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Prescrição e decadência - Direito Civil

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alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
Para que exista segurança jurídica nas relações, surgiram os institutos de prescrição e decadência. Estas são ligadas ao 
decurso do tempo e à inércia do titular de um direito. 
 
1. PRESCRIÇÃO 
Quando um direito é violado, surge para o seu titular o poder de exigir do devedor uma ação ou omissão, que serve para 
solucionar um dano ocorrido. Esse poder de exigir de outrem o cumprimento de um dever é a pretensão. Assim, violado o 
direito, nasce para o titular a pretensão, que se extingue pela prescrição. 
A prescrição é a perda do direito à pretensão pela inércia do seu titular durante determinado espaço de tempo previsto 
em lei. 
A exceção, ou a defesa, também prescreve no mesmo prazo que a pretensão. 
São requisitos da prescrição: 
• Violação do direito com o nascimento da pretensão 
• Inércia do titular 
• Decurso do prazo fixado em lei 
Renúncia à prescrição: a renúncia é ato unilateral que tem o condão de produzir os seus efeitos sem a necessidade de 
manifestação da outra parte. A renúncia à prescrição só valerá se for feita sem prejuízo de terceiro e depois que a 
prescrição se consumar, e pode ser: 
• Expressa: a parte expressamente declara a renúncia 
• Tácita: a parte pratica atos incompatíveis com a prescrição 
Atenção: antes de consumada a prescrição é irrenunciável. 
Efeitos da prescrição: como regra, qualquer pessoa pode sofrer os efeitos da prescrição. Seus prazos são sempre fixados 
em lei, não pode ser fixado por acordo das partes (cuidado: a decadência pode ser fixada por acordo entre as partes). 
A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita, ainda que em fase recursal, 
uma vez que se trata de norma de ordem pública (pode também ser reconhecida de ofício pelo juiz). 
A prescrição suspensa em favor de um dos credores solidários só será aproveitada pelos outros se a obrigação for 
indivisível. 
A interrupção da prescrição só pode ocorrer uma vez. 
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Tanto os relativamente incapazes (contra os absolutamente incapazes não corre prescrição) como as PJ têm ação contra 
os seus assistentes ou representantes legais que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. 
A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor, salvo se for o caso do absolutamente 
incapaz. 
CAUSAS IMPEDITIVAS CAUSAS SUSPENSIVAS CAUSAS INTERRUPTIVAS 
São as circunstâncias que impedem 
que o curso prescricional se inicie, em 
razão do estado de uma pessoa 
São as circunstâncias que paralisam 
temporariamente o curso 
prescricional, sem prejuízo do tempo 
já decorrido 
São as circunstâncias que impedem o 
curso normal do prazo prescricional, 
descartando o tempo já decorrido, de 
modo que a prescrição interrompida 
recomeça a correr da data do ato que 
a interrompeu, ou do último ato do 
processo para interrompê-la 
A contagem do prazo não se inicia 
enquanto durar a impossibilidade 
jurídica do impedimento 
O prazo prescricional vinha correndo 
normalmente, mas ocorreu um fato 
que o fez paralisar. Superado esse 
fato, volta a correr o prazo de onde 
parou 
O prazo recomeça a correr a partir da 
data do ato que o interrompeu. Isto é, 
o lapso do tempo já percorrido é 
inutilizado e o prazo volta a correr 
novamente por inteiro 
As questões sobre prescrição e decadência são literais da lei, e é importantíssimo que você conheça os dispositivos 
(colocarei aqui alguns importantes, mas é preciso a leitura do CC): 
Art. 197 CC: não corre a prescrição: 
I. Entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal 
II. Entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar 
III. Entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela 
Art. 198 CC: também não corre a prescrição: 
I. Contra os absolutamente incapazes 
II. Contra os ausentes do país em serviço público da U/E/M 
III. Contra os que se acharem servindo nas forças armadas, em tempo de guerra 
Art. 199 CC: não corre igualmente a prescrição: 
I. Pendendo condição suspensiva 
II. Não estando vencido o prazo 
III. Pendendo ação de evicção 
Art. 200 CC: quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da 
respectiva sentença definitiva. 
Art. 201 CC: suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for 
indivisível. 
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Art. 202 CC: a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: 
I. Por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e 
na forma da lei processual 
II. Por protesto 
III. Por protesto cambial 
IV. Pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores 
V. Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor 
VI. Por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor 
Art. 202, p.ú., CC: a prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do 
processo para a interromper. 
Prazos de prescrição: 
Regra geral: 10 anos, se a lei não dispuser de modo diverso. 
Atualização em 25/09/19: o prazo prescricional para a repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes 
a serviços de telefonia fixa não contratados é de 10 anos. 
1 ano para as pretensões: 
• Das relações entre hospedeiros ou fornecedores de alimentos para o consumo no estabelecimento, pertinentes 
às despesas dos consumidores 
• Recíprocas geradas entre as companhias seguradoras e os segurados 
• Relacionadas aos serviços prestados por tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, 
relativamente à percepção de emolumentos, custas e honorários 
• De interessados contra os peritos, por força da avaliação de bens que entraram na formação do capital de 
sociedade anônima 
• Dos credores não pagos contra os sócios, acionistas ou liquidantes em caso de encerramento da liquidação da 
sociedade 
2 anos para a pretensões dos alimentandos em relação às prestações vencidas. 
3 anos para pretensões relativas a: 
• Alugueis de imóveis 
• Prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias 
• Qualquer prestação acessória, como juros e dividendos, pagáveis em período não superior a 1 ano, com ou sem 
capitalização 
• Indenização por enriquecimento sem causa 
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• Reparação civil 
• Restituição de lucros ou dividendos recebidos de má-fé 
• Violação de lei ou do estatuto contra os fundadores, os administradores, os fiscais ou os liquidantes 
• Para receber os pagamentos relativos aos títulos de créditos 
• Dos beneficiários contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil 
obrigatório 
4 anos para pretensões referentes à tutela, computando-se do dia da aprovação das contas. 
5 anos para pretensões de cobrança de: 
• Dívidas líquidas, formalizadas em instrumento público ou particular 
• Honorários relativos aos serviços prestados por profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores 
e professores 
• Do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo 
Imprescritibilidade: a regra é a prescritibilidade,entretanto, algumas ações são imprescritíveis, como ações que protegem 
o direito da personalidade ou que tratam do estado da pessoa (investigação de paternidade etc), entre outras. 
 
2. DECADÊNCIA 
 
A decadência é a extinção do direito potestativo, por força do esgotamento de um prazo estabelecido para o seu exercício. 
A decadência pode ser: 
• Legal: decorre da lei 
• Convencional: decorre do acordo das partes 
O juiz deve, de ofício, conhecer a decadência legal. E, em relação a essa decadência, é nula a sua renúncia. Mas, se a 
decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode 
suprir a alegação. 
Como regra, não se aplicam à decadência todas as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Assim 
como na prescrição, a decadência não corre contra os absolutamente incapazes.

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