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COMUNICAÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS M Ó D U LO 4 CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO 10 ESSA P UBLICA ÇÃO NÃO P ODE S ER COME RCIALI ZADA GRATU ITA APRESENTAÇÃO A partir de agora, você conhecerá algumas técnicas e conceitos bá-sicos para a criação de um plano de comunicação. Este planejamento vai ajudar você a chegar no público-alvo do seu projeto. Assim, você poderá criar estratégias es- pecíficas para a sua ação cultural e usar as estratégias deste fascículo adaptando- -as para a realidade do seu espaço, even- to ou produto cultural. Os planos de comunicação e de ma- rketing são essenciais para o sucesso do seu projeto cultural, funcionando como estratégias de relacionamento com par- ceiros, patrocinadores e, especialmente, com o seu público. Essas estratégias são fundamentais para a visibilidade que seu projeto precisa para ser bem-sucedido. A partir da execução do seu plano de comu- nicação você terá uma divulgação ade- quada, desde a captação dos recursos necessários até a satisfação do seu públi- co final. Lembrando que a comunicação de um projeto cultural envolve comple- xidades do próprio projeto e também do mundo exterior. A produção cultural contemporânea tem extrema ligação com a moderniza- ção da nossa sociedade. Perceba que as novas tecnologias fazem parte de todas as fases do processo criativo. Desde a produção artística até a parte técnica da arte e da cultura estão cada vez mais vin- culadas às inovações tecnológicas e à evo- lução dos nossos meios de comunicação. Assim, uma boa comunicação é indis- pensável na plena realização de um pro- jeto cultural. Dela dependem a visibilida- de e a mobilização que o seu projeto vai gerar entre o seu público, conforme cada fase do projeto. Para isso, primeiro você precisa enten- der o que é um plano de comunicação, para que serve e quais informações ele precisa ter para ser realmente eficiente como estra- tégia para o sucesso do seu projeto cultural. Em seguida, você conhecerá as pos- sibilidades midiáticas que podem fazer parte do seu planejamento. Você vai per- ceber que não existe um modelo pron- to e único a ser seguido, mas também descobrirá que há algumas técnicas que poderão ser aplicadas com sucesso no seu projeto. Você poderá, assim, definir estratégias e metas específicas para a comunicação de seu espaço, evento ou produto cultural, além de perceber que investir na elaboração de um plano de comunicação traz os melhores resulta- dos para suas ações culturais. O seu projeto, certamente, se tornará mais potente quando você conseguir lo- calizar os problemas e corrigir as falhas na fase de planejamento de sua comuni- cação. Experimente! 146 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste 1 O QUE É UM PLANO DE COMUNICAÇÃO O plano de comunicação orienta todas as ações de comunicação antes, durante e depois de um projeto acontecer, inclu-sive as ações relacionadas a patrocí- nios e investimentos. É um documento que deve ser atualizado perio- dicamente à medida que a avaliação de suas ações indiquem alterações do projeto, como com relação aos objetivos, ao cronograma ou ao público. Para começar o seu plano, você precisa responder a algumas perguntas sobre o seu projeto cultural: • Para quem? (o público-alvo podem ser vários gru- pos em um mesmo plano de comunicação. E podem ter sua importância alterada de acordo com a fase do seu projeto cultural); • O quê? (As mensagens-chaves são as informações principais do seu projeto cultural. Nesse sentido, a organização das informações nas mensagens tam- bém são muito importantes) • Quando? • Por quê? Quais os resultados que se deseja alcançar? • Por quem? (o remetente, o porta-voz do projeto cultural, que define a linguagem que dialoga com o público); • Quais serão os canais e as formas de comunicação mais apropriados para atingir o público-alvo? • Quanto será investido para o desenvolvimento de um plano de comunicação e marketing? • Quais as ferramentas de comunicação e/ou marke- ting serão mais apropriadas? • Como os resultados qualitativos e quantitativos serão avaliados? • Quem fará a avaliação do plano de comunicação durante sua execução? Se você conseguir responder corretamente a essas perguntas, o seu plano de comunicação vai permitir que você: • Determine a periodicidade do contato do seu pú- blico com a sua mensagem; • Estabeleça as melhores formas de transmitir as mensagens ao seu público e; • Defina o canal e o público adequados ao seu projeto cultural. Certamente, desenvolvendo um plano de comuni- cação criativo você conseguirá adequar as ferramentas disponíveis para obter os melhores resultados. Desta forma, será mais para o seu projeto cultural alcançar objetivos como: • posicionar-se (ou reposicionar-se) no mercado de arte e de cultura; • entender melhor as expectativas do público com relação ao seu projeto cultural; • definir melhores estratégias de investimento em comunicação e divulgação do seu projeto cultural. PARA REFLETIR Se você não previu um analista de comunicação ou de mídia para seu projeto cultural, em todo país é possível encontrar agências que fazem este planejamento e o executam. 147 COMUNICAÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS 2 O plano de comunicação também deve observar alguns itens específicos, como o ajustamento do conteúdo das mensa- gens com os diversos perfis envolvidos, seja o perfil do projeto, dos públicos, dos parceiros, patrocinadores, colaboradores etc. Afinal, você não gostaria de comuni- car mensagens que fossem contrários aos seus princípios, não é? Quando você criar um plano de co- municação, pesquise bem o mercado cultural, os públicos e a área artística de seu projeto para evitar inconvenientes e imprevistos. Considere a legislação local e a legislação específica das mídias utili- zadas. Atualmente, todas as mídias e pla- taformas digitais apresentam termos de uso que devem ser consideradas mes- mo quando gratuitas. Analise também fatores como condi- ções econômicas e aspectos sociocultu- rais, políticos e ideológicos do público- -alvo, além de uma breve análise das circunstâncias e ocasiões que caracteri- zam o momento de elaboração do seu plano de comunicação. O comportamento do seu público também é importante. Conhecer seus hábitos de consumo e anseios ao elaborar um plano de comunicação é imprescindí- vel. Seu projeto cultural pode ser voltado para o público jovem, mas você precisa especificar melhor. O que esse(a) jovem gosta e o que o seu projeto tem para atraí- -lo(a)? A sua linguagem está adequada? Os meios de comunicação e horários de divulgação do seu projeto cultural vão ao encontro desses jovens? Considere que, conhecendo bem o seu público, vai ficar muito mais fácil de- finir quais canais de comunicação são primordiais para o seu projeto cultural, quais são secundários ou mesmo desne- cessários. Se o seu grupo de jovens não consome rádio ao vivo, por exemplo, não vale a pena você incluir inserções nesta mídia no seu planejamento de comuni- cação. Conhecendo o comportamento do seu público, você conseguirá informações sobre os seus canais de informação pre- feridos: rádio, televisão, impressos, redes sociais, sites de notícias etc. Aproveite es- ses dados para analisar bem os meios e os investimentos necessários para se comu- nicar bem em cada um desses meios. PARA REFLETIR Outro grupo importante de ser observado são os seus concorrentes. Os projetos culturais semelhantes ao seu ou que tenham o mesmo público. Como têm sido as ações de comunicação deles? Em quais estratégias eles têm obtido sucesso? Em quais estratégias eles têm deixado a desejar? O nome desta estratégia de observação é benchmarketing e pode ajudar muito na hora de saber como abordar e agradar o seu público. Acesse: resultadosdigitais. com.br/blog/ benchmarking/ 148 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste PARA QUEMVOCÊ VAI DIVULGAR A SUA AÇÃO CULTURAL? Q uando você faz uma ação de co-municação, é natural que a ativi-dade atinja diferentes públicos, cada qual com seu próprio perfil. Mas sempre existirá o público-alvo ou estra- tégico, aquele mais necessário do que outros para o sucesso da sua ação cultural. Para definir seu público, é importante uma pesquisa aprofundada. Você deve ana- lisar dados anteriores de outras edições do seu projeto ou instituição cultural tentando traçar um perfil etário, de gênero, classe so- cial, hábitos, gostos e interesses. Também vale a pena observar o público de projetos culturais semelhantes. Quanto mais deta- lhada esta pesquisa, maior a chance de seu plano de comunicação atingir os objetivos e metas esperados. O plano de comunicação de um mesmo projeto cultural pode precisar mandar mensa- gens diferentes para públicos diversos em mo- mentos distintos. No entanto, de forma geral, você pode considerar os seguintes grupos: 3.1. Para o seu público-alvo O público-alvo é o grupo mais importante do seu plano de comunicação. A maior parte das ações de comunicação serão voltadas para esta categoria. A partir do seu público-alvo, você definirá, inclusive, quem fará parte dos seus ou- tros grupos, pois precisará, a partir do plano de comunicação, definir canais de comunicação e integrantes dos grupos de influenciadores e imprensa e de apoiadores, parceiros e colabo- radores que dialoguem com o seu público-alvo. 3.2. Para apoiadores, parceiros e colaboradores O seu plano de comunicação, em vários momentos, precisará estabelecer contato com apoiadores, parceiros e colaboradores, sejam eles internos ou externos ao projeto ou insti- tuição cultural. Considere que cada grupo tem expectativas diferentes com relação ao projeto cultural e, portanto, o conteúdo das mensagens deve atender a essas expectativas. Esse público, normalmente, também estará interessado em relatórios e resultados do seu projeto cultural e do plano de comunicação. 3.3. Para influenciadores e imprensa A imprensa e os influenciadores (digitais ou não) também devem ser considerados no seu plano de comunicação. Eles têm a importante função de contribuir com divul- gação das informações que você objetiva in- formar a seus outros públicos. Relises, fotos, vídeos e press-kits do seu projeto cultural fazem parte das ações de comunicação vol- tadas para este público. SAIBA MAIS A definição correta do público é muito importante para o sucesso do seu plano de comunicação. A exatidão na definição de quem é o seu público-alvo mais importante orienta muitas ações do planejamento da comunicação do projeto cultural. 149 COMUNICAÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS 3 O s canais de comunicação ou mídias são os meios e ferra-mentas pelos quais as mensa-gens sobre o seu projeto cul- tural serão transmitidas aos seus públicos. É importante que você conheça cada um deles e reflita sobre as vantagens de seu uso no planejamento da sua comunicação. Nem sempre o mais caro ou o mais popular é o mais adequado para o seu projeto cultural. O importante é que seu público tenha acesso ao canal em questão em ocasiões suficientes para receber sua mensagem. 4.1. O que são as mídias tradicionais As mídias tradicionais são canais de comunicação que são consolidados em nossa sociedade e que continuam apre- sentando resultados consideráveis quan- do pensamos em planos de comunicação de uma forma geral. 4.1.1. Eventos Um dos canais de comunicação mais tradicionais são os eventos. Aqui, você pode considerar desde reuniões internas com sua equipe até coletivas de imprensa e eventos de lançamento de exposições, livros etc. São ferramentas potentes de comunicação, pois podem atingir todos os sentidos do seu público, com a pos- sibilidade de tornar-se uma experiência inesquecível em sua vida. Além disso, como produtor ou gestor, é o momento em que você pode ter contato direto e singular com cada tipo de público. Vantagens: A experiência do indiví- duo é valorizada, mesmo que o público seja grande. Desvantagem: Costuma ter altos custos para projetos culturais pequenos e médios pela necessidade de envolvi- mento de outras equipes ou profissionais além da comunicação. QUAIS SERÃO OS CANAIS DE COMUNICAÇÃO? PARA CURIOSOS Você já parou para pensar na relação entre arte e comunicação? Os diferentes usos das tecnologias da comunicação e sua presença constante no nosso cotidiano tornam os processos comunicativos cada vez mais importantes. Dessa maneira, afetam a produção de subjetividade e, consequentemente a produção artística e cultural. 150 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste 4 4.1.2. Rádio O rádio já foi o principal meio de co- municação do país. Atualmente, teve seu público bastante reduzido, e com o uso das novas tecnologias precisou se rein- ventar, adaptando-se em novas versões, como os podcasts. Mas por muito tempo foi onde o público procurava notícias ao vivo e serviu como termômetro cultural para grandes sucessos da música nacio- nal e internacional. Vantagens: São acessíveis, populares e podem atingir um público bem específico. Desvantagens: As inserções de anún- cios e publicidade costumam ser bem cur- tos e têm pouca interação com o público. 4.1.3. Televisão/TV A televisão, em especial a TV aberta, ainda é a mídia do público de massa, com audiência ampla e disseminação rápida de notícias e informações. Mas também temos a televisão por assinatura, com um público mais reduzido e dedicada a redu- zidos nichos/segmentos. Vantagens: grande alcance, prestígio e expertise na distribuição de mensagens. Desvantagens: Inserções curtas e nos horários de maiores audiências são caras e a qualidade do material audiovisual pode ser caro também, já que é necessá- rio um certo grau de qualidade. 4.1.4. Jornais, Revistas e Impressos Os impressos foram um importante marco nas comunicações, mas apesar de manterem o prestígio e a funcionalidade, também têm se adaptado ao mundo digi- tal com boa parte do seu público migran- do esse acesso para o formato digital, on- -line ou off-line. Vantagens: compartilham seu prestígio e autoridade com os anunciantes, atestando qualidade ao produto cultural anunciado. Desvantagens: os anúncios normal- mente são caros e têm prazos de circula- ção muito específicos. O jornal circula em um dia, a revista em um mês. 4.1.5. Assessoria de Imprensa A assessoria de imprensa é uma ativida- de voltada para o relacionamento do seu projeto ou instituição com a Imprensa. Essa 151 COMUNICAÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS atividade pode ser ativa no seu plano de comunicação e será diretamente respon- sável pela geração de mídia espontânea (gratuita) e pelo gerenciamento de crises, se necessário. Também é responsável por materiais de comunicação como relise e press-kits, bem como a clipagem (clipping), indispensável para o seu relatório final. Vantagens: Facilita o relacionamento com imprensa e influenciadores em geral. Desvantagens: O relacionamento do seu projeto cultural com a imprensa e in- fluenciadores pode ficar muito persona- lizado no assessor de imprensa. Assim, caso ele precise se ausentar por quaisquer motivos, durante a vigência do seu plano de comunicação, o cronograma das ações pode ser prejudicado. 4.2. O que são as mídias on-line Os canais on-line de comunicação são as mídias nas quais o público precisa de alguma conexão com a internet para acessar seu conteúdo. Na maior parte delas, a interação é grande e o próprio público por vezes torna-se produ- tor de conteúdo também. Note que nessas mídias é importante proporcionar a intera- ção entre o seu produto ou projeto cultural e o seu público. Contudo, um aspecto impor- tante das novas tecnologias de comunicação 152 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste Nicho Público de nicho é uma expressão do marketing utilizada para se referir a uma parte restrita do público“em geral”, com características de gosto e de consumo bem específicas. Apesar de representar uma parcela menor do público, este grupo tem um potencial de consumo, entendimento da mensagem e interação muito maior se o plano de comunicação consegue conciliar os seus anseios com os objetivos e metas do projeto cultural. Podcasts Os podcasts têm temáticas variadas e funcionam como programas de rádio. A diferença é que é gravado, muitas vezes editado, e fica disponível nas plataformas para que a audiência escute quando quiser. é a diminuição dos custos de comunicação e a comunicação muito mais focada no nicho que interessa diretamente ao seu projeto. Na maior parte dessas mídias digitais há a possibilidade de publicação gratui- ta de conteúdo. Entretanto, atente que os anúncios pagos podem ser melhor di- recionados ao público que se interessa por conteúdo semelhante ao seu. 4.2.1. Plataformas de Áudio São plataformas exclusivas para a publi- cação de arquivos de áudio, como música, entrevistas, contação de histórias e podcasts. As principais plataformas são Spotify, Apple Music, YouTube Music e Deezer. Vantagens: O público pode ser espe- cificado a partir da região e gosto musi- cal, por exemplo. Desvantagens: As inserções são cur- tas e exclusivas para usuários não-assi- nantes. Além disso, não há interação do público com o conteúdo. 4.2.2. Plataformas de Imagens São plataformas usadas preferencial- mente para a publicação de imagens. São exemplos deste tipo de plataforma o Insta- gram, o Pinterest, Flickr, 500px, entre outros. Vantagens: Favorece mensagens e produtos culturais visuais. 153 COMUNICAÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS Desvantagens: O texto é secundário, então a imagem tem que ter uma enorme capacidade comunicacional. 4.2.3. Plataformas de Audiovisuais São plataformas nas quais vídeos de vá- rias durações podem ser disponibilizados ao público ou podem ser apenas armaze- nados. As plataformas mais usadas atual- mente são YouTube, Vimeo, Reels e Tik&Tok. Vantagens: Mais recursos para a dis- seminação da sua mensagem a um pú- blico com gosto e consumo compatíveis com seu projeto cultural. Desvantagens: A produção de ma- terial audiovisual de qualidade requer o envolvimento de mais profissionais e, consequentemente, há um custo maior de produção. 4.2.4. Plataformas de Pesquisa Uma outra opção de comunicação na internet são os sites de pesquisa. Através de anúncios pagos, o site do seu projeto cultu- ral pode ser indicado a pessoas que pesqui- sam assuntos que se relacionem com seu conteúdo. O seu site será mostrado entre os primeiros resultados da busca. Vantagens: Dependendo dos objetivos do plano de comunicação e do projeto cultu- ral, pode trazer novos públicos para o projeto. Desvantagens: Outros projetos cultu- rais concorrentes e semelhantes podem aparecer junto do seu link. 4.2.5. Anúncios em Sites Anúncios (banners eletrônicos) em si- tes específicos podem ser uma opção para direcionar sua mensagem. Vantagens: A mensagem pode ser direcionada para um público especifica- mente interessado em um tipo de infor- mação ou entretenimento. Desvantagens: Se o anúncio não for bem direcionado na ocasião de sua pu- blicação, pode desviar-se completamen- te do público-alvo. 4.2.6. Influenciadores digitais São pessoas que possuem relevância, al- cance e ressonância nos meios digitais e são seguidas por centenas, milhares ou milhões de pessoas, influenciando seus hábitos de consumo de alguma maneira. Costumam fazer publicidade paga e, eventualmente, espontâneas ou por permutas. 154 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste Vantagens: Como tem público de ni- cho, podem ser muito eficientes na pro- pagação da sua mensagem e, consequen- temente, auxiliar no alcance das metas do plano de comunicação. Desvantagens: Sempre há risco ao aproximar a imagem de um projeto ou ins- tituição a uma pessoa. Pois eventuais ati- tudes repreensíveis podem ser negativas também para o plano de comunicação do seu projeto cultural. 4.2.7. Mensagens diretas Quando o projeto ou instituição cultural já tem um forte banco de dados com o ca- dastro do seu público, a internet passa a ser uma grande aliada na comunicação. A partir deste banco de dados, o plano de co- municação pode prever o envio de e-mails, mensagens de texto para o celular e até o contato através de aplicativos de mensa- gens como o WhatsApp e Telegram. Vantagens: O público já conhece, de alguma forma, a produção artística e cultural as quais as mensagens se re- ferem. Assim, estão mais disponíveis a participar das ações culturais menciona- das na mensagem. Desvantagens: Deve-se ter muita atenção à frequência e ao horário de en- vio de mensagens, neste caso, para não ser inconveniente e ação resultar no efei- to inverso do desejado. É necessário que você avalie bem os canais de comunicação escolhidos. Du- rante a execução do seu plano de comu- nicação é indispensável que você anali- se não só os resultados quantitativos como também os qualitativos. Além de avaliar o alcance das peças de divulgação, avalie também o engajamen- to do público e, se a ideia e a experiência deles sobre a sua comunicação e seu pro- jeto cultural é positiva ou se precisa melho- rar. Avalie o alcance, o interesse do público, a sua reputação e até mesmo cases seme- lhantes do mercado cultural e de outros segmentos. São esses os dados que você deve ter em destaque para elaborar o seu plano de comunicação. 155 COMUNICAÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS 156 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste 5 D iante de tudo aqui estudado, defina os objetivos e as metas a serem alcançados. Eles devem ser mensuráveis para que você consiga controlar o anda- mento do plano de comunicação e compa- rar novos dados com os dados iniciais. As metas devem ser realistas, mensuráveis e limitadas no tempo. Esta é a fase mais im- portante do seu plano de comunicação, e deve estar de acordo com os objetivos do seu projeto cultural ou da sua instituição. Os objetivos do seu plano de comuni- cação podem ser, por exemplo: • Aumentar o público do seu projeto no Ins- tagram, dobrando o número de seguidores em um mês, tornando-o mais conhecido; • Divulgar seu produto cultural no interior do estado, para conquistar novas parcerias e alcançar 100% do valor do projeto em pa- trocínios nos próximos 6 meses; • Aumentar a venda de ingressos de 30% para 90% da capacidade do local do evento para uma temporada de apresentações ar- tísticas até a data de estreia; OBJETIVOS E METAS DO PLANO DE COMUNICAÇÃO • Tornar um artista ou instituição cultu- ral mais conhecida no mercado cultural para aumentar de 3 para 10 o número de parcerias institucionais e acadêmicas no prazo de um ano; • Conquistar um novo perfil de público (o infantil, por exemplo) para as ativida- des de arte-educação que começarão a ser realizadas sua instituição cultural no próximo mês. A partir do conhecimento do seu público e das metas e objetivos do seu plano de comunicação, você começará a pensar efetivamente nas estratégias de comunicação que serão utilizadas. Em seguida, você deve listar as suas possi- bilidades com relação aos canais de co- municação disponíveis para falar com seu público. Você já deve ter acessado esta informação na sua pesquisa de pú- blico. O comportamento do público, e até dos seus concorrentes, será funda- mental agora que a sua estratégia da co- municação vai ser definida. Essas primeiras ações do seu plano de comunicação precisam de muita atenção. Objetivos confusos e fora da realidade certamente dificultarão as próximas ações e a análise de seus resultados. Isso ocorre quando as metas são estabelecidas sem realmente se basearem em dados e sem considerarem as condições do próprio pro- jeto ou da própria contemporaneidade. Por exemplo, seria completamente impossível alcançar a meta de dobrar o público presencial deum museu ou de um outro espaço cultural com relação ao ano de 2019, em 2020. Ano em que a maior parte dos espaços culturais teve a circulação de público afetada pelo isola- mento social decretado devido à pande- mia da covid-19. Neste sentido, pensar objetivos e me- tas de maneira mais realista seria investir num plano de comunicação que divul- gasse novas formas de o público acessar a produção cultural desses espaços. Caso o espaço já tivesse alguma forma de aces- so não-presencial, divulgar e aumentar o acesso do público por estes canais, por meio de publicações, tours virtuais, pos- tagens em redes sociais etc. 157 COMUNICAÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS 6 S eguindo na produção do seu plano de comuni-cação, vamos para o seu plano de ação. Nele, você vai definir quais ações precisam ser fei-tas e quem irá executá-las. As ações precisam ser listadas na ordem em que vão ser executadas, mesmo que algumas ações sejam si- multâneas. Tente desenvolver seu plano de ações “de uma forma lógica e sistemática” (SLACK et alli, 1999, p.390). Assim, você perceberá que as suas ações sem- pre terão relação entre as anteriores e as posteriores. Isso contribui para que nenhuma das ações seja negli- genciada, pois acabam estabelecendo uma relação de dependência entre si. De fato, essas ações listadas são como peças de um quebra-cabeças que, juntas, põem em prática o seu planejamento de comunicação. 6.1. Cronograma Ao definir as ações, é primordial definir seus pra- zos de execução para o planejamento da Comunica- ção do seu projeto cultural. Na fase de criação do seu cronograma, outros fatores também devem ser consi- derados, como a quantidade de profissionais envol- vidos na execução das tarefas e os recursos financei- ros disponíveis para tal. Se você não tiver ideia de quantas pessoas, empresas ou instituições precisam estar envolvidas com as ações do seu projeto para que o seu planejamento aconteça, será bem difícil executar seu plano de comunicação den- tro de um prazo definido e pré-determinado. Para envolver outras pessoas no planejamento da comunicação do seu projeto cultural, você precisará direcionar recursos financeiros para a contratação O PLANO DE AÇÃO 158 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste de profissionais em números adequa- dos. Suponha que você contrate um(a) profissional para encarregar-se da exe- cução do seu plano de comunicação. Este(a) profissional teria que elaborar textos, criar imagens, postá-los nas re- des sociais, contactar rádio, televisão e jornais para tentar a publicação de mídia espontânea e negociar anúncios pagos. Além disso, esse(a) profissional teria que gerenciar as redes sociais, responsabilizar- -se pelo relacionamento com clientes e mo- nitorar os resultados das ações planejadas. Ora, mesmo sendo bem remunerado(a) e desempenhando muito bem suas funções, não terá o mesmo resultado que uma equi- pe com 3 profissionais compartilhando es- sas mesmas ações. É natural que a equipe, no mesmo período de tempo, entregue mais resultados. Uma técnica rápida e simples para a criação de cronogramas é o método top down (ou estimativa análoga). Este re- curso, muito utilizado, consiste na con- sulta de dados de planejamentos anterio- res ou de outros projetos culturais. Assim, você poderá analisar o que deu certo e re- petir o cronograma. Sempre atentando- -se para que dados inadequados sejam corrigidos na nova versão. Outro método é a estimativa paramé- trica. A partir da duração de uma unida- de mínima da ação prevista, você pode pensar em ações a médio e a longo prazo. Por exemplo, suponha que você leve dois dias para pesquisar, elaborar um texto e criar uma imagem para publicar em uma rede social. Neste ritmo de produção, em um mês, você fará pelo menos 11 posta- gens, considerando apenas os dias úteis. A partir deste método, se o planejamento de comunicação do seu projeto cultural prevê postagens diárias no mês anterior à sua estreia, será preciso um ajuste: ou você precisará de pelo menos mais dois profissionais para se juntar a você nesta produção, ou terá que começar a elabo- rar essas postagens com 2 meses de ante- cedência da estreia. Perceba que o cronograma também vai indicar a frequência com que as men- sagens vão ativar determinados canais de comunicação. 6.2. Verba para ações de comunicação Outro fator importante na elaboração do plano de comunicação é o recurso fi- nanceiro destinado para esta ação, pois ações sem verba determinada não têm como ser mensuradas. A disponibilidade de recursos financeiros é essencial para que as ações sejam dimensionadas den- tro das reais possibilidades de execução. O seu projeto ou instituição cultural deve prever o valor máximo a ser gasto com as ações do plano de comunicação, incluindo a contratação de agência e/ou de profissio- nais terceirizados, se for o caso. Assim, não haverá necessidade de cancelamento de ações do planejamento de comunicação. Este valor investido também deve constar no relatório final em comparação com o retorno financeiro, objetivos e metas do plano de comunicação. Esses números também servirão de indicadores de efici- ência das ações juntamente a uma avalia- ção competente dos resultados. PARA REFLETIR Você tem dificuldades em estimar prazos? Criar um cronograma não é adivinhação. Existem técnicas para isso. Uma delas é imaginar o seu plano de comunicação já concluído. Uma delas é pensar de trás para a frente, quantos dias, semanas ou meses cada ação precisa para ser realizada individualmente. Mesmo que algumas ações ocorram simultaneamente, ao fim deste processo, seu cronograma estará pronto e você terá uma estimativa de duração do seu plano de comunicação. 159 COMUNICAÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS Para isso, é importante que, ainda durante o planejamento, você deter- mine os parâmetros de desempenho que serão considerados. É necessário, por exemplo, avaliar a quantidade de consumidores que entraram em contato com o projeto cultural ou que se conec- taram de alguma forma com seu projeto ou instituição cultural. Esta análise não deve ser feita somente depois de as ações terem sido finalizadas. A avaliação e o controle das ações devem acontecer também durante o desenvol- vimento das ações, concentrando-se nas falhas e aplicando as correções adequa- das imediatamente. Dessa forma, você evitará gastos com ações que geram resul- tados menores que o esperado. Aproveite esta análise constante para observar se o público está recebendo sua mensagem e para confirmar se os canais selecionados foram adequados. Também é preciso estar atento ao momento em que o público recebeu a mensagem. Se a men- sagem não é recebida no período ideal, o conteúdo pode tornar-se irrelevante ou o público pode não ser o mais adequado. O retorno e o engajamento do público são formas eficazes de mensurar a efici- ência de algumas ações, mas é preciso es- tar atento para o fato de a mensagem estar sendo compreendida pelo público ou não. A mensagem pode estar tendo engajamen- to, contudo pelos motivos errados. Para finalizar, você deve considerar que os canais de comunicação mudam muito rápido, especialmente as platafor- mas digitais. Um plano de comunicação deve estar sempre em revisão e o profis- sional responsável deve manter-se aten- to às mudanças da área. As metas e os objetivos do seu planejamento também são submetidos a alterações periódicas. Mantenha as avaliações como um hábito para que as adaptações sejam realizadas sempre que necessário e na hora certa. Referências SLACK, Nigel. Administração da produ- ção. 3ª Edição, São Paulo: Editora Atlas. CHAVES, Lúcio. Gerenciamento de co- municação em projetos. 3 ª. Edição. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015. THIRY-CHERQUES, H.R. Projetos cultu- rais: técnicas de modelagem. Rio de Janeiro: FGV, 2006. CANCLINI, Nestor. Políticas culturais para o desenvolvimento: uma base de dados para a cultura. Brasília: UNESCO, 2003.Disponível em: https://unesdoc. unesco.org/ark:/48223/pf0000131873 Guabiras (Ilustrador) É cartunista, autor de histórias em quadrinhos e de muitos personagens. Publicou mais de 5 mil tirinhas em veículos como jornais, fanzines, livros (antologias), revistas (MAD-SP, Gibi Quântico-SP, Tarja Preta-RJ, entre outras) e na web, entre eles, no jornal EXTRA de Nova York (EUA) e na obra Marcatti 40 (Ugra/SP). Recebeu, em parceria, 3 troféus HQMIX e o Troféu Ângelo Agostini de “Melhor Cartunista de 2016”, as maiores comendas de quadrinhos do país. REALIZAÇÃOAPOIO CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO Christiane Campos (Autora) Doutoranda em Comunicação e Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Consultora e diretora da Barka Criativa Ações Culturais. Atua profissionalmente no mercado cultural desde 2002, por meio de consultorias e serviços para leis de incentivo, gestão cultural e produção de eventos em geral. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente: Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro: André Avelino de Azevedo Gerente Geral: Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Gerente Canal FDR: Chico Marinho Analistas de Projetos: Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Pedagógica: Viviane Pereira Coordenadora de Cursos: Marisa Ferreira Designer Educacional: Joel Bruno | CURSO CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS Coordenador Geral, Editorial e Estabelecimento de Texto: Raymundo Netto Coordenadora de Conteúdo: Daniele Torres Assistente Editorial Emanuela Fernandes Projeto Gráfico e Edição de Arte: Andrea Araujo Designer Gráfico: Carlos Weiber Ilustrador: Guabiras Roteirista, Locutora e Mediadora (radioaulas): Lílian Martins Produtora: Luísa Duavy ISBN: 978-65-86094-49-7 (Coleção) ISBN: 978-65-86094-43-5 (Fascículo 10) Todos os direitos desta edição reservados à: Este fascículo é parte integrante do projeto Estratégias de Cultura e Arte para o futuro: capacitação de agentes culturais, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza (SecultFOR), sob o nº 02/2020. Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br
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