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AGRAVO DE INSTRUMENTO 1. Conceito Recurso utilizado em face de decisões denegatórias de seguimento de recursos pelo juízo a quo (decisão da Vara do Trabalho que nega seguimento a recurso ordinário ou decisão do Tribunal Regional do Trabalho que nega seguimento a recurso de revista). Não ataca o mérito de um processo, mas uma decisão formal que, concluindo pela inexistência de pressupostos de admissibilidade, não conhece de um determinado recurso. O objetivo do agravo de instrumento é fazer com que o recurso originário seja admitido e, consequentemente, tenha seu mérito apreciado pelo Tribunal ad quem. O processo do trabalho é marcado pelo princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias (art. 799, § 2º, da CLT + art. 893, § 1º, da CLT + Súmula 214 do TST), apenas cabendo recurso quando da decisão final no processo. Diferentemente do direito processual civil, no direito processual do trabalho, o agravo de instrumento tem a única e exclusiva função de impugnar decisões definitivas que denegam o seguimento de recursos no juízo a quo, e jamais decisões interlocutórias. Recurso utilizado em face de decisões denegatórias de seguimento de recursos pelo juízo a quo (decisão da Vara do Trabalho que nega seguimento a recurso ordinário) Recurso utilizado em face de decisões denegatórias de seguimento de recursos pelo juízo a quo (decisão do Tribunal Regional do Trabalho que nega seguimento a recurso de revista). 2. Fundamentação legal O agravo de instrumento encontra fundamento no art.897, b e parágrafos, da CLT: Art. 897 da CLT. Cabe agravo, no prazo de oito dias: (...) b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos. (...) § 2º O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber agravo de petição não suspende a execução da sentença. (...) § 4º Na hipótese da alínea b deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada. § 5º Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a petição de interposição: I – obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, do depósito recursal referente ao recurso que se pretende destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e do depósito recursal a que se refere o § 7º do art. 899 desta Consolidação; II – facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da matéria de mérito controvertida. (Incluído pela Lei n. 9.756, de 17-12-1998) § 6º O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso principal, instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos. § 7º Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal, observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso. 3. Requisitos formais 3.1. Competência O agravo de instrumento será apresentado em duas peças, uma dirigida ao juízo a quo (peça de interposição) e outra, ao juízo ad quem (minuta de agravo). O juízo a quo, no caso, será o órgão que negou seguimento ao recurso, por exemplo, o Juiz da Vara ou o Presidente do TRT. O juízo ad quem será tribunal que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada, por exemplo, o Tribunal Regional do Trabalho ou o Tribunal Superior do Trabalho (art. 897, § 4º, da CLT). Cuidado: O agravo de instrumento não poderá ser utilizado para destrancar recurso de embargos no TST, pois o art. 235 do Regimento Interno do TST informa que, nesses casos, caberá agravo regimental. 3.2. Preparo Na fase de conhecimento, o agravo de instrumento é isento de custas – apenas deverá ser efetuado o depósito recursal, no importe de 50% do valor do depósito do recurso que se pretende destrancar (art. 899, § 7º, da CLT). O depósito recursal, por seu turno, somente será necessário se o juízo ainda não estiver garantido (Súmula 128, II, do TST). O agravo será isento de custas se destinado a destrancar recurso de revista baseado em afronta a súmula ou orientação jurisprudencial do TST (art. 899, § 8º, da CLT). Na fase de execução, há necessidade de recolhimento de custas no valor de R$ 44,26, (art. 789-A, III, da CLT). Observem a tabelinha exemplificativa: Valor da condenação Valor do depósito no RO Valor a ser depositado no AI R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 Nada! R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 Nada! R$ 16.000,00 R$ 10.059,15 R$ 5.029,57 R$ 15.000,00 R$ 10.059,15 R$ 4.940,85 R$ 50.000,00 R$ 10.059,15 R$ 5.029,57 R$ 300.000,00 R$ 10.059,15 R$ 5.029,57 3.3. Prazo Interposição do agravo de instrumento é de 8 dias úteis. 4. Procedimento Em duas petições: a peça de interposição, dirigida ao juízo a quo, e a minuta, para o juízo ad quem. De acordo com a previsão da CLT, será necessária a formação do instrumento, com as peças obrigatórias indicadas pelo art. 897, § 5º, além de outras peças facultativas que o agravante julgar necessárias. Entretanto, na prática do processo judicial eletrônico (PJE), não mais se mostra necessária a juntada de documentos com a petição de agravo de instrumento, já que todas as peças processuais podem ser facilmente acessadas pelo sistema. A ideia da juntada de peças é permitir o julgamento imediato do recurso principal, sempre que possível, por medida de economia processual. Uma vez interposto o agravo ao juízo a quo, ser-lhe-á permitido exercer o juízo de retratação (efeito regressivo), reconsiderando a decisão agravada e admitindo o recurso outrora denegado. Nesse caso, o recurso trancado terá regular prosseguimento, com a intimação da parte contrária para apresentar contrarrazões. Se a decisão, entretanto, for mantida, o agravado será intimado para que, no prazo de 8 dias, ofereça resposta ao agravo (contraminuta) e ao recurso principal (contrarrazões), instruindo-a com as peças que entender necessárias ao imediato julgamento do recurso. Assim, o agravo de instrumento, então, subirá para apreciação pelo Tribunal ad quem. Caso desprovido, não caberá novo recurso da decisão (ressalva feita aos embargos de declaração, nas hipóteses em que se mostrem cabíveis); caso provido, o Tribunal poderá seguir no julgamento do recurso principal, como medida de economia processual.
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