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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS FMU Samara Martensen Andrade RA: 6666737 ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA - APS DIREITO DO TRABALHO APLICADO – ADVOCACIA PREVENTIVA AO CONTECIOSO TRABALHISTA São Paulo 2021 2 Apresente parecer circunstanciado e fundamentado sobre a correção ou não das condutas estabelecidas pela empresa com aval do Departamento de Recursos Humanos. A empresa Bitcoin Serviços de Informática Ltda contrata seu escritório de advocacia objetivando efetivar o levantamento jurídico trabalhista das pendências que envolvem a empresa considerando a recente reforma da legislação trabalhista. A empresa possui quadro de empregados diretos além de contar com quadro fixo de 80 trabalhadores autônomos, e 20 estagiários assim distribuídos: um diretor, um gerente, quatro assistentes e quatro auxiliares da área administrativa; um diretor, oito supervisores (sendo que um deles exerce as atribuições de gerência), vinte e oito vendedores; 80 representantes comerciais autônomos e dos 20 estagiários, todos subordinados a diretoria comercial. Em levantamento in loco preliminar que restou apresentado a diretoria da empresa foram eleitas as seguintes questões: 1. A empresa não possui qualquer planejamento relacionado a medicina e segurança do trabalho, pois, segundo orientação do Departamento de Recursos Humanos não há risco na atividade desenvolvida. A orientação do DRH está errada pois, independente da atividade da empresa apresentar ou não riscos, a empresa devera possuir um planejamento acerca da medicina e segurança no trabalho, com base nas Normas Regulamentadoras Brasileiras (NRs), nos códigos e Portarias do Ministério do Trabalho e outros órgãos, para assim evitar futuros problemas e demandas trabalhistas. A empresa poderá utilizar o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) para a aplicação da medicina e segurança do trabalho na forma prevista em lei, com as devidas orientações para seus empregados, abrangendo a todos que compõem o quadro da empresa empregadora, sejam eles autônomos, celetistas ou estagiários. Outro órgão que pode estar presente nesta empresa é a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), não sendo de obrigatória a instituição neste caso, pois a empresa apresenta baixo risco às atividades desempenhadas pelos colaboradores. No entanto, nesse caso, um funcionário treinado deve ser designado para cumprir as funções que seriam desempenhadas pela referida comissão. A CIPA, instituída pela NR 5, tem a função de viabilizar e organizar diálogo sobre a segurança e saúde no trabalho no âmbito interno da empresa. Onde, organiza os diversos interesses dentro da empresa, possibilitando que todos consigam planejar, propor, informar, fiscalizar e fazer cumprir as NRs e acordos laborais adjacentes. 2. A empresa é ré em várias ações objetivando indenizações que apresentam como causa de pedir fática o tratamento vexatório diuturno a que são submetidos os vendedores e representantes comerciais que não alcançam o patamar de metas estabelecidos pelo supervisor que exerce as atribuições de gerência na área comercial, sendo que o Departamento de Recursos Humanos, ao analisar os casos informou a diretoria da empresa https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-05.pdf 3 que a atitude do supervisor em presentear os vendedores com menor patamar de vendas com uma camiseta com a inscrição “Sou o Lanterninha do Mês”, não é ofensivo e que todos os vendedores melhoram sua produção nos meses seguintes; A orientação do DRH está errada, pois a inscrição na camiseta caracteriza assedio moral contra o empregado, tal conduta evidencia a pratica de uma violência psicológica. Portanto, os bens ofendidos são a autoestima, honra e a imagem dos funcionários ao serem compelidos ao uso desta camiseta, nos termos do artigo 223-C da CLT. Em decorrência a ofensa desses bens, os funcionários lesados tem legitimidade para ingressar na esfera judicial trabalhista com o pedido de indenização por danos morais /extrapatrimoniais em face do supervisor da empresa e serão indenizados na proporção da omissão ou da ação danosa provocada, nos termos do artigo 223-A até o 223-G da CLT. Neste caso, também seria cabível a aplicação do Compliance trabalhista, que permite aos empregados um sentimento de segurança e consequentemente o aumento da produtividade. E ainda, por consequência, reduz o número de ações trabalhistas além de preservar a honra e a imagem empresarial. Assim sendo, temos na conduta do supervisor evidenciada a falta de ética e deverá ser tirada dos costumes e das práticas da empresa em relação aos funcionários. 3. Parte dos representantes comerciais são obrigados no comparecimento diário na sede da empresa, em horário determinado pelo diretor comercial, sendo certo que em eventual ausência o dia de trabalho é descontado das comissões no mês de referência, sendo que os demais somente comparecem a empresa para aviamento das necessidades comerciais (entrega de pedidos, recebimento de mostruários e recebimento de comissões), conduta esse aprovada pelo Departamento de Recursos Humanos da empresa. Mais uma vez está equivocada a posição do DRH. A obrigatoriedade de comparecimento diário dos representantes comerciais à sede da empresa deixa demonstrada a pessoalidade, assiduidade, subordinação e onerosidade, ficando evidenciado o vínculo empregatício, descaracterizando o representante comercial como autônomo, prestador de serviços, segundo os termos do artigo 3º da CLT. O trabalhador autônomo, prestador de serviços, não precisa ter subordinação, como previsto na lei nº 4.886/1965. 4. Todos os estagiários (cursando Administração de Empresas, Tecnologia da Informação e Direito) são contratados diretamente pela empresa, sem qualquer formalidade efetivada pelo Departamento de Recursos Humanos, a não ser o pagamento de vale transporte e bolsa auxílio e se ativam exclusivamente no recebimento dos pedidos de compras, independentemente da área acadêmica que pertençam e laboram oito horas diários e semanalmente são submetidos a horas extras. 4 O DHR deve celebrar um “contrato de estagio”, denominado termo de compromisso, entre a empresa e a instituição de ensino, onde, dispõe de todos os dados pessoas do estagiário, bem como informações pertinentes a sua função, eventuais remunerações, duração do período de estágio e etc. Conforme dispõe o artigo 10 da Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, a jornada de trabalho de um estagiário de curso superior não pode ultrapassar seis horas diárias (trinta horas semanais). O estagiário não pode ser submetido a hora extra, devendo apenas cumprir a carga horária estabelecida em legislação específica. A empresa está correta no número de estagiários em seu quadro de funcionários, por conter mais de 25 empregados pode ter até 20% do total de funcionários efetivos em número de estagiários. A empresa apresenta 20 estagiários, assim ainda estará respeitando o limite previsto. Conforme o artigo 17, inciso IV da Lei nº 11.788/2008, a empresa deve respeitar o número máximo previsto em lei. 5. Um dos assistentes comerciais foi denunciado por um dos clientes em razão de furto de numerário (o cliente apresentou vídeo contendo as filmagens do local onde a conduta restou comprovada), no entanto, o Departamento de Recursos Humanos da empresa desaconselhou a demissão sob alegação do mesmo ser detentor de estabilidade em decorrência de acidente do trabalho, em relação ao qual foi emitida a CAT (comunicação de Acidente do Trabalho) com afastamento médico de 10 dias. A conduta do DRH demonstra controvérsia ante definição dada pelo artigo 482, alínea “a” da CLT, onde dispõe que, dada a conduta do assistentecomercial de cometimento de furto, acaba configurada a justa causa para a rescisão do contrato de trabalho pelo empregador. A garantia de estabilidade de emprego não se aplica, ante previsão do artigo 60, parágrafo 3º e o artigo 118 da Lei que regulamenta o acidente de trabalho (8.213/91), que dispõe sobre o empregado que sofreu acidente de trabalho, rege que, tem garantia no prazo de doze meses no mínimo, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa após o auxílio-doença acidentário cessar, e em casos de afastamento com prazo superior a quinze dias. 6. Os empregados da empresa, com exceção dos diretores, gerentes e supervisores recebem em média valor de R$ 4.500,00, valor esse fruto do percentual comissional das vendas realizadas, além de valor fixo de R$ 2000,00 o Departamento de Recursos Humanos, orientou a empresa, no sentido que a fixação de pagamento de parcela salarial fixa desonera a empresa de qualquer reflexo ou integração em relação aos valores comissionais. A orientação do DRH está errada pois, de acordo com o artigo 457, parágrafo 1º da CLT, as além do salário, compreende na remuneração do empregado as comissões e gratificações que este venha a receber. Ou seja, não desonera a empresa dos reflexos em relação aos valores comissionais. 5 As comissões refletem no adicional de horas extras (Súmula 340 do TST) e no adicional noturno (obtido o salário-hora). E ainda, as comissões refletem em repousos semanais remunerados (Súmula 27 do TST), como refletem também nos domingos e feriados trabalhados sem folga compensatória em dobro ou apenas a dobra salarial. As comissões repercutem no adicional de periculosidade e no adicional de transferência. As comissões refletem, pela média, em aviso prévio, 13ºs salários e férias, como previsto no artigo 142, parágrafo 3º da CLT e refletem no FGTS, incluídos os depósitos do FGTS sobre os reflexos, salvo nas férias indenizadas.
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