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Inglaterra Século XIX
A Era Vitoriana foi o período da história no qual a Rainha Vitória reinou sobre a Inglaterra, no século XIX, de junho de 1837 a janeiro de 1901. Esta época é muito importante na história inglesa por ter sido marcada por um grande desenvolvimento econômico e industrial do país, além das muitas conquistas coloniais.
A Rainha Vitória era integrante da Casa de Hanôver (família nobre de origem germânica), casou-se com o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota e teve nove filhos. Subiu ao trono muito jovem, aos 18 anos, após o seu tio Guilherme VI morrer sem deixar herdeiros.
As principais características da Era Vitoriana:
A política, a economia e o social.
A Era Vitoriana foi um período marcado pela prosperidade e paz, sendo conhecido como Pax Britannica, pois o desenvolvimento foi alcançado com poucos conflitos armados. Esta etapa de progresso pacífico foi sustentada pelo fortalecimento do sistema colonialista inglês (neocolonialismo), com a conquista e exploração de novas colônias na África, Ásia e Oceania, e pelo ápice da Revolução Industrial, que assegurou a criação de novas técnicas engenhosas. No auge da industrialização e da política colonial, a Inglaterra transformou-se em uma enorme potência mundial.
Durante a Era Vitoriana, houve a restauração do prestígio da Coroa Inglesa e o enriquecimento da classe burguesa, além da implantação de rígidos valores morais e da repressão aos críticos das idéias vitorianas e a perseguição às pessoas que não seguiam os valores morais propostos pelo regime.
O Parlamentarismo foi instituído por Benjamim Disraeli e William Glastone, que proporcionou uma aproximação maior entre as camadas sociais, unidos com o objetivo de fiscalizar os governantes. Ainda assim, a concentração de bens nas mãos de poucos (os burgueses) foi intensa, tendo como consequência a opressão dos trabalhadores. Durante este período, houve um forte investimento em infraestrutura (construção de ferrovias, portos e instalação de telégrafos) e o fortalecimento do liberalismo econômico.
A política exterior foi marcada pelo Novo Imperialismo, que aumentou as disputas coloniais. Sob o reinado da Rainha Vitória, a Câmara dos Comuns foi ocupada por dois partidos, os Liberais e os Tories (posteriormente denominados conservadores). Nessa época houve, também, um significativo crescimento demográfico da Inglaterra: a população do país quase duplicou.
O período final da Era Vitoriana ocorreu simultaneamente à eclosão da Belle Époque, um período de efervescência artístico-cultural e intelectual no continente europeu.
Sociedade 
A sociedade da era vitoriana era pródiga em moralismos e disciplina, com preconceitos rígidos e proibições severas. Os valores vitorianos podiam classificar-se como “puritanos”, e na época a poupança, a dedicação ao trabalho, a defesa da moral, os deveres da fé e o descanso dominical eram considerados valores de grande importância.
Os homens dominavam, tanto em espaços públicos, como em privado e as mulheres deviam ser submissas e dedicar-se em exclusivo à manutenção do lar e à educação dos filhos. Existem vários exemplos de como a sociedade levava a moralidade ao extremo, mas um dos mais infames foi a condenação de Oscar Wilde e de Lord Alfred Douglas a dois anos de trabalhos forçados por sodomia, por terem mantido um caso.
Talvez tenha sido esta moralidade acentuada que levou o psicanalista Jacques Lacan a dizer que sem a rainha Vitória não teria existido a psicanálise, uma vez que foi ela que fez com que fosse necessário o que Lacan apelidou de “despertar”.
Certas condições como a preguiça e o vício estavam vinculados à pobreza e o sexo era alvo de repulsa social, uma vez que era associado a paixões baixas e o seu caráter animalesco provinha da carne. Por estas razões, considerava-se que a castidade era uma virtude que devia ser protegida.
A insatisfação feminina, em qualquer circunstância, era considerada um distúrbio de ansiedade e tratada com medicamentos e psicanálise e, se a mulher tivesse recursos econômicos suficientes, o distúrbio era tratado por um “especialista” que a estimulava sexualmente com as suas mãos.
Uma novidade da época foi o abandono da ruralidade: em 1851, e pela primeira vez na História, o número de habitantes das cidades ultrapassou o das aldeias. Nos anos seguintes, o número de populações rurais diminuiu de forma acelerada, ainda que o número de camponeses se tivesse mantido estabilizado. Em 1880, a população rural constituía apenas 10% da população total ativa e a falta de alimentos era resolvida com a importação.
A industrialização deu origem a uma classe média burguesa que aumentou gradualmente a sua influência nas normas culturais, estilo de vida e valores morais da sociedade. A casa da classe média passou a ter características que a identificavam de forma clara. Anteriormente, tanto nas vilas como nas cidades, o espaço residencial era adjacente ou incorporado no local de trabalho e ocupava virtualmente o mesmo espaço geográfico. A vida privada e a vida profissional passaram a ser distintas. Na era vitoriana, a vida familiar inglesa tornou-se cada vez mais compartimentada: o lar era uma estrutura autossuficiente que abrigava a família imediata e que era alargada de acordo com as circunstâncias e podia incluir outras relações de sangue. O conceito de privacidade tornou-se um marco da vida da classe média. “…A casa inglesa fechou-se e tornou-se mais escura no decorrer desta década (1850), o culto da vida doméstica associou-se ao culto da privacidade”. A burguesia vivia num espaço interior, escondido atrás de cortinas e desconfiava das intrusões, abrindo apenas as suas portas com convites para festas ou para o chá. “O facto de as pessoas não se conhecerem umas às outras e de a sociedade contribuir para a manutenção de uma fachada que escondia inúmeros mistérios, foram os temas que preocuparam muitos dos romancistas de meados do século”.

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