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SEGUNDO PERÍODO Fisiologia II ___ Nicolas Martins 2025.1 aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Sumário aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa INTRODUÇÃO A FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR 3 ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA 14 ECG 22 DÉBITO CARDÍACO 35 CICLO CARDÍACO 44 REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL 50 MICROCIRCULAÇÃO 57 HEMOSTASIA 71 HEMATOPOIESE 74 FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA I: MECÂNICA PULMONAR 77 FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA II: CIRCULAÇÃO PULMONAR E TROCAS GASOSAS 85 FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA III: REGULAÇÃO DA RESPIRAÇÃO 96 FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA III: TRANSPORTE DOS GASES 101 SECREÇÕES DO TRATO GASTROINTESTINAL 108 DEGLUTIÇÃO E MOTILIDADE 118 DIGESTÃO E ABSORÇÃO 128 FISIOLOGIA RENAL I: FORMAÇÃO DA URINA 134 FISIOLOGIA RENAL II: MECANISMOS DE CONCENTRAÇÃO DA URINA 143 REFLEXO DE MICÇÃO 155 EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE 161 EIXO HIPOTÁLAMO-HIPOFISÁRIO 170 PARATIREÓIDE 179 ADRENAL E PÂNCREAS ENDÓCRINO 188 DIFERENCIAÇÃO SEXUAL 196 GRAVIDEZ E LACTAÇÃO 204 2 INTRODUÇÃO A FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR ● Introdução O sistema cardiovascular surge a partir do momento de que os seres vivos deixam de ser unicelulares e se tornam multicelulares, já que seres multicelulares precisam de um maior suporte de oxigênio e quando começam a surgir os indivíduos multicelulares passamos a ter células que se unem e acabam não possuindo contato direto com o ambiente e adquirir os recursos necessários para manter seu metabolismo, portanto, surgem tais sistemas para que essas células consigam adquirir os recursos necessários para manter seu pleno metabolismo e acesso a tais substâncias. É importante diferenciar o ciclo cardiovascular de circuito. O sistema cardiovascular é um circuito fechado, ou seja, é a anatomia onde temos uma bomba ejetora e “tubulações” que recebem o sangue da bomba ( coração ) e a partir desse circuito consegue se disponibilizar a todas as células do corpo substâncias necessárias para seu pleno funcionamento e o ciclo é como funcionará esse circuito ● Constituintes ( 1 ) Coração que tem um papel fundamental em permitir a formação do fluxo sanguíneo atuando como bomba ejetora de sangue. ( 2 ) Vasos sanguíneos que podem ser divididos em grande, médio e pequeno calibre em relação não só ao diâmetro mais a parede, já que os mais calibrosos possuem uma parede maior do que os menos calibrosos. Os vasos participarão da microcirculação que é fundamental no desvio do fluxo sanguíneo para o tecido que esteja necessitado, sendo ela que decide pra onde mandará o maior aporte sanguíneo dependendo de qual tecido é o mais necessitado → Arteríolas apresentam musculatura lisa e por isso acontecera vasodilatação e vasoconstrição podendo alterar o fluxo para o tecido dependendo do nível de seu metabolismo ( 3 ) O fluido ( sangue ) que circula por todo esse circuito, ele é composto por diferentes células e proteínas que são fundamentais para pleno funcionamento do organismo e sua manutenção ( coagulação ) É importante que o circuito se mantenha fechado, todo o sangue que sai do coração é de extrema importância que ele retorne, ou seja, a manutenção desse fluxo dentro do vaso é fundamental. Desse modo, o mecanismo de coagulação exerce papel crítico para caso ocorra lesão em algum dos vasos rapidamente seja reparado e a homeostasia se mantenha 3 ( 4 ) Válvulas, são de extrema importância ( tanto as cardíacas quanto, as arteriais e as venosas ) sendo evidenciado no ciclo cardíaco a sua importância, já que sua abertura e fechamento é feita em pontos e condições específicas para que se mantenha o pleno funcionamento do fluxo sanguíneo ( unidirecional ) ● Circuito É dividida em duas grandes circulações: ( 1 ) Sistémica ou Grande circulação, onde o sangue é ejetado do ventrículo esquerdo para a aorta e depois para todos os tecidos// estruturas corpóreas, esse grande artéria se ramificam em artérias de médio calibre e arteríolas que se ramificam em capilares e é nesses capilares onde ocorre o processo de troca com os tecidos, ou seja, é o capilar que possui contato direto com as células teciduais, portanto é nele que ocorre a troca de substâncias. ( 2 ) Circulação Pulmonar ou Pequena circulação, depois que o sangue realizou a troca ele retorna ao coração para o átrio direito a partir das veias cavas onde segue para o ventrículo direito onde é ejetado para as artérias pulmonares e segue até o pulmão ( para a circulação pulmonar ) , mais especificamente para os alvéolos pulmonares. Sendo sua única função a troca gasosa e não o suporte metabólico. As artérias dela também se ramificam em arteríolas e depois capilares que terão contato direto com as células alveolares onde realizarão a troca gasosa. Depois de realizar a troca todos os capilares se reúnem em vênulas e posteriormente veias pulmonares que vão para o átrio esquerdo → ventrículo e esquerdo e novamente ejetar para o resto do organismo o sangue rico em O2 Desse modo, não devemos associar a circulação arterial como uma rica em O2 e a venosa em uma circulação rica em CO2, porque a artéria pulmonar carrega um sangue pobre em O2 e as veias pulmonares o sangue rico em O2 OBS.: O Pulmão é o único órgão que recebe as duas circulações, já que nele existem células metabolicamente ativas em diferentes áreas como traquéia, brônquios e bronquíolos que precisam de suporte sanguíneo. Se ocorre alguma falha por extravasamento temos um quadro patológico de hemorragia, ou seja, a mesma quantidade de sangue que sai deve voltar ( DC = R.V ) 4 As artérias e as veias são os denominados Grandes Vasos, devido ao seu grande calibre e possuem bem definido em sua parede às 03 túnicas ( íntima, média e adventícia ) sendo bem divididas. Sendo que, as veias possuem paredes mais delgadas que as artérias já que as grandes artérias são os vasos que recebem o sangue de maior pressão e portanto precisam de grande resistência. No caso da aorta que é o vaso que recebe a maior pressão já que recebe sangue que irá circular em todo o organismo, podemos observar a presença de lâminas elásticas o que dá a essa artéria grande resistência e elasticidade fazendo com que ela aguente pressões sem que variem muito, mantendo a pressão em um nível controlado Uma pressão elevada na artéria dificilmente irá romper a sua parede, o problema está na arteríola que possui uma parede mais delgada, ou seja, se temos um aumento de pressão na artéria como consequência temos um aumento da pressão nas arteríolas o que pode levar a um acidente vascular hemorrágico O Acidente vascular , que é um dos principais problemas cardíacos, é causado pelo rompimento das arteríolas, ou seja, uma pressão arterial muito elevada acaba elevando a pressão nas arteríolas ( que possuem uma única camada de células musculares lisas e epitélio em sua parede ) As arteríolas se ramificam formando os capilares que possuem apenas uma única camada de endotélio ( Ep. pavimentoso simples ), isso é perfeito já que com uma parede fina acaba 5 que a troca de nutrientes é facilitada já que o capilar vai se encontrar em contato direto comas células do tecido alvo Com a troca realizada não há necessidade de uma parede tão delgada, portanto os capilares se juntam em vênulas que possuem uma parede um pouco mais espessa e culminando nas veias que possuem as 03 camadas mas não com a mesma espessura das artérias já que não devem lidar com sangue com grande pressão ● Pressão X Velocidade - A área de secção transversa A pressão de maior nível é a das artérias e quanto mais estes vasos se afastam do local de saída do coração ( não confundir como quanto mais longe do coração já que as veias se encontram próximas a ela ) a pressão vai diminuindo , portanto, a pressão gerada é elevada próxima ao local de saída e conforme esse vaso se afasta a pressão irá diminuir. O local de menor pressão são as veias já que se encontram longe do local de saída A velocidade do fluxo não é associada a pressão mas sim associada a área do vaso sendo a área de secção transversa onde a maior velocidade ocorre nos vasos mais calibrosos e conforme vai ramificando acaba e aumentando a área de secção transversa e diminuindo sua velocidade A medida que os capilares vão se unindo e formando vênulas e posteriormente veias a área de secção transversa começa diminuir e portanto a velocidade do fluxo começa a aumentar Desse modo quanto menor a área de secção transversa maior a velocidade, podemos pensar como uma mangueira onde quando apertamos a saída diminuindo a luz ou diminuímos o comprimento de tal mangueira aumentamos a velocidade de saída da água A área de secção transversa pode ser associada à extensão desse vaso e portanto a área de secção transversa é a soma de áreas dos vasos. Ex.: A área de secção transversa dos capilares é maior já que o sangue é distribuído para os vários capilares que são longos e portanto temos uma área bem maior quando comparado a soma das áreas das veias ou artérias como exemplo Uma velocidade lenta no capilar é de extremo benefício já que é um lugar de troca e portanto quanto menor velocidade mais absorção terá 6 ● Estrutura do coração e Células Cardíacas O coração funciona como bomba injetora, onde queremos que o sangue consiga fluir pelas nossas estruturas vasculares, ele é composto pela musculatura cardíaca e é dividido em quatro câmaras , sendo dois pares de átrios e dois de ventrículos. O músculo cardíaco é um músculo estriado, possuindo a organização de seu citoesqueleto na forma de sarcômeros, causando as estrias, possuindo uma característica de possuírem os discos intercalares que são responsáveis pelo funcionamento da estrutura cardíaca como se fosse um sincício. As células musculares cardíacas podem ser divididas em dois grupos: (1) Células musculares contráteis - 99% ( cél. atriais e ventriculares ) (2) Células cardíacas especializadas em condução - 1% - Capaz de contrair mas menos eficiente, possuindo capacidade de despolarização espontânea ( nodo sinusal, nodo sinoatrial, feixe de his e fibras de purkinje ) As células musculares cardíacas possuem uma característica única de serem autônomas, ou seja, elas não precisam de qualquer estímulo para que se gere o potencial de ação. O SNA irá exercer a MODULAÇÃO do músculo cardíaco e não o seu estímulo. As células de condução são mais sensíveis a esta modulação 7 A estrutura de discos intercalares que comunicam uma célula muscular cardíaca a outra é de extrema importância. Na junção//comunicação dos discos teremos uma alta quantidade de junção comunicante do tipo GAP que permitem a existência de sinapses elétricas, ou seja, permite que o potencial de ação passe naturalmente de uma célula a outra se propagando com extrema rapidez atingindo as células musculares cardíacas quase ao mesmo tempo e fazendo com que ocorra uma contração homogênea como unidade ( como um sincício ) Pensando nisso, geramos o potencial no nodo sinoatrial que é na região apical do átrio, ele irá se propagar pelo átrio o contraindo de cima para baixo e ocasionando a abertura das valvas atrioventriculares. Se continuamos a contrair de cima para baixo nos ventrículos não conseguiremos ejetar esse sangue, desse modo, o tecido conjuntivo que se encontra entre as câmaras impede que o potencial de ação se encaminhe diretamente para os ventrículos, fazendo com que se desvie para o nodo atrioventricular → Feixe de hiss no septo ventricular → Fibras de purkinje que é no ápice ventricular ( embaixo ) que irão propagar o potencial pelo ventrículo fazendo uma contração de baixo para cima (1) Nó sinoatrial transmite o potencial de CIMA para BAIXO rapidamente por todo o átrio devido às junções GAP (2) Potencial encontra uma camada de tecido conjuntivo fibroso que o impede de se propagar diretamente para os átrios (3 ) Potencial vai para o nodo atrioventricular (4) Potencial vai para o feixe de hiss (5 ) Potencial vai para as células de purkinje (6) Potencial se propaga rapidamente pelo ventrículo devido às junções GAP o contraindo de BAIXO para CIMA Existe uma natureza sincicial no músculo cardíaco. Existem, na verdade, 2 sincícios funcionais formando o coração: Um sincício atrial e um sincício ventricular. Um sincício é separado do outro por uma camada de tecido fibroso. Isto possibilita que a contração ocorra num tempo diferente da que ocorre no sincício ventricular 8 ● Mecanismos moleculares da contração Portanto, nosso músculo cardíaco terá essa estrutura muito semelhante ao músculo esquelético sendo formado por sarcômeros, ciclos das pontes cruzadas. A diferença da contração do músculo cardíaco para o esquelético é que ele terá em sua membrana cardíaca os canais de tipo L que permitem a entrada de cálcio quando recebem o estímulo de um potencial de ação. O Ca+ se ligam a receptores rianodina no retículo sarcoplasmático fazendo a liberação de ainda mais cálcio vindo do retículo e levando ao ciclo das pontes cruzadas e como consequência a contração e logo em seguida ou ele é recaptado ou liberado na porção extracelular. 1. Impulso nervoso chegando na membrana da célula miocárdica 2. No túbulo T temos o canal de cálcio do tipo L, ele é um canal sensível a voltagem, portanto, quando o P.A chegar a esse canal ele se abre e promove o influxo de Ca+ 9 3. Com o influxo de cálcio para o citoplasma é ativado o canal de rianodina, esse canal é sensível ao cálcio, quando ativado é permitido a saída maciça de cálcio do retículo sarcoplasmático juntando com o cálcio que entrou para o citoplasma por meio do canal L e formando as faíscas de Ca++ 4. Essas faíscas de Ca++ se juntam, formam um sinal de Ca++ que se liga a troponina da musculatura cardíaca, promovendo o ciclo das pontes cruzadas e como consequência a contração da musculatura cardíaca 5. Após a contração, o relaxamento vai ocorrer devido a dois mecanismos: (1) O cálcio se desliga da troponina e será levado para o meio extracelular por meio de contransporte com o Na++ (2) Através da bomba SERCA que leva o Ca++ de volta ao retículo e assim o estocando novamente. Existe umaenzima chamada de fosfolambam que inibe a SERCA, ela é importante para que a SERCA não seja sempre ativa e impede que capta a SERCA a todo momento e não tenha uma contração eficaz, portanto, quando temos contração a enzima fosfolambam (desfosforilada) é ativada e a SERCA é inibida e quando o coração precisa relaxar são ativadas as enzimas quinases que fosforilam a fosfolambam, assim a desativando e permitindo que a SERCA capte o Ca++ e o estoque no retículo, parando a contração ● Efeitos do SNA Cronotropismo = Influência na frequência ( CRONO = TEMPO ) capacidade de gerar o potencial Ex.: Simpático tem efeito cronotrópico + então irá aumentar a FC Dromotropismo = Relacionado a condutividade, avaliando a condução do potencial associado aos discos e a quantidade de junções GAP Inotropismo = Relacionada a contração Batmotropismo = Capacidade de responder a um estímulo Lusitropismo = Capacidade de relaxamento. Ex.: Caso o coração tenha sua capacidade de relaxamento comprometida ele pode ter seu funcionamento prejudicado, como por exemplo,não conseguindo se encher totalmente o que acaba prejudicando seu DC Ritmicidade = Capacidade de repetir o ciclo com regularidade e ritmo 10 ● Regulação intrínseca da força de contração A contração pode ser controlada de 2 formas, existe uma resposta da células muscular cardíaca a distensão. Já que a força de contração depende de 02 variáveis - do grau de distensão da fibra muscular cardíaca, relacionada a lei de starling, e a concentração de Ca+, já que cálcio e força de contração são diretamente proporcionais 1 - Dependendo do volume que chega ao coração a força de contração ira ocorrer proporcional a esse volume dentro de limites fisiológicos ( Lei de Frank - Starling ) 2 - Alterando a [ Ca++ ] intracelular → Lei de Frank - Starling Essa lei estabelece que quanto maior a distensão da fibra muscular cardíaca maior será sua capacidade de gerar força de contração// força de ejeção. Ela afirma isso associando a quantidade de cabeças de miosina ligada a actina, como se fosse um cabo de guerra onde quanto mais pessoas no cabo de guerra maior será a força exercida. Para que aconteça a contração a tem que haver a ligação da cabeça de miosina a actina realizando os ciclos das pontes cruzadas. A lei de FS afirma que quanto maior o grau de distensão, ou seja, quanto maior o volume mais distendida estarão as fibras e mais exposta vai estar a actina a mais cabeças de miosina aumentando a força de contração até certo limite fisiológico. Já que dependendo da distensão a força de contração pode acabar diminuindo já que acaba diminuindo a conexão entre as cabeças e a actina 11 → Controle de [ Ca++] Citoplasmático - Influxo de Ca++ por canais voltagens-sensíveis ou operados por corrente lenta - Influxo de Cálcio por canais ligados a receptor de rianodina no retículo - Bombas de CA-ATPase do retículo sarcoplasmático (SERCA) e sarcolema - Trocada de Na/Ca responsável pela correção de vazamento de Ca++ através do sarcolema - Ligantes intracelulares de Ca: calmodulina, miosina de cadeia leve, troponina C → Se ligam ao Cálcio livre ● Controle da ritmicidade: nervos simpáticos e parassimpáticos Apesar do automatismo, é de conhecimento prévio que o SNA atua na modulação do sistema cardíaca Parassimpáticos → Distribuem-se para os nodos S-A e A-V (INIBITÓRIOS), menos para a musculatura atrial e ventricular - Efeito cronotrópico tão intenso quando o SNAS Simpática → Distribuem-se por todas as porções do coração - Inotrópico mais intenso que o SNAP → Simpático - mesma intensidade na frequência e mais evidente na força de contração → Parassimpática - interfere mais na frequência que na força 12 SIMPÁTICO Efeito B1 AUMENTO DA FORÇA DE CONTRAÇÃO AUMENTO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA AUMENTA A VELOCIDADE DE CONTRAÇÃO AUMENTA A AUTO-EXCITABILIDADE DAS FIBRAS DE PURKINJE DIMINUI O TEMPO DO P.A Causas: → AUMENTA A CONDUTÂNCIA DE CA++ INTRACELULAR - A ativação do receptor B1 irá induzir a ativação de Pka estimulando a abertura de canal de cálcio tipo L, ela estimula receptores rianodina na membrana do sarcoplasma e INIBE fosfolambam PARASSIMPÁTICO M2 DIMINUI A FORÇA DE CONTRAÇÃO DIMINUI A FREQUÊNCIA CARDÍACA DIMINUI A VELOCIDADE DE CONDUÇÃO Causas → Aumenta a condutância ao K+ → Causa hiperpolarização diminuindo a capacidade de gerar o potencial espontânea → Diminui a condutância de cálcio → Efeito bem menor 13 ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA ● Introdução O potencial de ação cardíaco possui dois tipos que são distintos do potencial de ação neuronal, possuindo além do sódio e do potássio a participação do Ca++ na formação do potencial de ação. ● Sistema excitatório e condutor especializado Em verde podemos observar simbolizando as células condutoras. Nodo Sinoatrial = É um conjunto de células condutoras localizado na parte superior do átrio direito onde é gerado o impulso rítmico do coração. Também são células musculares cardíacas mas com uma menor capacidade de contração, já que possuem menor quantidade de sarcômeros, e possuem como principal função produzir e conduzir o potencial de ação para outras células Dentre as células condutoras o nodo sinoatrial é a região que produz o potencial de ação de maneira mais rápida, funcionando como um marcapasso cardíaco, possuindo canais tipo FUNNY que possibilitam um potencial de ação mais rápido que as outras células. Vias internodais = Conduzem o potencial de ação gerado pelo nodo S-A para o músculo atrial, inclusive se propagando para o átrio esquerdo, se espalhando de maneira extremamente rápida devido a presença dos discos intercalares, possibilitando que ambos os átrios se contraiam como uma única unidade. Enquanto o átrio está contraindo o ventrículo está relaxando, esse potencial gerado não passa diretamente para os ventrículos, sendo bloqueado pelo tecido conjuntivo fibroso, indo para o nodo atrioventricular. Nodo Atrioventricular = No nodo atrioventricular ocorre um atraso na condução desse potencial já que nessa região temos uma menor quantidade de junções GAP porque enquanto o átrio estiver contraindo o ventrículo não pode de maneira alguma contrair, portanto, caso o sinal seja enviado rapidamente pelo nodo atrioventricular ele induzirá a contração ventricular quase ao mesmo tempo dá atrial. Quando o potencial de ação chega ali ele demora para ir para o feixe de his, se propagando somente quando o átrio começa a relaxar. Feixe de his = Conduz o impulso nervoso do Nodo AV para as células de purkinje que se encontra no ápice ventricular 14 Fibras de purkinje = Conduzem o potencial de ação para as células ventriculares ocasionando a contração ventricular e ejetando o sangue nas grandes artérias. ● Ritmicidade do coração O músculo cardíaco é caracterizado pelo seu incrível automatismo que se encontra presente nas células cardíacas condutoras e de contração, o que muda é que as células nodais ( condutoras ) possuem capacidade de gerar o potencial de ação mais rapidamente já que suas membranas são mais permeáveis ao sódio pela presença dos canais FUNNY. Como elas disparam o potencialprimeiro elas acabam determinando o ritmo de contração desse coração, ou seja, serão as células nodais que irão determinar a frequência cardíaca, por esse motivo elas recebem a denominação de marcapasso Todas as células cardíacas são permeáveis ao sódio, o que não acontece no neurônio, já que as células neuronais precisam de um estímulo para que se abram os canais de Na +. Essa permeabilidade das membranas das células cardíacas faz com que constantemente se atinja o limiar de disparo fazendo com que o potencial de ação seja gerado constantemente. Esse constante disparo pode ser melhor observado nas células nodais que possuem em sua membrana um canal especial chamado canal do tipo FUNNY que é permeável ao sódio e ao cálcio levando constantemente a polaridade da membrana ao limiar de disparo OBS.: Caso o nodo sinoatrial não dispare o nodo atrioventricular assume essa função de marcapasso como segundo a disparar, e caso este falhe, as células atriais assumem esse papel ● PA Cardíacos O potencial de ação na célula muscular cardíaca é dependente de canais, sendo seu potencial de repouso por volta de -80mv ( mais permeável ao K+, próximo ao seu potencial de equilíbrio) sendo menos negativo que o potencial de repouso neuronal devido a sua maior permeabilidade de sua membrana 15 ➤ Tipos de canais → Rápidos de sódio → Lentos de sódio-cálcio ( platô ) → De potássio Para gerar o potencial de ação no músculo cardíaco precisamos além do Na+ e K+, como no potencial neuronal, o íon Ca++ participando dos dois tipos de P.A cardíacos. Os canais permitem a passagem desses íons precisando do auxílio da bomba Na+/K+, como a célula muscular cardíaca possui o automatismo ela precisará sempre gerar um gradiente de concentração e portanto precisa sempre ter maior quantidade de Na+ do lado de fora e mais K+ do lado de dentro então a bomba é de extrema importância para manter esse gradiente e é por isso que se encontra sempre ativa. É de extrema importância o fornecimento de um suporte sanguíneo adequado para as células cardíacas pelas coronarianas para o pleno funcionamento da bomba porque se este músculo fica sem esse suporte sanguíneo as células podem sofrer lesão e morte levando a um quadro de infarto do miocárdio Os canais de sódio são semelhantes aos canais de sódio presentes nos neurônios possuindo a comporta de ativação e inativação que se comportam da mesma forma do potencial de ação neuronal onde teremos 03 configurações: (1) Fechado com a comporta de ativação fechada (2) Aberto quando a comporta de ativação se encontra aberta (3) Inativado quando a comporta de inativação se encontra fechada. A forma inativada o canal de sódio não se abre de maneira alguma, mesmo com grande estímulo, primeiro precisa que se feche a comporta de ativação, abrir de inativação e voltar para a configuração fechada onde se tornará capaz de abrir novamente na presença de estímulo 16 ➤ Tipos de PA Devido a presença de Cálcio e a características de membrana das células musculares cardíacas serem diferentes o músculo cardíaco elas vão realizar dois tipos de potenciais de ação: (1) Rápido - Miocárdio, sistema HIs-Purkinje (2) Lento - NSA. NAV Essa nomenclatura é dada pelo tempo de ocorrência do potencial, ou seja, o tempo que ele leva para finalizar e iniciar ( duração ) e não seu tempo para começar. A velocidade de disparo é mais rápida nos nodos, ou seja, atinge o limiar de disparo mais rápido. Quando é dito tempo de duração é o tempo que ele leva para disparar e voltar ao repouso, portanto vamos que o no caso o NSA leva menos tempo do que o potencial do átrio, por isso, são chamados de PA do tipo lento e rápido, respectivamente. No do tipo lento não observamos um repouso, quando ele repolariza ele imediatamente começa a despolarizar , ao contrário daqueles de PA do tipo rápido onde se observa um tempo de repouso muito maior porque essas células possuem menor permeabilidade ao sódio. Ou seja, aquelas células que realizam PA do tipo lento disparam mais rapidamente porque praticamente não têm repouso, já as outras células mantêm uma fase de repouso maior. Mantendo um PA maior e finalizando seu “ciclo” mais LENTAMENTE e mantendo uma PA menor realizando seu “ciclo” mais RAPIDAMENTE de forma respectiva aos PA do tipo lento e rápido. Como nos nodos temos um potencial do tipo lento ele acaba ditando a frequência de disparo. No miocárdio temos um potencial de tipo rápido e portanto o maior tempo de repouso acaba sendo ideal já que dá tempo para que a musculatura relaxe adequadamente. 17 Teremos diferentes tipos de canais presentes na membrana das células cardíacas e serão esses canais iônicos que definem as diferentes fases deste potencial. Devido a diferença de tipos de canais presentes na membrana teremos um comportamento diferente entre ambos os potenciais. Ex.: A presença do canal de cálcio do tipo L está presente no rápido e no lento não está e o canal tipo FUNNY que permite uma grande permeabilidade ao íon sódio só estará presente nas células que realizam o potencial de ação do tipo lento O potencial de ação possui 5 fases ( 0-4) enquanto o potencial lento só possui 03 fases ( 0, 03 e 04) devido ao comportamento e composição dos canais. ➤ Potencial do tipo RÁPIDO Fase 0: a fase ascendente do potencial de ação começa quando um estímulo supralimiar despolariza rapidamente a membrana pela ativação dos canais rápidos de Na+ Fase 1: A repolarização prematura é causada pelo efluxo de K+, através dos canais rápido de potássio, e canais de Na + rápidos fechados. ( Despolarização máxima inativa os canais de Na+ e canais de K+ transientes abrem ) Fase 2: o platô representa o balanço entre o influxo de Ca++, através dos canais transmembrana de Ca++, e o efluxo de K+ Fase 3: a repolarização final começa quando os canais lentos ou retificadores de K+ se abrem e os canais de Ca++ são fechados Fase 4: Célula em repouso e fecha os de K+ 18 ➤ Potencial do tipo LENTO Fase 4: Influxo de Na+ do tipo FUNNY, que permite a entrada gradual, e desativação do efluxo de K+ Fase 0: Influxo de Ca++ ( Canais tipo L que possuem cinética de ativação/inativação mais lenta que canais de Na+) Fase 3: Efluxo de K+ NÃO APRESENTAM FASE 1 E 2 ● Comporta de inativação Devido às características de abertura e fechamento dos canais, aqui muito semelhante ao potencial de ação neuronal teremos os períodos refratários absolutos e relativos que é quando no absoluto, as células não geram nenhum potencial de ação, e no relativo, é quando a célula for estimulada ela poderá gerar um potencial de ação. Nos de resposta lenta temos um período refratário teremos um período refratário muito maior do que o de resposta rápida 19 Somente no período refratário RELATIVO conseguirá com estímulos gerar um novo potencial de ação. Quanto mais distante mais tempo, então vemos que inicialmente um novo potencial de ação é gerado fraco e com opassar do tempo ( mais para a direita ) ele acaba ficando maior Duração de um ciclo = tempo entre os potenciais de ação sucessivos. Alterações na duração de tal ciclo interferem diretamente na frequência cardíaca e dependendo da intensidade poderá interferir na duração do potencial de ação Quanto menor a frequência, quanto menor for a duração iremos diminuir ad uração do potencial de ação o que pode ocasionar problemas no disparo de tal potencial, interferindo na sequência de abertura e fechamento de canais devido ao encurtamento de maneira brusca levando a entrada no período refratário absoluto onde não será induzido de maneira alguma o potencial, ou seja, a manutenção da duração do ciclo é importante que se mantenha dentro de um limite para que não se encurte o potencial de ação além dos limites fisiológicos e levando a parada do músculo cardíaco. ● Marcapasso cardíaco As células do NSA são conhecidas como marcapasso cardíaco já que possuem a capacidade de iniciar um PA na ausência de qualquer estímulo externo. Sua fase 4 é mais inclinada, ou seja, possuem maior número de canais tipo FUNNY fazendo com que disparam potenciais de ação mais rápido. 20 Não exibem PR fixo => Fase 4 a despolarização diastólica é lenta e ao atingir o limiar desencadeia a despolarização mais rápida ( fase 0 ) Células NSA => Fase 4 mais inclinada => atinge limiar em menor tempo => Maior frequência de disparo =:> marcapasso dominante 21 ECG Contribuição do resumo de Amanda Monteiro 2024.2 ● Introdução A atividade elétrica do coração é captada através de eletrodos posicionados em determinados pontos da superfície corporal. A derivação é uma linha que une eletricamente os eletrodos ao aparelho de eletrocardiograma. Há a derivação bipolar, quando o potencial é captado por dois eletrodos e unipolar quando o potencial é captado por apenas um eletrodo, uma vez que o segundo esteja posicionado em um ponto eletricamente neutro. O coração é estudado através de dois planos elétricos principais, o plano horizontal e o plano frontal. ➤ Derivações do Plano Frontal - Bipolares e Unipolares As derivações do plano frontal são as periféricas, resultantes de um “corte elétrico” do coração no sentido vertical. É determinado através de seis derivações periféricas, sendo três derivações bipolares denominadas D1, D2 e D3 e três derivações unipolares denominadas aVR, aVL e aVF. Bipolares - Olham toda derivação gerada de um pólo ao outro → D1 = Braço direito e braço esquerdo - Olha todo vetor gerado da direita para a esquerda. Mede a diferença de potencial entre dois eletrodos posicionados, um em cada braço, sendo eletrodo positivo localizado à esquerda. O polo positivo de D1 está à esquerda. →D2 = Braço direito e pé - Observa todo potencial gerado do braço direita ao pé esquerdo - mede a diferença de potencial entre os dois eletrodos posicionados, um na perna esquerda e outro no braço direito, sendo o eletrodo positivo na perna. O polo positivo de D2 está embaixo. →D3 = Braço esquerdo e pé - Observa todo potencial do braço esquerdo ao braço esquerdo - mede a diferença de potencial entre os dois eletrodos posicionados, um na perna esquerda e outro no braço esquerdo. O polo positivo de D3 é em baixo. 22 Unipolares - Olham para o centro elétrico do coração ⇒ A = Ampliação ⇒ V = Vetor ⇒ R/L/F = Posição → aVR = Eletrodo explorador no braço direito - R de “right” ,portanto, está posicionado no braço direito do paciente. Mede o potencial absoluto através do eletrodo positivo posicionado no braço direito. O polo positivo de aVR está à direita. → aVL = Eletrodo explorador no braço esquerdo - L de “ left “ ,portanto , está posicionado no braço esquerdo do paciente. Mede o potencial absoluto através do eletrodo positivo posicionado no braço esquerdo. O polo positivo de aVL é à esquerda. → aVF = Eletrodo explorador no pé - F de “ foot “, portanto, está posicionado na perna esquerda do paciente. Mede o potencial absoluto através do eletrodo posicionado na perna esquerda. O polo positivo de aVF está embaixo. Cada derivação pode ser dividida ao meio por uma linha perpendicular. Quando o vetor se projeta na metade positiva da derivação produzirá uma deflexão positiva e quando o vetor se projeta na metade negativa da derivação causará uma deflexão negativa, e perpendicular à derivação produzirá uma deflexão isoelétrica ou idiofásica. As seis derivações periféricas quando sobrepostas, constituem um sistema de eixos hexaxial de Bayley. As derivações em relação à D1 formam ângulos padrões, com polaridades convencionadas. Assim, os ângulos localizados abaixo da linha horizontal são positivos e os ângulos localizados acima da linha horizontal são negativos: ⇒ D1: forma ângulos (0º) e 180º. ⇒ D2: forma ângulos (+60º) e -120º. 23 ⇒ D3: forma ângulos -60º e (+120º). ⇒ aVR: forma ângulos +30º e (-150º). ⇒ aVL: forma ângulos (-30º) e +150º ⇒ aVF: forma ângulos (+90º) e -90º. O valor entre parênteses está salientando o ângulo em que se apresenta o polo positivo de cada derivação. Neste sistema de eixos, três derivações duplas se interseccionam em ângulos de 90º, são elas: ⇒ D1 faz ângulo de 90º com aVF; ⇒ D2 faz ângulo de 90º com aVL; ⇒ D3 faz ângulo de 90º com aVR. ➤ Derivações Precordiais - Derivações do plano Horizontal As derivações do plano horizontal são as precordiais, resultante de um “corte elétrico” do coração no sentido anteroposterior. São determinadas através de seis derivações unipolares posicionadas na face anterior do tórax denominadas V1, V2, V3, V4, V5 e V6. Podemos identificar nesse plano a direção de um vetor cardíaco, como por exemplo, para a esquerda ou direita e para frente ou para trás. Em todas as derivações torácicas ou precordiais, o eletrodo explorador posicionado no tórax é positivo. As derivações precordiais numeradas de V1 a V6 se movem do lado direito para o lado esquerdo do paciente, cobrindo o coração em sua posição anatômica. Essas derivações se projetam do nódulo atrioventricular em direção ao dorso do paciente, pois o polo negativo localiza-se nesta região. 24 A posição dos vetores são: V1 - Quarto espaço intercostal na linha paraesternal direita V2 - Quarto espaço intercostal na linha paraesternal esquerda V3 - Equidistante de V2 e V4 V4 - Quinto espaço intercostal na linha hemiclavicular à esquerda V5 - Quinto espaço intercostal na linha axilar anterior à esquerda V6 - Quinto espaço intercostal na linha axilar média à esquerda Essas derivações precordiais podem observar diferentes regiões cardíacas, por exemplo, V1 e V2 são chamadas de derivações septais já que conseguem observar o septo cardíaco, V3 e V4 são chamadas de derivações mediais e V5 e V6 observam as derivações laterais, ou seja, observam mais a face ventricular esquerda OBS.: Para melhor compreender pense nos vetores precordiais como câmeras que visualizam o coração em posições diferentes, dando uma visualização 3D da eletrofisiologia cardíaca. Sendo que cada ângulo desse nos dá uma noção da eletrofisiologia , e assim , quaisquer alterações refletirão diretamente no eletrocardiograma ● Teoria do dipolo Dipolo é o conjunto formado por duascargas do mesmo módulo, porém com sinais ou polaridades diferentes. A membrana da célula em repouso possui em toda sua extensão cargas positivas, portanto a ausência do dipolo. Entretanto, quando ocorre algum estímulo, inicia-se a despolarização e o influxo de Na+, invertendo as cargas da membrana, tornando-a mais positiva e formando dipolo. O sentido do dipolo progride sempre do ponto negativo para o ponto positivo (a “cabeça”, que é a seta, é positiva, e a cauda é negativa), como ocorre na despolarização. A repolarização se inicia no mesmo local que a despolarização, então, vai do ponto positivo para o negativo, fazendo com que o sentido do processo seja oposto. ● Dipolo e vetores 25 Os dipolos de despolarização ou repolarização podem ser representados como vetores que terão características como módulo, direção e sentido. Os eletrodos do eletrocardiógrafo registram ondas positivas (em direção a seta) quando captam a extremidade de um vetor, e quando é captada a origem do vetor (“bunda”), é registrada uma onda negativa. Um vetor positivo em derivação terá registro acima da linha do zero no eletrocardiograma e um vetor negativo terá registro abaixo da linha do zero. ● Eixo Cardíaco O coração se encontra posicionado na caixa torácica de seu lado esquerdo, sendo levemente inclinado para este lado com seu ápice sendo angulado em torno de 30 a 60 graus diagonalmente para baixo e para esquerda. Existe um macete para identificar o eixo cardíaco: Vamos olhar basicamente duas derivações a ( 1 ) Derivação D1 e a ( 2 ) Derivação aVF: ( 1 ) A derivação D1 pega todo potencial gerado da direita para esquerda - Portanto D1 nos diz sobre a lateralidade do coração, se ele está mais pro lado esquerdo ou direito. Nos dizendo sua LATERALIDADE ( 2 ) A derivação avf pega todo potencial gerado de cima para baixo - Já sobre a INCLINAÇÃO podemos observar esse vetor que nos da aVF, que indica o plano vertical do coração. Quando o coração está em sua posição fisiologia, levemente inclinado para esquerda pode-se observar que a na derivação D1 e a onda de maior amplitude ( a onda R ) for positiva e a aVF for positiva, podemos afirmar que o coração está dentro do eixo de normalidade. 26 Quando o coração está mais horizontalizado podemos observar que D1 se encontra positiva e aVF é uma onda bifásica ou bifásica, ou seja, termos uma maior dificuldade de traçar a resultante em aVF. Seu eixo será levemente deslocado para esquerda, podendo ser patológico ou não. OBS.: D1 positivo e aVF negativo pode ser indicação de alguma patologia que desloca o centro de massa para esquerda, como uma hipertrofia ventricular esquerda, onde a hipertrofia do músculo da parede ventricular acaba “ puxando “ esse coração mais para a esquerda Quando temos uma D1 trifásica e bifásica e aVF predominante positivo seria um eixo deslocado levemente para esquerda onde o eixo pode ser de uma condição não patológica. Muito comum em indivíduos altos e magro, tendo um ápice mais verticalizado. Quando temos D1 completamente negativo e aVF positivo ocorre quando temos uma hipertrofia ou sobrecarga ventricular direita, como uma obstrução da valva aórtica, causando uma dilatação do ventrículo. Quando temos ambos negativos falamos que o coração está em um eixo indefinido. ● Eletrocardiograma normal ➤ Papel milimetrado ⇒ Eixo horizontal = Tempo ⇒ Cada quadradão ( 5 mm ) = 0,20 segundos ou 200 milissegundos e 0,5 mV 27 ⇒ Eixo vertical = 0.5 mV ⇒ Cada quadradinho ( 1 mm ) = 0,04 s ou 40 milissegundos e 0,1 mV Sabemos que cada quadradão tem 0,2 segundos ( 1 segundo são 5 quadradões ) e cada quadradinho tem 1 mm então em um segundo se registra 5 quadradões Se observamos direito podemos perceber que antes de começar as ondas existe uma onda retangular que ocupa dois quadradões que representam a calibração do ECG. ➤ Passo à passo do exame ⇒ Frequência cardíaca Então, para que esse valor possa ser descoberto é necessário contar os quadrados presentes entre duas ondas R, que representam um ciclo cardíaco. Pode ser contada de duas maneiras, dividindo 1500 pelo número de quadrados grandes ou 300 pelo número de quadrados pequenos, cada quadrado grande corresponde a 5 pequenos, e cada quadrado maior corresponde a 0,2s e um quadrado menor, 0,04 s. ⇒ Ritmo cardíaco Necessário que seja medida a distância entre R e R (intervalo RR ) de dois QRS consecutivos. Se o ritmo é regular essa distância é semelhante de um batimento cardíaco para outro, onda P precede o complexo QRS em todas as derivações (exceto aVR), a observação da onda P em D2 tem carga positiva e a frequência cardíaca é normal, consequentemente, o ritmo também é. OBS.: Em eletrocardiogramas com pequenas amplitudes de onda, provavelmente é resultado de alguma alteração eletrolítica do paciente ou algum distúrbio que dificulta a 28 leitura ou formação dos vetores, com isso, podemos mudar o módulo de leitura do ECG indo para o módulo n/2 onde o retângulo é reduzido pela metade. 1. Onda P Ela é a primeira onda registrada em qualquer derivação do ECG, representa a ativação/despolarização dos átrios antes deles começarem a se contrair, e é composta, na verdade, do registro da ativação de cada átrio apresentado com uma única onda. É normalmente arredondada, simétrica e monofásica, pode ter registros negativos ou positivos, normalmente positiva nas derivações D1, D2 e D3, sempre negativa em aVR. Ela possui amplitude e comprimento de no máximo 2,5 quadradinhos, o que representa 0,25mv, porque cada quadrado pequeno tem 0,1mv. Caso essa onda P esteja alargada, com mais 2,5 quadradinhos de comprimento, é observada uma sobrecarga do átrio esquerdo. Mas, caso seja observada uma onda P de grande amplitude, significa sobrecarga do átrio direito. Ela nos dá noção se o potencial de ação cardíaco está sendo gerado de forma correta. Duração - Em D2, até 100 ms Morfologia - Arredondada, monofásica, pequenos entalhes e na TAQUICARDIA se torna pontiaguda Amplitude - Em D2, de 2,5 a 3,0 mm Polaridade - Positiva em D1,D2 e D3. Negativa em aVR 2. Intervalo PR Dado pelo início da onda P até o início do complexo QRS. O significado eletrofisiológico disso seria o tempo de condução através do nó AV. Ele varia com a idade e a FC do indivíduo, ou seja, mais curto em crianças e mais longo em idosos. Esse intervalo apresenta cerca de 3 a 5 quadradinhos. Caso seja identificado um intervalo grande, isso pode significar um bloqueio do nodo átrio ventricular, segurando um potencial de ação e representando, por exemplo, um infarto ou fibrose, o que dependendo do caso pode indicar a colocação de um marca-passo. E caso seja curto, indica possibilidade de pré-excitação ventricular. 3. Segmento QRS e seu eixo, amplitude, comprimento e morfologia. Este complexo representa despolarização ventricular antes de sua contração, tem morfologia pontiaguda e tende a ser maior quanto maior a idade ( sua duração é diretamente 29 proporcional a idade e tamanho do coração e inversamente proporcional a frequênciacardíaca ) . Além disso, ele também possui amplitude variável dependendo das condições cardíacas e extracardíacas do paciente, obesidade, enfisema pulmonar e derrames pericárdicos favorecem o registro de baixa voltagem desse complexo. Em um paciente fisiológico seu comprimento é de três quadradinhos, caso esse tamanho se exceda é e fique muito largo pode indicar taquicardia ventricular. Duração - <100ms ( 2,5 quadradinhos ) - >/= 120 ms ( QRS alargado ) - V1 ( BRD - Bloqueio de ramo direito ) - V6 (BRE - Bloqueio de ramo esquerdo) Amplitude - Onde R - no mínimo 5 mm no PF e 8 mm no PH - R em aVL > 13 mm ( SVE ) Morfologia - Onda Q ( > 1 mm ( 40 ms ) e amplitude ⅓ da R - patológico sendo sugestivo de sobrecarga ventricular esquerda ) - R, rS, rSr’, Q, qR, qRs; de V1 a V6 Polaridade - Torna-se gradualmente positiva de V1 a V6 Alterações - Resumo Redução da Amplitude - Cardiopatías infiltrativas ( Amiloidosis, Hemocromatosis ) - Maior resistência da condução elétrica ( derrame pericardio, pneumotórax, derrame pleural, obesidade, enfisema pulmonar ) - Hipotireoidismo ( mixedema ) Aumento da Amplitude - Sobrecargas ventriculares ( esquerda e direita ) Aumento da duração - Bloqueio de ramo ( esquerdo e direito ) - Ritmo idioventricular ( estímulo de inicio de ventrículo ) - Alterações eletrolíticas ( Hipercalemia e Hipercalcemia ) Desvio de eixo ( esquerdo ) - Desvio mecânico ( elevação diafragmática - Hemibloqueio anterior esquerdo, bloqueio ramo esquerdo e infarto da parede inferior ( D2,D3 e aVF ) Desvio de eixo ( direito ) 30 - Hipertrofia ventricular direita, hemibloqueio posterior esquerdo, Dextrocardia, Infarto da parede lateral 4. Segmento ST Observado imediatamente no final do complexo QRS e início da onda T, é o ponto J, e geralmente adota um caráter isoelétrico. Caso esse ponto J seja negativo, este é chamado de infradesnível do segmento ST, caracterizando um infarto subendocárdico. Já caso esse ponto J esteja aumentado, é chamado de supradesnível de segmento ST, caracterizando infarto subepicárdico. Sendo esse último mais perigoso, porque a vascularização do coração se dá de cima para baixo e de fora para dentro, então quando existe o bloqueio de uma artéria na parte externa, uma grande região fica isquêmica, e, além disso, como o coração se contrai de baixo para cima em torção de dentro para fora, em uma sístole é a região subendocárdica que fica mais tempo sem receber sangue. Caso seja detectada uma supra, ela pode ser tratada, por ser um infarto recente, entretanto, com o passar do tempo pode se transformar em infra e tornar-se perigoso, por isso é de extrema importância que a clínica do paciente seja observada com atenção, e um indivíduo com: dor no peito, juntamente com parestesia do membro superior esquerdo, náusea, vômito, cefaleia, confusão mental e dor nas costas seja diretamente encaminhado ao hospital. Desnivelamentos do Segmento ST podem indicar uma condição cardíaca muito grave podendo haver o infra ou supradesnivelamento O infradesnivelamento de ST ao esforço e na presença de dor torácica sugere isquemia miocárdica. Outras condições, como hipertrofia de VE, podem causar infradesnivelamento de ST. As causas de infradesnivelamento de ST realmente podem ser várias e a isquemia miocárdica sem dúvida é a principal e mais comum. Outras causas podem acontecer em hipertrofia (aumento de tamanho) do coração, alguns tipos de arritmia cardíaca, inflamação da membrana que envolve o coração ou até alterações inespecíficas que não significam qualquer doença. Relacionado a com infartos de infarto de regiões Subendocárdicas. O supradesnivelamento de ST pode significar infarto agudo do miocárdio, na presença de história sugestiva. Lembrar de outras causas de supradesnivelamento, como repolarização precoce, hipercalemia, bloqueio de ramo esquerdo, pericardite, 31 síndrome de Brugada. O supra é quando o ponto J do final do complexo QRS se encontra elevado em comparação a linha de base. Um macete muito fácil é observar se temos um super onde na parte de cima a concavidade está para cima, está fazendo uma cara feliz, portanto é de causa não isquêmica ( menos grave, como em um quadro de pericardite ou a fase inicial de um infarto agudo do miocárdio ), já com a concavidade para baixo, está fazendo uma carinha triste, indicando a presença de um infarto com causa isquêmica, geralmente relacionada com lesão subepicárdica. Corrente de lesão subendocárdica - Infra ST ( sub oclusão coronária ) Diagnóstico diferencial - Efeito digitálico, quindina, miocardite aguda, cor pulmonale, AVE, hipocalemia Corrente de lesão subepicárdica e transmural - Supra ST Diagnóstico diferencial - Angina vasoespástica, pericardite, aneurisma ventricular, hipercalemia, embolia pulmonar, repolarização precoce, hipotermia, síndrome de brugada 5. Onda T Representa a repolarização ventricular e tal processo se realiza no mesmo sentido da ativação ventricular. Suas características normais não devem ser medidas isoladamente, estando tal medida embutida no cálculo do intervalo QT. Ela é arredondada, assimétrica e de longa duração, e adota um caráter positivo na maioria das derivações (as superfícies apicais externas dos ventrículos se repolariza antes das internas, então a extremidade positiva do vetor ventricular resultante durante a despolarização é no ápice do coração). Caso ela esteja 32 invertida, aplicada ou aplanada pode indicar hipopotassemia, sobrecarga ventricular e miocardiopatia hipertrófica. Entretanto, quando está invertida em V1 não indica quadro patológico em nenhuma idade. Isquemia subendocárdica - Onda T alta e apiculada/ simétrica Isquemia subepicárdica ou transmural - Onda T inversa, profunda, pontiaguda e simétrica Manifestações: 1 - Alterações da onda T ( isquemia ) 2 - Infra ST ( corrente de lesão subendocárdica para sub oclusão coronariana ) 3 - Supra de ST ( corrente de lesão subepicárdica para oclusão coronariana ) 4 - Redução da onda R ( necrose ) 5 - Onda Q patológica ( necrose ) 6. Intervalo QT Período de tempo entre o início do complexo QRS e o final da onda T e corresponde a duração da sístole elétrica ventricular. Esse intervalo aumenta com a FC, com o avanço da idade e com o sono. Seu prolongamento pode indicar distúrbios eletrolíticos como hipocalemia, hipomagnesemia e hipocalcemia, taquicardia ventricular e a utilização de drogas antiarrítmicas como antidepressivos. ● Referência Anatômica do ECG Cada vetor observa uma região diferente do coração já que os vetores funcionam como câmeras. A tabela ao lado , é importante para se 33 localizar regiões de infarto. Exemplo, as derivações V1-V6 olham a parede anterior do coração e na parede anterior se temos uma alteração do ECG , como um supra ST, pode estar se tratando de um infarto onde a coronária descendente anterior está comprometida. Uma alteração em V1 e V2 pode-se suspeitar um infarto de parede ântero-septal e que a artéria acometida foi a descendente anterior. Resumo das principais patologias 1. ONDA P Alargada: sobrecarga do átrio esquerdoGrande amplitude: sobrecarga do átrio direito 2. INTERVALO PR Intervalo grande: bloqueio do NAV (infarto ou fibrose) Intervalo curto: pré excitação ventricular 3. SEGMENTO QRS Comprimento grande: taquicardia ventricular 4. SEGMENTO ST Ponto J negativo: infradesnível do segmento ST (infarto subendocárdico) Ponto J aumentado: supradesnível do segmento ST (infarto subepicárdio), mais perigoso porque a vascularização do coração se dá de cima para baixo e de fora para dentro. 5. ONDA T Invertida, aplicada ou aplanada: Hipopotassemia, sobrecarga ventricular e miocardiopatia hipertrófica. Invertida em V1 não indica quadro patológico em nenhuma idade. 6. INTERVALO QT Seu prolongamento pode indicar distúrbios eletrolíticos como hipocalemia, hipomagnesemia e hipocalcemia, taquicardia ventricular e a utilização de drogas antiarrítmicas como antidepressivos. 34 DÉBITO CARDÍACO ● Introdução Débito cardíaco é o volume de sangue ejetado pelos ventrículos em 1 min. Como estamos falando de volume sanguíneo existem fatores que acabam interferindo no volume que será injetado, fatores cardíacos diretos como a frequência cardíaca e a contratilidade e fatores adicionais como a pré carga e a pós carga e também fatores como metabolismo corporal, atividade física, idade e dimensões do corpo podem alterá-lo Nem todo sangue que está no ventrículo é ejetado, o ventrículo nunca ficará completamente vazio, sempre restando um pouco de volume de sangue nos ventrículos ● Fatores Cardíacos ou Determinantes do débito cardíaco DC = VS X FC O débito cardíaco é igual ao volume sistólico (VS) - volume ejetado durante a sístole - multiplicado pela frequência cardíaca (FC), ou seja, esses dois fatores controlam o débito cardíaco, o aumentando ou o diminuindo dependendo da variação desses fatores (1) Frequência cardíaca A frequência cardíaca está diretamente ligada ao ciclo cardíaco em 1 min e é diretamente proporcional ao débito cardíaco, ou seja, em condições fisiológicas o aumento da frequência cardíaca significa o aumento do débito cardíaco e depois que a frequência diminui o débito diminui junto. Em condições patológicas ou crônicas onde a FC fica aumentada por horas os ventrículos não conseguem se encher de maneira totalmente, diminuindo o débito e como consequência causa problemas na regulação cardíaca e de oxigenação, ou seja, a FC cardíaca quando aumentada em períodos pequenos é diretamente proporcional ao ao DC e quando se mantém alta por longos períodos de tempo, como ocorre em algumas condições de taquiarritmias, se torna patológica e acaba diminuindo o DC devido a alteração do volume sistólico. Pacientes com taquiarritmia tem como sintoma comum a síncope já que possui seu volume 35 reduzido chegando ao cérebro. E em casos de redução crítica do débito cardíaco pode ocorrer a redução da pressão arterial causando hipotensão Ex.: Caso você tenha uma prova surpresa nesse exato momento sua frequência cardíaca irá aumentar e depois quando cancelarem essa prova sua frequência vai normalizar, isso ocorre porque existe um centro bulbar que mantém um equilíbrio da sua pressão arterial e frequência cardíaca. Quando você soube que ia ter a prova surpresa sua frequência aumentou e com isso o seu débito cardíaco aumentou mas isso não impactou no volume sistólico pois foi um aumento de frequência sustentado fisiologicamente, mas em certas doenças quando o controle da frequência cardíaca é afetado e ela aumenta além dos níveis fisiológicos e portanto o ventrículo não consegue se encher a tempo e portanto acaba diminuindo o débito, porque sairá menos sangue do coração e irá diminuir o VS. O aumento da frequência cardíaca acaba aumentando o “trabalho” da musculatura cardíaca e de seu consumo de O2 . O coração é o único órgão que recebe sangue durante a diástole, já que as coronárias só começam a se encher durante tal fase, portanto com um aumento da frequência as coronárias não conseguiriam se encher de forma adequada levando a necroses no coração. PA = DC X RVP RVP = resistência vascular periférica, caso ela seja aumentada a pressão arterial irá subir - Lembrando que o tônus simpático mantém os vasos em um diâmetro onde quando chega o volume sanguíneo ele irá encontrar tal vaso em uma dada contração - O tônus simpático acaba mantendo a pressão dos vasos mas se a ação A1 dos vasos aumentar de forma demasiada ou se este vaso perder sua capacidade de complacência de retorno a luz normal o tônus perdendo seu controle sobre o diâmetro aumentando sua RVP ( vaso contraído ) e levando a PA á aumentar. Um aumento momentâneo é aceitável mas em casos de aumentos prolongados acaba sendo extremamente nocivo para os órgãos já que acaba diminuindo seu suprimento sanguíneo. O volume sanguíneo com a vasoconstrição ( ↑ RVP ) acaba diminuindo e a velocidade do fluxo acaba aumentando, ou seja, os órgãos que precisam de grande aporte sanguíneo ( principalmente os rins ) começam a receber pouco sangue ocorrendo lesões que acabam gerando quadros necróticos ou escleróticos evoluindo, por exemplo, para um quadro de insuficiência renal. (2) Volume sistólico É o volume ejetado durante a sístole e possui 03 variáveis: 36 - Contratilidade = O coração quando ele mantém força de contração o DC acaba melhorando, desse modo, a contratilidade é a forma com que o coração se contrai, quando ocorre o aumento da contratilidade ocorre o aumento do DC, assim como, caso ele diminua o DC irá diminuir. O coração pode ter um aumento da frequência cardíaca e mesmo a contratilidade diminuir, fazendo com que o DC caia e a contratilidade permaneça sem alterações. Um exemplo seria um coração de um atleta, o coração de um atleta é hipereficaz (possui uma hipertrofia excêntrica), ou seja, sua parede é mais espessa dando a ele uma maior força de contração e uma maior capacidade de comportar volume sanguíneo, tendo um volume sistólico maior, isso faz com que o débito cardíaco de tal atleta seja excelente e com isso ele tenha uma menor frequência cardíaca quando comparado a pessoas sedentárias. O contrário seria um coração hipoeficaz, como num caso de insuficiência cardíaca congestiva, um coração hipoeficaz é um coração que possui um débito muito baixo e uma força contrátil muito menor podendo causar um refluxo sanguíneo pois o sangue fica congestionado no coração, não conseguindo ser ejetado para a circulação sistêmica. Com o aumento da RVP o ventrículo esquerdo passa a fazer mais força para que ocorra a ejeção de sangue, com isso, o ventrículo esquerdo pode desenvolver uma hipertrofia concêntrica ( para a luz do ventrículo ) sendo extremamente maléfica ao débito já que irá diminuir espaço para comportar volume sanguíneo levando a uma alteração do DC. - Pré-carga : definido como o estresse da parede ventricular direita durante a carga dos ventrículos. O Átrio Direito recebe sangue das veias cavas superior e inferior, ou seja, recebe o retorno venoso, que está intimamente ligado a pré-carga, já que se houver maior volume de sangue irá ter maiorvolume nos ventrículos e caso a pré-carga diminua o DC também é alterado A pré carga também pode ser definida como um sinônimo de retorno venoso, ou seja, a quantidade de sangue que retorna das veias cavas para o átrio direito. Com o aumento da RVP e a deficiência da regulação intrínseca por barorreflexos não controlá-la a pré carga acaba diminuindo já que tem menos sangue retornando para os ventrículos. A pré carga dentro de limites fisiológicos é diretamente proporcional ao Débito Cardíaco, porém, se a pré carga passa dos limites fisiológicos e acaba se alcançando limites patológicos o impacto será negativo nos pulmões devido ao aumento abrupto de volume, pois, se o volume que chega aos átrios ultrapassar as condições fisiológicas o coração perde força de contração e dentro dos limites fisiológicos ele ganha força de contração ( Lei de Frank-Starling - a distensão se passar dos limites fisiológicos o contato entre actina e miosina diminui e a contração acaba diminuindo), com a perda de força de contração o coração fica congesto e o sangue que 37 estaria circulando entre coração e pulmão acaba permanecendo nos pulmões levando a um edema agudo pulmonar Ex.: Paciente internado em hospital recebeu fluidoterapia ( soro ) sua pré carga acaba aumentando, devido ao aumento do volume sanguíneo. Em pacientes em que a fluidoterapia é demasiada, alem dos limites fisiológicos, e o coração acaba perdendo força e ficando congesto - Pós-carga ( RVP ): resistência da ejeção dos ventrículos pelas paredes dos vasos. Em pacientes hipertensos a pós-carga aumenta devido a um aumento da constrição dos vasos que acarreta em um aumento inicial do débito cardíaco, porém, o volume de sangue que retorna ao coração (retorno venoso) acaba diminuindo e com isso há uma queda da pré-carga e débito cardíaco Em casos de pacientes que tiveram sua pós-carga aumentada por razões fisiológicas ocorre um equilíbrio intrínseco da pré e pós-carga pelas células simpáticas, levando ao equilíbrio do retorno venoso e do débito cardíaco. Ou seja, caso ocorra um aumento da RVP a pós-carga também irá aumentar e se diminuir a RVP a pós-carga também irá diminuir em limites fisiológicos . Em casos de pacientes hipertensos a pós-carga é tanta que a fração de ejeção acaba diminuindo, com isso, sangue ficará congestionado levando a um edema pulmonar. Com um aumento da pós-carga de forma demasiada o Débito Cardíaco acaba diminuindo, pois, com uma resistência maior a fração de ejeção é diminuída e o volume que permanece no coração diminui e leva a diminuição do sangue que retorna ao coração é( diminui o retorno venoso ) ● Determinantes do DC 1. Pressão arterial Em um caso fisiológico o aumento da PA irá acarretar em um aumento do DC. Já em casos patológicos, caso a pressão permaneça alta, o débito cardíaco acaba diminuindo por consequência de uma deficiência no enchimento dos ventrículos 2. Fração de ejeção ( normal > 55% ) Quando o coração ejeta sangue os ventrículos nunca esvaziam completamente, sempre irá restar uma fração do volume sanguíneo ao fim da sístole, isso ocorre devido ao momento onde a pressão ventricular se torna menor 38 que a pressão na aorta, nesse momento ocorre o fechamento da valva aórtica e o sangue pára de fluir. O FE é de todo volume que está naquele ventrículo comparada a fração que sai dos ventrículos, ou seja, o FE controla o que fica e o que sai em paciente com F.C aumentada e F.C diminuída. A fração de ejeção é essencial que seja mantida. Com um aumento abrupto da frequência cardíaca o primeiro impacto é na fração de ejeção, pois se temos um volume menor no coração a sua fração de ejeção será menor. Um paciente idoso hipertenso que já possui certa dificuldade de contrair o coração, devido a hipertrofia concêntrica que acaba também diminuindo o volume que o coração comporta, um dos impactos deste cenário é o edema pulmonar cardiogênico, porém, com a chegada constante de mais volume o ventrículo pode acabar dilatando perdendo força de contração e diminuindo a fração de ejeção. É nesses casos que é necessário fármaco que façam com que o ventrículo recupere sua força de contração ( em casos que esse fármaco não consegue reverter é necessário transplante cardíaco ) OBS.: Pacientes com sopro mitral intenso teremos um volume menor no ventrículo esquerdo, ou seja, o impacto é tão grande na fração de ejeção que pode ocasionar síncope ou cansaço extremo 3. Retorno venoso É influenciado por três fatores - Pressão atrial direita: exerce pressão retrógrada sobre as veias. Quando é aumentada até se igualar com a pressão dos vasos periféricos o fluxo sanguíneo para devido a uma falta de diferença de pressões - Grau de enchimento da circulação sistêmica - Resistência do fluxo sanguíneo entre os vasos periféricos e o átrio direito ● Controle intrínseco Quando a PA aumenta a ponto de quebrar a homeostasia, o centro regulador faz com que a PA volte ao normal. Quem deflagra esse sinal para o centro são os barorreceptores - receptores de pressão - presentes no seio carotídeo e na crosta da aorta, este receptores mandam informação para o SNC que processa a informação e age normalizando a pressão arterial. O controle favorece sempre que se mantenha o débito cardíaco, seja aumentando a pressão, frequência cardíaca e outros. Em pacientes hipertensos esse barorreceptores acabam achando que o “normal” são suas elevadas pressões arteriais - foram dessensibilizados - fazendo com que esse sistema regulador não funcione de maneira correta e trabalhe para manter a pressão em níveis elevados , é recomendado o uso de fármacos para que essa regulação se torne normal. A lei de Frank-starling e os nodos também agem como controle intrínseco 39 ● Controle extrínseco - Neurogênico Influência externa controlado pela inervação do SNA. Em casos de pessoas que receberam transplante não haverá essa inervação B1: CONTROLE SIMPÁTICO ↑Adenilato ciclasa ↑MPC ↑Ca ++ Fosfolambam é fosforilada o que deixa a SERCA livre, aumentando a recaptação de Ca++ para os retículos sarcoplasmáticos ao mesmo tempo que a condutância de Ca++ está aumentada, aumentando assim a sua frequência cardíaca e contratilidade A frequência e a força de contração aumentadas tem um impacto direto tanto nos nodos quanto na musculatura M2: CONTROLE PARASSIMPÁTICO Causa hiperpolarização devido a abertura de canais de K+ o que leva ao fechamento de canais de Ca++ voltagem dependentes o que leva a uma maior dificuldade para a despolarização. FC↓ A inervação parassimpática só se encontra nos nodos, portanto, Durante o exercício físico o aumento do metabolismo local dos músculos acaba aumentando o consumo de O2 e como consequência, aumenta o DC. Os músculos esqueléticos atuam diretamente sobre as arteríolas musculares relaxando-as para permitir o acesso do O2, diminuindo a RVP. Para regular a pressão o SNA compensa causando a constrição de vasos motores ↑FC ↑Contratilidade ↑PA ↑Fluxo sanguíneo ↑DC compensando pelo SNA, impedindoque a pressão caia de maneira desastrosa 40 ➤ PDF2 (VSF) x VS Relação de Frank-Starling Em condições fisiológicas todo o volume que chega ao coração é capaz de ser ejetado, porém, quando esse volume ultrapassa suas as condições fisiologicas ele não conseguira ejetar todo o volume sanguineo que deveria devido a uma diminuição na força de contração dos ventrículos , já que teremos menos sítios ativos de actina ativados pelas cabeças de miosina (↓FE). As células percebem isso e provocam ↓PA↓ FC para que o sangue chegue mais devagar ➤ RP x VS À medida que a resistência periférica vai aumentando o volume sistólico é sustentado até certo ponto, porém, chega um momento em que a RP aumenta demais e o VS começa a cair, ou seja, como a pós-carga é a resistência dos vasos a ejeção do ventrículo esquerdo dentro dos limites fisiológicos o volume sistólico é mantido por regulações intrínsecas do organismo que atenua a pressão arterial diminuindo um pouco a pós-carga, quando atingem limites não fisiológicos acabam impactando o retorno venoso e o ventrículo esquerdo que perde fração de ejeção, 41 de maneira geral diminuindo o débito cardíaco . Caso isso se mantenha por muito tempo o organismo ativa mecanismos que fazem uma queda da PA e FC para que o VS não caia e o sangue flua corretamente ➤ VS x Pré - carga - O eixo normal mostra uma pré-carga maior e um volume sistólico maior pois tem mais sangue voltando para o AD - As curvas 1 a 4 mostram pacientes com insuficiência cardíaca, é quando o coração fica mais flácido e perde força de contração - Na curva 04, mesmo com a pré-carga aumentada e o VS é menos, pois, a pré carga está aumentada em níveis não fisiológicos, ou seja, o retorno venoso está comprometido devido a uma menor capacidade do coração de se contrair e ejetar seu sangue, diminuindo como consequência o sangue que retorna para o AD (Mecanismo de Frank - Starling) ➤ VS x Pós - carga 42 Na curva normal a pós-carga aumentada ainda mantém um nível de volume sistólico normal devido as regulações intrínsecas do proprio sistema cardiaco ( diminuindo a pressão arterial e causando vasodilatação ), porém, chega um ponto onde a pós-carga muito aumentada leva a um VS inadequado devido ao prometimento do retorno venoso. No paciente 04 a pós-carga aumenta tanto que a pré carga é comprometida afetando o retorno venoso e o VS - Hipertrofia excêntrica coração mais eficaz quando pratica atividades físicas mantendo a FE com menos esforço e sem alteração da FC - Hipertrofia concêntrica: ocorre em pacientes hipertensos, aumentando a RVPT Pós-C e Pressão dos ventrículos, camadas internas começam a hipertrofiar, diminui a luz do ventrículo, diminui o volume = insuficiência cardíaca. Coração não consegue relaxar como um todo diminuindo o DC, VS e FE OBS.: O relaxamento ventricular é de extrema importância para se manter um débito cardíaco adequado OBS.2: O fluxo sanguíneo do miocárdio envolve as famosas artérias coronarianas e vimos que se a frequência cardíaca aumentar demasiadamente a coronária é comprimida levando a um quadro isquêmico, ou seja, o bulbo deve controlar a FC para que não ocorram esses impactos no coração OBS.3: O músculo cardíaco possui uma lei de oferta e demanda de modo que a oferta tem que sempre acompanhar a demanda, ou seja, com um aumento da frequência cardíaca o pulmão precisa captar mais O2 por isso quando corremos aumentamos a frequência respiratória em paralelo com a cardíaca. Se em algum momento a demanda for maior que a oferta, por arritmias como exemplo, leva a um infarto. Por isso, um dos medicamentos prescritos para pacientes infartos são os B-bloqueadores que ao bloquear o receptor B1 reduz a FC e trabalho cardíaco, voltando a equilibrar a lei de oferta e demanda, evitando o surgimento de novas áreas de infarto. 43 CICLO CARDÍACO ● Introdução Cada ciclo cardíaco é iniciado pela geração espontânea de um potencial de ação no nodo sinoatrial Conceitos importantes - Inotropismo: contração cardíaca - Cronotropismo: frequência cardíaca - Dromotropismo: condução de potenciais de ação - Pré carga: Representa o retorno venoso/ O estresse na parede ventricular no momento do retorno venoso ou enchimento dos átrios - Pós carga: É a resistência dos vasos sistêmicos a ejeção dos ventrículos ● Diástole e Sístole O ciclo cardíaco consiste no período de relaxamento, diástole, e no período de contração, sístole A duração de um ciclo cardíaco incluindo a sístole e diástole é recíproca da frequência cardíaca, caso a FC aumenta o ciclo diminui sua duração e vice-versa. A duração do potencial e o período de contração diminui mas o período de relaxamento nem tanto No gráfico, as três curvas superiores mostram as variações de pressão na aorta, no ventrículo e no átrio esquerdo, respectivamente. A quarta curva é a variação do volume no VE. A quinta é o eletrocardiograma e a sexta o 44 fonocardiograma, que é o registro dos sons emitidos pelo coração durante o bombeamento. ● Ciclo cardíaco O ciclo tem início com o relaxamento das câmaras cardíacas para que se tenha o recebimento passivo do sangue - fechamento da valva AV - . Posteriormente ocorre a sístole atrial. Após a sístole atrial o potencial chega aos ventrículos permitindo a contração ventricular. Após a contração ventricular isovolumétrica O potencial lento está presente no nodo atrioventricular. Os canais do tipo fanny são os responsáveis pelo start desse potencial. Esses canais tendem a se abrir quando a célula ainda está em repouso. Precisamos de um potencial lento para que os átrios se contraiam em um tempo diferente dos ventrículos não comprometendo o ciclo cardíaco O nodo sinusal dispara de duas formas distintas: (1) através de estímulos externos, envolvendo diretamente o sistema simpático e parassimpático (2) Por estímulos do próprio coração em que o estiramento da parede do átrio é um gatilho do nodo sinusal. Ou seja, no finalzinho quando o átrio já está cheio de sangue, o potencial começa a ser formado, só que esse potencial é lento. Então o ventrículo já está recebendo sangue bem antes de o átrio contrair. Quando os átrios contraem é para ejetar o final do volume sanguíneo (20%), bomba de escorva, que é quando o ventrículo fica cheio ● Ciclo cardíaco x Eletrocardiograma É mostrado no gráfico as ondas P,Q,R,S e T. Elas são ondas de voltagens elétricas geradas pelo coração e registradas pelo ECG 45 A onda P é causada pela disseminação da despolarização pelos átrios, sendo seguidos pela contração atrial que causa um aumento de pressão discreto imediatamente após a onda P. Após alguns segundos surgem as ondas QRS como resultado da despolarização ventricular, o que irá iniciar um aumento da pressão ventricular, portanto, o complexo QRS se inicia um pouco antes da sístole ventricular. Finalmente aparece a onda T ventricular
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