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Planejamento tributário

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Planejamento Tributário
1
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Aula: Planejamento 
Tributário
Professor: Sérgio Igor Lattanzi
Planejamento Tributário
2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 4
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 4
O lícito e o ilícito 4
O Lícito e o Legal 4
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E SONEGAÇÃO 4
Legitimidade do planejamento tributário 5
Distinção Entre Planejamento Tributário E Fraude 5
O elemento temporal 5
A Defi nição de Fraude Na Lei 4.502/64 5
ELISÃO E EVASÃO FISCAL (CONCEITO) 5
Conceitos 5
Elisão Fiscal: Exemplo 6
Simulação: Exemplo 6
SIMULAÇÃO, FRAUDE E CONLUIO: CONCEITO LEGAL 7
PRESUNÇÕES E FICÇÕES TRIBUTÁRIAS 7
Presunção Legal Relativa: Exemplo 8
Ficção Legal: Exemplo 8
INTERPRETAÇÃO ECONÔMICA: NOÇÕES GERAIS 9
INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO INTERNACIONAL. 10
DIREITO TRIBUTÁRIO INTERNACIONAL E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 
INTERNACIONAL 10
A diferenciação didática entre Direito Tributário Internacional e Direito 
Internacional Tributário. 10
Planejamento tributário internacional 11
TRATADOS INTERNACIONAIS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA E 
ORDEM INTERNA APLICÁVEL AO DIREITO TRIBUTÁRIO 12
As normas de fonte interna e externa 12
Tratados Internacionais 12
A Convenção Modelo da OCDE relativa a IR e Capital 12
As Convenções celebradas pelo Brasil 13
O procedimento de celebração dos tratados 14
O lugar das convenções internacionais na hierarquia das fontes. 15
A superioridade hierárquica dos tratados em relação à lei em face da 
Constituição de 1988. 15
Apreciação direta dos tratados pelos Tribunais 16
Os tratados internacionais e os tributos Estaduais e Municipais 17
TRANSFER PRICING – PREÇO DE TRANSFERÊNCIA 17
O TAX HAVENS 18
Os regimes de práticas fi scais preferenciais (Preferencial tax system) 18
Comparação da carga fi scal como critério de determinação dos países com 
regime tributário vantajoso 19
Planejamento Tributário
3
Quais são os critérios adotados pelo Brasil na Identifi cação dos Países com tributação favorecia? 
20
Quais os modos de utilização dos países com tributação favorecida? 21
TREATY SHOPPING; RULE SHOPPING E CASOS TRIANGULARES 21
Treaty Shopping 21
Rule Shopping 22
Casos Triangulares 22
TRANSFERÊNCIA DE SEDE PARA O EXTERIOR 22
Transferência da sede e nacionalização de pessoa jurídica 23
SUBCAPITALIZAÇÃO DAS EMPRESAS E O 
REGIME DE JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO 24
TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE ATIVOS E O TRATAMENTO 
SOBRE O CAPITAL ESTRANGEIRO NO PLANEJAMENTO 
TRIBUTÁRIO 26
Investimentos fi nanceiros 28
Investimento tecnológico 29
Investimentos Estrangeiros 31
Regime dos Pagamentos Internacionais 31
CONCLUSÕES 32
BIBLIOGRAFIA 32
Planejamento Tributário
4
INTRODUÇÃO
A presente apostila tem como objetivo demonstrar o 
pensamento de autores de tomo nacional e estrangeiros 
sobre o tema planejamento tributário, compilando várias 
de suas ideias sobre o tema proposto. Cumpre observar 
que o trabalho trata do planejamento tributário interno 
e externo, portanto, como tentaremos demonstrar, em 
ambos os casos, deve-se estar atento às legislações 
das nações envolvidas, bem como atentarmo-nos à 
legislação estrangeira dos órgãos de controle do comércio 
internacional. Alerta-se que o presente é mero indicador 
dos conceitos formulados pelos autores pesquisados, sendo 
obrigatória a leitura das obras bibliográfi cas apontadas 
e citadas no curso do presente. Fica terminantemente 
proibida a reprodução deste, nos termos da lei, sendo 
certo que qualquer transcrição deverá vir acompanhada 
da indicação de sua fonte. Nosso objetivo é tentar 
oferecer uma noção sobre o planejamento tributário sob 
seus diversos aspectos, introduzindo o leitor no universo 
do tema proposto provocando os seus instintos para 
a pesquisa e o aprofundamento do estudo do direito. 
Cumpre recordar que o direito, como objeto cultural, é 
totalmente vertido em linguagem. Assim, quanto maior o 
domínio da linguagem, maior será o domínio do direito.
Boa sorte e bom estudo.
Prof. Sérgio Igor Lattanzi
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
 O lícito e o ilícito
Para Almir Malkowski1 o lícito e o ilícito são qualifi cações 
jurídicas de condutas. Qualifi cações especifi camente 
jurídicas, porque decorrentes da incidência de normas 
jurídicas. Por isto, é grave equívoco identifi car tais 
categorias mediante critérios outros, que não parâmetros 
normativos.
Toda a conduta é jurídica, vale dizer, tem signifi cação 
para o direito. “Não há conduta ajurídica, isto é, sem 
referibilidade ao Direito. Sempre referenciadas ao Direito, 
as condutas, todas elas, ou são lícitas ou ilícitas.
Ocorre que as normas não regulam todas as condutas. 
Aquelas não reguladas, então, situam-se, em princípio, no 
âmbito do lícito. Prevalece o princípio da liberdade, a dizer 
que tudo o que não é proibido, é permitido.
Em sendo assim, lícito é o comportamento que o 
sistema normativo prescreve, ou não proíbe, enquanto 
ilícito é o comportamento que o sistema normativo proíbe. 
Nem sempre, porém, é assim, pois em algumas áreas 
do direito prevalece o princípio da legalidade. Nessas 
áreas, então, o não previsto é ilícito. Lícito, portanto, é 
apenas o legal.
O Lícito e o Legal
 
O mesmo autor ao tratar do lícito e do legal esclarece 
que “para alguns doutrinadores, o campo da licitude é 
distinto do campo da legalidade. Lícito é apenas o não 
previsto, não regulado pela lei. Legal é o expressamente 
determinado. Ou expressamente facultado, ou permitido 
pela lei. A legalidade é qualidade do que é prescrito pela 
lei. Sua expressão própria é a lei, que a caracteriza e a 
defi ne. Só merece esse qualifi cativo a conduta que se 
enquadra nas previsões da lei. O legal está na lei2.
 
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E 
SONEGAÇÃO
A palavra evasão tributária signifi ca fuga ao dever de 
pagar tributos, abrangendo tanto as condutas praticadas 
pelo contribuinte de forma lícita ou ilícita em face de sua 
abrangência. 
O não pagar tributo sem afronta à legislação, é 
comumente designado pela doutrina como: elisão 
tributária , economia de impostos, Planejamento 
Tributário e engenharia tributária.
1. Almir Malkowski – Planejamento Tributário – Ed. De Direito – 2000 –pg
2. opus cit. pg. 28
Planejamento Tributário
5
Legitimidade do planejamento tributário
Sabemos que o tributo é devido quando ocorrer 
no universo dos fenômenos à hipótese defi nida em lei 
como necessária e sufi ciente ao seu nascimento, vertida, 
evidentemente, em linguagem jurídica apropriada. É certo 
que a inocorrência desse fato pode situar-se no 
campo da licitude, ao cidadão é assegurada a liberdade 
de se comportar de modo a evitar aquela ocorrência.
Resumindo, o contribuinte tem o direito de arrumar os 
seus negócios, sua fortuna, seu modo de vida, de maneira 
a pagar os impostos menos elevados ou a não pagar 
imposto algum, contanto que não viole nenhuma regra 
legal.
Distinção Entre Planejamento Tributário 
E Fraude
 O elemento temporal
Para autores de cabedal (Carlos Vaz, Candido Henrique 
de Campos, Ricardo Mariz de Oliveira, Gilberto de Ulhôa 
Canto e etc.) o planejamento tributário distingue-se da 
fraude fi scal por ser anterior ao fato gerador do tributo. 
Reside no aspecto temporal a sua distinção.
Não se justifi ca tomar uma atitude destinada a evitar a 
concretização do nascimento da obrigação tributária, após 
o nascimento da mesma. Observe que, esta regra só é 
valida quando o contribuinte age sem ferir a lei, conforme 
bem demonstra Gilberto Ulhôa3:
“... se o contribuinte age ou se omite antes da 
ocorrência do fato gerador segundo defi nido em 
lei aplicável, e sempre no pressuposto que o seu 
procedimentoseja objetiva e formalmente lícito, 
por não contrariar a lei, haverá elisão, enquanto 
que existirá evasão se o ato ou a omissão é 
posterior a ocorrência do fato gerador.”
Cumpre ressaltar que as exceções existem, também, 
após a ocorrência do fato gerador. Podemos dar como 
exemplo, a possibilidade retroativa de enquadramento 
de uma empresa COMUM no sistema simplifi cado de 
arrecadação (SIMPLES), desde que a mesma preencha os 
requisitos para tal enquadramento.
A Defi nição de Fraude Na Lei 4.502/64
“art. 72. Fraude é toda a ação ou omissão 
dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou 
parcialmente, a ocorrência do fato gerador da 
obrigação tributária principal, ou a excluir ou 
modifi car as suas características essenciais, de 
modo a reduzir o montante do imposto devido, ou 
a diferir o seu pagamento”.
Ao prescrever o artigo 72 que a fraude se caracteriza 
quando o contribuinte tenta impedir, ou retardar o fato 
gerador, evidentemente, prescreve que estas formas 
deverão estar acompanhadas de algum artifício antijurídico.
ELISÃO E EVASÃO FISCAL (CONCEITO)
 Conceitos
Elisão fi scal é uma não-incidência tributária legalmente 
admitida (ou tributação reduzida).
Evasão fi scal, por sua vez, é forma de ilicitude para 
evadir-se ou fugir da tributação.
Diva Malerbi4 ensina que as formas de redução da 
carga tributária são:
a) Abstenção de incidência pura e simples;
b) Elisão em sentido estrito ou via jurídica lícita 
menos onerosa;
c) Evasão em sentido estrito ou via jurídica, ilícita 
menos onerosa
d) Simulação ou ocultação do fato imponível por 
meio de forma aparente de legitimidade; e
e) Fraude ou ocultação pura e simples de fato 
imponível ocorrido.
3. Gilberto Ulhôa Canto. Elisão e Evasão, in Caderno de Pesquisas tributárias n. 13, São Paulo: Resenha Tributária, 1988, pg. 41
4. Diva Prestes Marcondes Malerbi – Elisão Tributária – RT – São Paulo – 1984, v. 7
Planejamento Tributário
6
Para a mesma autora a Elisão tributária refere-se 
a um certo tipo de situações criadas pelo contexto do 
direito tributário positivo que, por não estar compreendido 
dentro do catálogo legal das situações tributárias 
existentes, pertence, assim, àquela área de proteção 
jurídica do particular (relacionada com sua liberdade 
negocial e , precipuamente, com a sua propriedade), 
constitucionalmente assegurada, na qual o estado 
tributante não pode ingressar. 
Distinção
O que distingue a elisão da fraude fi scal é que , neste 
último caso, trata-se de um descumprimento ilícito de 
obrigação já validamente surgida com a ocorrência do fato 
gerador, ao passo que na elisão impede-se o surgimento da 
obrigação tributária evitando a ocorrência do fato gerador.
Elisão
Evasão
Simulação
Negócio jurídico indireto
Sonegação
Conluio
Fraude, e
Desconsideração da personalidade jurídica.
Nesta última temos como fundamento o abuso do 
direito. Por ela desconsidera-se a pessoa jurídica, para 
o fi m de atribuir o cumprimento da obrigação à pessoa 
física do administrador (sócio, diretor, titular), tendo em 
vista que o ato ou o negócio realizado favorece não a 
pessoa jurídica (o que seria correto), mas a pessoa física 
do administrador (que acaba fi cando com o patrimônio ou 
a renda).
Em caso de abuso de personalidade jurídica, 
caracterizado pelo desvio da fi nalidade, ou pela confusão 
patrimonial, pode o Juiz determinar que os efeitos de certas 
e determinadas relações de obrigações sejam estendidos 
aos bens particulares dos administradores ou sócios de 
pessoa jurídica (Cód. Civil, Lei 10.406/02, art. 50).
Cumpre obtemperar que, existem situações fáticas que 
podem acolher mais de uma fi gura ou que elas venham a 
se confundir.
Elisão Fiscal: Exemplo
A título de exemplo, entre tantos outros que podem 
ser extraídos da legislação tributária, selecionamos um, 
que diz respeito ao IPI/ICMS/ISS. Observamos, porém, 
que tanto a situação jurídica quanto as alíquotas que 
mencionamos estão sujeitas a alterações – pelo que, nos 
casos concretos, deve ser vista a legislação vigente no 
momento da ocorrência do fato gerador.
Consideremos A como o fabricante, e B como o 
comprador e benefi ciário do serviço. Consideremos, ainda, 
que o valor do bem é de R$ 8.000,00 e o serviço de 
instalação /montagem de R$ 5.000,00. Assim, B adquiri 
de A um equipamento com a obrigatoriedade de A instalá-
lo no estabelecimento de B. No caso, tendo em vista que 
a venda, instalação e montagem são feitas pela mesma 
pessoa (A), sobre tais operações incidem IPI e ICMS, 
numa base de cálculo de R$ 13.000,00. Considerando a 
alíquota de 10% de IPI e 18% de ICMS, resulta o valor de 
R$ 3.640,00 de impostos devidos.
Pois bem: Se A que pratica constantemente tais 
operações, abrir (constituir) uma outra empresa (C), 
para fi ns específi co de prestar os serviços de instalação 
e montagem, confi guram-se duas operações e não mais 
só uma, a saber: sobre a operação de venda de A para 
B apuram-se R$ 2.240,00 de IPI/ICMS (28% sobre R$ 
8.000,00); e sobre a instalação e montagem R$ 250,00 de 
ISS (5% de alíquota sobre R$ 5.000,00), resultando um 
montante de R$ 2.490,00, contra R$ 3.640,00, com uma 
economia de impostos de R$ 1.150,00 (Resp 103.282-DF- 
STJ).
Tal procedimento não confi gura “abuso de forma” 
até porque B poderia adquirir o equipamento de A, e a 
instalação/manutenção de D, E ou F, obtendo a mesma 
economia de impostos. E, sabedor dessa possibilidade que 
a legislação oferece, pode negociar com várias empresas 
para obter o melhor preço em igual qualidade.
Simulação: Exemplo
A, acometido por doença grave, para evitar dispêndio 
com o inventário, vendeu (fi cticiamente) um imóvel a B 
(que aceitou fi gurar como comprador). Com o falecimento 
Planejamento Tributário
7
de A, B transferiu o imóvel a C (viúva de A), por escritura 
pública, sem que B recolhesse o IR sobre o ganho de 
Capital (digamos de 25%). Autuado, B alegou que na 
compra do imóvel de A e na venda do mesmo para B 
funcionou apenas fi gurativamente como comprador e 
vendedor, respectivamente, para ajudar a família a não ter 
despesas com o inventário.
Tais razões não foram acolhidas pela 2ª Câmara do 
Conselho de Contribuintes, com fundamento no art. 118 do 
CTN (desconsiderahção de atos, e seus efeitos, praticados 
pelo contribuinte), além de reconhecer fé pública da 
escritura (art. 134 do CC) e por representar o ganho de 
capital fato gerador do IR (Lei 7.713/88, art. 3º, § 3º).
SIMULAÇÃO, FRAUDE E CONLUIO: 
CONCEITO LEGAL
A lei nº 4.502/64, relativa ao IPI, identifi ca os institutos 
da sonegação, fraude e conluio nos seguintes termos:
Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa 
tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o 
conhecimento por parte da autoridade fazendária:
I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária 
principal, sua natureza ou circunstâncias materiais;
II – das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis 
de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito 
tributário correspondente.
Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa 
tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a 
ocorrência , a ocorrência do fato gerador da obrigação 
tributária principal, ou a excluir ou modifi car as suas 
características essenciais, de modo a reduzir o montante 
do tributo devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento.
Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais 
pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos 
referidos nos arts. 71 e 72.
PRESUNÇÕES E FICÇÕES TRIBUTÁRIAS
São duas as espécies de presunção, a saber:
a) A presumpitio hominis – a que o juiz extrai por si 
mesmo, dos elementos da demanda; e
b) A presumpitio iuris – que é estabelecida pela lei, e 
que pode ser:
b1) iuris tantum – quando admite prova em contrário; 
e 
b2) iuri et iuri – quando é absoluta, não admitindo 
prova em contrário.
Tais conceitos chegaram aos nossos dias, sendocerto 
que o Ministro Moreira Alves, considera a fraude à execução 
referida no art. 185 do CTN, hipótese rara de presunção 
iuri et iuri no direito tributário.
Yonne Dolácio5 diz que a presunção legal absoluta é 
incompatível para criar ou aumentar tributo, trazendo a 
seu favor o pensamento de Moschetti, para quem uma 
presunção absoluta, ainda que abstratamente racional 
e conforme ao “normal”, não tem força para atender ao 
requisito da efetividade que é próprio do conceito de 
capacidade contributiva. O interesse público, na certeza 
das relações tributárias, não pode ser tutelado até o ponto 
de negar a prova em contrário ao fi sco ou ao contribuinte.
Ficção é a mentira legal, ao contrário da presunção que 
não é mentira, mas uma probabilidade. Por ela não se pode 
considerar ocorrido o aspecto material do fato gerador, pois 
ou se estará exigindo tributo sem fato gerador, ou haverá 
instituição de tributo fora da competência outorgada pela 
constituição.
Indícios são fatos conhecidos, comprovados, que 
se prestam como ponto de partida para as presunções 
relativas.
De regra, então, as presunções são relativas, pelo que 
admitem prova em contrário. Entretanto, o problema que 
se coloca é de quem é o ônus da prova.
5. A tipicidade no direito tributário brasileiro, Editora Saraiva, 1980
Planejamento Tributário
8
Quando se trata de mero indício, a prova deverá ser 
feita por quem o alega. 
Em suma, as fi cções são estabelecidas pela lei e não 
admitem prova em contrário, por serem consideradas 
como verdades defi nitivas (ISS, porém, não signifi ca que 
não se possam contestar). As presunções legais podem 
ser absolutas (iuri et iuri) ou relativas (iuri tantum); e 
temos, ainda, as presunções comuns ou de fato (hominis), 
que não provêm da lei, mas da convicção do intérprete, e 
confundem-se com o indício veemente.
Quanto aos indícios, são sinais exteriores que por si só 
nada representam, mas de acordo com sua intensidade, 
podem conduzir aos mesmos efeitos da presunção relativa. 
Nessa hipótese, será considerado indício veemente 
(porque acompanhado de prova documental, pericial, 
testemunhal), gerando o efeito de inverter o ônus da 
prova.
Presunção Legal Relativa: Exemplo
Presunção é ilação que se tira de um fato conhecido 
para provar a existência de outro desconhecido, tal como 
ocorre nas seguintes situações:
1ª) presume-se distribuição disfarçada de lucros no 
negócio quando a pessoa jurídica paga à pessoa física 
(ligada) aluguéis, royalties ou por assistência técnica em 
montante que excede notoriamente o valor de mercado 
(Decreto-Lei n. 1.509/77, art. 60, VI). Nota: Pessoa ligada 
é a pessoa do sócio, administrador ou titular de pessoa 
jurídica, ou o cônjuge e seus parentes, inclusive afi ns, até 
terceiro grau;
2ª) a autoridade tributária arbitrará o lucro da pessoa 
jurídica, que servirá de base de cálculo do IR, à alíquota 
de 25%, quando (Lei 8.541/92, art. 21):
a) o contribuinte obrigado à tributação com base 
no lucro real não mantiver escrituração na forma das leis 
comerciais e fi scais, ou deixar de elaborar as demonstrações 
fi nanceiras exigidas pela legislação fi scal;
b) a escrituração mantida pelo contribuinte contiver 
vícios, erros ou defi ciências que a tornem imprestáveis 
para determinar o lucro real ou, ainda, revelar evidentes 
indícios de fraude.
 No primeiro exemplo, o fato conhecido é o 
pagamento que a PJ fez à PF, para chegar-se ao fato 
desconhecido, ou seja, à distribuição disfarçada de lucros. 
No segundo exemplo, o fato conhecido é a ausência de 
escrituração, ou, existindo, contiver erros ou defi ciências, 
para chegar-se ao fato desconhecido, ou seja, a omissão 
de receita tributável.
Curioso observar, nessa hipótese de mero indício, que, 
em verdade, não cabe ao agente fi scalizador lavrar, de 
imediato, auto de infração, sendo aconselhável aprofundar-
se no exame, para colher elementos convincentes. Do 
contrário, lavrando auto de infração, criará sérios problemas 
não só ao sujeito passivo – que terá despesas advindas da 
defesa que deverá apresentar, por mais simples que seja 
o caso – como para a própria Administração Pública. E 
poderá até ser o caso desta ser responsabilizada, tendo 
de suportar tais despesas, por culpa de seu agente fi scal 
– com ação de regresso, se houver abuso por parte deste 
último.
Entretanto, se for caso de indício veemente, forte, 
documentado, aí o agente fi scal lavrará auto de infração, 
deslocando a prova para o sujeito passivo autuado, que 
deverá defender-se impugnando o lançamento, podendo 
para tanto alegar matéria de fato e/ou direito, em vista do 
princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa.
Ficção Legal: Exemplo
O Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto 
2.637/98, estabelece no art. 33 que se considera ocorrido 
o fato gerador:
“VI – no 4º dia da data da emissão da respectiva nota 
fi scal, quanto aos produtos que até o dia anterior não 
tiverem deixado o estabelecimento do contribuinte (L. 
4.502/64, arts. 2º e 5º, inciso I, alínea d, e DL 1.133/70, 
art. 1º).”
Planejamento Tributário
9
É hipótese de fi cção prevista em lei, porque considera 
ocorrido o fato gerador que na realidade não ocorreu.
Alguns entendem que essa disposição é ilegal, por 
contrariar o CTN (art.46, II c/c art. 51, II), tendo em vista 
que caberia à lei complementar defi nir os fatos geradores 
dos impostos (art. 146, III, a, da CF). E os referidos 
artigos do CTN, que tem a qualidade de lei complementar, 
estabelece que o fato gerador do IPI é a saída do produto 
do estabelecimento industrial.
O mesmo RIPI apresenta hipóteses de fi cção que são 
consideradas legais, ao estabelecer, no art. 9º, entre 
outros, que se equiparam a estabelecimento industrial:
“I – os estabelecimentos importadores de produtos 
de procedência estrangeira, que derem saídas a esses 
produtos (Lei 4.502/64, art. 4º, I).”
INTERPRETAÇÃO ECONÔMICA: 
NOÇÕES GERAIS
Ruy Barbosa Nogueira6 destaca, como aspecto 
importante , dentro da interpretação teleológica, a 
consideração econômica, especialmente no campo dos 
impostos, tendo-se em vista que esses instrumentos de 
captação de riqueza, que incidem quase sempre sobre 
fatos econômicos por meio de categorias jurídicas, podem 
estar sendo distorcidos ou mal utilizados com pretensões 
de reduzir ou elidir tributações legítimas. Assim, a 
consideração econômica poderá, em certos casos, 
demonstrar a fi nalidade autêntica de dispositivos e impedir 
abusos.
Após dizer que, por outro lado, a consideração 
econômica é também útil para demonstrar o uso legítimo 
de estruturações que permitem a chamada economia 
de imposto, isto é, a faculdade que tem o contribuinte, 
dentro da ordem jurídica, de estruturar legitimamente 
suas atividades, assevera:
“A consideração econômica, dentro da interpretação 
teleológica, deve ser correlacionada com o princípio 
da uniformidade da tributação, segundo a qual fatos 
iguais devem, em princípio, ser igualmente tributados. A 
consideração econômica dentro da teoria da interpretação 
do direito não signifi ca uma intromissão livre da ciência da 
econômica dentro do direito. Esta tem de ser e 
somente pode ser uma interpretação de conteúdo 
econômico e válido quando juridicizada ou admitida 
pelas disposições isoladas ou correlacionadas do direito. 
Constitui um erro distinguir-se consideração econômica e 
jurídica, pois a consideração econômica só é vinculante 
até onde tenha sido admitida pelas normas jurídicas; do 
contrário, constituiria um elemento de insegurança, em 
vez de instrumento de normatividade do direito.”
RUBENS GOMES DE SOUSA7 , assim leciona:
“Em resumo, a chamada interpretação econômica não 
é um sistema que se oponha a interpretação jurídica. Ela é 
uma metodologia útil, precisamente como recurso auxiliar, 
para se recompor a interpretação jurídica nos casos em 
que esta seja falseada - conscientementeou não – por 
um desajustamento entre o instrumento jurídico e o 
objetivo, necessariamente extra ou metajurídico da norma 
a aplicar. É a conclusão muito bem exposta por Perez 
de Ayala em seu livro sobre as fi cções legais no direito 
tributário, quando mostra a utilidade delas na construção 
de um elenco de tipifi cações normativas, a quem possam 
ser conduzidas as formas atípicas, distorcidas ou, no grau 
máximo, fraudulentas, que possam ocorrer na prática. 
Assim entendida, a interpretação econômica tem de 
enquadrar-se – de subsumir-se – no sistema jurídico, 
o que vale dizer que ela, de per si, não existe; o que 
existe é uma metodologia aplicativa orientada (como 
necessariamente o são todas as que não sejam meramente 
apriorísticas) por um critério fi nalístico: variará a fi nalidade 
buscada em função do ramo do direito de que se trate. No 
caso, essa fi nalidade será econômica porque econômico 
é o conteúdo do direito tributário, como o de todos os 
direito obrigacionais; mas poderá ser política (direito 
constitucional); sociológica (direito penal, direito de 
família); judiciária (direito processual); funcional (direito 
administrativo) e assim por diante.
6. Ruy Barbosa Nogueira, Da interpretação e da aplicação das leis tributárias, São Paulo, Bushatsky, 2a. Ed. 1974, p. 65, 66 e 71
7. Rubens Gomes de Sousa, Compêndio de legislação tributária, SP, Resenha Tributária, 1975, p. 60.
Planejamento Tributário
10
AMILCAR DE ARAÚJO FALCÃO8 diz que o método da 
interpretação econômica é perfeitamente adequado ao 
princípio da legalidade em matéria de fato gerador, e que:
“Em direito tributário, autoriza-se o intérprete, 
quando o contribuinte comete um abuso de forma 
jurídica, a desenvolver considerações econômicas para 
a interpretação da lei tributária e o enquadramento do 
caso concreto em face do comando resultante não só da 
literalidade do texto, mas também do seu espírito da mens 
ou ratio legis”.
Entretanto, a interpretação econômica, nos dias atuais, 
não se coaduna com o direito tributário brasileiro, em face 
do princípio da tipicidade, corolário do princípio da reserva 
legal.
Vejamos as disposições do Artigo 116, com as alterações 
da lei Complementar 104/2001:
ART. 116... 
§ ÚNICO – A AUTORIDADE ADMINISTRATIVA PODERÁ 
DESCONSIDERAR ATOS OU NEGÓCIOS JURÍDICOS 
PRATICADOS COM A FINALIDADE DE DISSIMULAR 
A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR DO TRIBUTO 
OU A NATUREZA DOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
DA ORBIGAÇÃO TRIBUTÁRIA, OBSERVADOS OS 
PROCEDIMENTOS A SEREM ESTABELECIDOS EM LEI 
ORDINÁRIA.
INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO 
TRIBUTÁRIO INTERNACIONAL.
Como vimos de ver, o planejamento tributário ou 
engenharia tributária nada mais é do que a redução da 
carga tributária proposta pelo contribuinte, seja ele pessoa 
física ou jurídica, dentro dos limites legais, sendo certo que 
sua aplicação ou utilização longe de ser uma possibilidade 
é um dever que, através da redução da carga tributária de 
forma legal, deve baratear a oferta de seus bens e serviços 
tornando-se mais competitivo não só no mercado interno, 
como, em um país que procura se destacar no mercado 
global, no mercado internacional. 
Daqui em diante, nosso estudo terá como foco o 
mercado internacional e o planejamento tributário com 
vistas a tais mercados, devendo o leitor fi car atento, pois 
a necessidade de conhecimento de legislação de outras 
Nações tornará nossa tarefa mais árdua.
DIREITO TRIBUTÁRIO 
INTERNACIONAL E PLANEJAMENTO 
TRIBUTÁRIO INTERNACIONAL
A diferenciação didática entre Direito 
Tributário Internacional e Direito 
Internacional Tributário.
Apesar de pregarmos a univocidade do direito, por 
questões didáticas, insistimos em distingui-los com o único 
objetivo de facilitar a compreensão dos institutos. Cumpre 
ressaltar que devemos entender como componentes do 
Direito Tributário Internacional toda a legislação interna 
que venha prescrever comportamentos de contribuintes 
que realizam transações negociais internacionais, sendo 
certo que ao nos referirmos ao Direito Internacional 
Tributário, estaremos nos referindo ao conjunto de 
normas internacionais que regulam as relações fi scais 
entre as diferentes Nações. Insistimos, como faz Heleno 
Torres, que tal diferenciação só se justifi ca por questões 
eminentemente didáticas:
“No plano da ciência do direito, estes setores não 
são ramos independentes entre si. Não podem reclamar 
qualquer autonomia, porque nao possuem um subsistema de 
normas organizado estruturalmente com função e princípios 
próprios, para servir-lhes de objeto de estudo. Antes, são 
extremamente dependentes, de método e objeto, do direito 
tributário (interno); ou do direito internacional, no caso do 
Direito Internacional Tributário.
Trata-se, sim, de setores de estudo, de 
agrupamentos de normas ratione materiae, ante 
as diferenciações de “fontes formais” e “critérios 
de validade” entre as mesmas, para fi ns de 
tratamento dos rendimentos transnacionais. 
Esta distinção deve ser feita apenas para situar 
os estudos a serem desenvolvidos dentro do 
8. Amilcar de Araujo Falcão, Introdução ao direito tributário, RJ, 1976, p. 43, 68 e 78.
Planejamento Tributário
11
ambiente sistêmico do Direito Tributario, como 
se fez com tantos outros, como é o caso9.
Planejamento tributário internacional 
Como já salientamos em parágrafos anteriores, o 
planejamento tributário internacional, como ocorre 
com o planejamento tributário interno é forma de 
otimização da substancial carga tributária imposta, no 
caso específi co, aos contribuintes que realizam seus 
negócios no e com o mercado internacional. Como salienta 
Heleno Torres o planejamento tributário internacional 
é “um procedimento a serviço da decisão privada em 
investimentos transacionais”10. Observamos que a maior 
difi culdade no planejamento tributário internacional 
está na harmonização das legislações dispares que se 
entrecruzam nas negociações entre países e blocos 
comerciais (UEE, MERCOSUL, NAFTA) distintos. Nesse 
diapasão, Alberto Xavier11 ao classifi car as formas de Elisão 
fi scal o faz distinguindo-a em Elisão Subjetiva, que leva 
em consideração o domicílio das pessoas naturais e das 
pessoas jurídicas, bem como a sua nacionalidade e, de 
outro lado, em Elisão Objetiva que leva em consideração a 
fonte de produção da renda, sua distribuição entre vários 
países ou a concentração do patrimônio em determinado 
território fi scal mais favorável.
Levando-se em consideração as formas de planejamento 
pretendidas, Heleno Torres apresenta número signifi cativo 
de situações que podem e devem ser consideradas, a 
saber:
• seleção do país de destino do investimento e dos 
países
intermediarios;
• análise da legislacão dos distintos países envolvidos;
• a própria estrutura do sistema tributario nacional de 
cada país
(aplicação do princípio da territorialidade ou da 
universalidade,
progressividade de alíquotas, tributos incidentes, 
tributos adi¬cionais ou especiais sobre investimentos 
internacionais etc.);
• eleição da forma jurídica que deverá assumir o 
investimento;
• os criterios de residência adotados nos países 
envolvidos;
• deveres instrumentais ou formais (obrigações 
acessórias);
• especies de retenções na fonte (dividendos, 
royalties, juros etc.);
• regras sobre as transferências de ativos para o 
exterior, ou no
exterior;
• presença de medidas unilaterais para evitar a 
dupla tributação
(isencões, créditos de impostos, deduções, tax deferral, 
tax
sparing, tax reduction, investment credit etc.) pelo 
estado de
residência;
• existência de convenção para evitar a dupla 
tributação interna¬cional e o respectivo regime jurídico 
que ela contempla;
• normas de controle sobre treaty shopping;
• regras para o controle de transfer price;
• regras para o controle de thin-capitalization;
regime jurídico-tributário aplicável as opções de 
constituir urna fi lial (ou qualqueroutra forma de 
estabelecimento permanente) ou subsidiária (controlada 
ou coligada);
• modelos para estruturação do grupo empresarial, 
analisando as
formas societárias mais adequadas.12 
Como já alertamos, ao nos depararmos com as 
possibilidades apontadas pelo professor, não podemos nos 
esquecer da complexidade e do cruzamento de legislações 
que deverão ser analisadas evitando, o contribuinte, 
desgarrar-se da legalidade. São vários os instrumentos 
de planejamento e a fertilidade do pensamento 
humano só faz com que tais possibilidades aumentem. 
Heleno Torres classifi ca os elementos planejados em 
Fisiológicos e Patológicos, sendo que o primeiro ocorre 
quando compatíveis os procedimentos com a disciplina 
dos ordenamentos envolvidos; e o segundo quando 
9. Heleno Torres, Pluritributação Internacional sobre as Rendas de Empresas, Ed. RT, Ed. 1997, pg. 57
10. Heleno Torres, Direito Tributário Internacional, Ed. RT, 2001, pg. 51
11. Alberto Xavier, Dir. Trib. Internacional do Brasil, Ed. Forense, 2010, pg. 277 e 283
12. opus cit. Heleno, pg. 54
Planejamento Tributário
12
a busca dos objetivos transcendem os controles dos 
ordenamentos, em síntese, desrespeitando-os no todo ou 
em parte. Demonstra o autor13 as mais importantes formas 
organizativas de planejamento tributário internacional, a 
saber:
• uso de países com tributação favorecida - os 
paraísos fi scais
(tax havens);
• transferências de preços entre empresas 
vinculadas (transfer
price);
• uso de acordos internacionais (treaty shopping ou 
rule shopping);
• transferencias de sede social ou administrativa 
para o exterior;
• reorganizações societárias internacionais (fusões, 
cisões, incorporações);
• subcapitalização de empresas (thin-capitalization);
• transferências de ativos para o exterior ou no 
exterior.
TRATADOS INTERNACIONAIS EM 
MATÉRIA TRIBUTÁRIA E ORDEM 
INTERNA APLICÁVEL AO DIREITO 
TRIBUTÁRIO
 
As normas de fonte interna e externa
Como tratamos em parágrafos anteriores, toda a 
legislação interna voltada a solução de confl itos e a 
normatização das relações tributárias com o mercado 
internacional, seja do contribuinte nacional com o mercado 
internacional ou o contribuinte estrangeiro que resolve 
aplicar e negociar com o mercado interno é considerada 
matéria, apenas para efeitos didáticos, de direito tributário 
internacional, sendo certo que as normas de produção 
externa em que ocupam lugar preponderante os tratados 
contra dupla tributação, segundo as palavras de Alberto 
Xavier, são normas de direito internacional tributário. 
Assim, todas as fontes legais, desde a Constituição, suas 
emendas-constitucionais, leis complementares, ordinárias, 
medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções 
do Senado Federal, são normas de direito tributário 
internacional quando normatizam situações que envolvam 
o mercado internacional e a carga tributária sobre 
tais operações. Por outro lado, não são menos válidas, 
as legislações estrangeiras que normatizam situações 
similares, desde que não fi ra a soberania dos Estados 
envolvidos. Em matéria de legislação internacional, como 
mencionou Alberto Xavier, devemos dar destaque aos 
tratados e convenções internacionais, desde que ratifi cado 
pelos países que aderiram às suas diretrizes14. 
Tratados Internacionais 
Tratados e convenções internacionais são certamente as 
fontes mais importantes do direito internacional, não sendo 
diferente com o direito internacional tributário, referidos 
tratados e convenções, quando chancelados pelo Poder 
Legislativo de cada país signatário dos mesmos faz com que 
referida norma faça parte integrante da legislação destes 
países, obrigando-o internamente e frente a comunidade 
internacional. Os tratados e as convenções internacionais 
são chancelados pelo Poder Legislativo no Brasil através 
dos decretos-legislativos, instrumento introdutor de norma 
adequado para dar validade as convenções e aos tratados 
em território nacional. Em face da importância da matéria 
tributária, surgiram tratados de conteúdo eminentemente 
tributário, objetivando a eliminação ou redução da dupla 
tributação, da evasão fi scal (forma ilegal de redução da 
carga tributária) e da colaboração administrativa entre os 
Estados estrangeiros. 
A Convenção Modelo da OCDE relativa 
a IR e Capital
Segundo Alberto Xavier, o Brasil ao celebrar suas 
convenções ou tratados, segue como linha mestra o modelo 
de Convenção da OCDE, objetivando evitar-se a dupla 
tributação, vejamos a origem da noticiada Convenção nas 
palavras do autor:
“Esta tem sua origem nos trabalhos desenvolvidos pelo 
Comitê Fiscal da Organização Européia de Cooperação 
Econômica (OECE), encarregado de apresentar um projeto 
de convenção destinado a eliminar as duplas tributações 
sobre o rendimento e o patrimônio. Este mandato foi 
13. opus cit. Heleno, pg. 56
14. opus cit. Alberto Xavier, pg. 67
Planejamento Tributário
13
confi rmado quando da criação em 1961, da Organização 
de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 
que substituiu a primeira.
Em 1963, foi fi nalmente divulgado o Projeto de 
Convenção (draft Convention) e respectivos comentários 
interpretativos, ambos revistos em 1977 e objeto de 
“”recomendação”” pelo Conselho daquela Organização (de 
11 de abril de 1977) (Model Convention).
O trabalho entretanto desenvolvido pelo Comitê Fiscal 
conduziu à publicação, em 1992, de um novo Modelo 
de Convenção e respectivos comentários (Model Tax 
Convention), o qual – ao contrário das versões anteriores 
– pretende ter um caráter evolutivo, sujeito a revisões 
periódicas em 1994, 1995, 1997, 2000, 2003 e 2005, a 
versão atualizada do Modelo data de junho de 2008.”15 
 
As Convenções celebradas pelo Brasil
O Brasil, após anos de políticas equivocadas de 
protecionismo, passou paulatinamente a ser signatário 
de número signifi cativo de convenções e tratados 
internacionais, conforme podemos observar:
1) África do Sul (Decreto Legislativo n° 301/06; 
Decreto n° 5.922/06; Por-tarian0 433/06);
2) Argentina (Decreto Legislativo n° 74/81; Decreto 
n° 87.976/82; Portaria n° 22/ 83; Ato Declaratório n° 
6/90);
3) Áustria (Decreto Legislativo n° 95/75; Decreto n° 
78.107/76; Portaria n° 470/76); 
4) Bélgica (Decreto Legislativo n° 76/72; Decreto 
n° 72.542/73; Portarias nOs 271/74 e 71/76); Decreto n° 
6.332/07; Portaria n° 140/08); 
5) Canadá (Decreto Legislativo n° 28/85; Decreto n° 
92.318/86; Portarias n°s 199/86 e 55/88);
6) Chile (Decreto Legislativo n° 331/03; Decreto n° 
4.852/03; Portaria n° 285/03); 
7) China (Decreto Legislativo n° 85/92; Decreto n° 
762/93);
8) Coréia (Decreto Legislativo n° 205/91 e Decreto 
n° 354/91; ADI n° 3/06);
9) Dinamarca (Decreto Legislativo n° 90/74; Decreto 
n° 75.106/74; Portarias nos 68/75 e 70/76);
10) Equador (Decreto Legislativo n° 4/86; Decreto n° 
95.717/88);
11) Espanha (Decreto Legislativo n° 62/75; Decreto 
n° 76.975/76; Portaria n° 45/76);
12) Filipinas (Decreto n° 241/91; Decreto Legislativo 
n° 198/91);
13) Finlândia (Decreto n° 2.465/98; Ato Declaratório 
n° 12/98; Decreto Legislativo n° 35/97);
14) França (Decreto Legislativo n° 87/71; Decreto 
n° 70.506/72; Portarias nos 287/72 e 20/76; Parecer 
Normativo n° 55/76);
15) Hungria (Decreto Legislativo n° 13/90; Decreto n° 
53/91);
16) índia (Decreto Legislativo n° 214/91; Decreto n° 
510/92);
17) Israel (Decreto Legislativo n° 931/05; Decreto n° 
5.576/05; Portaria n° 1/06);
18) Itália (Decreto Legislativo n° 77/79; Decreto n° 
85.985/81; Portarias nos 203/81 e 226/84);
19) Japão (Decretos Legislativos n°s 43/67 e 69/76; 
Decretos nos 61.899/67 e 81.194/78; Portaria n° 92/78; 
Parecer Normativo n° 38/70 e 662/71; Parecer Normativo 
COSIT n° 3/95; Ato Declaratório n° 2/80);
20) Luxemburgo (Decreto Legislativo n° 78/79; 
Decreto n° 85.051/80; Portarias nos 413/80 e 510/85);
21) México (Decreto Legislativo n° 58/06;Decreto n° 
6.000/06; Portaria n° 38/07; ADI n°s 1/07 e 22/08);
22) Noruega (Decreto Legislativo n° 50/81; Decreto 
n° 86.710/81; Portarias nos 25/82 e 227/84; Decreto 
Legislativo n° 4/96 (Protocolo Suplementar); Decreto n0 
2.132/97);
23) Peru (Decreto Legislativo n° 500/09; Decreto n° 
7.020/09);
24) Portugal (Decreto Legislativo n° 188/01; Decreto 
n° 4.012/01; Portaria n° 28/02);
25) Reino Unido dos Países Baixos (Decreto Legislativo 
n° 60/90; Decreto n° 355/91);
26) República Tcheca (Decreto Legislativo n° 11/90; 
Decreto n° 43/91);
27) República Eslovaca (Decreto Legislativo n° 11/90 
e Decreto n° 43/91);
28) Suécia (Decreto Legislativo n° 93/75; Decreto n° 
77.053/76; Portarias nos 44/76 e 5/79; Parecer Normativo 
15. opus cit. Alberto Xavier, p. 71
Planejamento Tributário
14
n° 37/74; Ato Declaratório n° 28/78; Troca de Notas MRE 
- DO 03/01/86; Decreto Legislativo n° 57/97);
29) Ucrânia (Decreto Legislativo n° 66/06; Decreto n° 
5.779/06; Portaria n° 198/06).16 
 
O procedimento de celebração dos 
tratados
Como já salientamos em momento oportuno, as 
convenções e os tratados internacionais, só tem validade 
se referendado pelo Congresso Nacional, especifi camente 
através de Decreto-legislativo (art. 84, inciso VIII, CF) 
sendo certo que comporta três fases distintas, a saber: a) 
preparação ou negociação; b) constitutiva ou celebração e 
c) integrativa de efi cácia ou promulgação. Alberto Xavier 
descreve cada uma destas fases de forma cristalina e 
exemplar, senão vejamos:
 “O procedimento de celebração dos tratados comporta 
três fases: a fase preparatória ou das negociações, a 
fase constitutiva ou da celebração e a fase integrativa de 
efi cácia, ou da promulgação.
A fase preparatória ou das negociações inicia-se com a 
intervenção de agentes do Poder Executivo e termina com 
a autenticação, ou seja, o ato pelo qual as partes declaram 
concluído o processo de formulação do acordo e que tem 
como objetivo prático fi xar o texto que será submetido 
à ratifi cação. A autenticação pode revestir a modalidade 
de rubrica (parafatum, inititüling) ou de assinatura ad 
referendum, por agentes munidos de Cartas de Plenos 
Poderes.
A assinatura do tratado não cria, por si, o vínculo 
convencional18. O consentimento que se expressa pela 
assinatura reporta-se apenas à “redação do projeto 
convencional, e é apenas prenunciativo da expressão da 
vontade de “assumir o vínculo”, refl etindo a mera intenção 
do Governo de prosseguir no procedimento de celebração 
do tratado, notadamente de submetê-lo a referendo e a 
ratifi cação.
A fase constitutiva ou da decretação inicia-se com o 
referendo do Congresso Nacional, o qual tem por objeto 
o texto autenticado e por conteúdo autorizar o Presidente 
da República a ratifi car o tratado. O referendo limita-se à 
alternativa da permissão ou rejeição da ratifi cação, não 
sendo admissível qualquer interferência no conteúdo 
do tratado. O referendo do Congresso Nacional reveste, 
assim, a natureza de uma autorização para ratifi cação. 
A reiterada prática constitucional brasileira revela que a 
forma adotada para o referendo é o decreto legislativo.
Por seu turno, a ratifi cação é o ato unilateral pelo 
qual o Presidente da República, devidamente autorizado 
pelo Congresso Nacional, confi rma um tratado e declara 
que este deverá produzir os seus devidos efeitos. 
Constitui, pois “o ato unilateral com que o sujeito de 
direito internacional, signatário de um tratado, exprime 
defi nitivamente, no plano internacional, sua vontade de 
obrigar-se”. Caracterizado pela liberdade que o Poder 
Executivo tem quanto à opção de praticá-lo ou não, o ato 
de ratifi cação deve ser expresso e tem caráter formal, 
tomando a forma externa de instrumento de ratifi cação, 
assinado pelo Presidente da República e referendado pelo 
Ministro das Relações Exteriores.
A troca, dos instrumentos de ratifi cação fi xa o momento 
da entrada em vigor do tratado na ordem jurídica 
internacional, pois é precisamente nesse momento que se 
consuma o consensus.
A terceira e última fase do procedimento de celebração 
dos tratados é a fase integrativa da efi cácia, que abrange 
a promulgação e a publicação.
A Promulgação, por decreto do Presidente da República, 
é o ato jurídico de natureza meramente interna, pelo qual 
o Governo torna pública a existência de um tratado por ele 
celebrado e constata o preenchimento das formalidades 
exigidas para a sua conclusão. A promulgação está sujeita 
a publicação no Diário Ofi cial, produzindo efeitos ex tunc 
com relação às datas previstas no tratado para a vigência 
deste (Parecer Normativo CST n° 3/79).
Note-se, por fi m, que, em matéria tributária, só o 
tratado é forma adequada de vinculação externa do 
Estado brasileiro. Os meros acordos, acordos executivos 
ou de forma simplifi cada (“agreements in simplifi ed form”), 
não sujeitos a ratifi cação do Presidente da República, só 
poderão atuar, quando muito, em matéria subtraída ao 
princípio da legalidade, ou seja, em matéria estritamente 
regulamentar”.17 
O lugar das convenções internacionais 
16. opus cit. Alberto Xavier, pg. 72 e 73
17. opus cit. Alberto Xavier, pg. 75 e 76
Planejamento Tributário
15
na hierarquia das fontes.
Problema de solução indigesta é aquele que se 
contrapões entre os Tratados e Convenções Internacionais 
com a legislação interna de cada país, no nosso caso 
específi co, no Brasil. Apesar da doutrina tradicional 
apontar as fontes chamadas de formais primárias como 
sendo a Constituição, emendas à Constituição, as Leis 
Complementares, Leis Ordinárias, Medidas Provisórias, 
Decretos-legislativos e Resoluções do Senado Federal, a 
questão que mais incomoda é a de que ao ser signatário de 
um determinado Tratado Internacional que venha entrar 
em confl ito com normas internas, qual ato normativo 
deverá prevalecer. Para podermos entender tal situação, 
precisamos tentar encontrar o lugar das convenções 
internacionais na hierarquia das leis retro descritas. 
Sobre o assunto hierarquia das convenções podemos 
observar que são duas as teorias que prevalecem sobre o 
assunto. Alberto Xavier (p. 81) nomina-as de teoria monista 
e teoria dualista de transformação. A última (teoria dualista 
da transformação) prega que o direito internacional público 
convencional, depois de transformado, assumiria o grau 
hierárquico do respectivo ato interno que operasse tal 
transformação, muito embora, seja possível conceber em 
tese sistemas que, apesar de exigirem uma transformação 
prévia e individualizada, atribuam maior força hierárquica 
à norma internacional transformada”. Tal teoria se justifi ca 
uma vez que o país que adere a uma convenção ou tratado 
internacional integralmente, não poderia internamente 
realizar modifi cações ou alterações que viessem a 
desfi gurá-lo. Por outro lado, ao dar preferência ao tratado 
internacional, corre-se o risco de não podermos observar 
ou aplicar determinadas regras Constitucionais que possam 
confl itar com o tratado celebrado. Por outro lado, a teoria 
monista da transformação aceita a vigência do direito 
internacional convencional com superioridade hierárquica, 
uma vez que está situação se imporia de forma lógica. 
Referida teoria se justifi ca uma vez que se o país aderir 
ao tratado geral, não s justifi caria a sua modifi cação na 
ordem normativa interna. Em síntese, ou se aceitam os 
termos do tratado e adere-se as suas regras ou não.
Já a jurisprudência pátria, após a Constituição 
vigente, em verdadeiro retrocesso aos posicionamentos 
anteriormente adotado por nossas Cortes Superiores, 
veio entender que uma lei interna posterior tem o 
condão de revogar um tratado anteriormente assinado, 
como ocorreu, aliás, com a Lei Uniforme dos Títulos de 
Crédito) que foi seguidamente modifi cada por várias leis 
ordinárias internas. Não precisamos nos alongar que tal 
posicionamentotraz insegurança jurídica, especialmente 
para aquelas empresas estrangeiras que pensam em 
investir no mercado brasileiro. Cumpre ressaltar, como fez 
Alberto Xavier, que a decisão prolatada por nossa Corte 
Suprema foi baseada em doutrina antiga e ultrapassada, 
devendo ter maior atenção do Judiciário nestes tempos 
atuais, em face da globalização das relações comerciais 
internacionais.
A superioridade hierárquica dos tratados 
em relação à lei em face da Constituição 
de 1988.
Levando-se em consideração que não podemos 
de forma unilateral alterar tratados e convenções 
internacionais, sob pena de não sermos reconhecidos 
como signatários pela comunidade internacional, é que 
autores de tomo apontam, pelo menos, sete argumentos 
que impõem a prevalência dos tratados internacionais 
em face da lei interna perante a Constituição de 1988, 
conforme se posiciona Alberto Xavier:
“São sete os argumentos fundamentais em que assenta 
a nossa tese da superioridade hierárquica dos tratados em 
face da lei interna perante a Constituição de 1988:
(i) a Constituição Federal consagrou expressamente o 
sistema monista em matéria de direitos e garantias (art. 
5o, § 2o), o que signifi ca que os tratados valem na ordem 
interna “como tal” e não como leis internas em que se 
tivessem “transformado”, pelo que apenas são suscetíveis 
de revogação ou denúncia pelos mecanismos próprios do 
direito dos tratados, pelo que são dotadas da “resistência 
passiva” que é da essência da superioridade hierárquica;
(ii) os tratados internacionais em geral, tal como os 
tratados sobre direitos humanos que não se enquadrem 
nos requisitos do § 3o do art. 5o da Constituição, têm 
caráter supralegislativo, mas infraconstitucional;
(iii) os Tribunais aplicam os tratados como tal e não 
como lei interna em que se tivessem “transformado”;
(iv) a celebração dos tratados é ato da competência 
conjunta do Chefe do Poder Executivo e do Congresso 
Nacional (art. 84, VIII, e art. 49, I), não sendo, portanto 
Planejamento Tributário
16
admissível a sua revogação, total, parcial ou denúncia por 
ato exclusivo do Poder Legislativo;
v) o art. 98 do Código Tributário Nacional - que é lei 
complementar que se impõe ao legislador ordinário - é 
expresso ao estabelecer a superioridade hierárquica dos 
tratados tributários, sendo inadmissível restringir essa 
superioridade apenas a algumas espécies ou modalidades, 
não distinguidas por lei;
(vi) nem o decreto legislativo, que formaliza o referendo 
do Congresso Nacional, nem o decreto do Presidente da 
República, que formaliza a promulgação, têm o alcance de 
transformar o tratado em lei interna.
(vii) a inexistência de uma cláusula geral de recepção 
automática e a consequente necessidade de um 
procedimento de transposição condicionador da efi cácia 
dos tratados na ordem interna não é incompatível com a 
visão monista e seus corolários enumerados nas alíneas 
anteriores.18 
Como podemos observar, ao ser signatário de um 
determinado ou convênio ou tratado internacional o país 
deve adequar suas leis aos mesmos e não utilizar da 
legislação interna para tentar descaracterizá-lo. Assim, 
não se pode suscitar a Constituição ou outros direitos e 
garantias do país signatário com o condão de desfi gurá-
lo. Repetimos, ou se é signatário ou não dos tratados e 
convenções internacionais. 
Apreciação direta dos tratados pelos 
Tribunais
Nos termos dos artigos 105, III de nossa Constituição, 
compete ao Poder Judiciário, através dos juízes federais, 
julgar as causas em que se envolvam os tratados e as 
convenções internacionais. Já em sua alínea b), estipula que 
compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em grau de 
recurso especial, quando desrespeitados os tratados ou lhes 
for negado vigência. Finalmente, no artigo 102, III, alínea 
b) de nossa Constituição, determina competir ao Supremo 
Tribunal Federal julgar, em grau de recurso extraordinário, 
as decisões que declararem a inconstitucionalidade do 
tratado. Conforme nos esclarece Alberto Xavier19 decorre 
que os tratados são fonte imediata de direito e obrigações 
para os seus destinatários, podendo ser invocados, como 
tal, perante os tribunais tão logo efi cazes em face da ordem 
interna e que, consequentemente, à interpretação dos 
seus preceitos são aplicáveis as regras de hermenêutica 
que vigoram quanto aos tratados e não as que respeitam 
à legislação interna de cada Estado contratante.”
Cumpre acentuar que os tratados e as convenções 
internacionais tem sua supremacia hierárquica 
reconhecida, inclusive, pelo Código Tributário Nacional, 
pois ao lermos o seu artigo 98, podemos construir tal 
assertiva. “os tratados e as convenções internacionais 
revogam ou modifi cam a legislação tributária interna e 
serão observados pelo que lhes sobrevenha”. De clareza 
meridiana o enunciado ao prescrever a superioridade 
hierárquica dos tratados e convenções internacionais, 
inclusive, por ter sido recepcionado o Código Tributário 
Nacional como lei complementar. 
Vem se baseando a jurisprudência do STJ na 
distinção entre tratados normativos e tratados-contratos, 
restringindo, assim, as disposições do artigo 98 do CTN, 
entendendo que o CTN só se aplicaria aos chamados 
tratados-contratos. Tais decisões se sustentam na 
ausência expressa de nossa Constituição Federal em 
asseverar a superioridade hierárquica dos tratados, pois 
o artigo 98 do CTN, segundo Alberto Xavier20 estaria 
invadindo ilegitimamente matéria de competência 
Constitucional exclusiva, conduzindo a uma iníqua 
restrição à competência primeira do Poder Legislativo”. 
Em face de tal posicionamento, pode-se observar que 
nossa Corte (STJ) ao entender que o tratado converte-se 
em lei interna, equipara-os à lei ordinária, submetendo-as 
às regras gerais para a solução dos confl itos aparentes 
de normas. Neste mesmo sentindo, vem se posicionando 
as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 
relação a celeuma, as críticas contundentes de Alberto 
Xavier vem a calhar como luva, pois o autor demonstra 
que não há transformação do tratado internacional em lei 
interna com o referendo do Congresso Nacional e com a 
promulgação por parte do Chefe de Estado, pois como 
esclarece o autor “o procedimento de formação do tratado 
no Direito Constitucional brasileiro e, em particular, a 
fase de celebração revelam que se trata de um processo 
18. opus cit. Alberto Xavier, pg. 84 e 85
19. opus cit. Alberto Xavier, pg. 89
20. opus cit. Alberto Xavier, pg. 92
Planejamento Tributário
17
simultaneamente internacional e interno (art. 21, I, 84, 
VIII, e art. 49, I, da Constituição Federal). 
 Os tratados internacionais e os tributos 
Estaduais e Municipais
Questão interessante é a que em face de nosso 
Estado federativo, os tratados internacionais aos quais 
o país adere, poderiam vincular os tributos Estaduais e 
Municipais?
Para podermos responder tal questionamento, devemos 
observar que o Chefe do Executivo Federal (Presidente da 
República) bem como o Congresso Nacional, exercem duas 
funções distintas. Uma revela-se quanto aos interesses 
intrínsecos da União, quando o Legislativo Federal com a 
sanção do Presidente da República aprovam e promulgam 
leis de interesse da União, que chamamos de leis federais. 
De outro turno, temos que as mesmas pessoas aprovam 
e promulgam leis que vinculam não só os interesses 
da União e suas autarquias, mas leis que refl etem e 
vinculam todas as pessoas jurídicas de direito público 
interno (União, Estados-membros, Distrito Federal e 
Municípios). Quando o Congresso Nacional e o Presidente 
da República promulgam tais normas, estas são chamadas 
de leis Nacionais. Partindo desse ponto de referência é 
que Alberto Xavier defende que os tratados internacionais 
assinados pelo Brasil, vinculam, sim, os demais entes 
federativos, pois estaria legiferando não sobre matéria 
de interesse meramentefederal, mas, especifi camente, 
matéria de interesse Nacional21. 
TRANSFER PRICING – PREÇO DE 
TRANSFERÊNCIA
 
Para Paulo de Barros Carvalho22, preço de transferência 
é “a forma encontrada para, verifi cando-se ter sido efetuada 
a transação entre partes vinculadas, mediante fi xação de 
preço diverso do de mercado, substituir o preço maculado 
pela infl uência das partes por aquele, independente de 
vínculo, impedindo, com isso, a distribuição disfarçada 
de lucros e, assim, permitindo aferir-se o real montante 
da renda auferida, sujeita à tributação, em consonância 
com o princípio do “”arm’s length””. O preço arm’s length, 
segundo Gustavo Brigadão e Bruno Lyra23 , é o valor que 
teria sido convencionado entre partes não relacionadas, 
em operações similares, sujeitas a condições semelhantes. 
Devemos esclarecer que não havia legislação específi ca 
sobre a matéria preço de transferência, entretanto, com 
o advento da Lei 9.430/96, pela primeira vez, surgiu a 
regulamentação sobre o tema.
 
Ao analisarmos o art. 23 da lei 9.430/96, podemos 
verifi car quais são as pessoas consideradas, pela 
legislação, como vinculadas à pessoa jurídica domiciliada 
no Brasil, aplicando-se, portanto, as regras do preço de 
transferência. 
Devemos observar que ao se aplicar valores dispares 
dos reais adotados no mercado internacional, como bem 
salientou Paulo de Barros, temos que na remessa de 
produtos de coligadas no exterior para mercado nacional, 
utilizando-se preços subfaturados, poderá em face da 
sonegação fi scal, tornar o produto mais acessível no 
mercado importador, caracterizando, destarte, verdadeira 
concorrência desleal. 
No Brasil, a apuração do preço de transferência acabou 
sendo realizada de maneira singular (vide artigo 18, da Lei 
9.430/96, com as alterações das leis 9.959/00; 10.451/02 
e 11.116/05), pois as regras adotadas pela legislação 
pátria não se baseiam em nenhum dos princípios que 
norteiam as chamadas arm’s length , podendo, inclusive, 
confl itar com as normas da OCDE (Organização de 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Já nas 
exportações, os métodos do preço de transferência 
estão relacionados no artigo 19 da Lei 9.430/96. Apesar 
das prescrições da metodologia a ser adotada tanto nas 
importações quanto nas exportações, o artigo 20 da lei 
9.430/96, outorga poderes ao Ministro da Fazenda para 
majorar ou reduzir os percentuais prescritos nos artigos 
18 e 19, diante de circunstâncias especiais. Ressalta-se 
que ao outorgar tal poder ao Ministro da Fazenda só o 
faz em circunstâncias especiais, não lhe dando qualquer 
tipo de discricionariedade ou mesmo arbitrariedade para 
21. opus cit. Alberto Xavier, pg. 108/110
22. Paulo de Barros Carvalho, Preço de Transferência no Direito Tributário Brasileiro, in tributação, justiça e liberdade Ed. Juruá, 2005, p. 548
23. Gustavo Brigadão e Bruno Lyra - Dir. Trib. Intern. Vol. IV.- Quatier Latin – 2007 – p. 434
Planejamento Tributário
18
realizar eventuais alterações. Neste sentido, temos o 
posicionamento preciso de Ricardo Mariz de Oliveira24:
“Ainda, a respeito dos atos ministeriais que 
devem alterar as margens porcentuais previstas 
na lei, há necessariamente que se afi rmar serem 
eles mandatórios todas as vezes em que se 
verifi ca a existência de circunstâncias especiais, 
uma vez que a obrigação tributária está sempre, 
e indubitavelmente, submetida ao preceito da 
estrita legalidade.
Em virtude desse princípio constitucional 
o Ministro da Fazenda não tem poderes 
discricionários para dar ou não dar, conceder ou não 
conceder. O que ocorre é que, sendo impossível, 
para a lei prever e reger nas minudências todos 
os aspectos que podem formar hipótese legal 
de circunstâncias especiais, limita-se ela a dar 
um comando genérico cometendo à autoridade 
a incumbência de verifi car os fatos concretos, 
para que recebam uma disciplina específi ca e 
distinta da regra geral prevista na lei. Contudo, 
havendo tais circunstâncias especiais, o limite 
de ação dessa autoridade resume-se a constatar 
ou não a existência de fatores constitutivos das 
mesmas e a ajustar porcentagens legais em 
correspondência com tais circunstâncias”. 
O TAX HAVENS
Ao tratarmos do tema direito tributário internacional, 
especifi camente sobre planejamento tributário 
internacional, surge como tema central países que 
concedem incentivos para que as empresas depositem 
seus ativos fi nanceiros em troca de uma tributação ínfi ma. 
Referidos países são comumente chamados de paraísos 
fi scais. Há na doutrina pátria defensores e detratores 
de tais regimes tributários privilegiados sendo certo 
que os primeiros entendem ser um direito subjetivo do 
contribuinte escolher a forma menos onerosa de tributação, 
protegendo o contribuinte de regimes fi scais opressivos de 
determinados países e como sendo indispensável ao fl uxo 
internacional de capitais. Já a segunda corrente, entende 
que tal subjetivismo encontra limites em enunciados 
constitucionais, como por exemplo, da Supremacia do 
Interesse Público sobre o do Particular, da Isonomia, da 
Capacidade Contributiva, dentre outros, devendo tais 
escolhas serem vetadas ou oneradas.
Segundo bem esclarece Heleno Torres “se existe o 
planejamento tributário, como atividade por excelência dos 
contribuintes, predispostos a uma organização de negócios 
com a menor repercussão fi scal, tal plano somente é 
possível de ser elaborado, em muitos dos casos, porque 
existem as “opções fi scais”, concedidas bene gratia pelos 
Estados. Esses catálogos de opções encontram-se em 
todos os países, numa espécie de planejamento tributário 
público às avessas, montados não para obter, mas para 
favorecer a economia dos próprios tributos que cobra, com 
o fi m de atrair os melhores investimentos e as empresas 
mais rentáveis, para concentrar a maior quantidade de 
riqueza possível nos limites de suas fronteiras...O autor 
do planejamento tributário, portanto, não fará mais 
do que selecionar a melhor opção, interna ou externa, 
confrontando as legislações em vigor, para identifi car a 
que melhor atende aos seus interesses25. 
Por outro lado, torna-se imperiosa a tarefa de 
identifi cação dos países que adotam a concorrência fi scal 
prejudicial, pois só assim poderá o Estado prejudicado 
tomar providências em relação às partes envolvidas 
(contribuinte e Estado com tributação favorecida). Sem 
esta identifi cação, torna-se impossível quaisquer ações 
para amenizar tais prejuízos.
Os regimes de práticas fi scais 
preferenciais (Preferencial tax system)
Cumpre esclarecer que os métodos de práticas fi scais 
que venham benefi ciar os contribuintes reduzindo-lhes a 
carga tributária é uma prática utilizada pela maioria dos 
países. Segundo assevera Heleno Torres “as concessões 
que os países tem feito para atrair atividades produtivas, 
de comércio, serviços ou investimentos passivos são as 
mais variadas, sendo as formas de incentivos fi scais, 
isenções totais ou parciais (redução da base de cálculo, 
concessão de crédito presumido etc.) e os incentivos 
24. Ricardo Mariz de Oliveira, Preço de Transferência, in Tributos e Preço de Transferência – Dialética – pg. 300
25. opus cit. Heleno Torres, pg. 68
Planejamento Tributário
19
fi nanceiros vinculados à arrecadação de tributos como 
empréstimos, em condições vantajosas, as modalidades 
mais representativas. Paralelamente, seguem-se as 
demarcações geográfi cas, favorecidas, como zonas 
francas, territórios aduaneiros favorecidos, as amortizações 
especiais, ajudas para o início das atividades, zonas 
de investimentos privilegiadas, incentivos às micro e 
pequenas empresas, reinvestimento de ganho de capital, 
créditos de imposto em favor de reinvestimentos, prática 
de rulings, entre outros. Nenhum pais prescinde desses 
instrumentos, mas o problema não está no uso, mas no 
excesso de recursos a esses meios, atécair no abuso e na 
nocividade26. Como explicou o autor, os métodos utilizados 
para atrair o capital são inúmeros, entretanto, quando 
tais métodos são utilizados de forma indiscriminada, 
objetivando, na realidade, apenas, a absorção do capital 
produzido em outros países, está caracterizada a forma 
mais nociva de práticas fi scais prejudiciais. Na realidade, 
tais países não oferecem tais benefícios objetivando o 
fomento de seu comércio, indústria ou serviços, o real 
objetivo é pura e simplesmente fazer ingressar o capital 
e lucro das empresas para que com eles, em detrimento 
dos países de origem da produção, possam obter lucros 
sem grandes esforços e, em última instância, acobertando 
eventuais desvios de recursos dos contribuintes dos países 
produtores. Lembra Heleno Torres que as Nações que 
se utilizam de tais práticas não se limitam as pequenos 
países ou economias, alertando ser um preconceito 
tal pensamento. “A decisão de um Estado em passar a 
adotar uma legislação tributária mais benéfi ca não é algo 
exclusivo de países pequenos, como muitos supõem. Esse 
é um preconceito assaz incipiente que já de início deve 
ser afastado. Nada impede que países reconhecidamente 
dotados de uma tributação elevada passem a ter tributação 
mitigada, combinando legislação interna com normas de 
tratados para evitar a dupla tributação, e dando lugar à 
criação do pior tipo de concorrência fi scal prejudicial, ao 
conceder benefícios genérico ou específi cos, i.e., para 
certo tipo de negócio jurídico, estrutura societária ou 
forma jurídica, pelas maiores difi culdades de controle que 
apresentam27”. Faz-se necessário diferençar os paraísos 
fi scais (tributação favorecida) dos societários favorecidos 
(paraísos societários), dos regimes bancários e fi nanceiros 
favorecidos (paraísos bancários) e do regime penal 
favorecido (paraíso penal) –
Os critérios para que possamos identifi car os chamados 
paraísos fi scais são:
1. Revele total ausência de imposto ou que o sistema 
seja dotado de impostos nominais ou muito reduzidos, 
tanto para residentes quanto para não-residentes;
2. Tenha impostos normais para os fatos jurídicos 
tributários constituídos internamente para residentes e 
impostos com alíquotas substancialmente reduzidas para 
investimentos ou rendimentos de fontes externas, ou não-
residentes;
3. Estabeleça privilégios ou incentivos fi scais 
especiais para certas categorias de pessoas, rendas ou 
operações.
Comparação da carga fi scal como critério 
de determinação dos países com regime 
tributário vantajoso
Vários países com o objetivo de preservar os negócios 
realizados por seus contribuinte, criaram uma lista negra 
dos chamados países com regime tributário vantajoso, 
sendo certo que se inseridos na black list os países de 
origem onde se produz o capital, poderá tomar medidas 
econômicas que venha retirar eventual vantagem obtida.
Interessante observar que os países se utilizam em 
variados níveis da comparação da carga tributária adotada 
por eles em relação aos chamados paraísos fi scais, por 
exemplo, na Inglaterra considera-se um país de tributação 
vantajosa, portanto, inserido na lista negra do fi sco inglês, 
quando o imposto estrangeiro for inferior à metade do 
imposto devido na Inglaterra. Já na França, uma sociedade 
estrangeira será considerada em país com tributação 
favorecida, quando a tributação for inferior a 2/3 da 
tributação aplicável internamente. Na Itália, por sua vez, 
caracteriza-se o país estrangeiro com tributação favorecida 
aquele que submeter a sociedade a uma tributação inferior 
à metade do que a cobrada internamente28. 
Como podemos observar, os critério variam de acordo 
com o país, adotando cada Nação, aquele que melhor se 
26. opus cit. Heleno Torres, pg. 73/74
27. opus cit. P. 75 e 81
28. opus cit. Heleno Torres - Pg. 91
Planejamento Tributário
20
encaixa aos seus interesses. Cumpre ressaltar, mais uma 
vez que, integrante da Black list , poderá o país que se 
sentir prejudicado aplicar a norma antielisiva que entender 
cabível.
A questão que perdura é: Será que referida lista 
negra é taxativa?
Para alguns autores a lista seria taxativa. Entretanto, se 
assim entendermos, deveremos acatar a ideia de que as 
operações realizadas com países que não se encontram em 
tal lista não poderão sofrer qualquer sanção ou aplicação 
de normas antielisivas. Entendo, particularmente, que este 
deveria ser o critério, pois se países que não constarem 
da lista iniciarem qualquer processo objetivando ingressar 
no universo de países com tributação favorecida, os 
mesmos poderão ser acrescentados à lista, não deixando 
o contribuinte que se utiliza legitimamente dos benefícios 
em total insegurança jurídica. Entretanto, Heleno Torres 
critica a taxatividade da black list por três razões:
1ª. Porque sempre será possível a utilização 
intermediária de um território qualquer entre o “país com 
tributação favorecida” e o país da lista;
2ª. Por falta de revisão e atualização frequente da 
lista, gerando tratamentos desiguais para sujeitos que se 
encontre em condições semelhantes; e
3ª. Porque ela não esgota todas as possibilidades de 
espécies de países com tributação favorecida, fi cando de 
fora regimes de práticas fi scais preferenciais (preferencial 
tax system). 
Quais são os critérios adotados pelo 
Brasil na Identifi cação dos Países com 
tributação favorecia?
Como já salientamos, a fi gura dos países com tributação 
favorecida, foi instituída na legislação brasileira através 
da Lei 9.430/96, posteriormente, com a edição da Lei 
9.979/99, determinou-se que os rendimentos auferidos 
através de operações em que o benefi ciário seja residente 
ou domiciliado em países que desonere de tributação 
totalmente as rendas ou às tribute em percentual inferior 
a 20%, estarão sujeitos à alíquota de imposto de renda 
na fonte no percentual de 25%. Tal preceito aplica-se com 
exceção: 
1. remessas para pagamento de arrendamento 
mercantil;
2. de juros sobre empréstimos superiores a 15 anos;
3. de países que mantém tratado de não-bitributação;
4. de juros ou comissões para colocação de títulos 
brasileiros no exterior com prazo médio de amortização de 
96 meses;
5. de juros de desconto, no exterior, de cambiais 
de exportação e as comissões de banqueiros inerentes a 
essas cambiais;
6. de juros e comissões relativos a créditos obtidos 
no exterior e destinados ao fi nanciamento de exportações 
do Brasil.
De outro lado, a Lei 9.950/00 , instituiu que as remessas 
efetivadas para os chamados paraísos fi scais, serão objeto 
de imposto de renda na fonte em percentuais que variam 
de 0% a 25%. O regime jurídico pátrio adotado para a 
identifi cação dos chamados paraísos fi scais, são aqueles 
inicialmente tratados no artigo 24 da lei 9.430/96, ou seja:
“Art. 24. As disposições relativas a preços, 
custos e taxas de juros, constantes dos artigos 
18 a 22, aplicam-se, também, às operações 
efetuadas por pessoa física ou jurídica residente ou 
domiciliada no Brasil, com qualquer pessoa física 
ou jurídica, ainda que não vinculada, residente ou 
domiciliada em país que não tribute a renda ou que 
a tributação seja inferior a 20% (vinte por cento).
Como vimos de ver, a Lei 9.340/96 levou em 
consideração além de critérios objetivos, os aspectos 
subjetivos para se identifi car os chamados paraísos fi scais. 
Como esclarece Heleno Torres “...Com isso, passa a 
alcançar não somente os países que não tributem a renda 
ou que tributem com alíquota máxima inferior a 20% mas 
também os que mantenham uma alíquota efetiva acima 
desse patamar, abrigando, porém, formas societárias ou de 
investimentos que, pela natureza jurídica do ente, recebam 
um tratamento fi scal privilegiado e sejam tributadas com 
alíquotas inferiores a 20%”29
29. opus cit. 97
Planejamento Tributário
21
É lícito ou ilícito a utilização de países 
comtributação favorecida para reduzir a 
carga tributária?
Como afi rma Victor Uckmar,30 citado por Heleno 
Torres “ em princípio, a utilização de jurisdição de 
regime favorecido deve considerar-se como uma eleição 
perfeitamente legítima e como uma possibilidade de ação 
de que dispõe o contribuinte, desde que tais operações 
sejam substancialmente factíveis. Na realidade não 
devemos confundir o planejamento fi scal, utilizando-se das 
formas menos onerosas para a continuidade das relações 
negociais, com o ilícito fi scal, ou seja, a realização de atos 
eivados de ilegalidade, objetivando, exclusivamente, com 
dolo, evadir-se das responsabilidades tributárias, sejam 
elas principais ou acessórias.
Quais os modos de utilização dos países 
com tributação favorecida?
As possibilidades de utilização dos países com 
tributação favorecida podem ocorrer através da proteção 
de bens (Trust), patrimônio ou investimentos, acumulação 
de rendimentos, por instalação de holdings, e demais 
formas de sociedades-base, ou transferência de haveres, 
por sociedades-condutoras. 
TREATY SHOPPING; RULE SHOPPING E 
CASOS TRIANGULARES
Treaty Shopping
Cumpre observar que para se realizar um planejamento 
tributário internacional não basta, apenas, optar pela 
escolha do país que venha onerar da menor forma 
possível o contribuinte que pretende ver reduzida a sua 
carga tributária. Além da escolha do País com vantagens 
tributárias internas, devem-se observar os tratados 
realizados entre tais países, especifi camente em relação 
aos países que mantém tratados de não bitributação 
com o Brasil. Assim, ao se realizar tais escolhas, deve-
se verifi car a lista dos países que possuem tais tratados 
para que a decisão a ser tomada seja a mais correta. O 
processo para que se faça a analise de qual o melhor país 
para o planejamento tributário internacional é chamado 
de Treaty shopping. Por outro lado, quando utilizado o 
estudos das convenções de forma indevida, distorcida ou 
uso abusivo, é nominado pela doutrina de rule shopping.
Para Heleno Torres31 “as convenções internacionais em 
matéria tributária, que são adotadas para evitar, reduzir 
ou eliminar a dupla tributação sobre rendimentos entre 
os Estados signatários..., podem sofrer distorções nos 
respectivos atos de aplicação, com o uso indevido de suas 
disposições.”
O uso indevido dos tratados internacionais pode ser 
analisado sob duas óticas diferentes, a saber: 1) quando 
se trate de benefi ciário não residente e 2) quando se 
trate de benefi ciário residente. No primeiro caso, temos 
situações que apesar de não residente, o benefi ciário faz o 
planejamento como se residente fosse, benefi ciando-se de 
regalias e vantagens outorgadas apenas aos residentes, 
sendo certo que em condições de normalidade não 
seria possível usufruir de tais benefícios. No segundo 
caso estaríamos frente à situação do benefi ciário que, 
apesar de residente, passam a se benefi ciar dos tratados 
adotando suas defi nições e qualifi cações para se benefi ciar 
de uma tributação menos onerosa, só que utilizando-se 
de atos viciados pela fraude, simulação ou manipulação, 
caracterizam-se formas inadmissíveis de planejamento, 
subsumindo-se ao que denominamos linhas atrás de rule 
shopping. 
Heleno Torres nos dá um exemplo próprio de Treaty 
Shopping a saber
“Assim, podemos entender como elementos 
caracterizadores dos Treaty Shopping : a) busca planejada 
da melhor convenção, visando a um resultado sob o 
aspecto fi scal mais vantajoso; b) a pessoa que planeja 
não pode ser residente de nenhum dos países signatários 
da convenção escolhida; c) participação de pessoa 
qualifi cável como residente no país signatário do acordo 
selecionado, distinto do país da fonte dos rendimentos; e 
d) afastamento do regime aplicável pelo país da fonte do 
rendimento, mediante o uso do privilégio garantido pelo 
tratado escolhido”32. 
30. opus cit. P. 98
31. opus cit. 323
32. opus cit. pg. 327
Planejamento Tributário
22
Rule Shopping
O rule shopping nada mais é do que uma forma indevida 
de uso das convenções internacionais, pois neste caso, o 
planejamento tributário objetiva revogar as classifi cações 
aplicáveis aos rendimentos ou defi nições previstas nas 
convenções, adotando, sempre, a qualifi cação que lhe 
propicie um regime tributário mais vantajoso. 
Finalmente, em relação ao rule shopping, podemos 
identifi car os chamados casos triangulares.
Casos Triangulares
Segundo Heleno Torres, casos triangulares ‘consiste 
nas situações nas quais se apresenta a pretensão 
tributária de três ou mais Estados, em relação a uma 
mesma hipótese de incidência que envolve somente dois 
sujeitos, sendo um deles dotado de um estabelecimento 
permanente (desprovido de personalidade jurídica própria 
em relação à matriz) situado em um terceiro pais. Nesse 
caso, a triangulação se verifi ca porque a matriz (situada no 
país A) controla, por meio do estabelecimento permanente 
(situado em um pais B), um terceiro sujeito (alocado em 
um pais C). Continua o autor Sendo mais claro: em diversos 
países vigoram regras especiais para a tributação de 
dividendos distribuídos entre as sociedades, cuja aplicação 
é pacífi ca. Ocorre que, muitas vezes, as participações (em 
sociedades) fazem parte do ativo de estabelecimentos 
permanentes situados em terceiros países, em relação ao 
país matriz destes, o que gera graves problemas sobre 
o regime tributário adequado para o tratamento das 
remessas de lucros e distribuição de dividendos.
As razões para o uso de estabelecimento permanente 
na gestão de participação em sociedades situadas em 
terceiros países, deslocadas da sede da própria empresa, 
são as mais variadas, mas dentre outras apresentam-se 
razões de:
. necessidades decorrentes de obrigações legais 
ou regulamentares que imponham a estabelecimentos 
bancários e fi nanceiros, bem como às companhias 
de seguros, a conservação em depósito, nos países 
onde exercem as suas atividades, de uma determinada 
importância em valores (ações) como garantia das 
operações;
. oportunidade, quanto as participações em causa diz 
respeito a sociedades que mantêm relações comerciais 
com estabelecimento permanente;
. comodidade, como forma de descentralização de 
gestão.
 O problema surge , em face de uma dada convenção, 
quando um estabelecimento permanente (residente em 
um Estado contratante – B) de uma empresa (residente 
no outro Estado contratante – A) recebe dividendos, 
juros ou royalties provenientes de um terceiro Estado (de 
empresa na qual o estabelecimento permanente participa 
– C). Nesse caso, coloca-se a necessidade de saber se o 
Estado onde está situado o estabelecimento permanente 
(B) poderá imputar o imposto não recuperável do terceiro 
Estado (C).33 
 Ao analisarmos as palavras do professor, podemos 
identifi car como operações triangulares como sendo o 
estudo para se obter vantagens tributárias quando da 
utilização de três ou mais Estados estiverem envolvidos 
em determinada negociação, em especial as envolvendo 
remessa de lucros. Nesta situação deve-se observar a 
legislação interna dos Estados envolvidos e se os mesmos 
são signatários das convenções que admitem a absorção 
destes capitais sem que haja a temida pluritributação.
TRANSFERÊNCIA DE SEDE PARA O 
EXTERIOR
Quando nos referimos à transferência da sede de uma 
empresa para o exterior, podemos pensar em mudança 
de nacionalidade de uma empresa ou apenas a mudança 
de seu domicílio ou residência. Evidentemente, quando se 
estuda a mudança de domicílio ou nacionalidade, objetiva-
se, em regra, obter a maior vantagem tributária possível, 
assim sendo, são vários os fatores que podem contribuir 
para tal decisão, a saber:
1. objetiva apenas mudar de jurisdição;
33. opus cit. pg. 342/345
Planejamento Tributário
23
2. objetiva reestruturar suas atividades ampliando-
as visando o mercado mundial,

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