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AULA 01 - NEUROLINGUÍSTICA

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NEUROLINGUÍSTICA
AULA 1
Prof.ª Larissa Priscila Bredow Hilgemberg
UNINTER - NEUROLINGUÍSTICA https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c=/gradNova/20...
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CONVERSA INICIAL
Olá, querido(a) estudante! Seja bem-vindo(a) a esta aula, na qual teremos como tema central a
conceituação de neurolinguística e linguagem. O objetivo é abordar os principais autores e definições
acerca dos assuntos, de forma a proporcionar uma base sólida para, posteriormente, nos
aprofundarmos nas teorias e conceitos principais da neurolinguística. Assim, seguiremos a seguinte
sequência de assuntos:
1. O que é neurolinguística?
2. O objeto de estudo da neurolinguística
3. Interdisciplinaridade da neurolinguística
4. O que é linguagem
5. Aquisição da linguagem
Bons estudos!
TEMA 1 – O QUE É NEUROLINGUÍSTICA?
Nosso primeiro tema não poderia ser outro. Antes de nos aprofundarmos nos conteúdos e
teorias relativos à neurolinguística, é necessário entendermos o seu conceito e de que forma essa
importante ciência funciona e dialoga com outras pesquisas e estudos.
Antes de mais nada, é importante separarmos a definição de neurolinguística da definição de
programação neurolinguística. A programação neurolinguística, ou PNL, é uma área da psicologia
relativamente nova que visa estudar as técnicas possíveis para a autopersuasão e a resolução de
problemas, programando (ou reprogramando) padrões emocionais e de comportamento. Ou seja, é
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um campo de estudos muito diferente do que vamos estudar durante esta disciplina. Já a
neurolinguística é uma das áreas da neurociência abrangente e essencial para o entendimento da
comunicação e linguagem humana. Tendo essa diferença explicada, vamos ao nosso objeto de
estudo: a neurolinguística.
A neurolinguística refere-se aos estudos da linguagem e dos mecanismos neurofisiológicos
responsáveis pela aquisição e pelo uso da linguagem humana. Conforme Luchesa (2020), a
neurolinguística é uma ciência que pesquisa as relações entre cérebro, cognição e linguagem, ou seja,
como o cérebro processa, compreende e produz a linguagem, e como a comunicação se desenrola
em função dessa atividade cerebral. A neurolinguística, dessa forma, vai se debruçar sobre como a
linguagem se dá em diferentes contextos, como desenvolvemos essa linguagem e quais são seus
distúrbios e afasias.
As pesquisas sobre linguagem são antigas e há relatos de estudos sobre ela datados de 3000 a.C.
Porém, a neurolinguística como nós conhecemos hoje começa a ser estudada em meados do século
XIX pelos pesquisadores Paul Broca e Carl Wernicke (Luchesa, 2020). Assim como as neurociências, ela
deriva do campo de estudo denominado afasiologia, que pretendia pesquisar as relações existentes
entre mente e cérebro (
Nesse período, as pesquisas eram limitadas, pois ainda não havia tecnologia o suficiente para
“entender” o exato funcionamento do cérebro em relação à linguagem. Entretanto, estudos
importantes foram desenvolvidos, como os que relacionaram a produção da fala aos lobos temporais
e frontais.
Os estudos e pesquisas foram se aprofundando, e na década de 1960, o termo neurolinguística
estabeleceu-se, influenciado pela linguística moderna de Noam Chomsky. As evoluções ocorridas em
outras áreas das ciências foram fundamentais para que a neurolinguística também pudesse avançar.
Assim, o progresso da inteligência artificial e dos estudos linguísticos, o desenvolvimento na medicina
e nas neurociências, e a ascensão da psicologia ao longo dos últimos anos colaborou para que essa
ciência também pudesse se desenvolver.
A partir da década de 1980, inicia um novo capítulo nas pesquisas neurolinguísticas, com a
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utilização de ERP (event-related potentials), ou testes de potenciais relacionados a eventos para
pesquisar a cognição de linguagem. Esses testes, inicialmente utilizados na psicologia, auxiliam os
estudos sobre linguagem ao mapear as atividades cerebrais. De acordo com França e Gomes (2015, p.
363):
Os ERPs são respostas do sistema nervoso com grande resolução temporal à estimulação motora ou
sensorial. […] Os ERPs são compostos por uma sequência de ondas caracterizadas por latência (o
tempo que a onda demora para se formar, medido em milissegundos), amplitude (a altura do pico
da onda, medido em microvolts) e polaridade (para cima negativa e para baixo positiva).
Assim, a neurolinguística vai ganhando espaço e se mostrando essencial para o entendimento da
aquisição e dos comprometimentos da linguagem e das próprias relações humanas. Conforme
aponta Vygotsky (1934), a primeira função da linguagem é social, é comunicar-se, é interagir com o
outro.
TEMA 2 – O OBJETO DE ESTUDO DA NEUROLINGUÍSTICA
A neurolinguística é um ramo da neurociência cognitiva dividida em cinco subáreas, que são a
linguagem, a visão, a audição, a atenção e a memória.
Como o próprio nome já indica, a neurolinguística une os estudos de duas importantes ciências:
Neuro: relativa ao estudo sobre o sistema nervoso — que é o conjunto de órgãos responsáveis
pela comunicação do organismo, captando as mensagens recebidas pelo ambiente e
respondendo com movimentos, sensações e reconhecimentos.
Linguística: relativa ao estudo da linguagem humana, sua estrutura e todos os possíveis
aspectos (morfológico, fonético, sintático, entre outros).
Uma vez que a neurolinguística está inserida na neurociência cognitiva, o enfoque do estudo será
as capacidades mentais do ser humano com base nas sensações das percepções adquiridas ao longo
da vida. De que forma aprendemos com base em nossas experiências sensoriais (Marques, 2019), bem
como de que forma se estrutura o sistema nervoso e quais são seus funcionamentos relacionados às
aprendizagens.
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A neurolinguística também é subdividida em duas vertentes: a que pesquisa a aquisição da
linguagem e a que pesquisa as afasias da linguagem (França, 2004). A neurolinguística, dessa forma,
se concentra nos estudos do cérebro. De acordo com Ahlsén (2006), estudos sobre linguagem e
comunicação após danos cerebrais são os mais comuns nessa ciência.
Vamos entender um pouco mais sobre cada uma dessas vertentes.
A neurolinguística é a ciência que investiga de que forma aprendemos a ler, a escrever, a falar e a
nos comunicar. É por meio dela que vamos compreender de que forma se dá a aquisição da língua
materna e das línguas secundárias, ou seja, como o cérebro trabalha para aprendermos nosso bom e
velho português e outras línguas que nos interessam. É também pela neurolinguística que
assimilamos o vínculo entre memória e linguagem.
De acordo com Luchesa:
A neurolinguística, além de ser um campo de estudo descritivo da linguagem, pesquisa a relação
entre a evolução da espécie humana e a habilidade de comunicação e uso da linguagem, ou seja,
em que medida a evolução influenciou o cérebro e quais são os aspectos relacionados à linguagem
nesse quadro evolutivo. (Luchesa, 2020, p. 35)
Porém, é essencial também analisarmos a neurolinguística sob o viés biológico e da saúde.
Estudar os distúrbios, afasias e doenças relacionados à língua e à linguagem possibilita entender a
diferença entre um cérebro com patologias e um tido como saudável, verificar de que forma a
linguagem está atrelada à cognição e quais são as áreas cerebrais responsáveis pela linguagem.
Morato (2016) aponta algumas das razões pelas quais é importante estudarmos a linguagem sob
o ponto de vista das afasias e dadoença de Alzheimer. Citamos aqui de maneira resumida alguns
destes tópicos:
Afasias e doença de Alzheimer desafiam os pesquisadores, pois ainda não há cura para elas,
além de terem diferentes características, que passam por diferentes aspectos, como linguísticos,
cognitivos, psicológicos, sociais, entre outros;
Afasias e doença de Alzheimer são patologias estigmatizantes, que causam impactos
psicossociais;
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As patologias permitem entendermos os processos da linguagem no cérebro e possibilitam a
elaboração de diferentes teorias;
Ainda há muito o que ser pesquisado e estudado referente à linguagem. Apesar de muitos
avanços, ainda não sabemos tudo sobre linguagem, cognição e cérebro;
Os estudos voltados à linguagem e à cognição sob o viés patológico ajudam a desmistificar
algumas afirmações e superar mitos, como os, levantados por Morato (2016, p. 584): “como o
da ‘idade crítica’ para a aquisição linguística, o da rigidez da arquitetura córtico-cognitiva de
certas categorias de indivíduos (os surdos ou os autistas, por exemplo)”.
Essa ciência ainda promove a linguística com o intuito de relacionar cérebro, linguagem, discurso
e cognição (Ahlsén, 2006; Morato, 1996), ou seja, de que forma aprendemos e utilizamos a linguagem
e o discurso como suporte de sociabilização.
Por fim, pode-se estudar a neurolinguística por diferentes vieses, pelo enfoque da área das
ciências humanas e sociais, pela perspectiva da neurociência, da linguística, da antropologia, da
filosofia, da sociologia, da tecnologia da computação, entre outras possibilidades. Pode-se estudá-la,
ainda, pelo enfoque das áreas biológicas, pela perspectiva da saúde e medicina.
TEMA 3 – INTERDISCIPLINARIDADE NA NEUROLINGUÍSTICA
A neurolinguística é considerada uma ciência ou disciplina híbrida, pois se relaciona com diversas
outras ciências e teorias. Conforme citado anteriormente, é possível estudar a neurolinguística por
diferentes perspectivas e todas são importantes para o entendimento das questões ligadas à
linguagem. De acordo com Ahlsén (2006, p. 4), “as muitas disciplinas que lidam com neurolinguística
fornecem inspiração e energia para esse campo. Elas apresentam diferentes dados, teorias e modelos
para pesquisa”.
A interdisciplinaridade da neurolinguística abarca ciências humanas e ciências biológicas,
englobando a neurociência e as subáreas ligadas a ela, como a neurofisiologia, a neurologia e a
neuroanatomia; as ciências sociais e seus braços, como a filosofia, a sociologia e a antropologia; a
linguística e suas ramificações, como a pragmática, o estudo do discurso e a psicolinguística; os
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estudos psicossociais, a psicologia e a psiquiatria; o campo biomédico, com enfoques para as
patologias e para a química; e não menos importante, a área computacional, com a tecnologia da
computação, a inteligência artificial e a robótica.
Em sua relação com a linguística, a neurolinguística recebe influência de diferentes vertentes dos
estudos linguísticos. O estruturalismo de Saussure (2006) dá base à linguística como conhecemos
hoje e é importante para a estruturação da neurolinguística. Porém, é com a teoria gerativa
chomskyana (1998) que aproximamos ainda mais as duas ciências, sendo que uma apoia as teorias da
outra. ) afirma que a teoria gerativista pode ser comprovada por estudos sobre
patologias sintáticas.
Ainda na interação com as ciências linguísticas, a neurolinguística dialoga com os estudos da
pragmática, a linguística aplicada e a psicolinguística. Sobre essa última, Ahlsén (2006, p. 3) informa
que “a neurolinguística tem uma relação muito próxima com a psicolinguística, mas se concentra mais
em estudos do cérebro”.
A psicologia é outra ciência central nos estudos da neurolinguística. Os estudos de Vygotsky
(1934) sobre linguagem são decisivos para o entendimento da relação entre aquisição da linguagem
e interação humana. Já Weisenburg e McBride (citados por Ahlsén, 2006) desenvolveram a psicologia
de testes, investigando fatores cognitivos em pessoas com afasias.
A neurolinguística, em conjunto com as neurociências, tem suas descobertas e teorias como fator
importante para o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA). Por outro lado, a IA e as ciências
computacionais também são largamente utilizadas nas pesquisas neurolinguísticas como forma de
auxiliar o entendimento das funções cerebrais.
A utilização de técnicas de neuroimagem como, por exemplo, a tomografia computadorizada,
possibilita em tempo real os estudos da atividade cerebral durante processos linguísticos e cognitivos,
podendo verificar como eles funcionam em cérebros com lesão e cérebros saudáveis, de forma a
entender o funcionamento das atividades cerebrais (Ahlsén, 2006).
As neurociências, em conjunto com a medicina e suas ramificações, colaboram com a
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neurolinguística na pesquisa e no entendimento das patologias relacionadas à linguagem, como as
afasias e o Alzheimer. Embora sejam patologias ainda sem cura, entender quais seriam as possíveis
causas e características possibilita o avanço nos estudos, tanto para frear o avanço quanto para
buscar a cura.
De acordo com Morato:
Se a interdisciplinaridade em neurolinguística ou em neurociências tem sido vista como uma
espécie de “mal necessário”. Ela não deixa, por outro lado, de constituir um domínio empírico que
representa um modo peculiar de apreensão da linguagem e da cognição. O maior investimento
teórico e metodológico que a neurolinguística tem feito nos últimos tempos tem sido precisamente
aquele que merece ser por ela aprofundado: reconciliar linguagem, cérebro e cognição com
processos que lhe são afeitos, dentre eles, a interação humana. (Morato, 2016, p. 23)
Dessa forma, a neurolinguística influencia e é influenciada por diferentes campos e ciências.
           
TEMA 4 – O QUE É LINGUAGEM?
O que é linguagem para você? Uma conversa? Um texto escrito? Um olhar? Um choro? Uma
canção? Uma pintura? Ou, talvez, uma dança? Qualquer uma das respostas poderá estar certa. Antes
de mais nada, é necessário pensarmos que o conceito de linguagem não tem uma definição fixa e
que, dependendo do olhar teórico, poderemos ter diferentes respostas à pergunta: o que é
linguagem?
Benjamin (2018, p; 9) nos traz uma resposta muito adequada à questão:
Todas as manifestações da vida do espírito no ser humano podem ser entendidas como uma forma
de linguagem, e esse entendimento abre em geral, como se fosse um verdadeiro método, para
novos questionamentos. Pode-se falar de uma linguagem da música e da escultura, da linguagem
da justiça […]. Numa palavra: toda comunicação de conteúdos espirituais é linguagem, sendo que a
comunicação pela palavra é apenas um caso particular, o da comunicação humana e daquilo que a
fundamenta ou nela se baseia.
Temos, dessa forma, a linguagem como ferramenta de comunicação, como aquilo que faz com
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que possamos entender o mundo à nossa volta, e a língua é apenas uma das facetas da linguagem.
Assim, é salutar diferenciar língua de linguagem. Temos a língua, que, de acordo com Saussure (2006),
é a intermediária entre pensamento e som, e é parte da linguagem. Mas a linguagem se mostra muito
mais ampla e é até mais importante nos processos de aprendizagem individuais, conforme Chomsky
(1998, p. 18): “a faculdade da linguagem entra de modocrucial em cada um dos aspectos da vida, do
pensamento e da interação humanos”.
Os estudos sobre língua e linguagem são antigos e encontram respostas linguísticas, históricas,
filosóficas, sociais e biológicas. A origem da linguagem deu-se pela necessidade do homem em se
comunicar. Luchesa (2020, p. 48) afirma que “os estudos sobre o fenômeno da linguagem são muito
antigos, datando aproximadamente de quatro ou cinco séculos antes da nossa era”.
De acordo com Damásio (2004), a linguagem nos auxilia a estruturar conceitos, a compreender
nosso mundo e a atenuar a complexidade dos conceitos abstratos, com base no que se chama de
compreensão cognitiva. Dessa forma, a linguagem representa uma forma de comunicação eficaz.
Aprendemos por meio da linguagem, e a própria linguagem é desenvolvida em função das
aprendizagens adquiridas, e ambas estão alicerçadas nas interações humanas. Assim, a linguagem é
essencial na vida humana. Sem a linguagem, nós não trabalhamos, não nos relacionamos, não
criamos, não aprendemos.
Bebês aprendem muito cedo e observam os pais e aqueles que os rodeiam na busca por
entender e decodificar a língua estabelecida e as muitas formas de linguagens utilizadas.
A linguagem, afinal, é peça-chave para nossa comunicação. Do ponto de vista linguístico, ela
deve ser levada em conta tendo como base diversos elementos: ambientais, biológicos, fonéticos,
fonológicos, morfológicos, pragmáticos, psicossociais, semânticos e sintáticos.
Ao pensarmos na língua e na linguagem sob o ponto de vista da neurolinguística, temos hoje em
dia, conforme afirmado por Luchesa (2020), a definição funcional de linguagem, ou seja, de que forma
a língua é processada no cérebro e de que forma a utilizamos. Entretanto, essa definição funcional
não leva em conta os aspectos sociais e culturais da língua, que são muito importantes no processo
de aprendizagem e utilização desta.
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A língua, sob o ponto da teoria gerativa de Chomsky (1998), é inata ao ser humano, ou seja, já
nascemos com ela. Chomsky a compara a um órgão do corpo humano, considerando-a como “órgão
da linguagem”, uma vez que, assim como outros órgãos, como o coração, não é possível retirá-la do
corpo, deixando o resto intacto.
De acordo com Fiorin (citado por Luchesa, 2020), a língua, por seu viés interacionista, tem
diferentes funções. Destacando-se:
função referencial: com a finalidade informativa;
função conativa: finalidade de persuasão;
função emotiva: finalidade de expressar as emoções (é subjetiva);
função fática: conhecida também como função de contato, tem como finalidade a comunicação
em si;
função utilitária: foco no que se diz (receita de bolo);
função estética: foco em como se diz (poesia).
Enfim, precisamos da linguagem, assim como precisamos nos comunicar. Aliás, a palavra
comunicação deriva do latim communicare, que significa tornar comum ou partilhar. Assim, aos nos
comunicarmos, utilizamos a linguagem com o intuito de partilharmos ideias, desejos, necessidades,
informações e emoções.
TEMA 5 – AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Assim como a linguagem pode ser conceituada por diferentes perspectivas, a sua aquisição
também vai encontrar diferentes teorias.
Há três principais teorias quanto à aquisição da linguagem: a behavorista, a inatista e a
interacionista (Godoy e Dias, 2014):
A behavorista tem como principal nome Skinner e afirma que a linguagem é aprendida de
forma condicional por meio de estímulos e respostas, ou seja, nós treinamos as crianças para
que elas aprendam a língua.
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A teoria inatista é levantada por Chomsky. Para ela, nós já nascemos com a estrutura gramatical.
A teoria chomskyana assume que nascemos com um dispositivo de aquisição da linguagem
programado biologicamente e ativado ao entrarmos em contato com a nossa língua materna.
As teorias interacionistas afirmam que diversos fatores, como sociais, linguísticos, biológicos,
entre outros, podem influenciar a aquisição da linguagem. Essas teorias seguem duas vertentes.
A primeira é apoiada nos estudos de Piaget. Para ele, o conhecimento é adquirido pela ação e
pelos mecanismos sensório-motores, e a linguagem tem papel secundário na aprendizagem;
por outro lado, temos a teoria baseada em Vygotsky, que afirma que o ser humano tem
predisposição genética para a aquisição da linguagem, porém ela só se desenvolve com o
desenvolvimento cognitivo e social.
A criança aprende a falar, aprende a língua materna para entender e fazer-se entender por
aqueles que a rodeiam. Mais ainda, a criança aprende a falar, antes mesmo de pensar sobre o que é a
linguagem e qual a sua necessidade e importância. Antes da sua descoberta e da criança ser capaz de
operações lógicas, a palavra se mostra como substituta do gesto.
Note que o processo de aprender uma língua e as muitas linguagens é universal. A criança
aprende a língua materna dos pais ou cuidadores. Se a criança é surda, por exemplo, não vai aprender
a língua materna falada de forma convencional, mas entenderá a linguagem visual e, posteriormente
aprenderá a língua oral por meio de técnicas, ou aprenderá a língua de sinais para manter-se em
comunicação com o mundo. Se a criança, ouvinte, nascer em uma família de surdos, aprenderá como
primeira língua a língua de sinais, ainda que possa ouvir perfeitamente. Enfim, todo ser humano,
ainda criança, aprende uma língua e muitas linguagens e aprende acerca do mundo por meio dessa
língua e dessas linguagens. Até os 4 anos de idade praticamente todas as crianças já aprenderam as
estruturas utilizadas em sua língua materna.
Foucault (1999) já afirmava que conhecimento e linguagem se entrelaçam, apoiando-se e
completando-se. Assim, enquanto falamos, conhecemos. Falar e conhecer ocorrem enquanto
analisamos, distinguimos elementos e estabelecemos relações com base no objeto de estudo.
O processo de aquisição da linguagem apresenta etapas universais em crianças que não
apresentam nenhum tipo de déficit ou patologia. Essas etapas obedecem a uma sequência
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cronológica mais ou menos padronizada. Porém, assim como em outras etapas de desenvolvimento
da criança, essa sequência pode ter leves alterações — algumas crianças começam a balbuciar com 4
meses, outras apenas com 8 ou 9 meses de idade. Vamos nos basear nas etapas cronológicas com
base nos estudos de Godoy e Dias (2014):
Bebês — 1 dia a 2 meses: ainda não se comunicam intencionalmente. O choro, indicação de
algum desconforto, é involuntário e objetiva saciar necessidades básicas como fome, sono ou
dor. Apesar disso, recém-nascidos conseguem identificar e reagir à voz dos pais.
Bebês — 2 meses a 4 meses: nesse período, a criança começa a produzir sons, que são guturais
e denominados de arrulho, por se assemelhar ao arrulho dos pombos. É também nessa etapa
que os sorrisos intencionais começam a aparecer: a criança, ao ouvir aqueles à sua volta, associa
os sons das vozes a experiências e sensações agradáveis e sorri.
Bebês — 4 a 8 meses: a criança começa a balbuciar, e esse balbucio é essencial para o
desenvolvimento da fala. A criança, ao balbuciar, ao mesmo tempo que está “brincando de
falar”, está treinando os sons e as possibilidades fonéticas.
Bebês — 8 a 12 meses: as crianças passam a pronunciar consoantes e vogais de forma
sequencial; pa-pa-pa, ma-ma-ma, ba-ba-ba. Ela responde aos sons à sua volta e atende quando
chamada pelo nome. Atende comandos básicos como não, sim e tchau.
Bebês — 12 a 18meses: a criança está pronta para falar e desenvolver sua comunicação verbal,
começando a desenvolver a comunicação linguística, proferindo palavras simples ou dando
sentido ao que antes era apenas um balbucio. Assim, o papa torna-se papai e o mama torna-se
mamãe.
Esse período inicial da aquisição linguística é essencial para que as crianças desenvolvam sua
comunicação de forma integral. Quanto mais as crianças forem motivadas a se comunicarem, melhor
elas desenvolverão essa habilidade. Dessa forma, é necessário que os pais interajam com os bebês e
crianças. Cantar, conversar, brincar, contar histórias, fazer perguntas e deixar que elas respondam
(mesmo que, no início, não se façam entender) é crucial para a aquisição da linguagem.
Ainda no período de 12 a 18 meses, a criança passa por uma explosão linguística, e diversas
palavras são absorvidas ao seu vocabulário. Nesse período, ainda, outras fases começam a se
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desenvolver, as estruturas gramaticais começam a ser apreendidas, bem como o entendimento de
conceitos, palavras e significados.
Em crianças de 18 a 24 meses, as palavras que antes eram ditas soltas começam a se combinar
em sentenças de duas e três palavras. O mamá vira quero mamá, ou quelo/queio mamá. Dessa forma,
a fala da criança nesse período é denominada fala telegráfica, pois não há recursos coesivos (artigos,
preposições, pronomes etc.). A estrutura da frase é composta, geralmente, por um substantivo e um
verbo ou dois substantivos.
A partir dos 24 meses, a criança passa a estruturar gradativamente as frases, cada vez com mais
sentido e mais formadas. O desenvolvimento da linguagem permite que a criança lide com diferentes
situações, e ela aprende, cada dia mais, a utilizar esse recurso na interação e socialização com os
outros.
Aos 4 anos de idade, aproximadamente, a criança já aprendeu todas as estruturas da sua primeira
língua. Quando chega aos 5 anos, o vocabulário de uma criança tem em torno de 1.900 palavras
(Luchesa, 2020).
Esse desenvolvimento possibilita que a criança aprenda também a ler e a escrever. A criança
passa a ser consciente dos múltiplos usos da linguagem e se adapta dependendo do contexto. Aos 8
anos de idade, a criança já completou a aquisição da fonologia: “o desenvolvimento da morfologia e
da sintaxe se aprimora ao longo dos anos e a aquisição dos léxicos continua por toda a existência de
um indivíduo” (Godoy; Dias, 2014, p. 54).
NA PRÁTICA
O aspecto lúdico de jogos e brincadeiras é um componente importante na aquisição e no
desenvolvimento da linguagem. Brincadeiras de roda, contações de história e músicas em grupo
auxiliam as crianças a experimentarem os sons, adquirirem vocabulário e compreenderem a estrutura
da língua materna. Sendo assim, vamos brincar?
Escolha uma brincadeira que utilize a língua (e a linguagem) como base. Pode ser um trava-
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língua, uma música do nosso cancioneiro popular, uma brincadeira falada ou de roda.
Faça um pequeno roteiro com base na brincadeira escolhida. Nesse roteiro, informe: a faixa
etária à qual a brincadeira é dirigida; se já é necessário ter desenvolvida a fala (a partir dos 4
anos) ou se a criança ainda está em fase de desenvolvimento (até 3 anos); quais aspectos da
linguagem serão trabalhados — vocabulário novo, rima, estrutura da frase, linguagem falada
versus linguagem corporal, diferenças fonéticas etc.
Se tiver contato com bebês e crianças, coloque em prática a atividade e perceba o que eles mais
gostam, o que mais os interessam, ou seja, qual o retorno quanto à brincadeira.
Caso não tenha, lembre-se de quando você era criança e como era quando fazia brincadeiras
como essa. Quais são as suas lembranças e emoções?
FINALIZANDO
Nesta aula, aprendemos sobre:
o que é neurolinguística;
uma breve história do desenvolvimento da neurolinguística;
a neurolinguística tem dois objetos de estudo principais, que são: aquisição da linguagem e
patologias da linguagem;
a neurolinguística como ciência que promove a linguística com o intuito de relacionar cérebro,
linguagem, discurso e cognição;
como a neurolinguística é considerada uma disciplina híbrida, pois se relaciona com diversas
ciências;
a interdisciplinaridade, que se deve à relação com ciências humanas e biológicas, com atenção à
linguística, à psicologia, às ciências da computação e à biomedicina e às neurociências;
como a neurolinguística influencia e é influenciada por diferentes campos e ciências;
o que é linguagem;
a diferença de linguagem e língua;
a importância da linguagem para a comunicação e interação;
as três principais teorias acerca da aquisição da linguagem;
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de que forma se dá a aquisição da linguagem na primeira infância.
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