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Material elaborado por: @_marianapinheiro Qualquer dúvida, por favor me contatar. SEU ENDEREÇO AQUI EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÕES DO FÓRUM REGIONAL II - SANTO AMARO DA COMARCA DE SÃO PAULO Processo nº NOME DA ALIMENTADA, já devidamente qualificada nos autos da ação em epígrafe, por sua advogada e bastante procuradora que a esta subscreve, conforme procuração anexa, com escritório no endereço ao final informado, onde recebe suas intimações e publicações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar a presente: CONTESTAÇÃO Em face da ação de exoneração de alimentos movida por NOME DO ALIMENTANTE, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. 1. BREVE SÍNTESE DOS FATOS Na exordia, o autor pediu a exoneração das prestações alimentícias em face da alimentada, em que tal compromisso foi firmado nos autos do processo nº ______, em que foi fixada a pensão alimentícia no valor correspondente a 18% (dezoito por cento) dos rendimentos líquidos do alimentante, desde que não fosse inferior a 22% (vinte e dois por cento) do salário mínimo. Na hipótese de inexistência de vínculo empregatício, foi fixado o valor correspondente a 22% (vinte e dois por cento) do salário mínimo nacional vigente. Material elaborado por: @_marianapinheiro Qualquer dúvida, por favor me contatar. SEU ENDEREÇO AQUI Ademais, o alimentante fundamentou o seu desejo em se exonerar dos pagamentos referentes as prestações alimentícias em razão de a alimentada ter atingido a maioridade civil, alegando ainda que a requerida não estuda, não possui qualquer doença grave e não faz nenhum tratamento médico. Contudo a mesma sorte não tem, como veremos a seguir, sendo esta uma breve síntese do necessário. 2. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA A gratuidade de justiça busca garantir o amplo acesso ao judiciário, devendo ser concedido àqueles que não podem arcar com as custas processuais sem comprometer a sua subsistências, conforme clara redação do Código de Processo Civil de 2015 em seu Art. 99. A presente demanda trata-se de ação movida em face da alimentada, que se encontra sem condições evidentes de arcar com as custas processuais, pois a mesma é estudante e se encontra desempregada, conforme cópia da carteira de trabalho anexa. Para tal benefício, a alimentada junta declarações de hipossuficiência e comprovantes de rendas das pessoas que residem com ela (sua genitora e sua avó materna), os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas judiciais sem comprometer sua subsistência. Assim, considerando a demonstração inequívoca da necessidade da alimentada, tem-se por comprovada sua miserabilidade, fazendo jus ao benefício. Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer que seja deferida a gratuidade de justiça à alimentada. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28895603/artigo-99-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10727456/inciso-lxxiv-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28895641/artigo-98-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 Material elaborado por: @_marianapinheiro Qualquer dúvida, por favor me contatar. SEU ENDEREÇO AQUI 3. DO MÉRITO O alimentante na exordial pleiteou a exoneração de sua obrigação alimentícia, fundamentando tal pretensão no artigo 1.635, III, do Código Civil, o qual dispõe que: Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: III - pela maioridade; Ocorre que mesma sorte não tem, haja vista que o alimentante alega a maioridade da alimentada para se exonerar das prestações alimentícias, contudo essa obrigação não se encerra com a simples maioridade, pois a maioridade da filha capaz faz encerrar o poder familiar e o dever obrigacional de sustento, mas ainda permanece a relação de parentesco entre os pais e os filhos. Com efeito, quando o filho maior de idade não puder por si mesmo se sustentar e provar a necessidade da pensão para suprir suas necessidades básicas de sobrevivência, os pais deverão continuar com o pagamento dos alimentos. Não se trata agora do dever de sustento e sim de um dever de solidariedade. A Solidariedade é Princípio Constitucional descrito no artigo 3º, I, da Constituição da República, ao lado dos Princípios da Dignidade da Pessoa Humana e da Afetividade (artigo 1º, III; 226, § 7º; 227; 229), todos inerentes ao dever solidário dos pais em prestar assistência material à prole maior de 18 anos que ainda necessita de pensão alimentícia para sobreviver. Diante de tais exposições, é cristalino que só o fato da filha completar 18 anos de idade não significa estar totalmente apta para sozinha reger a sua própria vida financeira, assim deixar de pagar pensão alimentícia diante de uma evidente necessidade da alimentada, só pelo atingimento da maioridade, faz cessar o dever de ajuda e confronta totalmente com os princípios constitucionais que abraçam o caso e principalmente macula a vida dos seus semelhantes. Esse é o justo motivo de o Superior Tribunal de Justiça editar a súmula 358, para que a pensão alimentícia não fosse cancelada https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10615037/artigo-1699-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641719/artigo-3-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731686/inciso-i-do-artigo-3-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 Material elaborado por: @_marianapinheiro Qualquer dúvida, por favor me contatar. SEU ENDEREÇO AQUI automaticamente com o atingimento da maioridade civil, devendo ser proposta a ação de exoneração, no intuito e com uma certeza de que o judiciário aplicaria o melhor direito, resguardando uma vida digna e a solidariedade. Cumpre ressaltar que a alimentada se encontra desempregada e sem condições de seu próprio sustento (CTPS anexa), a mesma reside com a sua genitora e com a sua avó materna. A genitora da alimentada encontra-se desempregada, conforme CTPS anexa, vivendo hoje de pequenos “bicos” com a venda de vestidos. Já a avó materna estava empregada até o mês de março/201, mas o seu contrato foi rescindido devido à concessão de aposentadoria, recebendo atualmente um benefício mensal na importância de R$ 1.045,00 (hum mil e quarenta e cinco reais), conforme carta de concessão e CTPS juntada aos autos. Ocorre que a genitora e a vó materna têm gastos mensais como água, luz, aluguel, perfazendo o montante aproximado de 900,00 (novecentos reais), gastos esses básicos e necessários para promover uma vida digna para a alimentada, sem, contudo, mencionar outros gastos com alimentação, vestuário, educação, lazeres e etc. Ademais, insta esclarecer que atualmente a alimentada está matrícula na faculdade, cursando medicina veterinária, conforme se demonstra no comprovante de matrícula e contrato anexos aos autos. Em razão da pandemia do COVID-19, o valor da mensalidade nos primeiros meses será isento. Contudo, já no próximo mês de abril/2021, a alimentada terá que arcar com o valor mensal de R$ 599,00 (quinhentos e noventa e nove reais),já com desconto extraordinário previsto em contrato. Frisa-se ainda que a mensalidade sofrerá reajustes semestrais e o desconto ora concedido é somente para os 1º e 2º semestres do ano letivo de 2021. Material elaborado por: @_marianapinheiro Qualquer dúvida, por favor me contatar. SEU ENDEREÇO AQUI Com efeito, a alimentada necessita das prestações alimentícias para dar continuidade aos seus estudos, bem como, suprir custos com materiais, livros, transportes, entre outros. Faz-se necessário o auxílio paterno para complementação e qualificação da alimentada. Ora, se a filha precisa de alimentos para garantir a frequência regular em estabelecimento de ensino, como complemento da sua educação, que é dever residual do poder familiar, está o pai obrigado a auxiliá-la. Nesse sentido, é o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ao decidir por manter os alimentos de alimentado que cursa ensino superior. Vejamos: EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO PROVIDO. Exoneração de alimentos. Insurgência contra sentença de procedência, a qual exonerou o autor de prestar alimentos ao filho maior. O apelante comprovou a necessidade da manutenção dos alimentos, já que frequenta regularmente o ensino superior em instituição privada, após concluir a formação básica. Sentença reformada para o fim de restabelecer os alimentos até que o apelante complete 24 anos ou conclua o ensino superior. Recurso provido. (AC nº 1001504- 17.2019.8.26.0565 SP 1001504-17.2019.8.26.0565) Alimentos Pedido de exoneração em razão de ter a alimentanda atingido a maioridade. Sentença de improcedência Insurgência do alimentante. Não acolhimento. Alimentando que alcançou a maioridade, mas está frequentando curso superior Pensão que deve ser mantida. Recurso Desprovido. (TJSP; Apelação Cível 1004065-41.2019.8.26.0168) Com efeito, resta demonstrado que a pensão alimentícia deve ser mantida, até a conclusão do curso superior pela alimentada. Ademais, é evidente pelos fatos narrados alhures, que com a renda mensal recebida pela genitora e pela avó materna, as mesmas não conseguiriam promover o sustento da alimentada, ficando esta dependente da pensão alimentícia paga pelo pai. Diante de todo o exposto, as alegações do alimentante não merecem prosperar, devendo ser mantido as prestações alimentícias em favor da alimentada. https://www.jusbrasil.com.br/processos/220015596/processo-n-1001504-1720198260565-do-tjsp https://www.jusbrasil.com.br/processos/220015596/processo-n-1001504-1720198260565-do-tjsp Material elaborado por: @_marianapinheiro Qualquer dúvida, por favor me contatar. SEU ENDEREÇO AQUI 4. DO PEDIDO Ante o exposto, requer da Vossa Excelência: a) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita à alimentada, nos termos da Lei 1.060/50, por ser ela pobre na acepção jurídica do termo, não podendo arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento e de sua família, conforme declaração anexa; b) O recebimento da presente contestação e, ao final, seja julgado improcedente o requerimento lançado na exordial, mantendo-se o valor dos alimentos pagos à alimentada em 18% (dezoito por cento) dos rendimentos líquidos do alimentante, desde que não seja inferior a 22% (vinte e dois por cento) do salário mínimo vigente ou, na hipótese de inexistência de vínculo empregatício, o valor correspondente a 22% (vinte e dois por cento) do salário mínimo nacional vigente. c) Que seja indeferida a tutela de urgência pleiteada pelo alimentante, a fim de suspender a prestação dos deveres alimentícios da alimentada, uma vez que resta provada a necessidade dos alimentados, seja em razão do dever de solidariedade, seja porque a requerente ainda estuda e necessita dos alimentos para custear seus estudos. d) Requer ainda que todas as publicações e notificações referentes ao processo em epígrafe sejam realizadas em nome da advogada NOME DA ADV E DADOS. e) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a prova documental e testemunhal. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109499/lei-de-assist%C3%AAncia-judici%C3%A1ria-lei-1060-50 Material elaborado por: @_marianapinheiro Qualquer dúvida, por favor me contatar. SEU ENDEREÇO AQUI Termos em que, pede deferimento. Data Nome do Advogado OAB/SP Nº ______