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AULA 7

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- -1
CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA 
DO ENSINO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO 
AMBIENTAL
EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO TEMA 
TRANSVERSAL
- -2
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Refletir sobre as questões mais importantes relativas à Educação Ambiental – meio ambiente – como tema
transversal;
2. problematizar o tema transversal Meio Ambiente;
3. demonstrar as possíveis articulações entre conteúdos de áreas e conteúdos de temas, deixando evidente aos
alunos a relação entre estudo escolar e as questões sociais;
4. analisar a necessidade da Educação Ambiental no âmbito escolar ser trabalhada de forma sistemática,
contínua, integrada e abrangente.
1 Os temas transversais
Segundo Moreno (1998, p. 36), “os temas transversais destinam-se a superar alguns efeitos perversos – aqueles
dos quais a sociedade atual se conscientizou de que, junto com outros de grande validade, herdamos da cultura
tradicional”. Uma das formas propostas de se influir nesse processo de transformação da sociedade, sem abrir
mão dos conteúdos curriculares tradicionais, é por meio da inserção transversal na estrutura curricular das
escolas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao propor uma educação comprometida com a cidadania, elegeram,
baseados no texto constitucional, princípios que visam orientar a educação escolar:
Igualdade de direitos
Refere-se à necessidade de garantir à todos a mesma dignidade e de exercício de cidadania. Para tanto há que se
considerar o princípio da equidade, isto é, que existem diferenças (étnicas, culturais, regionais, de gênero,
etárias, religiosas etc.) e desigualdades (socioeconômicas) que necessitam ser levadas em conta para que a
igualdade seja efetivamente alcançada.
Corresponsabilidade pela vida social
Implica partilhar com os poderes públicos e diferentes grupos sociais, ou não, a responsabilidade pelos destinos
da vida coletiva. É, nesse sentido, responsabilidade de todos a construção e a ampliação da democracia no Brasil.
Participação
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Como princípio democrático, traz a noção de cidadania ativa, isto é, da complementaridade entre a
representação política tradicional e a participação popular no espaço público, compreendendo que não se trata
de uma sociedade homogênea e sim marcada por diferenças de classe, étnicas, religiosas etc.
Dignidade da pessoa humana
Implica respeito aos direitos humanos, repúdio à discriminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida
digna, respeito mútuo nas relações interpessoais, públicas e privadas.
A educação para a cidadania requer, portanto, que questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e a
reflexão dos alunos.
A inclusão de questões sociais no currículo escolar não é uma preocupação inédita. Essas temáticas já têm sido
discutidas e incorporadas às áreas ligadas às Ciências Sociais e Ciências Naturais, chegando mesmo, em algumas
propostas, a constituir novas áreas, como no caso dos temas Meio Ambiente e Saúde.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais incorporam essa tendência e a incluem no currículo de forma a compor
um conjunto articulado e aberto a novos temas, buscando um tratamento didático que contemple sua
complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a mesma importância das áreas convencionais.
O currículo ganha em flexibilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser priorizados e contextualizados
de acordo com as diferentes realidades locais e regionais e outros temas podem ser incluídos.
O conjunto de temas proposto – Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde e Orientação Sexual – recebeu
o título geral de Temas Transversais, indicando a metodologia proposta para sua inclusão no currículo e seu
tratamento didático. Destaca-se que a transversalidade diz respeito à possibilidade de estabelecer novos
paradigmas, na prática educativa, uma relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados e as
questões sociais da vida, importantes para o desenvolvimento individual e coletivo, bem como a forma de
sistematizar esse trabalho.
Em relação ao meio ambiente, os temas transversais propõem que a questão ambiental está se tornando cada
vez mais urgente e importante para toda a humanidade, pois o futuro depende da relação entre a natureza e o
tipo de uso que a humanidade faz dos recursos naturais disponíveis.
A proposta de transversalidade pode acarretar algumas discussões do ponto de vista conceitual, como a da sua
relação com a concepção de interdisciplinaridade, bastante difundida no campo da pedagogia. Essa discussão é
pertinente e cabe analisar como estão sendo consideradas nos Parâmetros Curriculares Nacionais as diferenças
entre os dois conceitos, bem como suas implicações mútuas.
Transversalidade e interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento, produzindo por
uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles — questiona a visão
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compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se
constituiu. Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas.
Transversalidade
A transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre
aprender na realidade e da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a
realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade).
Interdisciplinaridade
Se fundamenta na crítica de uma concepção de conhecimento que toma a realidade como um conjunto de dados
estáveis, sujeitos a um ato de conhecer isento e distanciado;
Aponta a complexidade do real e a necessidade de se considerar a teia de relações entre os seus diferentes e
contraditórios aspectos.
Mas difere da transversalidade, uma vez que refere-se a uma abordagem epistemológica dos objetos de
conhecimento, enquanto aquela diz respeito principalmente à dimensão da didática;
Na prática pedagógica, interdisciplinaridade e transversalidade alimentam-se mutuamente, pois o tratamento
das Por essa mesma via, a transversalidade abre espaço para a inclusão de saberes extraescolares, possibilitando
a referência a sistemas de significado construídos na realidade dos alunos.
Os Temas Transversais, portanto, dão sentido social a procedimentos e conceitos próprios das áreas
convencionais, superando, assim, o aprender apenas pela necessidade escolar.
2 Como a transversalidade se apresenta nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais
A palavra transversal indica essa característica dos temas: eles estão presentes, em maior ou menor grau, em
todas as áreas, ou seja, a sua problemática atravessa as diferentes áreas de estudo e convívio escolar. Nenhuma
das áreas previstas consegue, isoladamente, tratar todas as questões referentes ao meio ambiente, por exemplo.
Mas questões sobre o meio ambiente estão presentes na Geografa, nas Ciências, na Educação Física e nos
relacionamentos entre pessoas e natureza, dentro e fora da escola.
A problemática trazida pelos temas transversais está contemplada nas diferentes áreas curriculares. Está
presente em seus fundamentos, nos objetivos gerais, nos objetivos de ciclo, nos conteúdos e nos critérios de
- -5
avaliação das áreas. Dessa forma, em todos os elementos do currículo há itens selecionados a partir de um ou
mais temas. Com a transversalidade, os temas passam a ser partes integrantes das áreas e não externos e/ou
acoplados a elas, definindo uma perspectiva para o trabalho educativo que se faz a partir delas.
Existem afinidades maiores entre determinadas áreas e determinados temas, como é o caso de Ciências Naturais
e Saúde ou entre História, Geografia e Pluralidade Cultural, nas quais a transversalidade é fácil e claramente
identificável. Não considerar essas especificidades seria cair em um formalismo mecânico.
O trabalho com os temas transversais exigirá que os professores articulem, sempre que possível, conteúdos de
áreas e conteúdos de temas, deixando claro aos alunos arelação entre estudo escolar e as questões sociais.
A integração de conteúdos de áreas e de temas é contínua e deve ser sistemática. Não pode ser feita
aleatoriamente. Precisa ser delineada no projeto educativo da escola e fazer parte da programação que o
professor faz de suas aulas. Exige, mais uma vez, uma nova maneira de olhar para os conteúdos escolares.
À medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza, surgem cada vez mais conflitos. O
modelo de sociedade construído com a industrialização crescente e a consequente transformação do mundo em
um grande centro de produção, distribuição e consumo, está trazendo, rapidamente, consequências indesejáveis
e que se agravam com muita rapidez.
Atenção
É preciso atentar para o fato de que a possibilidade de inserção dos Temas Transversais nas diferentes áreas
(Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Artes e Educação Física) não é uniforme,
uma vez que é preciso respeitar as singularidades tanto dos diferentes temas quanto das áreas.
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3 A prática docente e a educação ambiental enquanto tema 
transversal
“De onde se retirava uma árvore, agora se retiram centenas. Onde moravam algumas famílias, consumindo água
e produzindo poucos detritos, agora moram milhões de famílias, exigindo imensos mananciais e gerando
milhares de toneladas de lixo por dia. Sistemas inteiros de vida vegetal e animal são tirados de seu equilíbrio. A
riqueza, gerada em um modelo econômico que propicia a concentração da renda, não impede o crescimento da
miséria e da fome. Algumas das consequências desse modelo são o esgotamento do solo, a contaminação da
água, o envenenamento do ar e a crescente violência e miséria nos centros urbanos.” (BRASIL, 1998, p. 20).
“A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos
conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o
bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e
conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e
aprendizagem de procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação. Os conteúdos de Meio Ambiente
foram integrados às áreas, numa relação de transversalidade, de modo que impregne toda a prática educativa e,
ao mesmo tempo, crie uma visão global e abrangente da questão ambiental, visualizando os aspectos físicos e
histórico-sociais, assim como as articulações entre a escala local e planetária desses problemas.” (BRASIL, op.
cit.)
A Educação Ambiental é um processo permanente e participativo, na qual as pessoas podem assumir o papel de
elemento central do processo, participando ativamente no diagnóstico dos problemas e busca de soluções, sendo
preparadas como agentes transformadores, por meio de desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes,
através de uma conduta ética e condizente ao exercício da cidadania.
Parte-se do pressuposto de que a educação ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do
Meio Ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que confrontam o ambiente, com
vistas a utilizar racionalmente os recursos no presente e no futuro.
Não é possível tratar de um dado problema ambiental sem considerar todas as dimensões. Para Dias (1994, p. 8)
“a Educação Ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões sociais, políticas, econômicas, culturais,
ecológicas e éticas.” A inter-relação da ética, da política, da economia, da ciência, da tecnologia, da cultura, da
sociedade, da ecologia, pode sugerir um ponto de partida no momento de refletir quais seriam os grandes
problemas que tocam às populações, tanto no âmbito macro, quanto no micro, revelando, portanto, uma
permanente complexidade do pensar e do agir ambiental.
- -7
Neste contexto, a escola brasileira, como construtora e reflexo da sociedade, inseriu em seu currículo os
chamados “temas transversais” com o intuito de promover “um tratamento didático que contemple sua
complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a mesma importância das áreas convencionais.” (BRASIL, 1998).
Os objetivos dos temas transversais são inovadores, pois rompem com a lógica cartesiana, prioriza o e,holismo
além disso, tratam de processos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas
famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano.
O holismo, ou a visão holística, é uma maneira de ver o mundo, o homem e a vida em si como entidades únicas,
completas e intimamente associadas. Esta palavra vem do grego halos, que significa "inteiro" ou "todo", como em
"holograma"; grama=figura/ holos=inteira, e representa um novo paradigma científico e filosófico que surgiu
como resposta ao mal-estar da pós-modernidade, que é, em grande parte, causado pela cisão dos aspectos
humanos e naturais trazida pelo antigo paradigma.
Os Temas Transversais são debatidos em diferentes espaços sociais, em busca de soluções e de alternativas,
confrontando posicionamentos diversos tanto em relação à intervenção no âmbito social mais amplo, quanto à
atuação pessoal. São questões urgentes que interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que está sendo
construída e que demandam transformações macrossociais e também de atitudes pessoais, exigindo, portanto,
ensino e aprendizagem de conteúdos relativos a essas duas dimensões. (BRASIL, 1998, p. 27).
A principal função do trabalho da escola através da Educação Ambiental, de acordo com os Temas Transversais
que fazem parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais – BRASIL (1998) é a contribuição sobre a realidade de
modo ético e comprometido com a vida, com a sociedade local e global.
“Essa proposta tem em seu cerne a difusão de uma nova perspectiva pedagógica inovadora e construtivista no
ensino formal, pois trata os temas em todos os componentes curriculares e a perspectiva transversal aponta uma
transformação da prática pedagógica, pois rompe o confinamento da atuação dos professores às atividades
pedagogicamente formalizadas e amplia a responsabilidade com a formação dos alunos. Os Temas Transversais
permeiam necessariamente toda a prática educativa que abarca relações entre os alunos, entre professores e
alunos e entre diferentes membros da comunidade escolar. (BRASIL, 1998, p.29).
Os temas transversais dizem respeito a conteúdos de caráter social, que devem ser incluídos no currículo do
ensino fundamental, de forma transversal, ou seja: não como uma área de conhecimento específica, mas como
conteúdo a ser ministrado no interior das várias áreas estabelecidas.
Reigota (1992, p. 94) destaca que “tudo que cerca o ser vivo, que o influencia e que é indispensável à sua
sustentação constitui o meio ambiente. Estas condições incluem o solo, o clima, os recursos hídricos, o ar, os
nutrientes e os outros organismos.”
- -8
A definição acima é disseminada, sobretudo, no ensino formal básico, no qual o meio ambiente é formado na sua
totalidade pelo meio abiótico e seres irracionais. Todavia, esquece-se do protagonista que em sua recente
existência na Terra, já modificou o espaço – o homem. É nessa perspectiva que Reigota (1992, p. 94) corrobora
afirmando que em 1975, na Conferência Internacional sobre Educação Ambiental em Tibilísi, Geórgia, o meio
ambiente foi definido não só como meio físico e biológico, mas também como meio sociocultural e sua relação
com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.
Como temos visto, a Educação Ambiental deve ser tratada de forma holística, isto é, o homem e a vida devem
estar intimamente associados. Diante disso, a Educação Ambiental é “dividida” em formal e informal, sendo a
primeira tratada numa perspectiva teórico-prática em todos os níveis de educação formal, e a segunda, com um
viés prático.
Contudo, para consumar de fato a Educação Ambiental e seus níveis de abordagem, esta precisa se aliar à
cidadania,que pode ser conceituada como um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar
ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida
social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social (DALARI, 1998, p.
14).
- -9
A Educação Ambiental pode ser executada nos âmbitos formal e informal, no primeiro, está intimamente ligado
ao sistema educacional de ensino em seus vários níveis de abrangência, e no segundo, como “as ações e práticas
educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e
participação na defesa da qualidade do meio ambiente.” (BRASIL, 1997).
4 A prática docente e a educação ambiental
A principal função do trabalho da escola através da Educação Ambiental, de acordo com os Temas Transversais
que fazem parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais – BRASIL (1997) é a contribuição sobre a realidade de
modo ético e comprometido com a vida, com a sociedade local e global.
Como vimos, a palavra “transversal” indica essa característica dos temas: eles estão presentes, em maior ou
menor grau, em todas as áreas, ou seja, a sua problemática atravessa as diferentes áreas de estudo e o convívio
escolar. Nenhuma das áreas previstas consegue, isoladamente, tratar todas as questões referentes ao meio
ambiente, por exemplo. Questões sobre o meio ambiente estão presentes na Geografia, nas Ciências, na Educação
Física e nos relacionamentos entre pessoas e natureza, dentro e fora da escola.
A integração de conteúdos de áreas e de temas é contínua e deve ser sistemática. Não pode ser feita
aleatoriamente. Precisa ser delineada no projeto educativo da escola e fazer parte da programação que o
professor faz de suas aulas. Exige, mais uma vez, uma nova maneira de olhar para os conteúdos escolares.
A transversalidade diz respeito à possibilidade de estabelecer novos paradigmas, na prática educativa, uma
relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados e as questões sociais da vida, importantes
para o desenvolvimento individual e coletivo, bem como a forma de sistematizar esse trabalho. Em relação ao
meio ambiente, os temas transversais propõem que a questão ambiental está se tornando cada vez mais urgente
e importante para toda a humanidade, pois o futuro depende da relação entre a natureza e o tipo de uso que a
humanidade faz dos recursos naturais disponíveis.
Segundo a LDB, um dos papéis do professor é conhecer profundamente as Áreas de Conhecimentos e dos “temas
transversais” e participar do projeto educativo da escola. Ou seja, que “o professor seja um “super-profissional” e
que tenha tido uma formação de qualidade primorosa, o que na verdade não condiz com a realidade.”
(FIGUEIRÓ, 2000)
No caso da Educação Ambiental, infelizmente ainda é reproduzido erroneamente o seu conceito que é muitas
vezes confundido com ecologia. Ainda se tem a visão remanescente do período ditatorial de que educação
ambiental é apenas flora e fauna.
- -10
Outro ponto que vem dificultar a aplicação da EA da forma exigida nas LDB e nos PCNs é a formação docente
falha.
“[...]uma política educacional que contemple a formação inicial e continuada dos professores, uma decisiva
revisão das condições salariais, além da organização de uma estrutura de apoio que favoreça o desenvolvimento
do trabalho (acervo de livros e obras de referência, equipe técnica para supervisão, materiais didáticos,
instalações adequadas para a realização do trabalho de qualidade), aspectos que, em dúvida, implicam a
valorização da atividade do professor.” (BRASIL, 1998, p.38).
No que tange à participação do docente no projeto educativo da escola, verifica-se que muitos professores
possuem uma carga horária elevada de trabalho em duas ou mais escolas, não permitindo ao menos um
diagnóstico dos problemas ambientais em seus locais de trabalhos e no bairro onde estas se situam e, muito
menos, o desenvolvimento dos temas transversais em suas aulas.
É necessário que cada professor, dentro da especificidade de sua área, dê o tratamento adequado aos conteúdos
para contemplar o tema Meio Ambiente. Essa adequação pressupõe um compromisso com as relações
interpessoais no âmbito da escola, para haver explicitação dos valores que se quer transmitir e coerência entre
estes e os experimentados na vivência escolar, buscando desenvolver a capacidade de todos para intervir na
realidade e transformá-la.
As áreas convencionais devem acolher as questões dos Temas Transversais de forma que seus conteúdos as
explicitem e que seus objetivos sejam contemplados. Por exemplo, a área de Ciências Naturais inclui
comparações entre um município que faz seleção do lixo, separando já nas próprias residências vidros, plásticos
e papel e outro município que não o faz e nem sequer tem um aterro sanitário, depositando seu lixo nos famosos
“lixões”.
“Assim, não se trata de que os professores das diferentes áreas devam “parar” sua programação para trabalhar
os temas, mas sim de que explicitem as relações entre ambos e as incluam como conteúdos de sua área,
articulando a finalidade do estudo escolar com as questões sociais, possibilitando aos alunos o uso dos
conhecimentos escolares em sua vida extraescolar. Não se trata, portanto, de trabalhá-los paralelamente, mas de
trazer aos conteúdos e à metodologia da área a perspectiva dos temas.” (RUIZ, 2005)
A abordagem da Educação Ambiental proposta pelos Temas Transversais permite o trabalho interdisciplinar
espontâneo como uma consequência da metodologia empregada.
Quando o professor proporciona ao aluno situações que lhe permitem construir seu conhecimento, o ensino
tornar-se-á interdisciplinar, uma vez que o educando buscará, dentro de suas necessidades, outros componentes
curriculares, promovendo ações interdisciplinares entre os conteúdos afins.
- -11
A integração, a extensão e a profundidade do trabalho podem se dar em diferentes níveis, segundo o domínio do
tema e ou a prioridade que se eleja nas diferentes realidades locais. Isso se efetiva através da organização
didática eleita pela escola. Compete aos professores selecionar os conteúdos das áreas de sua atuação em torno
de temáticas escolhidas, de forma que as diversas áreas não representem assuntos isolados, mas que abordem a
temática referente ao exercício da cidadania. (RUIZ, 2005)
5 O ensino e a aprendizagem de procedimentos
Embora menos complexo que o trabalho com valores e atitudes, o ensino e a aprendizagem de procedimentos
referentes ao trabalho com questões sociais merece atenção e definição de diretrizes por parte dos educadores.
Conforme definido nos Parâmetros Curriculares Nacionais, procedimentos são conteúdos que se referem a como
atuar para atingir um objetivo e requerem a realização de uma série de ações de forma ordenada e não aleatória.
No caso das temáticas sociais, trata-se de contemplar aprendizagens que permitam efetivar o princípio de
participação e o exercício das atitudes e dos conhecimentos adquiridos.
Exemplo
Ao se tomar o Meio Ambiente como foco de preocupação, fica clara a necessidade de que, ao aprender sobre essa
temática, os alunos possam também aprender práticas que concorram para sua preservação, tais como a
organização e a participação em campanhas contra o desperdício. Nas temáticas relativas à Pluralidade Cultural,
a pesquisa em diferentes tipos de fonte permite reconhecer as várias formas de expressão ligadas às tradições
culturais, assim como a consulta a documentos jurídicos é necessária ao aprendizado das formas de atuação
contra discriminações.
Também, em relação a procedimentos, o aprendizado é longo e processual. Aprende-se a praticar ações cada vez
mais complexas, com maior autonomia e maior grau de sociabilidade. Durante a escolaridade fundamental, é
possível que os alunos atuem de forma cada vez mais elaborada, de modo que, ao final do processo, tenham
desenvolvido ao máximo suascapacidades.
As capacidades dos alunos das primeiras séries para planejar e desenvolver atividades coletivas (como
campanhas ou edição de jornal) são extremamente dependentes da ajuda do professor. Essas práticas produzem
aprendizagens que, retomadas ao longo da escolaridade com desafios crescentes, permitirão, ao final da oitava
série, que os alunos tenham ampliado suas possibilidades de ação no que se refere à autonomia, organização,
capacidade de análise e planejamento.
A inclusão de tais conteúdos permite, portanto, tomar a prática como objeto de aprendizagem, o que contribui
com o desenvolvimento da potencialidade e da competência dos alunos, condições necessárias à participação
- -12
ativa, propositiva e transformadora, como requer a concepção de cidadania em que se baseiam esses Parâmetros
Curriculares Nacionais.
O que vem na próxima aula
• Na próxima aula você estudará a abordagem sobre o material didático de Ensino de Ciências para as 
séries iniciais fazendo uma análise do conteúdo e do formato que tem caracterizado a produção atual de 
material didático.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Nesta aula você refletiu sobre as questões mais importantes relativas a Educação Ambiental enquanto 
tema transversal, problematizou o Tema Transversal Meio Ambiente, demonstrou as possíveis 
articulações entre conteúdos de áreas e conteúdos de temas, deixando evidente aos alunos a relação 
entre estudo escolar e as questões sociais e analisou a necessidade da Educação Ambiental no âmbito 
escolar ser trabalhada de forma sistemática, contínua, integrada e abrangente.
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