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Apostila de Filosofia

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HISTÓRIA DO DIREITO
Para falarmos da história do Direito, precisamos falar do significado das palavras história e Direito. 
Para o Dicionário Houaiss é o “conjunto de conhecimentos relativos ao passado da humanidade, segundo o lugar, a época, o ponto de vista escolhido”, ou “ciência que estuda eventos passados com referência a um povo, país, período ou indivíduo específico”, ou ainda “a evolução da humanidade ao longo de seu passado e presente; seqüência de acontecimentos e fatos a ela correlatos”.
Observar-se que em todas as definições existe o Homem. A preocupação de estudo é o homem. O objeto é o homem. Passado é outra palavra constante nas definições.
Podemos concluir que a história trata do passado do homem. Não se pode estudar o passado dos golfinhos por exemplo, pois eles não se transformam e nem transformam o mundo a sua volta.
É o homem o seu objeto, portanto.
A palavra Direito, nas línguas modernas, tem origem em dois conjuntos de termos: Derectum e Jus. 
Jus (júris) significa “direito”. Passou para as línguas latinas como radical de outras palavras: “jurídico”, “judicial”, “jurisconsulto”, “judiciário”, “jurisprudência”, “justo”, “juiz”, “júri”, “julgamento”, etc. 
Derectum (inicialmente, talvez, rectum e mais tarde Directum), que significa “direito” ou “reto”. Rectum ou Directum é o que é conforme a uma régua. Sebastião Cruz (1971-Ferraz), em excelente monografia sobre o tema, observa que ao direito se liga uma série de símbolos e aqui o símbolo romano correspondia à deusa Iustitia, que distribuía a justiça por meio da balança (com os dois pratos e o fiel bem no meio) que ela segurava com as duas mãos. Sempre de pé, com os olhos vendados ela declarava o direito (jus) quando o fiel estava completamente vertical – direito (rectum) = perfeitamente reto, reto de cima a baixo (de + rectum). Esse vocábulo encontra similar em todas as línguas latinas: Derecho (espanhol); Diritto (Italiano); Droit (francês); Dreptu (romeno); Recht (alemão); regt (holandês) Right (inglês).
Convém citar, para completar a origem da palavra direito, a palavra grega diké (direito). Essa palavra é mencionada nos trabalhos eruditos. Registre-se que no mundo moderno inexiste palavras ligadas ao diké grego. Isto prova que quase todas as palavras ligadas ao direito tem origem latina. Demonstra a grande influencia do direito romano sobre o direito moderno e a influência quase nula da cultura grega. Quanto ao símbolo, os gregos colocavam a balança, com os dois pratos, mas sem o fiel no meio, na mão esquerda da deusa Diké (filha de Zeus e Themis), e na mão direito estava uma espada e que, estando em pé e com os olhos abertos, declarava existir o justo quando os pratos estavam em equilíbrio (ison, palavra isonomia). Para os gregos, o justo (o direito) significava o que era visto como igual (igualdade).
No decorrer da história a expressão jus foi sendo substituída por derectum. Nos séculos VI ao IX as palavras derectum e directum passam a sobrepor-se ao uso de jus. A palavra derectum é consagrada e indica o ordenamento jurídico bem com a norma jurídica em geral. 
Por essas observações iniciais, percebe-se que compreender o que seja o direito não é fácil. Existem várias definições do que é direito. 
Dante Alighieri, o “divino poeta” que nos deixou a “Comédia”, que depois Bocaccio a denominou com razão de “Divina Comédia”, escreveu sobre Filosofia e Política e referindo ao Direito esculpiu no espírito dos juristas: “O Direito é a proporção real e pessoal, de homem para homem, que, conservada, conserva a sociedade; corrompida, corrompe-a”.
Franco Montoro, nos ensina que não podemos limitar ao estudo apenas do vocábulo e devemos passar para o plano das palavras para o das realidades e considera:
1 – o direito não permite o duelo;
2 – o Estado tem o direito de legislar;
3 – a educação é direito da criança;
4 – cabe ao direito estudar a criminalidade;
5 - o direito constitui um setor da vida social. 
Assim, no primeiro caso, direito significa a norma, a lei, a regra social obrigatória.
Na segunda expressão, direito significa a faculdade, o poder, a prerrogativa, que o Estado tem de criar leis.
Na terceira expressão, direito significa o que é devido por justiça.
Na quarta expressão, direito significa ciência, ou exatamente, a ciência do direito.
Na quinta expressão, direito é considerado como fenômeno da vida coletiva. Ao lado dos fatos econômicos, artísticos, culturais, esportivos, etc. também o direito é um fato social.
Sendo assim, constata-se cinco realidades diferentes e que levam a definições correspondentes. 
Direito-norma
Essa é uma das acepções mais comuns do Direito. Clóvis Beviláqua conceitua: “O Direito é uma regra social obrigatória”. Ihering considera o Direito como “um conjunto de normas, coativamente garantidas pelo poder público”.
Direito-faculdade
O vocábulo direito é utilizado para designar o poder de uma pessoa individual ou coletiva, em relação à determinado objeto. O direito de usar o imóvel, cobrar uma dívida, propor ação. Cada um desses direitos é uma prerrogativa ou faculdade de agir (facultas agendi).
Dessa forma, Meyer define o direito como o “poder moral de fazer, exigir ou possuir alguma coisa”. Ortolan, como “a faculdade de exigir dos outros uma ação ou inação”. Kant define o direito “como a faculdade de exercer aqueles atos, cuja realização universalizada não impeça a coexistência dos homens”.
Direito-Justo
Outra significação pode ter a palavra direito, e a relaciona com o conceito de justiça. Dentro dessa acepção, também tem dois sentidos: 
a) na acepção de justo, designa o bem “devido” por justiça. Ex.: “O salário é direito do trabalhador”, a palavra “direito” tem o significado de “aquilo que é devido por justiça”.
b) “justo” significa a “conformidade” com a justiça. Ex.: “não é direito condenar um anormal”, quer dizer, não é conforme à justiça.
A primeira acepção é no sentido de “justo objetivo”, porque direito é aquele bem que é devido a uma pessoa por uma exigência da justiça. Respeito a vida, o pagamento, a aposentadoria e o imposto. Todos esses direitos são devidos. 
São Tomaz define: “direito é o que é devido a outrem, segundo uma igualdade”. Eis o famoso conceito de Ulpiano: “Justiça é a vontade constante e perpétua de dar a cada um o seu direito”. A palavra direito é utilizado no sentido de “justo objetivo”. É o bem devido a outrem, segundo uma igualdade. É o objeto da justiça.
Na segunda acepção é a conformidade com a justiça. Direito indica a conformidade com as exigências da justiça. Liberatore: “direito é tudo o que é reto, na ordem dos costumes”, de acordo com a regra de conduta.
Direito-Ciência
Aqui designa ciência do direito.
Quando falamos em estudar direito, se tornar um bacharel em direito, é no sentido de ciência que utilizamos a palavra.
O clássico conceito de Celso: “direito é a arte do bom e do justo”, ou ainda outro conceito de Hermann Post: “direito é a exposição sistematizada de todos os fenômenos da vida jurídica e a determinação de suas causas”.
Direito-fato social.
A palavra direito é empregada no sentido de fato social. 
Ao estudar a sociedade, a sociologia distingue diversas espécies de fenômenos sociais. Estuda os fatos religiosos, econômicos, culturais e, entre eles o direito. O direito é considerado um setor da vida social, independentemente de sua acepção como norma, faculdade, ciência ou justo. É estudado sociologicamente, portanto.
Neste aspecto, define Gurvich: “O direito é uma tentativa para realizar, num dado meio social, a idéia de justiça, através de normas imperativo-atributivas”. Tobias Barreto: “o direito é o conjunto das condições existenciais e evolucionais da sociedade, coativamente asseguradas ou em formula mais atual, o conjunto das condições de existencia e desenvolvimento da sociedade, coativamente asseguradas”. 
O HOMEM E A FORMAÇÃO DO DIREITO. EVOLUÇÃO CULTURAL.
A evolução do homem é algo que transcende esse trabalho. Vamos discorrer sobre as primeiras leis escritas na historia humana.
MESOPOTÂMIAMesopotâmia é uma palavra grega: mesos (meio) + potamós (rio) e designa a região entre os rios Tigre e Eufrates. 
Diversos povos chegaram à Mesopotâmia em fins do IV milênio a.C. vindos do Turquestão ou das montanhas da Armênia. Os sumérios, acádios e assírios viveram nessa região e por volta de 3.000 a.C. os povos semitas também chegaram.
Neste local foi onde nasceu quase tudo podemos chamar de “civilizado”. Hoje está localizado o Iraque, um parte do Irã e parte dos vizinhos.
Foi nesse local que o homem dividiu as horas, os minutos e segundos em sessenta, inventou o Estado e o Governo, criou a jardinagem, fez escolas, e ... inventou a cerveja. Lá também houve a invenção da escrita e que se chamava cuneiforme (latim cuneus: “cunha” e forma, forma. – caracteriza o aspecto anguloso dos símbolos, impressos em argila úmida ou raramente em pedra (...))
(2850 – 2000 a.C.) SUMÉRIOS E ACÁDIOS
A primeira civilização mesopotâmica foi a dos sumérios. A primeira cidade suméria foi Quish e depois surgiram outras: Ur, Uruk, Lagash, Eridu e Nipur. Todas eram Cidades-Estado com autonomia econômica, política, religiosa. Não estavam subordinadas a nenhum poder central. Cada cidade era governada por um sacerdote que representava o povo, ajudado por um conselho de anciões. 
Por volta de 2850 a.C surgiu a primeira dinastia histórica em Ur, mas a mais famosa foi a de Lagash que venceu a anexou Ur. Enquanto essas cidades digladiavam, os semitas se instalavam na Mesopotâmia. Eram povos pastores e fundaram algumas cidades à margem do Tigre. A mais famosa foi Acad (origem do nome aos acádios). Seu rei Sargão criou o Primeiro Império Mesopotâmico quando conquistou e unificou todas as cidades sumérias. Os acádios assimilaram e difundiram a cultura suméria. Ao contrário dos sumérios, deram uma organização centralizada ao seu Império e afastaram a influência dos sacerdotes. Pela primeira vez, surgia um só Estado na Mesopotâmia.
Em 2180 a.C. o Império Acádio foi devastado pelos Guti, povo de origem asiática vindos da Armênia. A cidade de Ur reagiu e expulsou os invasores e tornou-se hegemônica em toda a Suméria. No entanto, em 2000 a.C. os Elamitas destruíram o Império de Ur, colocando um fim à independência política da Suméria.
(1800 – 1600 a.C.) O PRIMEIRO IMPÉRIO BABILÔNICO 
 O enfraquecimento das cidades sumérias criou condições para a ascensão dos semitas (adjetivo e substantivo de dois gêneros: 1	relativo ao grupo étnico e lingüístico ao qual se atribui Sem como ancestral, e que compreende os hebreus, os assírios, os aramaicos, os fenícios e os árabes, ou membro desse grupo; 1.1 relativo a ou judeu). Esse povo estava concentrado em torno da cidade de Babilônia. 
Hamurabi é sexto rei da primeira dinastia babilônica, também chamada de amorritas (ato 11 reis que governaram de 2.000 a 1600 a.C). Filho de Sinmuballit, quinto rei dessa dinastia, reinou aproximadamente de 1.792 a 1750. Ele ampliou o Império através de conquistas territoriais, dominando o Reino de Mari (médio Eufrates), conquistando a Assíria (ao norte) e estendendo suas fronteiras até o Golfo Pérsico (em direção ao sul). 
Hamurabi não foi apenas um grande conquistador, foi também um grande administrador conforme afirma Emanuel Bouzon: 
“Seus trabalhos da regulagem do curso do Eufrates e a construção e conservação de canais para a irrigação e para navegação incrementaram enormemente a produção agrícola e o comércio. Em sua política externa Hamurabi preocupou-se, sempre, em reconstruir as cidades vencidas e em reedificar e ornamentar ricamente os templos dos deuses locais”.
Em seu território existiam vários povos, com línguas, raças, religiões e culturas diferentes. Além de uma administração eficiente, foi estrategista e usou mecanismos para unificar tanta heterogeneidade, controlou três fatores: a língua, a religião e o direito. Transformou a língua Acádia em língua oficial, elevou Marduk, deus da Babilônia, à posição de primeiro deus supremo da Mesopotâmia e fez o primeiro código de leis escritas, se utilizando de toda a legislação precedente. 
Foi sobretudo um legislador. É responsável pelo mais importante Código de Leis que se conhece da antiguidade. A originalidade de Hamurabi foi de ter sido legislador de um império e de ter entrado na tradição jurídica, consolidando-a, harmonizando os costumes, estendendo o direito e a lei a todos os súditos de seu vasto império. Este Código teve uma penetração e aplicação sem paralelos na história humana pois mil anos depois de sua redação era ainda aplicado na Babilônia e em Nínive, por exemplo. 
O Código de Hamurabi é um dos documentos jurídicos mais antigos que se conhece. Compunha-se de 282 artigos, 33 dos quais se perderam devido à deterioração da coluna de pedra basáltica onde estavam gravados em caracteres cuneiformes em uma estela (1- Coluna ou placa de pedra em que os antigos faziam inscrições, ger. Funerárias; 2 monumento monolítico feito em pedra vertical) de diorito negro com 2,25m de altura, 1,60m de circunferência e quase 2m de base. Toda a superfície do bloco está recoberta por denso e elegante texto cuneiforme, de escrita acádica. 
Na parte superior do monólito, está o Deus Sol (Shamash), e por isso aparece com a representação de dois feixes de luz que se desprendem atrás dele, e tem na cabeça uma espécie de tiara ornada com quatro ordens de chifres; está sentado majestosamente, segurando em sua mão esquerda um pequeno cetro e um circulo, símbolo do ciclo dos tempos regulado pelo sol, é o protetor da Justiça, deus dos oráculos, que bafeja o espírito da equidade da justiça no ato de ditar as leis ao rei Hamurabi que encontra-se em ato de submissão e atenção, veste uma túnica de pregas lisas, presa ao corpo na altura da cintura, e leva um gorro especial na cabeça
O Proêmio que justifica a origem divina das leis. Logo abaixo estão escritos, em caracteres cuneiformes acadianos, os artigos regularizando a vida quotidiana.
O código foi colocado no templo de Sippar, e diversos outros exemplares foram igualmente espalhados por todo o reino. O objetivo do código era unificar o reino juridicamente e garantir uma cultura comum.
Esse monólito foi encontrada na cidade de Susa, na Pérsia (hoje Irã). Durante as diferentes invasões da Babilônia, o código foi deslocado para a cidade de Susa (no Irã atual) por volta de 1100 a.C., provavelmente pelo rei elamita Shutruk-Nahunte que fez trasladá-lo de Babilônia com espolio ou porque nos tempos de paz era um aficionado colecionador de antiguidades e monumentos históricos. Foi nas ruínas da acrópole dessa cidade que ele foi descoberto, em dezembro de 1901, pela expedição dirigida por Jacques de Morgan. O abade Jean-Vincent Scheil traduziu a totalidade do código após o retorno a Paris, onde hoje ele pode ser admirado no Museu do Louvre, na sala 3 do Departamento de Antiguidades Orientais.
O Código de Hamurabi expõe as leis e punições caso estas não sejam respeitadas. A ênfase é dada ao roubo, agricultura, criação de gado, danos à propriedade, assim como assassinato, morte e injúria. A punição ou pena é diferente para cada classe social. As leis não toleram desculpas ou explicações para erros ou falhas: o código era exposto livremente à vista de todos, de modo que ninguém pudesse alegar ignorância da lei como desculpa. No entanto, poucas pessoas sabiam ler naquela época (com exceção dos escribas).
Os artigos do Código de Hamurabi fixam, assim, as diferentes regras da vida quotidiana, entre outras:
- A hierarquia da sociedade divide-se em três grupos: os homens livres, os subalternos e os escravos; 
- Os preços: os honorários dos médicos variam de acordo com a classe social do enfermo; 
- Os salários variam segundo a natureza dos trabalhos realizados; 
- A responsabilidade profissional: um arquiteto que construir uma casa que se desmorone, causando a morte de seus ocupantes, é condenado à morte; 
- O funcionamento judiciário: a justiça é estabelecida pelos tribunais, as decisões devem ser escritas, e é possível apelar ao rei; 
- As penas: a escala das penasé descrita segundo os delitos e crimes cometidos. A lei do talião é a base desta escala. 
Transcreve-se trechos selecionados do Código de Hamurabi:
1. Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não puder provar, então que aquele que enganou deve ser condenado à morte. 
2. Se alguém fizer uma acusação a outrem, e o acusado for ao rio e pular neste rio, se ele afundar, seu acusador deverá tomar posse da casa do culpado, e se ele escapar sem ferimentos, o acusado não será culpado, e então aquele que fez a acusação deverá ser condenado à morte, enquanto que aquele que pulou no rio deve tomar posse da casa que pertencia a seu acusador. 
3. Se alguém trouxer uma acusação de um crime frente aos anciões, e este alguém não trouxer provas, se for pena capital, este alguém deverá ser condenado à morte. 
6. Se alguém roubar a propriedade de um templo ou corte, ele deve ser condenado à morte, e também aquele que receber o produto do roubo do ladrão deve ser igualmente condenado à morte. 
12. Se as testemunhas não estiverem disponíveis, então o juiz deve estabelecer um limite, que se expire em seis meses. Se suas testemunhas não aparecerem dentro de seis meses, o juiz estará agindo de má fé e deverá pagar a multa do caso pendente.
[Nota: não há 13ªLei no Código, 13 provavelmente sendo considerado um número de azar ou então sacro]
14. Se alguém roubar o filho menor de outrem, este alguém deve ser condenado à morte.
16. Se alguém receber em sua casa um escravo fugitivo da corte, homem ou mulher, e não trouxe-lo à proclamação pública na casa do governante local ou de um homem livre, o mestre da casa deve condenado à morte.
21. Se alguém arrombar uma casa, ele deverá ser condenado à morte na frente do local do arrombamento e ser enterrado. 
22. Se estiver cometendo um roubo e for pego em flagrante, então ele deverá ser condenado à morte.
134. Se um homem for feito prisioneiro de guerra e não houver quem sustente sua esposa, ela deverá ir para outra casa, e a mulher estará isenta de toda e qualquer culpa.
135. Se um homem for feito prisioneiro de guerra e não houver quem sustente sua esposa, ela deverá ir para outra casa e criar seus filhos. Se mais tarde o marido retornar e voltar à casa, então a esposa deverá retornar ao marido, assim como as crianças devem seguir seu pai.
155. Se um homem prometer uma donzela a seu filho e seu filho ter relações com ela, mas o pai também tiver relações com a moça, então o pai deve ser preso e ser atirado na água para se afogar. 
185. Se um homem adotar uma criança e der seu nome a ela como filho, criando-o, este filho crescido não poderá ser reclamado por outrém.
186. Se um homem adotar uma criança e esta criança ferir seu pai ou mãe adotivos, então esta criança adotada deverá ser devolvida à casa de seu pai.
190. Se um homem não sustentar a criança que adotou como filho e criá-lo com outras crianças, então o filho adotivo pode retornar à casa de seu pai. 
 “...Para que o forte não prejudique o mais fraco, afim de proteger as viúvas e os órfãos, ergui a Babilônia...para falar de justiça a toda a terra, para resolver todas as disputas e sanar todos os ferimentos, elaborei estas palavras preciosas...”
O MUNDO GREGO – GRÉCIA ANTIGA
Durante aqueles séculos em que os gregos criaram todas as suas lendas, seus deuses e seus mitos, eles formaram as principais características do modo de vida que adotaram. Como já pudemos perceber, os gregos formaram cidades-estados. Ou seja, cada cidade se tornou um pequeno país.
Veremos agora como eram as cidades-estados gregas, como os gregos viviam, e que forma de governo eles adotaram.
A vida social
As casas dos gregos, em geral, eram pequenas. Eles gostavam mesmo era de se reunir nos parques e nas praças das cidades, onde conversavam e trocavam ideias. A roupa que usavam parecia um pequeno lençol preso no ombro. A vestimenta das mulheres era, muitas vezes, bordada. Os estrangeiros tinham de pagar impostos e, em caso de guerra, deviam prestar alguns serviços à cidade na qual moravam.
A vida nas cidades
Os gregos moravam em cidades independentes que chamavam de pólis. Os poemas homéricos descrevem os reis gregos como homens que aravam a terra, faziam trabalhos manuais. A agricultura era a principal riqueza. Por isso, a propriedade da terra era símbolo de prestígio.
As cidades-estados gregas
Vejamos, agora, como é que as cidades-estados se desenvolveram, e que tipo de governo elas adotaram. Veremos o exemplo das cidades que se tornaram as mais poderosas da Grécia: Esparta e Atenas.
ESPARTA
A sua legislação seria obra de Licurgo.
Esparta foi fundada pelos dórios, no séc. IX a.C nas margens do Rio Eurotas. O nome da cidade deriva de uma planta da cidade.
CULTURA E IDEOLOGIA
Do século VIII ao sec. IV tinha uma característica voltada para o militarismo levado às últimas consequências.
Eles foram vitoriosos neste campo, gerando por séculos a sociedade mais provavelmente mais imóvel da história.
Essa imobilidade é causada por 3 características do povo espartano:
1) Xenofobia – aversão, desconfiança, temor ou antipatia por tudo que venha de outro lugar. Por isso rejeitavam qualquer ideia que viesse do estrangeiro.
2) Xenelasia – banimento ou impedimento de estadia de estrangeiros. Dessa forma, os espartanos não tinham contato com ideias estranhas ao seu meio.
3) Laconismo – se fala somente o mínimo necessário e, mesmo assim, utilizando de poucas palavras para se expressarem. Essa atitude que mais impede as mudanças na sociedade, e, se levada ao extremo, diminui a atividade intelectual e criativa.
SOCIEDADE
Tinha 3 camadas sociais:
1 Os Espartíatas – eram os dórios, guerreiros que recebiam educação militar especial;
2. Os Periecos – eram os aqueus, tinham boas condições materiais de vida, mas não tinham qualquer direito político;
3. Os Hilotas - eram os escravos propriedade do Estado. A sua condição humana era uma das mais insuportáveis do mundo antigo. Periodicamente eram assassinados pelos agentes secretos do Governo que matavam os mais fortes entre eles.
Era comum os espartanos mais prudentes e inteligentes serem enviados como agentes secretos do governo para matar os Hilotas mais vigorosos e indesejáveis. 
Como eram pouco numerosos, eles estabeleceram uma disciplina militar muito rígida para manter os privilégios que tinham conquistado. Esparta era uma verdadeira cidade-quartel. Tudo era submetido ao Estado, cuja principal função era fazer com que os cidadãos espartanos fossem bons soldados.
A terra, propriedade dos cidadãos, era cultivada por escravos que pertenciam ao Estado. O principal objetivo da vida dos espartanos era o engrandecimento do Estado. 
A educação do Espartíata era voltada para o Exercito. Hoje é até adjetivo, educação espartana – muito rígida.
Ele vivia para o Estado, ao nascer, se tivesse algum defeito físico ou fora dos padrões da cidade, eram mortos, arremessados no monte Taigeto, ou se tivesse sorte era acolhido por algum hilota de bom coração. Se fosse perfeito, ficava com a mãe até os 7 anos de idade. Depois dos 7, eram afastados de suas famílias e ingressavam em um grupo militar comandado por um jovem espartíata. Aprendiam música e leitura, marchavam, faziam muita ginástica.
Dos 12 aos 17, iam para o campo onde aprendiam a se sustentar somente com seu próprio esforço. Comiam alimentos preparados por eles e sua camas era uma forragem de palha recolhidas das margens do Rio Eurotas. Participavam de competições militares e de ginástica. Eles eram incentivados a roubar, principalmente alimentos, no entanto, se fossem pegos eram surrados impiedosamente. A surra não era porque estavam roubando, mas porque foram descobertos.
Aos 17 passavam pela Kriptia, esconder-se no campo, munidos por punhais e à noite, matar o número maior possível de escravos. Quem passasse por essa prova recebia um lote de terra e iam viver no quartel, recebendo uma refeição por dia ao cair da tarde.
Até os 18 anos, os meninos espartanos aprendiam a ler e a escrever. Dos 18 aos 30 anos, dedicavam-se exclusivamenteao exército. Não podiam casar, apenas coabitar. 
Dos 30 em diante entravam na Assembleia, onde participavam das decisões de governo, podiam deixar o cabelo crescer e casar. Depois dos 60 anos se aposentavam do exercito, é que podiam tomar parte dos Conselhos dos Anciões, virar magistrados e ocupar cargos no governo.
As meninas eram educadas em casa, quase da mesma forma que os meninos. Aprendiam a ler e a escrever e faziam muitos exercícios físicos para se tornarem mães de soldados perfeitos. A mulher espartana gozava de muito prestígio e de liberdade nas suas relações sociais, o que não acontecia nas demais cidades gregas. Podiam receber herança e podiam enriquecer com o comércio, atividade vedada aos homens.
O exército tinha um papel muito importante na vida dos espartanos. Foi por meio de seu exército que Esparta conseguiu se impor aos demais povos do Peloponeso.
Depois de dominar esses povos, os espartanos formaram a Liga do Peloponeso. Esparta tornou-se a cidade-estado mais forte da Grécia.
LEGISLAÇÃO
A sua legislação teria vindo de Licurgo, no entanto, não há consenso entre os mais diversos estudiosos da Grécia clássica sobre o momento exato da existência de Licurgo – muitos o veem mais como uma figura lendária do que propriamente um ser humano real. O primeiro a citá-lo foi Heródoto de Halicarnasso em sua Obra clássica História.
 
Ele destruiu a legislação vigente e com seu prestigio e as bênçãos do Oráculo de Delfos impôs uma Constituição que passou a vigorar em Esparta.
Consultou novamente o Oráculo e ouviu que “Esparta só será efetivamente próspera e feliz se todas as leis forem rigorosamente observadas.”
Conciliando, sob o ensinamento e a legislação herdada por Licurgo, a força e a fraqueza dos homens, assim como a lei, os deveres e necessidades dos cidadãos, em pouco tempo a cidade-estado de Esparta transformou-se de uma da menores e mais insignificantes da Grécia Clássica numa das mais poderosas de toda a península.
A cidade-estado dedicou-lhe um templo, equiparando-o aos deuses do Olimpo, advindo provavelmente daí sua fama de legendário.
Seu legado a nós até os nossos dias é o respeito às leis e o dever de lutar pelo seu aprimoramento. O sistema político implantado por Licurgo em Esparta é conhecido como “Aristocracia” (de Aristoi = Os Melhores e cratos = governo; “governo dos melhores”) em contraposição à “Democracia” ateniense (de Demo = povo e cratos = governo; “governo do povo”)
DOCUMENTO BÁSICO (Tirteu, Eunomia. Citado por Monnier, J Histoire, p. 137:
A mentalidade de militarista dos espartanos
“É belo que o homem bravo, combatendo por sua pátria, tombe na linha de frente; mas, o que deserta da sua cidade e de seus campos férteis e vai mendigar, errando com sua querida mãe, seu velho pai e seus filhos, esse é o mais miserável dos homens (...)
Nós, corajosamente, combatemos por esta terra; morremos por nossos filhos, não poupamos a nossa vida. Ó jovens! combatei unidos uns aos outros e não temais senão a vergonha da fuga, estimulai em vossos corações uma valente sólida coragem e não vos inquieteis com a vida, na luta contra o inimigo(...) não abandonais os velhos guerreiros cujos joelhos já não são ágeis. É vergonhoso que um homem velho, com a sua cabeça e sua barba brancas, tomando na primeira fila, caindo diante dos moços, morra corajosamente na poeira, com o corpo esfolado(...), Mas, aquele que conserva a bela flor da sua juventude é admirado pelos homens e pelas mulheres, enquanto vive e também quando tomba com bravura na linha de frente. Cada um deve marchar, mas, para o combate, com pé firme, mordendo os lábios (...) Combatamos, pois, com coragem, por esta terra; morramos por nossos filhos, sem jamais poupar nossas vidas”. 
............................
ATENAS
Atenas foi fundada em homenagem à deusa da sabedoria. Os jônios construíram a Acrópole, que abrigava os edifícios públicos e o templo, numa colina. Na costa, eles construíram o porto do Pireu. Aos poucos, Atenas foi se tornando o principal centro dos jônios.
Os atenienses experimentaram várias formas de governo até chegar a uma forma que eles chamaram de democracia.
No início, os atenienses foram governados por um rei, cujo poder era limitado pelos eupátridas, os “bemnascidos”. Nesse momento, os atenienses foram governados por uma monarquia baseada numa aristocracia, ou seja, pelos eupátridas, que se revezavam no governo uma vez por ano.
Revoltas dos habitantes que não podiam participar do governo forçaram os governantes a escrever as leis, que só eram conhecidas pelos eupátridas.
DRACON
 Drácon, um eupátrida, fez isso em 620 a.C. Ele redigiu leis que eram muito rígidas e que puniam todos os crimes com a morte. 
É famoso até hoje pela severidade de suas leis, tanto que, mesmo nos dias atuais, a palavra draconiano significa nos dicionários “referente a ou severo e duro código de leis a ele atribuído. Que ou o que é excessivamente rigoroso ou drástico. 
Essa severidade pode ser entendida por Drácon ser um eupátrida e como tal ele conservou os sentimentos de sua casta. Não criou quase nenhuma novidade, reproduzindo o direito antigo, ditado por uma religião implacável que via em todo erro uma ofensa às divindades um crime odioso. Quase todos os crimes eram passíveis de pena de morte.
As leis de Drácon põem fim á solidariedade familiar e tornam obrigatório o recurso aos tribunais para o conflito entre os clãs. Busca assim, criar uma amizade cívica, um espírito aberto aos outros de fora da família.
Introduziu importante principio no Direito Penal: distinção entre os diversos tipos de homicídio. Homicídio voluntário, involuntário e legitima defesa.
Os habitantes de Atenas não se conformaram com as leis de Drácon e em pouco tempo exigiram reformas.
SOLON
Em 594 a.C. outro legislador foi indicado: Sólon. Aristocrata de nascimento e comerciante de profissão e por isso assim legislou.
As leis de Sólon causaram um grande revolução social.
A Eunomia – igualdade de todos perante a lei – está presente em todos os artigos que ele escreveu, terminando a distinção entre eupátridas e nãoeupatridas.
Atingiu toda estrutura da sociedade ateniense no que diz respeito a política, economia e sociedade.
Economia
Sólon preparou Atenas para ser um potencia econômica-comercial.
Para tanto, incentivou a ida de artesões estrangeiros para Atenas. Assim a produção tornava-se local, o que não só barateava os custos dos produtos, como também transformava a longo prazo a cidade em exportadora.
Para simplificar as transações comerciais criou um padrão monetário fixo e incentivou a exploração das minas de Prata. Sólon para facilitar o comercio, ainda instituiu um sistema de pesos e medidas único.
Incentivou a cultura da oliveira e da vinha, a exportação do azeite.
Sociedade
Sólon concedeu anistia geral, perdoando os que tinham cometidos crimes políticos, suavizou as leis de Drácon e incentivou a educação para todos os cidadãos.
Sólon libertou todos aqueles que eram prisioneiros por dívidas, proibindo a escravidão por dívidas.
Instaurou a igualdade civil, estabeleceu a adoção, o testamento. 
Ele limitou o direito de herança dos primogênitos, q anteriormente era herdeiros universais. Somente os filhos recebiam herança nunca as filhas tinham esse direito, se fosse herdeira uma mulher, um parente próximo receberia a herança. Introduziu o testamento na legislação, no entanto, a mulher era proibida de testar.
Obrigou os pais a ensinarem um oficio aos filhos, sob pena de ficarem desamparados na velhice.
Politica.
Sólon pensava através da economia e no comando efetivo ficariam aqueles que com mais riquezas e abaixo deles com menos poder e sucessivamente, os que tivessem menos dinheiro.
Sófocles viveu no período de máximo esplendor de Atenas; fazia parte de uma constelação em que gravitavam seus colegas dramaturgos Ésquilo, Eurípedes e Aristofanes (446-386 a.C), os historiadores Heródoto (484-425 a.C.) e Tucídides (460-395 a.C), o estadista Péricles (495-429 a.C.) e o escultor Fídias (480-430 a.C.). Nuncaviu sua cidade invadida: nasceu antes da invasão persa e morreu aos 90 anos, antes de assistir à queda definitiva da cidade.
SÓCRATES
“Homem, conhece-te a ti mesmo”.
Filósofo grego (470/469 a.C - 399 a.C).
Nasceu em Atenas, de origem humilde, filho de Sofronisco (escultor, que trabalhava sob a direção de Fídias) e Fenarete (parteira). 
Sua residência ficava próxima das casas de Aristides, Tucídides e Críton, este grande amigo de Sócrates, da adolescência até a morte, inclusive, presenciando-a.
Nasceu em uma época em que Atenas era potência política, econômica, militar e tornou-se a cidade-estado hegemônica da Grécia. 
Nasceu quando terminava a guerra entre os gregos e os persas (guerras médicas) e marcaria o inicio da fase áurea da Democracia. Foi o “Século de ouro” da Hélade - o “Século de Péricles”. 
Época denominada de “milagre grego”, sem par na Historia do homem, onde em um pequeno espaço de tempo surgiram pessoas que marcariam indelevelmente a história da humanidade no campo da filosofia, das artes, da política, da oratória, das ciências naturais, da escultura, etc. 
No entanto, embora altamente democrática, Atenas excluía da cidadania, o que os gregos denominavam de dependentes: mulheres, escravos, crianças e velhos e os estrangeiros. 
Sócrates, apesar de família modesta, teve uma educação esmerada, à altura dos jovens atenienses ricos. Tornou-se um escultor sem talento.
Péricles passou a governar Atenas quando Sócrates contava com 20 anos de idade, e os Sofistas atuavam em Atenas. O seu caráter, sua grandeza de espírito, a sua inteligência majestosa compensavam a sua ausência de beleza física, pois era feio, bem feio.
Tornou-se mestre no Liceu, passando a educar os jovens efebos (aquele que atinge a puberdade), flor da mocidade ateniense, bem como outros que de toda a região da Helade queriam houver o grande mestre.
Com 38 anos de idade é acometido de crise interior que alteraria a natureza de sua especulação. Segundo Diógenes Laércio, Sócrates foi ao templo de Apolo, em Delfos. No frontispício (fachada principal de um edifício) do templo estava escrito: “Conhece-te a si mesmo”.
Sócrates, então mudou, e a partir daí fez de tal máxima a base de sua reflexão filosófica. Passou a ensinar na ágora (praça principal das antigas cidades gregas, local em que se instalava o mercado e que muitas vezes servia para a realização das assembléias do povo; formando um recinto decorado com pórticos, estátuas etc., era tb. um centro religioso), nos banquetes, nas ruas, etc. Dirigia-se a qualquer um, sem distinção de classe
A DEMOCRACIA ateniense assegurava aos cidadãos o exercício da função legislativa: integrantes da Ekklesia (assembléia popular), podiam e deviam participar da elaboração das leis que regiam a vida e os destinos da cidade. Mas o regime democrático impunha também aos cidadãos a obrigação de defender, como juízes, as leis que eles mesmos votavam, pois, na condição de membros das cortes populares, assumiam o compromisso - através do juramento heliástico - de fazer acatar aquelas leis e de decidir, de acordo com elas, o que seria justo e o que seria injusto, o que seja bom ou mau para a cidade-Estado e seu povo.
No ano de 399 a.c., o tribunal dos heliastas (entre os antigos gregos, membro de um tribunal ateniense que exercia suas funções numa praça pública, ao nascer do sol), constituído por cidadãos provenientes das dez tribos que compunham a população de Atenas e escolhidos por meio da tiragem de sorte, reuniu-se com 500 ou 501 membros. 
Difícil tarefa aguardava esses juízes: julgar Sócrates, conhecida mas controvertida figura. Cidadão admirado e enaltecido por alguns - particularmente pelos jovens -, era, entretanto, criticado e combatido por outros, que nele viam uma ameaça para as tradições da polis e um elemento pernicioso à juventude. 
Indiscutível era seu destemor, de que já dera provas em tempos de guerra, como notória sua independência pessoal, manifestada não apenas em seu modo peculiar e inconvencional de viver, mas também em circunstâncias especiais - como quando se negou à conivência com sórdida trama política urdida pelos Trinta Tiranos que durante algum tempo haviam dominado Atenas. Mas o que sobretudo o caracterizava era a atividade a que vinha se dedicando há anos e que justamente suscitava o deleite e a admiração dos jovens, enquanto noutros despertava ressentimentos: conversar. 
Despreocupado com os bens materiais - cujo acúmulo era o objetivo da maioria -, usufruindo os prazeres sem se atormentar em viver à sua cata, mas também sem deles fugir em exageros ascetas, Sócrates dedicava-se ao que considerava, desde certo momento de sua vida, sua missão - a missão que lhe teria sido confiada pelo deus de Delfos e que o tornara um "vagabundo loquaz": dialogar com as pessoas.
Mas dialogar de modo a fazê-Ias tentar justificar os conhecimentos, as virtudes ou as habilidades que lhes eram atribuídas. Com esse objetivo inicial, levava o interlocutor a emitir opiniões referentes à sua própria especialidade, para em seguida interrogar a respeito do sentido das palavras empregadas. O resultado das questões habilmente formuladas por Sócrates - que alegava que "apenas sabia que nada sabia" - era, com freqüência, tornar patente a fragilidade das opiniões de seus interlocutores, a inconsistência de seus argumentos, a obscuridade de seus conceitos. Colocados à prova, muitos supostos talentos e muitas reputações de sapiência revelavam-se infundados e muitas ideias vigentes e consagradas pela tradição manifestavam seu caráter preconceituoso e sua condição de meros hábitos mentais ou simples construções verbais sem base racional. Evidenciava-se a ignorância da própria ignorância: situação que, não sendo ultrapassada, prenderia a alma num estéril engano e, o que era mais trágico ainda, deixá-la-ia distante de si mesma, apartada de sua própria realidade. Para alguns - os que aceitavam submeter-se à fase construtiva da dialogação socrática -, aquele reconhecimento da ignorância do justo significado das palavras representava a oportunidade de um verdadeiro renascimento: o renascer na consciência de si mesmo, condição preliminar para a tomada de posse da própria alma. Para outros, porém, era o esboroar do prestígio em plena praça pública. Ou então era a instauração de questões e dúvidas ali onde há séculos perdurava a cega certeza dos preconceitos e das crendices: no campo dos valores morais e religiosos, que orientavam a conduta dos indivíduos mas também serviam de alicerces às instituições políticas.
O JULGAMENTO
Diante do tribunal popular, Sócrates é acusado pelo poeta Meleto, pelo rico curtidor de peles, influente orador e político Anitos, e por Licão, personagem de pouca importância. 
A acusação era grave: não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e corromper a juventude. 
O relato do julgamento feito por Platão (428-348 a.C) a Apologia de Sócrates, é geralmente tido como bastante fiel aos fatos e apresenta-se dividido em três partes. Na primeira, Sócrates examina e refuta as acusações que pairam sobre ele, retraçando sua própria vida e procurando mostrar o verdadeiro significado de sua "missão". E proclama aos cidadãos que deveriam julgá-lo: "Não tenho outra ocupação senão a de vos persuadir a todos, tanto velhos como novos, de que cuideis menos de vossos corpos e de vossos bens do que da perfeição de vossas almas, e a vos dizer que a virtude não provém da riqueza, mas sim que é a virtude que traz a riqueza ou qualquer outra coisa útil aos homens, quer na vida pública quer na vida privada. Se, dizendo isso, eu estou a corromper a juventude, tanto pior; mas, se alguém afirmar que digo outra coisa, mente". Noutro momento de sua defesa, Sócrates dialoga com um de seus acusadores, Meleto, deixando-o embaraçado quanto ao significado da acusação que lhe imputava - "corromper a juventude". Demonstra que estava sendo acusado por Meleto de algo que o próprio Meleto não sabia bem explicar o que era, já não conseguia definir com clareza o que era bom eo que era mau para os jovens.
Em nenhum momento de sua defesa - segundo o relato platônico - Sócrates apela para a bajulação ou tenta captar a misericórdia daqueles que o julgavam. Sua linguagem é serena, linguagem de quem fala em nome da própria consciência e não reconhece em si mesmo nenhuma culpa. Chega a justificar o tom de sua autodefesa: "Parece-me não ser justo rogar ao juiz e fazer-se absorver por meio de súplicas; é preciso esclarecê-Io e convencê-Io". 
Embora a demonstração pública da inconsistência dos argumentos de seus acusadores e embora a tranqüila e reiterada declaração de inocência - e talvez justamente por mais essas manifestações de altaneira independência de espírito, Sócrates foi condenado. Mesmo para uma democracia como a ateniense, ele era uma ameaça e um escândalo: a encarnação, para a mentalidade vulgar, do "escândalo filosófico" que, ali mesmo em Atenas, acarretara a perseguição de Anaxágoras de Oazômena, que se viu obrigado a fugir.
Como era de praxe, após o veredicto da condenação, Sócrates foi convidado a fixar sua pena. Meleto havia pedido para o acusado a pena de morte. Mas seria fácil para Sócrates salvar-se: bastava propor outra penalidade, por exemplo pagar uma multa, como chegaram a lhe sugerir os amigos. Afinal, fora difícil obter um veredicto de culpabilidade: havia sido condenado por uma margem de apenas sessenta votos. Qualquer pena moderada que ele mesmo propusesse seria certamente acatada com alivio por aquela assembléia constrangida por condenar um cidadão que, apesar de suas excentricidades e de suas atitudes muitas vezes irreverentes e incômodas, apresentava aspectos de indiscutível valor. 
Afinal, era aquele o Sócrates que não se havia deixado corromper pelos tiranos, inimigos da democracia, e que lutara bravamente na guerra por sua cidade e por seu povo. Bastava que declarasse estar disposto a pagar algumas moedas - e todos sairiam dali satisfeitos consigo mesmos, por terem cumprido o "dever" de punir um cidadão suspeito de atividades nocivas à cidade, e mais contentes ainda por se sentirem magnânimos, ao permitirem que continuasse vivendo.
Mas Sócrates não faz concessões. 
Propor-se a cumprir qualquer pena, mesmo pagar uma multa, por menor que fosse, seria aceitar a culpa de que não o acusava a própria consciência. 
Na segunda parte da Apologia, Platão descreve o momento em que, novamente diante de seus juízes, Sócrates estabelece a pena que julgava merecer. Nem exílio, nem multa. "Ora, o homem (Meleto) propõe a sentença de morte. Bem; e eu, que pena vos hei de propor em troca, Atenienses? A que mereço, não é claro? Qual será? Que sentença corporal ou pecuniária mereço, eu que entendi de não levar uma vida quieta? Eu que, negligenciando o de que cuida toda gente - riquezas, negócios, postos militares, tribunas e funções públicas, conchavos e lutas que ocorrem na política, coisas em que me considero de fato por demais pundonoroso para me imiscuir sem me perder -, não me dediquei àquilo a que, se me dedicasse, haveria de ser completamente inútil para vós e para mim? Eu que me entreguei à procura de cada um de vós em particular, a fim de proporcionar-lhe o que declaro o maior dos benefícios, tentando persuadir cada um de vós a cuidar menos do que é seu do que de si próprio, para a ser quanto melhor e mais sensato, menos dos interesses do povo que do próprio povo, adotado o mesmo princípio nos demais cuidados? Que sentença mereço por ser assim? Algo de bom, Atenienses, se há de ser a sentença verdadeiramente proporcionada ao mérito; não só, mas algo de bom adequado a minha pessoa. O que é adequado a um benfeitor pobre, que precisa de lazeres para vos viver exortando? Nada tão adequado a tal homem, Atenienses, como ser sustentado no Pritaneu; muito mais do que a um de vós que haja vencido, nas Olimpíadas, uma corrida de cavalos, de bigas ou quadrigas. Esse vos dá a impressão da felicidade; eu, a felicidade; ele não carece de sustento, eu careço. Se, pois, cumpre que sentenciam com justiça e em proporção ao mérito, eu proponho o sustento no Pritaneu."
Sócrates não deixava saída para seus juízes. Ou a pena de morte, pedida por Meleto, ou ser alimentado no Pritaneu, enquanto fosse vivo, como herói ou benemérito da cidade. 
Impossível voltar atrás, desfazer a condenação, inocentar o acusado. Entre a morte e as impossíveis recompensas, os juízes ficaram sem alternativa real. Para não abrir mão de sua própria consciência, Sócrates optara pela morte. Que então morresse.
O QUE SIGNIFICA MORRER?
A terceira parte da Apologia pretende ser a transcrição das últimas palavras endereçadas por Sócrates aos que haviam acabado de condená-Ia a morrer bebendo cicuta. Em sua alocução, a mesma serenidade, o mesmo tom altaneiro: "Não foi por falta de discursos que fui condenado, mas por falta de audácia e porque não quis que ouvísseis o que para vós teria sido mais agradável, Sócrates lamentando-se, gemendo, fazendo e dizendo uma porção de coisas que considero indignas de mim, coisas que estais habituados a escutar de outros acusados". 
Sustenta-o uma certeza: mais difícil que evitar a morte é "evitar o mal, porque ele corre mais depressa que a morte". Quanto a esta, apenas pode ser uma destas duas coisas: "Ou aquele que morre é reduzido ao nada e não tem mais qualquer consciência, ou então, conforme ao que se diz, a morte é uma mudança, uma transmigração da alma do lugar onde nos encontramos para outro lugar. Se a morte é a extinção de todo sentimento e assemelha-se a um desses sonos nos quais nada se vê, mesmo em sonho, então morrer é um ganho maravilhoso. (ou) Por outro lado, se a morte é como uma passagem daqui para outro lugar, e se é verdade, como se diz, que todos os mortos aí se reúnem, pode-se, senhores juízes, imaginar maior bem?" 
Apoiado nessas hipóteses - as únicas existentes a respeito de um fato que não permite certezas racionais -, o setuagenário Sócrates despede-se, tranqüilo, de seus concidadãos: 
''Mas eis a hora de partirmos, eu para a morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumo, ninguém o sabe, exceto o deus".
A execução da pena teve de ser adiada por trinta dias. Como acontecia todos os anos, um navio oficial havia sido enviado ao santuário de Delos para comemorar a vitória de Teseu, o herói mitológico ateniense, sobre o Minotauro, o terrivel monstro que habitava o labirinto de Creta e se alimentava de carne humana. Enquanto o navio não regressasse de sua missão sagrada, nenhum condenado podia ser executado.
No diálogo Fédon, Platão descreve as conversações que, durante os dias de espera na prisão, Sócrates mantivera com seus discípulos e amigos. Um problema se propunha a todos como urgente e atormentador: a morte, a morte que para Sócrates se tornava cada dia mais próxima. E, do mesmo modo que nas outras circunstâncias de sua atividade filosófica, Sócrates ocupava-se apenas de questões que eram propostas imediata e vivamente à sua consciência e à de seus interlocutores - assim, naqueles dias em que se aguardava o retomo do navio que partira para Delos, somente tinha sentido meditar e dialogar sobre um problema: o do significado da própria morte. Sócrates então debate com os amigos diversos argumentos que poderiam levar à admissão da imortalidade da alma, uma das únicas soluções que já apontara na parte final da Apologia, quando se despedira de seus juízes. Sobre a outra - a morte representar o nada, como longa noite de sono sem sonhos - nada havia a dizer, como nada havia a temer. Restava explorar a única possibilidade na qual o pensamento podia transitar, tecendo argumentos e conjecturas.
Mas o barco está prestes a retornar de Delos. Na véspera de sua chegada, um dos amigos avisa a Sócrates: "Amanhã terás de morrer". O mestre não se perturba: "Em boa hora, se assim o desejarem os deuses, assim seja". Suplicam-lhe que aceite a fuga que os amigos haviam preparado. Sócrates recusa. E explica: a única coisa que importa é viver honestamente, sem cometer injustiças, nem mesmo em retribuição a uma injustiça recebida. Ninguém, nem osamigos, consegue convencê-Io a abdicar de sua consciência. Entra a mulher de Sócrates, Xantipa, trazendo os filhos para a despedida. Sócrates permanece sereno. 
Xantipa diz, Sócrates você vai morrer injustamente. Ele responde, você preferia que eu morresse justamente?
Finalmente chega o carcereiro com a cicuta. Imperturbável, Sócrates toma o vaso que lhe é oferecido, de um só gole bebendo todo o veneno. Os amigos soluçam. Mas ele ainda os anima: "Não, amigos, tudo deve terminar com palavras de bom augúrio: permanecei, pois, serenos e fortes".
Ao sentir os primeiros efeitos da cicuta, Sócrates se deita. Aquele que sempre indagara sobre o significado das palavras e dos valores que regiam a conduta humana e investigara o sentido dos costumes e das leis que governavam a cidade buscava a consciência nas ações e nas afirmativas, mas não pretendia se subtrair às normas estabelecidas e às exigências dos preceitos e das instituições sociais e políticas. 
Porque não traíra sua consciência, preferira a morte a declarar-se culpado. Mas porque respeitava a lei não quisera fugir da prisão. Suas últimas palavras teriam sido ainda um testemunho dessa dupla fidelidade: a si mesmo e aos compromissos assumidos. Dirige-se a um dos amigos presentes, lembrando-lhe que deviam um sacrifício ao deus Asclépio. E morre.
FILME SÓCRATES – Rosselini
Sócrates, considerado o patrono da filosofia, rebelou-se contra os sofistas – eles ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, que aprendiam a defender a sua opinião, estando certa ou errada, pois eles não tinham respeito à verdade. Eles ensinavam a ganhar uma discussão, eram inteligentes e cultos. Na Grécia da época, os cidadãos eram 
Diálogos de Platão, figura controversa, porque não escreveu e poucas fontes sobre o pensamento dele. Xenofonte e Aristófanes (crítico de Sócrates escreveu as Nuvens). O Pai da filosofia é o Sócrates dos Diálogos de Platão.
Um dos textos mais antigos é a apologia de Sócrates, texto em prosa corrida, no qual Platão esta relatando, supõe-se que fielmente, o Discurso de Sócrates em sua própria defesa no Tribunal de Atenas. Acusado por meleto e Ianito de negar os Deuses de Atenas, introduzindo novos deuses e Ianito corrompendo a juventude
Diálogos socráticos ou diálogos de juventude de Platão. 
Diálogos breves curtos, como Criton cria como cenário a prisão depois do julgamento, Sócrates já condenado e Criton um grande amigo seu, desde a Juventude conversando
Os outros diálogos socráticos, curtos também, dão denominados aporeticos, em grego aporia significa sem saída, não é produzir solução, mas criar uma situação de dúvida insolúvel.
Dialogo fundamental é o Fédon, Sócrates recebe na prisão, os colegas pela última vez e está prestes a tomar o veneno, a cicuta e defenda a tese que ele não morrerá, sobrevive a morte do corpo, muito importante para o Cristianismo, mas não é uma tese Socrática, mas platônica, tese de maturidade de Platão, Poe na boca de Sócrates. 
Diálogos quando vai ao tribunal para saber da denuncia, encontra com Hipias, que é um sofista, professa um saber, mas Sócrates considera um falso saber, professores de retórica, que ensinavam os jovens das cidades gregas mediante um certo pagamento para usar os discursos na carreira política, sobretudo em Atenas, que uma democracia onde a palavra é livre ao cidadão e o domínio da retórica é uma forma muito eficaz de construção de uma carreira pública. 
Sócrates se contrapunha a eles, 
Ele considerava uma investigação da verdade com essa maneira sofistica de usar um discurso com um instrumento retórico.
Hipias cruza com Sócrates e no dialogo é a noção de belo, não só um conceito estético mas um conceito moral O grego quando ele ia usar um ação moralmente boa, ele usava o adjetivo belo, em português eu posso dizer, isto é uma bela ação. 
Pergunta o que é belo, e Hípias afirma que sabe o que é belo, álias afirma sabe tudo, sobre qualquer assunto. Então, Sócrates começa a utilizar o seu sistema argumentativo, interrogativo, a maiêutica 
Pergunta a Hípias o que é o Belo? Ele responde não respondendo de fato a pergunta, pois responde que o Belo é uma bela moça.
Sócrates mostra a ele que uma bela moça não responde a pergunta “o que é o belo”, porque existe outras coisas belas além de belas moças, como por exemplo, belas éguas e belas panelas. 
Descobrir o que é o belo é descobrir o que é o belo que torna belo a bela moça, a bela égua e a bela panela.
Hipias percebe que não sabe responder a pergunta e diz que está atrasado e vai embora.
É a questão fundamental dos diálogos socráticos de Platão a busca de uma definição universal para um conceito e geralmente esses conceitos 
Chega no Tribunal e encontra Eutifron, personagem de um dialogo de Platão, noção de piedade, e pergunta a ele
O que você esta fazendo aqui no Tribunal e ele diz que veio acusar o meu pai porque ele assassinou um dos meus escravos.
O que é o piedoso, e ele diz que é o que ele vai fazer no Tribunal acusando o pai, o piedoso é algo que tem que estar em todas as ações piedosos na apenas naquela particular.
O que teria sido método interrogativo socrático que buscava mostrar para o interlocutor que não sabia o que imaginava saber e ao mesmo tempo mostrava a este interlocutor responder uma pergunta o que é, não pode apresentar um exemplo, mas o que mais tarde se chamou de uma definição universal.
Disso Platão vai tirar toda sua filosofia buscando definições universais. 
Fedro (maturidade de Platão) que o ensino da filosofia é mais eficaz oralmente do o texto escrito porque o texto escrito é um texto congelado, é incapaz de reformular-se porque ele está fixo, enquanto a oralidade na sua flexibilidade permite uma reformulação uma correção. É um grande elogio do método socrático.
Teses socráticos, a virtude moral é um tipo de conhecimento, e quem detém o conhecimento que é um virtude, por causa desse conhecimento, da posse desse conhecimento agirá de maneira virtuosa. E algo muito importante na historia da filosofia. 
A virtude moral, a moralidade da ação desse individuo, resulta da posse de um saber que esse individuo possui e por isso é preciso saber a resposta o que é virtude, o que é a piedade, o que é a moderação, o que é a justiça, porque só sabendo o são essas virtudes se poderá agir virtuosamente.
Outra tese, que é um saber político na cidade que não pode ser diferente de uma competência reconhecida para como por exemplo para um técnico. 
Se tivermos que navegar, vamos escolher quem para pilotar um navio, obviamente um piloto de navio porque reconhecemos nele um saber para pilotar um navio, não pode pedir um carpinteiro. 
Na vida política é a mesma coisa, quem deve governar a cidade é quem detem um conhecimento de como governar a cidade
Critica a democracia ateniense porque para todo cidadão ateniense saberia governar a cidade, e isto é uma critica a essa ideia. Governar bem é possuir um saber um sabe moral que legitima que determina o que determinados indivíduos sejam governantes na cidade.
Outra tese socrática é que cometer injustiça prejudica mais aquele que comete a injustiça do que aquele que sofre a ação injusta.
É preferível ser injustiçado do que cometer injustiça. 
O objetivo de Sócrates era mostrar ao interlocutor que o interlocutor não possuía o sabr ele imaginva possuir
Apologia de Sócrates é a defesa do Sócrates no Tribunal.
Um amigo dele vai até a cidade de Delfos onde fica o oráculo do Deus Apolo e o oráculo é um templo onde ficam as sacerdotisas, a Pítia que é encarregada de responder as perguntas feitas pelos homens e ela responde pelo Deus Apolo. A resposta dada por ela é a resposta dada pela divindade Apolo. 
Existe alguém mais sábio que Sócrates e ela responde que não. O Deus Apolo responde que não. 
Sócrates disse ao amigo que ele não entende a resposta porque ele afirma que “a única coisa que eu sei que não sei nada” e então o Deus está enganado e eu provar que o Deus está enganado e vou procurar na cidade o que são considerados sábios na cidade e então ele vai procurarpolíticos, poetas e artesões. 
Diz que interrogando esses indivíduos ele constata que eles imaginavam possuir um saber que não possuíam e que ele Sócrates tinha um saber que eles não tinham, que ele sabia que não sabia nada. A sabedoria socrática é a consciência da ignorância. 
A ignorância dos pretensos sábios esta na sua presunção de saber o que não sabiam. 
Sócrates conclui que essas interrogações lhe resultaram em vários inimigos porque os homens diziam saber algo, e quando eu mostrava que eles não sabiam, passavam a odia-lo.
Por traz desse ódio esta a acusação que está no Tribunal. A minha vida todo passei afastado da vida política, pobre, sem pretensão de arranjar dinheiro, e interrogando todo e qualquer individuo para mostrar a ele que ele não tinha saber nenhum. 
Nos diálogos de velhice, Sócrates era filho de uma parteira e de um escultor, o que ele faz, é o que sua mãe fazia com as mulheres, ajudava os seus interlocutores a trazerem a luz algum conhecimento que eles tinham em sua alma, então ele chamava-se de parteiro de ideias, a palavra grega de maiêutica (método socrático que consiste na multiplicação de perguntas, induzindo o interlocutor na descoberta de suas próprias verdades e na conceituação geral de um objeto) daí a denominação de maiêutica socrática. 
Método muito provocativo
Sócrates é claramente prefere manter suas convicções, mesmo que isto lhe custe a vida
Quando ele é julgado e condenado é costume no tribunal ateniense que o condenado tenha direito a propor uma pena alternativa, normalmente uma pena em dinheiro, em valor alto, Sócrates diz que não se considera culpado de nada, ao contrario, o trabalho que ele faz de interrogar as pessoas é um beneficio que faz para os homens, portanto, não poderia propor uma pena porque ele estaria admitindo que ele tinha alguma culpa e ai ele propõe, de maneira irônica, que a cidade o sustente como sustenta os vencedores dos jogos olímpicos. O que ele faz pela cidade é benéfico a cidade e ao dizer isso ele obriga a condená-lo a morte.
Isto significa entre entrar em contradição com a sua própria vida e salvar sua vida, ele preferiu manter a sua coerência, ele fala, não vou negar minhas convicções a vida toda eu prefiro ser condenado a morte do que negar essas convicções 
Nunca foi desobediente a lei, ele era um legalista, eu fui condenado pela lei da cidade e não vou fugir da prisão porque ia cometer uma injustiça. mas quando a lei o obriga a ir contra as convicções, essas convicções são mais importantes que qualquer desejo legal da cidade.
O episodio socrático é um exemplo atemporal.
A vida interior de um intelectual é superior a qualquer tipo de imposição dos poderes estabelecidos. 
PLATÃO – O Rei Filósofo
 
OMBROS LARGO
Platão é extraordinário, por quê ?
O filósofo inglês Alfred North Whitehead definiu a história da filosofia ocidental desde os gregos antigos como nada mais que "uma nota de rodapé a Platão". 
Foi o primeiro filósofo a refletir sobre os principais aspectos da filosofia - ser, conhecer e agir - e agrupá-los em sistema coerente O ser é importante para Platão, pois onde baseia toda sua filosofia e desenvolve um sistema de ideias sobre conhecer e agir..
Suas ideias não se contradizem, em que pese ter pensado sobre uma ampla faixa de temas. Platão foi um escritor talentoso e suas obras são claras e agradáveis.
Ele acreditava que os filósofos deveriam ser reis!
Ele viveu na Grécia antiga de 428 a 347 a.C.. Era filho de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre linhagem. Aos vinte anos conheceu Sócrates (40 anos mais velho que Platão) e sua vida mudou, sendo seu discípulo e amigo por oito anos até a sua morte. Depois da morte do mestre, saiu de Atenas e deu inicio a um grande período de 18 anos de viagens para se instruir, conhecendo o Egito (onde admirou a estabilidade política, bem como a sua Antigüidade), a Itália Meridional (conheceu os Pitagóricos, que teve grande influência em seus estudos), a Sicília (conheceu Dionísio, tirano de Siracusa e Dion seu cunhado).
Nesta época foi vendido como escravo e libertado graças a um amigo, daí voltou para Atenas.
Fundou nos jardins de Academo, pelo ano de 387 a.C, a celebre escola de filosofia chamada “A Academia” a qual foi conservada durante quase um milênio, até o tempo do Imperador Justiniano (529 d.C).
A diferença entre os sofistas e Sócrates/Platão é que os sofistas aceitam a validade das percepções sensoriais e das opiniões e se fundamentam através delas para produzir argumentos de persuasão, enquanto Sócrates/Platão consideram opiniões e as percepções sensoriais ou imagens das coisas, como fonte de erro, mentira e falsidade, formas imprecisas do conhecimento que nunca alcançam a verdade plena da realidade.
PERDEU-SE UM POLITICO, GANHOU-SE UM FILÓSOFO 
A perda da política foi o ganho da filosofia
Platão estava sempre tentando ver uma visão geral, mas quando jovem interessou-se pela política. Afastou-se dela, porém, quando concluiu que os políticos não pensavam com clareza suficiente sobre a relação entre a ordem política e a verdade ideal. Ele ficou particularmente desiludido com a política quando Sócrates foi condenado à morte. Mesmo assim, manteve a esperança de que a filosofia poderia ter uma influência positiva sobre o governo.
Sócrates foi uma grande influência sobre o pensamento de Platão, mas não a única. Platão se impressionava muito com a matemática, em particular com a geometria, e esperava encontrar meios de tomar toda a filosofia tão confiável quanto os princípios geométricos. Platão também foi influenciado pela ordem política dos egípcios, Ele visitou o Egito após a morte de Sócrates e admirou a estabilidade do governo.
Filosofato
Platão diz em um de seus diálogos: "Não haverá fim para os problemas do Estado ou mesmo, meu caro Glauco, da própria humanidade enquanto os filósofos não se tornarem reis neste mundo, ou enquanto aqueles que agora chamamos de reis e soberanos não se tornarem realmente filósofos".
O MITO DA CAVERNA
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior. 
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. 
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. 
Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna. 
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. 
Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homensque transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade. 
Libertado e conhecedor do mundo, o priosioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. 
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. 
Extraído do livro "Convite à Filosofia" de Marilena Chaui. 
REINCARNAÇÃO
Todos nós já vivemos anteriormente e viveremos de novo.
Nos intervalos, vida morte, temos acesso ao mundo das formas. 
Uma vez que retornemos ao mundo material esquecemos tudo o que poderíamos compreender no mundo celestial.
O individuo verdadeiramente mau não tem a opção de retornar em outra vida. Ele é eternamente condenado.
O mundo dos sentidos e dos prazeres sensoriais inibe o encontro da felicidade verdadeira, porque nos torna mais presos ao mundo real, que não é de acordo com Platão, a realidade mais elevada.
A REPÚBLICA
ELE não acreditava no individualismo. Todos precisavam fazer parte do estado e ser um membro contribuinte.
Esboça classes, castas
Profissão escolhida
A classe dos filósofos governaria o Estado, a classe dos guerreiros o protegeria e a classe proletária abasteceria o Estado com mercadorias, serviços e habilidades.
A classe os proletários seria impedida de receber benefícios de aprendizado do Estado, este seria reservado para os guerreiros e filósofos. 
Ele não tinha respeito pelas artes. 
A arte era uma cópia da realidade, que é por sua vez, uma pálida representação das formas elevadas.
As crianças seriam afastadas de seus pais e criadas pelo estado.
Ele não acreditava na propriedade privada
Ele acreditava no partilhamento das esposas.
ARISTÓTELES (384-322)
A Vida e as Obras
Este grande filósofo grego, filho de Nicômaco, médico de Amintas, rei da Macedônia, nasceu em Estagira, colônia grega da Trácia, no litoral setentrional do mar Egeu, em 384 a.C. Aos dezoito anos, em 367, foi para Atenas e ingressou na academia platônica, onde ficou por vinte anos, até à morte do Mestre. Nesse período estudou também os filósofos pré-platônicos, que lhe foram úteis na construção do seu grande sistema. 
Em 343 foi convidado pelo Rei Filipe para a corte de Macedônia, como preceptor do Príncipe Alexandre, então jovem de treze anos. Aí ficou três anos, até à famosa expedição asiática, conseguindo um êxito na sua missão educativo-política, que Platão não conseguiu, por certo, em Siracusa. De volta a Atenas, em 335, treze anos depois da morte de Platão, Aristóteles fundava, perto do templo de Apolo Lício, a sua escola. Daí o nome de Liceu dado à sua escola, também chamada peripatética devido ao costume de dar lições, em amena palestra, passeando nos umbrosos caminhos do ginásio de Apolo. Esta escola seria a grande rival e a verdadeira herdeira da velha e gloriosa academia platônica. Morto Alexandre em 323, desfez-se politicamente o seu grande império e despertaram-se em Atenas os desejos de independência, estourando uma reação nacional, chefiada por Demóstenes. Aristóteles, malvisto pelos atenienses, foi acusado de ateísmo. Preveniu ele a condenação, retirando-se voluntariamente para Eubéia, Aristóteles faleceu, após enfermidade, no ano seguinte, no verão de 322. Tinha pouco mais de 60 anos de idade. 
Aristóteles foi essencialmente um homem de cultura, de estudo, de pesquisas, de pensamento, que se foi isolando da vida prática, social e política, para se dedicar à investigação científica. A atividade literária de Aristóteles foi vasta e intensa, como a sua cultura e seu gênio universal. "Assimilou Aristóteles escreve magistralmente Leonel Franca todos os conhecimentos anteriores e acrescentou-lhes o trabalho próprio, fruto de muita observação e de profundas meditações. Escreveu sobre todas as ciências, constituindo algumas desde os primeiros fundamentos, organizando outras em corpo coerente de doutrinas e sobre todas espalhando as luzes de sua admirável inteligência. Não lhe faltou nenhum dos dotes e requisitos que constituem o verdadeiro filósofo: profundidade e firmeza de inteligência, agudeza de penetração, vigor de raciocínio, poder admirável de síntese, faculdade de criação e invenção aliados a uma vasta erudição histórica e universalidade de conhecimentos científicos. O grande estagirita explorou o mundo do pensamento em todas as suas direções. Pelo elenco dos principais escritos que dele ainda nos restam, poder-se-á avaliar a sua prodigiosa atividade literária". 
Filosofia de Aristóteles
Partindo como Platão do mesmo problema acerca do valor objetivo dos conceitos, mas abandonando a solução do mestre, Aristóteles constrói um sistema inteiramente original. Os caracteres desta grande síntese são:
1. Observação fiel da natureza –
Platão, idealista, rejeitara a experiência como fonte de conhecimento certo. Aristóteles, mais positivo, toma sempre o fato como ponto de partida de suas teorias, buscando na realidade um apoio sólido às suas mais elevadas especulações metafísicas. 
2. Rigor no método –
Depois de estudar as leis do pensamento, o processo dedutivo e indutivo aplica-os, com rara habilidade, em todas as suas obras, substituindo à linguagem imaginosa e figurada de Platão, em estilo lapidar e conciso e criando uma terminologia filosófica de precisão admirável. Pode considerar-se como o autor da metodologia e tecnologia científicas. Geralmente, no estudo de uma questão, Aristóteles procede por partes: 
a) começa a definir-lhe o objeto;
b) passa a enumerar-lhes as soluções históricas;
c) propõe depois as dúvidas;
d) indica, em seguida, a própria solução;
e) refuta, por último, as sentenças contrárias.
3. Unidade do conjunto - Sua vasta obra filosófica constitui um verdadeiro sistema, uma verdadeira síntese. Todas as partes se compõem, se correspondem, se confirmam. 
A Moral
Aristóteles trata da moral em três Éticas, de que se falou quando das obras dele. 
Consoante sua doutrina metafísica fundamental, todo ser tende necessariamente à realização da sua natureza, à atualização plena da sua forma: e nisto está o seu fim, o seu bem, a sua felicidade, e, por conseqüência, a sua lei. 
Visto ser a razão a essência característica do homem, realiza ele a sua natureza vivendo racionalmente e senso disto consciente. E assim consegue ele a felicidade e a virtude, isto é, consegue a felicidade mediante a virtude, que é precisamente uma atividade conforme à razão, isto é, uma atividade que pressupõe o conhecimento racional. Logo, o fim do homem é a felicidade, a que é necessária à virtude, e a esta é necessária a razão. A característica fundamental da moral aristotélica é, portanto, o racionalismo, visto ser a virtude ação consciente segundo a razão, que exige o conhecimento absoluto, metafísico, da natureza e do universo, natureza segundo a qual e na qual o homem deve operar.
As virtudes éticas, morais, não são mera atividade racional, como as virtudes intelectuais, teoréticas; mas implicam, por natureza, um elemento sentimental, afetivo, passional, que deve ser governado pela razão, e não pode, todavia, ser completamente resolvido na razão. A razão aristotélica governa, domina as paixões, não as aniquila e destrói, como queria o ascetismo platônico. A virtude ética não é, pois, razão pura, mas uma aplicação da razão; não é unicamente ciência, mas uma ação com ciência.
Uma doutrina aristotélica a respeito da virtude doutrina que teve muita doutrina prática, popular, embora se apresente especulativamente assaz discutível é aquela pela qual a virtude é precisamente concebida como um justo meio entre dois extremos, isto é, entre duas paixões opostas:porquanto o sentido poderia esmagar a razão ou não lhe dar forças suficientes. Naturalmente, este justo meio, na ação de um homem, não é abstrato, igual para todos e sempre; mas concreto, relativo a cada qual, e variável conforme as circunstâncias, as diversas paixões predominantes dos vários indivíduos.
Pelo que diz respeito à virtude, tem, ao contrário, certamente, maior valor uma outra doutrina aristotélica: precisamente a da virtude concebida como hábito racional. Se a virtude é, fundamentalmente, uma atividade segundo a razão, mais precisamente é ela um hábito segundo a razão, um costume moral, uma disposição constante, reta, da vontade, isto é, a virtude não é inata, como não é inata a ciência; mas adquiri-se mediante a ação, a prática, o exercício e, uma vez adquirida, estabiliza-se, mecaniza-se; torna-se quase uma segunda natureza e, logo, torna-se de fácil execução - como o vício.
Como já foi mencionado, Aristóteles distingue duas categorias fundamentais de virtudes: as éticas, que constituem propriamente o objeto da moral, e as dianoéticas, que a transcendem. É uma distinção e uma hierarquia, que têm uma importância essencial em relação a toda a filosofia e especialmente à moral. As virtudes intelectuais, teoréticas, contemplativas, são superiores às virtudes éticas, práticas, ativas. Noutras palavras, Aristóteles sustenta o primado do conhecimento, do intelecto, da filosofia, sobre a ação, a vontade, a política.
A Política
A política aristotélica é essencialmente unida à moral, porque o fim último do estado é a virtude, isto é, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso. O estado é um organismo moral, condição e complemento da atividade moral individual, e fundamento primeiro da suprema atividade contemplativa. A política, contudo, é distinta da moral, porquanto esta tem como objetivo o indivíduo, aquela a coletividade. A ética é a doutrina moral individual, a política é a doutrina moral social. Desta ciência trata Aristóteles precisamente na Política, de que acima se falou.
O estado, então, é superior ao indivíduo, porquanto a coletividade é superior ao indivíduo, o bem comum superior ao bem particular. Unicamente no estado efetua-se a satisfação de todas as necessidades, pois o homem, sendo naturalmente animal social, político, não pode realizar a sua perfeição sem a sociedade do estado.
Visto que o estado se compõe de uma comunidade de famílias, assim como estas se compõem de muitos indivíduos, antes de tratar propriamente do estado será mister falar da família, que precede cronologicamente o estado, como as partes precedem o todo. Segundo Aristóteles, a família compõe-se de quatro elementos: os filhos, a mulher, os bens, os escravos; além, naturalmente, do chefe a que pertence a direção da família. Deve ele guiar os filhos e as mulheres, em razão da imperfeição destes. Deve fazer frutificar seus bens, porquanto a família, além de um fim educativo, tem também um fim econômico. E, como ao estado, é-lhe essencial a propriedade, pois os homens têm necessidades materiais. No entanto, para que a propriedade seja produtora, são necessários instrumentos inanimados e animados; estes últimos seriam os escravos.
Aristóteles não nega a natureza humana ao escravo; mas constata que na sociedade são necessários também os trabalhos materiais, que exigem indivíduos particulares, a que fica assim tirada fatalmente a possibilidade de providenciar a cultura da alma, visto ser necessário, para tanto, tempo e liberdade, bem como aptas qualidades espirituais, excluídas pelas próprias características qualidades materiais de tais indivíduos. Daí a escravidão.
Vejamos, agora, o estado em particular. O estado surge, pelo fato de ser o homem um animal naturalmente social, político. O estado provê, inicialmente, a satisfação daquelas necessidades materiais, negativas e positivas, defesa e segurança, conservação e engrandecimento, de outro modo irrealizáveis. Mas o seu fim essencial é espiritual, isto é, deve promover a virtude e, conseqüentemente, a felicidade dos súditos mediante a ciência.
Compreende-se, então, como seja tarefa essencial do estado a educação, que deve desenvolver harmônica e hierarquicamente todas as faculdades: antes de tudo as espirituais, intelectuais e, subordinadamente, as materiais, físicas. O fim da educação é formar homens mediante as artes liberais, importantíssimas a poesia e a música, e não máquinas, mediante um treinamento profissional. Eis porque Aristóteles, como Platão, condena o estado que, ao invés de se preocupar com uma pacífica educação científica e moral, visa a conquista e a guerra. E critica, dessa forma, a educação militar de Esparta, que faz da guerra a tarefa precípua do estado, e põe a conquista acima da virtude, enquanto a guerra, como o trabalho, são apenas meios para a paz e o lazer sapiente.
Não obstante a sua concepção ética do estado, Aristóteles, diversamente de Platão, salva o direito privado, a propriedade particular e a família. O comunismo como resolução total dos indivíduos e dos valores no estado é fantástico e irrealizável. O estado não é uma unidade substancial, e sim uma síntese de indivíduos substancialmente distintos. Se se quiser a unidade absoluta, será mister reduzir o estado à família e a família ao indivíduo; só este último possui aquela unidade substancial que falta aos dois precedentes. Reconhece Aristóteles a divisão platônica das castas, e, precisamente, duas classes reconhece: a dos homens livres, possuidores, isto é, a dos cidadãos e a dos escravos, dos trabalhadores, sem direitos políticos.
Quanto à forma exterior do estado, Aristóteles distingue três principais: 
a monarquia, que é o governo de um só, cujo caráter e valor estão na unidade, e cuja degeneração é a tirania; 
a aristocracia, que é o governo de poucos, cujo caráter e valor estão na qualidade, e cuja degeneração é a oligarquia;
a democracia, que é o governo de muitos, cujo caráter e valor estão na liberdade, e cuja degeneração é a demagogia. 
As preferências de Aristóteles vão para uma forma de república democrático-intelectual, a forma de governo clássica da Grécia, particularmente de Atenas. No entanto, com o seu profundo realismo, reconhece Aristóteles que a melhor forma de governo não é abstrata, e sim concreta: deve ser relativa, acomodada às situações históricas, às circunstâncias de um determinado povo. De qualquer maneira a condição indispensável para uma boa constituição, é que o fim da atividade estatal deve ser o bem comum e não a vantagem de quem governa despoticamente.
Juízo sobre Aristóteles
É difícil aquilatar em sua justa medida o valor de Aristóteles. A influência intelectual por ele até hoje exercida sobre o pensamento humano e à qual se não pode comparar a de nenhum outro pensador dá-nos, porém, uma ideia da envergadura de seu gênio excepcional. Criador da lógica, autor do primeiro tratado de psicologia científica, primeiro escritor da história da filosofia, patriarca das ciências naturais, metafísico, moralista, político, ele é o verdadeiro fundador da ciência moderna e "ainda hoje está presente com sua linguagem científica não somente às nossas cogitações, senão também à expressão dos sentimentos e das ideias na vida comum e habitual".
Nem por isso podemos deixar de apontar as lacunas do seu sistema. Sua moral, sem obrigação nem sanção, é defeituosa e mais gravemente defeituosa ainda que a teodicéia, sobretudo na parte que trata das relações de Deus com o mundo. O dualismo primitivo e irredutível entre Deus, ato puro, e a matéria, princípio potencial, é, na própria teoria aristotélica, uma verdadeira contradição e deixa subsistir, como enigma insolúvel e inexplicável, a existência dos seres fora de Deus.
Vista Retrospectiva
Com Sócrates entra a filosofia em seu caminho definitivo. O problema do objeto e da possibilidade da ciência é posto em seus verdadeiros termos e resolvido, nas suas linhas gerais, pela doutrina do conceito. Platão dá um passo além, procurando determinar a relação entre o conceito e

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