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Discente: Karolayne Negreiros Justo Matrícula: 20161800007 --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Atividade avaliativa de clínica médica cirúrgica – Afecções da cabeça ✓ Descrever de forma detalhada as etiologias, epidemiologia, formas de diagnóstico, cuidados pré cirúrgicos, técnica cirúrgica, cuidados pós operatórios e possíveis complicações para as fissuras palatinas em cães e gatos: Cães e gatos – Fissura palatina Etiologia Os fatores etiológicos mais reportados são o uso de medicações durante a gestação, como antibióticos, antifúngicos, anti-inflamatórios, excesso de vitaminas durante o período de formação do palato embrionário, entre o 25° e 28° dias de gestação. Entretanto, as causas de fendas palatinas adquiridas podem ter origem traumática, presença de corpo estranho e até mesmo neoplasias. Acredita-se que, assim como em pessoas, a causa seja multifatorial, onde há genes de risco contribuintes associados a influências ambientais (exposição a teratógeno), que resultarão em uma fenda se for atingido um limiar. Entre os teratógenos destacam-se agentes infecciosos, corticoides, vitamina A ou D em excesso, radiação de raios X, griseofulina, hormônios, deficiências nutricionais, e até mesmo desordens metabólicas, uso de antibióticos e possíveis infecções virais intrauterinas (20). Entretanto os efeitos dependem de muitas variáveis incluindo dose, estágio da embriogênese, espécie e duração da exposição. Epidemiologia A fenda palatina é uma das mais frequentes fendas orofaciais que ocorre em cerca de 1,7 bebês a cada 1000 nascimentos, sendo causada quando há falha na fusão no desenvolvimento facial. Esta alteração tem sido reportada em diferentes raças de cães, mas as raças braquicefálicas têm a maior representatividade. Nos gatos, as raças Abissínia, Siamês e Manx tem um maior risco de apresentar fenda palatina. Formas de diagnóstico O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, radiografias e histopatológico, sendo este último quando há suspeita de origem neoplásica. O exame radiográfico de tórax nesses pacientes se faz necessário para verificar presença de pneumonia por aspiração, embora também seja importante. Cuidados pré cirúrgicos Após realizar jejum alimentar de 12 horas, o protocolo anestésico pode ser empregado. Um exemplo de protocolo utilizado é: acepromazina como medicação pré-anestésica (M.P.A.), indução com proporfol e após a entubação endotraqueal, manutenção da anestesia com isofluorano. Antes do procedimento deve ser aplicado antisséptico (clorexidine a 0,12%) na cavidade oral e nasal do paciente, já que de acordo com (ROBERTSON, 1996), a limpeza das vias nasais e faríngeas no período pré operatório é essencial para evitar a contaminação nos pontos de sutura. Ainda no momento pré cirúrgico, a região nasal e da fenda podem ser lavadas com jatos de solução fisiológica aquecida através de seringa hipodérmica de 20 ml, com intuito de remover as sujidades e excreções presentes. E por último, a antissepsia da cavidade oral com solução de Clorexidine a 0,12%. Técnica cirúrgica Entre esses princípios para a correção cirúrgica das fendas palatinas pode-se destacar: 1) a ausência de tensão; 2) fazer um amplo retalho considerando a largura e extensão do defeito; 3) suturar faces cruentas entre si; 4) sempre que possível obter duas camadas de sutura; 5) preservar a artéria palatina maior e menor; 6) evitar o uso de bisturi elétrico; 7) Não reintervir um defeito em palato duro antes de 3 meses de intervalo; 8) lavar abundantemente a passagem nasal após o término do procedimento cirúrgico com solução fisiológica; 9) Considerar extrações de dentes pré-molares e molares em intervenções radicais com amplos defeitos palatinos. Diversas técnicas cirúrgicas podem ser realizadas para corrigir as fendas palatinas, de acordo com sua localização e extensão. Para correção de defeitos palatinos adquiridos destacam-se os retalhos vestibulares, retalhos de transposição, retalhos de avanço, retalhos de língua, retalho em U dividido (ou bipediculado) e retalhos palatais em ilha. As técnicas de dupla camada incluindo vestibular e retalhos palatais refletidos também podem ser utilizadas. Em geral, a técnica que proporciona o maior retalho sem tensão e um fornecimento de sangue adequado é recomendada. Cuidados pós operatórios O reparo bem-sucedido da fissura requer um fechamento bem sustentado, hermético e livre de tensão. As áreas de onde os retalhos são coletadas cicatrizam por segunda intenção em 2 a 3 semanas. Alimento pastoso deve ser fornecido por no mínimo duas semanas após a cirurgia e não se deve permitir que o animal morda objetos duros. Pode ser estabelecido também a antibioticoterapia profilática por se tratar de ferida de alta contaminação. Deve ser administrado também analgésicos por via oral. Adicionalmente, o cuidado tópico pode ser realizado através da higienização com digluconato de clorexidina a 0,12%, sendo borrifado a cada oito horas. Complicações As complicações cirúrgicas mais comuns são deiscência de pontos e cicatrização incompleta subsequente de fístulas oronasais. Geralmente, a deiscência ocorre dentro de 3 a 5 dias do pós-operatório, entretanto pode ocorrer após este período. As principais causas da soltura precoce dos pontos são tensão excessiva, suprimento sanguíneo insuficiente e/ou tecido traumatizado. Além disso, qualquer movimento de língua contra o reparo ou material particulado no sítio cirúrgico podem ter a mesma complicação. Referências bibliográficas 1. PIGNONI VN, BIANCHI SP, BERNARDES S, SILVEIRA CB, CONTESINI EA, SANTE JH. - Correção de fenda palatina secundária causada por remissão de tumor venéreo transmissível - Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, 2014. 2. PARAGUASSU A; JOFFILY D; MOREIRA, S; FREITAS, P; MALM, C. Tratamento cirúrgico e manejo pós operatório de fenda palatina congênita em cão braquicefálico – Relato de casos. Universidade Federal de Minas Gerais, 2019. ✓ Descrever de forma detalhada as etiologias e epidemiologia da otite crônica com estenose de conduto auditivo, das sialoceles e mucoceles e da síndrome dos braquicefálicos: Otite crônica com estenose de conduto auditivo Etiologia A otite externa crônica estenosante é uma forma extrema de reação hipertrófica a uma otite externa. Nesta afecção observa-se proliferação de tecido fibroso nas capas subcutâneas combinadas com hiperqueratose. As otites são de caráter multifatorial, se apresentando de modo isolado ou simultaneamente. As causas podem ser primárias, predisponentes ou perpetuantes: As primárias são aquelas onde há abrangência de dermatopatias do revestimento epitelial do conduto auditivo, como é o caso da atopia, presença de parasitas (especialmente o Otodectes cynotis no caso dos cães) e ainda as disqueratoses. Os principais microrganismos presentes em casos de otite são Staphylococcus β hemolítico, Malassezia pachydermatis, Pseudomonas aeruginosa, porém, muitos outros microrganismos podem ser vistos como causa primária de otites, apesar de serem menos comuns. Além disso, em muitos momentos, podem ocorrer associações entre os diferentes tipos de agentes etiológicos. Epidemiologia É estimado que aproximadamente de 5 a 20% dos cães são acometidos de alguma forma por otites, sendo que 76,7% desses casos se referem à otite crônica. Os fatores predisponentes resultam de alterações anatômicas e fisiológicas do conduto auditivo, como neoplasias, excesso de dobras cutâneas, excesso de pelos e orelhas pendulares. Os fatores perpetuantes levam à cronicidade das otites, e incluem majoritariamente o manejo incorreto do conduto auditivo pelos tutores, levando a reproduçãodesordenada de fungos e bactérias no conduto e nas estruturas anexas ao ouvido. Em casos de cronicidade, pode ocorrer a estenose ou obstrução do duto auditivo, além de recidivas, sendo indicado o tratamento cirúrgico. Outras causas para a estenose do duto auditivo são as neoplasias, apesar de serem considerados raros em comparação com outros tumores tegumentares. Sialoceles Etiologia As sialoceles são causadas por obstrução e/ou rompimento de glândulas salivares e de seus ductos excretores correspondentes, as quais causam extravasamento e retenção de saliva no tecido conjuntivo adjacente. Na maioria das vezes, a etiologia é traumática (após cirurgias glandulares, automordiscamentos linguais, feridas por mordedura, uso de enforcadores ou coleiras apertadas). Alguns autores também relataram que a dirofilária pode estar envolvida na etiologia das mucoceles. A saliva extravasada induz reação inflamatória nos tecidos vizinhos e, para que o conteúdo salivar extravasado não atinja outros locais, forma-se um tecido de granulação circundando-o. Epidemiologia Distúrbios nas glândulas salivares não são frequentes em cães, apresentam baixa incidência, de aproximadamente 0,3%. Dentre eles, estão as mucoceles, que também são chamadas de sialoceles, higroma salivar, cistos salivares ou cistos melíferos. Não há predisposição sexual e racial em cães, porém os poodles, pastores alemães, yorkshires e dachshunds são os mais comumente afetados. Os poucos casos relatados na espécie felina foram de animais sem raça definida. Animais de qualquer idade podem desenvolver mucocele. As mucoceles podem ser formadas na região cervical ventral, sublingual, faríngea, parotídea ou zigomática, de acordo com a glândula e ducto salivar. Em um mesmo animal pode ocorrer mais de um tipo de mucocele concomitantemente, sendo denominadas de mucoceles complexas. Em pacientes humanos, o local mais acometido é a superfície do lábio inferior por serem as glândulas salivares menores mais acometidas. Em cães e gatos, quando localizadas na região sublingual, as mucoceles são denominadas de rânulas. Síndrome dos braquicefálicos Etiologia A síndrome dos braquicefálicos é uma afecção congênita cuja gênese aponta para uma intensa seleção genética visando à fixação de determinadas características que fizeram com que esses animais tenham um focinho mais achatado que o normal, além de diversas alterações primárias ou secundárias a essa intensa seleção. Dentre essas características se tem a hipoplasia traqueal, estenose de narinas, eversão de sacos laríngeos e prolongamento de palato mole, promovendo uma maior resistência à passagem do ar nas vias aéreas, refletindo em pacientes com dificuldades respiratórias. Epidemiologia A síndrome dos cães braquicefálicos é observada nos cães da raça Shih Tzu, Pequinês, Buldogue inglês, Buldogue francês, Lhasa Apso, Boxer, Pug, Boston Terrier, Cavalier King Charles Spaniel, Yorkshire Terrier, Maltês, Chihuahua e Boxer. É diagnosticada principalmente em cães com idade entre dois e três anos. Entretanto, já foi diagnosticado em filhotes com menos de seis meses de idade. Além disso, pode acometer gatos braquicefálicos, apesar de ser menos comum. A presença de algumas características, como por exemplo, narinas estenosadas e prolongamento do palato mole, já podem ser observadas ao nascimento. Embora a maioria dos estudos não tenha constatado predisposição segundo o sexo, algumas pesquisas á apontam uma prevalência de 50% a mais em cães machos. Outro fator que também contribui para a alta prevalência dessa síndrome na clínica de pequenos animais é a popularidade das raças braquicefálicas, cuja prevalência vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. Aliado a esses fatores, a seleção artificial desses animais, que tornaram seu sistema respiratório deficiente em detrimento da estética buscada, também contribuiu para alta prevalência de animais acometidos pela síndrome dos cães braquicefálicos. Referências bibliográficas: 1. CANOLA, R. A. M. Avaliação cardiorrespiratória da síndrome braquicefálica em buldogues franceses. Universidade Estadual Paulista (UNESP), 2017. 2. CARVALHO, A. D.; ARAÚJO, A. C. P.; GAIGA, L. H.; CAVALCANTE, R. L. Síndrome Braquicefálica – estenose de narinas em cão. Acta Scientiae Veterinariae, 2010. 3. CORSI, S. Síndrome Braquicefálica em cães. 2018. 47 f. TCC (Graduação) - Curso de Medicina Veterinária, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília, 2018. 4. FOSSUM, T.W. Cirurgia De Pequenos Animais. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 5. KAZEMI, D.; DOUSTAR, Y.; ASSADNASSAB, G. Surgical treatment of a chronically recurring case of cervical mucocele in a German shepherd dog. Case Reports in Veterinary Medicine, 2012. 6. LAMEU, G. R.; SILVA, P. I. B.; MENEZES, A. D. R.; ALVES, C. C.; SOARES, M. A.; BILHALVA, M. A.; EVARISTO, T. A.; PELLEGRIN, T. G.; VASCONCELLOS, A. L.; COSTA, P. P. C. Síndrome Braquicefálica em cães: Revisão. PUBVET, 2020.
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