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FARMACOLOGIA Lisandra Vinhas 098 -Passei Direto- Estuda que a vida muda Bloqueadores neuromuscular O que são? Os bloqueadores neuromusculares (BNMs) são drogas que interrompem a transmissão neuromuscular dos impulsos nervosos na junção neuromuscular esquelética, causando a paralisia dos músculos.Eles são utilizados com anestesia, permitem que o anestesiologista faça a intubação do paciente, facilitam a ventilação e promovem boas condições operatórias.Os BNMs também podem ser utilizados em eletroconvulsivo terapias, pois as convulsões podem causar traumatismos osteomusculares ou fraturas. Os pacientes devem receber ventilação mecânica, monitoramento da frequência cardíaca e da pressão arterial, em toda duração da ação. Além disso, sua manutenção deve ser feita com muito cuidado. Do contrário, sérios problemas podem ser causados. 2 -IMPORTANTE SABER------------------------------------------------------------------------ Farmacologia da Junção Neuromuscular A interface entre a extremidade do nervo motor e a fibra muscular esquelética é denominada junção neuromuscular (JNM) ou placa motora terminal Sua função é transmitir o impulso nervoso para a fibra muscular, iniciando o processo de contração da musculatura esquelética. A JNM constitui um importante sítio de ação de fármacos que podem facilitar ou, mais frequentemente, inibir o processo de transmissão neuromuscular. Neste último grupo, merecem destaque os chamados bloqueadores neuromusculares, amplamente utilizados para promover relaxamento muscular controlável durante processo cirúrgico. A farmacologia da JNM também apresenta um aspecto teórico importante, visto que por sua relativa acessibilidade constitui um modelo para o estudo da ação de fármacos na transmissão sináptica 3 Inibidores da transmissão neuromuscular Os fármacos podem interromper a transmissão neuromuscular através de ação pré-sináptica – interferindo com processos que ocorrem na terminação nervosa, ou através de ação pós-sináptica – atuando sobre os receptores nicotínicos da placa motora. Fármacos de ação pré-sináptica. Este grupo é constituído por fármacos que atuam sobre a terminação nervosa motora inibindo a síntese ou a liberação de ACh. Estes fármacos já tiveram seus mecanismos de ação descritos anteriormente (ver Capítulo 16). Exemplos de os fármacos que inibem a síntese de ACh são os hemicolínios e trietilcolina. Os fármacos que inibem a liberação de ACh destacam-se os antibióticos aminoglicosídicos (estreptomicina e neomicina), que podem ocasionar paralisia muscular como efeito colateral indesejado, e a toxina botulínica, que apresenta aplicabilidade terapêutica. Essa toxina vem sendo utilizada, através de aplicação local, para o tratamento do blefarospasmo (espasmo palpebral persistente e incapacitante), estrabismo, bem como para facilitar o relaxamento muscular facial. Fármacos de ação pós-sináptica. Este grupo agrega a grande maioria dos fármacos de importância terapêutica. Esses fármacos são classificados em dois subgrupos principais, os bloqueadores competitivos (ou não despolarizantes) e os bloqueadores despolarizantes. A farmacologia de cada um deles será discutida a seguir. 4 1.Agentes bloqueadores não despolarizante: -bloqueam receptores de acetilcolina e ou canal iônico EXEMPLOS; - De longa ação : dexacúrio;pancurônio e pipercurônio - De ação intermediária :atracúrio, cisatracúrio, vecurônio e rocurônio ; - De curta ação: mivacúrio e ultracurta como gentacúrio. Mecanismo de ação; . Os bloqueadores competitivos antagonizam a ação despolarizante da acetilcolina sobre a placa motora. Entretanto, não afetam a despolarização da fibra muscular induzida pelo íon K+, nem a contração evocada pela estimulação elétrica direta da fibra muscular. Do ponto de vista eletrofisiológico, a amplitude do potencial de placa terminal é progressivamente reduzida na presença de doses sucessivamente maiores desses fármacos, até que este se torne subliminar, de maneira que não mais seja capaz de levar à deflagração do potencial de ação propagado 5 2.Agentes Bloqueadores despolarizante: -Agonista nos receptores de acetilcolina canal iônico na placa motora EXEMPLO: A succinilcolina (suxametônio), Mecanismo de ação. Os agentes despolarizantes promovem a ativação dos receptores nicotínicos da mesma forma que a ACh. Todavia, esses fármacos são resistentes à ação da acetilcolinesterase, causando uma despolarização mais duradoura da placa motora. Isso resulta em breve período de excitação repetitiva, que se manifesta por fasciculações musculares. Posteriormente, a membrana eletroexcitável periplaca entra em estado de “acomodação”, apresentando um aumento do limiar da excitabilidade. Com isso, a placa motora torna-se circundada por tecido inexcitável, de maneira que o potencial de placa terminal não é capaz de gerar um potencial de ação. “Bloqueio por despolarização fase II”. A exposição prolongada a bloqueadores despolarizantes pode determinar, em algumas espécies animais e, ocasionalmente no homem, a chamada fase II do bloqueio, na qual a despolarização não se faz mais presente, mas o bloqueio persiste. O mecanismo envolvido nessa fase do bloqueio não é claro, todavia, sugeres-se o estabelecimento da dessensibilização dos receptores nicotínicos. 6 Usos terapêuticos O principal uso clínico dos bloqueadores da JNM é como adjuvante na anestesia cirúrgica, para obter relaxamento da musculatura esquelética, particularmente da parede abdominal, de maneira a facilitar a manipulação cirúrgica. Com isso, o relaxamento muscular não mais depende da profundidade da anestesia, o que possibilita o emprego da quantidade de anestésico necessária apenas para induzir o nível cirúrgico de anestesia. Isso torna a anestesia mais segura, pelo menor risco de depressão cardiovascular e/ou respiratória e menor período de recuperação anestésica. Sua função é causar uma despolarização mais prolongada da placa motora – ao contrário daqueles com curta duração – e levar a uma insensibilidade dos canais iônicos, o quepermite o bloqueio neuromuscular.O procedimento, por sua vez, pode apresentar efeitos problemáticos, como: ● Aumento das pressões intracraniana, intragástrica e intraocular; ● Hipertermia; ● Complicações cardiorrespiratórias . Os BNMs adespolarizantes agem como competidores diretos com a acetilcolina pelos sítios de ligação dos receptores nicotínicos, prevenindo a ligação entre o neurotransmissor e o receptor. A ligação deles ao receptor é reversível e eles podem causar: ● Anafilaxia ; ● Curarização Residual; ● Aplicação Incidental. 7 http://blog.somiti.org.br/parada-cardiorrespiratoria/?utm_source=blog&utm_medium=referral https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/imunologia-dist%C3%BArbios-al%C3%A9rgicos/dist%C3%BArbios-al%C3%A9rgicos,-autoimunes-e-outras-rea%C3%A7%C3%B5es-de-hipersensibilidade/anafilaxia INFORMAÇÕES No Brasil, os principais BNMs utilizados em procedimentos cirúrgicos eletivos são o rocurônio, atracúrio e cisatracúrio. No caso das cirurgias de emergência, os mais utilizados são succinilcolina e rocurônio. A succinilcolina resulta em bloqueio de fase I, que é definido pela ausência de fadiga e de potencialização pós-tetânica à estimulação de nervo periférico. Já o bloqueio de fase II, pode ocorrer após grandes ou repetidas doses de succinilcolina. Nele, o bloqueio neuromuscular é prolongado e a estimulação do nervo periférico resulta em fadiga da resposta de estímulos e potenciação pós-tetânica Efeitos adversos e complicações Miastenia grave. Esta é uma afecção da JNM caracterizada por fraqueza e fadiga da musculatura esquelética, que pode chegar à paralisia na chamada “crise miastênica”. A miastenia grave é causada por mecanismo autoimune dirigido aos receptores nicotínicos pós-sinápticos da placa motora terminal. Assim, o miastênico apresenta diminuição do número de receptores nicotínicos disponíveis à ação da acetilcolina e, consequentemente, uma junção neuromuscular com margem de segurança reduzida. Os indivíduos miastênicos são mais sensíveis aos bloqueadores competitivos e mais resistentes aos despolarizantes, que os indivíduos saudáveis 8 Recomendações ¨ Falência respiratória necessitando de intubação imediata; bloqueador de meia vida ultra-rápida para intubação, se necessário. (Succinilcolina 1 a 2 mg/Kg ou Rocurônio 0,6 a 1,2 mg/Kg) ¨ Hipoxemia grave e refratária ( SDRA grave (P/F < 100) ; contribui na diminuição do trabalho respiratório e consumo de oxigênio por abolir o tônus muscular. ¨ Pode apresentar maior benefício nos casos de dissincronia com o ventilador mecânico (VM) ¨ Tremor no tratamento por hipotermia após parada cardíaca ¨ Situações em que movimentos involuntários ou dissincronia com o VM possam ser deletérios: - Tétano ou síndrome neuroléptica maligna - Hemoptise severa ou sangramentos controlados - Aumento grave da pressão intracraniana - Síndrome do compartimento abdominal 9 Anexo 1- Escala NRS no protocolo AMIB 10 Bibliografia ARIAS, H.R. Binding sites for exogenous and endogenous non-competitive inhibitors of nicotinic acetylcholine receptor. Biochem. Biophys. Acta, v.1376, p.73-220, 1998. BOWMAN, W.C.; PRIOR, C.; MARSHALL, I.G. Presynaptic receptors in the neuromuscular junction. Ann. N. Y. Acad. Sci., v.604, p.69-81, 1990. BURNS, B.D.; PATON, W.D.M. Depolarization of the motor end-plate by decamethonium and acetylcholine. J. Physiol., v.115, p.41-73, 1951. CHANGEUX, J.P.; EDELSTEIN, S.J. Allosteric receptors after 30 years. Neuron, v.21, p.959-980.1998. FAGERLUND, M.J.; ERIKSSON, L.I. Current concepts in neuromuscular transmission. Br. J. Anaesth., v.103, p.108-114, 2009. 11
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