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1 Introdução A boa maneira de ler e conhecer um filósofo é perguntar sobre os conceitos que ele criou, ou seja, conhecer um filósofo é conhecer seus conceitos. Nós somos feitos de conceitos. E eles estão ligados à nossa própria existência. Tendemos a conceber estes conceitos como algo dado, como se fossem imutáveis. No entanto, a arte está sempre mudando. Apesar de estarmos relacionando arte e filosofia, não é necessário ser um artista para ser criativo. Todos podem criar conceitos. Feitosa (2004) nos fala das vantagens de estudar filosofia. Quando menciona esta questão, fala sobre a habilidade de pensar, bem como a arte de criar conceitos. A arte nos induz a sair da zona de conforto, começando, assim, a pensar de fato. Você para de viver aquilo que ouve e começa a criar algo. Filosofia, arte e criatividade Feitosa (2004) cita algumas vantagens de se estudar filosofia, como por exemplo, a habilidade de pensar logicamente; de analisar e resolver problemas; de falar e escrever claramente; de expressar melhor as questões, de pesquisar e conhecer a si próprio. Em seguida ele questiona se isso é mesmo útil? Tudo depende do modo como a noção de "utilidade" é compreendida. Muitas vezes é vista como a capacidade ou a habilidade de satisfazer as necessidades do homem. Ele também ressalta que são privilegiadas as ações que provocam resultados imediatos para uma melhoria visível da vida humana e que a filosofia não traz nenhum benefício imediato, como por exemplo, construir casas ou produzir remédios e afirma que a filosofia não serve para tornar a vida mais fácil. Portanto, ela parece ser inútil mas nem tudo que parece ser inútil é desnecessário. Temos outro exemplo, como a arte que também não tem diretamente "nenhuma função", mas de outro lado, é muito valiosa em nossas vidas mesmo sem ter uma utilidade concreta pois ela estimula a sensibilidade, expressão e criatividade. A filosofia desempenha um papel determinante na apreciação dos objetos de arte. A relação entre arte e filosofia está presente em discussões sobre estética desde os primórdios da teoria da arte. Observa-se a constante necessidade de fundamentar a 2 prática criativa sobre um conceito filosófico que a torne legítima desde a história do pensamento artístico a partir da teoria mimética dos gregos até o contemporâneo espaço intelectual como experiência do objeto. O pensamento de Nietzsche Friedrich Nietzsche foi um filósofo alemão (1844-1900) que acreditava que somente a arte poderia oferecer aos homens força e capacidade para enfrentar as dores da vida. Para Nietzsche, a arte é o grande estimulante da vida. Suas principais obras são ‘O nascimento da tragédia’, ‘Gaia ciência e ‘Assim falou Zaratustra’. A obra de Nietzsche teve início através de uma reflexão a respeito da cultura grega, bem como sua influência no desenvolvimento do pensamento ocidental. Dois elemento fundamentais foram identificados pelo filósofo: / (...) o espírito apolíneo, representando a ordem, a harmonia e a razão; e o espírito dionisíaco, representando o sentimento, a ação, a emoção: em nossa tradição cultural o espírito apolíneo teria triunfado sufocando tudo que é. na expressão de Nietzsche, "afirmativo da vida'. Sua filosofia possui um caráter assis-temático e fragmentário, correspondendo à sua maneira de conceber a própria atividade filosófica: seu pensamento desenvolveu-se em um sentido mais poético e crítico do que teórico e doutrinário. (JAPIASSU e MARCONDES, 1996, p36) Em Assim falou Zaratustra, obra escrita entre 1883 e 1885, o filósofo desenvolve os conceitos de super-homem e do eterno retorno: Zaratustra é apresentado como um herói, como um anunciador do super-humano e da "morte de Deus", ao qual pode converter-se o homem quando libertar-sede tudo que o mutila. O eterno retorno é a outra face do super-humano, outro nome da * "vontade de potência", desta vontade de libertar-se de todas as determinações para só obedecer ao princípio "Tornar-te o que tu és". assumindo a "gaia ciência"que lhe confere a liberdade. (JAPIASSU e MARCONDES, 1996, p.13) O filósofo alemão sofreu uma crise de loucura no ano de 1889, da qual não se recuperou até sua morte. O pensamento de Gilles Deleuze Gilles Deleuze é considerado o mais importante filósofo francês da contemporaneidade (Japiassu e Marcondes, 1996). Este filósofo tem como o tema mais importante da filosofia: o pensamento. A problematização acerca do pensamento e 3 também acerca das imagens do pensamento sempre se fez presente em seus comentários. O filósofo considerava que o pensamento do homem tem algumas coordenadas, direções ou eixos de orientação que permitia associar a um determinado modo de funcionamento. Isso traz uma ideia de coordenadas que originam imagens do que seria o pensamento, sua natureza ou finalidade, tem uma determinada concepção do pensamento, orientando nao somente o pensar, mas também a produçao do conhecimento nos mais diversos domínios como a ciência, a arte e, principalmente, a filosofia. A filosofia na concepção de Deleuze é uma arma de liberar o homem do homem, na linguagem pela linguagem, no pensamento pelo pensamento e, no mundo através do mundo, libertá –lo de pensamentos já ditos ou criados, para que ele possa ser livre pra pensar da forma que ele quiser, expandindo sua visão de mundo, criando novas formas de ver as coisas. Para Deleuze a filosofia é uma disciplina incumbida na tarefa de criação de conceitos. Para ele a filosofia não tem um compromisso com ações imediatas, visando uma solução prática, ou para servir alguma ideia lógica objetiva para determinado fim. Este seria o papel da ciência. Desta forma, a filosofia e a arte têm em comum o fato de não gerarem conhecimentos que sirvam a propósitos imediatos. Porém, isto não quer dizer que não tenha sua importância e utilidade. Considerações Finais Temos o costume de pensar a filosofia como algo abstrato, no entanto é justamente o contrário. É um pensamento concreto, não é virtual, diz respeito à nossa vida, a um pensamento prático. Nada mais concreto do que pensar, já que são as ideias que nos movem. O autor cita a definição deleuziana que traz duas importantes consequências para a arte de criar conceitos. A primeira é a quebra de idealização que apenas os artistas e profissionais de propaganda podem criar conceitos. E o segundo é que não há limites e, nem apenas conceitos concretos. Todos podem criar o seu próprio conceito e este pode atravessar histórias e vidas. Assim, temos que “Os conceitos não são verdades absolutas 4 e eternas, mas estratégias do pensamento para lidar com problemas e questões.” (Feitosa, 2004, p. 27). Referências FEITOSA, Charles. Explicando a filosofia com a arte. Rio de Janeiro. Ediouro, 2004. JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 3. ed. rev. e amp. Rio de Janeiro: Zahar, 1996. VISINONI, André. Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Curitiba, 2005.
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