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Análise do livro Eu receberia as piores noticiais dos seus lindos lábios de Marçal de Aquino

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Universidade Federal de Minas Gerais
Literatura Brasileira
Luiza Reis Ferraz 
“A particularidade do desejo”
Belo Horizonte/ MG
2018
Universidade Federal de Minas Gerais
Literatura Brasileira
Luiza Reis Ferraz 
“A particularidade do desejo”
Análise do livro “Eu receberia as piores noticiais dos seus lindos lábios” de Marçal de Aquino, para a disciplina de Literatura Brasileira II, turma TNS51
Belo Horizonte/ MG
2018
“A particularidade do desejo”
Análise do livro “Eu receberia as piores noticiais dos seus lindos lábios” de Marçal de Aquino
Quando se fala em romances é de se esperar uma história instigante, e com muitas reviravoltas, Marçal Aquino não deixa a desejar em seu livro “Eu receberia as piores noticias dos seus lindos lábios” publicado em 2005 pela Companhia das letras. O romance foi tão bem escrito, intenso, detalhado e com personagens meticulosamente elaborados, que em 2012 virou filme, dirigido por Beto Brant e Renato Ciasca. Marçal Aquino foi um romancista, contista, roteirista e jornalista brasileiro, nasceu em São Paulo em 1958 e graduou-se em jornalismo pela PUC/Campinas em 1938. Em suas obras, ele procura retratar temas realistas, através de uma linguagem poética e, por vezes, sórdida, aproximando-se da realidade do “submundo”. Os personagens traduzem valores e personalidades trazidas de uma classe média e um universo adverso. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma breve análise do livro citado acima, discorrendo sobre o enredo, personagens, narrador e outros mistérios contidos nas entrelinhas. O livro possui 229 páginas e é dividido em quatro capítulos. 					É difícil de estabelecer períodos de tempo dentro da narrativa, já que ocorrem vários lapsos temporais, a história não corre de forma linear. Deve-se levar em conta tempos psicológicos, como os tempos de memória, e o tempo cronológico. A forma de manipular o tempo de Aquino torna o romance ainda mais intrigante, pois, a partir disso, vai-se construindo uma sequência de fatos não lineares, que nos permite reconhecer pistas dos próximos acontecimentos, ou entender fatos que já foram narrados, montando assim o nosso próprio “quebra-cabeça”. Assim como o tempo, também é difícil se falar em espaço. Grande parte da narrativa acontece no Interior do Pará, porém, alguns fatos ocorrem no Espírito Santo e também em São Paulo.						O enredo baseia-se em um fotógrafo chamado Cauby, um homem de quarenta anos, que se apaixona perdidamente por uma mulher sedutora e misteriosa, porém, comprometida, o que acaba desencadeando uma série de acontecimentos trágicos. A história começa a ser narrada pelo próprio Cauby, em primeira pessoa, no caso, um narrador autodiégetico, diante disso, deve-se levar em conta que a narrativa (até esse momento) é construída a partir da perspectiva dele. No momento inicial do livro, Cauby vivia em uma pensão (de dona Jane) no interior do Pará, cidade onde acontecia tribulação devido a uma mineradora instalada no local, onde mora também o Sr. Altino (um velho amargurado), ao qual ele se referia como “careca”.	 Porém, a trama começa quando Cauby se encontra pela primeira vez com Lavínia, na loja do chinês Chang, que viria a ser assassinado. Ele fica impressionado com aquela mulher que carregava consigo um olhar cheio de mistérios e uma personalidade duvidosa. Depois desse encontro, Lavínia começa a frequentar a casa dele, quase todos os dias, conversavam, faziam sexo e ele gostava de fotografá-la. Outro detalhe importante desse primeiro capítulo é a história que conta o Sr. Altino sobre sua amada Marinês, a qual dedicou uma vida inteira, mas que também era comprometida, o que não o impediu de desejá-la incessantemente. É interessante perceber, como Marçal coloca essa história de Altino em paralelo com a de Cauby, o que cria um choque de gerações, ao mesmo tempo em que mostra as mesmas particularidades de um desejo proibido. Outro personagem, que também aparece no primeiro capítulo, é Viktor Laurence, um jornalista local apaixonado por poemas e literatura, que terá papel importante no desenrolar da trama. O detalhamento preciso, a personalidade intensa, por vezes curiosa, e o dinamismo de cada personagem delineiam um toque especial à obra.											No segundo capitulo, denominado “carne-viva”, ocorre uma troca de narrador, ao invés de Cauby, o narrador-personagem, quem narra o capitulo é um narrador-observador, que não faz parte diretamente da história. Esse tipo de narrador, também chamado de heterodiegético, não privilegia nenhum plano narrativo, ele é subjetivo e não conhece com profundidade os sentimentos de seus personagens. Essa mudança de narrador acontece, por que nesse momento do livro é contada a história da personagem Lavínia. Nascida na cidade de Linhares, interior do Espírito Santo, ela cresce diante de uma realidade atribulada, com a mãe, o padrasto e dois irmãos ligados à criminalidade. Durante muitos anos foi abusada sexualmente pelo padrasto e com 14 anos decidiu fugir de casa e trabalhar como garota de programa nas ruas de Vitória e começou a consumir drogas. Até que certo dia conheceu o pastor Ernani, que se interessou por Lavínia, não por atração física, mas teve interesse em ajudá-la, pois viu algo a mais naquela mulher. Levou-a pra casa e começou um processo de “cura”. Durante esse período, os dois se apaixonaram e se casaram. É importante ressaltar que em todo momento da narrativa Lavínia apresenta uma dupla personalidade, uma selvagem, inconsequente, a qual Cauby chamava de Shirley. A outra, uma mulher perturbada pelos problemas do passado, pensativa e sensível. 				Ao longo da narrativa, Cauby cita por diversas vezes o professor Benjamim Schianberg, autor do livro “O que vemos no mundo” e conhecido como filósofo do amor. É interessante como tudo que está escrito no livro do filósofo se relaciona com tudo o que Cauby vivia, e mesmo tão informado sobre as especificidades do amor, ele não consegue escapar dos encantos e perigos de Lavínia. Um trecho do livro de Schianberg diz; “A grande desgraça é que as lembranças não bastam para confortar os amantes (...)”. O fato mais interessante é que o professor Schianberg também foi uma criação de Marçal Aquino, e que na realidade, ele sequer existe. O filósofo foi criado no intuito de servir como plano de fundo para narrativa, e dar um toque ainda mais poético a trama.													 No terceiro capítulo, Cauby volta a ser o narrador e o personagem central, e a partir desse momento, ocorrem as maiores reviravoltas do enredo. Cauby pensa em se mudar para São Paulo, pois só estava no Pará de passagem. Também no capitulo três, ele descobre que Ernani sabe do seu romance com Lavínia. Viktor Laurence se suicida, e deixa um recado para Cauby, “fuja, e leve a garota”, ele não entende no momento e ignora. Lavínia conta que está grávida de Cauby e por dias ela some. Nesse período, Ernani é assassinado e Lavínia continua sumida. Cauby é acusado de matar Ernani, devido o seu caso com Lavínia, e é apedrejado pela população local. Em seguida, sai no jornal em que Viktor Laurence trabalhava as fotos que o próprio Cauby tirou de Lavínia nua, essa fato causa ainda mais revolta na população que incendeia a casa do fotógrafo. Nesse momento Cauby entende o recado deixado por Viktor, tudo tinha sido tramado pelo jornalista que já estava em leito de morte. Por fim, ele é declarado inocente e encontra Lavínia, ou pelo menos o corpo dela, internada em um hospital psiquiátrico. Ela não o reconhece, e não se lembra de nada que viveram, mas ele continua a visitá-la todos os dias, assim como Sr. Altino fez com sua amada Marinês, e disse a sábia frase: “A esperança é o pior dos venenos.” (p.146)				Os triângulos amorosos são clássicos dos romances realistas, como o primeiro deles “Madame Bovary” de Gustavo Flaubert, ou “O Crime do Padre Amaro” de Eça de Queirós, entre tantos outros. É comum, na maioria deles, o romance terminar em morte (geralmente suicídio ou assassinato) de um dos personagens do triangulo. Em Aquino,ocorreram três mortes, todas essenciais para o desenrolar do enredo. Ainda, é importante notar ao longo da narrativa que, em momento algum, mesmo quando é narrada a própria história dela, não temos acesso a perspectiva e aos pensamentos de Lavínia sobre os ocorridos, apenas adivinhações do próprio narrador. Nota-se também como o narrador é irônico e impassível, mesmo diante de fatos desastroso, como o incêndio da própria casa, ele não demonstra desespero. A única coisa que o deixa extremamente aflito, é o risco de perder sua amada: Lavínia. 				Portanto, conclui-se que o romance de Marçal Aquino é rico de informações, personagens, espaços, etc. Tem um enredo carregado de informações e muitas reviravoltas, com diversos lapsos temporais, o que cria ainda mais mistério e desperta o interesse do leitor. Para analisar tudo o que Marçal coloca dentro dessas 200 páginas, seria preciso um livro de 400. Um livro poético, que procura retratar de forma provocativa a realidade brasileira. 
REFERÊNCIAS: 
MARÇAL, Aquino- “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios” – Companhia das Letras. São Paulo -1958

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