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FILOSOFIA E ÉTICA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 1 3.6.3 A Exclusão e a Pobreza no mundo Vimos que a questão da pobreza é hoje uma das principais mutilações sociais no mundo. Um aspecto que constrange e envergonha cada cidadão e seus dirigen- tes. Sob o foco da ética é um problema que deve abarcar toda nossa atenção e em- penho para minimizá-lo. A presença constante, próxima e crescente dessa massa de pobres, que che- gam a dois terços da população do terceiro Mundo, incomoda e constrange por vá- rios motivos: 1. Demonstra a ineficiência da administração do Es- tado, do qual se espera medidas racionais; 2. Parece crescer a quantidade de pessoas excluídas do contingente de consumidores nacionais; 3. É temido que essa população crescente se organi- ze e aja politicamente contra um sistema que os marginaliza; A percepção de incompetência, do sistema econômico e político, se somam ao desconforto de saber que, nos grandes cen- tros, milhares de pessoas não se encontram sob a vigilância das instituições sociais, vivem como podem, à deriva e à revelia dos planejamentos oficiais. Cria-se, em relação a essa população, um sentimento de desconfiança e de insegurança, já que há uma relação entre o crescimento dessa Aula 46 mailto:claudiobarros0108@gmail.com FILOSOFIA E ÉTICA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 2 população e o aumento da criminalidade nos grandes centros urbanos. Evidenciado tanto na mídia como nos estudos de caráter científico, o perfil social, dos criminosos, ajudam a reforçar essa associação entre pobreza e criminalidade. Os autores dos crimes, oficialmente denunciados, são geralmente analfabe- tos, trabalhadores braçais e predominantemente de cor negra. Entretanto, sociólo- gos mais cuidadosos têm estabelecido outras rela- ções, como o cientista social brasileiro Paulo Sér- gio Pinheiro, diz que contra a população pobre e estigmatizada, a prática policial preconceituosa, somada à desproteção das classes subalternas, torna a relação entre pobreza e criminalidade que já era esperado (profetizado). Acabando por formar um círculo vicioso onde, o indivíduo, para ter traba- lho, precisa ter domicílio, registro, carteira profissi- onal e uma situação civil legal. Podem, classes subalternas, atender tais exigências? Não podem, ficam impossibilitados de trabalhar por não cumprir tais exigências, passando a engrossar as fileiras de marginalizados que vivem sob constante vigilância policial. As estatísticas demonstram que o desenvol- vimento econômico tem aumentado a pobreza e a desigualdade social, evidenciando a incompetência do Estado, no combate à pobreza, quando toma só medidas públicas de policiamento, vigilância e vio- lência do que de resolução do problema. E com a globalização dos meios de comunicação, a pobreza, dos países em desenvolvimento, são transformadas em manchete internacional. mailto:claudiobarros0108@gmail.com FILOSOFIA E ÉTICA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 3 3.6.4 A caracterização da Pobreza no mundo A pobreza é estigmatizada, seja pelo caráter de denúncia da falência da sociedade e do Estado em relação às suas funções junto à população, seja pelo contraste com a abundância de produtos, seja pelo perigo iminente de convulsão social. A violência e a agressividade criam um clima de guerra civil nas gran- des cidades, onde os índices de criminalidade são alarmantes. Medo e insegurança associado ao preconceito e discriminação contra as camadas pobres, generaliza medidas arbitrárias de violência e brutalidade, chaci- nas, linchamentos e assassinatos. Medidas arbitrárias que não resolvem o proble- ma. “A desigualdade faz com que os pobres e marginalizados tenham menos oportunidades de sair da pobreza”, disse Máximo Torero Cullen, vice-diretor-geral do departamento de desenvolvimento econômico e social da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), du- rante o debate de avaliação. Em sua opinião, a fome e a pobreza não podem ser erradicadas se não forem tomadas medidas para abordar o ODS 10 – reduzir a desigualdade nos países e entre eles–, cuja primeira meta é “alcançar progressiva- mente e manter o crescimento da renda dos 40% mais pobres da população a uma taxa superior à média nacional”. Estudos procuram caracterizar de maneira científica a pobreza, buscando causas, denunciando responsáveis, procurando tratá-la como um fenômeno dissoci- Aula 47 mailto:claudiobarros0108@gmail.com https://brasil.elpais.com/tag/marginados https://brasil.elpais.com/tag/hambre FILOSOFIA E ÉTICA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 4 ado da sociedade. Chegou-se a falar em "cultura da pobreza”. Realmente, os excluí- dos dos benefícios da civilização tecnológica acabam por criar mecanismos próprios de sociabilidade. Sua estratégia de defesa e sobrevivência já que a pobreza é cons- tantemente afastada e excluída do convívio social, eximindo-se de responsabilidade os que com ela se relacionam direta ou indiretamente. Estudos teóricos refletem es- sa política de exclusão, ao analisar a pobreza como um fenômeno em si mesmo. Se essa população não participa dos benefícios dos “privilegiados” e não consome os bens produzidos, certamente algum segmento o faz por ele. Análises econômicas preocupadas com o desenvolvimento do mercado, ele- mento fundamental e necessário ao desenvolvimento das nações, têm procurado alertar que a população carente representa uma fragilidade e uma ameaça à estrutu- ra social como um todo. Esses excluídos representam um desperdício de recursos humanos e uma disfunção do sistema econômico. Em busca de estatísticas mais detalhadas e úteis para o propósito de reduzir a pobreza “sem deixar ninguém para trás”, conforme proclama a agenda de desen- volvimento sustentável, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Iniciativa sobre Pobreza e Desenvolvimento Humano de Oxford (OPHI na sigla em inglês) elaboram anualmente o Índice Global de Pobreza Multidimensio- nal. A edição de 2019, publicada recentemente, lembra que existe 1,3 bilhão de pes- soas multidimensionalmente pobres nos 101 países de renda baixa e média que o estudo analisa, ou seja, que sofrem várias carências de uma lista de 10 relacionadas à saúde, educação e qualidade de vida. São quase o dobro dos 736 milhões daque- les considerados extremamente pobres, que vivem com menos de 1,90 dólar (cerca de 7,07 reais) por dia. Apesar da pior situação dos países menos desenvolvidos, a maioria na África, os países de renda média não estão isentos desse problema. De fato, dois terços dos pobres (886 milhões) vivem neles, de acordo com esse índice. mailto:claudiobarros0108@gmail.com https://brasil.elpais.com/tag/salud FILOSOFIA E ÉTICA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 5 3.6.5 A pobreza e a estrutura do Estado O distanciamento, social e ideológico, a alienação, a discriminação e a estig- matização, que recaem sobre a pobreza, não ajudam a encontrar soluções para o problema nem evitam que as desigualdades sociais aumentem. Precisamos entender que o desem- prego não é condição de quem não quer ou não está apto ao trabalho, mas resulta- do de uma inelasticidade na oferta de em- prego. Os sem qualificação, sem emprego, sem assistência são operários virtuais, recrutáveis a qualquer momento, um redu- to de mão-de-obra barata que anseia por uma situação regular. O que Karl Marx conceituou de "exércitoindustrial de re- serva". Só que com a robotização da indústria, que coloca em disponibilidade mas- sas de trabalhadores, e com a exigência cada vez maior de trabalhadores qualifica- dos, o conceito de exército de reserva precisa ser reavaliado. Por quê? 1. O desemprego cresce em número e em diferentes parcelas da população, agora chamado desemprego estrutural. 2. A tecnologia de vanguarda torna a população margi- nalizada inaproveitável na indústria. 3. Abre-se, nos países mais ricos, uma tendência de permanente diminuição da jornada de trabalho na indústria. Novas relações e novos conceitos de traba- lho emergem no mundo: terceirização, trabalho au- tônomo, desemprego, subemprego, emprego tempo- rário. Aula 48 mailto:claudiobarros0108@gmail.com FILOSOFIA E ÉTICA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 6 Não podemos esquecer o dumping so- cial, um dos principais problemas da competi- ção internacional onde alguns buscam preços competitivos no mercado à custa de explora- ção de crianças e adolescentes, onde propicia uma competição internacional injusta e cria uma crise no sistema produtivo aumentando a quantidade de produtos e diminuindo, perver- samente, a capacidade de consumo de um número cada vez mais crescente de pessoas. A pobreza é complexa, difícil, pública, patente, estigmatizada e incômoda, ela aflige, envergonha e exclui. É um fenômeno constante e assustador, que exige me- didas conscientes e responsáveis. Os esforços serão conjuntos, envolvendo políti- cas estatais (os Bancos do Povo e a criação de Organizações Não- Governamentais), onde deverão desenvolver projetos de assistência social, alfabeti- zação e capacitação para o trabalho, programas comunitaristas, na tentativa de en- volver a sociedade em atividades de ajuda à população carente. A economia tende a crescer e a se desenvolver, a jornada de trabalho e o número de empregados tende a diminuir, restando no futuro, pessoas e tempo, que poderão se envolver em atividades de ajuda à população carente, onde o sistema político vai favorecer uma integração maior da população em geral à sociedade co- mo forma mais eficiente de combate à pobreza. É inconcebível que, depois de séculos de individualismo onde o homem bus- cou entender, criticar e participar da vida social e do desenvolvimento de instituições democráticas, como cidadão, sendo-lhe permitida a atuação política, que ele ainda seja considerado vítima da história e dos sistemas sociais. A seguir iremos refletir sobre algumas questões e exercitar o nosso aprendizado. Reflita sobre as proposições buscando relacionar os aspectos enumerados acima. Lembre-se que iremos adiante comentar estas questões para sanar suas dúvidas. mailto:claudiobarros0108@gmail.com FILOSOFIA E ÉTICA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 7 1- A percepção de incompetência, do sistema econômico e político, se somam ao desconforto de saber que, nos grandes centros, milhares de pessoas não se en- contram sob a vigilância das instituições sociais, vivem como podem, à deriva e à revelia dos planejamentos oficiais. A consideração acima revela uma fragilidade do sistema político, amplia a exclu- são e demonstra a incapacidade de direcionar suas ações ao contingente dessa população. Além disso, esta realidade: assinale a alternativa INCORRETA. a) Cria, em relação a essa população, um sentimento de desconfiança e de inse- gurança. b) Apresenta o crescimento dessa população e o aumento da criminalidade nos grandes centros urbanos. c) Reforça a associação entre pobreza e criminalidade. d) Demonstra o esforço do Estado em garantir aos indivíduos de qualquer nature- za a segurança e a acessibilidade. 2- Precisamos entender que o desemprego não é condição de quem não quer ou não está apto ao trabalho, mas resultado de uma inelasticidade na oferta de em- prego. Os sem qualificação, sem emprego, sem assistência são operários virtuais, recrutáveis a qualquer momento, um reduto de mão de obra barata que anseia por uma situação regular. Esta consideração revela uma condição do trabalhador na sociedade que foi clas- sificada por: assinale a alternativa CORRETA. a) "Exército industrial de reserva" conceituado pelo filósofo Karl Marx. mailto:claudiobarros0108@gmail.com FILOSOFIA E ÉTICA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 8 b) "Exército industrial de reserva" conceituado pelo sociólogo Paulo Sérgio Pinhei- ro. c) "Exército industrial de reserva" conceituado pelo geógrafo Milton Santos. d) "Exército industrial de reserva" conceituado pelo sociólogo Renato Ortiz. 3- Outro problema grave atual consiste na competição internacional onde algumas corporações buscam preços competitivos no mercado à custa de exploração de crianças e adolescentes, que propicia uma competição internacional injusta e cria uma crise no sistema produtivo aumentando a quantidade de produtos e dimi- nuindo, perversamente, a capacidade de consumo de um número cada vez mais crescente de pessoas. A consideração acima revela uma realidade atual vinculada ao processo de Glo- balização. Assinale a alternativa que não está relacionada a esse contexto globa- lizado. a) As grandes empresas (corporações) expandem suas atividades para países do terceiro mundo em busca de mão-de-obra barata. b) O trabalho infanto-juvenil é uma realidade da exploração econômica realizada pelas grandes empresas mundiais. c) A expansão das grandes corporações nos países subdesenvolvidos tem contri- buído para a transformação das realidades locais já que estas corporações ge- ralmente têm ações de natureza social. d) A ampliação da jornada de trabalho nos países do terceiro mundo e o paga- mento de salários irrisórios aos trabalhadores é uma prática atual das grandes corporações. mailto:claudiobarros0108@gmail.com
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