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Ensino de Historia nas Series Iniciais

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS 
 
 
 
1 
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 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842e Ensino de história nas séries iniciais / Portal Educação. - Campo Grande: 
Portal Educação, 2012. 
 86p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-094-3 
 1. História – Estudo e ensino. 2. História – Ensino fundamental. I. Portal 
Educação. II. Título. 
 CDD 372.89 
 
 
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SUMÁRIO 
 
1 ENSINO DE HISTÓRIA PARA SÉRIES INICIAIS ...................................................................... 3 
1.1 História enquanto disciplina .................................................................................................... 3 
1.2 A história pessoal e social e a construção da identidade do educando ............................ 12 
1.3 Trabalhando com genealogia nas séries iniciais .................................................................. 14 
2 CONCEPÇÕES DO TEMPO E TEMPORALIDADE HISTÓRICA ............................................. 23 
2.1 Linha do tempo ........................................................................................................................ 33 
2.2 Tempo na nossa vida............................................................................................................... 33 
2.3 Entendendo as diferentes representações do tempo: tempo cronológico e histórico ..... 36 
3 REFLETINDO SOBRE A HISTÓRIA LOCAL E O COTIDIANO ............................................... 42 
4 MEMÓRIA E HISTÓRIA ............................................................................................................ 61 
4.1 Trabalhando as mudanças e Permanências ......................................................................... 64 
4.2 Monumento histórico, bustos, estátuas o que eles representam? ..................................... 66 
5 ENTENDENDO COMO SE CONSTITUI O PATRIMÔNIO HISTÓRICO/CULTURAL DA 
CIDADE ............................................................................................................................................... 70 
5.1 Observação no “centro histórico” ......................................................................................... 71 
5.2 Lugares de Memória ................................................................................................................ 72 
6 ORIGEM DO MUSEU ................................................................................................................ 74 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 81 
 
 
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1 ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS 
 
 
1.1 História enquanto disciplina 
 
A História enquanto disciplina escolar surgiu no Brasil a partir do século XIX, 
abarcou parte do período imperial e o início da República, inspirada no modelo francês, pautava-
se na formação cultural das elites, privilegiando feitos e heróis nacionais, os conteúdos 
abordavam as práticas cotidianas como: ritos cívicos, festas, desfiles e eventos de culto aos 
símbolos da Pátria. 
As transformações econômicas e culturais pelas quais o Brasil passou 
influenciaram diretamente a educação e consequentemente o ensino de História, movimentos 
como da Escola Nova influenciou o ensino da história fazendo surgir outras possibilidades 
metodológicas, dentre elas a preocupação em despertar hábitos de investigação, crítica e 
raciocínio lógico, pretendiam preparar o aluno para uma vida ativa e atuante por meio dirigido, ou 
seja, o aluno recebia um caderno com questões e respostas em que consultava a resposta 
correta para cada questão e testava seus conhecimentos adquiridos em pesquisas e 
experiências, dessa forma ele seria agente do seu conhecimento (NEMI & MARTINS, 1996). 
Mas a história continuou sendo 
ministrada de forma pouco reflexiva, as 
mudanças metodológicas e didáticas não 
trouxeram muitos avanços, as festividades 
cívicas, memorização de datas, nomes das 
personalidades históricas e a seleção de 
conteúdos ainda predominaram. 
Há uma supervalorização do fato: a 
história se resume naquilo que se pode perceber e observar, não sendo permitidas abstrações. 
Como a filosofia positivista procurava valorizar o homem como indivíduo, não há uma 
preocupação historiográfica com o coletivo, com as massas populares, e sim com os heróis e 
 
 
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homens que produzem os fatos. Os historiadores positivistas seguiam as sequências 
cronológicas dos fatos, tendo o homem como sujeito de transformação e nunca objeto. 
Essa História Tradicional identificada como historiografia positivista, trabalha com o 
conceito de que a história é o fato, e que só se constrói história a partir de documentos, se esse 
não existir, não há história, pois não há comprovação de fatos, portanto, na história positivista o 
documento é o objeto principal de análise. 
Para os historiadores tradicionais ou positivistas, os métodos utilizados pelas 
ciências naturais deveriam ser os mesmos aplicados às ciências humanas. Dessa maneira, 
creem que a história pode ter uma interpretação científica dos fatos, sendo “verdadeira” e isenta 
de abstrações. 
A pesquisa nos documentos oficiais é realizada apenas no âmbito da descrição já 
que eles não podem ser discutidos e analisados. Com isso a história é contada a partir de uma 
estrutura política, privilegiando os governos e os governantes. A sociedade assim como a 
natureza é regida por leis naturais e invariáveis, independentes da vontade e da ação humana, e 
que caminha para um estágio final de progresso, sem que haja retrocessos e atrasos durante a 
evolução dessa sociedade. 
Essa visão da história fez com que 
historiadores repensassem essa metodologia surgindo 
assim, novas tendências historiográficas preocupadas 
com os processos de transformação da sociedade, 
entre essas tendências podemos destacar a teoria 
marxista. 
Na teoria marxista, a história é explicada 
por meio dos fatos materiais, essencialmente 
econômicos em que chama de infraestrutura a 
estrutura material da sociedade, sua base econômica 
consiste nas formas pelas quais os homens produzem os bens necessários à sua vida e de 
superestrutura à estrutura política e a estrutura ideológica. Sendo assim, a infraestrutura 
determina a superestrutura. 
Na infraestrutura podemos conhecer a divisão do trabalho de uma sociedade e a 
forma como ele é distribuído, já na superestrutura a sociedade divide o poder político entre seus 
 
 
5 
 Dessa forma, o historiador marxista trabalha na investigação do processo 
histórico concreto, e intervém de modo prático sobre eles. A estrutura econômica é privilegiada 
com a produção material determinando as demais esferas da vida social. 
Marx dizia que a história é construída ideologicamente para o benefício econômico 
das classes abastadas,contrariando Comte que dizia que a História era pautada nos fatos 
documentais. Na historiografia marxista as condições econômicas são as responsáveis pela 
regulamentação e determinação do curso da história. Um historiador marxista enfatiza a 
economia na construção da história. 
Outra corrente historiográfica que surgiu foi a Escola dos “Annales” considerada 
uma inovação da historiografia, a atenção voltava-se para a história de longa duração, a vida 
política, a economia, a organização social, o cotidiano, eram fontes de pesquisa, essa proposta 
trouxe a história para mais perto da geografia, antropologia, sociologia, psicologia, filosofia, 
sendo possível com esses novos instrumentos de pesquisa, chegar a uma resposta ou várias 
respostas sobre o objeto ao que se pesquisa e na maioria das vezes chegando a inúmeros 
questionamentos, coisa que antes não existia. 
Essa nova visão destacou a importância de estudar o cotidiano das pessoas ao 
longo dos tempos, representando uma ruptura com a história positivista e com a análise 
reducionista do marxismo. 
 
Para os Annales, diferente da interpretação marxista, a economia não desempenha 
um papel determinante no conjunto dos funcionamentos sociais. Sendo estas as principais 
críticas de Bloch e de Febvre à percepção marxista. Os Annales defendem que a tarefa das 
ciências humanas é explicar o social complexificando-o e não simplificando por meio de 
abstrações. 
 
 
6 
Como vimos à narrativa dos grandes acontecimentos durante muito tempo dominou 
a produção historiográfica, as primeiras mudanças significativas ocorreram a partir de 1930 
trazendo discussões políticas que influenciaram diretamente o ensino público e 
consequentemente a disciplina de História, promovendo um fomento para a renovação da 
historiografia, tanto marxista, quanto da chamada escola dos Annales. 
As propostas curriculares foram colocadas em debate, surgiram discussões de 
caráter psicológico e pedagógico sobre o papel do sujeito que aprende e as novas formas de se 
compreender o ensino. Buscava-se, nesse momento, o trabalho com a História temática, tendo-
se a História Local como um recurso pedagógico fundamental. 
Na segunda metade da década de 1990, o Governo Federal, por meio do Ministério 
da Educação, produziu e divulgou os Parâmetros Curriculares Nacionais nos quais estão 
indicados os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas para o ensino na Escola 
Fundamental, nas diferentes áreas de conhecimento. 
 O ensino da história, portanto é um processo em contínua transformação e 
adaptação à realidade dos alunos e da sociedade como um todo. Neste processo, é 
indispensável que o professor acompanhe as transformações e procure continuamente se 
adaptar as novas demandas do ensino. 
Quanto aos objetivos do ensino de História, nessa 
última década, além da preocupação com a cidadania, existe 
também o objetivo de contribuir para a construção de identidade, 
não só nacional, mas global. 
Os PCNs trabalham na perspectiva de a História 
adequar-se ao novo movimento sociocultural, preocupando-se 
com significado da cidadania, compartilhando a ideia de que a 
história moderna da cidadania se constituiu pela ampliação dos 
direitos a serem garantidos (civis, políticos, sociais e culturais). 
O homem como ser social e histórico se constitui e se desenvolve enquanto sujeito 
e ao agir sobre a realidade apropria-se dos elementos naturais transformando e criando novos 
conhecimentos. 
 
 
7 
Os sujeitos construtores da história são pessoas que fazem parte da sociedade, 
pessoas comuns ou de vida pública, são sujeitos que de uma forma ou de outra deixam suas 
marcas no cotidiano de seu país e também na história da humanidade. E são essas relações 
sociais de transformação e produção que o trabalho, cultura e o desenvolvimento científico vão 
se mostrando como pontos chaves para a compreensão do mundo em que vivemos, pois todo 
esse processo é dinâmico e nós estamos inseridos como sujeitos e cidadãos. 
Devemos então, repensar o ensino de história não como um conhecimento pronto e 
acabado pautado na história baseada, somente em fatos, mas como ciência que tem importância 
social para compreender a igualdade, alteridade e as transformações pelas quais a sociedade 
passa. 
Portanto, podemos dizer que o processo histórico é contínuo, as transformações 
acontecem e são decorrentes das ações dos próprios homens, sendo assim, o passado só terá 
sentido quando interrogado e só será compreendido se os conceitos trabalhados forem claros. 
O grande desafio é adequar “o nosso olhar as exigências do mundo real”, 
desenvolvendo uma prática do ensino de história rica em conteúdo socialmente responsável. 
Portanto, o objetivo central da história deixa de ser o estudo do passado para ser o estudo da 
relação entre o presente e o passado, nas suas relações de continuidades e mudanças. 
O que precisamos entender que o passado não é apenas a sua data, a distância 
cronológica que separa um evento do outro. O passado torna-se passado quando estabelece 
com ele relações de mudanças. 
O passado histórico não é dotado de reversibilidade e nem podemos ter acesso 
direto a ele, a realidade que vivemos nem sempre contêm elementos do passado que nos deem 
a percepção da continuidade e rupturas necessárias a compreensão da nossa própria 
historicidade e da historicidade das sociedades da qual fazemos parte. 
Um exemplo são “os lugares”, com o passar do tempo são 
reocupados e somente teremos informações de como era aquele lugar, 
ou qual função ele tinha anteriormente se realizarmos levantamentos da 
cultura material ou vestígios dessa cultura para podermos detectar as 
transformações ocorridas no passado. 
Portanto, esses levantamentos estão pautados em 
 
 
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pesquisas que retratam o passado com seriedade, ou seja, baseando-se nos fatos históricos e 
utilizando-se de documentos que comprovem a veracidade dos fatos, para que não aconteça 
“interpretações equivocadas”. 
Sem o respeito a pesquisa, a História vira ficção e interpretar não pode ser 
confundido com “inventar”, isso vale tanto para os fatos quanto para os processos históricos. 
O professor deve, portanto, propiciar ferramentas para a construção de “uma nova 
visão” da disciplina de história, libertando-se de conceitos estereotipados, muitas vezes 
preconceituosos, abrir-se para novas maneiras de olhar e entender o mundo. 
A aprendizagem é social, não ocorre isoladamente, ela é construída 
simultaneamente com o desenvolvimento do ser humano, funda-se num processo contínuo que 
se modifica em função das situações e das ações exercidas pelos sujeitos no seu contexto 
histórico-social. 
Dessa forma, a disciplina de História além de permitir a compreensão da realidade, 
levanta possibilidades de mudanças a serem realizadas pelo homem com o objetivo de ampliar 
suas experiências coletivas. 
Os alunos chegam à aula de História carregando concepções, noções, ideias, 
conceitos, preconceitos e informações cujo aprendizado não foi realizado pelo professor ou pela 
escola, mas que teve origem na experiência pessoal, no convívio com os mais velhos e seus 
conhecimentos, no contato diário com seu grupo de amigos, sendo assim, conceitos sobre o 
tempo, identidade, são aprendidos antes mesmo de o aluno ingressar no ensino formal. 
As histórias individuais são parte das histórias coletivas, os fatos históricos não se 
explicam por si só, eles se tornam compreensíveis quando colocados em relação a outros fatos 
dentro de um conjunto maior. 
O aluno passará a compreender que não são as grandes personalidades que 
produzem a História e sim é esta que produz as grandes personalidades. É o fato histórico que 
produz aspessoas para conduzir o destino do país. 
O conhecimento histórico deverá propiciar desafios reflexões para que a sociedade 
seja entendida, permitindo o estabelecimento de uma sequência temporal e cronológica a partir 
da qual o tempo histórico pode ser construído. 
 
 
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É importante que a História não seja para o educando uma verdade acabada ou 
uma série de datas e fatos que se deve aprender pela memorização. Essa análise é fundamental 
para que o aluno perceba que não há verdades absolutas, mas diferentes sujeitos em que o 
homem é ao mesmo tempo produto e produtor da história. 
Os conteúdos curriculares não devem ser vistos como fim, como podemos 
constatar, o saber é produzido em consonância com a realidade histórica na qual se insere, 
consequentemente esta relação com o conhecimento histórico precisa ser explicitada e 
sistematizada para que os professores e educandos tenham uma abordagem crítica, ou seja, 
estejam atentos para as transformações e inúmeras formas de ensinar e aprender História. 
O conhecimento é construído a partir da internalização dos conceitos aprendidos 
culturalmente por intermédio da interação com o outro. Nesse sentido a escola deverá propiciar 
situações de aprendizagem em que os educandos troquem experiências e em seguida com o 
auxílio do professor sistematizem essas trocas. 
Para que isso aconteça o professor deverá realizar uma organização didática 
adequada, formulando hipóteses; classificando fontes históricas; aprender a analisar as fontes; 
analisando a credibilidade das fontes; e, por último, a aprendizagem 
da causalidade e a iniciação na explicação histórica. 
A história vive hoje uma “revolução documental” 
podemos utilizar uma infinidade de documentos na sala de aula. O 
acesso às fontes históricas deve contemplar textos históricos, 
imagens, filmes, produtos de escavações arqueológicas, documentos 
orais, fotografias, visitas a museus, monumentos, maquetes, etc. 
As questões relacionadas à cultura também devem ser 
abordadas como elemento importante no processo do desenvolvimento do ser humano para a 
compreensão das relações pessoais. 
Para Vygotsky (1993), é a cultura que fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos 
de representação da realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a 
interpretação do mundo real. Ela dá o local de negociações no qual seus membros estão em 
constante processo de recriação e reinterpretação das informações, conceitos e significações. 
 
 
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É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando 
conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da 
própria consciência. Trata-se de um processo que caminha do plano social - relações 
interpessoais para o plano individual interno - relações intrapessoais. Dessa forma a escola é o 
lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem. 
O estudo sobre o modo de vida, organização social de uma sociedade uma cultura 
diferente da do aluno é uma situação de aprendizagem bastante significativa, pois, poderá 
estabelecer relações de tempo e espaço, adquirir informações históricas e culturais 
desenvolvendo o pensamento reflexivo. 
Outro elemento que pode ser 
utilizado são os relatos, trazer para a sala a 
história social, estimulando o aluno a pensar 
na gama de acontecimentos históricos e suas 
relações com a transformação do tempo e do 
espaço. A valorização da linguagem como 
fonte de estudos, por intermédio de entrevistas 
os educandos perceberão que utilizando o 
diálogo podem coletar dados para entender a sociedade em que vivem, ampliando assim, o 
conceito de tempo e espaço. 
O professor poderá promover debates, apresentação de música, interpretação, 
desenho, cartazes, uma infinidade de atividades de acordo com a idade dos seus alunos, estes 
são os primeiros passos para a organização das ideias que permeiam a produção de textos 
históricos. 
A sistematização das informações por meio da produção de texto individual ou 
coletivo é quase sempre o caminho percorrido, explorando a possibilidade para que o aluno 
registre o que aprendeu com significado. 
Nas últimas décadas a prática docente cotidiana teve mudanças significativas, mas 
“o velho e bom livro didático ainda é a muleta de muitos professores”, o saber ainda está 
fundamentado no conteúdo, na memorização e na história factual. A escola muitas vezes trata os 
alunos como máquinas que guardam e arquivam uma grande quantidade de informação e o 
conhecimento intelectual e humano é o que menos importa, pois o foco central é a expansão da 
 
 
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quantidade de informação, transformando em um abismo as questões epistemológicas e 
metodológicas. 
O professor pode ainda trabalhar com brincadeiras antigas e músicas sugerir um 
museu na sala de aula onde cada aluno levará um objeto antigo, com a ajuda da professora fará 
uma ficha de identificação (a quem pertence, de que é feito, quando foi produzido, anotar o 
máximo de informação possível). 
 
Por intermédio dos documentos como a certidão de nascimento, carteira de 
vacinação o educando consegue informações da sua própria história, dessa forma o educando 
entenderá que é sujeito da história e que faz parte da história de um grupo social. 
Nesse sentido, podemos identificar a memória como uma seletiva reconstrução do 
passado, baseada nas ações, nos códigos simbólicos que permeiam o mundo a nossa volta, 
enfatizamos que a memória é seletiva, pois só nos lembramos daquilo que é importante, quando 
há significado no presente, organizando e analisando os acontecimentos que se quer preservar. 
O tempo é mais do que uma ferramenta da vida cotidiana é o instrumento que 
destaca as mudanças e permanências. Ao invés de utilizarmos somente as datas é interessante 
apresentarmos também a produção cultural das sociedades que estão estudando, demonstrando 
que a linha do tempo é uma representação dos conflitos das transformações espaciais e 
culturais de uma dada sociedade. 
A cronologia é um conjunto de referências que sem dúvida deve ser trabalhada na 
sala de aula, não como processo de memorização, mas deve ser enriquecida, flexibilizada, 
estabelecendo sequências para que o aluno desenvolva a compreensão das representações que 
dão significação ao passado e as diferentes sociedades. A construção da noção de tempo pelos 
educandos deve ser gradual e contínua, ao trabalharmos a linha do tempo com os educandos é 
 
 
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preciso que fique claro que ela é responsável pelas transformações que o homem realiza no seu 
espaço sociocultural, pois se apresenta de forma diferente nas mais variadas culturas. 
 
A diversidade de enfoques metodológicos que foram sendo construídos 
especialmente nas últimas décadas nos faz pensar que não existe uma metodologia única para a 
pesquisa e para a prática pedagógica do ensino de História. O grande desafio é mostrar que é 
possível desenvolver uma prática de ensino de História rica em conteúdo, priorizando na sala de 
aula conceitos que são imprescindíveis para que o aluno tenha uma formação histórica que o 
auxilie em sua vivência como cidadão. 
 
 
1.2 A história pessoal e social e a construção da identidade do educando 
 
A identidade é construída socialmente, os acontecimentos da vida de uma pessoa 
produzem sobre ela uma imagem de si mesma, que se constrói a partir das relações que ela 
estabelece com os outros: pais, família, parentes e amigos. Partir das questões de identidade 
para estudar a história torna-se significativo, pois nos permitem compreender com maior clareza 
as interseções entre o individual e o social. 
O trabalho com identidade envolve a construçãode noções de continuidade e de 
permanência, é fundamental a percepção para que o educando consiga identificar que o eu, o 
 
 
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nós e o outro são distintos, para que possa compreender no tempo passado, como as pessoas 
trabalhavam, vestiam-se e se relacionavam. 
Ao mesmo tempo, é importante a 
compreensão de que o “outro” é, simultaneamente, 
o “antepassado”, aquele que legou uma história 
possibilitando aumentar o conhecimento do 
educando sobre si mesmo, à medida que 
conhecem outras formas de viver, as diferentes 
histórias vividas pelas diversas culturas, de tempos 
e espaços diferentes. Conhecer o “outro” significa 
comparar situações e estabelecer relações e, 
nesse processo comparativo e relacional, o conhecimento do educando sobre si mesmo, sobre 
seu grupo, sobre sua região e seu país aumenta. 
As informações históricas locais expressam, assim, a intencionalidade de fornecer 
aos alunos a formação de um repertório intelectual e cultural, para 
que possam estabelecer identidades e diferenças com outros 
indivíduos e com grupos sociais presentes na realidade vivida - no 
âmbito familiar, no convívio da escola, nas atividades de lazer, nas 
relações econômicas, políticas, artísticas, religiosas, sociais e 
culturais. E, simultaneamente, permitir a introdução dos alunos na 
compreensão das diversas formas de relações sociais é a perspectiva 
de que as histórias individuais se integram e fazem parte do que se 
denomina História nacional e de outros lugares. 
Dessa forma, os conteúdos propostos para as séries iniciais estão constituídos, a 
partir da história do cotidiano do educando (o seu tempo e o seu espaço), integrada a um 
contexto mais amplo, que inclui os contextos históricos, parte do tempo presente no qual existem 
materialidades e mentalidades que denunciam a presença de outros tempos, outros modos de 
vida sobreviventes do passado, outros costumes e outras modalidades de organização social. 
Focando sempre na ideia de que conhecer as muitas histórias, de outros tempos, relacionadas 
ao espaço em que vivem, e de outros espaços, possibilita aos educandos compreenderem a si 
mesmos e a vida coletiva de que fazem parte. 
 
 
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O ser humano é uma construção simbólica que organiza um sistema compreensivo 
a partir da ideia de pertencimento. Ao mesmo tempo, produz uma “coesão social” e permite o 
reconhecimento do indivíduo diante do grupo, e em consequência disso estabelece a diferença 
em relação ao outro. 
É a vida social, portanto, que proporciona o quadro 
das trocas afetivas que, desde o começo da vida do educando vão 
construindo sua identidade por intermédio de estruturas culturais e 
dos mecanismos que toda sociedade cria para codificar e controlar 
o cotidiano da vida dos seus membros. Ou seja, há uma 
transferência do "todo social" para cada ser do grupo, desde o 
começo da vida do indivíduo no grupo, caracterizando uma 
identidade que é dele como uma pessoa, mas que é também a do grupo por meio dele. 
 
1.3 Trabalhando com genealogia nas séries iniciais 
 
A genealogia é uma estratégia que contribui para a aquisição de uma identidade 
pessoal pelos alunos e a compreensão de uma realidade histórica que se apresenta mais 
próxima e concreta, por meio desta estratégia os alunos adquirem e desenvolvem conceitos que 
direta ou indiretamente podemos associar a noções temporais como: gerações; descendência; 
ascendência. 
A construção de genealogias pelos alunos, nos diferentes níveis de ensino, 
contribuirá para promover a identidade pessoal de cada aluno e a compreensão da realidade 
histórica que permitirá desenvolver valores culturais e afetivos, que são muitas vezes esquecidos 
pela sociedade atual (sobretudo na família) contribuindo para a construção da identidade. 
Identidade essa, que se constrói a partir do conhecimento e da forma como os grupos sociais 
viveram e se organizaram no passado, e como se estruturaram para fazer face aos problemas 
do presente. (Proença, 1994). 
O trabalho com genealogia não está pautado somente na descendência, mas na 
forma como o educando vai lidar com as fontes, identificando suas origens, buscando sua 
identidade regional ou social esquecida. 
 
 
15 
A genealogia é também uma sucessão de nomes próprios que classificam cada 
indivíduo numa linha de descendência. Os estudos genealógicos contribuem para a criação na 
escola de uma metodologia ativa, capaz de fazer os alunos reviverem o passado da sua família 
de forma gratificante e motivadora. 
Proporcionar aos educandos uma forma de estudar a história contemporânea, as 
grandes mudanças tecnológicas, científicas, econômicas e sociais que ocorreram nos últimos 
cem anos. 
 O estudo da história da família na escola estimula um trabalho de investigação 
rico e significativo partindo das vivências e interesses dos educandos, do seu presente familiar 
para o seu passado. 
A História da Família fornece um tipo de investigação que começa com a vida do 
educando e os seus interesses, nesse contato com a informação sobre o passado anterior vai 
instigando ainda mais a curiosidade, não porque estão estudando a vida de um rei ou rainha, 
mas porque estão estudando a sua história. 
 Além dos educandos entrarem 
em contato com a sua história de vida ele 
também vai desenvolver noções de 
temporalidade, como a compreensão do tempo 
histórico. 
 Ao sugerir aos educandos que 
realizem a confecção da árvore genealógica o 
professor deverá tomar cuidado com preconceitos ou com modelos de família existente 
atualmente, poderão surgir problemas com os educandos que moram com a tia, avó, etc. 
Procurar tratar essas questões de forma natural para que não ocorra constrangimento para o 
educando. 
Partimos do estudo da história da família e avançamos para a história local e depois 
a história nacional, demonstrando que o educando está inserido nesse contexto. 
Ao abordar o passado familiar, o educando deverá reconhecer e localizar datas e 
fatos, em linhas de tempo estabelecendo relações de parentesco devendo construir árvores 
genealógicas até à 3ª geração. 
 
 
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Podemos construir uma árvore genealógica bem simples, normalmente as árvores 
genealógicas aparecem com as gerações mais afastadas em cima e as pessoas que vivem na 
atualidade em baixo. A árvore induz, no entanto que esta deveria ser ao contrário, isto é, a raiz e 
tronco, à parte de baixo, seria o início da genealogia, e partir-se-ia para cima, dos ramos mais 
grossos para os mais finos, os mais numerosos, as pessoas da atualidade, portanto mais ramos 
em princípio. 
A Genealogia é parte integrante da História Social, seu objetivo é o estudo da 
origem da família, é interessante que os educandos ao confeccionar a sua árvore, além de 
indicar o nome dos seus familiares incluam outros elementos: como a data de nascimento e 
morte (nos casos em que já faleceram) e respectivos locais, a profissão, o número de filhos, 
outras informações interessantes como brincadeiras, programas de TV, podem ainda utilizar 
fotografias, objetos, enfim uma infinidade de informações sobre a sua família. 
De acordo com Solé (2005), o professor deve 
explorar várias árvores genealógicas desde os simples 
esquemas até as genealogias de reis, linhagens de 
famílias importantes, para que os educandos possam 
verificar a importância que a genealogia teve ao longo do 
tempo, em vários períodos, em diferentes sociedades e 
contextos. Pode sugerir algumas sugestões para que os 
educandos realizem os registros dos dados como, por 
exemplo: símbolos e cores para: nascimento, casamento, 
óbito, também podem realizar a linha do tempo da família. 
 Na sala de aula o professor pode extrapolarpedindo para que os educandos 
utilizem a imaginação e descrevam como seria a vida de uma família pré-histórica, ou então, de 
uma família de indígenas, aproveitar para abordar tema como preconceito racial entre outros. 
 
 
 
 
 
 
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Sugestão de Atividades 
 
Conhecendo os colegas 
 
Comece com a apresentação dos alunos: 
1- Peça aos alunos que façam um desenho e escrevam seu nome, para se identificarem como 
autores. 
2- Recolha os desenhos, dobre-os e coloque-os dentro de uma caixa para misturá-los. 
3- Passe a caixa aos alunos para que peguem um dos desenhos, sem escolher. 
4- Em pé, diante dos colegas, a criança deverá apresentar para a turma o desenho. O autor do 
desenho deve se identificar e dizer seu nome, cidade onde nasceu e o que mais gosta de 
fazer. 
5- Quando os alunos terminarem de se apresentar deverão colar os desenhos no caderno. 
6- Em uma conversa informal com os educandos questione: 
O que é ser criança? 
Como são as crianças do lugar onde você mora? 
 
Trabalhando com o nome/sobrenome 
 
Explicar que existem várias formas de escolher o nome dos filhos, por exemplo, 
homenagear um santo ou pessoa famosa. 
O significado do nome nem sempre é conhecido ou levado em consideração pelos pais, 
diga aos educandos que essa informação é uma curiosidade. 
Além do nome, nós recebemos um sobrenome, que geralmente é formado pelo 
sobrenome mãe e do pai. 
Escreva no quadro para que os educandos visualizem 
Nome: Mariana Pereira Lima 
 
 
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Pai: Mauro Gonçalves Lima 
Mãe: Ana Souza Pereira Lima 
 
Pergunte as crianças de quem eles receberam esse sobrenome 
Pai 
Mãe 
 
Há pessoas que gostam do seu nome, outras não. E você o que acha do seu nome? 
 
Em casa, procure saber a história do seu nome, pergunte: 
a- Quem escolheu o seu nome? 
b- Qual o significado do seu nome? 
c- Alguém na família possui nome igual ao seu? Quem? 
Observação da própria identidade 
 
Objetivos do aprendizado 
Ajudar os alunos a refletirem sobre sua identidade. 
Compreender que todos pertencem a grupos diferentes. 
 
Recursos 
Um espaço amplo e livre. 
 
Atividade 
 
 
19 
1. Peça aos alunos para formarem um grande círculo e explique que eles devem se agrupar de 
acordo com certas características que têm em comum. 
2. Quando uma das categorias abaixo for chamada, os alunos devem andar pela sala repetindo 
a característica que se aplica a eles. Quando encontrarem alguém repetindo a mesma coisa, 
devem juntar-se e continuar andando pela sala, repetindo a característica até que todos os 
grupos estejam formados. 
3. Repita a atividade para outras categorias e incentive os alunos a criarem suas próprias 
categorias. No final, forme um grande grupo. 
4. Para tornar a atividade mais interessante, você pode introduzir o uso de diferentes vozes – 
sussurrando quantas pessoas existem na sua família; cantando o nome da sua comida 
favorita; gritando a cor do seu sapato; fazendo o barulho do seu bicho preferido, etc! 
 
Algumas características possíveis: 
Programa de TV favorito 
Matéria preferida 
Mês do seu aniversário 
Cor ou estilo do sapato 
Tarefas que faz em casa 
Comida favorita 
Estação do ano favorita 
Número de pessoas na família 
Esporte favorito 
Animal favorito 
 
Discussão em classe 
Discuta sobre o que foi aprendido nesta atividade. 
 
 
20 
Os grupos sempre foram compostos das mesmas pessoas? 
Os alunos formaram grupos com pessoas com as quais pensavam não ter nada em comum? 
Como se sentiriam fazendo parte de um grupo? 
Como poderiam ter se sentido caso ficassem fora de um grupo? 
É sempre possível adivinhar as características das pessoas apenas olhando para elas? 
 
Exploração da identidade 
 
Objetivos do aprendizado 
Explorar a ideia de identidade 
Recursos 
Uma folha de papel e uma caneta para cada aluno. 
 
Peça aos alunos para pensarem sobre todas as coisas que constituem a sua identidade e 
fazerem uma lista das mesmas numa folha de papel. Eles devem começar com seu nome e 
então pensar sobre a sua família, amigos, interesses, gostos e aversões, e personalidade. 
Peça para compartilharem a lista com um amigo. 
Discuta com a classe sobre as diferentes categorias que constituem as identidades dos alunos. 
Os alunos deverão preencher a folha individualmente, utilizando as informações sobre sua 
identidade que listaram anteriormente. 
Distribua perfis de crianças do Brasil, Cuba e Peru. 
Em duplas, peça aos alunos para completarem uma segunda folha que deve ser dividida com 
seu par, selecionando informações do perfil que receberam. 
 
 
 
21 
Discussão em classe 
Discuta as identidades das pessoas. 
Quais são algumas das diferenças e semelhanças entre as crianças da América Latina? 
Que tipos de coisas todas as crianças têm em comum? 
Os alunos ficaram surpresos com o que descobriram? 
O que eles gostariam de perguntar as crianças desses países? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E
ste so
u
 eu
 
 
Escreva três outras coisas que fazem 
parte da sua identidade. Estas 
poderiam ser: 
 Algo sobre sua família ou seus 
amigos 
 Seus interesses 
 As coisas que você gosta ou 
não gosta 
 Sua personalidade 
 
1.......................................................
.........................................................
..............2.........................................
.........................................................
.........................................................
...................................3....................
.........................................................
................................................. 
.........................................................
.........................................................
.........................................................
.........................................................
.........................................................
... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nome............................................ 
Sobrenome.................................... 
Endereço............................................
.........................................................
.......................................... 
Data de nascimento....................... 
Lugar onde nasceu......................... 
Nacionalidade.....................................
... 
 
 
23 
2 CONCEPÇÕES DO TEMPO E TEMPORALIDADE HISTÓRICA 
 
 
O tempo é um dos conceitos mais complexos de entendimento, para os estudiosos 
que se dedicaram a entendê-lo, a concepção de tempo na história varia de acordo com a 
sociedade que o “lê”. Ou seja, a história é profundamente marcada pela mudança tanto no 
campo da realidade natural e física, como nas criações culturais humanas. Dependendo do 
ponto de vista de quem o concebe, o tempo pode abarcar concepções múltiplas. 
 
De acordo com Reis (1994), temos o tempo na perspectiva da física e da filosofia. O 
tempo da física refere-se aos movimentos naturais, cosmológicos e o da filosofia é o tempo das 
mudanças vividas pela consciência. Ao tempo físico associam-se características como: medida, 
quantidade, abstração e reversibilidade e o tempo vivido concreto e a reflexão marcam o tempo 
da consciência. 
Na mediação entre o tempo físico e o tempo da consciência, situa-se o tempo 
coletivo, das sociedades, ou seja, o tempo histórico que cria artifícios capazes de promoverpontes de ligação entre o tempo físico e o tempo da consciência: o calendário, a genealogia e os 
vestígios arqueológicos (Dutra, 2003) 
Para cada cultura, há uma noção de tempo, a ideia de tempo deve ser analisada 
numa perspectiva histórica, como resultante de múltiplas experiências de mundo, dessa forma 
não se pode falar em apenas um conceito de tempo, mas de concepções de tempo. 
Para Ricoeur, o tempo histórico refere-se à vida humana e o calendário é 
indispensável, o tempo do calendário ultrapassa o físico e o vivido para se tornar original, é um 
 
 
24 
evento capaz de conferir a ordem dos acontecimentos e mudar o curso da história. Outro 
conceito é o de geração, trata-se de vida compartilhada. O tempo histórico representa 
permanência de gerações e sequência de gerações. 
A terceira conexão são os vestígios, os arquivos, pois as gerações deixam sinais, 
marcas, que são buscadas pelo historiador. Koselleck, aborda o tempo histórico como algo entre 
o campo da experiência e o tempo da espera: a experiência é o passado atual, cujos eventos 
foram integrados e podem ser rememorados por uma elaboração racional e por comportamentos 
inconscientes, e a espera é o futuro atualizado no presente. Na perspectiva dos Annales, o 
tempo histórico é estrutural influenciada pelas Ciências Sociais vai incorporando novos objetos 
de análise e amplia o campo de pesquisa do saber histórico. 
Promove ainda uma mudança no campo das 
técnicas e dos métodos. Se antes a documentação era 
relativa ao evento e ao seu produtor, agora ela é relativa ao 
campo econômico-social: ela se torna massiva, serial e 
revela também o duradouro, a permanência, as estruturas 
sociais e é justamente esse conceito de "longa duração" que 
permitiu maior consistência ao terceiro tempo do historiador 
(Dutra, 2003). 
Os documentos se referem à vida cotidiana das 
massas anônimas, à sua vida produtiva, à sua vida 
comercial, ao seu consumo, às suas crenças, as diversas 
formas de vida. Dessa forma podemos situar três tendências 
quanto ao modo de relacionar o presente e o passado: a 
positivista, a historicista e a escola dos Annales. 
Na abordagem positivista, o tempo histórico confunde-se com o tempo do 
calendário; as sociedades e os eventos são lineares, confundindo-se com o passado das 
sociedades humanas, esse passado guarda pouca relação com o presente e quase nenhuma 
com o futuro, já abordagem historicista, o tempo histórico é percebido como tempo social, ou 
seja, os eventos são percebidos em simultaneidade interna à sociedade, é um tempo marcado 
pela irreversibilidade, direcionado, heterogêneo, descontínuo, múltiplo e reflexivo (Reis, 1994). 
 
 
25 
A nova história privilegia a documentação massiva e involuntária em relação aos 
documentos voluntários e oficiais. Nesse sentido, os documentos são arqueológicos, 
pictográficos, iconográficos, fotográficos, cinematográficos, numéricos, orais, enfim, de todo tipo. 
O tempo histórico é uma representação do presente sobre um tempo passado, ou 
seja, o tempo histórico é sempre produto do homem presente, fazendo com que o passado, e/ou 
o futuro, sejam entidades instáveis na construção do conhecimento. Assim, as experiências 
passadas não estão cristalizadas, estabelecidas em um tempo vivido, não permanentemente. 
Estarão sempre sujeitas a uma nova leitura, uma nova interpretação e, fundamentalmente, uma 
reconstrução. 
As noções de tempo introduzidas nas séries iniciais devem ser trabalhadas com a 
ideia de ordenação que consiste em estabelecer a sequência de acontecimentos, vivenciados, o 
que implica uma identificação do que ocorre antes e do que ocorreu depois. Essa noção está se 
formando, por exemplo, quando o educando relata um acontecimento identificando o que 
aconteceu antes e o que aconteceu depois, quando coloca em certa ordenação os quadros de 
uma história, quando colocam em sequência os acontecimentos de sua vida. 
 
Na construção do conceito tempo é necessário estabelecer uma relação entre o 
tempo cronológico, o tempo social (vivido) e o tempo 
histórico. Conhecer o conceito tempo demarcado em 
sequência linear, dia, meses e anos é fundamental 
para que o conceito seja apreendido. 
Dessa forma, um dos objetivos da História 
é estudar o passado, buscando as explicações para 
entender o tempo histórico presente. Sendo assim, o 
homem tem consciência que é um ser histórico, 
temporal e finito. Quando interrogamos: O quê? 
 
 
26 
Quando? Por quê? Como? Para quê? Onde? Sobre o período histórico daquele homem (ou 
sociedade), vamos entendendo melhor o passado e o seu presente. E a partir dessas 
observações e conclusões, podemos direcionar, planejando melhor o futuro. 
Alguns especialistas em História apontam que o Tempo é um elemento central na 
História, e que um dos principais problemas que o professor ao ministrar a disciplina de História 
enfrenta é a compreensão do conceito de tempo pelos educandos. Boa parte dos estudos 
contemporâneos a respeito do desenvolvimento da educação histórica parte do pressuposto de 
que este conceito é abrangente e ambíguo, necessitando de uma atenção maior voltada para o 
pensamento dos educandos, inter-relacionando com outros conceitos tais como: explicação, 
compreensão e empatia em História, interpretação da evidência, mudança e objetividade (Barca, 
2000). 
A História tradicional trabalha com a ideia de tempo na sua suposta linearidade. A 
ideia da uniformidade do tempo dominou largamente a história na sequência temporal dos 
acontecimentos, ainda hoje encontramos essa abordagem principalmente em livros didáticos de 
História. 
Cada sociedade tem um tempo diferenciado mesmo vivendo um tempo simultâneo 
ao das sociedades tecnológicas. São esses elementos que fornecem as ferramentas para que a 
História seja constantemente reescrita. Isso, porque cada época, cada sociedade histórica tem 
uma preocupação e questionamentos que diferem de suas antecessoras. 
A história das sociedades é feita por homens que vivem em um espaço e em um 
determinado tempo histórico, portanto, quando estudamos História, vamos adquirindo 
consciência da existência de elementos transformadores e de dinâmicas dentro das sociedades. 
Vamos entendendo as transformações e as mudanças tanto no sentido individual quanto no 
coletivo. 
Esse recurso de utilizarmos a linha do tempo é apenas um exemplo didático para 
melhor compreensão do próprio processo histórico, o que precisa ficar claro que a História não é 
estática, e que aquelas datas são apenas referências. 
As diversas concepções de tempo são produtos culturais que serão compreendidas, 
ao longo de uma variedade de estudos e acesso a conhecimentos pelos alunos durante sua 
escolaridade. 
 
 
27 
Vários estudiosos ao longo dos anos estudaram as diversas formas de conceber o 
tempo, para a História esse conhecimento pode ser entendido como a construção pessoal e 
social, considerando que está associado à memória e esta às identidades sociais dos homens, 
nas diferentes trajetórias, sofrendo variações nas diferentes épocas e culturas. 
 
Elias (1998), afirma que o tempo, muito especialmente o do relógio, é uma das 
sínteses mais poderosas que os seres humanos alcançaram por intermédio da relação de 
aproximação e de distanciamento com os vários níveis da experiência, o físico, o biológico e o 
individual. 
O tempo sempre foi, pelo menos na história da sociologia e da antropologia, algo 
considerado como avassalador relativamente à experiência concreta dos indivíduos ao longo da 
sua história de vida e ao longo da macro-história. O tempo não é natural e sim uma instituição 
social que resulta de um longo processode aprendizagem. Esse aprendizado é histórico, uma 
vez que o indivíduo só pode construir algo a partir de um patrimônio de saber já adquirido. 
Ao mesmo tempo, essa aprendizagem é individual, pois mesmo o educando, para 
que possa desempenhar seu papel de adulto, desenvolve um sistema de autodisciplina conforme 
essa instituição social que é o tempo: nas sociedades industrializadas o tempo exerce de fora 
para dentro, sob a forma de relógios, calendários e outras tabelas de horários, uma coerção que 
suscita o desenvolvimento da autodisciplina no indivíduo. 
A transformação da coerção exercida de fora para dentro pela instituição social do 
tempo num sistema de autodisciplina que abarque toda a existência do indivíduo, explicitamente, 
a maneira como o processo civilizador contribui para formar os hábitos sociais, que são partes 
integrantes de qualquer estrutura da personalidade. 
 
 
28 
 
Nesse sentido Elias (1998), procura delimitar a noção de tempo por intermédio das 
particularidades de cada sociedade no curso da história, e confrontando as diversas 
características históricas e culturais no que se refere à relação dos homens com o tempo. 
A análise histórica realizada por Elias é importante, pois a instituição tempo foi 
passando por diversos processos como, por exemplo, no que se refere ao monopólio dessa 
determinação que, no início cabia aos sacerdotes, passando a ser dividida entre estes e as 
autoridades leigas, para finalmente passar a ser monopólio do Estado. A autodisciplina em 
matéria de tempo, a exemplo de outras capacidades sociais, só se desenvolveu muito 
lentamente ao longo dos séculos e só atingiu sua forma atual ligando-se ao surgimento de 
exigências sociais específicas. 
Dessa forma, o que muda é a perspectiva de utilização da dimensão temporal na 
construção do conhecimento. No final do século XX, os historiadores, expandem a noção de 
temporalidade, e o tempo deixa de ser um elemento fixo explicativo da causalidade, da 
sequência temporal, cronológica, linear e teológica, para se transformar em uma concepção não 
linear, não teológica, fragmentada e podendo ocorrer em velocidades diferentes, segundo os 
fenômenos estudados. Sendo assim, a compreensão da dimensão histórica da realidade pode 
ser entendida a partir de uma adequada relação dialética entre 
passado e presente, o que poderá ser considerado como uma 
das finalidades do ensino de História da atualidade. 
Por se tratar de um conceito abstrato, a 
representação do tempo aparece em ordem cronológica como 
sendo o tempo histórico. Nesse sentido, parece necessário 
buscar a compreensão de que as relações temporais são de 
níveis múltiplos e de grande complexidade. Para Elias, (1988) 
 
 
29 
o tempo pode ser considerado um símbolo conceitual de uma síntese em vias de constituição, 
isto é, de uma operação complexa de relacionamento de diferentes processos evolutivos. 
O que significa dizer que a aprendizagem do tempo é algo que se reveste de uma 
profunda dimensão cultural e, por conseguinte, variável historicamente e que está ligado às 
formas como se compreende, se explica, se interpreta e se seleciona em História. E ainda, a 
ideia de temporalidade segundo regras culturais e historicamente apresentadas, é algo que não 
se explica, por si só, a construção da ideia de tempo no indivíduo, implica uma construção 
cognitiva subjetiva (Miranda, 2003). 
A compreensão do tempo histórico constitui uma síntese da compreensão histórica 
do educando, que depende não só do seu desenvolvimento cognitivo, mas da qualidade do que 
vai ser apreendido. 
Nessas perspectivas, o tempo histórico, é a construção de sujeitos históricos em um 
dado momento da História, considerando a permanência, a simultaneidade e a mudança. Assim, 
o tempo pode ser entendido como uma dimensão cultural existentes em tempos não 
necessariamente sequenciais em termos cronológicos. 
 
 
Piaget e a noção de tempo 
 
Em seus estudos Piaget trouxe importantes contribuições para o entendimento do 
processo de aquisição do tempo enquanto um conjunto de operações que permitem coordenar 
os movimentos dotados de velocidade, tanto dos objetos externos quanto dos estados internos 
aos sujeitos. 
Em seus trabalhos sobre a noção de tempo, Piaget realizou estudos sobre a 
sucessão dos acontecimentos percebidos e sobre a ideia de simultaneidade. O método 
empregado nos dois estudos foi muito semelhante e consistiu em dois carrinhos que se 
deslocavam de um ponto a outro no espaço. Os carrinhos podiam partir do mesmo ponto ou de 
pontos diferentes, ter a mesma velocidade ou velocidades diferentes e ainda andar durante o 
mesmo tempo, ou em tempos diferentes. 
 
 
30 
Piaget perguntava às crianças: qual carrinho tinha andado mais tempo, ou qual 
tinha maior velocidade, ou ainda qual tinha percorrido a maior distância. Ele descobriu que as 
crianças que se encontravam no período pré-operacional não conseguiam coordenar as 
sucessões temporais e espaciais e também não julgavam que os movimentos eram simultâneos. 
Em geral, confundiam os conceitos de tempo, distância e velocidade, não distinguindo muito bem 
um conceito do outro. Ao fazerem julgamentos sobre tempo, por exemplo, afirmavam que a 
duração era sempre proporcional ao caminho percorrido. 
Dessa forma, concluiu que o conceito de tempo somente é adquirido quando a 
criança já tem a noção de velocidade sob uma forma operatória, isto é, como uma relação entre 
o espaço percorrido e essa dimensão (tempo), comum às diferentes velocidades. Considerou 
ainda que os conceitos de tempo, distância e velocidade são construtos, não estão presentes a 
priori na mente da criança, mas requerem uma construção. Inicialmente (estágio I), a criança 
pré-operacional julga somente levando em consideração o ponto de parada. No estágio II, a 
criança começa a considerar outros fatores, como o ponto de partida. É o período em que inicia 
a descentração, mas ainda intuitivamente. Finalmente, no estágio III, a criança obtém o pleno 
domínio desses conceitos. 
Piaget trabalha com a hipótese da 
existência de um tempo operatório que pode ser 
quantitativo ou métrico e consiste em relações de 
sucessão e duração, predominando as noções de 
duração e sucessão baseadas na percepção. Ele 
aponta conhecimentos que possibilitam a 
compreensão do educando na organização de 
procedimentos metodológicos para o trabalho com 
 
 
31 
História nas séries iniciais em que a noção de tempo e espaço é construída, juntamente com a 
noção de espaço, uma vez que ambas as noções são aspectos essenciais da lógica dos objetos 
e constitui um todo indissociável. 
Segundo Piaget (1946) o tempo é a coordenação dos movimentos: quer se trate 
dos deslocamentos físicos ou movimentos no espaço, quer se trate destes movimentos internos 
que são as ações simplesmente esboçadas, antecipadas ou reconstituídas pela memória, mas 
cujo desfecho e objetivo final são também espaciais. E o espaço é um instantâneo tomado sobre 
o curso do tempo e o tempo é o espaço em movimento, os dois constituem o conjunto das 
relações de implicação e ordem que caracterizam os objetos e os seus deslocamentos. 
De acordo com Piaget, a compreensão da noção de tempo é essencial para a 
compreensão da História que supõe a noção de tempo, sob o duplo aspecto da avaliação da 
duração e da seriação dos acontecimentos (Dutra, 2003). 
Ao analisar a resposta das crianças, no que se refere à noção de passado, afirma 
que mesmo frente a realidades mais concretas ou mais conhecidas, o passado parece 
concebido em função do presente e não inverso, ou seja, as crianças veem o passado com os 
olhos do presente: na verdade o passado é para a criançaapenas um decalque do presente, 
mas com uma espécie de aparência antiquada. 
Nesse sentido, o passado é um vasto reservatório em que se encontram reunidos 
todos os embriões das máquinas ou dos instrumentos contemporâneos. (Piaget, apud Dutra, 
2003). No que se referem à relatividade dos conhecimentos históricos as crianças vão deixando 
de ter uma análise egocêntrica para desenvolver um pensamento descentrado, admitindo a 
relatividade do conhecimento histórico. 
O estudo do conceito de tempo histórico, então, significa um meio para atingir 
outros fins, uma vez que permite a estruturação dos conteúdos de história, orientada por uma 
visão de totalidade. O processo de construção do referido conceito contribui para a 
transformação do sistema cognitivo, permitindo adquirir novos conhecimentos, organizar os 
dados de outra forma, transformar inclusive os conhecimentos anteriores. 
A estruturação dos conteúdos da história nas séries iniciais do ensino fundamental, 
segundo o conceito epistêmico de tempo histórico, é fundamental para o processo de 
assimilação dos conhecimentos, possibilitando definir estratégias de aprendizagem específicas 
para o desenvolvimento, em crianças, de uma orientação teórica na perspectiva da história. 
 
 
32 
De acordo com Fermiano (2004), se utilizarmos a teoria de Piaget para 
trabalharmos a construção dos três níveis de tempo histórico: tempo de curta duração 
(acontecimento, fato histórico), tempo médio ou média duração (situação econômica, social, 
política, cultural em determinada época), tempo de longa duração (estrutura: tipo de sistema ou 
formação social, econômica, política e cultural), de acordo com sua compreensão, sua vivência 
acontecerá um entendimento da disciplina de História de forma prazerosa. 
O educando procura encontrar explicações para o passado elaborando-as a partir 
da sua vivência no mundo que a cerca. A pesquisa de Oliveira (2000) observa que o educando 
tem dificuldade no período operatório concreto, de analisar situações que envolvam duas 
variáveis ao mesmo tempo: idade e ordem dos nascimentos, assim como, “não relaciona ideia 
de sucessão no tempo”, isto porque a ideia de tempo histórico é uma construção causal e não 
meramente cronológica. 
 
De acordo com Oliveira (2000), ao analisarmos as características de pensamento 
das crianças em relação ao passado observamos que ela não interpreta a história como uma 
série de acontecimentos sem nenhuma ligação, procura estabelecer relações para que os 
acontecimentos, fatos, sejam relacionados com um todo que ocorre simultaneamente e que há 
implicações em conjunto. 
O ensino de História tem mostrado uma exigência cada vez maior neste sentido, 
pois as representações que os educandos fazem a respeito do mundo que a cerca, deve ser o 
ponto de partida para o trabalho, mas, para isto é preciso ouvir as ideias dos educandos, não 
precisa concordar, a princípio apenas ouvir. Utilizando das palavras de Fermiano, alfabetizar o 
olhar a respeito das imagens, as impressões, a oralidade, são novos pressupostos para o ensino 
 
 
33 
de História que muito têm a ver com a teoria piagetiana porque pressupõem a ação do indivíduo 
em interação com o meio como princípio da aprendizagem. 
 
2.1 Linha do tempo 
 
Antes de trabalhar a linha do tempo para que os educandos possam exercitar a 
ideia de sequência temporal, destacando os conceitos de antes e depois seriam interessantes à 
utilização de imagens iconográficas, objetos do passado e do presente, dialogar com os 
educandos e explicar que em algumas sociedades contemporâneas alguns objetos antigos ainda 
são utilizados. É importante que o professor não generalize os conceitos de antigo/moderno, 
sugerir que tragam de casa fotografias ou imagens de algo que seja antigo e outro moderno e 
juntamente com os educandos vá organizando cronologicamente. 
 Cuidado com as datações muito grandes com 2º e 3º anos, evitar a utilização com 
numeração 1995, 2000, 2005, etc. Ao invés disso, utilize marcos como: entrada na escola, antes 
do nascimento do bairro, depois do nascimento do bairro, antes do nascimento de Londrina, 
depois do nascimento de Londrina, etc. 
 
2.2 Tempo na nossa vida 
 
É interessante que o professor trabalhe em sala com registros da rotina dos 
educandos tanto doméstica quanto escolar, para que os educandos construam uma visão de 
conjunto da organização do tempo no dia-a-dia e percebam possíveis mudanças entre um ano 
escolar e outro. É importante que, as informações levantadas sejam compartilhadas, discutidas e 
avaliadas pela classe. 
Ao trabalhar com a linha do tempo é necessário que sejam realizados 
questionamentos do tipo: aumentou a linha do tempo de um ano para o outro? Quantos anos? 
Por quê? 
 
 
34 
Trabalhar com uma diversidade de linha do tempo, um exemplo é a carteira de 
vacina para que possam perceber as mudanças e permanências. 
 
Faça a linha do tempo das vacinas. 
 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano 8º ano 
______________________________________________________________ 
 
 
 
 
Preencha o quadro com o nome das doenças que já teve: 
Vacina 
0 
Nasc. 
2 
meses 
4 
meses 
6 
meses 
15 
meses 
15-18 
meses 
5-6 
anos 
10-13 
anos 
>=20 
anos 
Tuberculose BCG 
Hepatite B 
VHB 1ª 
dose 
VHB 2ª 
dose 
 VHB 3ª 
dose 
 VHB 
3 doses 
(a) 
 
Poliomielite 
 VAP 1ª 
dose 
VAP 2ª 
dose 
VAP 3ª 
dose 
 VAP 
Reforço 
 
Haemophilus 
 Hib 1ª 
dose 
Hib 2ª 
dose 
HIB 3ª 
dose 
 Hib 
Reforço 
 
Dift. Tét. Per. 
 DTP 1ª 
dose 
DTP 2ª 
dose 
DTP 3ª 
dose 
 DTP 
1º 
Reforço 
DTP 
2º 
Reforço 
 
Tétano, Difteria Td 3º 
 
 
35 
Reforço 
Tétano 
 10/10 
anos (d) 
Saram. Parotid. 
Rubéola 
 VASPR 
1ª dose 
VASPR 
2ª dose 
(b) 
VASPR 2ª 
dose (c) 
 
 
Obs: Trabalhar esse conteúdo juntamente com a disciplina de Ciências 
 
 
Outra sugestão é o trabalho com o calendário 
 
Vocês sabem quantos meses tem um ano? 
E quais são os nomes dos meses? 
Em que ordem eles aparecem no calendário? 
Quantos dias têm cada mês? 
Que acontecimentos marcaram cada mês? 
Solicitar aos alunos que levem para a classe diversos calendários presentes em 
“folhinhas”, agendas, etc. 
Inicialmente, proponha apenas uma observação dos diversos tipos de calendários. 
Para aprofundar o registro da vivência do tempo, proponha a montagem de um calendário para 
registrar a vivência coletiva, por meio destes passos: 
Pegar uma folha grande de papel pardo, dividir em doze partes iguais, colocar o 
nome de cada mês na parte superior, respeitando a ordem. A cada mês, os alunos registram 
com colagens, desenhos ou escritos: os aniversariantes da classe, fatos vividos pela classe 
naquele mês; saída, atividades interessantes, o que aprenderam etc., comemorações do mês. 
 
 
36 
Sugerir que levem para a sala de aula, calendários antigos. Escolha um mês, dia e 
ano e peça para que verifiquem em que dia da semana o mês escolhido começou e em que dia 
terminou, se houve semelhanças e/ou diferenças. 
 
 
2.3 Entendendo as diferentes representações do tempo: tempo cronológico, e histórico 
 
 
Introduzir variados registros da passagem do tempo e os acontecimentos presentes 
no dia-a-dia dos alunos para que os conceitos de tempo de longa duração como: séculos, 
décadas, etc., sejam apreendidos e relacionados,com noção de fatos históricos, é muito 
importante fazer a relação do fato histórico com a vida do aluno, explicar que da mesma forma 
que elencamos fatos importantes na nossa vida à sociedade em um determinado momento 
também registra fatos que são relevantes para aquele momento, sendo assim, podemos justificar 
as datas oficiais, que temos tanta dificuldade em trabalhar. 
Trabalhar linha do tempo no 4º ano fazendo a relação com a história da cidade faça 
questionamentos como: 
Quando você nasceu, a (cidade que o aluno nasceu) já tinha nascido? Por quê? 
Represente matematicamente utilizando o material dourado1 quantos anos tem sua 
cidade? 
 
 
 
1 O Material Dourado Montessori destina-se a atividades que auxiliam o ensino e a aprendizagem do sistema de 
numeração decimal-posicional e dos métodos para efetuar as operações fundamentais. Este material baseia-se nas 
regras do sistema de numeração, inclusive para o trabalho com múltiplos, sendo confeccionado em madeira, é 
composto por: cubos, placas, barras e cubinhos. O cubo é formado por dez placas, a placa por dez barras e a barra 
por dez cubinhos. É de grande importância na numeração, e facilita a aprendizagem dos algoritmos da adição, da 
subtração, da multiplicação e da divisão. O Material Dourado desperta no aluno a concentração, o interesse, além 
de desenvolver sua inteligência e imaginação criadora, pois a criança está sempre predisposta ao jogo. Além disso, 
permite o estabelecimento de relações de graduação e de proporções, e finalmente, ajuda a contar e a calcular. 
 
 
37 
Exemplo: faça sete barrinhas iguais a essa para representar os 72 anos de 
uma cidade 
 
 
 
Registre em décadas na linha do tempo a idade de sua cidade. Não se esqueça de 
trabalhar os intervalos de um ano para o outro, de uma década para a outra e assim 
sucessivamente. 
 
|------------|--------------|-------------|-------------|------------|-------------|----------| 
10 20 30 40 50 60 70 
 
Com os 5º anos faça a relação da cidade, estado e o Brasil. 
Quem nasceu antes, o Brasil ou (estado que mora). Por quê? 
Quem nasceu antes, o (estado) ou (cidade)? Por quê? 
Quando o (estado) nasceu quantos anos o Brasil tinha? 
Represente matematicamente utilizando o material dourado a idade do seu estado 
em séculos na linha do tempo. 
Questione com quantos anos o seu estado tinha quando você nasceu e o Brasil? 
Pesquise em livros, jornais e revistas o que estava acontecendo em outros países 
quando você nasceu? Traga pelo menos três acontecimentos. 
Se julgar necessário, proponha um trabalho oral referente às atividades realizadas 
no dia de hoje pelos alunos. 
O que fizeram, hoje, antes de vir à escola? 
O que estão fazendo na escola? 
O que pretendem fazer depois que saírem da escola? 
 
 
38 
 
 
 
 Tempo Cronológico 
Associar as variações e os ritmos a unidades temporais como o dia, noite, 
estações, utilizar o conceito de semana e de referências sociais ou culturais (batizados, 
casamentos, espetáculos desportivos e teatro). 
Identificar alguns aspectos simples do relógio como medidor do tempo. Utilizar o 
conceito de ano a partir de referências socioculturais (festas, aniversários, férias). Utilizar o 
número e as unidades temporais: minutos, hora, semana, mês, estação e ano. 
Utilizar autonomamente a leitura do relógio e do calendário, coordenar 
hierarquicamente as distintas unidades de tempo, utilizar o conceito de "antes de 1500," como 
ponto de referência a partir do qual se contam os anos. (não esqueça que essa datação é 
convenção para explicar a ocupação indígena antes de 1500, ou seja, antes da chegada dos 
europeus), aplicar o conceito de geração enquanto medida de tempo, utilizar o conceito de 
século como unidade de medida de tempo histórico, elaborar cronologias sobre a história da 
própria pessoa ou da família. 
 
 Tempo Histórico (categorias temporais) 
Identificar convenções temporais cotidianas (agora, neste momento, hoje, ontem, 
 
 
39 
anteontem, amanhã, mais tarde, antigo, novo, passado, presente, há muito tempo...), ordenar 
corretamente uma sucessão de imagens sobre fatos ou ações da vida cotidiana, do princípio 
para o fim e do fim para o princípio, identificar pelo menos duas ações ou fenômenos que 
ocorram ao mesmo tempo ("quando o avô era pequeno não havia televisão"), identificar por meio 
de imagens as ações do cotidiano que duram mais e as que duram menos, situar um conjunto de 
acontecimentos simples de natureza pessoal, familiar e local em uma sequência cronológica, 
identificarem algumas mudanças entre a época atual e a época de quando os seus pais ou avós 
eram crianças, identificar sucessões, simultaneidades, mudanças e continuidades simples a 
partir de um conto situado no passado com referências históricas reais. 
Elaborar árvores genealógicas simples, construir uma barra cronológica simples, 
utilizando símbolos convencionais para registrar as atividades desenvolvidas ao longo do dia, da 
semana ou, ainda, sobre a sua própria vida ou sobre a vida de personagens, em uma sequência 
cronológica correta. Construir uma barra cronológica simples com desenhos tendo por base os 
acontecimentos descritos num relato. 
Associar uma iconografia variada a uma determinada época histórica, seriar 
corretamente um conjunto de imagens ou de objetos simples segundo a sua antiguidade e 
ordem cronológica, identificar aspectos de mudança a partir da observação ou da “evolução” de 
determinados objetos ou artefatos ao longo do tempo, ordenar, de modo intuitivo, imagens 
referentes a diversos períodos históricos, identificar a simultaneidade de objetos ou materiais de 
diversas procedências espaciais e temporais, analisar objetos, jogos, costumes, expressões 
(orais) ações que revelem uma continuidade ou curtas mudanças ao longo do tempo, demonstrar 
que se tem consciência de uma série de mudanças em um reduzido espaço de tempo (identificar 
semelhanças e diferenças entre duas gerações), ordenar corretamente as diferentes fases de 
construção de um determinado produto (pão, tecido...). 
Elaborar uma barra cronológica sobre a vida de uma personagem e as suas 
atividades, confeccionar uma barra cronológica que reflita a história da localidade nos últimos 
anos, confeccionar numa barra cronológica da história da sua família mediante a elaboração de 
árvores genealógicas complexas, correlacionar, numa barra cronológica, personagens da sua 
família com instrumentos, materiais diversos, paisagens da sua época. 
Para abordar o tempo, mais especificamente a noção de duração, sucessão e 
simultaneidade, a temática referente ao município é bastante adequada: os povos que se 
 
 
40 
instalaram em diferentes momentos históricos, porque se instalaram, como viviam, de onde 
vieram, suas atividades econômicas em diferentes períodos, a confrontação dessas informações 
com a história de outros municípios, a caracterização de períodos específicos, em que as 
experiências individuais possam também ser inseridas nessa história coletiva. 
Estabelecer a relação entre a história individual e coletiva, em que os educandos 
poderão pesquisar e localizar tempos e lugares de proveniência de antepassados de suas 
famílias. Organizar linhas de tempo com acontecimentos significativos em nível municipal, com a 
história de familiares: pais, avós, bisavós, tataravós e tios. Esse é um trabalho de pesquisa que 
os educandos poderão utilizar as mais variadas fontes como: jornais, livros, depoimentos, 
documentos familiares, fotos, etc., e requer dos educandos uma compreensão de tempohistórico, que, processualmente, vai sendo construído, desde que haja intencionalidade para tal, 
colocada a partir da leitura das hipóteses dos alunos sobre o que consideram antigo, velho, 
passado recente, passado remoto, período histórico e das situações didáticas que possibilitem 
aos educandos a interação com o que já se convencionou a respeito do tempo ao longo da 
história, como anos, décadas, séculos, milênios e períodos. 
Utilizar das produções literárias para trabalhar com as representações, 
organizações e referências temporais, como o livro de Silvya Orthof, João Feijão, em que o ciclo 
da vida do feijão vai sendo mostrado em uma sucessão de momentos. O contato com histórias 
em que personagens usam outras referências temporais faz pensar sobre a construção histórica 
da nossa forma de viver, organizar, sentir, medir o tempo. Outra produção literária interessante 
para trabalhar a noção de tempo é o livro Lolo Barnabé é uma excelente história para explorar 
as questões como mudanças e permanências, como viviam os primeiros homens e mulheres, 
relatando alguns aspectos sobre a pré-história e a atualidade. 
Concluindo, o trabalho a ser realizado pelo professor sobre temporalidade histórica 
não deverá pautar-se somente na linha do tempo como a única atividade a ser desenvolvida em 
sala de aula. 
As atividades deverão ser implementadas para a construção destas noções de 
temporalidade, para que os educandos percebam que tipos de representação podem fazer do 
tempo, principalmente a partir do tempo vivido, para que isso seja possível o professor deverá 
criar um ambiente favorável que permita essa aprendizagem, isso significa trabalhar em sala de 
aula com medidas de tempo da nossa cultura, de outras culturas, tipos diferentes de 
 
 
41 
instrumentos que servem para medir o tempo, bem como medidas de tempo estabelecidas pelos 
próprios educandos, palavras e expressões que são marcadores temporais na fala e na escrita. 
Fazer uso como já citamos do calendário, construir com os educandos: relógios, 
ampulhetas, linhas de tempo, cronogramas, registro de aniversários, tabela de jogos, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
3 REFLETINDO SOBRE A HISTÓRIA LOCAL E O COTIDIANO 
 
 
 
Contextualizando a disciplina podemos observar que nos anos 60 e 70 acreditava-
se que ensinar noções políticas (data e fatos) e fornecer todas as respostas eram suficientes 
para que a aprendizagem da disciplina de História acontecesse. Os fatos históricos eram 
memorizados e as avaliações recheadas de feitos heroicos, hoje sabemos que a aprendizagem 
não acontece dessa forma, e uma das maiores dificuldades é romper com essa história datada 
arraigada nas nossas escolas, instigar um “outro olhar para a disciplina”, sempre vem com um 
toque de insegurança, pois as datas e as informações dos fatos estão muito presentes e o livro 
didático ainda é a única fonte de pesquisa. 
Sendo assim, o professor deverá buscar outras fontes e repensar sua prática, pois 
aquela história datada pautada nos fatos e feitos heroicos não dá conta de responder as 
questões atuais. 
 
Trabalhar com datas e fatos vai além da memorização ou da informação, quando 
falamos em informação estamos nos referindo a dados, como se fosse um arquivo em que 
podemos consultar. Os alunos são tratados como “máquinas” que guardam e arquivam uma 
grande quantidade de informação. 
Todos nós sabemos que os alunos precisam de “ tempo” para que a construção do 
conhecimento aconteça e tenha significado. 
O grande desafio é adequar “o nosso olhar as exigências do mundo real”, 
desenvolvendo uma prática do ensino de história rica em conteúdo socialmente responsável. 
Portanto, o objetivo central da história deixa de ser o estudo do passado para ser o estudo da 
relação entre o presente e o passado, nas suas relações de continuidades e mudanças. 
 
 
43 
O que precisamos entender que o passado não é apenas a sua data, a distância 
cronológica que separa um evento do outro. O passado torna-se passado quando estabelece 
com ele relações de mudanças. 
O passado histórico não é dotado de reversibiblidade e nem podemos ter acesso 
direto a ele, a realidade que vivemos nem sempre contêm elementos do passado que nos deem 
a percepção da continuidade e rupturas necessárias a compreensão da nossa própria 
historicidade e da historicidade das sociedades da qual fazemos parte. 
 
Um exemplo são “os lugares”, com o 
passar do tempo são reocupados e somente 
teremos informações de como era aquele lugar, 
ou qual função ele tinha anteriormente se 
realizarmos levantamentos da cultura material ou 
vestígios dessa cultura para podermos detectar as 
transformações ocorridas no passado. 
Portanto, esses levantamentos estão 
pautados em pesquisas que retratam o passado 
com seriedade, ou seja, baseando-se nos fatos 
históricos e utilizando-se de documentos que comprovem a veracidade dos fatos, para que não 
aconteça “interpretações equivocadas”. 
Sem o respeito a pesquisa, a História vira ficção e interpretar não pode ser 
confundido com “inventar”, isso vale tanto para os fatos quanto para os processos históricos. 
Não existe uma “receita”, “uma verdadeira história”, em História não existe verdades 
absolutas, o conhecimento histórico é a compreensão dos processos e dos sujeitos históricos, o 
desvendamento das relações que se estabelecem entre os grupos humanos em diferentes 
tempos e espaços, pois a construção da história se dá de várias maneiras, as abordagens e 
visões de mundo são múltiplas e a função do pesquisador/historiador é exatamente questionar e 
analisar as lacunas e as omissões de elementos que num dado momento da história não foram 
registrados pela história oficial. 
Devemos no entanto, propiciar ferramentas para que a disciplina de história não 
seja um conhecimento pronto e acabado, portanto, o professor deve utilizar as mais variadas 
fontes históricas como: textos, filmes, cultura material, iconografia, trabalho de campo (visitas a 
museus e/ou centros históricos), mapas, maquetes, etc. 
Para Bittencourt (2004), a história do “lugar” como objeto de estudo ganha 
 
 
44 
contornos temporais e espaciais. Não se trata, portanto, de conteúdos escolares da história local, 
de entendê-los apenas na história do presente ou de determinado passado, mas de procurar 
identificar a dinâmica do lugar, as transformações do espaço, e articular esse processo às 
relações externas, a outros lugares. 
Perceber que a História é construída não só pelos grandes nomes e 
acontecimentos, mas principalmente por pessoas comuns e pelos hábitos do dia-a-dia. 
Os elementos do cotidiano nos ajudam a compreender a dinâmica, as crenças e o 
legado dos diferentes grupos humanos. Temos 
acesso a esses elementos por intermédio de 
livros, quadros, fotografias, roupas de outras 
épocas, receitas de comida, etc. É por meio 
dessas fontes que podemos identificar uma 
gama de informações para entendermos o 
cotidiano em que estamos inseridos. 
A chamada História do Cotidiano, 
corrente nascida na França na década de 1960 e 
que é cada vez mais valorizada, é uma proposta simples: enxergar a realidade sob a perspectiva 
das pessoas comuns e das práticas, hábitos e rituais que caracterizam o dia-a-dia delas, tirando 
o foco dos grandes nomes e acontecimentos políticos e econômicos, voltando-o para a riqueza 
que está próxima de todos, impregnada pela aparente banalidade do cotidiano. Investigar, por 
exemplo, como os cidadãos viviam, namoravam, noivavam e casavam, se divertiam, eram 
educados, nasciam e morriam. 
A grande vantagem dessa abordagem é que ela envolve muito mais os alunos, 
principalmente

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