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Nesta webaula, temos como objetivo entender o conceito de cultura e nação para re�etirmos sobre a realidade
social do nosso país.
Fonte: iStock.
Antropologia, natureza humana e cultura 
A Antropologia é formada por diversas correntes, constituídas no desenvolvimento da própria ciência. Elas
marcam um dos princípios da Antropologia, a diferença entre natureza e cultura. A relação natureza e cultura é
uma das mais caras à Antropologia, pois ela nos permite identi�car a in�uência das questões biológicas e sociais
na constituição dos homens. A Antropologia busca desnaturalizar algumas determinações de ordem social
travestidas de determinações biológicas.  
Quanto ao conceito de cultura, cabe destacar que ele se refere ao que foi chamado por Santos (2006, p. 24) de
“existência social de um povo ou nação”, expressa em suas maneiras de ser, pensar, agir e de construir sua vida
material e social. 
Algumas teorias consideravam aspectos próprios da evolução biológica e genética do corpo humano como
determinantes da forma de nos relacionarmos socialmente. Por mais que essa tese tenha sido superada, ela
ainda in�uencia a construção do pensamento do senso comum, naturalizando algumas práticas,
consideradas oriundas da natureza humana, e não resultados das relações dos homens em sociedade. 
Diferente versus normal 
Re�ita: o Brasil é o país da diferença? Se sim, de que tipo? Como essa diferença é vista e respeitada? Para que
possamos pensar a diferença, precisamos entender aquilo que é tido como “normal”.  
Homem, Cultura e Sociedade 
Antropologia, cultura e identidade nacional 
Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso signi�ca que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos �cam desabilitados. Por essa razão, �que atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! 
Por exemplo, durante séculos, a orientação sexual homossexual foi tratada como diferente não apenas por ser
vista como diferença entre as orientações sexuais dos indivíduos, mas também por ser considerada desviante.  
Nessa perspectiva, é possível estabelecer não apenas padrões de comportamentos sociais, mas também quem
são aquelas pessoas ditas normais, ou seja, que fazem parte de um determinado padrão, e aquelas que estão fora
desse padrão e, por isso, podem ser consideradas diferentes ou mesmo desviantes da norma estabelecida. 
A palavra normal deriva da palavra norma. Norma é aquilo que, de certa forma, é consensual para os sujeitos
de uma dada sociedade. Existem normas sociais, que são o conjunto de costumes, tradições e leis sociais
estabelecidas entre os homens de uma dada sociedade. 
Mas como criamos as normatizações? Em primeiro lugar, partimos da perspectiva daquilo que é natural dos
homens, daquilo que faz parte de sua vida e que pode ser, em homens que possuem os padrões,
considerado normal. Essa normalização nos permite criar condições de dizer que podem haver diferenças
entre os homens, nesse caso, em decorrência de fatores biológicos, e que isso pode então levar a
comportamentos desviantes ou mesmo a marcar diferenças sociais.  
Isso acontecia porque se pensava que essa orientação
sexual não se encaixava no padrão da norma sexual,
que considerava a orientação sexual heterossexual
como normal e a homossexual como desviante. Por
isso, até o início da segunda metade do século XX, a
orientação sexual homossexual era tratada como
doença, constando, inclusive, na Classi�cação
Internacional de Doenças (CID) como
homossexualismo. 
Fonte: iStock. 
Nesse caso, estamos falando do quê? De natureza ou de sociedade? Ou melhor de natureza ou de cultura? 
A célebre frase de Simone de Beauvoir “não se nasce mulher, torna-se mulher” nos ajuda a re�etir. O que Beauvoir
coloca, e que pode ser trabalhado também em relação à homossexualidade, é que existe uma construção social
de determinados papéis, de determinadas diferenças, que vai além daquilo que a natureza coloca. É evidente que
há uma distinção biológica clara entre homens e mulheres, mas existe uma diferença brutal entre os papéis que
ambos ocupam em uma sociedade. 
No caso de algumas sociedades, inclusive a brasileira, ainda podemos ver que as mulheres recebem salários
inferiores aos homens, ocupam menos postos de comando no trabalho e trabalham mais tempo nos serviços
domésticos. Muitos buscam naturalizar o discurso, dizendo que as mulheres devem seguir aquilo que lhes cabe
por sua condição biológica de mulher: o trabalho reprodutivo, da casa e do cuidado com os �lhos.  
Contudo, o que esse discurso esconde é que as mulheres são, biologicamente, tão capazes quanto os
homens. Naturalizar a condição feminina reproduz a desigualdade de gênero, colocando as mulheres em
posições inferiores socialmente.  
A cultura é um elemento muito presente em nossa
sociedade, e é fundamental entendê-la. A�nal, somos
um país composto por diversos povos, que trouxeram
diversas perspectivas de vida, visões de mundo e
formas de se relacionar com o trabalho e com a
sociedade. É essa mistura que nos faz diferente e faz
com que nos identi�quemos como brasileiros e nação.  
Fonte: iStock. 
Pesquise mais
Para saber mais sobre cultura, leia o texto: 
TILIO, Rogério. Re�exões acerca do conceito de cultura. Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades, v. VII,
n. XXVIII, p.35-46, jan./mar. 2009.  
Nação
Falar em nação é falar em um povo que possui uma história comum, mesmo sendo diferente em sua origem. Mas
será que podemos falar que somos um povo comum? Será que ainda somos diferentes, não apenas naquilo que
nos constituem, mas também em nossas atitudes? 
Para �nalizar, podemos dizer que, em nossa sociedade, a presença da diferença ainda é tomada na relação
“norma” e “desvio”. Há muitas pessoas que ainda tratam de forma preconceituosa aqueles que são, de alguma
forma, diferentes delas. Atitudes racistas e machistas, por exemplo, ainda são bastante correntes e perfazem um
número razoável de inquéritos policiais.

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