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A historia da psicologia

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História da psicologia
MÓDULO I
Ciência Psicológica: uma construção histórica de Sócrates ao Humanismo Moderno
Leitura Obrigatória:
- MASSIMI, M. História dos Saberes Psicológicos. São Paulo: Paulus, 2016. (Capítulo 1 – Eixo estruturante: A voz interior e o imperativo de conhecer a si mesmo: os primeiros conceitos de psique e Sócrates - pg. 48-55).
- SANTI, P. L. R. A Construção do Eu na Modernidade. 6ª ed. Ribeirão Preto/SP: Holos, 2009. (Capítulo 1).
Leitura para Aprofundamento:
- FIGUEIREDO, L. C. Matrizes do Pensamento Psicológico. 17ª ed. Petrópolis: Vozes, 2012.
Historicamente, a Psicologia se estabeleceu como ciência independente muito tempo depois que outras áreas de conhecimento já haviam alcançado pleno reconhecimento social. Foi somente no final do século XIX que surgiram as primeiras tentativas de constituição de uma ciência para tratar dos problemas humanos que hoje reconhecemos como fazendo parte do escopo da Psicologia, independentemente dos estudos desenvolvidos em áreas afins, como a biologia e a filosofia.
 
O surgimento de um campo de conhecimento só se justifica a partir da definição de um objeto próprio, não estudado pelas ciências pré-existentes. Outra condição é o desenvolvimento de formas apropriadas para se conhecer este objeto, o que se faz pela definição de uma certa metodologia. Mas, principalmente, uma ciência só tem razão para existir quando esta área de estudos por ela abrangida passa a ser problematizada, gerando  a demanda por conhecimento. Em outras palavras, só há necessidade de se estudar um determinado assunto quando fazemos questões sobre ele.
 
Considerando estes requisitos, podemos começar a pensar sobre os motivos que fizeram com que fosse tão tardio o surgimento da Psicologia.
 
Figueiredo (1991) propõe uma tese: para que a Psicologia surgisse foi necessário, primeiro, que se estabelecesse a idéia de que as pessoas são indivíduos independentes e donos de uma experiência de si que as diferencia dos demais. Esta primeira condição diz, portanto, respeito ao surgimento de um objeto de estudo – o terreno de experiências que hoje reconhecemos como sendo nossa subjetividade: nossos questionamentos sobre a vida, nossa forma de entrar em contato com o mundo e com as outras pessoas etc..
 
Mas, para haver demanda por conhecimento, é preciso que esta experiência de si seja objeto de dúvidas e cogitações: quem sou eu? Por que sou assim? Esta é, pois, de acordo com Figueiredo, a segunda pré-condição necessária para o surgimento da Psicologia.
 
Ora, o surgimento da experiência de si e o questionamento desta experiência têm uma história. Não existiu desde sempre. Atente para este fato importantíssimo para a compreensão de tudo que segue, na disciplina: estamos afirmando que o psicológico não é um aspecto natural do ser humano, como poderíamos dizer, por exemplo, de uma célula ou de um órgão. Se quisermos compreender por que a Psicologia tem uma história “oficial” tão curta, teremos que retomar a história de seu objeto: a história da constituição daquilo que hoje chamamos de subjetividade – o surgimento gradual desta noção, na cultura ocidental; e a história de sua problematização – a crise da subjetividade privatizada.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores, em defesa de suas teses.
 
2) A partir da leitura, procure definir subjetividade. Confronte se sua definição se afina com a proposta de Figueiredo, que não é substancialista, isto é, não define a subjetividade como algo já dado, já existente naturalmente no homem.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
A disciplina História da Psicologia se apóia na proposta de Figueiredo (1991), de acordo com a qual:
 
I. O objeto de estudo da Psicologia é a subjetividade, ou seja, o conjunto de características da espécie humana que nos diferencia dos outros animais.
II. A Psicologia tornou-se uma área de estudos reconhecida como ciência quando os primeiros estudiosos do tema observaram que os homens possuiam auto-consciência.
III. Para que a Psicologia se constituisse como ciência independente foi necessário o surgimento de uma certa experiência de si que é decorrente de condições históricas determinadas.
 
É verdadeiro o que se afirma em:
 
a) I.
b) I e II.
c) II.
d) III.
e) II e III.
 
Se você compreendeu adequadamente a proposta de Figueiredo, assinalou a alternativa d. As afirmações I e II partem de um conceito de subjetividade como sendo algo natural, uma característica própria do ser humano. Ora, o que Figueiredo defende é que nem sempre os homens tiveram esta forma de se perceber como indivíduos independentes, que hoje nos parece tão natural e inquestionável. Este argumento será desenvolvido a seguir.
 
MÓDULO II
Humanismo Moderno: Renascimento
2. 1. O teocentrismo na Idade Média e o nascimento da experiência subjetiva
Leitura Obrigatória:
SANTI, P.L.R. A construção do eu na modernidade. Ribeirão Preto/SP: Ed. Holos, 1998 (Capítulos 2 e 3).
Leitura para Aprofundamento: 
FERREIRA, A.A.L. O múltiplo surgimento da psicologia. In: JACÓ-VILELA, A.M.; FERREIRA, A.A.L.; PORTUGAL, F.T.(orgs.) História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2007. (Capítulo 1).
FIGUEIREDO, L.C.M. A Desnatureza Humana ou o Não no Centro do Mundo , Uma Santa Católica na Idade da Polifonia. In: A invenção do psicológico. Quatro séculos de subjetivação (1500-1900). São Paulo: EDUC: Escuta, 1996.
Tradicionalmente, entende-se por Idade Média o período histórico que se estende da queda do Império Romano (século V dC) até o século XV; por sua extensão, é comum dividi-la em Alta Idade Média (do século V até o início das cruzadas contra o Islã, no século X dC) e Baixa Idade Média (séculos XI a XV dC), marcada pela reorganização das relações de produção, a intensificação do comércio e o surgimento de grandes centros urbanos.
A Idade Média tem no feudalismo o seu elemento definidor, fundado em uma economia agrária, com o uso do trabalho servil. O sistema produtivo estava à mercê dos fenômenos climáticos, havendo a alternância de períodos de relativa abundância e períodos de penúria. Para amenizar os efeitos destas crises de subsistência recorrentes, um comércio ocasional e em pequena escala era praticado entre os feudos.
A organização social era estratificada, com pequena possibilidade de ascensão social. As posições sociais - de servo, de vassalo, de nobre - eram determinadas pelo nascimento.
Neste período, o clero detinha um amplo poder político, mantendo a ordem e os costumes, considerados inquestionáveis.
Ao longo dos séculos finais da Idade Média, com a expansão das fronteiras do mundo ocidental, em conseqüência das Cruzadas, intensificou-se o comércio, constituíram-se cidades, floresceu a urbanização. Estavam dadas as condições para o início da derrocada do sistema feudal e o desaparecimento dos laços sociais que até então asseguravam a solidez do poder senhorial e a manutenção do regime de servidão.
 Atividades recomendadas:
 1) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre o período histórico denominado Idade Média (sec V dC ao sec XIV), caracterizando o sistema econômico, político, social, os costumes, os valores etc.. O objetivo é o fornecimento de subsídios necessários para permitir uma reflexão sobre as formas pelas quais o homem medieval se relacionava consigo mesmo, com os demais e com a natureza.
2) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores, em defesa de suas teses.
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
Em resultado da queda do Império Romano e das invasões bárbaras em diversas regiões da Europa, vão se alterando as formas de organização da produção e de propriedade que caracterizavam a Antiguidade. Ao longo dos séculos seguintes, vai se estruturando um novo sistema econômico e social – o Feudalismo. A este respeito, afirma-se:
I) A economia era baseada na produção agrícola de subsistência; havia pouco comércio e quasenenhuma atividade intelectual.
II) A organização feudal incluía grupos sociais bem definidos – o clero, a nobreza e os camponeses ou servos -, entre os quais não ocorria mobilidade. O clero exercia grande poder político em uma cultura profundamente religiosa, submetendo os servos pela persuasão e pelo recurso aos dogmas da fé. A nobreza (senhores feudais) exercia poder econômico e militar.
III) A maior parte da população era constituída pelos servos, que trabalhavam a terra pertencente à nobreza e a alguns elementos do clero.
Há afirmações falsas, dentre as apresentadas?
a) Não, todas as afirmações são verdadeiras.
b) Sim, a I.
c) Sim, a II.
d) Sim, a III.
e) Sim a I e a II.
Suas pesquisas sobre a sociedade medieval devem ter-lhe dado subsídios para assinalar a alternativa a. As afirmações I, II e III apresentam um resumo adequado das condições existentes na Idade Média.
 2. 2. A subjetividade no Renascimento
Leitura Obrigatória:
- SANTI, P. L. R. A Construção do Eu na Modernidade. 6ª ed. Ribeirão Preto/SP: Holos, 2009. (Capítulos 4, 5, 6).
Leitura para Aprofundamento:
- FERREIRA, A. A. L. O múltiplo surgimento da psicologia. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs.) História da Psicologia: Rumos e Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013. (Capítulo 1).
- FIGUEIREDO, L. C. A Desnatureza Humana ou o Não no Centro do Mundo. Uma Santa Católica na Idade da Polifonia. In: FIGUEIREDO, L. C. A invenção do psicológico: quatro séculos de subjetivação, 1500-1900. 7ª ed. São Paulo: Escuta/Educ, 2007.
Chamamos Renascimento ao período da história do Ocidente que se estende aproximadamente do fim do século XIII à metade do século XVII e que marca o início da Idade Moderna. O período caracteriza-se por muitas transformações políticas, econômicas e culturais decorrentes da expansão do comércio tornada possível pelas Grandes Navegações.
 
Diferentemente do período histórico que o precedeu, o Renascimento favoreceu o surgimento de novas idéias, descobrimentos, invenções. Em conseqüência, começaram a ser questionados os preceitos e costumes ditados pela Igreja.
 
Com a perda gradual da vigência dos valores medievais, o homem ocidental teve que se confrontar com um mundo novo, para o qual não havia mais referências inquestionáveis. Era necessário criar normas para reger a vida em comum, as relações sociais, de comércio etc. Não havia mais uma única ‘verdade’, baseada na palavra de Deus, transmitida por seus legítimos representantes, o clero.
 
Desconsiderando os ditames divinos, colocado diante de um mundo desencantado, o homem devia criar para si, por meio de normas auto-impostas, um modo de ser e um destino. Contando apenas consigo próprio neste empreendimento, teria que encontrar um fundamento, a partir do qual erigir um conhecimento seguro, que lhe permitisse relacionar-se com as coisas e com os outros homens.
 
Como resultado, assistimos a um adensamento da experiência de si, condição necessária ao surgimento gradual do que hoje chamamos subjetividade.
 
 Atividades:
 
1) Faça as leituras indicadas, atentando para o conceito de subjetividade defendido pelos autores.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
As afirmativas abaixo se referem ao Renascimento. Analise-as, classificando-as como verdadeiras ou falsas e, a seguir, assinale a alternativa que expressa o resultado de sua análise:
 
I. No Renascimento, a diminuição do poder da Igreja e a abertura operada sobre o mundo fechado dos feudos foram acompanhadas por uma crise da concepção de mundo que vigorava. Esta crise é que desencadeia o teocentrismo.
II. A liberdade, dom maior do homem renascentista, fará com que ele tenha que tentar definir por si mesmo o que é certo e o que é errado.
III. A relação do homem com o mundo se torna cada vez mais de exclusão. As coisas são tomadas como objetos, inclusive o próprio corpo humano. Esta concepção abre o caminho para a racionalidade científica.
IV. A posição do homem é peculiar: ao mesmo tempo que é livre para tornar-se o que quiser, sente-se desamparado e só; o mundo não é mais estável e seguro e o homem deve continuamente tornar-se, constituir-se, mover-se.
 
a) I – V; II – V; III – V; IV - F.
b) I – F; II – V; III – F; IV - V.
c) I – V; II – F; III – V; IV - F.
d) I – F; II – V; III – V; IV - V.
e) I – V; II – V; III – F; IV - V.
 
A alternativa correta é a d. A experiência humana no Renascimento é marcada pela liberdade e pelo desamparo. O mundo é entendido como estando à disposição do homem, que pode usar seus recursos para seus fins particulares. É esta compreensão do mundo que dá início ao desenvolvimento das ciências.
 
A afirmação I é falsa. Embora, de fato, o questionamento dos preceitos ditados pela Igreja tenha posto em xeque a concepção de mundo medieval, esta crise levou ao antropocentrismo – o homem colocado como centro do mundo, a quem compete decidir sobre suas ações – e não ao teocentrismo, que se refere à centralidade da figura de Deus e a preponderância da religião.
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
 
2.3. Procedimentos de contenção do eu
2.4. A crítica á aparência. 
 
Assiste-se, no Renascimento, a um gradual processo de valorização do Homem. Considerado o ponto máximo da criação divina, o Homem passa a ser compreendido como um ser livre para constituir normas e valores a partir dos quais deverá pautar sua conduta. Mas esta tarefa demandará o desenvolvimento de procedimentos e mecanismos formativos – ser livre e poder escolher implica ser responsável pelos resultados das próprias opções.
 
O período será marcado, ao mesmo tempo, por espaços de expansão e contenção da liberdade; na mesma medida em que será feita a apologia à grandeza do homem, ser-lhe-á creditado o peso de todos os males.
 
Os textos indicados para leitura apresentam alguns desses mecanismos de produção das subjetividades que surgiram no Renascimento e cuja herança perdura até nossos dias. Os veículos para apresentação dessas idéias serão fundamentalmente textos literários. Em Santi (1998), você encontrará também a discussão sobre a pintura e a música dessa época.
 
Atente particularmente para as práticas religiosas de contenção do eu propostos nos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola, os procedimentos de formação dos soberanos discutidos em O Príncipe, de Maquiavel, e as críticas ao papel central creditado ao eu feitas por Montaigne e Erasmo de Rotterdam. A obra de Shakespeare também mostra o crescente adensamento da experiência de si
 
Atividades:
 
1) Faça as leituras indicadas, atentando para a compreensão dos procedimentos de construção e contenção da subjetividade próprias do Renascimento. 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
O século XVI foi marcado por uma certa multiplicidade em relação aos projetos de constituição da subjetividade do homem. Abaixo estão afirmações sobre vários dos projetos. Classifique-as em verdadeiras ou falsas
I) Santo Inácio de Loyola, adaptando o pensamento religioso aos tempos, produz uma obra contendo procedimentos para a afirmação da identidade sobre a dispersão do sujeito. Ele reconhece a liberdade humana, mas constata que ela é a fonte da perdição do homem e busca mostrar o caminho do reencontro com a ordem. O homem deve, meditando, dirigir sua vontade para o reencontro de Deus.
II) Maquiavel, preocupado com a fragmentação da sociedade, pensa ser necessária a imposição de um governante. Constrói uma obra sobre como bem governar o mundo ou o povo. Ele afirma o valor do humano, mas em um mundo sem ideal, no qual a imposição do poder é necessária, uma vez que o homem é egoísta e auto-referente.
III) A obra de Shakespeare é um exemplo dos movimentos de elogio e crítica ao eu. Em Hamlet, há uma denuncia melancolia das ilusões do eu que costuma esquecer sua dimensão mortal. Mas, ao mesmotempo, há a recusa do homem de servir de objeto de manipulação, buscando na morte uma forma de construção de si.
IV) Montaigne contraria a norma de elogio e crítica ao eu e propõe uma concepção não problematizada do ser humano, considerado como fundamento do conhecimento verdadeiro.
 
Assinale a alternativa que apresenta a correspondência correta:
a) I – V; II – V; III – V; IV – V.
b) I – F; II – V; III – V; IV – V.
c) I – V; II – V; III – V; IV – F.
d) I – F; II – V; III – F; IV – V.
e) I – V; II – V; III – F; IV – F.
 
A leitura dos textos de referência deve ter-lhe fornecido o necessário para assinalar a alternativa c. A única afirmação incorreta é a IV. Montaigne, em Os Ensaios, empreende uma cáustica crítica às pretensões do eu, revelando a natureza vaidosa e a inconstância do homem e, portanto, a impossibilidade de que este se estabeleça como fundamento do conhecimento.
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
MÓDULO III
A subjetividade moderna
3.1: A afirmação do sujeito através da razão
Leitura Obrigatória:
- MASSIMI, M. História dos Saberes Psicológicos. São Paulo: Paulus, 2016. (Capítulo 6 – Eixo estruturante A construção do arcabouço conceitual dos saberes psicológicos no âmbito dos conhecimentos: a mente e o corpo segundo Descartes e as raízes conceituais da Psicologia Moderna, pg. 333 – 342).
- SANTI, P. L. R. A Construção do Eu na Modernidade. 6ª ed. Ribeirão Preto/SP: Holos, 2009. (Capítulos 7, 8 e 12).
Leitura para aprofundamento:
- FERREIRA, A. A. L. O múltiplo surgimento da psicologia. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs.) História da Psicologia: Rumos e Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013. (Capítulo 1).
- FIGUEIREDO, L. C. A Desnatureza Humana ou o Não no Centro do Mundo. Identidade e esquecimento: aspectos da vida civilizada. In: FIGUEIREDO, L. C. A invenção do psicológico: quatro séculos de subjetivação, 1500-1900. 7ª ed. São Paulo: Escuta/Educ, 2007
 
Apresentação do tema:
 
Já, desde o século XVII, vinha sendo problematizada a possibilidade de constituição de uma convivência harmônica entre homens livres, aptos a exercer esta liberdade em todos os âmbitos de sua vida. Como vimos, em oposição ao ideal do bem comum, insurge-se a ‘natureza’ humana, egoísta, vaidosa e auto-referente.
 
Para superar o impasse, Thomas Hobbes (1588 – 1679) propõe, em suas obras, o completo domínio desta natureza do homem e a constituição de um pacto social, em que cada uma cederia parte de sua liberdade em prol da construção de um Estado civil.
Neste contrato, os direitos naturais do homem seriam em parte transferidos a um soberano ou a uma assembléia que se responsabilizaria por legislar e julgar os cidadãos.
 
Na organização da vida social, o homem moderno, como indivíduo, deve apropriar-se dos meios de produção e assegurar as bases econômicas de sua existência; deve encontrar meios viáveis de convivência com iguais; deve cuidar da defesa de seus interesses, em um mundo de interesses particulares, muitas vezes em oposição.
 
Tanto quanto da produção do conhecimento, aqui também está presente a exigência à disciplina e à legislação das condutas. Aqui também se operará uma cisão, já agora entre os espaços reservados à vida em sociedade – submetida a regras de convivência – e os espaços destinados à privacidade, nos quais o homem pode exercer a liberdade que lhe cabe “por natureza”.
 
Estabelece-se assim um território de representação, de cultivo de regras estritas da etiqueta, cuja observância supostamente garantiria a contenção das paixões nos espaços privados.
 
Atividades:
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, procurando caracterizar a cisão entre os espaços público e privados como solução para o dilema posto pelos ideais iluministas. Reflita sobre as repercussões desta cisão para as subjetividades.
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
No Renascimento, nasce o humanismo moderno. Há uma grande valorização do homem e, ao mesmo tempo, a idéia de que ele deve buscar se constituir enquanto homem. Mas o homem não está naturalmente aparelhado para isto. Assim, é incorreto afirmar:
a) Na produção de conhecimento fidedigno, cabe ao homem expurgar de si, pelo uso do método, tudo o que tem de variável, idiossincrático, suspeito.
b) Na produção do conhecimento, será necessário constituir um sujeito autônomo, autotransparente, reflexivo, uno.
c) Na vida em comunidade, será preciso estabelecer um sistema social gerenciado por homens iguais em direitos e deveres.
d) Na vida em sociedade será necessário constituir uma identidade fictícia, cuja conduta seja previsível e regulável.
e) Na convivência de homens livres, mesmo os aspectos dos indivíduos que não se prestavam a normatização exigida pela vida em sociedade poderiam ser publicamente expostos.
 
R.: Com base na leitura dos textos, você deve ter assinalado a alternativa ‘e’: ao longo da Modernidade, os processos de constituição das subjetividades vão demandando uma série de cisões, entre elas a que determina que só devem ser apresentadas publicamente nossas características que se adequavam as normas sociais. Aspectos não plenamente normatizáveis só deveriam ser expressos no âmbito da vida privada.
 
3) Realize os exercícios, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de reexame dos textos, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
 
3. 2. O Iluminismo: delimitação do público e do privado.
3. 3. O Romantismo: característica da subjetividade romântica.
3. 4. Iluminismo, Romantismo, Liberalismo e Regime Disciplinar: os diversos caminhos para a Psicologia.
Leitura Obrigatória:
- SANTI, P. L. R. A Construção do Eu na Modernidade. 6ª ed. Ribeirão Preto/SP: Holos, 2009. (Capítulos 9, 10, 11, 14, 15).
Leitura para aprofundamento:
- FIGUEIREDO, L. C. A gestação do espaço psicológico no século XIX: Liberalismo, Romantismo e Regime Disciplinar. In: FIGUEIREDO, L. C. A invenção do psicológico: quatro séculos de subjetivação, 1500-1900. 7ª ed. São Paulo: Escuta/Educ, 2007.
- VIDAL, F. “A mais útil de todas as ciências”. Configurações da psicologia desde o Renascimento tardio até o fim do Iluminismo. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs.) História da Psicologia: Rumos e Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013. (Capítulo 2).
 
Como vimos, dos ideais iluministas surge a necessidade de separação de espaços publico e privado e institui-se o estrito cultivo da etiqueta – um mundo de representação. É contra isto que se insurge o Romantismo. Para os movimentos românticos, a essência do homem, seus aspectos mais verdadeiramente humanos não estariam na sua capacidade racional, mas, pelo contrário na riqueza e no ímpeto de suas paixões.
 
O movimento romântico desdobra-se em duas faces: a primeira, idílica, mostra o homem em contato estreito e harmônico com a natureza, numa vida de deleite e felicidade; o segundo – tempestade e ímpeto – ressalta a natureza passional que, sua complexidade e contradição, leva muitas vezes à dissolução do eu e à loucura.
 
Em qualquer de suas vertentes, no entanto, o homem romântico julga-se dono de uma vida interior rica, singular e incomunicável, caracterizando, no plano das idéias, uma inversão de valores: o que o Iluminismo racionalista expunha como aspectos pouco confiáveis do homem, o romantismo apregoa como o seu verdadeiro eu, sua essência mais própria e preciosa.
 
Além dos ataques externos, a partir do século XVIII, a razão, dentro do âmbito do projeto iluminista, começa a sofrer um processo de auto-crítica, no qual se procura investigar suas possibilidades e os limites. Kant é o grande nome neste movimento, postulando a impossibilidade humana de atingir o conhecimento das coisas em si. Para ele,nosso conhecimento sobre o mundo seria sempre mediado por nossas estruturas cognitivas.
 
Ainda que rechaçados e submetidos a uma estrita auto-vigilância, os aspectos excluídos do eu retornam sempre, extravasam do terreno íntimo e ameaçam as estratégias desenvolvidas para a manutenção de relações sociais estáveis e igualitárias.
 
Diante da falência dos dispositivos criados para garantir a separação entre as esferas públicas e privadas, assistimos a um progressivo fortalecimento do Estado, incumbido de inserir alguma ordem na vida social. A sociedade deve, a partir de então, ser administrada, com a imposição de leis heterônomas, que se imiscuem na livre decisão dos indivíduos e determinam o que o homem pode e deve ser.
 
Através de mecanismos como a vigilância e controle sobre as condutas, da sanção, do estabelecimento da norma, os indivíduos são adestrados. Produtos de uma cultura disciplinar, tornam-nos sujeitos presos a identidades que reconhecemos como nossas, mas que nos foram impostas pelas redes de poder que passaram, a partir do século XIX, a permear todas as relações.
 
O tema é complexo e a leitura indicada é extensa. Ainda assim, recomendamo-la fortemente.
 
Atividades:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, procurando caracterizar as repercussões do Romantismo nos processos de constituição das subjetividades. Atente para a valorização do “interno” em contraposição às aparências.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
O Romantismo, movimento que se estende do final do século XVII a meados do XIX, refere-se a manifestações bastante diversas. Analise as afirmações abaixo:
I. O Romantismo denuncia e privilegia aquele aspecto do eu que estava excluído pelo projeto cartesiano. Uma das imagens mais recorrentes foi a de que o real é encoberto por um véu e impõe-se a necessidade de desvelá-lo ou revelá-lo. Assim, o Romantismo acusa a vida social de afastar o homem de sua verdadeira natureza, que é passional.
II. O Romantismo se constitui como um movimento de crítica ao período medieval, à medida que ele representa uma espécie de saudosismo de um estado natural perdido, que seria preciso reencontrar. A natureza a que se refere é altamente idealizada e compreendida como o jardim do Éden.
III. Uma das expressões do Romantismo apresenta uma natureza violenta, que ultrapassa em muito a potência da vontade consciente. O eu é invadido por aquilo que procurava excluir. Aqui se introduz o elemento anti-humanista. O homem vê-se diante de um despojamento total de sua importância: ele não seria mais do que um invólucro que porta a vontade e que pode ser substituído.
IV. O Romantismo é essencial no desenvolvimento do sentido de interioridade e profundidade da alma humana, constituindo-se de uma das bases do que poderíamos chamar de individualismo.
V. Schopenhauer, Edgar Allan Poe e Goethe são alguns dos autores que representam o movimento tempestuoso e impetuoso do romantismo. Além deles, podemos mencionar no campo da música Beethoven, Wagner e Chopin.
Assinale a alternativa que contemple as afirmações corretas:
A) I, II, III
B) I, III, IV, V
C) II, IV, V
D) I, III, V
E) I, II, III, IV
 
A alternativa a ser assinalada é a ‘b’: as afirmações I, III, IV, V são verdadeiras, a afirmação II é falsa, pois o saudosismo empreende crítica ao passado; é, pelo contrário, um desejo de retorno a um período anterior, idealizado.
 
3) Realize os exercícios, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de reexame dos textos, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
 
 
MÓDULO IV
A institucionalização da Psicologia com Wilhelm Wundt.
4. 1. O projeto de Wundt: a psicologia experimental e a psicologia cultural
4. 2. O objeto: a consciência imediata
4. 3. O método: a introspecção
4. 4. Titchener e o Estruturalismo
Leitura Obrigatória:
- SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 9ª ed. São Paulo: Thomson Learning, 2011. (Capítulos 4 e 5)
Leitura para aprofundamento:
- ARAUJO, S. F. Wilhelm Wundt e o estudo da experiência imediata. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs.) História da Psicologia: Rumos e Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013. (Capítulo 5).
- ARAUJO, S. F. Uma visão panorâmica da psicologia científica de Wilhelm Wundt. Scientiæ Zudia, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 209-20, 2009. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ss/v7n2/v7n2a03.pdf Acesso em 05 dez de 2019.
Parte 1: O duplo projeto de Psicologia de Wundt; os pioneiros europeus.
 
Apresentação do tema:
 
Historicamente, é concedido a Wilhelm Wundt (1832 – 1920) o título de fundador da Psicologia, como ciência independente. Evidentemente, o estabelecimento de um campo de estudos envolve uma longa pré-história, antes que ocorra “oficialmente” sua fundação. Este foi também o caso da Psicologia. 
 
Muitos cientistas desenvolviam estudos em áreas que vieram, mais tarde, a pertencer ao escopo da Psicologia. Aqui, destaque deve ser dado ao trabalho desenvolvido por Fechner (1801 – 1887) que, com suas pesquisas na área da psicofísica, permitiu o estudo das relações existentes entre os processos físicos (por exemplo, a estimulação ambiental) e os processos mentais (sensações, experiência consciente). 
 
Cabe inegavelmente a Wundt , no entanto, o mérito da instalação do primeiro laboratório em Leipzig (Alemanha), bem como do lançamento da primeira revista especializada. Além disso, Wundt teve a intenção deliberada de, em suas próprias palavras, “demarcar um novo domínio da ciência” (da Introdução de Principles of Physiological Psychology, publicado em 1873-1874 – apud. SCHULTZ, D.P. & SCHULTZ, S.E, 2007, p. 78)
 
O projeto de Wundt para a Psicologia é peculiar porque já põe a nu a duplicidade da Psicologia e a complexidade dos procedimentos necessários à investigação dos fenômenos psicológicos: Wundt concebeu-a como uma ciência intermediária entre as ciências da natureza e da cultura, entendendo que os estudos psicológicos deveriam se desdobrar em uma investigação da experiência imediata dos sujeitos – o que se poderia alcançar pela utilização do método experimental – e o estudo de como os elementos componentes desta experiência se combinavam nos sujeitos, numa síntese criativa.
 
Para Wundt, portanto, desde logo se colocou a demanda por um método que, indo além dos procedimentos investigativos da ciência natural, possibilitasse o estudo dos fenômenos culturais – linguagem, sistemas religiosos, mitos, etc. – enquanto manifestações da subjetividade humana. Wundt propunha a utilização dos métodos advindos da Antropologia e da Filologia como forma de acesso aos processos mentais superiores que produzem a cultura e a linguagem.
 
Esta dupla Psicologia – uma fisiológica experimental e uma social (“dos povos”) – apresentava dificuldades metodológicas extremas, especialmente em um período histórico em que imperavam o Empirismo e o Positivismo. Wundt acabou por obter maior adesão da comunidade científica em sua investigação experimental. Sua Psicologia dos povos (Völkerpsychologie) sofreu um certo desprestígio, especialmente em território americano, tendo sido, no entanto , fundamental no estabelecimento de uma Psicologia Social Sociológica na Europa (Farr, As raízes da Psicologia Social Moderna, 2001).
 
Atividades:
 
1) Faça as leituras indicadas, atentando para as condições histórico-culturais presentes no momento em que Wundt propõe seu projeto de ciência psicológica.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
Wundt, fundador da psicologia como disciplina acadêmica formal, propôs deliberadamente a constituição de uma nova ciência, coroando o trabalho que vinha sendo desenvolvido por diversos autores em temas pertencentes ao escopo da Psicologia. A este respeito, afirma-se:
I) Wundt propôs um projeto de psicologia que envolvia duas tarefas independentes – a psicologia experimental e a social, entendendo que seria possível compreender a experiência humana tanto pela via experimentalquando pela consideração dos aspectos culturais determinantes dos processos mentais superiores.
II) Wundt propôs um projeto para a Psicologia, entendendo-a como ciência intermediária entre as ciências da natureza e da cultura.
III) Para Wundt, a experiência imediata dos sujeitos – isto é, a experiência vivida pelo sujeito, antes que sobre ela formalize qualquer pensamento - deveria ser o objeto de estudo da nova ciência que fundara.
Responda: É verdadeiro o que se afirma em:
A) I.
B) I e II.
C) II.
D) II e III.
E) III.
A alternativa correta é a D. O duplo projeto de Wundt foi engendrado a partir da compreensão que ele tinha do objeto de estudo da Psicologia, que não podia ser completamente estudado por um único método. Como se afirma em II e III, Wundt entendia que a psicologia, ciência que se localizava entre as ciências da natureza e as ciências da cultura, devia se desdobrar em uma investigação da experiência imediata dos sujeitos – o que se poderia alcançar pela utilização do método experimental – e o estudo de como os elementos componentes desta experiência se combinavam nos sujeitos, numa síntese criativa.
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
 
Wundt fundou o primeiro laboratório de Psicologia e editou a primeira revista científica da área. Deu início, assim, à Psicologia Experimental, delimitando um campo de estudo para a nova ciência e definindo um métido de investigação. Para ele, a psicologia tinha como tarefas: 1 - analisar os processos conscientes procurando identificar seus elementos básicos; 2 - descobrir como se dá a organização e síntese desses elementos básicos; 3- descobrir as leis que regiam esta organização dos elementos na consciência.
 
Wundt, em seus estudos sobre a experiência imediata, projetou experimentos que pudessem esclarecer como se dá a percepção de fenômenos físicos pelos indivíduos. Dedicou-se primordialmente à investigação dos sentidos, em especial da visão. Seus seguidores estudaram também a atenção, a emoção e a memória.
Wundt recorreu à observação, à experimentação e à quantificação na investigação dos fenômenos mentais. Como seu interesse era a percepção dos fenômenos pelos sujeitos, incluiu em seus estudos a introspecção, mas de uma forma modificada. Método herdado da filosofia, a introspecção consiste na observação e registro das percepções, pensamentos e sentimentos pelo próprio sujeito. Wundt introduziu algumas alterações neste método. Seus sujeitos experimentais eram treinados em auto-observação, que Wundt chamava de 'percepção interna', na tentativa de torná-los aptos a fornecer relatos fidedignos.
Em Wundt, o estabelecimento na consciência como objeto reflete uma concepção do homem como agente ativo, estruturador de sua própria experiência.
Em seu laboratório, encontramos sujeitos experimentais capazes de ser observadores de si.
Em outras palavras, o que é considerado efetivamente psicológico em Wundt é a experiência consciente dos fenômenos sensoriais, forma primordial de contato entre o homem e o mundo.
Atividades:
 
1) Faça as leituras indicadas, atentando para as características do método introspectivo utilizado no estudo da consciência imediata.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
Wundt utilizava métodos experimentais em seus estudos desenvolvidos em laboratório. Ele adaptou métodos empregados por fisiologistas para desenvolver estudos sobre a consciência, que para ele seria o objeto de estudo da Psicologia. A consciência, para Wundt, deveria ser estudada, inicialmente, por meio da descrição dos elementos individuais da consciência, a qual teria um papel ativo em organizar seu conteúdo. A capacidade própria de organização da mente era classificada por Wundt como:
a) Método da introspecção ou percepção interna, segundo o qual os investigadores obedeciam as regras por Wundt estabelecidas e descreviam suas percepções internas
b) Voluntarismo, em referência à volição, que significa força ou ato de vontade, tendo em vista que a mente organizaria seus conteúdos a partir de um ato de vontade próprio, o que exemplificaria seu papel ativo
c) Experiência mediata e imediata, ou seja, a partir das experiências com interpretação pessoal, a organização da consciência ocorria
d) Teoria tridimensional do sentimento, a partir da qual os sentimentos conscientes eram classificados como prazer/desprazer, tensão/relaxamento
e) Método da introspecção ou percepção interna, segundo o qual os investigadores davam sua interpretação pessoal sobre as observações realizadas
R: b
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
 
O Estruturalismo de Titchener
 
O primeiro objetivo do psicólogo (...) é determinar a natureza e o número dos elementos mentais. Ele toma a experiência mental, parte por parte, dividindo-a e subdividindo-a, até que a divisão não possa prosseguir. Quando atinge esse ponto, ele encontrou um elemento da consciência.
 
E. B. Titchener, 1896 (apud GOODWIN, C.J. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cultrix, 2005, p. 215)
 
Depois de Wundt, muitos de seus discípulos abandonaram a proposta da Völkerpsychologie, prosseguindo as suas investigações na área da psicologia experimental. Titchener (1867 – 1927) foi um deles. Responsável pela divulgação dos trabalhos do mestre nos EUA, aproximou-se gradativamente de uma psicologia puramente fisiológica, em que os sujeitos eram pensados como organismos e não como membros de uma dada cultura, como queria Wundt.
 
O trabalho de Titchener visava o estabelecimento das unidades elementares da consciência, através da análise progressiva dos processos conscientes – daí a expressão Estruturalismo para nomear sua psicologia.
 
Para Titchener, a Psicologia deveria ser uma ciência puramente positivista, caracteristicamente experimental. Não deveria preocupar-se nas possibilidades práticas de aplicação do conhecimento nele gerado.
 
Com base em seus estudos, Titchener identificou três tipos de processos mentais elementares: as sensações, as imagens e os afetos. Cada um desses elementos possuia vários atributos. As sensações e as imagens tinham os atributos de qualidade (o que distingue uma sensação da outra), intensidade (a força do estímulo), duração e clareza (posição que assume na consciência em relacão aos demais elementos); já os afetos possuiam os atributos de qualidade, intensidade e duração, mas não de clareza. Por outro lado, os afetos podiam ser agradáveis ou desagradáveis, atributos que não poderiam se resumir à mera sensação.
 
A proposta inicial de Titchener sofreu mudanças ao longo dos anos. Na década de 20, Titchener propõe um modelo mais fenomenológico para compreender a mente humana, descrevendo os processos sensoriais em termos de dimensões e abandonando a ênfase inicial nos elementos da consciência
 
Redescobrindo a proposta de Wundt
 
Em sua inserção em solo americano, o duplo projeto de Psicologia de Wundt foi preterido, a exemplo do que já havia ocorrido na Europa, sendo mais amplamente divulgada e aceita a sua Psicologia Experimental. Na década de 70, análises mais detalhadas da obra de Wundt recuperaram suas idéias referentes à Psicologia Cultural e sua preocupação com a síntese criativa, elementos que haviam pouco a pouco perdido importância em solo americano.
 
Atividades:
 
1) Leia atentamente os textos indicados, procurando identificar os pressupostos envolvidos nas propostas de Wundt e Titchener. Compare os principais experimentos realizados pelos autores, identificando neles semelhanças e diferenças, especialmente no que diz respeito ao método utilizado e ao papel do sujeito experimental.
 
Obs: Atente para o fato de que as leituras indicadas posicionam-sede maneira diferente em relação aos projetos de Wundt e Tichener, ficando evidente, para o leitor atento, o viés positivista de Schultz. Salientamos que, coerentemente com a maneira pela qual se concebe a diversidade teórica da Psicologia na disciplina, advogamos as idéias expostas em Figueiredo e Santi.
 
2) Realize os exercícios, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de reexame dos textos, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Atente para este exemplo de exercício:
 
Titchener, discípulo de Wundt, leva suas idéias aos EUA, aonde:
a) mantém-se fiel às idéias do mestre, organizando-as em um sistema a que denominou Estruturalismo.
b) contraria as idéias de Wundt, preocupando-se em estudar não apenas os elementos da consciência, tal como o mestre, mas também as sínteses criativas presentes na experiência imediata dos sujeitos.
c) abandona definitivamente o tema “experiência consciente”, passando a investigar apenas os componentes observáveis do comportamento humano.
d) desenvolve a Psicologia Social Americana, realizando, por fim, a proposta da “Psicologia dos Povos” de Wundt.
e) afasta-se da proposta wundtiana, na medida em que abandona a investigação da organização dos elementos da consciência em processos cognitivos superiores.
 
R: e
 
3) Pesquise (meios eletrônicos ou convencionais): Em que consiste o repúdio positivista de Wundt?
Pesquise também a influência de Wundt na Psicologia Social Sociológica européia.
MÓDULO V
Funcionalismo: As Influências Anteriores.
5. 1. A Revolução da Teoria da Evolução de Charles Darwin.
5. 2. Diferenças Individuais: Francis Galton.
Leitura Obrigatória:
- SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 9ª ed. São Paulo: Thomson Learning, 2011. (Capítulo 6).
Leitura para Aprofundamento:
- PORTUGAL, F. T. Comparação e genealogia na psicologia inglesa no século XIX. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs.) História da Psicologia: Rumos e Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013. (Capítulo 6).
O pensamento evolucionista e suas repercussões para a Psicologia
Apresentação do tema: 
O ambiente cultural do século XIX foi palco para o surgimento de uma teoria que, do âmbito específico da biologia comparada, estendeu sua influência para o campo da Psicologia: a teoria de evolução das espécies, proposta por Darwin.
Entre 1831 e 1836, Darwin participou de uma expedição que tinha os objetivos de inspecionar a costa sul-americana, em busca de áreas portuárias, e de circunvagar a Terra, verificando a longitude de certos locais. Em resultado de observações feitas durante a viagem exploratória, Darwin publicou, em 1859, o coroamento de vários anos de estudos: A origem das espécies.
A obra focalizava a variabilidade entre as espécies vivas, propondo que esta era resultado de um longo processo de seleção natural que, atuando sobre diferenças ocorridas ao acaso entre membros de uma mesma espécie, favorecia a sobrevivência das características que contribuíam para a adaptação e sobrevivência do organismo. Ao mesmo tempo e da mesma forma, as características desfavoráveis tendiam a sucumbir, ao longo do tempo.
A teoria da evolução das espécies deu campo para o florescimento de ideias funcionalistas entre os psicólogos americanos. A escola funcionalista propunha o estudo do comportamento e dos processos mentais humanos enquanto mecanismos que se prestavam à adaptação dos indivíduos a diferentes ambientes.
Em decorrência das ideias evolucionistas, houve, na história da Psicologia, dois importantes desdobramentos. O primeiro deles, a psicologia comparativa, desenvolveu estudos considerando a existência de uma continuidade evolutiva entre os animais inferiores e o ser humano. A ideia de que haveria uma progressão entre as espécies, em que as mais evoluídas manteriam algumas das características das espécies das quais se derivaram, sustentou a realização de experimentos com organismos simples e a aplicação dos resultados à compreensão dos processos humanos.
O segundo desdobramento foi o estudo das diferenças individuais. A preocupação em compreender por que e como as pessoas se diferenciam em termos de determinadas características consideradas relevantes – inteligência, traços de caráter, etc. – levou a uma profícua linha de pesquisa, dedicada ao desenvolvimento de instrumentos para a mensuração das diferenças individuais: a psicometria.
No ambiente americano, o funcionalismo obteve um sucesso jamais alcançado pela proposta wundtiana e pelo estruturalismo, por permitir a aplicação dos conhecimentos psicológicos às questões e aos problemas cotidianos. Esta psicologia prática foi difundida, especialmente a partir do período pós-guerras, nas áreas de educação, da saúde e da reabilitação, nas organizações empresariais, etc., configurando o campo profissional da psicologia.
Uma outra vertente desse movimento inglês do século XIX tem em Francis Galton (1822 -1911) seu maior representante. Sua tese principal é de que não havia igualdade entre os homens e que alguns eram dotados de certas habilidades e competências, enquanto outros não.
Galton contribuiu para a Psicologia em duas áreas - a psicologia diferencial, isto é, o estudo das diferenças individuais (que será objeto de estudo do próximo módulo) e a eugenia.
Com a eugenia, Galton tinha a intenção de obter um melhoramento da espécie humana através de um projeto de reprodução seletiva, que incentivaria a procriação dos 'mais aptos' (eugenia positiva) e que buscaria evitar ou reduzir a procriação dos 'menos aptos' (eugenis negativa).
A proposta de Galton teve consequências marcantes e deletérias, servindo de justificativa 'científica' para procedimentos cruéis de inseminação, esterilização, eutanásia, além, obviamente, do genocídio impetrado pelos nazistas, na 2a. Guerra Mundial.
Atividades:
1) Realize uma leitura atenta dos textos indicados, apreendendo os elementos fundamentais da teoria da evolução das espécies de Darwin e seus desdobramentos para a psicologia: o funcionalismo e a psicologia aplicada.
2) Realize os exercícios, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de reexame dos textos, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Atente para o exercício abaixo:
Darwin (1872-1965) via as emoções como algo geneticamente programado nos animais para fins de sobrevivência. Considerando os seres humanos, analise as afirmações a seguir: 
I. Os componentes da emoção são interativos, um interferindo no outro, no sentido de intensificá-los ou enfraquecê-los.
II. Os bebês buscam e utilizam informações emocionais de pessoas que lhe são significativas para compreender novas experiências. 
III. As emoções preparam o sujeito para lidar com emergências, preparando-o para a fuga ou a defesa. 
Responda: Atestam o valor de sobrevivência destacado por Darwin:
A) o que se afirma em I.
B) o que se afirma em III.
C) o que se afirma em I e II.
D) o que se afirma em I e III.
E) o que se afirma em II e III.
R: A alternativa correta é E.
MÓDULO VI
Funcionalismo: Fundação e Evolução.
6. 1. A Evolução chega aos Estados Unidos: Herbert Spencer.
6. 2. O Precursor: William James e o pragmatismo.
6. 3. As Escolas de Chicago e Columbia: - John Dewey, James R. Angell, Harvey A. Carr; - Robert Sessions Woodworth, Edward Lee Thorndike.
6. 4. A Psicometria: medir, classificar, diferenciar.
- James Mckeen Cattell: testes mentais.
- O movimento dos Testes Psicológicos.
Leitura Obrigatória:
- SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 9ª ed. São Paulo: Thomson Learning, 2011. (Capítulos 7, 8, 9)
Leitura para Aprofundamento:
FERREIRA, A. A. L.; GUTMAN, G. O funcionalismo em seus primórdios: a psicologia a serviço da adaptação. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs.) História da Psicologia: Rumos e Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro:Nau Editora, 2013. (Capítulo 7)
CASTRO, A. C.; CASTRO, A. G.; JOSEPHSON, S. C.; JACÓ-VILELA, A. M. Medir, classificar e diferenciar. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs.) História da Psicologia: Rumos e Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013. (Capítulo 16).
Apresentação do tema:
Com base nas idéias transformacionistas (isto é, aquelas que procuram compreender as transformações pelas quais os seres vivos passaram ao longo do tempo, em resultado de sua adaptação às condições do meio) e evolucionistas, foi possível ver a tareefa da Psicologia sob outro prisma: caberia a essa ciência explicar como teria ocorrido o gradual surgimento, nos seres humanos, das capacidades mentais superiores que nos caracterizam como espécie.
Desse novo fundamento, surge uma importante vertente da Psicologia, no século XIX, na Inglaterra. Aqui, é referência o nome de Herbert Spencer (1820-1903).
Spencer foi um importante divulgador das teses evolucionistas na Inglaterra, embora tenha deturbado as idéias de Darwin, no sentido de adequa-las ao estudo das sociedades. Defende o Liberalismo e sua proposta de um Estado mínimo, apoiado na redução do papel de todas as instituições na regulação da vida em sociedade, com exceção da propriedade, bastante valorizada em sua proposta.
Spencer é o formulador do 'darwinismo social', teoria que propunha que as sociedades seriam selecionadas por um processo de seleção do mais apto, tal como ocorria na evolução biológica. Para dar fundamento a suas teses, Spencer precisou dar ao conceito de seleção natural de Darwin um viés individualista. Ao propor a lei da seleção natural, Darwin enfatizava o valor de sobrevivência das comunidades e não de indivíduos. Spencer desloca o foco para indivíduos - sobrevivem os indivíduos mais aptos, em resultado de uma lei 'natural'. Este evolucionismo social, versão espúria das idéias de Darwin, serviu de suporte para práticas sociais de exclusão, largamente utlizadas com fins ideológicos.
Atividades:
1) Realize uma leitura atenta dos textos indicados, apreendendo os elementos fundamentais da teoria da evolução das espécies de Darwin e seus desdobramentos para a psicologia: o funcionalismo e a psicologia aplicada.
2) Realize os exercícios, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de reexame dos textos, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Atente para o exercício abaixo:
Abaixo estão algumas propostas que poderiam ser feitas tendo por base o “Darwinismo Social” de Herbert Spencer. Analise-as. 
I – a criação de uma sociedade sem classes, baseada na propriedade comum dos meios de produção, com a consequente abolição da propriedade privada. Assim, via neste caminho o desdobramento de uma sociedade com Estado mínimo.
II – uma forma de governo em que um indivíduo apto governaria como chefe de Estado, geralmente de maneira vitalícia ou até sua abdicação. Aqueles indivíduos que não se adaptassem, seriam expulsos ou mortos, operando assim a seleção natural do Darwinismo Social.
III – uma forma de governo liberal, em que a organização da vida social se daria sem o constrangimento das instituições, de forma que cada indivíduo pudesse agir livremente em função de seus interesses.
 
É correto o que se afirma:
A) I e II.
B) I e III.
c) II e III.
d) II.
e) III.
R. A afirmação III poderia ser devirada do Darwinismo Social, mas não a I e a II. Spencer não defendia a abolição da propriedade privada - pelo contrário, era um ferrenho defensor dela. Por outro lado, não advogada a ideia de um governo absoluto, mas sim de um Estado mínimo, com não interferencia das instituições nas decisões dos indivíduos. A alternativa a ser assinalada é a e.
William James e o pragmatismo
Apresentação do tema:
Foi nos Estados Unidos, na passagem do século XIX para o século XX, que a psicologia assumiu os contornos que conhecemos hoje. Até então, a psicologia que teve como berço a Alemanha dedicava-se a desenvolver pesquisa pura, sem qualquer preocupação com a aplicabilidade dos conhecimentos gerados por meio de suas investigações conduzidas em laboratório. Mantendo como objeto a experiência imediata, esta psicologia essencialmente teórica procurava identificar como se dá a percepção em sua forma mais pura – isto é, sem ser afetada pelos vieses provocados pelas ilusões dos sentidos. Para tanto, precisava recorrer, em seus experimentos, a sujeitos especialmente treinados em percepção interna.
 
Toda essa proposta é modificada na inserção e divulgação da nova ciência em solo americano, em função do contexto peculiar daquele país. Os Estados Unidos vivia um processo de modernização nos campos político e administrativo, marcado pela urbanização acelerada. Este processo gerou necessidades novas, no sentido de permitir o avanço industrial, a expansão do sistema educacional e outras transformações institucionais. É nessa terreno que surge uma psicologia preocupada em classificar, medir e ajustar os indivíduos.
 
Por outro lado, ocorre a expansão universitária, com o estabelecimento de centros educacionais, como a Universidade de Colúmbia e a de Chicago, que se somam as universidades tradicionais, como Harvard, na difusão das idéias funcionalistas, estudando os processos de evolução e adaptação dos organismos, com fins práticos: intervir ativamente nos indivíduos, grupos e comunidades.
 
Nesse movimento, destacam-se dois grupos: o primeiro, representado por Stanley Hall (Universidade de Clark), Cattell (Columbia) e Baldwin (Princeton), tiveram sua formação em Leipzig, na Alemanha, com Wundt, mas passaram, no retorno aos Estados Unidos, a desenvolver estudos sobre o desenvolvimento infantil, com base em conceitos evolucionistas (Baldwin), a aperfeiçoar instrumentos de medida psicológicos (Cattell) e a implantar a psicologia em áreas específicas (Stanley Hall).
 
O segundo grupo, cujos expoentes foram William James e John Dewey, não se liga às formas germânicas de investigação e empreendem um projeto de psicologia adaptados às necessidades e interesses americanos.
 
Atividades:
1) Realize uma leitura atenta dos textos indicados, apreendendo os conceitos fundamentais do Funcionalismo proposto por William James: hábito, atenção, fluxo do pensamento e self.
2) Pesquisa nos meios convencionais e eletrônicos em que consiste o Pragmatismo de James.
3) Acompanhe os caminhos trilhados pela Psicologia nas Escolas de Chicago (Dewey, Angell e Carr e Columbia (Thorndike e Woodworth)
4) Realize os exercícios, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de reexame dos textos, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
5) Atente para o exercício abaixo:
 
William James é considerado o precursor da psicologia funcional nos Estados Unidos. Embora tenha abandonado a psicologia para se dedicar à filosofia, é considerado uma das principais referências da história da psicologia. Escrevia com bastante clareza e fez diversas críticas à psicologia de Wundt. Coerentemente com a proposta de William James, afirma-se:
I - A mente é explicada como um recurso do qual o individuo lança mão em situações de resolução de problemas. Para que se entenda o processo pelo qual a pessoa resolve o problema, é suficiente que se entenda como os elementos internos da mente se organizam.
II – A Psicologia deve se preocupar com a identificação dos elementos da experiência e como se estruturam em hábitos e reflexos.
III - A meta da psicologia deve ser o estudo da adaptação dos seres humanos em seu ambiente. Assim, a consciência tem função de guiar para sobrevivência.
a) as afirmações I e II são verdadeiras.
b) as afirmações II e III são verdadeiras.
c) a afirmação I é verdadeira.
d) a afirmação II é verdadeira.
e) a afirmação III é verdadeira.
A resposta correta está na alternativa e, apontas a veracidade da afirmação III. As afirmações I e II estão incorretas, pois focalizam a estrutura da consciência,enquanto James enfatiza sua função na adaptação do indivíduo.
 
A psicometria: medir, classificar, diferenciar
Uma das derivações da Psicologia aplicada foi o movimento interessado em medir, classificar e diferenciar os indivíduos, considerando suas características psicológicas, inaugurando a área da Psicometria. Começam a ser desenvolvidos os instrumentos de avaliação psicológica, destinados a medir a inteligência, as aptidões, os interesses e as características de personalidade.
O movimento dos ‘testes mentais’ teve grande difusão e acarretou o desenvolvimento de um grande número de instrumentos.
Foi, portanto, a partir do movimento funcionalista americano e das psicologias diferencial e comparada, surgidas na Inglaterra (estudada no Módulo 7), que a Psicologia adquiriu as feições atuais, focalizada na aplicação prática do conhecimento que produz.
 
Atividades:
1) Realize uma leitura atenta dos textos indicados, caracterizando o movimento dos testes psicológicos e seus pressupostos a respeito do Homem.
2) Realize os exercícios, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de reexame dos textos, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
3) Atente para o exercício abaixo:
A Psicometria parte do pressuposto de que:
I. O Homem é um ser único, cujas características podem ser conhecidas a partir de um processo de auto-exame.
II. Os homens diferem entre si em suas características intelectuais e de personalidade.
III. As características psicológicas podem ser medidas por meio de instrumentos cientificamente desenvolvidos.
Assinale a alternativa correta:
a) as afirmações I e II são verdadeiras.
b) as afirmações II e III são verdadeiras.
c) a afirmação I é verdadeira.
d) a afirmação II é verdadeira.
e) a afirmação III é verdadeira.
 
Se você compreendeu corretamente os pressuposta da psicometria, assinalou a alternativa b. O que fundamenta a psicometria é a idéia de que é possível medir as características psicológicas dos indivíduos por meio de testes psicológicos.

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