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FUNÇÕES SUPERIORES DO CÉREBRO

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FUNÇÕES SUPERIORES DO CÉREBRO 
ATIVIDADES CEREBRAIS SUPERIORES 
O córtex cerebral tem extensas conexões aferentes e 
eferentes com estruturas mais profundas do cérebro, como 
o tálamo, o tronco cerebral, cerebelo, medula e sistema 
límbico. O córtex cerebral, região mais recente e de maior 
área em humanos, não é fundamental para a vida, visto que 
animais inferiores não apresentam esta região cortical. Mas 
o seu surgimento e desenvolvimento propiciou, aos 
humanos, uma série de vantagens que o possibilitou a fazer 
mudanças fundamentais em sua vida. 
O refinamento motor dos humanos, em especial das mãos, 
permitiu a confecção de ferramentas que pudessem facilitar 
o seu trabalho. Associado à motricidade, pensamento, 
raciocínio e planejamento tornou possível a elaboração de 
implementos que nenhum outro animal na escala 
filogenética apresenta, que é a real transformação de seu 
meio. 
O pensamento lógico, dedutivo, experimental e matemático 
levou o homem à lua e, em breve, a outros planetas. Cuidou 
de seu ambiente social, difundiu a educação e os cuidados 
com a sua saúde, desenvolveu técnicas médicas que 
garantem melhor qualidade de vida e longevidade. Todo 
este processo evolutivo do homem, e só dele, deve-se 
fundamentalmente ao desenvolvimento do sistema nervoso 
e outros sistemas fisiológicos associados. O coração do 
homem, do rato, do peixe e da tartaruga são semelhantes, 
mas o sistema nervoso não. 
A figura evidencia diferentes áreas corticais especializadas 
em muitas funções. Esta especialização e constante 
integração no córtex e outras áreas subcorticais permite a 
atuação do sistema nervoso em todas as funções biológicas. 
Destaca-se as áreas de associação, sensório-motora, límbica, 
de memórias e dos pensamentos, responsáveis pelas 
atividades cerebrais superiores. 
 
 
As áreas associativas corticais analisam sinais simultâneos 
de diversas regiões corticais e subcorticais e escolhem a 
melhor resposta frente a um estímulo. Existe 3 áreas 
associativas importantes: a) parieto-occipitotemporal; b) 
pré-frontal e c) límbica. 
 
a) Área associativa parieto-occipitotemporal: 
localizada posteriormente ao córtex 
somatosensorial, abaixo do visual e ao lado do 
auditivo, interliga estas áreas e funções. Suas 
principais modulações são: 1) análise das 
coordenadas espaciais do corpo (coleta todas a 
informações ao redor do corpo); 2) área de 
Wernicke (compreensão da linguagem e com várias 
funções intelectuais do cérebro); 3) giro angular 
relacionado à leitura e 4) área de nomeação de 
objetos. 
b) Área associativa pré-frontal: atua em íntima 
relação com o córtex motor para padrões 
complexos e sequências de movimento: recebe 
aferências de outras áreas corticais e de associação 
e apresenta, em especial, memória de trabalho. 
Esta área é também fundamental para a execução 
dos processos mentais, de planejamento, raciocínio 
lógico e criativo; pode ser chamada de ”área de 
elaboração dos pensamentos”. A área de Broca, 
localizada na área póstero-lateral esta envolvida 
com a formação das palavras, vocalizadas ou 
escritas. As áreas de Broca e Wernicke atuam 
sinergicamente. Uma lesão na área de Wernicke faz 
com que a pessoa ainda possa ouvir, mas não 
reconhece as palavras; possa ler, mas é incapaz de 
entender o texto. 
c) Área associativa límbica: é uma grande área 
localizada entre a parte anterior do lobo temporal, 
ventral ao lobo frontal e na profundidade da fissura 
longitudinal. Atua nas reações comportamentais, 
de emoções e punições, raiva e da motivação; é 
responsável também pelos impulsos emocionais 
(aceitos ou não socialmente) e o comando 
motivacional auxilia o processo de aprendizagem. 
 
Funções específicas do córtex cerebral podem ser 
associadas aos diferentes lobos dos hemisférios 
cerebrais. 1. Lobo Frontal 2. Lobo Parietal 3. Lobo 
Occipital 4. Lobo Temporal 5. Lobo Insular De 
maneira resumida, podemos relacionar as 
principais funções dos diferentes lobos, a saber: 
LOBO FRONTAL 
1. Comportamento motor em movimentos 
complexos 2. Planejamento dos sequências do 
movimento 3. Área de Broca, relacionada às 
palavras a serem vocalizadas ou escritas 4. 
Comportamento emocional (com o sistema 
límbico) 5. Pensamento lógico e abstrato 6. 
Memória de trabalho 7. Área criativa e 
coordenação dos pensamentos. 
LOBO PARIETAL 
1. Áreas somatosensoriais, motoras e de 
associação 2. Comunicação com a área de 
Wernicke 3. Determinação do contexto 
espacial. 
LOBO OCCIPITAL 
1. Processamento das informações visuais 2. Controle 
dos movimentos oculares 3. Ajustes da 
acomodação visual 4. Área de associação visual. 
LOBO TEMPORAL 
1. Processamento das informações auditivas 2. 
Processamento das informações vestibulares 3. 
Algum processamento visual no reconhecimento de 
faces 4. Área de Wernicke, relacionado com a 
compreensão da linguagem 5. Comportamento 
emocional (com o sistema límbico) 6. Relacionado à 
aprendizagem e memória. 
LOBO INSULAR 
1. Comportamento emocional e fobias (com o sistema 
límbico) 
2. Responsável pelas sensações do paladar 
(gustativas) 
3. Sensibilidade dos estados do corpo (temperatura, 
dor e movimentos) 
4. Poderia estar envolvido com a empatia (?) das 
pessoas. 
 
PLASTICIDADE NEURAL 
Lesões no sistema nervoso podem induzir o 
remodelamento de vias neurais e a isso chamamos 
de plasticidade neural. O SNC é muito plástico, 
principalmente no cérebro ainda em estágio de 
desenvolvimento, mas persiste algum grau de 
plasticidade no adulto. Em animais recém natos, se 
colocado uma venda em um dos olhos (sem 
estimulação visual), as conexões neurais ficarão 
anormais (no estágio de ”amadurecimento” ou 
período crítico do desenvolvimento); se a venda for 
retirada, as conexões não se restabelecem 
totalmente. Porém se a venda for colocada após o 
período crítico (após algumas semanas do 
nascimento), as conexões nervosas não serão 
afetadas, apesar da inexistência da estimulação 
visual. 
A sensação dolorosa do membro fantasma após a 
amputação, quando estimulado outra parte 
próxima ao coto, revela dor devido a brotamento 
neural da via nervosa do membro amputado; é uma 
forma de plasticidade. Indivíduos com sindatilia 
(fusão de dois ou mais dedos da mão) têm 
representação única no córtex somatosensorial, 
mas após a cirurgia observa-se duas (ou mais) áreas 
no córtex somatosensorial. A secção completa dos 
dois hemisférios cerebrais resulta, após algum 
tempo, em brotamento neural na tentativa de 
restabelecer as conexões entre os dois hemisférios, 
porém não há restabelecimento da função normal. 
Estudos atuais com células tronco observaram 
maior capacidade plástica na reparação de lesões, 
porém ainda não se conhece tal mecanismo. 
HEMISFÉRIO DOMINANTE 
O hemisfério mais desenvolvido nas áreas da 
motricidade, da compreensão da linguagem (área 
de Wernicke) e da fala é denominado de hemisfério 
dominante e em 95% das pessoas destras é do lado 
esquerdo. O hemisfério não dominante (em geral o 
direito), no entanto, é mais desenvolvido em outras 
funções, tais como para entender uma música, 
padrões visuais não verbais, para o tom de voz e as 
relações espaciais do corpo e da “linguagem 
corporal”. Assim, a classificação de hemisfério 
dominante, de forma convencional, deve-se a ser o 
mais desenvolvido na motricidade e na fala. No que 
tange à parte intelectual, parece não haver 
dominância entre os hemisférios. 
APRENDIZAGEM E MEMÓRIA 
APRENDIZAGEM: é o processo pelo qual competências, 
habilidades, conhecimentos, comportamentos, atividades 
motoras ou valores são adquiridos ou modificados como 
resultado de estudo, experiências, raciocínio, observação, 
ações repetitivas ou verificações. 
MEMÓRIA: é a capacidade de adquirir, armazenar e 
recuperar várias informações disponíveis no cérebro, 
obtidas frente a estímulos ou experiências vividas, 
transmitidasou aprendidas 
A repetição constante de uma manifestação do cérebro 
(motora, sensorial, lógica, abstrata ou inventiva) permite 
uma realização melhor da manifestação. A elaboração 
melhor da manifestação deve-se ao processo da 
aprendizagem. No início da aprendizagem algumas áreas 
importantes do SNC atuam em selecionar as opções mais 
adequadas, as vezes por tentativas e erros ou por bom 
planejamento (processo de aprendizagem), mas esta 
manifestação deve ser bem arquivada (memorizada) para 
ser repetida novamente com êxito e organização. Depois de 
aprendida e memorizada, a manifestação pode ser realizada 
com menor ”atenção” do SNC e melhor eficiência. 
Exemplos da repetição como forma de aprendizagem e 
memorização: a) Um jogador de basquete repete muitas 
vezes o gesto do arremesso da bola para a cesta (com 
fragmentação dos movimentos) até que ele possa executar 
com perfeição durante o jogo - (manifestação motora). b) 
Um pianista tendo de compor e tocar uma música, repetindo 
varias vezes as notas musicais até a perfeição sonora - 
(manifestação motora e auditiva). Idem para a letra da nova 
música. c) Desenvolver uma nova fórmula matemática e 
realizar vários cálculos matemáticos - (manifestação do 
pensamento abstrato). d) Aprender a fazer o exame clínico 
em um paciente e interpretar os resultados dos diversos 
exames (manifestação intelectual específica). 
A memória pode ser classificada quanto ao tipo de 
informação que é armazenada OU quanto ao tempo que a 
memória fica retida. Quanto ao tipo da memória, temos: a) 
Memória declarativa. b) Memória de habilidades. Quanto ao 
tempo da memória, temos: c) Memória de trabalho ou 
instantânea. d) Memória de curto prazo ou imediata. e) 
Memória de médio prazo ou intermediária. f) Memória de 
longo prazo ou permanente. 
a) Memória Declarativa: significa memória de 
pensamento integrado, que inclui as memórias 
ambiente, das relações temporais, das causas da 
experiência, do significado da experiência e das 
deduções. 
b) Memória de Habilidades: memória associada às 
atividades motoras, tais como praticar um esporte, 
andar de bicicleta ou nadar. Existe uma tênue 
separação entre os dois tipos de memória. Por 
exemplo, um artista ao fazer uma escultura ou 
pintar um quadro tem-se os aspectos declarativos e 
de habilidades (motores). 
c) Memória de Trabalho ou Instantânea: é mantida 
por curtíssimo período de tempo no córtex frontal, 
onde as células piramidais armazenam várias 
modalidades sensoriais. Duração: poucos segundos 
(de 1 a 10 segundos). Exemplo: Pergunta-se, qual a 
quinta palavra da primeira linha deste texto? A 
memória de trabalho serve para dar continuidade 
na leitura (o sentido da frase), mesmo que ela agora 
já foi esquecida. 
d) Memória de Curto Prazo ou Imediata: é mantida 
por circuitos neuronais reverberantes; quando o 
sistema entra em fadiga perde-se a informação. 
Não se conhece o local deste circuito neural. 
Duração: de alguns segundos a poucos minutos (30 
seg a 3 minutos) Exemplo: Ver o número de um 
telefone na lista e, quando for digitar o número, já 
pode ter esquecido. 
e) Memória de Médio Prazo ou Intermediária: numa 
sinapse principal com um neurônio facilitador 
(modulador) este poderá liberar no neurônio pré-
sináptico a serotonina. Esta, via AMPc, tende a 
fosfatar as membranas do canal de potássio da fibra 
pré-sináptica, com redução da permeabilidade ao 
K+. Este ”bloqueio” poderia durar horas até poucas 
semanas, retendo a informação. Outra 
possibilidade é haver alterações nas propriedades 
da membrana do neurônio présináptico e assim 
reter a informação. Duração: de 12 horas a até 3 
semanas. Exemplo: Guardar uma fórmula 
matemática para uma prova. 
 
f) Memória de Longo Prazo ou Permanente: há 
alterações estruturais no neurônio e não apenas 
nas sinapses. Estas alterações seriam: aumento da 
área onde as vesículas liberam seus 
neurotransmissores, aumento no número de 
vesículas e dos terminais sinápticos, aumento da 
área dos dendritos, formação de novas sinapses e 
aumento na síntese proteica em neurônios (a 
informação estaria retida nestas proteínas). 
Duração: anos até várias décadas (ou toda a vida). 
Exemplo: Lembrar do nome dos pais, irmãos e 
filhos. Aulas de Fisiologia. Evidência: Ratos 
experimentais que receberam homogenado de 
cérebro de outros ratos que conheciam a saída de 
um labirinto, chegaram primeiro à saída 
(estatisticamente) em relação a outros ratos 
controles. 
 
A consolidação de uma memória deve-se à 
repetição da mesma informação muitas vezes e 
assim potencializa a transferência da memória de 
curta ou médio prazo para longo prazo.; há 
evidências do papel do hipocampo nestas 
transferências. Lesões ou ablação do 
hipocampo leva os pacientes a manterem a 
memória já consolidada, mas dificulta a 
transferência de novas; este distúrbio é 
chamado de amnésia anterógrada. 
 
Segundo Izquierdo e Medina, as áreas do SNC 
relacionadas à memória são: a) Hipocampo: é 
a principal estrutura onde se formam as 
memórias complexas relacionadas a aspectos 
espaciais e contextuais. b) Amígdala: 
relacionado à memória emocional e de 
atenção. c) Área septal medial do corpo 
estriado: relacionado à memória de estados 
emocionais. d) Córtex entorrinal: localizado na 
porção caudal do córtex olfatório, está 
relacionado com vários tipos de memórias, 
incluindo as relações sociais. e) Corpo estriado 
e cerebelo: relação com a memória motora. f) 
Tálamo e hipotálamo: memória geral, sem 
especializações. g) Córtex pré-frontal: 
memória de trabalho e memória dos 
pensamentos lógicos, abstratos, de coerência 
e de relações sensoriais e motoras. 
 
Amnésia: é a perda total ou parcial, temporária 
ou permenente, da capacidade de reter e 
recuperar informações. Há 3 tipos de amnésia: 
a) Amnésia orgânica: causada por distúrbios no 
funcionamento das células nervosas. b) 
Amnésia psicogênica: resultantes de fatores 
psicológicos que inibem a recordação de certos 
fatos ou experiências vividas. c) Amnésia por 
fármacos ou drogas: resultante do uso de 
alguns fármacos (benzodiazepínicos) ou drogas 
(cocaína e álcool) que resultam, em geral, em 
amnésia parcial e reversível. 
 
Causas principais da amnésia: depressão (a 
mais comum), traumatismo craniano, AVC, 
encefalites, convulsões, demência, doença de 
Alzheimer, doença de Parkinson, alcoolismo 
grave e abuso de cocaína e outras drogas. 
 Tratamento: vai depender do tipo e duração 
da amnésia, porém todo o tratamento é 
”indireto”, tratando-se as suas origens, tais 
como cuidar da depressão, traumatismo 
craniano (se houver), das convulsões, de 
doenças relacionadas, afastar-se das drogas e 
álcool, tratar as causas psicogênicas e ter uma 
vida normal. Não existe medicação específica 
para a amnésia. 
HABILIDADES, SENSIBILIDADE E PENSAMENTOS 
LÓGICOS 
HABILIDADE: é o grau de competência na realização de 
uma tarefa ou objetivo. Esta relacionado também à 
produção de soluções para um problema específico, a 
gestos motores perfeitos e, em educação o saber fazer. 
SENSIBILIDADE: refere-se à percepção aguçada a respeito 
de algo, pode ser sensorial, emocional, reações orgânicas 
frente a um fato ou substância (medicação, por exemplo), 
capacidade de detecção (de um teste biológico) e ainda a 
faculdade de sentir. 
COGNIÇÃO: é uma função biológica atuante na aquisição de 
conhecimentos, capacidade de assimilar e discutir; tais 
processos ocorrem pela comunicação, atenção, memória, 
raciocínio, juízo, experimentação e pensamentos. 
PENSAMENTO LÓGICO: representa a harmonia do 
raciocínio, a proporcionalidade formal entre os argumentos 
teóricos e práticos. O pensamento lógico pode ser 
classificado em: a) raciocínio indutivo (considera casos 
particulares da experiência sensível); b) raciocínio abdutivo 
(estabelecimento de hipóteses científicas e plausíveis) e c) 
raciocíniodedutivo (forma de raciocínio lógico para uma 
situação ou problema). 
HABILIDADES DO SNC: a habilidade de realizar algumas 
tarefas com competência, deve-se muito aos movimentos 
das mãos nos seres humanos, e estes movimentos são 
controlados pelo hemisfério esquerdo (para indivíduos 
destros). As aferências sensoriais da mão direita é também 
mais desenvolvida, bem como a agilidade motora. As 
atividades sensóriomotoras do hemisfério esquerdo é mais 
hábil para estas tarefas, no entanto, para a linguagem 
(vocalização) o hemisfério direito tem maior participação. 
Não é conhecido porque a habilidade manual, por exemplo, 
não é igual em todos os indivíduos, se os músculos são os 
mesmos e possivelmente também o córtex motor. A 
habilidade manual para um indivíduo pode ser bem 
desenvolvida para algumas tarefas, mas não para todas. 
Exemplo: um pintor consegue fazer bons desenhos (grande 
habilidade), um dom nato (?) e treinável, mas poderá ter 
dificuldades em outras tarefas manuais (menor habilidade) 
como para tocar um instrumento musical, apertar um 
parafuso, dirigir um carro de corrida ou realizar o arremesso 
de uma bola de beisebol. 
SENSIBILIDADE: estudos propuseram quantificar a 
percepção e reações de indivíduos para uma mesma 
situação problema (um fato, uma emergência médica, o 
sucesso numa prova ou num sorteio) e as respostas 
biopsicossociais foram amplamente variadas, para a mesma 
condição. Reações comportamentais distintas deve-se a 
respostas do sistema límbico em diferentes graus ou 
opostas. Tais reações do sistema límbico são processadas em 
diferentes níveis com base em informações anteriores 
(memória), nas possíveis consequências, aspectos biológicos 
a serem considerados ou sociais, responsabilidade dos atos. 
Há sugestões que além do sistema límbico, o córtex insular 
seja o responsável pela diferença de sensibilidade dos 
indivíduos, onde estaria a ”sede da consciência”, que reúne 
parte dos pensamentos, intuições, emoções, sentimentos e 
percepções de tudo que experimentamos a cada momento. 
Indivíduos mais sensíveis teriam maior atividade neural 
nesta área insular. 
PENSAMENTOS LÓGICOS: o lobo frontal e em especial o 
córtex préfrontal é uma região do SNC que esta envolvida no 
pensamento ou raciocínio lógico, pelo planejamento de 
ações e pelo pensamento abstrato. A atividade do lobo 
frontal está ativada quando tem-se de planejar e executar 
uma tarefa difícil, com uma sequência de ações. O córtex 
préfrontal tem ações do pensamento abstrato, criativo, 
lógico, capacidade de conexões de informações, julgamento 
social, coerência de linguagem, atenção seletiva, conexões 
com o córtex sensorial e motor para planejar esquemas de 
movimentos complexos e recebe também informações do 
córtex visual, auditivo e da área associativa da linguagem. 
FISIOLOGIA DA DOR 
DOR: é a percepção de uma sensação aversiva, angustiante, 
desagradável, originada por estímulos intensos, 
potencialmente capazes de lesionar o organismo e que 
atuam sobre os nociceptores. A dor tem a função de 
proteger o organismo de agentes lesivos e, se a dor for 
crônica, é um problema médico, social e psico-fisio-
patológico. É a principal causa de um atendimento médico. 
Os nociceptores têm um potencial limiar mais elevado em 
relação a outros receptores, então só são estimulados com 
estímulos intensos e lesivos. Os agentes lesivos que podem 
estimular os nociceptores podem ser mecânicos, térmicos, 
químicos, sonoros, entre outros. Os nociceptores são 
histologicamente terminações nervosas livres. A dor pode 
ser classificada em aguda (rápida) ou crônica (lenta ou em 
queimação). A dor aguda além de rápida pode ser muito 
intensa, porém cessa rapidamente e a dor crônica além de 
lenta pode ser persistente, pode ter intensidades variadas 
(de fracas a muito fortes) e provoca grande incômodo ao 
paciente. 
Os nociceptores, em razão das suas localizações, podem ser 
classificados em viscerais, musculares, articulares e outros. 
Os viscerais encontram-se nas paredes das vísceras ocas, nas 
fáscias viscerais, em vasos sanguíneos e na duramater. Os 
musculares estão nas fáscias musculares e os articulares nas 
cápsulas articulares, tendões e periósteo dos ossos. Outros 
tipos de nociceptores localizam-se em outras estruturas, tais 
como a língua, cóclea e pele. 
A estimulação de um nociceptor ocorre quando substâncias 
químicas como a bradicinina, histamina, prostaglandinas E, 
leucotrienos e potássio extracelular são liberados por lesão 
ou inflamação do tecido lesado próximos aos nociceptores. 
A lesão tecidual promove a liberação de K+ extracelular e 
enzimas proteolíticas levam a formação de bradicinina e 
prostaglandina-E, estimulando o nociceptor. Os 
nociceptores liberam a substância P que por um reflexo 
axoaxônico interage com os mastócitos que liberam 
histamina e as plaquetas liberam serotonina, ampliando a 
resposta dolorosa do nociceptor 
 
BK = bradicinina; PG = prostaglandina E; SP = substância P; H 
= histamina; 5HT = serotonina 
A hiperalgesia caracteriza-se pelo aumento da percepção e 
da sensibilidade à or. A hiperalgesia é primária quando a 
sensibilização ocorre no local da lesão, e aí estímulos não 
lesivos (toque, por exemplo) podem gerar a sensação de dor 
e estímulos lesivos levar a sensação de dor forte. A 
hiperalgesia secundária é observada na zona da lesão (mas 
não sobre ela), desencadeando dor numa região sadia 
As informações dolorosas tornam-se conscientes quando, 
levadas pelo sistema de aferência espinotalâmico – lemnisco 
lateral, projetam-se no córtex somatosensorial e promove 
no paciente uma série de reações para afastar-se do agente 
lesivo (queimadura de sol, por exemplo), controlar as dor e 
suas consequências (utilizar cremes no local) e ter reações 
emotivas e comportamentais (sistema límbico) frente ao 
fato. Estímulos nociceptivos intensos (espetar a mão) podem 
desencadear respostas motoras medulares (reflexo de 
flexão) ou subcorticais (manter o equilíbrio corpóreo) 
inconscientes. A dor visceral tem aferência pelos sistemas 
nervoso simpático e parassimpático. Os neurotransmissores 
são o glutamato (principal) e tem como moduladores a 
substância P, peptídeo intestinal vaso ativo (VIP), 
neurocinina e bombesina. 
A ativação elétrica da substância cinzenta periarquedutal e 
do tálamo ventral posterior reduzem a sensação da dor, e 
são os principais sistemas analgésicos endógenos. O 
neurotransmissor destas estruturas é a serotonina. O 
indutor dos sistemas analgésicos endógenos é 
principalmente a dor e o ímpeto, por exemplo, de um 
desportista em continuar o exercício ou o jogo mesmo após 
a lesão; também é observado em soldados feridos durante 
uma batalha. A morfina e seus derivados são as drogas mais 
potentes contra a dor (algesia), atuam nos chamados 
receptores opióides das vias nociceptivas e no SNC. Os 
opióides endógenos são as endorfinas, encefalinas e 
dinorfinas. 
Analgésico, do grego: an = sem e álgos = dor, é um grupo 
diversificado de medicamentos que diminuem ou 
interrompem as vias de transmissão da dor, reduzindo ou 
anulando a percepção da dor. Os grupos de analgésicos à 
disposição para o tratamento da dor são: a) 
Antiinflamatórios não esteroides: aspirina, dipirona e 
diclofenaco. b) Paracetamol. c) Opióides: morfina e 
derivados (tramadol). d) Anticonvulsivantes: gabapentina, 
prégabalina. e) Inibidor dos receptores glutamatérgicos: 
quetamina. f) Bloqueador dos canais de sódio: lidocaína. g) 
Antidepressivos: imipramina, fluoxetina. h) Canabióides: 
THC (tetra hidrocanabinol), derivado da maconha. 
SNC E INTERAÇÃO BIOPSICOSOCIAL 
Todas as funções de controle do organismo são, 
basicamente, realizadas pelo sistema nervoso. Ele controla, 
coordena e integra todas as ações , centrais e periféricas, 
para a adequada manutenção da homeostasia biológica, as 
interações com o meio ambiente,com o seu meio social, 
seus pensamentos e os comportamentos sociais. Através de 
uma série de entradas de informações, tais como táteis, 
visuais, auditivas, do equilíbrio, olfativas, gustativas e 
viscerais, o sistema nervoso as decodifica, interpreta e 
coordena respostas, relativas à motricidade, controle 
visceral, interações sociais e emocionais, bem como o 
pensamento e raciocínio integrativo e criativo. 
A importância do SNC em manter o indivíduo vivo, ativo, 
integrado com seus pares e meio ambiente (com atuação 
de todos os sistemas fisiológicos), pode ser estudado 
quando ocorre a destruição ou lesões (traumáticas, 
patológicas ou experimentais) de diferentes áreas do 
sistema nervoso, central ou periférica. Todo processo de 
interação do organismo pode ser muito danificado, 
reduzindo ou perdendo a adequada interação 
biopsicossocial. Parte das lesões podem ser tratadas de 
diferentes maneiras, porém é a plasticidade e 
adaptabilidade neural são as principais formas do SNC em 
restabelecer funções perdidas.

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