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PSICOLOGIA SOCIAL E VALORES HUMANOS

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Na ciência, como nos tribunais de justiça, opiniões pessoais são inadmissíveis. Quando as 
ideias são colocadas em julgamento, as evidências determinam o veredicto. Mas, os psicólogos 
sociais são realmente objetivos assim? Por serem seres humanos, será que seus valores não 
infiltram em seu trabalho? 
Os valores ganham importância quando os psicólogos selecionam temas para a pesquisa. 
Não foi por acaso que o movimento feminista dos anos 1970 ajudou a estimular uma onda de 
pesquisa sobre gênero e sexismo. A psicologia social reflete a história social. Tais valores 
diferem não apenas ao longo do tempo, mas também entre as culturas. Além disso, eles 
influenciam os tipos de pessoas que são atraídas às diversas disciplinas. 
A Europa nos deu uma teoria importante da “identidade social” e os psicólogos sociais dos 
Estados Unidos focaram mais no indivíduo – como uma pessoa pensa sobre as outras, é 
influenciada por elas e se relaciona com elas. 
Os valores obviamente têm importante como objeto da análise sociopsicológica. Os 
psicólogos sociais investigam como se formam os valores, por que eles mudam e como eles 
influenciam atitudes e ações. Entretanto, não existem valores “certos” e “errados”. 
ASPECTOS SUBJETIVOS DA CIÊNCIA: cientistas e filósofos concordam que a ciência não é 
totalmente objetiva, visto que durante a vida nós vemos o mundo através das lentes de nossas 
pressuposições. Nós prejulgamos a realidade com base em nossas expectativas. Uma vez 
que estudiosos de qualquer área muitas vezes compartilham um ponto de vista comum são 
provenientes da mesma cultura, suas pressuposições podem não ser questionadas. O que 
tomamos por garantido (crenças compartilhadas/representações sociais) são com frequência 
as nossas convicções mais importantes, porém menos investigadas. Às vezes, contudo, 
alguém de fora da área chama atenção para essas suposições. 
• O que guia nosso comportamento é mais a situação como a interpretamos do que como 
ela realmente é. 
CONCEITOS PSICOLÓGICOS CONTÊM VALORES OCULTOS: a psicologia não é objetiva, 
pois os próprios valores dos psicólogos podem desempenhar um papel importante nas teorias. 
Os psicólogos podem se referir às pessoas como maduras ou imaturas etc. como se estivessem 
afirmando fatos, quando na verdade estão fazendo juízos de valor. Por exemplo: os valores 
influenciam nossa ideia da melhor forma de viver nossas vidas. O aconselhamento profissional 
também reflete os valores pessoais do conselheiro. Muitas pessoas, sem perceber esses valores 
ocultos, acatam o “profissional”. Porém, os psicólogos não podem responder questões de 
obrigação moral fundamental, de propósito e direção e do significado da vida. 
Sempre, desde que humanos, estamos rotulando algo um alguém com nossos juízos de 
valor. Por exemplo, dizemos que alguém envolvido em um caso amoroso extraconjugal está 
praticando o “casamento aberto” ou “adultério” dependendo de nossas opiniões. 
A questão nunca é que os valores implícitos são necessariamente ruins. A questão é que a 
interpretação científica, mesmo no nível dos fenômenos de rotulação, é uma atividade 
humana. Portanto, é natural e inevitável que crenças e valores prévios influenciem o que 
os psicólogos sociais pensam e escrevem. 
Justamente pelo aspecto subjetivo da ciência que necessitamos de pesquisadores com vieses 
diferentes para realizar a análise científica, pois a observação e a experimentação 
sistemáticas nos ajudam a limpar as lentes através das quais vemos a realidade. 
• Essa infiltração de valores na ciência não constitui um motivo para culpar a psicologia 
social ou qualquer outra ciência. 
A Psicologia Social enfrenta suas críticas: primeiro, que ela é corriqueira porque documenta o 
óbvio; segundo, que ela é perigosa porque suas descobertas poderiam ser usadas para 
manipular as pessoas. 
Um problema do senso comum é que o evocamos depois de conhecer os fatos. Os eventos 
são muito mais “óbvios” e previsíveis em retrospectiva do que de antemão. Quando as pessoas 
são informadas sobre o resultado de um experimento, aquele resultado de súbito parece 
não ser surpreendente – certamente menos surpreendente do que o é para pessoas às quais 
apenas se relata o procedimento experimental e os possíveis resultados. 
De modo semelhante, em nosso cotidiano geralmente não esperamos que algo aconteça 
até que acontece. Depois, subitamente vemos com clareza as forças que ocasionaram o evento 
e não sentimos surpresa. Erros ao julgar a previsibilidade do futuro e ao recordar nosso 
passado se combinam para criar o viés de retrospectiva (também denominado fenômeno do 
 
“eu sabia o tempo todo”), o qual cria um problema para muitos alunos de psicologia. Com mais 
frequência, quando você lê os resultados de experimentos em seus livros-texto, o material parece 
fácil, até óbvio. Quando posteriormente você faz uma prova de múltipla escolha na qual você 
deve escolher entre várias conclusões plausíveis, a tarefa pode se tornar surpreendentemente 
difícil. “Não sei o que aconteceu”, resmunga o aluno perplexo depois. “Eu achava que sabia todo 
o conteúdo.” O que parece claro em retrospectiva raramente está claro no lado da frente da 
história. 
Às vezes nos culpamos por “erros estúpidos” – talvez por não ter lidado melhor com uma pessoa 
ou com uma situação. Revendo os fatos, agora vemos como deveríamos ter lidado com eles. 
“Eu deveria saber o quanto estaria ocupado no fim do semestre e iniciado o trabalho mais cedo”. 
Mas, às vezes, somos muito duros conosco mesmos. Esquecemos que o que é óbvio para 
nós agora não era tão óbvio naquele momento. 
Desse modo, é possível concluir que o senso comum em geral está certo, mas depois do 
fato. Portanto, nós facilmente somos enganados pensando que sabemos e sabíamos mais do 
que verdadeiramente sabemos e sabíamos. É exatamente por isso que precisamos da 
ciência para nos ajudar a separar a realidade da ilusão e as previsões genuínas da 
retrospectiva fácil. 
Em busca de compreensão, os psicólogos sociais propõem teorias que organizam suas 
observações e implicam hipóteses testáveis e previsões práticas. Para testar uma hipótese, 
os psicólogos podem fazer pesquisas que preveem o comportamento utilizando estudos 
correlacionais; ou podem procurar explicar o comportamento conduzindo experimentos que 
manipulam um ou mais fatores sob condições controladas. Depois de terem realizado um estudo 
investigativo, eles exploram formas de aplicar suas descobertas para melhorar a vida cotidiana 
das pessoas. 
FORMULAR E TESTAR HIPÓTESES: uma teoria é um conjunto integrado de princípios que 
explicam e preveem eventos observados. Por exemplo: a teoria da gravidade é uma 
explicação para os fatos observados, como uma chave que cai no chão quando derrubada. Fatos 
são declarações consensuais sobre o que observamos e teorias são ideias que sintetizam 
e explicam os fatos. 
Além de sintetizar, as teorias implicam nas hipóteses, que são previsões testáveis que dão 
direcionamento a uma pesquisa e tornam as teorias práticas. 
Uma boa teoria é capaz de resumir muitas observações e fazer previsões claras que podem ser 
usadas para confirmar ou modificar a teoria, produzir nova exploração e sugerir aplicações 
práticas. 
Quando uma teoria é descartada, geralmente não é porque se mostrou falsa. Mas sim, porque 
foi substituída por um modelo mais recente e melhor. 
As pesquisas podem ocorrer em laboratório (uma situação controlada) ou em campo (situações 
cotidianas). Além disso, elas variam por métodos, podendo ser correlacional (estuda se dois 
ou mais acontecimentos tem associação – ex.: bairro de periferia e maior violência policial) 
ou experimental (manipula algum fator na relação para ver seu efeito sobre o outro, ou seja, 
observa se tem algo levando uma determinada coisa acontecer – ex.: observar se o racismo 
tem relação com a maior violência policial, ou seja, se o racismo leva a políciaa agir 
violentamente). 
• Uma pesquisa estuda se ocorre e a outra tenta entender o porquê. 
• Correlações indicam uma relação, mas que não é necessariamente de causa e efeito. A 
pesquisa correlacional nos permite prever, mas não é capaz de dizer se a mudança de 
uma variável causará alterações em outra. 
*O modo de perguntar em pesquisas é uma questão muito delicada. Até mudanças sutis no tom 
de uma pergunta podem ter efeitos acentuados. 
Na pesquisa experimental temos a manipulação de variáveis. Variável independente diz 
respeito a tudo que causa efeito na relação (ex.: o machismo que faz as mulheres ganharem 
menos). Variável dependente corresponde a tudo que sofre efeito na relação (ex.: o salário 
menor). 
Cerca de um terço dos estudos sociopsicológicos utilizam o engano em busca da verdade, pois 
quando a verdade é revelada antes do experimento, as pessoas tendem a não agir da 
mesma forma que agiriam espontaneamente. Por exemplo: aplicar choques elétricos como 
parte de um experimento sobre agressão (mas sem ninguém para receber os choques) – caso 
as pessoas do experimento soubessem que não há alguém que sofrerá com os choques, elas 
poderiam agir diferentemente do que agiriam caso tivessem conhecimento. 
REFERÊNCIAS: 
MYERS, David G. Psicologia Social. 10ª edição. 2014. (PÁG. 32 a 47)

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