Prévia do material em texto
Sempre ON Innovation Novembro de 2018. Uso de Nanossatélite em Telessaúde no Alto Xingu Monica Tiyoko Morioka Hashimoto1, Pedro Gabriel Yamanaka1, Angélica Hashimoto2, Linda Hashimoto3, Henrique Mezzetti Sousa4, Thyeres Teixeira Bueno Chrispin4, Edvaldo Gomes Vieira5, André Alberto do Prado6, Nelson Akamine7, Robson Ryu Yamamoto8, Thais Russomano9, Douglas Antonio Rodrigues10, Samuel Goihman11 e Vagner Rogério dos Santos12 1. Graduando em Tecnologia em Informática em Saúde pela Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP (UNIFESP). 2. Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Paulista (UNIP). 3. Graduando em Educação Física pela Universidade Paulista (UNIP). 4. Graduado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 5. Especialista em Informática em Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 6. Graduado em Ciências da Computação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). 7. Diretor de Tecnologia Hospital São Paulo, SPDM. 8. Doutor em Ciências pela University of Tsukuba, Japão. 9. PhD em Fisiologia Espacial pela King's College, Londres/UK. 10. Doutor em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Coordenador do Curso de Especialização em Saúde Indígena da UNASUS/UNIFESP. 11. Doutor em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP (UNIFESP). 12. Doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). monica.tiyoko@huhsp.org.br Palavras-chave Cubesat Saúde Indígena Telemedicina Áreas Remotas Dados via satélite Resumo: A comunicação de dados em áreas remotas tem-se mostrado um grande desafio na saúde pública brasileira. Soluções que usam tecnologia espacial aliada a um sólido sistema de parceria em atendimento podem resultar em soluções que impactam na vida de milhares de brasileiros. A atuação e gestão de uma equipe multiprofissional tem-se mostrado como um importante requisito para que tais soluções possam ser efetivamente aplicadas dentro de um programa de saúde por meio de soluções inovadoras de alto impacto econômico e social por meio de tecnologias emergentes. Sempre ON Innovation Novembro de 2018. ABSTRACT Purpose: This project involves the use of nanosatellite communication in the 1U CubeSat standard (approximately 1kg). The partnership between the Federal Government and the Paulista School of Medicine (UNIFESP) works together since 1965 with the Hospital São Paulo. This research project aimed to analyze the possibility of a multiprofessional team for basic health care by using remote telemedicine and telehealth. Methods: The data will be collected in an offline electronic medical record system on a mobile device. Synchronization with the satellite through protocols and with encryption will occur automatically as soon as a connection is available. The patterns of Cal Poly SLO and European Space Agency will be used to construction, test and validation of satellite. The team should be structured in two segments, space and ground. In this last segment will be inserted the medical team. Results: Telehealth applied in remote areas through space technology, combined with a multiprofessional team and information technology, presented itself as a viable solution to scarce of real time communication resources in remote areas, such as the Upper Xingu region, by using science in an innovative way. Conclusion: To constitute a process of collective learning about development of nanosatellites, making possible adoption of acquired knowledge by improving the Basic Healthcare in the Xingu Project of the UNIFESP through optimization of satellite communication with low cost emerging technologies. And also progress in data management of served patients, to the system already implemented in the Hospital São Paulo. Keywords: CubeSat, indigenous health, medical document, remote areas, satellite data. Sempre ON Innovation Novembro de 2018. INTRODUÇÃO O Parque Indígena do Xingu (PIX) (figura 01), localizado na região nordeste do Estado do Mato Grosso na porção sul da Amazônia Brasileira, com 2.642.003 hectares, mantém uma sólida parceria desde 1965 junto à Escola Paulista de Medicina (UNIFESP) (figura 02) com foco em imunização e saúde pública. Figura 01 https://oficinaxingu.ning.com/page/mapas-de-trabalho acessado em 10 de setembro de 2018 Figura 02 http://www.projetoxingu.unifesp.br/ acessado em 10 de setembro de Segundo o Ministério da Saúde (2018), "a telessaúde tem como perspectiva a melhoria na qualidade do atendimento, a ampliação do escopo de ações ofertadas pelas Sempre ON Innovation Novembro de 2018. equipes e o aumento da capacidade clínica, a partir do desenvolvimento de ações de apoio à atenção à saúde e de educação permanente para as equipes de Atenção Básica." Pelas características do projeto, a equipe deverá ser composta por profissionais de diferentes áreas: saúde, educação, engenharia, administração e tecnologia da informação. Os profissionais de saúde são fundamentais para a coleta dos dados, que nos dias de hoje, é realizado de forma manual, em papel e depois inseridos em planilhas eletrônicas, sem integração com nenhum sistema online. Posteriormente essas planilhas são utilizadas para um novo processo de digitação, quando os dados serão armazenados em um sistema de prontuário eletrônico online. Os profissionais tanto da área de ensino quanto de promoção à saúde podem valer-se de uma comunicação mais eficiente para ministrar treinamentos em áreas remotas. Alguns procedimentos e protocolos devem ser ensinados por profissionais específicos mas a dificuldade de acesso nem sempre possibilita tal comunicação, prejudicando ou atrasando processos como coleta de exames, acompanhamento do paciente, preenchimento correto de prontuários eletrônicos, entre outras situações. Nos dias atuais no Alto Xingu a comunicação depende de envio de dados via sinal de dados de telefonia móvel em locais distantes das moradias indígenas. Sabe-se que a cada ação de saúde pública, há um distanciamento dos locais com disponibilidade de sinal de comunicação, retardando possíveis ações médicas, prejudicando as possibilidades de tratamento por falta de comunicabilidade. A aplicabilidade de comunicação via satélite tem se mostrado como recurso imprescindível em medicina de áreas remotas, situações de socorro em desastres e busca e salvamento. A fim de atender à demanda utilizando opções tecnológicas financeiramente acessíveis no mercado, realizou-se um estudo de viabilidade do uso de nanossatélites no padrão cubesat 1U (dimensões de 10cm x 10cm x 10 cm, massa aproximada de 1 kg) para o uso em telessaúde como telemedicina, tele-educação, armazenamento de dados prontuário eletrônico, comunicação com a rede em nuvem do Hospital São Paulo, facilitando o envio de solicitações de exames, recebimento de resultado dos mesmos e envio de imagens médicas para segunda opinião técnica. Sempre ON Innovation Novembro de 2018. Ao se possibilitar a transmissão de dados em um período de 24 horas com a utilização de nanossatélites, estima-seque além do benefício da transmissão de dados em si, beneficia-se toda a rede de profissionais envolvidos nas ações de saúde pública, pois estes profissionais poderão contar com melhor cobertura de telecomunicações (figura 3). Figura 03 Exemplo de solução que pode ser alcançada por meio de NanoSat. Adaptado de https://oficinaxingu.ning.com/page/mapas-de-trabalho Sempre ON Innovation Novembro de 2018. MÉTODOS Quanto à execução do projeto, pode-se dividir em 7 fases, iniciando do 0. Cada fase reúne um conjunto de atividades como definição da missão, levantamento de requisitos, definição e justificativa, qualificação, produção, validação e integração. O projeto do satélite irá se basear nas recomendações da The CubeSat Program, Cal Poly San Luis Obispo e da European Space Agency (ESA), bem como os padrões já validados em cubesat. Após um estudo de viabilidade, foi possível verificar alguns pontos críticos para o sucesso da missão Maritaka18: torre de comunicação no Alto Xingu, tecnologias sensíveis e de uso duplo necessários como parte dos componentes do satélite, componentes e lançamento. Quanto à torre de comunicação no Alto Xingu, como solução, sugere-se a instalação de estações de rádio bases no local devidamente com o processo de licenciamento regido em lei. Os requisitos quanto ao uso de tecnologias sensíveis e de uso duplo segue normas internacionais definidas pelos países. Seria interessante uma parceria junto a instituições que já atuaram na área para tal função, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) bem como consultores voluntários com ampla experiência no setor. Quanto aos componentes do satélite, após larga pesquisa junto à comunidade científica e industrial durante o 1o. Congresso Aeroespacial Brasileiro, em Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, estimou-se que a solução mais viável e imediata seria a compra dos equipamentos em empresas estadunidenses e europeias com ampla experiência e sucesso no setor. Tal fato não impede, entretanto, que se continuem os estudos de bancada da prototipagem, produção e teste do satélite, o que vem sendo feito com uso de impressão 3D, softawares livres de CAD e Arduino. Entende-se que este processo é fundamental para que seja possível melhor compreensão do funcionamento dos sistemas eletrônicos bem como a integração junto ao sistema computacional. Em relação ao lançamento, há algumas opções, sendo que a mais interessante economicamente é conseguir uma “carona” junto às agências espaciais europeias e a NASA, que anualmente oferecem espaço para lançamento de satélites de pequeno porte, os nanossatélites padrão cubesat. Sempre ON Innovation Novembro de 2018. Justamente por essa opção escolheu-se o padrão cubesat pois há aparelhos lançadores específicos para tal função e somente satélites dentro dos restritos padrões são aceitos para o lançamento coletivo. Além da opção da “carona”, é possível contratar o lançamento, que hoje está estimado em 200 mil dólares para um cubesat 1U. Quanto às atividades das fases do projeto exceto as questões críticas supracitadas, a equipe conta com a colaboração de voluntários altamente qualificados e experientes bem como parcerias que se firmam ao longo do processo, segundo a necessidade. Tais parcerias serão fundamentais para a próxima etapa que consiste em construir, testar e validar o satélite de comunicação ainda aqui dentro da atmosfera terrestre. Os testes de comunicação serão realizados primeiramente em bancada, seguido de testes com uso de dispositivos aéreos como drones e/ou balões em áreas abertas em universidades parceiras. Em paralelo ao desenvolvimento do hardware do satélite, está sendo desenvolvido um sistema de prontuário eletrônico que funcionará offline. Os dados passarão por um processo de filtragem, empacotamento, transmissão, desempacotamento, processamento, análise e seguir o caminho inverso, a fim de que os resultados possam ser atingidos com sucesso. Estima-se que o uso de redes neurais possam otimizar tal processo. Entende-se que durante o projeto, os requisitos são implementados e testados em ciclos curtos para possíveis correções e otimização do projeto. A estrutura da equipe multidisciplinar segue conforme descrição demonstrada na Figura 4 e 5. Sempre ON Innovation Novembro de 2018. Figura 4 – Estrutura da Equipe Maritaka-18, Segmento de Espaço Adaptado de ESA Requirements and Standards Division. ECSS-M-ST-10C Rev. 1 6 March 2009. Figura 5 – Estrutura da Equipe Maritaka-18, Segmento de Solo Adaptado de ESA Requirements and Standards Division. ECSS-M-ST-10C Rev. 1 6 March 2009. Sempre ON Innovation Novembro de 2018. RESULTADOS ESPERADOS Espera-se constituir um processo de aprendizado coletivo sobre o desenvolvimento de nanossatélites e telessaúde bem como consolidar o ensino do que for apreendido. Além da questão do saber, incrementar melhorias no atendimento à Saúde Básica no Projeto Xingu da Universidade Federal de São Paulo, conectando-os ao sistema já implementado no Hospital São Paulo por meio de um prontuário eletrônico offline e um sistema de comunicação via satélite. Estima-se assim que milhares de pessoas serão beneficiadas com um atendimento otimizado, obtendo mais rapidamente resultados de exames, receitas médicas e até mesmo diagnósticos com o auxílio de tecnologias emergentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS A telessaúde aplicada em áreas remotas por meio da tecnologia espacial aliada a soluções de tecnologia da informação e equipes multiprofissionais apresenta-se como uma solução viável como resposta a desafios em áreas remotas dentro de projetos bem estabelecidos como o Programa Alto Xingu da Universidade Federal de São Paulo. A luta diária prova ser possível que dificuldades sejam superadas e que o atendimento médico seja realizado com qualidade mesmo com escassos recursos de comunicação em tempo real. As necessidades em saúde crescem exponencialmente e as tecnologias disponíveis podem melhorar tanto a qualidade no atendimento multiprofissional em saúde quanto aumentar o número de pacientes atendidos de forma integral e segura. É necessário, portanto, uma atenção por parte da comunidade científica e industrial dos setores como espaço e saúde para que tais populações recebam o atendimento que lhes é direito. A oportunidade de aprendizado por meio de um projeto estratégico como o apresentado permite que a ciência possa ser utilizada de forma inovadora para questionamentos já bem estabelecidos. Sempre ON Innovation Novembro de 2018. AGRADECIMENTOS Equipe do Laboratório de Inovação em Tecnologias da Saúde da UNIFESP, Equipe Projeto Xingu UNIFESP, Equipe de Desenvolvimento em Tecnologia da Informação do Hospital São Paulo. Ao Grupo de Ergonomia Visual, Tecnologia, Mecânica de Precisão e Sistemas Embarcados do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da UNIFESP/ EPM. A todos os consultores voluntários envolvidos, por seu inestimável conhecimento e incansável desejo de auxiliar a humanidade. Sempre ON Innovation Novembro de 2018. REFERÊNCIAS AIR FORCESPACE COMMAND. Air Force Space Command Manual 91-710 Volume 3. Afspc/sec (lt Col Johnhumphries). Disponível em: <http://static.e-publishing.af.mil/production/1/afspc/publication/afspcman91-710v6/afs pcman91-710v6.pdf>. Acesso em: 29 de julho de 2018. BECK, K. Programação extrema (XP) explicada: acolha as mudanças. Tradução Adiana P.S. Machado e Natália N.P.Lopes. Porto Alegre: Bookman, 2004. BRASIL, Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Telessaúde Brasil Redes na Atenção Básica à Saúde. Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_telessaude.php>. Acesso em: 30 de agosto de 2018. BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 2.546, de 27 de outubro de 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2546_27_10_2011.html>. Acesso em 15 de agosto de 2018. CAL POLY SLO, THE CUBESAT PROGRAM. Cubesat Design Specification (cds) Rev 13. Disponível em:< http://www.cubesat.org/resources/>. Acesso em: 20 de julho de 2018. DE MARTINO, G. Software Y Protocolos Para Cubesat. Disponível em: <https://www.fing.edu.uy/~asabigue/prgrado/DeMartino-Cubesat12.pdf>. Acesso em: 9 de agosto de 2018. ESA Requirements and Standards Division. ECSS-M-ST-10C Rev. 1 6 March 2009. NASA. Cubesat101 - Basic Concepts And Processes For First-time Cubesat Developers. Disponível em: <https://www.nasa.gov/sites/default/files/atoms/files/nasa_csli_cubesat_101_508.pdf>. Acesso em: 12 de agosto de 2018. NASA. Code.nasa.gov. Disponível em: <https://code.nasa.gov/>. Acesso em 18 de junho de 2018. VALLE, A. B; SILVA, B. C; SOARES, C. A. P. Gerenciamento de projetos espaciais: do Sputnik aos dias atuais. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017. 272 p. http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_telessaude.php http://www.cubesat.org/resources/ https://www.fing.edu.uy/~asabigue/prgrado/DeMartino-Cubesat12.pdf