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Revista Arquitetura e aço n11-Retrofit e Outras Intervenções

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Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 11 setembro de 2007Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 11 setembro de 2007
ARQUITETURA AÇO&
Retrofit e outras intervenções977
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Agente da
transformação
REMODELAÇÃO, RECICLAGEM, REFORMA, restauro, retrofit, recuperação, 
reconversão. Estes e outros “re” são o tema desta edição de Arquitetura 
& Aço. Nossa intenção, neste número, é mostrar como o aço pode ser 
explorado nas intervenções em edifícios preexistentes, das mais varia-
das naturezas.
Assim, reunimos aqui obras de diversas escalas e tipologias, mes-
clando interferências em edifícios emblemáticos – projetados por gran-
des nomes da arquitetura brasileira, como Ramos de Azevedo, Rino Levi 
e Jorge Machado Moreira – a outras em construções “anônimas”, como 
o sobradinho que deu origem à Associação Cachuera!, mostrando toda 
a versatilidade do aço, que possui a capacidade de se adaptar com pre-
cisão às necessidades específicas de cada projeto.
Dentre as principais qualidades do material para os projetos “re”, 
destaca-se a leveza: seu baixo peso representa menos sobrecarga para 
as fundações do edifício original, reduzindo – e, algumas vezes, até eli-
minando – a necessidade de colocação de estruturas adicionais, como 
no caso da Pinacoteca do Estado, do Santander Cultural e do Centro 
Universitário Senac.
A agilidade de execução permitida pela estrutura metálica também 
pode ser determinante em obras como a do Espaço Estação, cuja exe-
cução aconteceu sem o fechamento do shopping center que já existia 
no local, ou como o Santander Cultural, cuja obra durou apenas quatro 
meses, a despeito de seu porte.
Outro aspecto importante é a facilidade que os acréscimos em aço 
têm em se destacar da construção original, ainda que dialoguem har-
monicamente com ela. Diferenciar claramente o novo do antigo, afinal, 
é praticamente consenso entre os arquitetos quando se trata de inter-
ferências em edifícios históricos. E esta foi a regra seguida nos projetos 
para o Santander Cultural, para a Pinacoteca do Estado e para o aparta-
mento no Edifício Prudência, por exemplo. Mesmo quando o destaque 
não é acentuado, e o aço integra-se ao edifício preexistente, uma coisa é 
certa: os arquitetos tiram partido da plasticidade que o material ofere-
ce, como nos projetos da Associação Cachuera! e da Estação das Docas.
Boa leitura!
sumário
08. 14.10. 16.
20. 24. 27. 30.
Foto da capa: o equilíbrio entre o 
novo e o antigo é o forte da inter-
venção realizada na Pinacoteca 
do Estado de São Paulo
Arquitetura & Aço nº 11
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04.
04. Aço permite a reconversão de antiga estação ferroviária em centro de entretenimento e negócios, em 
Curitiba. 08. Implantação de sacadas atualiza edifício residencial, em São Paulo. 10. Antigos galpões 
portuários revitalizados dão origem a complexo cultural e turístico, em Belém do Pará. 14. Após intervenção enge-
nhosa, sobrado da década de 1950 passa a abrigar um centro de cultura popular, em São Paulo. 16. Apartamento 
paulistano se transforma com a implantação de um “equipamento multifuncional” em aço, que percorre toda a 
extensão do imóvel. 20. Conjunto fabril dos anos 1960 é reciclado e convertido em sede de centro universitário na 
capital paulista. 24. O aço é o símbolo da renovação no premiado projeto de revitalização da Pinacoteca do Estado 
de São Paulo. 27. Harmonia entre o novo e o antigo é o foco do projeto de restauro que deu origem ao Santander 
Cultural, em Porto Alegre. 30. Leveza da estrutura em aço viabiliza implantação de pavilhão em cobertura carioca
EM UM PROJETO VIABILIZADO PELO USO DO AÇO, ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA É TRANSFORMADA 
EM CENTRO DE NEGÓCIOS E ENTRETENIMENTO. O RESULTADO É UM DIÁLOGO CONTRASTANTE, 
PORÉM HARMÔNICO, ENTRE O NOVO E O ANTIGO
Tempos modernos
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O Espaço Estação possui o maior telhado de 
vidro do Brasil, com 11 mil m2. Nas imagens, 
três faces do gigante transparente: na página ao 
lado, cúpula que coroa o átrio do novo edifício, 
com estrutura em aço patinável; nesta página, no 
alto, cobertura do boulevard; à direita, acesso à 
área de preservação histórica. Segundo o arqui-
teto, a decisão de investir na iluminação natural 
e em elementos como torres, relógios, plata-
formas é uma forma de preservar e valorizar a 
memória das antigas estações ferroviárias
RESPEITO AO PASSADO e olhar atento 
ao futuro. Seguindo este ideal, o escri-
tório paranaense Dória Lopes Fiuza 
Arquitetura comandou o projeto de 
intervenção que transformou as anti-
gas instalações da Estação Ferroviária 
de Curitiba em um megacomplexo 
que reúne shopping center, centro de 
convenções e museu.
Com um partido arquitetônico ins-
pirado no estilo neoclássico do final do 
século XIX, o empreendimento desta-
ca-se pelos elementos que remetem ao 
universo ferroviário, como relógios, tor-
res e plataformas. Segundo o arquiteto 
Manuel Dória, uma das fontes de ins-
piração foi o Museu d’Orsay, de Paris, 
também construído sobre as instala-
ções de uma antiga estação de trens.
Patrimônio histórico, o edifício em 
que funcionava a administração da 
rede ferroviária foi recuperado e trans-
formado em Museu Ferroviário. O novo 
complexo, que recebeu o nome Espaço 
Estação, conta, ainda, com o Shopping 
Estação – que já existia desde 1997 e, 
nesta intervenção, foi modernizado e 
ampliado – e com o Estação Embratel Fot
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> Projeto arquitetônico: Dória Lopes 
Fiuza Arquitetura (Manoel Dória, 
arquiteto responsável, José V. 
Lopes e Waldeny Fiuza, co-autores)
> Colaboradores: Érica Sato, Heloísa 
Mandim e Márcia Yamamoto
> Área construída: 126.860 m²
> Aço empregado: ASTM A572
> Cálculo estrutural: Andrade 
& Rezende e Brafer
> Fornecimento da estrutura 
metálica: Brafer
> Execução da obra: Ingberman 
e Stecla
> Local: Curitiba, PR
> Data do projeto: março de 2002
> Conclusão da obra: setembro 
de 2004
Convention Center, um dos centros de convenções mais modernos 
da América Latina.
Como o terreno não oferecia espaço para uma expansão horizon-
tal, a opção foi verticalizar o prédio de quatro andares no qual fun-
cionavam os cinemas do shopping, erguendo, a partir da laje de sua 
cobertura, mais sete pavimentos: quatro deles destinados às áreasde estacionamentos e três exclusivos para o centro de eventos.
O maior desafio do projeto foi realizar a obra com o shopping 
em funcionamento, o que exigia uma interferência mínima no 
prédio preexistente. Segundo o engenheiro Marino Garofani, pre-
sidente da Brafer, empresa responsável pela estrutura, isso só foi 
possível devido ao uso do aço. “Nenhum outro sistema estrutural 
permitiria executar uma obra como esta”, afirma Garofani.
O esqueleto da construção foi realizado a partir de treliças e 
vigas metálicas, totalizando mais de duas mil toneladas de aço. A 
nova carga foi transferida para pilares de concreto armado, cons-
truídos em volta do edifício. Para alcançar a precisão milimétrica 
que o sistema exigia, todas as peças estruturais foram produzidas 
eletronicamente, a partir de um processo de fabricação comandado 
por um software de última geração.
Além da função estrutural, o aço 
também foi utilizado na identidade 
visual do complexo. Nos pilares exter-
nos da fachada, revestimentos de 
escadas rolantes, hall de elevadores e 
guarda-corpos, a escolha recaiu sobre 
o aço inox que, segundo Manoel Dória, 
“trouxe plasticidade e valorização dos 
ambientes do prédio”.
Para completar, o Espaço Estação 
ganhou o maior telhado de vidro do 
Brasil – com 11 mil m2 –, que engloba 
a cúpula do novo edifício, a cobertu-
ra do shopping, a marquise do centro 
de eventos e a cobertura do boulevard 
– espaço que tem como função ligar o 
novo complexo à antiga área de pre-
servação histórica. (C.P.) M
A Etna da Av. Eng. Luis Carlos Berrini, em São 
Paulo, tem proporções monumentais: o espaço 
do showroom tem 12 mil m2 e a área tot A Etna 
do showroom tem 12 mil m2 e a área tot Ao
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Na página ao lado, a combinação entre aço inox e vidro 
confere uma linguagem contemporânea ao projeto. 
Nesta página, detalhes que fazem toda a diferença: 
colunas de concreto revestidas com chapas de aço inox 
acentuam a plasticidade do complexo (acima); estrutura 
metálica torna possível a construção de um prédio sobre 
o outro (acima, à direita); auditórios multiuso conferem 
ao conjunto status de megaempreendimento (à direita); 
e soluções de alta tecnologia permitem a criação do 
maior telhado de vidro do Brasil
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AO INCORPORAR SACADAS COM ESTRU-
TURA EM AÇO, EDIFÍCIO RESIDENCIAL 
VALORIZA NÃO APENAS SUA ARQUITE-
TURA, COMO SEU VALOR IMOBILIÁRIO
LOCALIZADO EM UM bairro nobre da 
capital paulista, o edifício Marambaia 
foi construído na década de 1970 por um 
grupo de amigos que resolveu morar 
em um mesmo condomínio. De lin-
guagem arquitetônica limpa e linhas 
retas, e com apartamentos amplos (410 
m2), o prédio de alto padrão respondia 
perfeitamente aos anseios dos condô-
minos, na época.
Mas, passados 28 anos, a constru-
ção começou a apresentar os primeiros 
sinais de envelhecimento. A fachada 
de mármore e granito sofria com per-
manentes infiltrações e os sistemas 
Renovação em
curvas
&ARQUITETURA AÇO8
O edifício Marambaia (acima) tornou-se referência em retrofit no Brasil – além de modernizar a fachada e ampliar a área dos apartamentos, a inter-
venção gerou uma valorização imobiliária acima das expectativas. Nas fotos abaixo, é possível observar como a escolha do material e o planejamento 
foram determinantes para o sucesso da obra; executadas em estrutura metálica, as sacadas puderam ser construídas com precisão e rapidez 
hidráulico e elétrico necessitavam de 
reparos. A decisão pela reforma não 
foi simples, mas depois de diversas 
assembléias, os proprietários dos imó-
veis resolveram, finalmente, inves-
tir na recuperação do patrimônio. E 
o escalado para a tarefa foi um dos 
moradores do Marambaia: o arquiteto 
Roberto Candusso.
Candusso conta que, depois de 
pedir autorização ao arquiteto respon-
sável pela obra original, sugeriu não 
só recuperar a fachada, como também 
acrescentar terraços em cada unidade. 
Para o arquiteto, as sacadas trariam 
um frescor arquitetônico, conferindo 
mais “movimento”, além de aumentar 
em 40 m2 a área útil de cada apar-
tamento. A sugestão foi amplamente 
aceita pelos moradores.
Para executar tal projeto, que previa 
um terraço grande que se comunicaria 
com a sala e outra sacada menor ane-
xada à suíte principal de cada aparta-
mento, o arquiteto precisou levar em 
conta o fato de o prédio ter estrutura 
em concreto armado e fundações do 
> �Projeto�arquitetônico: 
Roberto Candusso e Renato 
Candusso
> �Área�construída: 634,41 m² 
(acrescida)
> �Aço�empregado: perfis 
soldados ASTM A36
> �Cálculo�estrutural: Tarnoczy 
Engenharia Estrutural e SVS 
Engenharia de Projetos Ltda.
> �Execução�e�montagem�da�
estrutura�metálica: CFM 
Estruturas Metálicas
> �Execução�da�obra: Plano 
& Plano Construções e 
Empreendimentos Ltda.
> �Local: São Paulo, SP
> �Data�do�projeto: 2000
> �Data�de�conclusão�da��
obra: 2003
tipo tubulão, o que inviabilizaria o aumento expressivo de cargas nas 
fachadas. Então, a opção pela estrutura em aço foi a alternativa mais 
viável e eficaz para atender aos objetivos funcionais e estéticos.
Assim, para comportar tal estrutura, foram executadas novas 
fundações, também do tipo tubulão, e levantados dois pilares em 
concreto da fundação ao térreo; a partir daí, os pilares incorporaram 
a estrutura metálica. Este sistema (pilares e sacadas) foi, pratica-
mente, todo apoiado na própria fundação, o que resultou em uma 
transferência mínima de carga para a edificação. Dessa maneira, 
equilibradas entre os dois pilares, as sacadas ganharam leveza e 
modernidade, mesmo não estando totalmente em balanço.
Concluídas as intervenções, os apartamentos sofreram uma valo-
rização imobiliária fantástica: o preço de cada unidade praticamente 
triplicou. Além disso, o Marambaia virou referência no que se refere 
a obras de retrofit e o escritório de Candusso passou a atender a cada 
vez mais clientes em busca de trabalhos semelhantes. (I.G.) M
&ARQUITETURA AÇO � 
Em cada apartamento, o peitoril da sala foi quebrado para agregar o terraço (acima) formado por vigas e pilares metálicos; no forro desse 
novo ambiente, optou-se por gesso acartonado, o que reafirma a opção pela agilidade e limpeza da obra. Abaixo, o edifício antes da inter-
venção: o retrofit, além de trazer mais conforto aos moradores, atualizou a fachada do prédio, construído em 1976
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10 &ARQUITETURA AÇO
Patrimônio reconstituído
CRIADO A PARTIR DA RECICLAGEM DE ANTIGOS GALPÕES PORTUÁRIOS, COMPLEXO 
TURÍSTICO-CULTURAL REVITALIZA A PAISAGEM E RESGATA A MEMÓRIA DE BELÉM
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&ARQUITETURA AÇO 11
A HISTÓRIA DE BELÉM do Pará teve iní-
cio às margens da Baía do Guajará. Foi 
lá que, no século XVII, os portugueses 
construíram um porto fortificado a fim 
de garantir a soberania na região Norte 
do Brasil, logo após a expulsão dos por-
tugueses de São Luís do Maranhão. 
Com o ciclo da borracha, entre os sécu-
los XIX e XX, o local ganhou importân-
cia comercial e, ao seu redor, a cidade 
nasceu, cresceu e ganhou força.
Recuperados por Paulo Chaves e Rosário Lima, os antigos galpões portuários de Belém se transformaram em boulevards e deram ori-
gem a um dos mais importantes centros turísticos da cidade. Na página ao lado, destaque para os túneis em aço, vidro e policarbonato, 
que fazem a conexão entre os boulevards. Nas imagens menores, da esquerda para a direita: Armazém 3, destinado a feiras e exposi-
ções; vista área do megacomplexo; detalhe interno de um dos galpões antes da reforma. Nestapágina, fachada principal às margens
do Guajará. Segundo o arquiteto, a proposta do projeto foi “abrir uma janela para as águas da baía”
Os anos passaram e, ainda hoje, a área das docas de Belém se 
mantém em atividade. Alguns galpões, no entanto, foram desati-
vados. Abandonados durante décadas, os espaços começaram a se 
deteriorar, sem que a cidade se desse conta de que estava perdendo 
um pouco de sua memória e de sua paisagem.
Quando o Governo do Estado decidiu dar um novo destino para 
parte destas instalações, os arquitetos Paulo Chaves Fernandes e 
Rosário Lima, engajados na luta pela preservação do patrimônio 
histórico de Belém, resolveram apresentar uma proposta de revi-
talização para a área. Três anos e muitas batalhas políticas depois, 
conseguiram tirar o projeto do papel e deram vida à Estação das 
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12 &ARQUITETURA AÇO
Docas, um complexo turístico-cultural que retomou a conexão 
entre a cidade e o rio que a fez nascer.
Seguindo o lema “antes adaptar a intervir”, os profissionais reci-
claram três armazéns de estrutura metálica pré-fabricada inglesa, 
do início do século XX, e um terminal de passageiros, também 
metálico, fabricado em Belém na década de 1950. As instalações 
ganharam novos usos e funções, mas, como ressaltam os arquite-
tos, tiveram seu caráter portuário e valor histórico preservados.
Segundo Chaves, um dos maiores desafios foi a recuperação da 
estrutura nos pontos em que a corrosão começava a comprometer 
sua estabilidade. No entanto, chamou a atenção o fato de o metal 
ter resistido, com tão poucas avarias, há praticamente um século, 
apesar de seu intenso uso industrial e posterior abandono. Para os 
novos elementos, como mezaninos, túneis, escadas e marquises 
externas, a escolha natural foi privilegiar o emprego do aço, man-
tendo o espírito construtivo original.
Para valorizar o entorno, a proposta foi transformar a Estação 
em uma “janela para as águas”. As telhas metálicas das fachadas 
foram substituídas por panos de vidro, garantindo um diálogo 
constante com o rio. Até mesmo os túneis metálicos, que fazem a 
comunicação entre os galpões, receberam coberturas de policarbo-
nato e painéis de vidro no fechamento, aproveitando ao máximo a 
vista e a proximidade com a baía.
Destinadas ao uso público, cada uma das instalações ganhou 
uma função temática. O Armazém 1 foi rebatizado de Boulevard 
Totalmente reconstruído, o complexo 
Estação das Docas foi inaugurado em 
2000 e hoje recebe milhares de visitantes 
por dia, em busca das histórias e belezas 
de Belém do Pará. À esquerda e à direita, 
detalhes dos novos boulevards, dedi-
cados às artes, à cultura e à gastrono-
mia: lojas, restaurantes, museu, teatro e 
espaço para exposições são algumas de 
suas atrações. Nas fotos acima, exemplo 
da utilização do aço no projeto: marquise 
em balanço, separada da antiga cons-
trução, concebida a partir de estrutura 
metálica espacial
das Artes e abriga, além de um museu, 
espaço para lojas e serviços em geral. 
O Armazém 2 ficou conhecido como 
Boulevard da Gastronomia e é compos-
to por cinco restaurantes. O Armazém 
3 passou a ser o Boulevard da Cultura e 
conta com auditórios, teatros e espaço 
para feiras e exposições.
O antigo terminal de passageiros 
também foi recuperado e manteve seu 
uso original como terminal hidroviário 
fluvial. Agora, está pronto para receber, 
de braços abertos, turistas e visitantes 
em busca das histórias e belezas de 
Belém do Pará. (C.P.) M
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&ARQUITETURA AÇO 13
> Projeto arquitetônico: Paulo 
Chaves Fernandes e Rosário 
Lima
> Área construída: 9 mil m²
> Aço empregado: ASTM A36 e 
SAE1020
> Cálculo estrutural: eng. 
Arquimino Athayde Neto
> Fornecimento da estrutura 
metálica: Emasa Industrial 
Ltda. e Oyamota do Brasil
> Execução da obra: Marko 
Engenharia
> Local: Belém, PA
> Data do projeto: 1992
> Conclusão da obra: 2000
O PROJETO DA SEDE DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL CACHUERA! CARACTERIZA-SE POR ENGENHOSAS SOLUÇÕES 
CONSTRUTIVAS APLICADAS À VALORIZAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS BRASILEIRAS
Na imagem maior, vista externa do deck, 
no piso superior. Abaixo desta, registro da 
montagem da estrutura metálica: a escolha 
pelo aço tornou possível a reconstrução total 
do imóvel. Acima, a arena de espetáculos: 
pé-direito triplo e grandes panos de vidro foram 
alguns dos recursos utilizados para aumentar 
a sensação de amplitude no ambiente
Um elogio à arte popular
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&ARQUITETURA AÇO 15
AO SOM DE TAMBORES e atabaques, 
é recebido o visitante na Associação 
Cultural Cachuera!. Criado para preser-
var e valorizar a cultura de raiz brasi-
leira, em especial as músicas e danças 
populares, o espaço conta com audi-
tórios, arena de espetáculos e estúdio, 
além de um vasto acervo multimídia 
com gravações em áudio, vídeos, foto-
grafias e livros raros.
A criação arquitetônica ficou por 
conta de Erica Yoshioka, que recebeu 
a missão de recuperar e adaptar um 
sobrado residencial da década de 1950, 
localizado no bairro de Perdizes, em 
São Paulo, a fim de ajustá-lo às neces-
sidades da associação.
Mais do que a busca por uma lin-
guagem arquitetônica que refletisse 
a atmosfera vernacular do Espaço 
Cachuera!, o projeto foi norteado por 
exigências técnicas, como o aprovei-
tamento máximo do espaço existente, 
a reconstrução da estrutura, a preocu-
pação com a acústica e a elaboração 
de ambientes adequados à manifes-
tação artística.
O programa proposto pela profissional levou a uma interven-
ção profunda no antigo casarão. Do programa original, foram 
preservadas apenas paredes perimetrais, uma vez que, de acordo 
com a atual legislação de zoneamento da região, modificá-las 
implicaria em ter de aumentar consideravelmente os recuos fron-
tais e laterais do imóvel.
Para não perder esta importante área útil e, ainda assim, poder 
reformular os espaços com liberdade, a solução encontrada por 
Erica foi dar à edificação um novo sistema estrutural. A estratégia 
tornou possível a demolição, de cima para baixo, dos planos de 
alvenaria preexistentes e a posterior criação de um programa sob 
medida para a associação.
Por conta do espaço reduzido, a arquiteta optou pela estrutura 
metálica. A escolha, além de conferir rapidez e precisão à monta-
gem, trouxe benefícios plásticos: aparente e pintada de vermelho, 
a estrutura deu ao projeto uma marcante identidade visual.
Para o novo programa, funcionalidade foi a palavra-chave. No 
térreo localizam-se a recepção, as áreas de pesquisa e as salas admi-
nistrativas. No segundo pavimento, um terraço com vista pano-
râmica e um auditório multiuso. No quintal, ao fundo, uma arena 
para espetáculos e exposições, considerada o ponto alto do projeto.
“O plano inicial era mantê-la ao ar livre, mas isso não foi possí-
vel devido às reclamações dos vizinhos quanto ao barulho”, conta 
a arquiteta. Para resolver a questão, a arena foi fechada, coberta e 
isolada acusticamente. Em contrapartida, ganhou pé-direito triplo 
e grandes panos de vidro, que garantem a entrada de luz natural. 
Tudo para manter o clima de terreiro popular, exatamente como 
sonhavam os idealizadores do espaço. (C.P.) M
> Projeto arquitetônico: Erica Yukiko 
Yoshioka
> Área construída: 572 m²
> Aço empregado: ASTM A36
> Cálculo estrutural: A36 Projetos 
Industriais
> Fornecimento da estrutura 
metálica: Engemetal
> Execução da obra: DJ Construção 
Civil e Engemetal
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: julho de 1998
> Conclusão da obra: março de 2000
Corte 
transversal
&ARQUITETURA AÇO15
QUANDO OS ARQUITETOS Vinícius Andrade e Marcelo Morettin, 
do escritório Andrade Morettin, foram convocados para intervir 
em um dos apartamentos do edifício Prudência, eles se sentiram 
extremamente honrados, mas sabiam que tinham pela frente uma 
grande responsabilidade.
Construído em meados da década de 1940, no bairro paulistano 
de Higienópolis, o prédio saiu da prancheta de Rino Levi (1901-1965), 
arquiteto que teve participação fundamental na história da arqui-
tetura moderna brasileira. A obra nasceu junto com o processo de 
verticalização da cidade e apresenta verdadeiros “apartamentos-
casa”, ou seja, imóveis amplos (450 m2), aconchegantes e com uma 
organização bastante clara.
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EQUIPAMENTO METÁLICO MULTIFUNCIONAL ESTABELECE DIÁLOGO CONTEMPORÂNEO EM OBRA DA DÉCADA DE 1940
No desenho original de Levi, um 
largo corredor articula, de um lado, o 
setor de dormitórios e estar que estão 
abertos para a rua, e, do outro, abrin-
do-se para o pátio interno, o setor de 
serviços (banheiros, cozinha etc.). “O 
apartamento é fantástico. Ele foi pro-
jetado em uma estrutura modular, o 
que o torna muito fácil de ser reorga-
nizado para novas funções”, explica o 
arquiteto Vinícius Andrade. Por outro 
lado, ressalta Andrade, esta orientação 
Pequena intervenção, 
grande mudança
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da planta, com uma separação nítida 
entre a área servida e a área que serve, 
bem característica da época, tornou-
se, com o tempo, incompatível com 
as necessidades da moradia moderna, 
em que os ambientes são mais fluidos 
e interconectados. Além deste aspec-
to, as instalações prediais precisavam 
de reparos para comportar mais pon-
tos de energia elétrica e cabos para 
transferência de dados.
Acima, o edifício Prudência, projeto de Rino 
Levi construído na década de 1940. Na página 
ao lado, destaque para o grande elemento em 
aço que, fixado na alvenaria e na estrutura de 
concreto do prédio e solto da laje, funciona 
como estante e também suporta os anteparos 
para a iluminação indireta. Abaixo, à esquerda, vista da sala de jantar: ao fundo, 
a porta de entrada, e, à frente, o elemento metálico que congrega múltiplas 
funções: suporte de instalações elétricas e de luminárias, estante e divisória de 
ambientes. Na seqüência, vista parcial da cozinha e da galeria: para reforçar a 
sensação de fluidez entre os espaços, o piso de ambos foi substituído por granilite 
branca com aspecto monolítico 
Assim, depois de minucioso levantamento das características 
do imóvel e do edifício como um todo, a proposta de reforma dos 
arquitetos partiu de duas premissas básicas: respeito ao proje-
to original e uma intervenção clara e marcante. “Pretendíamos 
manter a integridade das duas arquiteturas: a de Rino Levi e a 
contemporânea”, explicam os arquitetos.
Para solucionar tal questão, a idéia foi criar um grande equipa-
mento metálico no corredor de ligação, o que transformou com-
pletamente as possibilidades da planta – a racionalidade setorial 
do imóvel deu lugar à fluidez cambiante dos espaços.
Formado por chapas de aço dobradas e pintadas, com pintura 
eletrostática branca, e perfis em I, que se penduram em chumba-
dores fixos diretamente na estrutura de concreto do prédio, sem 
se apoiar na laje, o equipamento foi cuidadosamente elaborado. 
Os arquitetos desenvolveram desenhos de produção para todos 
os componentes, que depois foram montados e parafusados como 
um quebra-cabeça dentro do apartamento.
A estrutura em aço atravessa toda a extensão do imóvel e 
desempenha múltiplas funções – estante e forro com iluminação 
18 &ARQUITETURA AÇO
A planta e a maquete eletrônica explicitam 
como foi feita a intervenção – pequenos 
ambientes foram demolidos para dar lugar 
a um único elemento metálico que percorre 
toda a extensão do apartamento, unificando os 
ambientes. O aço, segundo os arquitetos, foi a 
solução exata para atender todas as especifici-
dades do projeto
1. hall
2. vestíbulo
3. sala de estar
4. sala de jantar
5. galeria
6. sala de som e TV
7. dormitório
8. dormitório
9. dormitório
10. varanda
11. copa e cozinha
12. área de serviços
13. dormitório de empregados
14. dormitório de hóspedes
15. banho 
16. banho
17. banho
> Arquitetos responsáveis: Vinícius 
Andrade e Marcelo Morettin
> Colaboradores: José Alves e 
Pedro Nitsche
> Área construída: 450 m²
> Aço empregado: ASTM A36
> Cálculo estrutural: Janos Biezok 
e Maurício Farias
> Fornecimento da estrutura 
metálica: Janos Biezok
> Execução da obra: Genivaldo 
José de Lima
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: 2001
> Data de conclusão da obra: 2002
indireta na sala; aparador na sala de jantar; biombo entre a circu-
lação e o banheiro; fechamento de painel móvel entre a galeria de 
circulação e a cozinha; estante de livro e armário na cozinha; além 
de comportar as instalações hidráulicas do banheiro e pontos de 
iluminação e telefonia.
Não resta dúvidas que o objetivo inicial foi plenamente alcançado 
pelos arquitetos. A intervenção realizada foi capaz de reordenar os espa-
ços e propor uma nova articulação entre os setores e, ao mesmo tempo, 
guardar uma relação íntima com a compreensão geral do prédio e com a 
linguagem de Rino Levi. Segundo Vinícius Andrade, a estrutura em aço foi 
a resposta direta e a única maneira de realizar tal intento. (I.G.) M
20 &ARQUITETURA AÇO
Fábrica
de conhecimentos
INSTALAÇÃO FABRIL DA DÉCADA DE 1960 É TRANSFORMADA EM 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO NA CAPITAL PAULISTA
&ARQUITETURA AÇO 21
LOCALIZADO EM UMA ÁREA de 120 
mil m2, no bairro de Santo Amaro, 
região sul da cidade de São Paulo, o 
Centro Universitário Senac é resulta-
do de uma reciclagem arquitetônica 
completa. Os antigos edifícios indus-
triais que abrigavam uma fábrica de 
eletrodomésticos foram totalmente 
reformulados pelos arquitetos Gian 
Carlo Gasperini, Roberto Aflalo Filho 
e Luiz Felipe Aflalo Herman, do escri-
tório paulistano Aflalo & Gasperini. O 
resultado foi tão bem-sucedido que, 
apesar de manter a linguagem fabril 
e a distribuição espacial do conjunto, 
o campus parece ter sido concebido do 
zero para este fim.
Segundo os arquitetos, a idéia foi 
aproveitar a implantação industrial e 
se apropriar dos espaços já existentes 
para conduzir a reforma de manei-
ra harmônica, preservando algumas 
características dos prédios construídos 
há quase 40 anos. “A distribuição dos 
edifícios permitiu a solução e só houve 
necessidade de pequenas novas cons-
truções para comportar as instalações 
elétricas, que viraram centros de ener-
gia anexos”, conta Eduardo Martins 
Ferreira, um dos arquitetos envolvidos 
no projeto. “Para isso, utilizamos prin-
cipalmente estrutura em aço e painéis 
pré-moldados coloridos na fachada, 
que substituíram as paredes”, explica.
Os galpões de produção da antiga 
fábrica deram lugar às salas de aula. 
Eles receberam mezaninos metálicos, 
que dividiram o pé-direito industrial 
em dois, adequando-o à escala exigida 
pelo novo uso. O edifício da adminis-
tração foi transformado em biblioteca 
e teve sua área triplicada por meio da 
Nas duas páginas, vistas do bloco acadêmico. A horizontalidade e a linguagem 
fabril foram mantidas, e a iluminação zenital que existia nos galpões também 
foi preservada, garantindo luz natural e ventilação cruzada às salas de aula. Os 
mezaninos metálicos instalados neste bloco dividiram o pé-direito industrial em 
dois e aumentaram a área útil do campus em mais de 10 mil m2
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implantação de dois novos andares com estrutura em aço. “A idéia 
de estrutura metálica para os grandes mezaninos se impôs quase 
que naturalmente”, explica Ferreira. Para o arquiteto, o fato de 
poder projetar comexatidão as construções nos grandes espaços 
também só foi possível graças à estrutura metálica. “Além disso, 
poderíamos ter grandes vãos com vigas de pouca altura”, completa. 
“No caso da biblioteca, a estrutura em aço era a única condição pos-
sível para se construir sobre o edifício existente com pouco peso. 
Sua adoção permitiu, junto com os painéis de concreto da fachada, 
uma obra rápida e muito precisa”, ressalta o arquiteto.
Além do edifício acadêmico, da reitoria e da biblioteca, outra cons-
trução que merece destaque no campus é o centro esportivo, constru-
ído no local que antes abrigava o almoxarifado da fábrica. Para que o 
edifício fosse adaptado às novas funções sem perder as características 
arquitetônicas originais, mais uma vez a equipe de arquitetos recor-
reu ao aço. Assim, no complexo de piscinas, um mezanino metálico 
foi inserido na antiga estrutura pré-moldada de concreto e as telhas 
de fibrocimento deram lugar a telhas isotérmicas de alumínio com 
miolo de poliuretano, para garantir o conforto térmico.
Com cerca de 60 mil m2, o programa do Centro Universitário se 
constitui, ainda, de edifício de gastronomia, centro de convenções 
e esportes, laboratórios de comunicação, artes, ciência, tecnologia, 
áreas de infra-estrutura e manutenção. (I.G.) M
22 &ARQUITETURA AÇO
> Projeto arquitetônico: Gian Carlo 
Gasperini, Roberto Aflalo Filho e 
Luiz Felipe Aflalo Herman (Aflalo 
& Gasperini)
> Colaboradores: Eduardo Martins 
Ferreira, Fátima Machado Moreira, 
Mirella Rezze (coordenação); 
Ricardo Aranha, Oliver Grham, 
Cátia Portela, Leticia Lindemberg, 
Neiva Saito, André Bezerra, 
Ricardo de Almeida (equipe)
> Área construída: 60 mil m²
> Aço empregado: ASTM A572 GR42 
(perfis soldados) e ASTM A572 
GR50 (perfis laminados)
> Cálculo estrutural: César Pereira 
Lopes e Tecsteel
> Fornecimento da estrutura 
metálica e execução da obra: 
Alufer (edifício acadêmico e 
biblioteca), ICEC (centro de 
convenções) e Estrutel (centro 
esportivo)
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: 2001/2005
> Conclusão da obra: 2004/2006
Abaixo, à esquerda, o conjunto de piscinas é destaque no centro esportivo do campus; um mezanino metálico emoldura este complexo e 
abriga as salas de ginástica. Na seqüência, a fachada do prédio que reúne o centro de convenções e o centro esportivo: estrutura metá-
lica e painéis pré-moldados deram agilidade à obra. No alto da página ao lado, vista da biblioteca: a estrutura em aço foi determinante 
para a ampliação da área (de 2 para 6 mil m2) e para a definição de uma linguagem contemporânea. Na página ao lado, embaixo, átrio 
central do centro de convenções: pé-direito generoso e teto com lâminas curvas de alumínio conferem amplitude e leveza ao conjunto
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&ARQUITETURA AÇO 23
As novas passarelas metálicas interli-
gam os pátios nos andares superiores 
e interagem de forma harmônica com 
a arquitetura original
> Projeto arquitetônico: Paulo 
Mendes da Rocha, Eduardo 
Colonelli e Weliton Torres
> Colaboradores: Ana Paula 
Pontes, Elisa Macedo, Miguel 
Góes, Adriana Dias, Celso 
Nakamura, Eloise Scalise, 
Andréa Moncau, Marina 
Grinover, Paulo Mattos e Silvio 
Oksman
> Área construída: cerca de 
10 mil m2
> Aço empregado: ASTM A36
> Cálculo estrutural: Jorge Zaven 
Kurkdjian e Waldir Carlos 
Pomponio
> Fornecimento da estrutura 
metálica: Metalan e Construmet
> Esquadrias metálicas: J&K 
Sunto
> Forros metálicos: Novorumo
> Execução da obra: Pem 
Engenharia
> Local: São Paulo
> Data do projeto: 1993-1998
> Conclusão da obra: 1998
&ARQUITETURA AÇO 25
AO PERMITIR A CLARA DISTINÇÃO ENTRE O NOVO E O ANTIGO, O AÇO CONSTITUI UM ELEMENTO PRIMORDIAL 
NA REFORMA DA PINACOTECA DE SÃO PAULO, PROJETO PREMIADO E DE REPERCUSSÃO INTERNACIONAL
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A REFORMA da Pinacoteca do Estado 
de São Paulo entre 1993 e 1998, pro-
jetada por Paulo Mendes da Rocha, 
Eduardo Colonelli e Weliton Torres, é 
uma referência no uso do aço como 
solução construtiva e estética.
Projetado por Ramos de Azevedo e 
construído no final do século XIX para 
abrigar o Liceu de Artes e Ofícios, o pré-
dio foi modernizado para adequar suas 
instalações às necessidades de um 
museu. A Pinacoteca, além de seu rico 
acervo, recebe exposições internacio-
nais e conta com infra-estrutura para a 
realização de seminários e eventos.
O projeto, além de contemplar a 
parte estrutural (climatização, rede 
elétrica etc.) e solucionar problemas 
de infiltrações e umidade, propôs solu-
ções para melhorar o plano de acesso e 
de circulação dos visitantes, bem como 
para transformar os pátios internos em 
áreas de exposição.
Para a execução destas diretrizes, 
os arquitetos optaram pelo uso do aço. 
“Todas as intervenções que resultaram em algum novo elemento 
foram realizadas com o emprego do aço como material construtivo”, 
explica o arquiteto Eduardo Colonelli. Segundo ele, tanto nos elemen-
tos estruturais (perfis das clarabóias que cobrem os vãos internos, 
passarelas de interligação e pisos), como nas escadas, esquadrias, for-
ros e no mobiliário integrado com a arquitetura (vitrines, bilheteria 
etc), o aço foi o material predominante. 
A escolha do material, afirma Colonelli, se deu tanto pelo aspec-
to estético, ao proporcionar uma imediata identificação do “antigo” 
e do “novo” por meio do desenho esbelto das peças, quanto pelas 
qualidades construtivas. “Com o aço, tivemos uma substancial 
redução de peso sobre as antigas alvenarias estruturais; além disso, 
o material permitiu melhor manejo face às condições exíguas do 
canteiro de obras”, atesta o arquiteto. (I.S.) M
Identificação imediata
Abaixo, a Pinacoteca após a intervenção. No alto, 
detalhe das clarabóias em perfis de aço e vidro 
laminado; a leveza do aço evitou sobrecargas na 
estrutura original do prédio, tombado em 1982
Atuando há mais de 30 anos no mercado 
brasileiro da construção em aço, a ABCEM 
reúne fabricantes de estruturas e coberturas 
metálicas, empresas de galvanização, indústria 
de componentes e materiais complementares, 
escritórios e profissionais de arquitetura e 
engenharia.
Associação Brasileira da
Construção Metálica
Principais programas e atividades:
Desenvolvimento e qualificação de mão de obra
Cursos, Workhsops, Seminários, Palestras
Programas de Qualidade
Promoção e disseminação da construção 
metálica no mercado brasileiro
Associe-se à ABCEM
Informações
www.abcem.org.br
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www.construmetal.com.br
&ARQUITETURA AÇO 27
NO SANTANDER CULTURAL, A ARQUITETURA ORIGINAL DO EDIFÍCIO, PROJETADO NA DÉCADA DE 1920, 
CONVIVE EM HARMONIA COM A CONTEMPORANEIDADE, REPRESENTADA POR UM ÁTRIO DE AÇO E VIDRO
 MODERNIDADE E
MEMÓRIA
RESPEITAR AS CARACTERÍSTICAS originais de uma antiga cons-
trução no estilo eclético e, ao mesmo tempo, inserir elementos 
em aço e vidro que remetessem à arquitetura contemporânea. 
Estes eram os objetivos do arquiteto Roberto Loeb ao desenvolver 
o projeto de reforma e restauro que converteu um prédio histórico 
em um dos mais modernos centros culturais de Porto Alegre, o 
Santander Cultural.
O grande destaque da intervenção é o piso estrutural de vidro 
do novo átrio, construído sobre os vitrais que configuram o teto do 
hall central original, no térreo. Os vitrais, assim, se transformam 
A reforma recuperou o hall central e seus vitrais, que 
podem ser vistos sob o piso de vidro do novo átrio 
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28 &ARQUITETURA AÇO
Para Roberto Loeb, o novo espaço e seu piso de vidro simbolizam a con-
temporaneidade na arquitetura antiga. A transparência da cobertura e do 
piso permite que a luz atravesse os vitrais e chegue até o hall central. As 
janelas do antigo poço de ventilação podemser vistas através das chapas 
brancas de tela perfurada que revestem o novo átrio, onde são realizadas 
exposições, palestras, peças teatrais e apresentações musicais
em um tapete luminoso e colorido aos 
pés de quem percorre o piso transpa-
rente. “O aço estabelece a ligação entre 
o passado e o presente da construção”, 
explica Loeb, referindo-se especifica-
mente à grelha metálica do piso e às 
chapas brancas de tela perfurada que 
revestem lateralmente o ambiente. O 
átrio hoje ocupa um espaço que, no 
passado, correspondia ao antigo poço 
de ventilação e iluminação do prédio. 
O revestimento metálico e a vedação 
de vidro estão fixados em uma estru-
tura composta por perfis e montantes 
metálicos brancos, presos às paredes 
originais do edifício.
A cobertura metálica do átrio cen-
tral é constituída por arcos em aço e 
chapas de vidro plano transparente, 
garantindo a plena insolação do espa-
ço e, conseqüentemente, a luminosi-
dade dos vitrais originais.
Além da construção do novo átrio, 
a reforma contemplou a “reciclagem” 
de todos os pavimentos do edifício e o 
restauro das fachadas, tombadas pelo 
patrimônio histórico gaúcho em 1987. 
Antiga sede dos bancos Nacional do 
Comércio, Sulbrasileiro e Meridional, o 
prédio foi originalmente projetado pelo 
arquiteto e escultor Fernando Corona 
por volta de 1920, no estilo eclético, com 
elementos do neoclássico francês.
A adoção de sistemas construtivos 
metálicos conferiu agilidade à obra, 
executada num prazo de apenas qua-
tro meses. “A opção pelo aço facilitou a 
montagem, reduziu o peso próprio da 
estrutura e garantiu peças mais esbel-
tas, o que favoreceu a transparência do 
piso e da cobertura do átrio”, explica 
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&ARQUITETURA AÇO 29
A opção por sistemas construtivos em aço 
conferiu rapidez à obra, concluída em apenas 
quatro meses. Além disso, reduziu o peso 
próprio da estrutura e permitiu a utilização 
de peças mais esbeltas, que favoreceram a 
transparência do piso e da cobertura do átrio. 
Chapas de aço e vidro foram fixadas em mon-
tantes e perfis que, por sua vez, estão presos 
às paredes originais do edifício, concebido 
no século passado pelo arquiteto e escultor 
Fernando Corona
> Projeto arquitetônico: Roberto 
Loeb e Associados
> Colaboradores: Luis Capote, 
André Kuhl, Francisco 
Cassimiro, Nicola Pugliese, 
Maria Fernanda Nogueira, 
Damiano Leite, Fernanda 
Pinha Capote e Lilian Martins
> Área construída: 10 mil m2
> Aço empregado: ASTM A36
> Cálculo estrutural: Cia de 
Projetos (Heloísa Maringoni)
> Fornecimento da estrutura 
metálica: AEB Estruturas 
Metálicas Ltda.
> Execução da obra: Consórcio 
Método Engenharia/Concrejato
> Projeto de restauro: Ismael 
Solé Projetos Especiais
> Diretrizes de restauro: Equipe 
do Patrimônio Histórico do Rio 
Grande do Sul, Porto Alegre
> Local: Porto Alegre, RS
> Data do projeto: 2000/2001
> Conclusão da obra: agosto 
de 2001
a engenheira Heloísa Maringoni, res-
ponsável pelo cálculo estrutural.
Ao acessar o subsolo, o visitante se 
surpreende com as antigas caixas-for-
tes do edifício, hoje ocupadas por um 
cinema, biblioteca, museu e restauran-
te do centro cultural. Os espaços expo-
sitivos foram implantados no térreo e a 
sede administrativa, por sua vez, ocupa 
o primeiro e segundo pavimentos. Já o 
átrio central criou uma área adicional 
de 700 m2, onde acontecem atividades 
como exposições, palestras, peças tea-
trais e apresentações musicais. (V.F.) M
Corte longitudinal
Corte transversal
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30 &ARQUITETURA AÇO
IMPLANTAÇÃO DE TERRAÇO-JARDIM EM EDIFÍCIO ÍCONE DA 
ARQUITETURA MODERNISTA CARIOCA É VIABILIZADA PELA 
ESTRUTURA EM AÇO
redescoberta
AS ENCOSTAS DO CORCOVADO ganharam novos contornos para 
os moradores e visitantes do apartamento 702 do edifício Antônio 
Ceppas, no Rio de Janeiro, depois da reforma-ampliação elaborada 
pelo arquiteto Francisco Hue. Hoje, quem adentra o imóvel projetado 
em 1952 pelo arquiteto Jorge Machado Moreira, é convidado não só a 
admirar os traços característicos da escola modernista deste período, 
como a avistar a deslumbrante paisagem carioca na nova cobertura.
O arquiteto conta que os proprietários do imóvel tinham o 
direito legal de ocupação da laje e que a idéia inicial era criar 
um acesso privado para um terraço-jardim. “Porém, o gabarito e 
os afastamentos impostos permitiram uma ocupação central da 
área de cobertura, que além da caixa de escada absorveu em seu 
programa um pavilhão de 80 m2, com um quarto, uma pequena 
copa e um banheiro”, relata Hue. Assim, além do terraço com 270 
m2, a cobertura ganhou uma nova construção que se distingue por 
seu telhado formado por um arco abatido de laje pré-moldada com 
cobertura final em lajotas cerâmicas.
Na implantação deste anexo, todo 
estruturado em aço, o arquiteto teve o 
cuidado de não interferir na volume-
tria do prédio e não ultrapassar o gaba-
rito da caixa d’água de seção oblonga, 
tão característica dos projetos de Jorge 
Machado Moreira. Hue explica, ainda, 
que, para a criação do jardim, teve de 
levar em conta a platibanda original 
do prédio com 2,10 m de altura e as 
vigas invertidas, que o obrigaram a 
projetar uma segunda laje, com um 
entrepiso de 90 cm de altura, possibi-
litando a drenagem do novo jardim. 
Dessa maneira, com a laje rebaixada 
Paisagem
Corte Longitudinal Corte Transversal
&ARQUITETURA AÇO 31
> Projeto arquitetônico: 
Francisco Hue
> Colaboradores: Pedro Lobo
> Área construída: 350 m2 
(nova laje sobre a existente); 
80 m2 (área coberta)
> Aço empregado: aço de 
maior resistência à corrosão 
com 300 MPa
> Cálculo estrutural: Josemar 
Rocha
> Fornecimento da estrutura 
metálica: Josemar Rocha
> Execução da obra: Helio 
Oscar Sant´Anna
> Local: Rio de Janeiro, RJ
> Data do projeto: janeiro a 
julho de 2000
> Data de conclusão da obra: 
novembro de 2001
&ARQUITETURA AÇO 31
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Com seu teto arqueado, o pavilhão metálico 
localizado no centro da cobertura dialoga com a 
paisagem curvilínea do entorno carioca (acima, 
à direita); a abertura estratégica (na página 
ao lado, no alto) deixa entrever o corcovado 
e o Cristo Redentor. No alto desta página, da 
esquerda para a direita: vista do interior do 
pavilhão; banco de pedra vindo da residência de 
Antônio Ceppas, arquiteto que emprestou seu 
nome ao edifício; a escada que vence 4,40 m e 
interliga a cobertura à copa do apartamento. Ao 
lado, nos cortes, destaque para o vão de 90 cm 
de altura entre a laje preexistente e a nova
em alguns pontos, a cobertura pôde 
receber a vegetação de porte e uma 
pequena piscina.
A estrutura em aço foi a única solu-
ção para que toda a obra fosse viabili-
zada, relata o arquiteto. “Todo o novo 
vigamento da laje e toda a estrutura da 
edificação projetada foram executados 
com componentes metálicos visando 
a rapidez de execução e o menor peso 
próprio”, reitera Hue. Outras caracte-
rísticas da construção metálica, como 
limpeza da obra, precisão das medidas 
e elegância para vencer vãos, são lem-
bradas pelo arquiteto para apoiar tal 
decisão. (I.G.) M
32 ARQUITETURA AÇO&
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