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DIREITO PENAL III Aula 3 - CRIMES CONTRA A PESSOA. LESÕES CORPORAIS. PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE. RIXA. PARTE II. CAPÍTULO III DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE Perigo de contágio venéreo Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação. Perigo de contágio de moléstia grave Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Perigo para a vida ou saúde de outrem Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. Abandono de incapaz Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de seis meses a três anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Aumento de pena § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. Exposição ou abandono de recém-nascido Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - detenção, de um a três anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de dois a seis anos. Omissão de socorro Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. CAPÍTULO IV DA RIXA Rixa Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. PERIGO DE CONTÁGIO VENERO – ARTIGO 130 DO CP Análise da figura típica Bem jurídico tutelado: INCOLUMIDADE FÍSICA E A SAÚDE DA PESSOA HUMANA (A existência, harmonia e prosperidade da coletividade estão condicionados à saúde, segurança e bem-estar de cada um e por isso, são objeto do interesse público. Elementos do tipo: Tipo objetivo, consiste em expor (colocar em perigo) a contágio de moléstia venérea de que se sabe ou devia saber ser portador. Tipo subjetivo: o agente sabe que está contaminando ou o agente não sabe mas deveria saber ou sabe que está contaminado e tem a intenção de transmitir (dolo de perigo e/ou dolo eventual). Sujeitos do delito : Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que portador de moléstia venérea e o sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa. Classificação doutrinária: O perigo de contágio venéreo é crime comum, pois não exige nenhuma qualidade dos sujeitos, ativos ou passivos; é formal, pois consuma-se com a simples realização de conduta típica, independente do resultado; instantâneo (único instante), comissivo (o agente faz o que a norma proíbe) e plurissubsistente (a conduta é fracionada em diversos atos que, somados, provocam a consumação). A conduta descrita no caput do artigo é crime de perigo e a descrita no §1º é de dano. Consumação e tentativa O crime de perigo de contágio venéreo consuma-se com a prática de atos libidinosos (conjunção carnal ou não), capazes de transmitir a moléstia venérea, independentemente do contágio, que poderá ou não ocorrer. Admite-se a tentativa. Exemplo seria o agente, pretendendo manter relação sexual com a vítima, não consegue, por circunstâncias alheias à sua vontade. Perigo de contágio venéreo Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: (forma simples) Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: (forma qualificada) Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação. Questões especiais: Pode este crime ocorrer, entre marido e mulher. Pode haver concurso formal (artigo 7º do CP, quando o agente com apenas uma ação, comete dois ou mais crimes), com os crimes contra a liberdade sexual. Pode haver crime impossível, se a vítima já estiver contaminada. Perigo de contágio de moléstia grave. (Art.131, do Código Penal) A definição de moléstia grave compete à medicina. Análise da figura típica Bem jurídico tutelado: INCOLUMIDADE FÍSICA E A SAÚDE DA PESSOA HUMANA. São moléstias graves e contagiosas, dentre outras, AIDS, varíola, tuberculose, cólera, lepra, tifo. Elementos do tipo: Tipo objetivo, consiste em praticar o contágio de moléstia grave. Tipo subjetivo: dolo, consciência e vontade. Sujeitos do delito : Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que portador de moléstia grave e contagiosa e o sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa. Classificação doutrinária: O perigo de contágio venéreo é crime comum, de perigo com dolo de dano, é formal, pois consuma-se com a simples realização de conduta típica, independente do resultado; instantâneo (único instante), comissivo (o agente faz o que a norma proíbe). A ação penal é pública incondicionada, sendo desnecessária qualquer manifestação da vítima ou representante legal. Perigo para a vida ou a saúde de outrem. (Art.132, do Código Penal) Análise da figura típica Bem jurídico tutelado: A VIDA E A SAÚDE DA PESSOA HUMANA. Elementos do tipo: Tipo objetivo, consiste em colocar em perigo a vida e a saúde de alguém. Tipo subjetivo: dolo, consciência e vontade. Sujeitos do delito : Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo e passivo desse crime. Classificação doutrinária: Crime comum, não exigindo nenhuma condição especial dos sujeitos; é formal, consumando-secom a simples realização da conduta típica, independente do resultado, pois se trata de crime de perigo. É crime doloso, instantâneo, comissivo ou omissivo, simples e essencialmente subsidiário. A ação penal é pública incondicionada, sendo desnecessária qualquer manifestação da vítima ou representante legal. Abandono de incapaz. (Art.133, do Código Penal) Análise da figura típica Bem jurídico tutelado: É a segurança da pessoa humana, particularmente do incapaz. Elementos do tipo: Tipo objetivo, consiste em abandonar. O elemento subjetivo é o dolo de perigo, representado pela vontade e consciência de expor a vítima através do abandono. Sujeitos do delito : Qualquer pessoa que tenha especial relação de assistência e proteção com a vítima e sujeito passivo pode ser qualquer pessoa que se encontre nas relações de cuidado, guarda e vigilância. Classificação doutrinária: Crime de perigo concreto, crime próprio; instantâneo de efeitos permanentes, comissivo ou omissivo e de dolo. Formas qualificadas: O §§ 1º e 2º do artigo 133 preveem figuras qualificadas pelo resultado. Majoração da pena: o Estatuto do Idoso (Lei nº10.741/2003) acrescentou o inciso III ao §3º do artigo, inovando ao prever a majoração da pena para as hipóteses de a vítima de ser maior de 60 anos. A ação penal é pública incondicionada, sendo desnecessária qualquer manifestação da vítima ou representante legal. Exposição e abandono de recém-nascido. (Art.134, do Código Penal) Para muitos é uma espécie seria a figura privilegiada praticado por motivo de honra. Omissão de socorro. (Art.135, do Código Penal) Análise da figura típica Bem jurídico tutelado: Preservação da vida e da saúde do ser humano. O fundamento da criminalização da omissão de socorro é o desrespeito ao dever de solidariedade humana, um princípio moral exigido à condição do dever jurídico. Elementos do tipo: Tipo objetivo, consiste no crime omissivo próprio (desobediência de uma norma). O elemento subjetivo é o dolo de perigo, representado pela vontade de omitir com a consciência do perigo. Sujeitos do delito : O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, mas já o sujeito passivo somente pode ser a criança abandonada ou extraviada, a pessoa inválida ou ferida, desamparada ou qualquer .pessoa em grave e iminente perigo. Classificação doutrinária: Crime omissivo próprio e instantâneo. Consumando-se com a simples abstenção da conduta devida no instante em que o sujeito omite a prestação de socorro, independente da produção de qualquer resultado. Trata-se de crime de perigo. Crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa; doloso. O erro, quanto à existência do perigo, quanto à possibilidade da conduta ou quanto à existência de risco pessoal, exclui o dolo. A ação penal é pública incondicionada, sendo desnecessária qualquer condição. Condicionamento a atendimento médico-hospitalar emergencial. (Art.135-A, do Código Penal) Análise da figura típica Bem jurídico tutelado: Preservação da vida e da saúde do ser humano. Elementos do tipo: Tipo objetivo, exigir como condição para atendimento médico-hospitalar emergencial, a garantia formal de pagamento. O elemento subjetivo é o dolo representado pela vontade e a consciência. Sujeitos do delito : O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (que determine a necessidade do atendimento com as condições relacionadas ao tipo penal) , mas já o sujeito passivo será a vítima que estiver precisando do atendimento especial. Classificação doutrinária: Crime comum, pois não exige condição especial dos agentes; crime de perigo concreto, deve ser demonstrado que a conduta do agente produz, efetivamente, uma situação de perigo à vítima; doloso; comissivo já qie a conduta nuclear somente pode ser praticada mediante ação; instantâneo, não há distância temporal entre a ação e a consequência, que é imediata. A ação penal é pública incondicionada, sendo desnecessária qualquer condição. Maus-tratos. (Art.136, do Código Penal) Análise da figura típica Bem jurídico tutelado: Preservação da vida e da saúde da pessoa humana. Elementos do tipo: Tipo objetivo, privar de alimentação, privar de cuidados indispensáveis, trabalho excessivo ou inadequado, abusar de meios corretivos ou disciplinares. Tipo subjetivo é a vontade e consciência do abuso. Sujeitos do delito : O sujeito ativo é somente quem se encontre na condição especial de exercer a autoridade, guarda ou vigilância e o sujeito passivo a pessoa que se encontre subordinada para as finalidades relacionadas no tipo penal. Classificação doutrinária: Crime próprio, pois exige vínculo especial entre os sujeitos. É formal, consumando-se com a simples realização da conduta típica, independente do resultado, porque trata-se de um crime de perigo. É crime de perigo concreto, exigindo sua comprovação. É instantâneo, mas eventualmente pode ser de forma permanente. A ação penal é pública incondicionada, sendo desnecessária qualquer condição. Rixa. (Art.137, do Código Penal) Análise da figura típica Bem jurídico tutelado: A incolumidade da pessoa humana. Elementos do tipo: Tipo objetivo – é uma briga com mais de duas pessoas, acompanhada de vias de fato ou violência recíproca. Tipo subjetivo é o dolo, representado pela vontade e consciência de participar da rixa. Sujeitos do delito : Os participantes da rixa são ao mesmo tempo sujeitos ativos e passivos, uns em relação aos outros. Posso ter um sujeito passivo, estranho à rixa que passa a ser atingido por ela. Classificação doutrinária: Crime de concurso necessário (participação de pelo menos três); instantâneo porque se consumam no momento da prática das agressões; crime plurissubsistente, que não se completa com ato único; doloso e comissivo pois precisa de uma ação ativa. A ação penal é pública incondicionada, sendo desnecessária qualquer condição. CASO CONCRETO AULA 3 No dia 20 de fevereiro do corrente ano, por volta das 09:30h, Jonas agrediu fisicamente sua ex-mulher Alaíde na presença de seu filho Bruno, de 12 anos. Conforme relatado em sede judicial por Alaíde e confirmado por seu filho, Jonas foi à casa de sua ex-mulher para acertar questões financeiras (relativas ao pagamento da pensão do filho), oportunidade em que, após a vítima ter falado algo que desagradou-o, o mesmo torceu o braço da vítima e atirou-a contra o muro, razão pela qual a mesma caiu ao chão, além de proferir-lhe xingamentos. Dos fatos, Alaíde restou arranhada na mão, no joelho e nas costas, conforme laudo do exame de corpo de delito. Ainda em sede judicial, Alaíde referiu que o ex-marido possui personalidade agressiva e que este seria o motivo do término do relacionamento. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre os crimes contra a pessoa, responda de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas. a) Qual a correta tipificação da conduta de Jonas? b) Pode Jonas alegar a exclusão da tipicidade material da conduta pela incidência do princípio da insignificância? c) É cabível a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos? d) No caso apresentado, foi necessária a representação de Alaíde para que o Ministério Público deflagrasse a ação penal? BOA NOITE! Prof.ª Ana Paula Pimenta
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