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39 '10.37885/230312439 39 SÍNDROMES DOS NEURÔNIOS MOTORES Laura Júlia Valentim Barbosa Leslivan Ubiratan de Moraes https://dx.doi.org/10.37885/221110804 RESUMO A síndrome do primeiro neurônio motor ou síndrome piramidal é composta por um conjunto de sinais e sintomas motores deficitários devido ao comprometimento da via do primeiro neurônio motor, em que sua apresentação clínica vai depender do local da via afetado, podendo manifestar sintomas deficitários ou negativos e sintomas de liberação ou positivos. Por sua vez, a síndrome do segundo neurônio motor é composta por um conjunto de sinais e sintomas motores deficitários devido ao comprometimento de sua via. Sendo caracterizada principalmente por apresentar atos motores abolidos. Palavras-chave: Síndromes Neurológicas, Primeiro Neurônio, Segundo Neurônio. 299 As Bases do Diagnóstico Sindrômico - ISBN 978-65-5360-277-9 - Volume 1 - Ano 2023 SÍNDROME DO PRIMEIRO NEURÔNIO MOTOR (SÍNDROME PIRAMI- DAL) Definição A síndrome do primeironeurônio motor ou síndrome piramidal é composta por um conjunto de sinais e sintomas motores deficitários devido ao comprometimento da via do primeiro neurônio motor. Etiologia Lesão do primeiro neurônio motor, o qual está localizado no córtex cerebral do lobo frontal, na área motora (giro pré-central). Essas lesões podem ter origem vascular (sendo eventos isquêmicos ou hemorrágicos), tumores no SNC, doenças desmielinizantes como na esclerose múltipla, doenças degenerativas, como a esclerose lateral amiotrófica, e em processos infecciosos. O neurônio piramidal é responsável pelo movimento muscular voluntário e pela força muscular, assim, a lesão de seu corpo ou de seu axônio leva ao quadro da síndrome. Quadro clínico No quadro clínico o lado de manifestação vai depender do local da via afetado. A síndrome piramidal contralateral é caracterizada por hemiplegia e hemiparesia contralateral, ou seja, do lado oposto à lesão, e essa se dá por lesão da cápsula interna e do feixe piramidal acima da decussação das pirâmides. Já a síndrome piramidal, ipsilateral, caracterizada por hemiplegia e hemiparesia ipsilateral à lesão, ou seja, no lado da lesão, ocorre devido à lesão no feixe piramidal já na medula espinhal, abaixo da decussação das pirâmides. A síndrome piramidal bilateral apresenta tetraparesia e tetraplegia, se a lesão ocorrer na medula cervical ocorre a paraparesia, ou paraplegia se na medula cervical, sendo decorrente da secção medular completa ou mielite transversa, levando a uma lesão bilateral dos feixes corticoespinhais. E a síndrome piramidal alternada tem o quadro de hemiplegia e hemiparesia do membro superior de um lado e do membro inferior do outro lado. A síndrome compreende sintomas deficitários ou negativos e sintomas de liberação ou positivos, descritos a seguir. • Sinais e sintomas deficitários ou negativos. Perda ou diminuição da motricidade, que acomete globalmente os membros, sobretudo a musculatura antigravitária (pa- resias ou paralisias); diminuição ou abolição dos reflexos cutâneos abdominais, que pode ser definitiva ou transitória; e atrofia muscular, habitualmente moderada, 300 As Bases do Diagnóstico Sindrômico - ISBN 978-65-5360-277-9 - Volume 1 - Ano 2023 afetando globalmente o segmento paralisado. • Sendo que a atrofia aparece somente após decorrido muito tempo e é consequên- cia do desuso da musculatura ou pode ser causada por um mecanismo transsináp- tico. • Sinais e sintomas de liberação ou positivos. Sincinesias, que correspondem a mo- vimentos associados anormais e evidenciam-se nos membros deficitários quando o paciente executa determinado movimento no lado não comprometido (p. ex., a mão do lado hemiplégico contrai-se quando o paciente fecha fortemente a mão do lado normal); sinal de Babinski, caracterizado pela extensão do hálux ao estímulo cutaneoplantar; exagero do reflexo de automatismo ou de defesa, representado pela tríplice flexão do membro inferior ao estímulo nociceptivo (tocando o pé, o membro inferior flexiona); hiperreflexia profunda, às vezes policinesia (mais de uma resposta a um único estímulo) e/ou sinrreflexia (resposta ao estímulo também do lado oposto); espasticidade, que é a hipertonia elástica e seletiva. Convém ressaltar que nas lesões agudas da via piramidal é comum a verificação de paralisia, hipotonia e arreflexia. Após um período variável, de dias ou semanas a alguns poucos meses, a paralisia regride parcialmente, enquanto o tônus e os reflexos profundos aumentam, ou seja, surgem sinais de liberação. SÍNDROME DO SEGUNDO NEURÔNIO MOTOR Definição A síndrome do segundo neurônio motor é composta por um conjunto de sinais e sintomas motores deficitários devido ao comprometimento de sua via. 300 301 As Bases do Diagnóstico Sindrômico - ISBN 978-65-5360-277-9 - Volume 1 - Ano 2023 Etiologia O segundo neurônio motor é responsável direto pela contração muscular, também exerce papel trófico sobre o músculo, é responsável pelos reflexos tendinosos, sendo os quatro principais o bicipital, o tricipital, o patelar e o aquileu. A lesão desse neurônio também leva ao quadro da síndrome. Quadro Clínico Nas lesões do segundo neurônio motor (corpo celular ou axônio), localizadas no corno anterior da medula espinhal ou nos núcleos dos nervos cranianos do tronco encefálico, os impulsos motores que partem do centro não chegam à periferia. Em consequência, todos os atos motores (voluntários, automáticos e reflexos) são abolidos, aparecendo os seguintes sintomas e sinais: paralisia, frequentemente segmentar, assimétrica, interessando o grupamento muscular inervado pelos neurônios lesados; hipotonia, traduzida por aumento da passividade e da extensibilidade musculares; arreflexia, superficial e profunda; fasciculações, decorrentes dos processos crônicos de degeneração e regeneração nos músculos comprometidos; e atrofia da musculatura comprometida, que se instala mais ou menos precocemente. REFERÊNCIAS 1. ARORA R. D.; KHAN Y. S. Motor Neuron Disease. 2022 Aug 8. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022. 2. KASPER, D. L. Medicina interna de Harrison. 19. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2017. 1 v. 3. MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia funcional. 2 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2007. 4. PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo- gan, 2019.
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