Buscar

Odontopediatria - Odontogênese

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 | P á g i n a 
 
Odontogênese 
Embriologia geral 
2ª - 4ª semana: o blastocisto, ou embrioblasto, evolui para disco oval, composto por duas camadas de 
células (ectoderma e endoderma), denominado embrião bilaminar. 
 Passa de disco embrionário bilaminar para trilaminar, composto por três camadas germinativas: 
endoderma, ectoderma e mesoderma. 
 No final há duas extremidades do futuro sistema digestivo (boca e ânus), oriundas de um 
espessamento do endoderma que se adere firmemente ao ectoderma, constituindo as membranas 
bucofaríngea e cloacal. 
Desenvolvimento da face e da cavidade oral 
5ª - 8ª semana: há mudanças nas estruturas que conduzem à formação da face embrionária. Essa fase é 
dividida em 2 etapas: 
1. 5ª 6ª semana: há união dos processos formadores da face, estabelece-se a comunicação da 
cavidade oral primitiva (depressão profunda) com o intestino cefálico em razão do rompimento da 
membrana bucofaríngea. 
2. 7ª 8ª semana: há o característico término dos preparos para a divisão das cavidades bucal e nasal 
e a formação do palato definitivo. O desenvolvimento embrionário bucal e de todo o organismo 
acelera mais. Inicia-se o desenvolvimento dos dentes. 
Desenvolvimento do germe dentário 
O ectoderma bucal dará origem ao epitélio bucal. Áreas do epitélio bucal começam a se proliferar mais 
rápido, invadindo o ectomesênquima e formando a banda epitelial primária. 
A banda epitelial sofre uma bifurcação, com a formação de dois cordões epiteliais paralelos entre si. 
 A banda epitelial mais externa sofre degeneração das células centrais, dando lugar a uma fenda que 
origina o fundo de saco do sulco vestibular que é a lâmina vestibular. 
 A faixa de epitélio interna dá origem aos dentes e é chamada de lâmina dentária (fina camada na 
margem lateral do estomódio, mais ou menos na mesma época em que a membrana bucofaríngea 
se rompe). Em torno da 6ª semana cada lâmina dentária se prolifera em direção à região mediana, 
para se unir e formar uma lâmina contínua. 
 
8ª semana: a lâmina dentária de cada arco mostra dez centros de proliferação das células epiteliais 
espaçados entre si, formando uma estrutura arredondada que recebe o nome de broto ou botão 
(precursores dos dentes decíduos, germes dentários). 
Germe dentário: formado por uma estrutura ectodérmica (origina o esmalte), e por uma porção 
mesodérmica (origina a polpa, a dentina, o cemento e as estruturas de suporte). 
Em diferentes períodos do desenvolvimento a lâmina dentária inicia a formação de seus sucessores 
permanentes, por lingual dos decíduos correspondentes. Esse período ocorre por volta do 5° mês de vida 
intrauterina para os incisivos permanentes e até o 11° mês para os segundos pré-molares. 
2 | P á g i n a 
 
Odontogênese 
Cada germe dentário, que se originou na lâmina dentária, passa por uma série de modificações 
morfológicas. Essas modificações dividem-se em fases de: botão, capuz, campânula, coroa ou campânula 
avançada e de raiz. 
 
Broto ou botão: há uma condensação epitelial em forma de esfera. 
Capuz: o germe assume a forma de capuz. Há proliferação do epitélio, resultando no seu crescimento 
desigual na porção mais externa do botão. É composta por epitélio interno, epitélio externo, retículo 
estrelado, papila dentária e folículo dentário. 
 Epitélios externo e interno do esmalte: as células periféricas da fase de capuz são cuboidais, 
contornam a convexidade do capuz e formam o epitélio externo do esmalte. As células da 
concavidade do capuz são altas e representam o epitélio interno do órgão do esmalte. 
 Retículo estrelado: as células no centro do órgão epitelial do esmalte, situadas entre os epitélios 
externo e interno, começam a se separar por aumento de volume do fluido intercelular, mas mantêm 
vários prolongamentos que se contatam entre si por meio de desmossomos. 
 Papila dentária: o ectomesênquima, parcialmente encerrado pela porção invaginada do epitélio 
interno do esmalte, condensa-se sob influência organizadora do epitélio interno do esmalte em 
proliferação. Essa condensação, que se deve mais à aproximação das células do que a uma 
atividade proliferativa, forma a papila dentária, o órgão formador da dentina e do primórdio da polpa 
dentária. As alterações na papila dentária ocorrem concomitantemente com o desenvolvimento do 
órgão epitelial do esmalte. 
 Folículo dentário: simultaneamente ao desenvolvimento do órgão do esmalte e da papila dentária, 
há uma condensação marginal do ectomesênquima que os envolve. Nessa região, gradualmente se 
desenvolve uma camada mais densa e mais fibrosa, o folículo ou saco dentário primitivo, que separa 
o germe dentário do restante do ectomesênquima. 
Amelogênese 
À medida que ocorre o desenvolvimento do órgão do esmalte até a fase de campânula, o epitélio interno do 
órgão do esmalte diferencia-se em células altas, os pré-ameloblastos, passando a ser denominadas 
3 | P á g i n a 
 
ameloblastos a partir do momento em que depositam a primeira camada de esmalte. Essas células estão 
separadas da papila dentária por uma camada basal. 
O retículo estrelado aumenta e, no líquido intercelular, essas células em forma de estrela se anastomosam 
(algo se ligar ou se comunicar entre dois vasos ou canais quaisquer) livremente. Nessa fase, aparece uma quarta camada de 
células no órgão do esmalte, entre o epitélio interno e o retículo estrelado, consistindo em duas ou três 
camadas de células baixas. Por causa de sua localização, recebe o nome de extrato intermediário. No 
local do encontro dos epitélios interno e externo do órgão do esmalte, forma-se um ângulo agudo 
denominada alça cervical, estrutura importante para a formação radicular do dente. Nos estágios finais da 
fase de campânula, o órgão do esmalte assume a forma característica do dente que formará mais tarde. A 
membrana basal que separa as células pré-ameloblásticas das células do tecido conjuntivo subjacente 
(papila dentária) representa a união amelodentinária futura, cujo contorno determina o padrão da superfície 
incisiva ou oclusal do dente. 
O órgão do esmalte já está em condições de começar a produzir esmalte. As células do epitélio interno ou 
pré-ameloblastos desenvolvem-se mais nos pontos correspondentes às cúspides ou bordas incisivas e são 
menos diferenciadas na parte cervical. 
Sob influência desses pré-ameloblastos, as células ectomesenquimais da região periférica cessam sua 
divisão e começam a se diferenciar em odontoblastos. Essas células secretam, então, a primeira camada 
de matriz de dentina. Com a presença dessa dentina e da interação entre os odontoblastos e pré-
ameloblastos, ocorre a diferenciação final em ameloblastos e, desse modo, inicia-se a secreção da matriz 
orgânica de esmalte. Esse fenômeno é denominado indução recíproca e caracteriza a fase de coroa ou 
campânula avançada. 
Desenvolvimento do esmalte 
De acordo com a sua função e a sucessão de fases pelas quais passam os ameloblastos, o processo de 
amelogênese é dividido em diferentes fases. 
 Fase morfogenética. Antes de os ameloblastos estarem completamente diferenciados e produzirem 
esmalte, interagem com as células ectomesenquimais adjacentes, determinando a forma da junção 
amelodentinária e da coroa. Essa fase ocorre no início do estágio de campânula, principalmente, 
porque as células do epitélio interno cessam a divisão nas regiões das futuras cúspides e da borda 
incisiva, causando uma dobra no epitélio, a qual determinará a anatomia da coroa dos dentes. 
 Fase de diferenciação. Na fase de diferenciação do desenvolvimento, o epitélio interno do esmalte 
interage com as células do tecido conjuntivo adjacente, as quais se diferenciam em odontoblastos. 
Essa etapa é caracterizada por uma mudança na aparência das células do epitélio interno do 
esmalte. Como preparo para esse desenvolvimento, as células, que antes eram cuboidais e com 
núcleo grande e centralizado, alongam-se, passando a ser cilíndricas, e o núcleo migra para a porção 
próxima aoextrato intermediário. Esse processo é denominado inversão de polaridade. O complexo 
de Golgi e a maioria das demais organelas das células vão para a porção próxima à futura dentina. 
Essas células são denominadas pré-ameloblastos e sua diferenciação prossegue até a formação da 
primeira camada de matriz dentinária, quando passam a ser denominadas ameloblastos e estão 
prontas para a próxima fase. 
 Fase secretora. A amelogênese propriamente dita inicia-se na fase secretora. Os ameloblastos 
agora são células sintetizadoras e secretoras de proteínas. Essas células passam a secretar a matriz 
do esmalte que é formada basicamente por proteínas não colágenas. Classicamente, essas 
proteínas pertenciam a dois grupos: as enamelinas e as amelogeninas. No entanto, como várias 
outras proteínas têm sido descritas nos últimos anos, considera-se atualmente a divisão em dois 
grupos de proteínas: amelogeninas e não amelogeninas (ameloblastina, amalina, enamelinas e 
tufelinas). Nessa fase, ocorre uma parte inicial da mineralização, mas isso será discutido adiante. 
4 | P á g i n a 
 
Fase de maturação. A maturação do esmalte (mineralização completa) ocorre após estar formada 
a maior parte da espessura da matriz do esmalte na superfície incisiva ou oclusal. Nessa época, 
ainda está ocorrendo a formação da matriz do esmalte nas porções cervicais da coroa. Durante a 
maturação do esmalte, os ameloblastos são levemente reduzidos em comprimento e estão 
intimamente ligados à matriz do esmalte. As células do extrato intermediário perdem a sua forma 
cuboidal e disposição regular, adquirindo um aspecto fusiforme. É certo que os ameloblastos também 
fazem parte da maturação do esmalte. Nessa fase, o alto conteúdo inicial de amelogeninas é 
reduzido pela degradação. Esse evento é importante para a maturação. Essa fase é denominada 
maturação pré-eruptiva, que será complementada quando o dente irromper. 
 Fase de proteção. Quando o esmalte está completamente desenvolvido, os ameloblastos já não 
estão dispostos em uma camada bem definida e não podem ser distinguidos das células do extrato 
intermediário e do epitélio externo do esmalte. Essas camadas de células formam, então, um 
revestimento epitelial estratificado do esmalte, chamado epitélio reduzido do esmalte. Sua função é 
proteger o esmalte maduro, separando-odo tecido conjuntivo até que o dente irrompa. Se o tecido 
conjuntivo entrar em contato com o esmalte, podem se desenvolver anomalias. Sob tais condições, 
o esmalte pode ser reabsorvido ou revestido por uma camada de cemento. Isso explica por que o 
processo de irrupção do dente ocorre sem hemorragia. O epitélio reduzido do esmalte também é 
importante para a formação do epitélio juncional da gengiva. 
Mineralização e maturação da matriz do esmalte 
De acordo com Bhaskar, a mineralização da matriz do esmalte ocorre em duas etapas, embora o intervalo 
entre elas pareça ser muito pequeno. 
Na primeira etapa, ocorre a mineralização parcial imediata nos segmentos da matriz e na substância 
interprismática, conforme vão sendo depositadas. Análises químicas indicam que o influxo inicial pode 
representar 25 a 30% do conteúdo mineral total final. Tem sido demonstrado por meio de microscópio 
eletrônico e difração que este primeiro mineral geralmente está sob a forma de apatita cristalina. 
A segunda etapa, ou maturação, é caracterizada pela gradual até a completa mineralização. O processo de 
maturação é iniciado no alto da coroa e progride de maneira cervical. Entretanto, em cada nível, a maturação 
parece começar na extremidade dentinária dos prismas. Desse modo, ocorre a integração de ambos os 
processos: cada prisma amadurece da profundidade para a superfície, e sua maturação sequencial abrange 
desde as cúspides (ou a borda incisiva) até a linha cervical. 
Dentinogênese 
A dentinogênese ocorre em uma sequência de duas fases. A princípio, após a diferenciação dos 
odontoblastos, originários das células ectomesenquimais da papila dentária, ocorre a elaboração de uma 
matriz orgânica não mineralizada, constituída basicamente de dois componentes: o fibrilar, sendo o conteúdo 
principal as fibrilas colágenas, e a substância fundamental interfibrilar. Com o depósito das camadas de 
matriz orgânica, os odontoblastos caminham em direção ao centro do germe dentário. Na segunda etapa, 
próximo desse estágio, ocorre o início da mineralização dentro das vesículas da matriz, que se rompem, 
fundem-se e formam focos de mineralização. Essa primeira camada de dentina é chamada dentina do 
manto. Com a continuação desse processo, estabelece-se uma banda contínua de dentina logo abaixo do 
esmalte. 
Enquanto os odontoblastos se deslocam em movimento centrípeto, concomitante a esse processo, 
continuam secretando matriz orgânica, que, posteriormente, mineraliza-se, formando a chamada dentina 
circumpulpar. Durante a dentinogênese, seguindo esse padrão de formação, sempre haverá uma nova 
camada de matriz não mineralizada, denominada pré-dentina. Uma projeção do citoplasma do odontoblasto 
permanece rodeada pela dentina calcificada e será constituída no prolongamento odontoblástico. 
5 | P á g i n a 
 
Atualmente, sabe-se que as dentinas do manto e circumpulpar são formadas por fibrilas colágenas de 
mesma origem, ou seja, da atividade dos odontoblastos. No entanto, o tamanho das fibrilas dos dois tipos 
de dentina é diferente. 
A formação e a mineralização da dentina começam na ponta da cúspide ou bordas incisivas, e avançam 
para o centro por uma aposição rítmica de camadas cônicas, uma dentro da outra. Quando a dentina da 
coroa está sendo depositada, as camadas apicais assumem a forma de cones truncados e alongados. Com 
a conclusão da dentina radicular, a formação da dentina primária chega ao seu final. 
Mineralização 
Após a mineralização inicial da dentina, por meio das vesículas de matriz, esse processo continua. Quando 
a dentina é formada, a mineralização avança em direção à polpa, podendo seguir três padrões diferentes: 
um linear, grosseiramente paralelo à camada odontoblástica; outro com áreas globulares, que 
subsequentemente se fundem; e uma combinação de ambos os padrões. Na dentina do manto, o principal 
padrão encontrado é o linear. A mineralização globular ocorre em diversas áreas da matriz ao mesmo tempo, 
que depois aumentam de volume e se fundem, formando uma massa única mineralizada. Essa 
mineralização ocorre em fases, que podem ser observadas em lâminas histológicas por meio das linhas 
incrementais. 
Polpa dentária 
A polpa do dente é inicialmente chamada papila dentária. Esse tecido é denominado polpa, apenas após a 
dentina se formar ao redor dela. A papila dentária controla a formação inicial do dente. 
Elementos estruturais 
A região central da polpa contém muitos troncos nervosos e vasos sanguíneos. Perifericamente, a polpa é 
circunscrita pela região odontogênica especializada, composta por células formadoras de dentina, os 
odontoblastos, a zona pobre em células (zona de Weill) e a zona rica em células. Apesar da aparência pobre 
em células, ela é atravessada por numerosos prolongamentos das células adjacentes, que se ramificam 
muito entre elas e também com os odontoblastos. 
 Substância intercelular. É densa e em forma de gel, variando na aparência, desde finamente 
granular até fibrilar, havendo acúmulos em algumas áreas, com espaços claros deixados entre vários 
agregados. 
 Fibroblastos e fibras. O órgão pulpar é dito como tecido conjuntivo especializado, em virtude da 
ausência de fibras elásticas. Os fibroblastos são os tipos de células que predominam na polpa. Como 
o nome indica, funcionam na formação de fibras colágenas. 
 Odontoblastos. Considerados o segundo tipo de células mais proeminentes da polpa, situam-se 
adjacentes à pré-dentina com os corpos celulares na polpa e os prolongamentos celulares nos 
túbulos dentinários. Eles têm uma localização constante, chamada zona odontogênica da polpa. Os 
corpos dos odontoblastos são colunares na aparência,com núcleos grandes e ovais que preenchem 
a porção basal da célula. 
 Células de defesa. Além dos fibroblastos e das células que fazem parte dos sistemas nervoso e 
vascular da polpa, há células importantes para a defesa da polpa. Essas são os histiócitos ou 
macrófagos, pequenos linfócitos, eosinófilos, mastócitos e plasmócitos. 
 Vasos sanguíneos. O órgão pulpar é extensivamente vascularizado. Sabe-se que os vasos 
sanguíneos do periodonto nascem da mesma artéria e drenam pelas mesmas veias, tanto na região 
maxilar quanto na mandibular. Na comunicação dos vasos da polpa com o periodonto, além das 
6 | P á g i n a 
 
conexões apicais, existem as conexões através de canais acessórios. Essas relações são de 
considerável importância clínica quando ocorrem problemas patológicos no periodonto ou na polpa, 
de acordo com o seu potencial de se expandir por esses canais. Embora os ramos das artérias 
alveolares supram tanto o dente como os seus tecidos de suporte, aqueles que penetram na polpa 
têm estrutura diferente da dos ramos que vão até o periodonto. Como os vasos sanguíneos penetram 
no dente, suas paredes tornam-se consideravelmente mais finas que aquelas que circundam o dente. 
Pequenas artérias e arteríolas entram no canal apical e seguem um caminho direto à polpa coronária. 
Ao longo de seu trajeto, dividem numerosos ramos na polpa radicular, que passam perifericamente 
para formar um plexo na região odontogênica. O fluxo sanguíneo pulpar é mais rápido que na maior 
parte das regiões do corpo. 
 Vasos linfáticos. Estão presentes na polpa, originam-se na porção coronária da polpa e caminham 
para o forame apical. Os vasos linfáticos da polpa e do ligamento apresentam uma saída em comum. 
Aqueles que drenam os dentes anteriores passam por nódulos linfáticos submentais; os dos dentes 
posteriores passam pelos nódulos linfáticos submandibulares e cervicais profundos. 
 Nervos. O suprimento nervoso, abundante na polpa, segue a distribuição dos vasos sanguíneos. A 
maioria dos nervos que entram na polpa é mielínica. São os mediadores da sensação de dor causada 
por estímulos externos. Os nervos amielínicos são encontrados em íntima associação com os vasos 
sanguíneos da polpa e de natureza simpática. Apresentam terminais sobre as células musculares 
dos vasos maiores e funcionam na vasoconstrição. Feixes nervosos espessos entram pelo forame 
apical e prosseguem até a área coronária, na qual se ramificam, e suas fibras irradiam-se 
perifericamente até a zona odontogênica. 
Funções da polpa dentária 
 Indutiva. O primeiro papel do primórdio da polpa, inicialmente chamada de papila dentária, é induzir 
a diferenciação do epitélio bucal a formar a lâmina dentária e o órgão do esmalte, e também a 
determinar a identidade do dente formado. 
 Formativa. O órgão pulpar produz a dentina que origina a cavidade pulpar onde ficará o tecido 
pulpar. Os odontoblastos pulpares desenvolvem a matriz orgânica e funcionam na sua mineralização. 
Com o desenvolvimento dos processos odontoblásticos, a dentina é formada. 
 Nutritiva. A polpa nutre a dentina por meio dos odontoblastos e de seus prolongamentos. Os 
elementos nutricionais são contidos no fluido tissular. 
 Protetora. Os nervos sensoriais respondem com dor a todos os estímulos, como calor, frio, pressão, 
procedimentos operatórios de cortes e agentes químicos. Os nervos também iniciam reflexos que 
controlam a circulação da polpa. Essa função simpática é um reflexo que proporciona estímulos às 
fibras motoras viscerais, que terminam sobre os músculos dos vasos sanguíneos. 
 Defensiva ou reparadora. A polpa é um órgão com extraordinária capacidade reparadora. Ela 
responde à irritação mecânica, térmica, química ou bacteriana, por meio da produção de dentina 
reparadora e causando esclerose dos túbulos dentinários. Tanto a dentina reparadora quanto a 
mineralização dos túbulos (esclerose) são tentativas de proteger a polpa da fonte de irritação. A polpa 
também pode ser inflamada em decorrência da irritação que surge durante a formação da dentina 
reparadora. Entretanto, a polpa contém macrófagos, linfócitos e outros leucócitos, todos os quais 
ajudam no processo de reparo da polpa. Embora a parede dentinária rígida seja considerada uma 
proteção para a polpa, ela também compromete a sua existência sob essas condições. Durante a 
inflamação da polpa, a hiperemia e o exsudato podem conduzir a um acúmulo de excesso de fluido 
fora dos capilares. Um desequilíbrio desse tipo, limitado por um muro inflexível, tende a perpetuar-
7 | P á g i n a 
 
se e pode ser seguido por destruição total da polpa. Na maioria dos casos, se a inflamação não for 
tão grave, a polpa se regenerará. Há um interesse crescente na utilidade de células-tronco da polpa 
para a regeneração de dentina; porém, os mecanismos que envolvem esse processo ainda são bem 
pouco estudados. Ainda assim, já existem pesquisas que apontam a capacidade de mineralização 
de células da polpa humana, além de identificarem marcadores em potencial para a diferenciação de 
odontoblasto. 
Desenvolvimento da raiz 
O desenvolvimento das raízes começa depois que a formação do esmalte e da dentina atingiu a junção 
amelodentinária. Para que ocorra o desenvolvimento radicular, os epitélios externo e interno do órgão do 
esmalte unem-se e mergulham em direção ao ectomesênquima que os envolve. 
Como a união dos epitélios não consegue se aprofundar verticalmente por causa do folículo dentário e, 
principalmente, da cripta óssea, essa região se dobra, formando o diafragma epitelial. Com a proliferação 
das células epiteliais nessa região, outra estrutura é formada, a bainha epitelial de Hertwig. Esta é contínua 
ao diafragma epitelial e constituída das mesmas células. A continuação da sua proliferação coincide com a 
erupção do dente. A presença dessa porção epitelial na formação da raiz é importante para a diferenciação 
dos odontoblastos que formarão a dentina radicular, de forma semelhante a que ocorre na porção coronária. 
Essas células diferenciam as células ectomesenquimais da papila dentária, que se diferenciam em 
odontoblastos e formarão a dentina radicular. 
Com o aumento do comprimento da raiz, a bainha epitelial de Hertwig não consegue acompanhar esse 
crescimento e fragmenta-se na porção onde a dentina já começou a se formar. Desse modo, apenas a 
porção apical da bainha continua em contato com a raiz. O restante dela sofre espaçamento, fragmentando-
se e formando agrupamentos de três a seis células denominados restos epiteliais de Malassez. Esses 
grupos de células normalmente são inativos, mas, em casos de alterações patológicas nesses locais, têm 
um grande potencial para se tornarem ativos e formarem cistos. 
Após a degeneração da bainha, nos locais em que já houve início de formação da dentina radicular, esta 
entra em contato com as células ectomesenquimais adjacentes do folículo dentário e as diferencia em 
cementoblastos, que serão responsáveis pela formação da matriz orgânica do cemento. Essa matriz é 
formada principalmente por fibras colágenas e substância intercelular amorfa, que se liga à superfície 
radicular e em torno dos feixes de fibras que formarão o ligamento. Após esse depósito, a matriz é 
mineralizada, e, ao final, é muito semelhante ao tecido ósseo, com cerca de 60% de mineral. O cemento é 
inicialmente depositado lentamente, enquanto o dente está irrompendo. As células retiram-se para o 
ligamento e, portanto, esse cemento é acelular. Quando o dente entra em oclusão, em torno dos dois terços 
apicais, é formado mais cemento e de forma mais rápida, de forma que os cementócitos fiquem aprisionados 
na matriz mineralizada (cemento celular). 
Ao mesmo tempo, as células centrais tornam-se fibroblastos para formar o ligamento periodontal. No início, 
há uma grande proliferação celular. As células aumentam de tamanho e assumem a característica 
fibrilogênica. As fibras são formadas antes do término da irrupção do dente e, conforme isso ocorre, vão 
sendo remodeladasaté depois de o dente entrar em função. 
À medida que o ligamento periodontal se forma, as células do lado externo do folículo diferenciam-se em 
osteoblastos e formam o osso alveolar sobre a cripta óssea, em torno das fibras do ligamento. Esse depósito 
ósseo reduz gradualmente o espaço interligamentar. Por causa desse padrão, as fibras do 
ligamento periodontal ficam inseridas no cemento e no osso alveolar quando estes se mineralizam, sendo 
denominadas fibras de Sharpey. 
Estudos de base genética cada vez mais são necessários para sinalizar os caminhos pelos quais ocorre o 
desenvolvimento do dente.

Continue navegando