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Artigo - SINDROME DOS NEORONIOS

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'10.37885/230312439
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 SÍNDROMES DOS NEURÔNIOS MOTORES 
Laura Júlia Valentim Barbosa
Leslivan Ubiratan de Moraes
https://dx.doi.org/10.37885/221110804
RESUMO
A síndrome do primeiro neurônio motor ou síndrome piramidal é composta por um conjunto 
de sinais e sintomas motores deficitários devido ao comprometimento da via do primeiro 
neurônio motor, em que sua apresentação clínica vai depender do local da via afetado, 
podendo manifestar sintomas deficitários ou negativos e sintomas de liberação ou positivos. 
Por sua vez, a síndrome do segundo neurônio motor é composta por um conjunto de sinais e 
sintomas motores deficitários devido ao comprometimento de sua via. Sendo caracterizada 
principalmente por apresentar atos motores abolidos. 
Palavras-chave: Síndromes Neurológicas, Primeiro Neurônio, Segundo Neurônio.
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As Bases do Diagnóstico Sindrômico - ISBN 978-65-5360-277-9 - Volume 1 - Ano 2023
SÍNDROME DO PRIMEIRO NEURÔNIO MOTOR (SÍNDROME PIRAMI-
DAL)
Definição
A síndrome do primeironeurônio motor ou síndrome piramidal é composta por um 
conjunto de sinais e sintomas motores deficitários devido ao comprometimento da via do 
primeiro neurônio motor. 
Etiologia 
Lesão do primeiro neurônio motor, o qual está localizado no córtex cerebral do lobo 
frontal, na área motora (giro pré-central). Essas lesões podem ter origem vascular (sendo 
eventos isquêmicos ou hemorrágicos), tumores no SNC, doenças desmielinizantes como 
na esclerose múltipla, doenças degenerativas, como a esclerose lateral amiotrófica, e 
em processos infecciosos. O neurônio piramidal é responsável pelo movimento muscular 
voluntário e pela força muscular, assim, a lesão de seu corpo ou de seu axônio leva ao 
quadro da síndrome.
Quadro clínico 
No quadro clínico o lado de manifestação vai depender do local da via afetado. A síndrome 
piramidal contralateral é caracterizada por hemiplegia e hemiparesia contralateral, ou seja, do 
lado oposto à lesão, e essa se dá por lesão da cápsula interna e do feixe piramidal acima da 
decussação das pirâmides. Já a síndrome piramidal, ipsilateral, caracterizada por hemiplegia 
e hemiparesia ipsilateral à lesão, ou seja, no lado da lesão, ocorre devido à lesão no feixe 
piramidal já na medula espinhal, abaixo da decussação das pirâmides. A síndrome piramidal 
bilateral apresenta tetraparesia e tetraplegia, se a lesão ocorrer na medula cervical ocorre 
a paraparesia, ou paraplegia se na medula cervical, sendo decorrente da secção medular 
completa ou mielite transversa, levando a uma lesão bilateral dos feixes corticoespinhais. E a 
síndrome piramidal alternada tem o quadro de hemiplegia e hemiparesia do membro superior 
de um lado e do membro inferior do outro lado. 
A síndrome compreende sintomas deficitários ou negativos e sintomas de liberação ou 
positivos, descritos a seguir.
• Sinais e sintomas deficitários ou negativos. Perda ou diminuição da motricidade, 
que acomete globalmente os membros, sobretudo a musculatura antigravitária (pa-
resias ou paralisias); diminuição ou abolição dos reflexos cutâneos abdominais, 
que pode ser definitiva ou transitória; e atrofia muscular, habitualmente moderada, 
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afetando globalmente o segmento paralisado.
• Sendo que a atrofia aparece somente após decorrido muito tempo e é consequên-
cia do desuso da musculatura ou pode ser causada por um mecanismo transsináp-
tico.
• Sinais e sintomas de liberação ou positivos. Sincinesias, que correspondem a mo-
vimentos associados anormais e evidenciam-se nos membros deficitários quando 
o paciente executa determinado movimento no lado não comprometido (p. ex., a 
mão do lado hemiplégico contrai-se quando o paciente fecha fortemente a mão do 
lado normal); sinal de Babinski, caracterizado pela extensão do hálux ao estímulo 
cutaneoplantar; exagero do reflexo de automatismo ou de defesa, representado 
pela tríplice flexão do membro inferior ao estímulo nociceptivo (tocando o pé, o 
membro inferior flexiona); hiperreflexia profunda, às vezes policinesia (mais de uma 
resposta a um único estímulo) e/ou sinrreflexia (resposta ao estímulo também do 
lado oposto); espasticidade, que é a hipertonia elástica e seletiva.
Convém ressaltar que nas lesões agudas da via piramidal é comum a verificação de 
paralisia, hipotonia e arreflexia. Após um período variável, de dias ou semanas a alguns 
poucos meses, a paralisia regride parcialmente, enquanto o tônus e os reflexos profundos 
aumentam, ou seja, surgem sinais de liberação.
SÍNDROME DO SEGUNDO NEURÔNIO MOTOR 
Definição
A síndrome do segundo neurônio motor é composta por um conjunto de sinais e 
sintomas motores deficitários devido ao comprometimento de sua via. 
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Etiologia 
O segundo neurônio motor é responsável direto pela contração muscular, também 
exerce papel trófico sobre o músculo, é responsável pelos reflexos tendinosos, sendo os 
quatro principais o bicipital, o tricipital, o patelar e o aquileu. A lesão desse neurônio também 
leva ao quadro da síndrome. 
Quadro Clínico 
Nas lesões do segundo neurônio motor (corpo celular ou axônio), localizadas no corno 
anterior da medula espinhal ou nos núcleos dos nervos cranianos do tronco encefálico, 
os impulsos motores que partem do centro não chegam à periferia. Em consequência, 
todos os atos motores (voluntários, automáticos e reflexos) são abolidos, aparecendo os 
seguintes sintomas e sinais: paralisia, frequentemente segmentar, assimétrica, interessando 
o grupamento muscular inervado pelos neurônios lesados; hipotonia, traduzida por 
aumento da passividade e da extensibilidade musculares; arreflexia, superficial e profunda; 
fasciculações, decorrentes dos processos crônicos de degeneração e regeneração nos 
músculos comprometidos; e atrofia da musculatura comprometida, que se instala mais ou 
menos precocemente. 
REFERÊNCIAS
1. ARORA R. D.; KHAN Y. S. Motor Neuron Disease. 2022 Aug 8. In: StatPearls [Internet]. 
Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022.
2. KASPER, D. L. Medicina interna de Harrison. 19. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 
2017. 1 v.
3. MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia funcional. 2 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 
2007.
4. PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2019.

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