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AULA 02 - NEUROLINGUÍSTICA

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NEUROLINGUÍSTICA
AULA 2
Prof.ª Larissa Priscila Bredow Hilgemberg
UNINTER - NEUROLINGUÍSTICA https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c=/gradNova/20...
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CONVERSA INICIAL
Olá, querido(a) estudante! Nesta aula, temos como tema central o funcionamento do cérebro
referente à linguagem, apresentando as principais áreas cerebrais responsáveis pelo desenvolvimento
da linguagem. O objetivo desta aula é nos aprofundarmos quanto à relação de linguagem e cérebro.
Dessa forma, seguiremos a seguinte sequência de assuntos:
1. Função cerebral da linguagem;
2. Sistemas funcionais da linguagem;
3. Ativação cerebral pela linguagem;
4. Mecanismos de representação da linguagem;
5. Compreensão dos símbolos cerebrais.
Bons estudos!
TEMA 1 – FUNÇÃO CEREBRAL DA LINGUAGEM
Para entendermos a linguagem humana, precisamos entender o funcionamento dela no cérebro.
De que forma ela é formada e organizada em nosso cérebro? De que forma cérebro e linguagem se
relacionam?
As funções da linguagem estão relacionadas ao tecido cerebral, assim, para compreender a
relação entre elas, são investigadas as bases neurais dos tecidos. Exames como eletroencefalografia e
ressonância magnética auxiliam nessas investigações, uma vez que por meio deles é possível
decodificar as funções cognitivas de imagem no cérebro e analisar a anatomia da massa cinzenta e
das fibras da substância branca (Luchesa, 2020).
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Para compreendermos o funcionamento do cérebro, precisamos saber que ele é dividido por
dois hemisférios cerebrais, o direito e o esquerdo. Entre os dois, há o que denominamos corpo caloso,
que é uma fissura longitudinal profunda. Cada um dos hemisférios é composto por uma massa
cinzenta e uma massa branca, por vasos sanguíneos e por fluídos. Esses hemisférios são divididos por
cinco lobos: frontal, parietal, temporal, occipital e insular. Os três primeiros lobos têm relação direta
com a linguagem. Já os dois últimos têm relação indireta.
Figura 1 – Cérebro humano
Créditos: Hank Grebe/Shutterstock.
Frontal: responsável pelo movimento, pensamento, planejamento, raciocínio, emoções,
memória, linguagem (expressão) e personalidade;
Parietal: responsável pela localização espacial, recepção e processamento sensorial e leitura;
Temporal: responsável pela linguagem (compreensão), comportamento, memória, audição e
habilidades matemáticas;
Occipital: responsável pela visão e equilíbrio;
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Insular ou límbico: responsável pelas emoções e paladar.
Na massa cinzenta do cérebro, encontramos o córtex cerebral (camada mais superficial do
cérebro).
O córtex cerebral tem 2-5 mm de espessura, e é responsável por cerca de 80% da massa total do
cérebro. Estima-se que a sua área total seja de cerca de 2000 cm2. O córtex cerebral tem uma série
complicada de pregas tortuosas, os giros (circunvoluções), e entre estes giros (circunvoluções)
existem indentações, denominadas sulcos. (Aghoghovwia, 2020)
O córtex é responsável pelo funcionamento do pensamento, do raciocínio, da memória, da
atenção e da linguagem. Na região temporal e frontal inferior esquerda do córtex, ocorrem os
processos sintáticos, ao passo que na região frontotemporal ocorrem os processos semânticos.
Os primeiros estudos sobre a localização cerebral da linguagem datam do final do século XVIII e
foram organizados pelos médicos Franz Joseph Gall, Johann Caspar Spurzheim, Pierre-Paul Broca e
Jean-Marie-Pierre Flourens. Esses primeiros estudos se baseavam em teorias localizacionistas e
antilocalizacionistas. Enquanto os dois primeiros pesquisadores defendiam a teoria localizacionista, ou
seja, que a linguagem estava representada em uma região específica do cérebro, os dois últimos
baseavam-se na teoria antilocalizacionista, ou seja, que a linguagem não era organizada por uma
região específica do cérebro, mas estava representada simultaneamente por todas as regiões
cerebrais (Pinheiro, 2012).
No início do século XX, as teorias antilocalizacionistas estavam preferidas em detrimento às
teorias localizacionistas. Porém, na metade do século, entre as décadas de 1950 e 1960, as teorias
localizacionistas voltam a ser discutidas e pesquisadas. Estudos acerca dos hemisférios cerebrais são
elaborados e alcança-se o conceito de especialização funcional dos hemisférios cerebrais.
Esta concepção em síntese admite que não existe um hemisfério dominante e outro dominado, mas
sim dois hemisférios especialistas: um dos hemisférios se encarrega de um grupo de funções,
enquanto o segundo encarrega-se de outro; às vezes são estratégias funcionais que diferenciam um
hemisfério do outro. (Pinheiro, 2012, p. 26)
De acordo com Friederici (citado por Luchesa, 2020), a área posterior do corpo caloso tem
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relação direta ao processamento da linguagem quanto a informações sintáticas e prosódicas. A
sintaxe relaciona-se às palavras dentro de uma frase (suas relações de concordância, de ordem e de
subordinação), já a prosódia refere-se ao ritmo e à entonação da língua falada.
A neurolinguística investiga essas e outras alterações cerebrais:
É assim que a neurolinguística estuda atividades cognitivas realizadas durante o processamento da
linguagem: avaliando alterações elétricas e hemodinâmicas no cérebro, durante a realização de
pequenas tarefas cognitivas estritamente linguísticas e também as não linguísticas, mas ligadas de
alguma forma ao processamento linguístico. (França, 2005, p. 24)
Podemos verificar, portanto, que os processos cerebrais para ativação da linguagem são
complexos e dependem de áreas específicas do cérebro, apesar de relacionarem-se com praticamente
todo o córtex cerebral.
TEMA 2 – SISTEMAS FUNCIONAIS DA LINGUAGEM
Conforme verificamos anteriormente, a linguagem é processada pelo cérebro em uma complexa
ativação. Os estudos realizados até o presente momento identificaram que a linguagem é elaborada
pelo cérebro com base em três conjuntos de estruturas neuronais. O primeiro conjunto é composto
nos dois hemisférios por numerosos sistemas de neurônios e relaciona-se à representação não
linguística das coisas, emoções e relações. O segundo situa-se, geralmente, no hemisfério esquerdo e
organiza as palavras e estas palavras em frases. O último conjunto, composto no hemisfério esquerdo,
coordena os dois primeiros conjuntos, produzindo palavras com base em um conceito, e conceitos
com base em palavras (Damásio, 2004).
De acordo com Damásio (1992), encontramos três sistemas funcionais relacionados à linguagem:
O primeiro, denominado operativo ou instrumental, é responsável pelo processamento
fonológico, isto é, pela habilidade da oralidade e pela identificação das palavras, das sílabas e
dos fonemas;
O segundo, denominado semântico, é responsável por dar significado às palavras;
O terceiro, chamado sistema de mediação, é responsável por estruturar o léxico.
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Para que a linguagem e a comunicação funcionem, nosso cérebro processa os três sistemas ao
mesmo tempo. Ou seja, num diálogo, por exemplo, no mesmo instante em que processamos a fala
do outro (que entra por nossos ouvidos e chega ao cérebro), organizamos o sentido para o que foi
ouvido e produzimos uma resposta.
Esse processo é explicado por Friederici (2011), que aponta que após a fase inicial de análise
acústico-fonológica (ou seja, de ouvire entender o que ouvimos), dão-se três fases de regulação
linguística. A primeira fase organiza as palavras, o léxico. A segunda fase calcula as relações sintáticas
e semânticas, ou seja, a relação entre as palavras e as palavras e seu sentido. Dessa forma, é possível
compreender a frase.
A terceira fase acontece quando, apesar da segunda fase ocorrer, ainda não foi possível chegar à
compreensão do contexto. Nesse caso, a terceira fase relaciona-se com o contexto ou conhecimento
de mundo para dar conta da interpretação linguística. As três fases interagem com a prosódia
linguística, fornecendo, por exemplo, informações sobre limite de frases relevantes para os processos
sintáticos.
A prosódia é um macrossistema que se constitui de três subsistemas (ordens estruturais): o sistema
de organização métrica (acento rítmico), sistema de organização tonal melódica (tom, entonação) e
o sistema de organização temporal (quantidade, tempo e pausas) que organizam a fala no nível
lexical (morfema, palavra) e no nível pós-lexical (enunciado, discurso). (Couto, 2011, p. 63)
Dessa forma, para que a linguagem seja ativada, nosso cérebro trabalha acionando diversas
funções simultaneamente. A compreensão de uma palavra ou frase ouvida ocorre por meio de
processos acústico-fonológicos, sintáticos e semânticos, ao passo que, para falarmos, também é
necessário que os processos sintáticos e semânticos sejam ativados, além de processos fonológicos.
Esses processos levam em conta tanto fatores internos quanto fatores externos e ocorrem em
diferentes áreas cerebrais.
De acordo com Friederici (2011), os processos fonético, semântico, sintático e prosódico no nível
da sentença são processados no córtex frontal, temporal e inferior, já no hemisfério direito em
interação com o hemisfério esquerdo ocorre o processamento da informação prosódica.
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Outras duas áreas essenciais no funcionamento da linguagem chamam-se área de Broca e área
de Werneck. As duas áreas estão conectadas pelo fascículo arqueado, que é um grupo de fibras
nervosas. Enquanto a área de Broca está localizada na parte inferior do lóbulo frontal do hemisfério
esquerdo e é responsável por planificar o modo de falar, a área de Werneck encontra-se no lóbulo
temporal do hemisfério esquerdo (mas pode também estar no hemisfério direito) e é responsável
pela compreensão sonora, ou seja, por compreendermos o que ouvimos (Gallardo, 2020).
É importante também conhecer os estudos levantados pelos estudiosos russos Luria e Vygotsky
acerca das funcionalidades da linguagem. Para Luria, os processos mentais são sistemas complexos,
que se formam com base na linguagem. A linguagem, assim, não é organizada em uma área
específica, mas desenvolve-se com base em sistemas neurais por todo o cérebro. Dessa forma, ela
também é um processo complexo que compreende, além da comunicação, diversos recursos, como
os expressivos, os receptivos, os abstratos, os interpretativos e os motores. Além disso, a linguagem,
principalmente a linguagem escrita, altera substancialmente esses processos, acarretando mudanças
cognitivas (Gerken, 2008; Freitas, 2006; Bastos; Alves, 2013).
A linguagem tem papel crucial na comunicação humana e nas interações. É função da linguagem
o contato social (Vygotsky, 1934) e é por meio do contato e das interações sociais que aprendemos. A
aprendizagem, pelo enfoque sociointeracionista, é alicerce e ferramenta para desenvolvermos o
nosso conhecimento, não sendo possível separar um aspecto do outro, e um sendo ancoragem para
o outro.
A palavra não é apenas substituta do gesto, mas é necessidade vital para resolver situações e
problemas, e ela é indispensável assim como os olhos ou as mãos. A fala auxilia, ainda, no
desenvolvimento cognitivo da criança e na sua formação. A criança se percebe no mundo com base
na própria fala. A linguagem permeia também as descobertas e as decisões acerca de diferentes
questões (Vygotsky, 1978).
O processo de construção do conhecimento supõe a integração das sensações, percepções e
representações mentais. O cérebro é um sistema aberto, que está em interação constante com o
meio, e que transforma suas estruturas e mecanismos de funcionamento ao longo desse processo
de interação. Nessa perspectiva, é impossível pensar o cérebro como um sistema fechado, com
funções pré-definidas, que não se alteram no processo de relação do homem com o mundo. (Alves;
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Bastos, 2013)
Assim, tanto para Luria quanto para Vygotsky, a relação com o mundo vai ser essencial para a
construção do conhecimento (e da linguagem). Assim, o processo de aquisição da linguagem,
principalmente da escrita, é extremamente importante no desenvolvimento cognitivo da criança
(Gerken, 2008).
TEMA 3 – ATIVAÇÃO CEREBRAL PELA LINGUAGEM
Durante os dois primeiros temas desta aula, pudemos compreender que a linguagem funciona
com base em processos complexos e orquestrados de nosso cérebro. Não há, portanto, uma área
específica que, sozinha, dá conta de “fazer funcionar” nossa linguagem. Mas é pela relação entre áreas
e circuitos neurais que desenvolvemos a linguagem como um todo.
Já verificamos também que cada lóbulo é responsável por uma parte da linguagem, e ainda
temos diferença entre os hemisférios direito e esquerdo, além de haver a ativação nas áreas de Broca
e Werneck.
Não foi sempre possível compreender como se dá a linguagem no cérebro. Estudiosos
pesquisam há muito tempo sobre o funcionamento do nosso cérebro e como ativamos nossa
linguagem. Porém, é a partir da década de 1980 que a ativação cerebral pela linguagem passa a ser
investigada de forma mais contundente.
Os testes de potenciais relacionados a eventos (ERPs), que já existiam desde a década de 1950,
começam a ser usados na década de 1980 para pesquisar a cognição da linguagem. Além disso,
foram desenvolvidas técnicas não invasivas ou pouco invasivas, como a ressonância magnética
funcional e a tomografia por emissão de pósitrons, para aferir a atividade cerebral por imagem
(Luchesa, 2020).
Com esse avanço nas pesquisas, tornou-se mais possível identificar de que forma o cérebro é
ativado ao utilizarmos a audição, a fala, a escrita e a leitura. Mas como esses testes e exames auxiliam
no entendimento da ativação da linguagem? De acordo com França (2015), ao monitorar o cérebro
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com testes com ressonância magnética funcional ou tomografia de emissão de pósitrons, vemos que
as áreas cerebrais se tornam mais ou menos ativas a cada momento com base no rastreamento das
variações na circulação sanguínea cerebral.
As técnicas eletromagnéticas são poderosos instrumentos para monitorar a ativação elétrica
relacionada a estímulos linguísticos exatamente porque oferecem grande precisão temporal: os
impulsos elétricos no cérebro podem ser detectados quase instantaneamente no couro cabeludo,
através do osso craniano. Enquanto o voluntário executa uma tarefa linguística — decidir, por
exemplo, se a frase que ele está lendo na tela do computador é congruente —, a atividade elétrica
de seu cérebro é monitorada por eletrodos fixados no couro cabeludo.
Os eletrodos são ligados, pela outra extremidade, a um eletroencefalógrafo, que recebe e amplifica
os fracos sinais elétricos captados. Tais sinais são sincronizados ao evento linguístico-alvo, ou seja, é
possível saber exatamente quando um estímulo foi mostrado ao voluntário e que onda é resultante
da reação a esseestímulo. (França, 2005, p. 23)
Conforme verificamos anteriormente, todos os lobos relacionam-se com a linguagem, de
maneira direta ou indireta. Assim, cada parte do cérebro será ativada para diferentes funções quanto
à linguagem. Alguns exemplos são levantados por Faria (2015):
Leitura silenciosa: hemisférios occipitais direito e esquerdo e córtex temporal direito;
Integração semântica e fonológica: lobo temporal esquerdo e lobo frontal esquerdo;
Ativação linguística: lobo temporal medial esquerdo;
Repetição de palavras: conjunto de áreas que envolve o giro supratemporal esquerdo, córtex
motor e pré-motor ipsis-laterais, putâmen esquerdo, uma parte dos hemisférios.
Hoje, conseguimos afirmar que a linguagem é ativada pelo cérebro, mas que também
proporciona elasticidade a ele. Ou seja, ela possibilita que nossa cognição (aprendizagem) se
desenvolva. Porém, ainda há muito o que se pesquisar e estudar sobre o cérebro e sobre as relações
entre linguagem e cérebro.
TEMA 4 – MECANISMOS DE REPRESENTAÇÃO DA LINGUAGEM
Quais são os mecanismos cerebrais ativados pela linguagem? Como é possível relacionar o som
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ao seu sentido ou a palavra escrita ao seu signo? Muitos estudos foram e são feitos a esse respeito e
vamos, neste tema, entender quais são os mecanismos para representar língua e linguagem.
Ao processarmos a fala ouvida, pensamos e produzimos conteúdos, e organizamos esse
pensamento de forma estrutural, discursiva e contextual — tudo ao mesmo tempo. São em torno de
cinco sílabas por segundo no fluxo da comunicação. Assim, para que consigamos dar conta,
acessamos a representação mental das palavras. Nesse processo, ativamos a fonologia, a semântica e
a morfologia das palavras, ou seja, o som, o sentido e a forma das palavras (Faria, 2005).
Esse processo de ativação múltipla acontece porque a palavra-alvo sempre se relaciona a múltiplos
aspectos dos conteúdos mentais. As representações do som de uma palavra (fonologia), do seu
significado (semântica) e dos pedaços que a formam (morfologia) entram em jogo nesse processo.
Por exemplo, ouvir a palavra banana ativa representações mentais de palavras como batata e nana,
por semelhança de som com a palavra ouvida. Mas também pode ativar manga e maçã, por serem
do mesmo campo semântico, e bananada e embananada, por pertencerem à família de palavras
formadas a partir da mesma raiz banan. E ativa também, é claro, a representação da palavra-alvo,
banana, que acaba por ganhar a competição entre todas as representações de outras palavras
relacionadas. (Faria, 2005, p. 21)
Os neurônios do sistema nervoso central estão ligados a todas as regiões cerebrais que
processam a linguagem verbal e seu significado. Assim, a estruturação do sistema nervoso central
permite que tenhamos capacidade para ler e escrever (Oliveira, 2013).
Ainda com relação à escrita, a professora e pesquisa Emilia Ferreiro (1985) explica que há duas
formas de identificarmos essa habilidade: como representação da linguagem ou como código de
transcrição gráfica das unidades sonoras. E a forma que consideramos a escrita alterará o sentido da
alfabetização das crianças.
No caso da representação da linguagem, ou criação dessa representação, não há elementos ou
relações predeterminadas. Ao se levar em conta essa afirmativa, também afirmamos que a
aprendizagem é conceitual, ou seja, é a apropriação de um novo objeto de conhecimento. Apesar de
se saber falar, mesmo a criança tendo audição e fala adequadas, ela está descobrindo uma nova
forma de representar sua linguagem (Ferreiro, 1985).
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No segundo caso, da transcrição linguística, tanto os elementos envolvidos quanto as relações já
estão predeterminados, “o novo código não faz senão encontrar uma representação diferente para os
mesmos elementos e relações”. Ao aceitarmos essa alternativa como principal, estamos reduzindo a
linguagem a uma série de sons, destruindo, assim, o signo linguístico. Ao conduzirmos a alfabetização
sob esse ponto de vista, aceitamos que a aprendizagem de ler e escrever refere-se a apenas uma
simples transcrição do sonoro para o código visual e, dessa forma, não há motivo para encontrarmos
dificuldade em aprender a ler e escrever (Ferreiro, 1985).
Dessa forma, ao levarmos em conta que a aquisição da leitura e escrita é uma nova forma de
representação, levamos em conta também que a criança, ao aprender a ler e escrever, precisa
reinventar o sistema linguístico, entendendo novos processos e regras (Ferreiro, 1985).
TEMA 5 – COMPREENSÃO DOS SÍMBOLOS CEREBRAIS
A linguagem é representada pelo cérebro como outro objeto. O cérebro, assim, elabora a
linguagem com base em três conjuntos de estruturas neuronais, como vimos anteriormente. Vamos
relembrar?
O primeiro conjunto é responsável pelas interações não linguísticas — o que fazemos,
percebemos, sentimos. O segundo conjunto é menor e representa nosso sistema fonético — as
palavras, as combinações entre elas e as regras de ordenação dentro de uma frase. O último conjunto,
mas não menos importante, coordena os dois primeiros. Ele é responsável por dar sentido às palavras
e produzir um conceito com base nelas, ou produzir palavras com base em um conceito. É uma via de
mão dupla — verbalizar o que pensamos e ordenar intelectualmente o que foi verbalizado (Damásio,
2004).
De acordo com Deacon (citado por Nunes e Galvão, 2006), os primeiros símbolos surgiram antes
do desenvolvimento da fala. As habilidades simbólicas, assim, seriam uma mudança de estratégia de
comunicação e foi fundamental para a coevolução da linguagem e do cérebro.
Conforme afirmam Mello, Miranda e Muszkat (2013), é no lobo occipital do cérebro que
processamos os símbolos gráficos e é no parietal que processamos as questões viso-espaciais da
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grafia e da leitura. Ainda de acordo com as pesquisadoras, as informações processadas nos dois lobos
são reconhecidas e decodificadas na área de Werneck. Qualquer dano ou afasia que se encontrem
nessas áreas resultarão em dificuldade de ler ou escrever.
A compreensão de como a arquitetura neural processa a ortografia, ou seja, os símbolos, ainda é
limitada (Carreiras et al., 2014). Em seu estudo, o autor verificou que há áreas específicas no cérebro
que respondem mais a letras do que dígitos e símbolos, sendo que algumas áreas estão mais
envolvidas a dígitos e símbolos e outras mais a letras.
Você sabia que nosso cérebro interpreta isto =) como um rosto feliz, assim como ele interpreta
isto =( como uma pessoa triste, certo? Ou seja, os emoticons são identificados por nosso cérebro
como uma expressão facial.
Pesquisas realizadas no Japão e na Austrália constataram que nosso cérebro aprende que
emoticons (desenhos criados com pontos e parênteses) equivalem a algumas expressões faciais
humanas. Os pesquisadores identificaram que os participantes do estudo, ao lerem frases com
emoticons, tiveram ativada a região cerebral que envolve a compreensão de textos, ou seja, para o
cérebro, os emoticons estão entre a comunicação visual e verbal (Carrera, 2014).
Assim, compreendemos que os símbolos são entendidos e interpretados de diferentes maneiras
pelo nosso cérebro.
NA PRÁTICA
Na aula de hoje, nós vimos como uma única palavra pode nos remeter a tantas outras, e como o
nosso cérebro é incrível na busca por relacionar os aspectos morfológico, semântico e sintático.
Vamos, agora, perceber na prática como o cérebro fazconexões quando pensamos em uma palavra.
Vamos trazer uma palavra e, com base nela, convido você a fazer um mapa mental. Antes, vamos
entender o que é um mapa mental: mapa mental é um diagrama para representar ideias, tarefas e
conceitos relacionados a uma palavra ou ideia.
Assim, trago um exemplo simples de como elaborar um:
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Perceba que para a palavra água, identificamos diversas outras palavras, seja pelo seu sentido,
seja pelo seu som. Essas outras palavras “puxam” outras. Nesse mapa mental, poderíamos identificar,
ainda, diversas outras palavras.
Agora é a sua vez! Escreva num papel em branco ou no computador a palavra amarelo. Faça os
links com outras palavras. O que vem à sua cabeça? Lembre-se de que não há certo ou errado, deixe
sua imaginação fluir.
Ao terminar seu mapa mental, visualize tudo o que você relacionou à palavra amarelo e perceba
como o seu cérebro fez conexões.
Não é incrível essa nossa máquina?
FINALIZANDO
Nesta aula, aprendemos sobre:
as funções da linguagem estão relacionadas ao tecido cerebral;
anatomia básica do cérebro — hemisférios e lobos;
processos cerebrais para ativação da linguagem;
sistemas funcionais relacionados à linguagem;
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prosódia linguística;
áreas de Broca e de Werneck;
processo da linguagem de acordo com Luria e Vygotsky;
como se dá a ativação cerebral pela linguagem;
áreas cerebrais ativadas pela linguagem;
os mecanismos cerebrais ativados pela linguagem;
processos na linguagem oral e na linguagem escrita;
processo escrita de acordo com Emilia Ferreiro;
processamento dos símbolos em nosso cérebro;
diferença no processamento de dígitos e símbolos e palavras;
como emoticons são processados pelas áreas visuais e verbais do cérebro.
REFERÊNCIAS
AGHOGHOVWIA, B. Córtex cerebral. Disponível em: <https://www.kenhub.com/pt/library
/anatomia/cortex-cerebral>. Acesso em: 13 nov. 20.
BASTOS, L. de S.; ALVES, M. P. As influências de Vygotsky e Luria à neurociência contemporânea e
à compreensão do processo de aprendizagem. Revista Práxis, Volta Redonda, n. 10, 2013.
CARRERA, I. Como nosso cérebro interpreta emoticons. Revista Época, São Paulo, 2014.
Disponível em: <https://epoca.globo.com/vida/noticia/2014/08/como-nosso-cerebro-interpreta-
bemoticonsb.html>. Acesso em: 12 nov. 2020
CARREIRAS, M. et al. Ortographic Coding: Brain Activation for Letters, Symbols, and Digits.
Cerebral Cortex, v. 25, n. 12, p. 4748-4760, 2015.
COUTO, E. A. B. A prosódia e a função comunicativa nas estereotipias da fala de indivíduos
afásicos. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.
DAMASIO, A. Aphasia. New England Journal of Medicine, v. 236, n. 8, p. 531-59, 1992.
DAMÁSIO, A. H. O cérebro e a linguagem. Revista Viver Mente & Cérebro Scientific American,
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14 of 16 01/03/2021 11:00
ano 13, n. 143, 2004. Disponível em: <https://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro
/cerebro_e_a_linguagem.htm>. Acesso em: 9 nov. 2020.
FARIA, L. Linguagem e cérebro: confira as principais áreas ativadas. Meu Cérebro, 2015.
Disponível em: <https://meucerebro.com/areas-linguagem-cerebro/>. Acesso em 13 nov. 20.
FERREIRO, E. A representação da linguagem e o processo de alfabetização. Caderno Pesquisa,
São Paulo, p. 7-17, fev. 1985.
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