai para
filho através daoralidade. Mas é claro, cada geração ouvia e transformava aquilo que escutava de acordo com
suas próprias experiências e com o tempo em que vivia.
Figura 1 - Jacob (direita) e Wilhelm Grimm (esquerda)em uma pintura feita em 1855 por Elisabeth Jerichau-
Baumann.
Os historiadores voltaram-se então para esses relatos, alguns seculares, como são aqueles que chamamos de
contos de fadas, que foram reunidos por diversas pessoas, sendo os irmãos Grimm os seus mais famosos
compiladores.
Como contribuição para o estudo do pensamento das classes populares, o historiador italiano Carlo Ginzburg
recuperou um processo inquisitorial que trouxe à tona uma parcela da mentalidade do homem comum da época.
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Estudando os arquivos inquisitoriais italianos, Ginzburg deparou-se com um processo de um moleiro, chamado
Domenico Scandella, conhecido como Menocchio, e sobre ele traçou um dos mais importantes estudos de caso
para a compreensão da mentalidade popular da época.
Antes de falarmos sobre este caso propriamente dito, vejamos um conceito fundamental para a sua
compreensão: o de circularidade cultural.
Ginzburg defende a existência de uma influência recíproca entre as culturas das classes abastadas e das classes
subalternas.
“Pode-se ligar essa hipótese àquilo que já foi proposto, em termos semelhantes, por Mikhail Bakhtin,
e que é possível resumir no termo “circularidade”: entre a cultura das classes dominantes e a das
classes subalternas existiu, na Europa pré-industrial, um relacionamento circular feito de influências
recíprocas, que se movia de baixo para cima, bem como de cima para baixo...” (GINZBURG, Carlo. O
. São Paulo: Cia das Letras, 2009).queijo e os vermes
Partindo desse trecho, há varias questões importantes que devemos discutir. Vamos começar com a citação a
Mikhail Bakhtin.
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Bakthin foi um estudioso e linguista russo que se dedicou, dentre outros objetos, a estudar a literatura e a
cultura popular na Idade Média.
Bakhtin escreveu diversas obras importantes, mas para apreendermos sobre a questão da circularidade veremos
o trabalho intitulado . Nele, oCultura popular na Idade Média e no renascimento: o contexto de François Rabelais
autor estuda a obra de Rabelais a partir das trocas entre a cultura popular e a cultura erudita de seu tempo,
entendendo seu contexto também a partir da influência da igreja no período em que Rabelais viveu.
Ao se utilizar de um conceito gestado originalmente na linguística e na filosofia da linguagem, áreas de atuação
principais de Bakthin, Ginzburg faz uso da interdisciplinaridade.
Lembra-se de quando falamos sobre transformações na historiografia do século XX?
A interdisciplinaridade é uma dessas transformações. Ela propõe o uso de conceitos produzidos por diversas
ciências humanas, ou seja, um livre trânsito de utilizações e usos dos conceitos.
Na verdade, em outras obras, Ginzburg diz, a respeito da sociologia, que quanto mais a história for sociológica e a
sociologia for histórica, melhor para ambas.
De fato, o uso de múltiplos conceitos de diferentes áreas amplia sobremaneira as possibilidades do fazer história,
enriquecendo os textos e ampliando o conhecimento de um modo geral.
A outra questão importante diz respeito à ideia de circularidade cultural em si.
Na verdade, em outras obras, Ginzburg diz, a respeito da sociologia, que quanto mais a história for sociológica e a
sociologia for histórica, melhor para ambas.
Por mais que aparentemente exista uma cultura dominante e esta seja mais visível em monumentos,
documentos e fontes, esta cultura jamais será “pura”. Ela sempre estará em contato e absorverá a característica
da cultura popular e vice-versa. Isso pode ser percebido nos modos de falar, nos costumes em geral, modos de
vestir, artes, enfim, no campo cultural como um todo.
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Depois dessa necessária parada metodológica, voltemos ao estudo de caso de Ginzburg: o moleiro Menocchio.
Veremos também uma outra forma de cultura popular na qual podemos verificar a mentalidade do homem
moderno: o teatro. Nesse caso, vamos falar de um dos maiores dramaturgos da história: William Shakespeare.
Saiba mais
O Moleiro Menocchio
Domenico Scandella, conhecido como Menocchio, viveu na região italiana do Friuli, onde
ocupava o ofício principal de moleiro. Diferente da maior parte da população pobre de seu
tempo, sabia ler e escrever. Jamais saberíamos de sua existência se o moleiro não tivesse sido
alvo da inquisição em dois processos, que, ao serem analisados pela história, nos contam
diversos detalhes de sua vida pessoal e em comunidade, permitindo o resgate de uma pequena
parcela do que era a vida do homem comum de sua época.
O pensamento de Menocchio não é só fruto de seu tempo. É também fruto das intensas
transformações de sua época. Duas delas são especialmente importantes para entende-lo: a
reforma e a invenção da imprensa.
A imprensa promoveu a expansão dos livros e, por consequência, da leitura. A media em que
ler e conhecer deixavam de ser privilégios das classes abastadas, pessoas simples como o
moleiro, que dominavam a leitura, podiam ter acesso ao livros. Entretanto, a leitura que ele
fazia era extremamente particular. Cada livro era lido e interpretado de uma maneira própria,
e o moleiro comparava o que lia, ao que vivia. As leituras foram fundamentais para formar suas
opiniões e também para leva -lo até a inquisição.
Por saber ler e escrever, Menocchio tinha um certo prestigio em sua comunidade. Ainda assim,
suas opiniões sobre alguns aspectos da Igreja católica, em uma época de atuação do tribunal
inquisitorial, lhe valeram uma denúncia vinda de sua própria comunidade, como era comum. O
moleiro criticava o sacramento do batismo, acreditava que o amor ao próximo era mais
importante que o amor a Deus e não acreditava na morte de Cristo pela remissão dos pecados.
Além disso, tinha sua própria visão sobre a criação do universo que ia de encontro aos dogmas
católicos.
Se Menocchio não vivesse em tempos de contra reforma, talvez suas ideias não causassem
maior alvoroço do que uma critica de pessoas próximas. Mas a Igreja católica enfrentava a
disseminação das reformas protestantes e as heresias se espalhavam por toda a Europa. No
primeiro processo, Menocchio foi condenado a prisão, onde permaneceu alguns anos. Após
renegar suas ideias, foi libertado, mas logo voltou a defende-las. No segundo processo, não
escapou da morte pelas mãos da inquisição.
O importante neste caso é percebermos como as macro e micro transformações afetam o
homem comum. Aquele sobre o qual nada sabíamos. Do processo inquisitorial podemos inferir
qual sua situação econômica, como viviam seus filhos, quem eram seus amigos, como se
comportava sua comunidade, de que o acusavam e como se defendia, que livros lera e como
estes influenciaram no seu modo de pensar e formaram sua mentalidade.
Na trajetória do moleiro, podemos perceber as rupturas e continuidades das quais falamos em
outras aulas. A religiosidade medieval coexistindo com o renascimento cientifico, as relações
entre o campo e a cidade, a importância dos diversos renascimentos e os movimentos
reformistas. Menocchio é apenas um caso, mas ilustra a mentalidade de sua época.
Vejamos agora outra forma de cultura popular na qual podemos verificar a mentalidade do
homem moderno: o teatro. Nesse caso, vamos falar de um dos maiores dramaturgos da
história: William Shakespeare.
Temos acesso a obra de Shakespeare, hoje em dia, nas mais variadas maneiras: livros,
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Continuando, as criações de Shakespeare não eram movidas pela vontade divina, mas faziam suas escolhas,
certas ou erradas, e sofriam as consequências de seus atos. Othelo mata sua amada por ciúmes, Hamlet
enlouquece, Romeu e Julieta preferem morrer juntos a viver separados.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fa
/Henry_Fuseli_rendering_of_Hamlet_and_his_father%27s_Ghost.JPG
O homem assume as rédeas de seu próprio destino, um dos princípios do humanismo. Nas suas peças convivem
o reale o sobrenatural, assim como na mentalidade moderna do homem. Nesta tela do século XVIII vemos uma
Temos acesso a obra de Shakespeare, hoje em dia, nas mais variadas maneiras: livros,
montagens teatrais, filmes. Suas histórias percorreram séculos sem nunca perder o vigor e
seus temas continuam incrivelmente atuais. Mas não estamos falando apenas daqueles temas
que dizem respeito aos sentimentos universais da personalidade humana: ódio, inveja, ciúme,
traição, amor. É claro que há muito desse aspecto em Shakespeare, mas o que veremos agora é
um outro lado de sua obra, o aspecto politico que, por sua vez, é tão atual quanto o aspecto
sensível.
Shakespeare viveu a maior parte de sua vida durante o reinado de Elizabeth I, a rainha virgem.
Este foi o período do absolutismo e da consolidação da igreja anglicana na Inglaterra. O teatro
era feito, sobretudo, para as classes populares que tinham nessa forma de arte sua mais
cotidiana forma de diversão.
Na Idade Média, as encenações eram basicamente focadas em temas religiosos. Representava-
se a vida dos santos, o martírio de Cristo, mas também havia as peças de amor e os contos de
cavalaria. O teatro shakespeariano é um reflexo da transição do homem medieval para o
moderno pois, enquanto assimila algumas características desse teatro medieval, incorpora
outras como a critica e a ironia, além da observação do mundo que o cerca.
Longe de ter uma linguagem rebuscada, o autor escrevia em inglês informal, o mesmo que era
falado pela população. Dessa forma, criava-se uma identificação entre o povo e os personagens.
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cena de Hamlet, na qual o personagem principal vê o fantasma de seu pai. Em uma sociedade cuja maioria era
analfabeta, é através do teatro que essas ideias que circulam no mundo letrado chegam à população.
Tanto o Menocchio de Ginzburg quanto a recepção ao teatro Shakesperaino demonstram recepção do homem
comum, das classes subalternas, as mudanças que se operam na Europa na transição do medievo para a
modernidade.
Nas palavras de Ginzburg, são homens como nós, mas ainda assim, muito diferentes de nós. Devem, portanto, ser
entendidos a partir da dimensão humana, como indivíduos inseridos em sua própria época e que dispõem de seu
próprio conjunto de ideias e costumes, e não serem pensados como uma massa, uniforme e sem rosto, que atua
como coadjuvante nos processos históricos.
O que vem na próxima aula
• As características da Igreja Medieval;
• as transformações religiosas;
• a ligação entre Igreja e Estado na transição do medievo para a modernidade.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Conheceu o pensamento tomista, a partir da recuperação da filosofia de Aristóteles;
• percebeu a mentalidade das classes subalternas através do estudo de caso;
• avaliou a importância da obra de Shakespeare na disseminação da mentalidade moderna entre as 
classes subalternas.
•
•
•
•
•
•
	Olá!
	
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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