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Av1 Direito Penal - Crimes contra a pessoa

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Centro Universitário Leonardo da Vinci 
Disciplina: Direito Penal – Crimes contra a pessoa 
Professora: Cláudia Becker 
Acadêmica: Eloise Aparecida de Oliveira Mazur 
(2125645) 
Turma: DIR0353 
 
Trabalho Escrito – Análise dos artigos 
1. Análise por escrito dos artigos 130 até o art. 136, abordando os 
seguintes critérios de cada artigo: Objeto jurídico, sujeito ativo, 
sujeito passivo, elemento objetivo, elemento subjetivo, consumação, 
tentativa, eventuais causas de aumento de pena. 
 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato 
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que 
está contaminado: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Somente se procede mediante representação. 
• Objeto jurídico: Incolumidade física e a saúde da pessoa humana. 
Alguns doutrinadores como Magalhães Noronha, incluem a “vida” 
como bem jurídico tutelado. 
• Sujeito ativo: Crime comum. Qualquer pessoa, portadora de moléstia 
venérea. 
• Sujeito passivo: Qualquer pessoa. Irrelevante o consentimento do 
ofendido. 
• Elemento objetivo: Manter relação sexual ou praticar qualquer ato 
libidinoso, expondo a vítima a contágio de moléstia venérea de que 
sabe ou deveria saber. 
• Elemento subjetivo: Definido pelo caput, exige-se dolo direto ou 
eventual, isto é, que o agente, mesmo não buscando o contágio, mas 
sabendo que possui doença venérea (dolo direto) ou devendo sabê-lo 
(dolo eventual, voluntariamente mantém relação sexual ou ato 
libidinoso, colocando a saúde da vítima em perigo. 
• Consumação: Consuma-se no momento da prática do ato sexual, 
independente do contágio. 
• Tentativa: Admissível 
• Eventuais causas de aumento de pena: §1° art. 130 CP – Se é 
intenção do agente transmitir a moléstia (Dolo de dano). 
 
Art. 131 – Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que 
está contaminado, ato capaz de produzir contágio: 
 
Pena – Reclusão, 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
• Objeto jurídico: Incolumidade física e a saúde da pessoa humana. 
• Sujeito ativo: Qualquer pessoa contaminada de moléstia grave 
contagiosa. 
• Sujeito passivo: Qualquer pessoa, desde que não esteja contaminada 
por igual moléstia. 
• Elemento objetivo: Pratica ato capaz de produzir contágio, com o fim 
de transmitir a outrem moléstia grave. 
• Elemento subjetivo: Dolo, deve o agente buscar a transmissão da 
moléstia, dolo direto de dano. 
• Consumação: Com a prático do ato perigoso ou capaz de produzir o 
contágio, independentemente do contágio. 
• Tentativa: Possível (delito plurissubsistente) 
• Eventuais causas de aumento de pena: Se ocorrer o contágio, 
resultando de lesão de natureza grave ou morte, por estes crimes 
responderá o agente causador. 
 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a 
exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de 
pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer 
natureza, em desacordo com as normas legais. 
• Objeto jurídico: A vida e saúde da vítima. 
• Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
• Sujeito passivo: Qualquer pessoa, desde que individualizada. 
• Elemento objetivo: Expor a vida ou saúde de outrem em perigo de 
dano direto, efetivo e iminente. 
• Elemento subjetivo: Dolo de perigo (direto ou eventual), consiste na 
vontade consciente de, mediante ação ou omissão, colocar a vida ou 
saúde de pessoa(s) determinada(s) em risco iminente. 
• Consumação: Surgindo efetivo risco, o crime se considera 
consumado. 
• Tentativa: Admissível. 
• Eventuais causas de aumento de pena: Parágrafo único art. 132 CP – 
A pena é aumentada e 1/6 a 1/3 se a exposição da vida ou da saúde 
de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação 
de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo 
com as normas legais. 
 
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância 
ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos 
resultantes do abandono: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Aumento de pena 
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou 
curador da vítima. 
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, 
de 2003). 
• Objeto jurídico: Proteger a vida e a integridade físico-psíquica da 
vítima, pessoa incapaz de sozinha se proteger. 
• Sujeito ativo: Crime próprio, só pode ser cometido por aquele que 
tenha a vítima sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade. 
• Sujeito passivo: Qualquer pessoa que se encontre sobre cuidado, 
guarda, vigilância ou autoridade do sujeito ativo e por qualquer 
motivo seja incapaz de defender-se dos riscos advindos do abandono. 
• Elemento objetivo: Abandonar pessoa indefesa, deixando-a sem 
condições de se defender. 
• Elemento subjetivo: Dolo de perigo (direto ou eventual), consiste na 
vontade consciente de abandonar a vítima, colocando-a em risco. 
• Consumação: Consuma-se quando, devido ao abandono, o incapaz 
sofre concreta situação de risco. 
• Tentativa: Admite tentativa 
• Eventuais causas de aumento de pena: De acordo com §3°, incisos I, 
II e III, aumentasse a pena se o abandono ocorrer em lugar ermo, se 
o agente é descendente, ascendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador 
da vítima, bem como se esta é mais de sessenta anos. 
 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra 
própria: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
• Objeto jurídico: A vida e integridade físico-psíquica da vítima 
recém-nascida. 
• Sujeito ativo: A mãe e eventualmente o pai, o motivo é para ocultar 
desonra própria. É possível concurso de pessoas, nas duas 
modalidades (coautoria e participação). 
• Sujeito passivo: O recém-nascido 
• Elemento objetivo: Expor ou abandonar recém-nascido, colocando-o 
a perigo concreto, visando ocultar desonra própria. 
• Elemento subjetivo: Dolo, consiste na vontade consciente de expor 
ou abandonar o recém-nascido. 
• Consumação: Quando o recém-nascido é abandonado, ficando 
exposto, efetivamente, a perigo real. 
• Tentativa: Possível. 
• Eventuais causas de aumento de pena: Se o fato resultar lesão 
corporal de natureza grave ou morte, o crime será qualificado nos 
parágrafos 1° e 2°. Havendo, junto com o abandono, vontade do 
agente ferir gravemente ou matar o recém-nascido, o crime será o de 
lesão corporal dolosa de natureza grave ou homicídio doloso. 
 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou 
ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses 
casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta 
lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
• Objeto jurídico: Segurança do indivíduo, protegendo-se a vida e a 
saúde humana. 
• Sujeito ativo: Quaisquer pessoas podem praticar o crime. 
• Sujeito passivo: Segundo a enumeração do artigo, são pessoas a 
quem a assistência deve ser prestada, no caso, criança abandonada ou 
extraviada,pessoa inválida ou ferido desamparado e qualquer pessoa 
em grave ou iminente perigo. 
• Elemento objetivo: Deixar de prestar assistência, omitir socorro. 
• Elemento subjetivo: Omissão dolosa, vontade livre de não prestar 
assistência. 
• Consumação: Consuma-se no momento da omissão, deixando o 
agente de realizar atividade devida. 
• Tentativa: Trata-se de crime omissivo próprio, não admitindo 
tentativa. 
• Eventuais causas de aumento de pena: De acordo com o parágrafo 
único, a pena é aumentada de metade se da omissão resulta lesão 
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, 
bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como 
condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial. 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de 
atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se 
resulta a morte. 
• Objeto jurídico: Tutelar a saúde e a vida da pessoa que, por 
apresentar estado de saúde grave, determinante de imediato socorro 
especializado, busca atendimento médico-hospitalar emergencial. 
• Sujeito ativo: Praticado por administradores e/ou funcionários do 
hospital. 
• Sujeito passivo: Pessoa que se encontra em estado de emergência. 
• Elemento objetivo: Negar atendimento emergencial, exigindo do 
paciente ou familiares, como condição para a execução dos 
procedimentos de socorro, cheque caução ou preenchimento de 
formulários administrativos. 
• Elemento subjetivo: Admite-se somente a forma dolosa. 
• Consumação: É crime instantâneo que se consuma no momento em 
que o agente exige o cheque-caução, nota promissória ou qualquer 
garantia, bem como no momento do preenchimento prévio de 
formulários administrativos, como condição para o atendimento 
médico-hospitalar emergencial. 
• Tentativa: Em tese, a tentativa é possível. 
• Eventuais causas de aumento de pena: No parágrafo único dispõe, a 
pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta 
lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. 
 
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, 
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, 
quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer 
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios 
de correção ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa 
menor de 14 (catorze) anos. 
• Objeto jurídico: O bem jurídico tutelado é a vida, a integridade 
corporal e a saúde. 
• Sujeito ativo: Crime próprio, somente comete o crime quem possui 
com o sujeito passivo relação jurídica especificada: autoridade, 
guarda ou vigilância, para fim de educação ensino, tratamento ou 
custódia. 
• Sujeito passivo: Aqueles que se encontram sob o poder disciplinar do 
agente, pessoas subordinadas ao sujeito ativo. 
• Elemento objetivo: Impor maus-tratos é tratar pessoa com violência, 
bater, espancar, maltratar, mutilar, submeter a sofrimento de ordem 
física e mental. Trata-se de crime de ação vinculada, a conduta só 
será típica se a exposição a perigo se der mediante uma das formas 
de execução: a) privação de alimentos, b) privação de cuidados 
indispensáveis, c) sujeição a trabalhos excessivos ou inadequados ou 
d) abuso dos meios de disciplina e correção. 
• Elemento subjetivo: Dolo de perigo, é necessário que haja 
consciência de maltratar a vítima, expondo-a em perigo. 
• Consumação: Consuma-se no momento em que o agente cria o 
perigo real. 
• Tentativa: Admite-se a tentativa somente nas modalidades 
comissivas, plurissubsistentes, não habituais. 
• Eventuais causas de aumento de pena: O parágrafo 3°, acrescentado 
pela Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), prevê 
causa de aumento de pena nas hipóteses em que o crime é cometido 
contra menores de 14 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências bibliográficas. 
 
CUNHA, Rogério Sanches. Manual do direito penal: parte especial. 
Salvador. JusPODIVM 
 
FILHO, José Nabuco. Direito penal, parte especial. São Paulo. 
Disponível em < http://josenabucofilho.com.br/home/direito-
penal/parte-especial/abandono-de-incapaz-art-133-cp/ 
 
http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-
especial/omissao-de-socorro-art-135-cp/ 
 
http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-
especial/maus-tratos-art-136-cp/#:~:text=136),-
Bem%20jur%C3%ADdico&text=Trata%2Dse%20de%20crime%20
de,integridade%20corporal%20e%20a%20sa%C3%BAde. 
 
 
http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/abandono-de-incapaz-art-133-cp/
http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/abandono-de-incapaz-art-133-cp/
http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/abandono-de-incapaz-art-133-cp/
http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/abandono-de-incapaz-art-133-cp/
http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/maus-tratos-art-136-cp/#:~:text=136),-Bem%20jur%C3%ADdico&text=Trata%2Dse%20de%20crime%20de,integridade%20corporal%20e%20a%20sa%C3%BAde.
http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/maus-tratos-art-136-cp/#:~:text=136),-Bem%20jur%C3%ADdico&text=Trata%2Dse%20de%20crime%20de,integridade%20corporal%20e%20a%20sa%C3%BAde.
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