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A relação entre Justiça e Contrato

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS
Aluno(a): Amanda Rosito da Silva
2021/1
1. Qual é a origem do contrato e qual é a questão da justiça?
Consoante os contratualistas, a sociedade e o Estado são fruto do resultado das decisões
humanas: do contrato social. Hobbes, Locke e Rousseau são os precursores da teoria contratualista.
Este último, autor do “Contrato Social”, é considerado o maior pensador do século XVIII, e John
Locke, autor de “Segundo Tratado”, e Hobbes, autor de “Leviatã”, são grandes pensadores do
século XVII. 
Para Hobbes, o medo, gerado pelo estado de natureza, é o que estimula a criação do contrato
social. Consoante o autor, o estado de natureza: 
(…) deu a cada um o direito a tudo; isso quer dizer que, num estado puramente natural, ou
seja, antes que os homens se comprometessem por meio de convenções ou obrigações, era
lícito cada um fazer o que quisesse, e contra quem julgasse cabível e por tanto possuir, usar
e desfrutar tudo que quisesse ou pudesse obter. Ora, como basta um homem querer uma
coisa qualquer para que ela já lhe pareça boa, e o fato dele a desejar já indica que ela
contribui, ou pelo menos lhe parece contribuir, para sua conservação (...), de tudo isso então
decorre que, no estado de natureza, para todos é legal ter tudo e tudo cometer. E é este o
significado daquele dito comum, ‘a natureza deu tudo a todos’, do qual portanto o
entendemos que, no estado de natureza a medida do direito esta na vantagem que for
obtida1. 
Locke, por outro lado, acredita que o estado de natureza é um estado de:
(…) perfeita liberdade para regular suas ações e dispor de suas posses e pessoas do modo
como julgarem acertado dentro dos limites da lei da natureza, sem pedir licença ou
depender da vontade de qualquer outro homem. É também um estado de igualdade, em que
é recíproco todo o poder e jurisdição, não tendo ninguém mais que outro qualquer2.
Para o autor, a necessidade da criação do contrato social se dá pela ausência, no estado de
natureza, de uma autoridade capaz de garantir os direitos fundamentais ao homem (direito à vida, à
liberdade e à propriedade) e, consequentemente, a paz. 
Finalmente, Roussau entende que o homem, no estado de natureza, é bom, mas a sociedade,
a partir da divisão do trabalho e da criação da propriedade privada, o torna mau. Assim, o contrato
social tem por objetivo “encontrar uma forma de associação que defenda e proteja contra toda força
1 HOBBES, Thomas. Leviatã. Matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. (Tradução de João Paulo
Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva). 3. ed. São Paulo: AbrilCultural, 1983. Col, p. 32.
2 LOCKE, John. Dois Tratados Sobre o Governo. (Tradução de Julio Fischer). São Paulo: Martins Fontes, 1998, p.
382.
1
comum, a pessoa e os bens de cada associado e pela qual cada um, unindo-se a todos, apenas
obedeça a si próprio, e se conserve tão livre quanto antes”3.
2. Qual é o contexto histórico em que surgiram estas ideias dos chamados contratualistas modernos?
Durante os séculos XV e XVIII, no período denominado Idade Moderna, a justificação
racional para a existência das sociedades humanas e a criação do Estado era uma questão latente
que ocupou bastante os filósofos da época. A resposta para estas indagações conduziu, portanto, os
filósofos iluministas da Idade Moderna, no século XVIII, às concepções de “estado de natureza”
(“estado natural” ou “estado de natureza original”) e Estado Civil (ou Estado Moderno). Dentre as
principais contribuições do Iluminismo, uma das mais influentes correntes de pensadores foram os
contratualistas. 
3. Quais os princípios são estabelecidos mediante a realização do contrato social?
Os principais princípios estabelecidos mediante a realização do contrato social são de
liberdade e igualdade.
4. Qual o ponto de partida de todas as teorias do contrato social?
O estado de natureza é o ponto de partida da tese dos autores contratualistas.
5. O que está na base da ideia de uma saída do estado de natureza?
Na base da saída do estado de natureza, para os contratualistas, está a ideia do contrato social
(um pacto entre os homens). Assim, os homens, em decorrência do instinto de conservação, guiados
pela razão, se obrigam a criar um contrato social: 
(...)a condição preliminar para obter a paz é o acordo de todos para sair do estado de
natureza e para instituir uma situação tal que permita a cada um seguir os ditames da razão,
com a segurança de que outros farão o mesmo4.
 Entretanto, como mencionado na primeira questão, o motivo da passagem do estado de
natureza para a criação do Estado Civil, consequência do contrato social, é distinto para cada autor. 
3 ROUSSEAU, J. J. Do Contrato Social (1757), Abril Cultural, São Paulo, 1983, p. 32. 
4 BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes, p. 40.
2
6. Como os contratualistas respondem a esta questão crucial: como compatibilizar as liberdades
individuais com a vida em sociedade?
Consoante a teoria contratualista, somente o contrato social é capaz de garantir a convivência
das vontades do homem num âmbito comunitário de paz e obediência à vontade da maioria; o
contrato, então, busca uma forma de associação política que assegure os ideais de liberdade e
igualdade.
7. O estado de natureza em Hobbes é um evento histórico ou uma questão lógica?
Para Hobbes, o estado de natureza não é um evento histórico; sua teoria é uma construção
meramente hipotética – abstrata. 
8. Por que, para Hobbes, no estado de natureza o indivíduo vê o outro sempre como uma ameaça a
sua vida?
Para Hobbes, o estado de natureza não é caracterizado pela sociabilidade, mas por seu
contrário, a guerra de todos contra todos: 
(…) tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de
todo homem, o mesmo é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem
outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e sua própria
invenção. Numa tal situação não há lugar para a indústria, pois seu fruto é incerto;
consequentemente não há cultivo da terra, nem navegação, nem uso das mercadorias que
podem ser importadas pelo mar; não há construções confortáveis, nem instrumentos para
mover e remover as coisas que precisam de grande força; não há conhecimento da face da
Terra, nem cômputo do tempo, nem artes, nem letras; não há sociedade; e o que é pior do
que tudo, um constante temor e perigo de morte violenta5. 
Portanto, o homem, no estado de natureza, está em constante preocupação com a
sobrevivência diante da ameça de morte violenta. A guerra é gerada pelo permanente estado de
tensão e medo.
9. Como se dá aquisição do da propriedade para John Locke?
5 HOBBES, Thomas. Leviatã. Matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. (Tradução de João Paulo 
Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva). 3. ed. São Paulo: AbrilCultural, 1983. Col, p. 76.
3
Locke entende que a propriedade já existe no estado de natureza e, sendo uma instituição
anterior à sociedade, é um direito natural do indivíduo que não pode ser violado pelo Estado.
Consoante o autor, sempre que o homem:
(...) tira um objeto do estado em que a natureza o colocou e deixou, mistura nisso o seu
trabalho e a isso acrescenta algo que lhe pertence, por isso o tornando sua propriedade. Ao
remover este objeto do estado comum em que a natureza o colocou, através do seu trabalho
adiciona-lhe algo que excluiu o direito comum dos outros homens. Sendo este trabalho uma
propriedade inquestionável do trabalhador, nenhum homem, exceto ele, pode ter o direito
ao que o trabalho lhe acrescentou, pelo menos quando o que resta é suficiente aos outros,
em quantidade e qualidade6.
Portanto, o ‘trabalho’ do homem e a ‘obra’ de suas mãos são propriamente seus, assim, seja o
que for que ele retire do estado que a natureza lhe forneceu e no qual o deixou, fica-lhe misturado
ao próprio trabalho,e, por isso mesmo, tornando-o propriedade dele. 
10.O que nós poderíamos encontrar como contribuição dos contratualistas modernos para um autor
contemporâneo como John Rawls?
Embora nenhum dos autores afirme que esse contrato original tenha realmente existido, o
apelo a esse modelo de justificação é uma forma de dar à sociedade um fundamento racional: caso
os homens vivessem em um estado de natureza, eles perceberiam racionalmente que o melhor para
eles seria reunir-se em uma sociedade e fazer um contrato, estabelecendo uma organização social
mais adequada aos ditames da razão. Se assim fariam os homens no estado de natureza, então se
pode concluir que a criação e a manutenção da sociedade civil é a única opção racional de
organização.
6 LOCKE, John. Dois Tratados Sobre o Governo. (Tradução de Julio Fischer). São Paulo: Martins Fontes, 1998, p.
98.
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