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Transtorno Dismórfico Corporal

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Transtorno Dismórfico corporal
Psiquiatria 9
* Transtorno Dismórfico Corporal: caracterizado pela preocupação com um defeito imaginado na aparência que causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo em importantes áreas do funcionamento. Se uma pequena anomalia física estiver de fato presente, a preocupação da pessoa com ela é excessiva e incômoda. Está incluso nos transtornos do espectro obsessivo-compulsivo devido às suas semelhanças com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
epidemiologia
* Idade mais comum de início é entre os 15 e 30 anos e que as mulheres costumam ser mais afetadas do que os homens. 
* Indivíduos afetados também tendem a ser solteiros. 
* Transtorno dismórfico corporal coexiste comumente com outros transtornos mentais.
etiologia
* Causa do transtorno dismórfico corporal é desconhecida. 
* A alta comorbidade com transtornos depressivos, uma história familiar maior do que a esperada de transtornos do humor e TOC e a responsividade relatada da condição a drogas específicas de serotonérgicas indicam que, pelo menos em alguns pacientes, a fisiopatologia do transtorno pode envolver a serotonina e estar relacionada a outros transtornos mentais. 
* Conceitos estereotipados de beleza enfatizados em certas famílias e na cultura podem afetar significativamente os indivíduos com transtorno dismórfico corporal. 
* Em modelos psicodinâmicos, esse transtorno é visto como o reflexo do deslocamento de um conflito sexual ou emocional a uma parte do corpo relacionada. Tal associação ocorre por meio dos mecanismos de defesa de repressão, dissociação, distorção, simbolização e projeção.
diagnóstico e características clínicas
* Critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno dismórfico corporal estipulam preocupação com um defeito percebido na aparência ou ênfase excessiva em um pequeno defeito. Ele também estabelece que, em algum momento do curso do transtorno, o indivíduo realizará comportamentos compulsivos (i.e., olhar-se no espelho, arrumar-se em excesso) ou atos mentais (p. ex., comparar sua aparência à dos outros). A preocupação causa sofrimento emocional significativo aos pacientes ou grande prejuízo em seu funcionamento em áreas importantes. 
* As preocupações mais comuns envolvem defeitos faciais, em especial os relacionados a partes específicas (p. ex., o nariz). Às vezes, a preocupação é vaga e difícil de compreender, como uma preocupação extrema com um “queixo amassado”.
* Uma variante proposta do transtorno dismórfico entre homens é o desejo de “aumentar” e desenvolver grande massa muscular, o que pode interferir na vida cotidiana, na manutenção do emprego ou na saúde. 
* A parte do corpo específica pode mudar durante o período em que o paciente é afetado pelo transtorno. 
* Sintomas associados comuns incluem ideias delirantes ou delírios de referência (em geral sobre as pessoas percebendo o tal defeito corporal), olhar-se no espelho constantemente ou evitar superfícies reflexivas e tentativas de esconder a deformidade presumida (com maquiagem ou roupas). 
* Efeitos na vida da pessoa podem ser significativos; quase todos os pacientes afetados evitam exposição social e ocupacional. Até um terço dos pacientes pode se manter em casa por medo de ser ridicularizado pelas supostas deformidades, e aproximadamente um quinto deles tenta o suicídio. 
* Diagnósticos comórbidos de transtornos depressivos e de ansiedade são comuns, os pacientes também podem apresentar traços de TOC, transtorno esquizoide e transtorno da personalidade narcisista.
diagnóstico diferencial
* Preocupações Normais com a Aparência e Defeitos Físicos Claramente Perceptíveis: transtorno dismórfico corporal diferencia-se das preocupações normais com a aparência por se caracterizar por preocupações excessivas relacionadas à aparência e por comportamentos repetitivos que tomam tempo que também são geralmente difíceis de resistir ou controlar e que causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento. Os defeitos físicos que são claramente perceptíveis (i.e., não leves) não são diagnosticados como transtorno dismórfico corporal. No entanto, beliscar a pele como sintoma de transtorno dismórfico corporal pode causar lesões e cicatrizes visíveis; nesses casos, o transtorno deve ser diagnosticado.
* Transtornos Alimentares: em um indivíduo com transtorno alimentar, as preocupações com ser gordo são consideradas um sintoma do transtorno alimentar em vez de transtorno dismórfico corporal. No entanto, preocupações com o peso podem ocorrer no transtorno dismórfico corporal. Os transtornos alimentares e o transtorno dismórfico corporal podem ser comórbidos; nesse caso, ambos devem ser diagnosticados.
* Outros Transtornos Obsessivo-Compulsivos e Transtornos Relacionados: as preocupações e os comportamentos repetitivos do transtorno dismórfico corporal diferem das obsessões e compulsões do TOC na medida em que o primeiro foca somente na aparência. Esses transtornos têm outras diferenças, como insight mais pobre no transtorno dismórfico corporal. Quando arrancar a pele tem a intenção de melhorar a aparência dos defeitos nela percebidos, deve ser diagnosticado transtorno dismórfico corporal em vez de transtorno de escoriação (skin-picking). Quando a remoção de pelos (depilar, arrancar ou outros tipos de remoção) tem a intenção de melhorar defeitos percebidos na aparência do pelo facial ou corporal, o transtorno dismórfico corporal é diagnosticado em vez de tricotilomania (transtorno de arrancar o cabelo).
* Transtorno de Ansiedade de Doença: indivíduos com transtorno dismórfico corporal não são preocupados com ter ou adquirir uma doença grave e não têm níveis particularmente elevados de somatização.
* Transtorno Depressivo Maior: preocupação proeminente com a aparência e os comportamentos repetitivos excessivos no transtorno dismórfico corporal diferenciam-no do transtorno depressivo maior. Entretanto, o transtorno depressivo maior e os sintomas depressivos são comuns em indivíduos com transtorno dismórfico corporal, com frequência parecendo ser secundários ao sofrimento e ao prejuízo causados por essa perturbação. O transtorno dismórfico corporal deve ser diagnosticado em indivíduos deprimidos se os critérios diagnósticos para ele forem satisfeitos. 
* Transtornos de Ansiedade: ansiedade social e evitação são comuns no transtorno dismórfico corporal. No entanto, diferentemente do transtorno de ansiedade social (fobia social), da agorafobia e do transtorno da personalidade evitativa, o transtorno dismórfico corporal inclui preocupação proeminente relacionada à aparência, que pode ser delirante, e comportamentos repetitivos; já a ansiedade social e a evitação devem-se a preocupações acerca de defeitos percebidos na aparência e à crença ou ao medo de que outras pessoas considerem esses indivíduos feios, de que os ridicularizem ou os rejeitem devido às suas características físicas. Diferentemente do transtorno de ansiedade generalizada, a ansiedade e a preocupação no transtorno dismórfico corporal focam nas falhas percebidas na aparência.
* Transtornos Psicóticos: muitos indivíduos com transtorno dismórfico corporal têm crenças delirantes sobre a aparência (i.e., completa convicção de que sua visão dos seus defeitos percebidos é correta), o que é diagnosticado como transtorno dismórfico corporal, com insight ausente/crenças delirantes, não como transtorno delirante. Ideias relacionadas à aparência ou delírios de referência são comuns no transtorno dismórfico corporal; contudo, diferentemente da esquizofrenia ou do transtorno esquizoafetivo, o transtorno dismórfico corporal envolve preocupações proeminentes com a aparência e comportamentos repetitivos relacionados, e o comportamento desorganizado e outros sintomas psicóticos estão ausentes (exceto pelas crenças acerca da aparência, que podem ser delirantes).
* Outros Transtornose Sintomas: transtorno dismórfico corporal não deve ser diagnosticado se a preocupação estiver limitada a desconforto ou a um desejo de se livrar de características sexuais primárias e/ou secundárias em um indivíduo com disforia de gênero ou se a preocupação focar na crença de que o indivíduo emite um odor corporal desagradável ou ofensivo, como na síndrome de referência olfativa (que não é um transtorno do DSM-5). O transtorno de identidade da integridade corporal (apotenofilia) (que não é um transtorno do DSM-5) envolve um desejo de ter um membro amputado para corrigir uma experiência de inadequação entre a noção de identidade corporal de uma pessoa e sua verdadeira anatomia. No entanto, a preocupação não foca na aparência do membro, como seria no transtorno dismórfico corporal. Koro, um transtorno relacionado culturalmente que em geral ocorre em epidemias no sudoeste da Ásia, consiste no medo de que o pênis (lábios, mamilos ou mamas nas mulheres) esteja encolhendo ou se retraindo e vá desaparecer no abdome, com frequência acompanhado de uma crença de que isso resultará em morte. O koro difere do transtorno dismórfico corporal em vários aspectos, incluindo um foco na morte em vez da preocupação com a feiura percebida. A preocupação dismórfica (que não é um transtorno do DSM-5) é um construto muito mais amplo do que o transtorno dismórfico corporal e não é equivalente a ele. Envolve sintomas que refletem uma preocupação excessiva com falhas leves ou imaginadas na aparência.
curso e prognóstico
* Transtorno dismórfico corporal normalmente começa durante a adolescência, apesar de poder começar mais tarde, após uma insatisfação prolongada com o corpo. A idade de início não é bem compreendida, porque há variação entre o início dos sintomas e a busca do tratamento. 
* Início pode ser gradual ou súbito.
* Transtorno em geral tem um curso longo e ondulante, com poucos intervalos sem sintomas. 
* A parte do corpo em que a preocupação se foca pode permanecer a mesma ou mudar ao longo do tempo.
tratamento
* Tratamento de pacientes com transtorno dismórfico corporal com procedimentos cirúrgicos, dermatológicos, dentais e outros procedimentos médicos para tratar os supostos defeitos quase invariavelmente não dá resultado.
* Dados indicam que drogas específicas serotonérgicas – por exemplo, clomipramina e fluoxetina, reduzem (Prozac) – os sintomas em pelo menos 50% dos casos. Qualquer paciente com um transtorno mental coexistente, tal como o depressivo ou o de ansiedade, deve ser tratado com a farmacoterapia e a psicoterapia adequadas. Não se sabe por quanto tempo o tratamento deve ser continuado após os sintomas do transtorno dismórfico corporal terem entrado em remissão. O aumento de inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) com clomipramina, buspirona, lítio, metilfenidato ou antipsicóticos pode melhorar a frequência de resposta.