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Neurociências e o processo de aprendizagem TEMA 01 - INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA: O QUE É E QUAL SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO • A ciência do sistema nervoso. (estudar a estrutura e as funćoes do sistema nervoso) • Melhor conceito: Neurociências, no plural. • Cinco grandes áreas: • neurociência molecular; • neurociência celular; (tecido nervoso) • neurociência sistêmica; (redes e agrupamentos de estrutura) • neurociência comportamental; (comportamento psico-biologico) • neurociência cognitiva.(processos cognitivos) • Diversas disciplinas e áreas de formação: neuroeducação • Neurobiologia do aprendizado – estruturas e funções: processos de memória, linguagem, funções cognitivas. • Adaptações estruturais e funcionais decorrentes do aprendizado. • Ferramentas que contribuem para o aprendizado: exercício físico, meditação, música etc. • Disfunções do aprendizado e divulgação científica. Um breve histórico das neurociências no ocidente • Grécia antiga: • Hipócrates (460 – 370 a.C.), pai da medicina ocidental: cérebro e intelecto. • Aristóteles (384-322 a.C.), centro do intelecto e emoções era o coração. • Império Romano: • Galeno (130-200 d.C.): dissecações em animais, primeiras descrições de estrutura e função. (com base empirica) • Cérebro, maleável – sensações e emoções; cerebelo, rígido – movimento • Ventrículos e nervos: teoria dos humores - ideia perdurou: cérebro visto como uma máquina. (humores e líquidos passariam por essa máquina e eles levaria o processamento das emoções) -Embora não fossem exatamente esses os mecanismos por trás das sensações, memória e do controle muscular, o raciocínio de Galeno estava em uma direção, de certa forma, correta. -para Galeno, os ventrículos, espaços ocos, conectavam-se com os nervos, que também acreditava serem ocos como os vasos sanguíneos, por onde passariam os humores responsáveis pelo movimento, por exemplo • Século XVI: • René Descartes (1596 - 1650): cérebro humano é mais complexo que o animal para ser explicado pelas ideias de Galeno. • Discussão cérebro e mente. (que ainda estamos nela, pensando onde estaria a consciência, se teria um lugar específico para ela no cérebro ou ela estaria em outro lugar) • Século XVII • Organização geral do sistema nervoso. • Séculos XVIII e XIX: • Nervos não são ocos, conduzem eletricidade – evidências científicas, eletrofisiologia. • Frenologia – Franz Joseph Gall (1758 - 1828): acidentes ósseos, tamanho do crânio e características de personalidade. (começaram a mapear o cérebro e suas funções, mas sem experimentos o que tornou o conhecimento empírico, esse conhecimento falava que dependendo do tamanho do cérebro uma pessoa seria mais suscetível para patologias psicológicas) • Século XIX: • Marie-Jean-Pierre Flourens (1794 - 1867): ablação experimental – estrutura versus função (retirada de porções do sistema nervoso e ver a sua falta para mapear o cérebro) . • Paul Broca (1824 - 1880): caso clínico afasia de Broca – linguagem giro frontal, hemisfério esquerdo. • Séculos XIX e XX: • Camilo Golgi (1843 – 1926) • Teoria Reticular (células que estariam conectadas sem inicio e fim preciso) -, segundo a qual o tecido nervoso era um emaranhado de prolongamentos celulares conectados como uma teia única. A teoria reticular apoiava as suposições de que o cérebro tinha funções desempenhadas por extensas áreas conectadas • Santiago Ramón y Cajal (1852 – 1934) • Teoria Neuronal (unidades funcionais separadas que são chamadas de neurônios que carregavam as funções) (pais da neurociencia) -defendia a teoria neuronal, segundo a qual o tecido 14/215 Unidade 1 • Introdução à neurociência: o que é e qual sua relação com a educação nervoso era composto de células bem delimitadas, com um espaço entre elas e organizadas em circuitos. Seus achados, além de gerar ilustrações que impressionam até hoje pela precisão e riqueza de detalhes, forneceram as bases que sustentavam a teoria da localização delimitada de funções no sistema nervoso. • Século XX • Harvey Cushing (1869 – 1939) e Wilder Penfield (1891 – 1976): estimulação elétrica do córtex cerebral – funções. • Homúnculo de Penfield – representação cortical sensorial e motora. • Século XXI • Modernas técnicas de avaliação do cérebro • Ressonância magnética funciona • Conhecimento sobre o metabolismo cerebral • Influências diversas levam a mudanças estruturais e cognitivas – novas áreas: • Neuroeconomia, neuroeducação Reflexões da leitura: ● É que “cérebro” compreende apenas o telencéfalo, a parte do sistema nervoso que adquirimos mais recentemente do ponto de vista evolutivo e que comanda diversas funções, inclusive as chamadas funções superiores, como memória, linguagem e emoções. Encéfalo, nesse caso, é um termo mais adequado, pois compreende tudo o que está contido na caixa craniana: o cérebro, e também o cerebelo e o tronco encefálico, além de ser responsável pelas mais variadas funções, desde simples às mais complexas ● Podemos arriscar dizer que devem ter surgido junto com a nossa própria capacidade de pensar. ● A estimulação elétrica do córtex por uma fonte externa levou os neurocirurgiões Harvey Cushing (1869-1939) e Wilder Penfield (1891-1976) a tirar importantes conclusões sobre a localização dos movimentos e sensações no cérebro. ● Por definição, metabolismo é o conjunto de reações químicas pelas quais as moléculas de um organismo são sintetizadas ou degradadas, com liberação de energia. O metabolismo cerebral aqui se refere ao consumo de oxigênio pelas células nervosas. O raciocínio é o seguinte: se uma célula fica mais ativa, significa que seu metabolismo aumenta e, assim, aumenta seu consumo de oxigênio. ● A RMf iniciou uma explosão de conhecimentos sobre o funcionamento do encéfalo sem precedentes, por ser não invasiva e bastante detalhada. Estudos com RMf têm permitido compreender que, apesar dos esforços para, literalmente, colocar todas as funções cerebrais no seu devido lugar, a localização de funções e comportamentos tão complexos não está restrita a apenas uma região. É fruto de uma extensa e igualmente complexa rede de estruturas interligadas, ativadas e desativadas sistematicamente conforme necessário ● A neuroeducação busca, principalmente, responder a questões sobre como otimizar o processo de aprendizagem usando conhecimentos sobre a estrutura e função do sistema nervoso. Como tornar o aprendizado em sala de aula mais eficiente e agradável, como otimizar a memorização, o que motiva o aprendizado e como superar limitações neurológicas relacionadas ao aprendizado são exemplos de perguntas levantadas pela neuroeducação. TEMA 02 - FUNDAMENTOS DE NEUROANATOMIA FUNCIONAL I: ORGANIZAÇÃO E FUNÇÃO DO SISTEMA NERVOSO ● Neuroanatomia é a divisão da anatomia que estuda a organização anatômica do Sistema nervoso. A classificação das estruturas neurais pode seguir três critérios: anatômico, embriológico e funcional. Neste bloco, você verá conceitos gerais sobre neuroanatomia de acordo com os critérios anatômico e funcional, também associaremos algumas estruturas à sua função. ● O estudo da neuroanatomia é guiado por referências espaciais, os planos e eixos, e localizado a partir da posição anatômica. Também segue a nomina anatomica, uma nomenclatura padronizada, aceita internacionalmente. ● Divisão anatômica ○ Sistema Nervoso Central (SNC): estruturas contidas no interior do crânio e da coluna vertebral: medula espinal e encéfalo. Sistema Nervoso periférico (SNP): estruturas que se dirigem à periferia do corpo, fora do esqueleto axial: nervos, gânglios e terminações nervosas. ○ Sistema nervoso central: ○ Medula: órgão cilíndrico, substância cinzenta, H medular, no interior, branca no exterior. Intumescência lombar e cervical. Da medula partem 31 pares de nervos. A medula não acompanha o crescimento da coluna – cauda equina. Processa os primeirosestágios da informação. ○ Encéfalo ○ 1. Tronco encefálico: estrutura ímpar, medial, continua superiormente à medula: bulbo, ponte e mesencéfalo - controle de funções vitais, regulação do sono-vigília, modulação do ativação cortical. ○ 2. Cerebelo: “pequeno cérebro”, dois hemisférios, controle motor, motricidade fina, propriocepção da cabeça, memória de procedimentos. ○ 3. Mesencéfalo: também ímpar, superiormente à ponte, controle da dor, integração de informações sensoriais e resposta motora… ○ 4. Diencéfalo: Compreende hipotálamo, subtálamo e tálamo – controle da homeostase, ou seja, funcionamento do organismo em níveis ótimos, comportamentos motivados, organização e distribuição das conexões corticais. ○ 5. Telencéfalo: superiormente ao diencéfalo, ao contrário da medula: substância cinzenta, externa (córtex). Substância branca, interna, com núcleos da base (subst. Cinzenta). Mais recente do ponto de vista evolutivo, giros e sulco, ganho de área em menor espaço – funções complexas. ○ Sistema nervoso periférico: ○ Estruturas periféricas, desprovidas de proteção óssea. 31 pares de nervos medulares, mistos (raiz sensitiva e raiz motora). 12 pares de nervos cranianos Gânglios, grupamentos de corpos neuronais Terminações nervosas: pele, músculos, órgãos. Divisão funcional -Sistema nervoso somático: soma, corpo, SN da vida de relação, troca de informação com o meio externo: tato, pressão, dor localizada que segue pelos nervos aferentes e devolvem sua resposta eferente (movimento, comportamentos). (relação e troca de informações com o meio, nervos no corpo que nos faz movimentar) -Sistema nervoso visceral: inervação das vísceras (mm lisos: reflexos de distensão estomacal, vesical, dor difusa), carreados por mm aferentes e cuja resposta é levada pelas vias eferentes (ex.: abertura do piloro para a passagem do bolo alimentar). (reflexos do estomago) Sistema nervoso autônomo • Componente eferente do SNV (sistema nervoso visceral) • Simpático e Parassimpático • Diferenças anatômicas, fisiológicas e farmacológicas. • Funções complementares ex.• Pupila: Simpático, dilatação; Parassimpático contração. ex.• Glândula salivar: ambos estimulam a produção de saliva. Simpático, saliva espessa; parassimpático, saliva fluida. Envoltórios do sistema nervoso e líquor • Meninges são envoltórios compostos por três camadas: -dura-máter, mais externa, espessa; -Aracnoide, intermediária, trabeculada; -Pia-máter, mais interna, delgada. (ajuda na colocaćao do cérebro, são elas que processam dor na região, o cérebro não sente dor) • Líquor ou líquido cefalorraquidiano: fluido aquoso, pobre em proteínas, que preenche o espaço subaracnoideo e os ventrículos. As meninges envolvem e protegem o SN, participam da drenagem sanguínea, a dura-máter “percebe” a dor no encéfalo. O líquor oferece proteção mecânica, amortiza o peso do encéfalo. Revisão - Divisão anatômica Sistema nervoso central, contido no esqueleto axial e periférico, que parte do sistema nervoso central em direção ao tronco e membros. - Divisão funcional Sistema nervoso somático, vida de relação, controle consciente de sensações e comportamentos; visceral, controle inconsciente, automático a partir das sensações, sendo que o sistema nervoso autônomo é o componente eferente. Meninges e líquor, proteção estrutural e mecânica Reflexões da leitura: ● Você deve estar pensando que sentir fome e se alimentar é algo simples e natural. Pode parecer simples, mas o comportamento alimentar envolve uma série de regiões encefálicas e redes neuronais complexas. Tudo isso e tudo que fazemos, pensamos e sentimos é comandado pelo sistema nervoso. Assim, a função principal do sistema nervoso é nos adaptar ao meio, através da percepção de condições internas, externas e a adequada resposta fisiológica e comportamental ● O plano sagital divide o corpo em duas metades laterais, a direita e a esquerda. O plano frontal divide o corpo entre o que está à frente, ou seja, anterior (ou ventral), e atrás, que seria posterior (ou dorsal). Por fim, o plano transverso divide o corpo em uma metade superior (ou cranial), que está acima e outra inferior (ou caudal), abaixo dele ● Segundo o critério anatômico, o sistema nervoso se divide em duas partes principais: sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). 1#O SNC é responsável por receber estímulos, processá-los e desencadear respostas 2#SNP conduz os estímulos do meio externo e das vísceras para o SNC e também faz o caminho inverso, levando as respostas do SNC para as vísceras e meio externo. 1# SNC - compreende todas as estruturas que estão contidas dentro da coluna vertebral e da caixa craniana, mais protegidas: a medula espinal e o encéfalo, respectivamente - A medula processa os primeiros estágios de funções motoras e sensitivas, e reflexos mais primitivos, que exigem processamento mais rápido, para nos proteger de situações nocivas - O encéfalo é tudo que está contido na caixa craniana: o tronco encefálico, o mesencéfalo, o cerebelo, diencéfalo e o telencéfalo. As funções do encéfalo são bem mais complexas que aquelas desempenhadas pela medula e sua morfologia é irregular e mais complexa - O tronco encefálico exerce diversas funções, a maioria vitais, como controle do ciclo sono-vigília, modulação da excitação do córtex cerebral, controle de funções viscerais (como batimentos cardíacos e peristaltismo), controle da coordenação motora junto com o cerebelo, além de ser caminho de inúmeras vias e feixes que vão do córtex em direção ao resto do corpo e vice-versa. - O cerebelo está situado dorsalmente ao tronco encefálico Possui dois hemisférios (duas metades) e vários lobos, divididos em córtex e núcleos. Está envolvido principalmente no controle motor: manutenção do equilíbrio corporal, tônus muscular, propriocepção da cabeça e do corpo e motricidade fina e também em funções mais complexas, como a aprendizagem motora e a memória de procedimentos. - O mesencéfalo é a continuação do tronco encefálico. Está situado superiormente à ponte. Participa do controle da dor, processamento dos estímulos visuais e auditivos, integra estímulos sensoriais do ambiente e a respectiva resposta motora, inclusive algumas de origem emocional. Possui estruturas que participam de circuitos relacionados à memória e emoções e outras por onde o liquor flui entre as cavidades do sistema nervoso. Alguns pares de nervos cranianos emergem a partir do mesencéfalo - Diencéfalo e telencéfalo formam o que chamamos de cérebro, propriamente dito. O diencéfalo se continua superiormente com o mesencéfalo e por ele passam calibrosos feixes de fibras que comunicam o diencéfalo e o telencéfalo com as regiões situadas inferiormente. - O diencéfalo é formado pelo tálamo, hipotálamo e subtálamo, com funções como organizar e distribuir as conexões sensoriais e motoras com o córtex cerebral, controle de ciclos fisiológicos, de comportamentos motivados (como a fome, a sede e o comportamento sexual) e da regulação da homeostase em geral. - O telencéfalo é a estrutura mais robusta do SNC, situada superiormente ao diencéfalo e dividida em córtex cerebral e núcleos da base. - O córtex está dividido nos seguintes lobos principais: frontal, parietal, temporal e occipital (todos visíveis na face lateral do cérebro, se relacionam com os ossos adjacentes, de mesmo nome), lobo límbico (composto de regiões de outros lobos assim agrupadas 42/215 Unidade 2 • Fundamentos de neuroanatomia funcional básica I: organização e função do sistema nervoso por estarem envolvidas no processamento emocional) e lobo da ínsula, um lobo mais antigo do ponto de vista evolutivo e que acabou encoberto por outros giros. - O córtex exerce funções extremamente complexas: interpreta todos os estímulos sensoriais que recebemos em conjunto, integra diversas áreas do SNC e SNP para gerar respostasmotoras e comportamentos complexos; é onde as memórias são armazenadas, processa as emoções, o reconhecimento de rostos e objetos, a noção do que é socialmente aceitável ou não, a linguagem, o sono, atenção e inúmeras outras funções 2#SNP - O SNP, como o nome diz, compreende as estruturas periféricas, fora do eixo central e desprovidas de proteção óssea. - Conecta o sistema nervoso central com todo o corpo, sendo composto por nervos, gânglios e terminações nervosas. - Os nervos medulares são do tipo misto, formados pela junção de uma raiz motora anterior eferente (leva comandos motores aos músculos e vísceras) e uma raiz sensitiva aferente (que leva informações sensoriais dos músculos e vísceras do corpo, exceto da cabeça) para o encéfalo. - Cada raiz sensitiva possui um gânglio nervoso, que contém os corpos neuronais cujos prolongamentos vão até o encéfalo. - É interessante notar que, em geral, os hemisférios cerebrais comandam lados opostos do corpo: as fibras que saem do córtex cerebral trocam de lado na altura do tronco encefálico, antes de descer pela medula - Na cabeça, o SNP é composto pelos 12 pares de nervos cranianos e seus gânglios, que partem do tronco encefálico e do mesencéfalo. Os nervos cranianos podem ser mistos, exclusivamente motores ou apenas sensitivos. Já as terminações nervosas são a porção final dos nervos que fazem contato com músculos e órgãos e podem ser sensoriais ou motoras 2.1#SNS ( sistema nervoso somático) - O SNS Processa as informações sensoriais de tato, pressão, temperatura, dor, posição e devolvem comportamentos motores, em geral conscientes. - 2.2#SNV ( sistema nervoso visceral) - o SNV é responsável pela inervação das vísceras (músculos lisos, cardíaco, glândulas e vasos): é formado pelos componentes aferentes e eferentes do SNP que levam informações sensoriais das vísceras, como distensão do músculo da bexiga e do estômago e devolvem ações motoras como aumento do peristaltismo, esvaziamento da bexiga, aumento ou diminuição da frequência cardíaca. 2.3# SNA (Sistema nervoso autônomo) - é uma divisão tanto anatômica (faz parte do SNP) quanto funcional (é a divisão do SNV que controla a parte motora das vísceras); - O SNA também atua em resposta a estímulos externos, como a contração da pupila de acordo com o estimulo luminoso do ambiente. Por sua vez, SNA é dividido em sistema nervoso simpático e parassimpático e existem diferenças anatômicas e funcionais entre eles, entretanto são complexas e fogem às necessidades desse tema. - As principais diferenças entre as duas divisões são: a localização dos neurônios, o tamanho de suas fibras pós-ganglionares, diferenças fisiológicas (tipos de neurotransmissores e extensão da área que controlam) e farmacológicas (relacionadas aos fármacos que induzem respostas em cada um). Muitas vezes, simpático e parassimpático têm funções opostas em um órgão, mas o correto seria dizer que em geral suas funções são complementares, visando manter a homeostase e o funcionamento geral do organismo. Por exemplo, o simpático determina a dilatação e o parassimpático a contração da pupila ● O sistema nervoso é envolvido pelas meninges e pelo liquor (ou líquido cefalorraquidiano). As meninges são três finas camadas de tecidos que protegem e sustentam o sistema nervoso, além de participar da sua irrigação sanguínea e inervação, chamadas de dura-máter (mais externa, próxima aos ossos, espessa e resistente, que se invagina entre estruturas do encéfalo, dando-lhe sustentação), aracnoide (localizada entre a dura e a pia-máter) e pia-máter (mais delgada e interna, próxima ao tecido nervoso) ● O liquor é um líquido aquoso, transparente e pobre em proteínas produzido por certas células nervosas nos ventrículos (cavidades do encéfalo). O liquor circula por todo o sistema nervoso, dentro do espaço subaracnoideo (entre a aracnoide e a pia-máter, onde são feitas as punções para coleta de líquor e aplicação de anestesia raquidiana) e sua função é absorver de choques mecânicos e deixá-lo mais leve (ao “boiar” nesse líquido, um encéfalo de 1,5kg no ar, pesa apenas cerca de 50g imerso em liquor) TEMA 03 - FUNDAMENTOS DE NEUROANATOMIA FUNCIONAL BÁSICA II: ORGANIZAÇÃO E FUNÇÃO DO TECIDO NERVOSO O tecido nervoso • O Sistema nervoso é formado por estruturas anatômicas quanto à macroscopia, e pelo tecido nervoso, que compreende a parte microscópica. • O tecido nervoso é formado por unidades individuais: • Dois tipos celulares: Neurônios e células da Glia. • Tecido com uma das maiores variedades celulares: granular(hipocampo), piramidal, células em cesto. (depende da localização e função que ela exerce) O neurônio • Células excitáveis que recebem e processam informações. • 85 bilhões de neurônios, regiões com densidade variada. • Forma e tamanho variados, de acordo com a localização e função. • Estrutura básica: corpo celular e neuritos (prolongamentos)(dendritos e axônio). O corpo celular neuronal • Citoplasma • Núcleo, variadas organelas, ribossomos aderidos ao RER (Corpúsculos de Nissl). • Membrana plasmática (mantem um potencial eletrico) • Potenciais de membrana (ação e repouso), transmissão do impulso nervoso. • Cone de implantação – início do impulso nervoso • Centro metabólico da célula nervosa • Dendritos: prolongamentos curtos, muito ramificados e numerosos. • Recebem os estímulos provenientes das terminações nervosas ou de outro neurônio, informações do ambiente ou do meio interno. • Espinhas dendríditicas – superfície de contato, plasticidade. • Axônio: prolongamento único e calibroso, sai do cone de implantação, emite ramos de mesmo diâmetro, arborização terminal, se comunicam com dendritos de outro axônio ou célula efetuadora. • Mielinizado e não mielinizado (importancia fisiologica, depende da velocidade do impulso nervoso, do processamento da informaćao) • Velocidade de condução. Células da glia • Menores e mais numerosas (faz o suporte estrutural do neuronio) • Também excitáveis • Astrócitos (sustentacao) • Sustentação, isolamento e proteção (pés astrocitários e formação da barreira hematoencefálica), cicatrização, metabolismo de neurotransmissores, diferenciação dos neurônios • Oligodendrócitos e células de Schwann • Mielinização no SNC e no SPN (envolver o axonio neuronal) • Microgliócitos (celulas imunologicas, protecao) • Fagocitose • Células ependimárias • Líquor • Glia indiferenciada – células-tronco neurais O potencial de ação • Característica da membrana neuronal: • Diferença de potencial elétrico – interno mais negativo que externo. (capacidade de responder a estimulos) • Bomba de sódio e potássio (manutenção das cargas que saem de maneira passiva de dentro do neurônio e volta de maneira ativa) • Estímulo modifica o potencial de repouso -> despolarização da membrana (inversão de cargas, interno menos negativo). • Canais dependente de voltagem. (sensíveis a mudanças elétricas que perturbam o potencial de repouso) • Condução do potencial de ação ao longo da membrana: • Impulso nervoso • Tudo ou nada (ou o estímulo que excita a célula é suficiente ou não é suficiente para transmitir a informaćao) Sinapses • Elétricas • Junções comunicantes • Simples, rápidas (ex. A dor) • Químicas • Mais abundantes – SN adulto • Neurônio pré-, fenda sináptica, neurônio póssináptico. • Impulso nervoso – liberação de neurotransmissores -> ligação em receptores -> abertura de canais dependente de voltagem. Neurotransmissores (mensageiros) • Substâncias químicas • Peptídeos, hormônios, gás • Excitatórios • Glutamato – reforça o potencial de ação • Inibitórios • GABA – inibe o potencial de ação • Funções • Serotonina, adrenalina Reflexões da leitura: ● Um tecido é um conjunto de um ou mais tipos de células especializadas em realizar determinadas funções no organismo.Os tecidos se agrupam em órgãos e esses, por sua vez, em sistemas. ● O tecido nervoso se diferencia por ser sensível a estímulos: sua função é receber estímulos do meio ambiente e do meio interno do organismo e processar uma resposta adequada, que pode ser a ação de um órgão, contração muscular, um comportamento, a percepção de uma sensação, tudo para manter a homeostase e permitir a interação com o meio externo. ● Os neurônios são células do tecido nervoso que se diferenciam por serem excitáveis: são capazes de serem estimulados, recebendo informações tanto do meio externo, ou seja, o que vemos, ouvimos, sentimos, quanto do meio interno, do próprio organismo, como a temperatura corporal, a quantidade de substâncias dissolvidas no sangue etc. São também capazes de interpretar esses estímulos e responder com alguma ação ou comportamento, como gerar contração muscular e aumentar a sudorese a fim de regular a temperatura corporal, caso esteja alta, por exemplo. ○ Um neurônio típico é basicamente composto de corpo celular e prolongamentos neuronais e, assim como qualquer célula, é totalmente envolvido pela membrana plasmática, que separa o meio interno da célula do meio externo ○ Assim como outras células, o neurônio possui um citoesqueleto, um arcabouço de proteínas que dão sustentação e permitem o transporte de organelas e moléculas ao longo da célula e seus prolongamentos. ○ Do corpo celular do neurônio partem diversos prolongamentos, alguns mais delicados, outros mais calibrosos, os chamados neuritos. Os neuritos, por sua vez, podem ser de dois tipos: dendritos e axônios ○ Os dendritos são prolongamentos em geral curtos, bastante numerosos e muito ramificados. Os dendritos são responsáveis pela recepção dos estímulos que chegam ao neurônio, ou seja, são as terminações aferentes da célula e recebem as informações que chegam do ambiente, do próprio organismo ou de outro neurônio ○ O axônio é um prolongamento único, cilíndrico e fino, que parte do corpo celular numa região denominada cone de implantação. Pode ramificar, mas, ao contrário dos dendritos, gera ramos de mesmo diâmetro e pode apresentar uma arborização em sua porção terminal, onde se comunicam com os dendritos de outros neurônios ou com uma célula efetuadora. ○ Os axônios também podem ser envolvidos por uma camada de lipídios (gordura), que funciona como um isolante elétrico, a bainha de mielina. ○ Os neurônios cujo axônio possui bainha de mielina são chamados de fibras mielínicas, enquanto os que não possuem são classificados como fibras amielínicas. Isso é importante porque a transmissão da informação entre fibras (axônios) mielínicas e amielínicas é muito diferente. Como a gordura é um isolante elétrico, o impulso nervoso passa “saltando” a mielina, pulando de um espaço de membrana sem mielina para o próximo rapidamente. Já nos axônios amielínicos, o impulso percorre toda a membrana continuamente, logo a transmissão é mais lenta ● A membrana plasmática de qualquer célula permite que o meio interno da célula apresente uma carga mais negativa (rica em íons potássio) que o meio externo (com maior concentração de íons cloro e sódio). ● os canais que atravessam a membrana dos neurônios são de dois tipos e exclusivos do tecido nervoso: canais sensíveis a mudanças elétricas (canais voltagem-dependente) e canais que reconhecem certas substâncias químicas (canais ligante-dependente), os chamados neurotransmissores. Os íons estão constantemente saindo e entrando da célula a fim de manter a diferença de cargas estável. Essa diferença eletroquímica é responsável por causar uma diferença de potencial, conhecida por potencial de repouso. ● em “repouso”, o interior do neurônio é mais negativo que o meio externo (ou seja, membrana negativa por dentro e positiva por fora). Se um estímulo chega ao neurônio e “perturba” o repouso, a carga mais negativa do interior da membrana sai e torna o meio interno menos negativo que o meio externo (agora a membrana está positiva por dentro e negativa por fora). Esse processo é chamado de despolarização e começa no cone de implantação, região rica em canais dependentes de voltagem. ● Existem dois tipos de sinapses: elétricas e químicas. ○ As sinapses elétricas são chamadas de junções comunicantes. Nelas, a transmissão do impulso nervoso ocorre de maneira direta entre as células, através de proteínas especiais que as conectam, e por isso é muito mais rápida. São muito abundantes durante o desenvolvimento do tecido nervoso, mas acabam por se tornar pouco comuns no sistema nervoso humano adulto. No entanto, são muito comuns em animais invertebrados, que possuem funções nervosas mais simples e precisam responder rapidamente ao ambiente para poder sobreviver. ○ A sinapse química, ou apenas sinapse, é mais abundante no sistema nervoso adulto e sua estrutura e funcionamento são mais complexas. A sinapse é formada por um neurônio chamado pré-sináptico, por um segundo neurônio, o neurônio pós-sináptico e pelo espaço entre eles, a fenda sináptica. O impulso nervoso chega ao terminal axonal do neurônio pré-sináptico. Se for intenso o suficiente, provoca a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica, que se difundem até chegar aos dendritos do neurônio pós-sináptico. Proteínas na membrana (os receptores) do neurônio pós-sináptico reconhecem a molécula de neurotransmissor e desencadeiam um novo potencial de ação nesse segundo neurônio. ○ Os neurotransmissores têm diferentes funções: atuam em circuitos ligados a sensação de prazer e bem-estar, como a dopamina e a serotonina e outros estão associados ao aumento dos batimentos cardíacos, como a adrenalina, por exemplo ● GLIA: São as células mais numerosas do tecido nervoso e de menor tamanho. Relacionam-se diretamente com os neurônios, tanto no sistema nervoso central (SNC) quanto no sistema nervoso periférico (SNP), exercendo diversas funções. ○ Astrócitos: tipo de glia mais numeroso do sistema nervoso central. São células com formato de estrela de dois tipos: astrócitos fibrosos (localizados na substância branca) e astrócitos protoplasmáticos (presentes na susbtância cinzenta). De seus prolongamentos partem expansões conhecidas por pés astrocitários, que envolvem vasos sanguíneos do tecido nervoso. Assim, formam uma barreira altamente seletiva que retira do tecido nervoso os íons potássio em excesso e substâncias tóxicas aos neurônios. ○ Oligodendrócitos e células de Schwann : são pequenas células cujos prolongamentos que partem do corpo celular envolvem os axônios dos neurônios, formando a bainha de mielina. Cada prolongamento irá formar um “internó” de mielina, alternado por regiões de membrana “nuas”, sem mielina, os nós de Ranvier. Cada oligodendrócito pode prover bainha de mielina para 50 axônios ou mais. Já as células de Schwann são equivalentes aos oligodendrócitos no SNP. Atuam formando a bainha de mielina de axônios que formam os nervos periféricos. Cada célula de Schwann é capaz de envolver apenas um axônio por vez. Além disso, algumas células de Schwann envolvem o axônio e formam mielina, enquanto outras o envolvem da mesma forma, mas não mielinizam. ○ Microgliócitos : células capazes de realizar fagocitose, ou seja, de englobar e digerir partículas e detritos celulares. São ativadas em resposta a infecções, inflamação, traumas (lesões mecânicas do tecido), isquemia (lesão por falta de irrigação sanguínea) etc. Realizam a destruição de microorganismos invasores e “limpam” detritos de células nervosas mortas. ○ Células ependimárias : conjunto de células que reveste as cavidades do SNC e estão envolvidas , principalmente , no transporte de moléculas entre o líquor e o tecido nervoso. TEMA 04 - INTRODUÇÃO ÀS FUNÇÕES COGNITIVAS E O CÓRTEX CEREBRAL ● Relações entre áreas do cérebro com funções, sentimentos e habilidades humanas é bastante antiga Frenologia - cada característicaou sentimento humanos estariam diretamente relacionados com uma região específica do cérebro. ● Broca e Wernicke (século XIX) encontraram relações adequadas de funções com áreas cerebrais ao estudarem indivíduos que tiveram lesões específicas e suas consequentes alterações acreditou-se que seria possível localizar todas as funções, algumas áreas estão mais relacionadas com um tipo de função. Funções complexas – integração de neurônios de diversas áreas, cada função importante é, em geral, desempenhada por mais de uma via neural. ● O córtex cerebral ○ Camada bastante enrugada que recobre os dois hemisférios cerebrais, dobras que formam elevações e depressões chamadas de giros (elevações) e sulcos (depressões) são importantes. ○ Aumenta a área de processamento neuronal. ○ Anatomicamente, o córtex pode ser dividido em quatro partes distintas, chamadas de lobos cerebrais, que são: lobo frontal, o lobo occipital, o lobo temporal e o lobo parietal. ○ Córtex está envolvido com processamentos de alto nível, como memória, atenção, linguagem e percepção, que são funções chamadas de cognitivas. ● Divisões do córtex cerebral e introdução às funções cognitivas ○ Lobo frontal: ações futuras, controle dos movimentos, fala, escrita e linguagem articulada. (amarelo-laranja) ○ Maior importância cognitiva, humanos que detém os lobos frontais mais desenvolvidos. ○ Lobo parietal: relacionado com sensação tátil e imagem corporal. (roxa) ○ Lobo temporal: relacionado à audição, memória, emoção e aprendizado (azul) ○ Lobo occipital: relacionado principalmente à visão. (verde) ● Cada hemisfério está relacionado principalmente com as funções do outro lado dos hemisférios nem equivalentes em relação direito e esquerdo assimétricos às suas funções. ● Funções cognitivas, que são funções mentais superiores: assuntos estudados pela Psicologia Cognitiva e possuem estreita relação com a Pedagogia e a Neuroaprendizagem. ● As funções cognitivas envolvem partes distintas do cérebro, pois são processos complexos que precisam da integração de diversas capacidades. ● As principais funções cognitivas ○ Percepção: está relacionada aos sentidos através dos quais podemos perceber o mundo e seus elementos a nossa volta. A percepção não é uma função cognitiva perfeita e ilusões visuais podem acontecer. O cérebro está acostumado a buscar padrões, encontrar semelhanças, agrupar elementos e algumas imagens podem “enganar” nosso cérebro. (envolvida com os sentidos, podem ocorrer enganações naturais) ○ Atenção: capacidade de concentração que pode ser focada em um determinado estímulo/ informação ou dividida para mais de um elemento. Dificilmente estamos focados em apenas um elemento ou tarefa e com frequência precisamos fazer várias coisas ao mesmo tempo. ○ Memória: processo de guardar informações e experiências para possível recuperação no futuro. Lidar com situações futuras baseadas em experiências passadas. Os processos de pensar e solucionar problemas estão diretamente relacionados com a memória e é também a memória que nos possibilita adquirirmos a linguagem, função humana bastante importante que será tratada a seguir. ■ Declarativas ou Explícitas - eventos autobiográficos, próprios de cada pessoa (como lembrar-se de como você se sentiu na última viagem que fez) e conhecimentos de fatos (como saber que a capital do Brasil é Brasília). ■ Não declarativa ou Implícita – se dá através da repetição e prática, consolida-se de maneira mais lenta, mas também dificilmente é esquecida após ser adquirida. É a memória para habilidades e hábitos. • andar de bicicleta. ■ Em imediatas, recentes e remotas. A passagem de tempo entre a memória recente para a memória remota não é bem delimitada, mas sabe-se que as informações são transferidas gradualmente de áreas temporais para estruturas, onde serão armazenadas de modo mais permanente. ○ Linguagem: interconexões com outras capacidades cognitivas, mas trata-se também de uma habilidade relativamente autônoma. Estudos de distúrbios de linguagem ocasionados por lesões cerebrais. Maioria dos indivíduos, principalmente para os destros, as funções de linguagem ficam localizadas no hemisfério esquerdo. ■ A linguagem é uma habilidade tão importante que permitiu ao homem passar conhecimentos de uma geração para outra. Imagina como seria se não tivéssemos registros das descobertas já feitas? Certamente não teríamos as tecnologias que possuímos hoje e o mundo seria muito diferente do que conhecemos. ● Funções Executivas: principalmente ao lobo frontal e envolvem habilidades de: • planejamento; • execução; • resolução de tarefas; • habilidades de tomada de decisões; • raciocínio, estratégias; • lógica. O autocontrole, a flexibilidade cognitiva, possibilitando pensar em soluções criativas para problemas, adaptando-se a situações novas. ● As funções cognitivas são fundamentais para a aprendizagem! Não é possível aprender um conteúdo novo sem que a atenção esteja voltada para o que se quer aprender, ou que a memória mantenha as informações guardadas para serem utilizadas quando necessário. Aprender também envolve funções executivas, através de escolhas e autocontrole, por exemplo! Aprender ainda está relacionado com a maneira como percebemos o mundo e tudo isso não seria possível se não pudéssemos nos comunicar uns com os outros, passando o que aprendemos e questionando sobre o que ainda não entendemos, através da linguagem. Reflexões da leitura: ● Segundo Gall, mesmo funções muito específicas como “atração ao vinho” ou “amor aos animais” teriam uma região determinada responsável por elas e quando uma destas funções fosse muito desenvolvida seria possível observar uma proeminência no crânio na região correspondente, como se o cérebro “aumentasse” quando exercitado da mesma forma como acontece com os músculos ao serem trabalhados. Outros cientistas provaram que Gall estava equivocado. ● Wernicke propôs que funções mentais mais simples e elementares, relacionadas aos sentidos e a movimentos básicos, estariam localizadas em áreas únicas do córtex cerebral, enquanto funções mentais mais complexas seriam resultado da interconexão entre áreas distintas, estando espacialmente distribuídas pelo cérebro. ● O córtex cerebral humano é formado por uma camada bastante enrugada que recobre os dois hemisférios cerebrais (direito e esquerdo) como se fosse a casca de uma árvore, constituindo, assim, a parte mais externa do cérebro. Essas dobras que formam elevações e depressões chamadas de giros (elevações) e sulcos (depressões) são importantes, pois permitem que o córtex aumente a área de processamento neuronal, tornando-se mais extenso, sem que para isso seja necessário aumentar o tamanho do crânio, o que poderia trazer diversos prejuízos, como dificultar a sustentação da cabeça, tornando mais difícil para o homem se locomover devido ao “peso” dessa. ● córtex cerebral se deve ao fato de os hemisférios direito e esquerdo não serem simétricos nem equivalentes em relação às suas funções. TEMA 05 - BASES NEUROLÓGICAS DA APRENDIZAGEM (NEUROPLASTICIDADE) ● O homem é capaz de viver em contextos bastante diversos: em locais muito frios, em locais muito quentes, em elevadas altitudes, abaixo do nível do mar. O que permitiu ao homem esta variedade de possibilidades? ● A resposta é: capacidade de adaptação! A habilidade de moldar-se às necessidades e de se adaptar as situações adversas foi o que permitiu que habitássemos essa grande variedade de regiões da Terra. ● as bases neurológicas da aprendizagem estão relacionadas à capacidade do ser humano de adaptar-se, moldar-se as situações! ● resultados de um longo processo evolutivo ○ condições extremas e as instabilidades do ambiente, juntamente com o desenvolvimento do sistema nervoso e do cérebro, propiciaram as capacidades de adaptar-se, flexibilizar-se e... de aprender! ●Inteligência, segundo consta em Sabbatine, referindo-se à enciclopédia Britânica,também traz o termo “adaptar”: “inteligência é a capacidade de se adaptar efetivamente ao ambiente”, mudando a si mesmo, o ambiente ou mudando-se para outro ambiente. ● O que é neuroplasticidade? ○ Neuroplasticidade - habilidade do sistema nervoso de sofrer alterações de suas funções ou estruturas para se adequar às necessidades geradas pelo meio ambiente. Ex.: parte do cérebro é lesionado devido a um acidente - redirecionamento de determinadas funções para partes preservadas do cérebro. ○ Quando nos depararmos com algum acontecimento novo, pode ocasionar alterações sinápticas que façam com que aquela situação fique memorizada por muitos anos. Tanto no exemplo do cérebro lesionado, como o acontecimento novo, temos a ocorrência de neuroplasticidade. ● Como ocorre a neuroplasticidade? ○ Desenvolvimento do sistema nervoso - inicia-se na fase embrionária, mas continua após o nascimento. Período crítico - sistema nervoso é imaturo e o ambiente o influencia fortemente. O período crítico é diferente para regiões e sistemas neurais diversos, sendo que alguns comportamentos são naturais, inatos e outros comportamentos e ações tem um período “certo” para ocorrer e uma vez que não se derem dentro deste período jamais poderão ser adquiridos de maneira ideal. ○ Após o término do período crítico, o sistema nervoso ainda possui alguma capacidade de neuroplasticidade, mas na idade adulta a neuroplasticidade é diferente da ontogenética. ○ No adulto, ocorre principalmente plasticidade relacionada às sinapses, que está diretamente relacionada com a memória e também com a aprendizagem. ● O sistema nervoso, e mais restritamente os neurônios, é importante para as capacidades cognitivas, necessárias para a aprendizagem. ● Perder neurônios está relacionado com o decaimento de funções intelectuais importantes, como memória, orientação e linguagem. É o que ocorre na doença de Alzheimer, por exemplo. ● É possível que o sistema nervoso se regenere? Até pouco tempo acreditava-se que não, mas pesquisas mais atuais apontam para uma resposta menos definitiva e em algumas situações, através da neurogênese, isso é possível! Neurogênese, portanto, consiste na capacidade dos neurônios de se proliferarem. ● No início da vida, a proliferação de neurônios já era bem conhecida, evento que ocorre antes dessas células do sistema nervoso se diferenciarem, ou seja, se “adequarem” às funções e características da região cerebral a que passam a pertencer. Na fase adulta algumas regiões do cérebro mantém a capacidade de neurogênese, graças a presença de células-tronco. No entanto, no feto as células-tronco podem se diferenciar em qualquer tipo celular e no encéfalo adulto essas células possuem mais restrições. ● Existem diferentes tipos de neuroplasticidade, que podem ser divididas em: ○ Morfológica: relacionado às estruturas e formas das partes constituintes dos neurônios (axônios e dendritos) e as sinapses na ontogênese. Nos adultos -formação de novas sinapses e por plasticidade de axônios no Sistema Nervoso Periférico. Em aspectos gerais, possuem forte intensidade de neuroplasticidade em crianças em desenvolvimento e intensidade mais fraca em adultos. ○ Funcional: refere-se às alterações na fisiologia neuronal (principalmente durante a fase ontogenética) e sináptica (em adultos). Tanto em crianças como em adultos apresentam forte intensidade de plasticidade. ○ Comportamental: este aspecto ocorre tanto em crianças como em adultos e possui intensidade forte na neuroplasticidade. Está relacionado a alterações ocorridas através da aprendizagem e da memória e de certo modo é o aspecto que depende mais da vontade e empenho dos indivíduos para ocorrer, visto que ao longo de quase toda a vida podemos nos expor a situações que gerem plasticidade neuronal comportamental. ● Síndrome do membro fantasma Esse fenômeno é amplamente documentado e hoje se sabe que se deve à neuroplasticidade funcional. Os membros do corpo possuem áreas no córtex cerebral responsáveis por receber suas informações e quanto mais utilizada a região do corpo, maior é sua representação no cérebro. ● Após o membro ser amputado, a região do córtex anteriormente responsável por essa região fica inativa, pois não lhe chegam mais informações provenientes do membro agora inexistente. No entanto, lá no cérebro o tecido continua vivo e regiões vizinhas responsáveis por receber informações de outras partes do corpo que não a amputada passam a se apropriar dessa região. A área de representação do membro fantasma pode ser, assim, ativadas por regiões corporais vizinhas. ● Comportamentos inatos VS aprendidos. ○ Exemplos óbvios parecem ser fáceis, os outros comportamentos são aprendidos. Para a maioria dos casos, no entanto, definir um comportamento como inato ou aprendido trará possibilidades de erros e equívocos, visto que a maioria dos comportamentos são complexos e oriundos da combinação de características inatas e aprendidas. ○ Estudos com gêmeos idênticos (monozigóticos) e de gêmeos fraternos (dizigóticos), de crianças adotadas são de grande interesse para a ciência. No caso de gêmeos idênticos criados de modo separado é de grande ajuda para compreender componentes inatos e aprendidos do comportamento. ● Aprendizagem e neuroplasticidade ○ O sistema nervoso central e seus neurônios são formados através de componentes inatos; genéticos e permitem a formação de organismos bastante complexos – nós, os seres humanos! – com aparatos suficientes e capazes de aprender. ○ Qual a relação, afinal, da aprendizagem com a neuroplasticidade? A aprendizagem consiste em mudanças de comportamentos que são possíveis através de experiências com o meio externo. É o resultado da relação entre nossas capacidades físicas neurológicas e o meio em que vivemos. ○ Relembre-se que a neuroplasticidade é a propriedade do sistema nervoso de se modificar (função ou estrutura) para se adequar às demandas do meio ambiente, se adaptar. Temos, assim, que a neuroplasticidade é uma das bases para o aprendizado! É a neuroplasticidade que permite que estabeleçamos novas relações entre os acontecimentos e criemos memórias, ou seja, aprendamos. Reflexões da leitura: ● Neurogênese, portanto, consiste na capacidade dos neurônios de se proliferarem. No início da vida, a proliferação de neurônios já era bem conhecida, evento que ocorre antes dessas células do sistema nervoso se diferenciarem, ou seja, se “adequarem” às funções e características da região cerebral a que passam a pertencer. ● na fase adulta algumas regiões do cérebro mantêm a capacidade de neurogênese, graças à presença de células-tronco (células não diferenciadas que podem dar origem à diversos tipos de células). No entanto, as células-tronco presentes no encéfalo não são iguais àquelas presentes nos embriões. No feto, as células-tronco podem se diferenciar em qualquer tipo celular e no encéfalo adulto essas células possuem mais restrições TEMA 06 - INTRODUÇÃO ÀS DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS ASSOCIADAS AO APRENDIZADO ● Causa e consequência entre o aprendizado nos primeiros anos de vida e o comportamento da vida adulta. ● O desenvolvimento da criança e de suas capacidades intelectuais e comportamentais é um assunto um tanto complexo e multifatorial, devendo-se a interação de eventos biológicos, psicológicos e sociais. ● Sistema nervoso propriamente dito, também são diversos os fatores que contribuem para um desenvolvimento saudável. O período inicial do seu desenvolvimento - que vai desde a concepção, passando pela gestação e saúde da mãe durante a gravidez até aproximadamente os 8 anos de idade -estabelece a base das funções cerebrais e cognitivas mais complexas. ● O comprometimento do desenvolvimento neurobiológico inicial poderá trazer interferências negativas para a estrutura biológica e suasfunções, modificando inclusive os constituintes neuroquímicos do cérebro. ● Assim, eventos adversos em qualquer estágio do desenvolvimento embrionário, fetal e neonatal do sistema nervoso da criança pode trazer graves consequências para o comportamento e o aprendizado desse indivíduo por toda a sua vida. Nesta aula, você estudará sobre as disfunções neurológicas e suas associações com a aprendizagem. ● Desenvolvimento neurológico ○ A estimulação dos sentidos é fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos nos primeiros anos de vida e quando não ocorre pode acarretar em prejuízos de aprendizagem. ○ Estímulos sensoriais externos e internos ao cérebro podem provocar a produção aumentada (o estresse é uma das causas) de corticosteroides, hormônios produzidos pelas glândulas suprarrenais que podem comprometer o sistema nervoso e o cérebro. ○ Comprometimento de circuitos neurais, incluindo o hipocampo; estrutura importante para a memória e o sistema límbico; emoções como medo, o que pode influenciar no comportamento e nas funções cognitivas relacionadas à memória e novamente ao aprendizado. O hipocampo, que está envolvido neste processo, conecta-se e “troca informações” com o córtex pré-frontal, que por sua vez está associado a funções cognitivas superiores. ● Dificuldades escolares versus Transtornos de Aprendizagem ○ Mecanismos e componentes biológicos que devem se desenvolver adequadamente na primeira infância para que a aprendizagem da criança possa se dar de modo adequado. Por outro lado, caso isso não ocorra, dificuldades de aprendizado podem ocorrer. ○ Quando falamos em dificuldades de aprendizado, estamos falando exatamente do quê? ○ Dificuldades escolares ou de aprendizado podem significar muitas coisas e, igualmente, podem ter várias causas. ○ Componente biológico é fundamental e necessário para o aprendizado, mas seres humanos são seres bio-psico-sociais, interação de aspectos biológicos, com componentes psicológicos e sociais. ○ Fatores relacionados à vida pessoal da criança, como questões familiares, afetivas e financeiras podem ocasionar dificuldades escolares, que são diferentes de transtornos de aprendizagem. ○ Transtornos de aprendizagem - déficits e dificuldades intrínsecas do indivíduo por disfunções do sistema nervoso central. ○ Essas dificuldades são persistentes durante toda a vida e podem ser de diferentes naturezas, incluindo dificuldades de compreensão oral, leitura, escrita, raciocínio matemático, entre outras. ● Cerca de 40% das crianças brasileiras com dificuldades escolares no início da alfabetização, apenas cerca de 3 a 5% da população brasileira apresenta transtornos de aprendizagem. Correta avaliação da situação, estabelecendo através de critérios (que serão discutidos adiante), para cada caso em questão, quais as possíveis causas. Identificar as causas é importante para buscar meios de solucionar ou minimizar as dificuldades, sejam elas causadas por um transtorno de aprendizagem propriamente dito ou por questões não relacionadas a disfunções do Sistema Nervoso Central. ● Como é feita a classificação dos Transtornos de Aprendizagem? ○ Doenças ou transtornos - importante que diversos profissionais usem os mesmos critérios para diagnosticar alguém. Manuais, como o DSM - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais e o CID – Classificação Internacional de Doenças, este último publicado pela Organização Mundial de Saúde. ○ Buscam padronizar a classificação de doenças, sinais e sintomas, mas é importante ter em mente que os diagnósticos devem ser utilizados para auxiliar no tratamento ou na diminuição dos prejuízos e sofrimentos que a doença ou transtorno podem trazer ao indivíduo e a todos a sua volta, mas não devem ser utilizados para definir alguém. ○ Afinal, somos muito mais complexos do que poderia ser definido por um manual, não é mesmo? Cada pessoa é única e apresenta muitas particularidades que jamais poderiam ser catalogadas em sua totalidade. ○ Os manuais são bastante importantes também por possibilitar que cientistas e pesquisadores busquem formas de tratamento para situações determinadas. ■ DSM - Transtornos de Aprendizagem são classificados através de critérios específicos do desenvolvimento e o diagnóstico é feito através de testes que simulam situações de leitura, problemas matemáticos, orientação espacial, entre outros. ○ Escalas de inteligência, com o papel de simular situações-problema similares aos reais e observar se a solução oferecida pela criança está de acordo com o esperado. ○ Testes são padronizados. ○ Determinado o desempenho esperado que um indivíduo em idade e escolaridade similar deveria obter. ○ Transtorno de Aprendizagem: desempenho abaixo dessa média e correlação anatomofuncional, que são determinados por exames neurológicos e pela observação comportamental através do uso de escalas de desenvolvimento. ○ Exame neurológico tradicional, são diversas etapas que consistem em: inspeção de fácies e atitude, medidas de crânio e avaliação de coluna, equilíbrio (estático e dinâmico), amplitude dos movimentos e força muscular, tônus muscular, trofismos, coordenação, reflexos, sensibilidade, nervos cranianos, linguagem, sistema nervoso autônomo (respiração, deglutição e controle de esfíncteres) e estado mental (orientação em tempo e espaço). Existem ainda outros exames mais sensíveis a sinais menores indicativos de problemas neurológicos. ○ Na avaliação de crianças com dificuldades de aprendizagem é fundamental incluir a avaliação da atitude da criança (como se veste, cuidados de higiene e reação ao teste), bem como os aspectos cognitivos básicos, a afetividade e o humor. ● Classificação dos Transtornos de Aprendizagem ○ Transtornos de Aprendizagem Verbais: as dificuldades da linguagem oral, escrita, velocidade de leitura, desempenho perceptivo, soletração e processamento visual, motor e auditivo. Estudos relacionam esses comprometimentos com o hemisfério esquerdo do cérebro e são os Transtornos de Aprendizagem mais comuns. Entre eles estão: dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia. ○ Transtornos de Aprendizagem Não Verbais: são distúrbios de coordenação psicomotora, organização espacial, cálculos matemáticos. Estão provavelmente relacionados ao hemisfério direito do cérebro. ● Os Transtornos de Aprendizagem mais comuns são a dislexia, a disgrafia e a discalculia: ○ Dislexia: falha no processamento de leitura e da escrita, com dificuldade de traduzir sons em símbolos gráficos, bem como dificuldade de compreender material escrito. A dislexia afeta de 5 a 15% da população com TA, possuindo assim a maior incidência dentre os transtornos específicos. Pode ser sub classificado como visual, com comprometimento do lobo occipital, fonológica, quando é o lobo temporal que está comprometido e mista (comprometimento de diversos lobos). ○ Discalculia: dificuldades com conceitos e símbolos matemáticos, incluindo reconhecimento numérico e envolve capacidades de percepção, abstração e memória. Atinge de 3 a 6% da população com Transtornos de Aprendizagem. ○ Disgrafia: aquisição da escrita, podendo ir da incapacidade à diminuição desta habilidade. As dificuldades podem estar relacionadas à diferentes aspectos, como construção de frases e caligrafia. 3 a 10% da população com Transtorno de Aprendizagem possuem diagnóstico de disgrafia. Reflexões da leitura: ● O período inicial do seu desenvolvimento – que vai desde a concepção, passando pela gestação e saúde da mãe durante a gravidez, até aproximadamente os 8 anos de idade – estabelece a base das funções cerebrais e cognitivas mais complexas. ● Curiosamente, apesar de poucas capacidades motoras, os humanos já nascem com capacidades intelectuais para aprender algumas características de linguagem e reconhecimento de dimensões sensoriais ● Apesar de o componente biológico ser fundamental e necessáriopara o aprendizado, não podemos esquecer que seres humanos são seres biopsicossociais, ou seja, somos o resultado da interação de aspectos biológicos, com componentes psicológicos e sociais TEMA 07 - FISIOPATOLOGIA DAS DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS ASSOCIADAS AO APRENDIZADO ● São diversas as áreas que buscam compreender o neurodesenvolvimento e suas relações com a aprendizagem, entre elas a neuropsicologia, a genética e a neuroimagem. ● Para que a aprendizagem ocorra, é necessário que haja formação de funções que possibilitem a consolidação do conhecimento. ● Isso ocorre através da interação entre aspectos genéticos e ambientais e para se dar de modo correto é preciso que esses fatores estejam em condições favoráveis, com o adequado desenvolvimento do sistema nervoso central e a adequada estimulação ambiental. ● Identificação precoce de dificuldades de aprendizagem, baixo rendimento escolar e de transtornos de aprendizagem é muito importante, pois possibilita que uma série de medidas preventivas sejam tomadas. ● Crianças com dificuldades escolares já apresentavam em idades anteriores à fase escolar comportamentos anormais e comprometimentos cognitivos, motores e de linguagem salientam a importância dessas observações como modo preventivo de danos maiores na aprendizagem. ● Elementos de ordem neurobiológica que devem servir como alerta para tal investigação. ○ Histórico familiar - doenças e características, componentes biológicos genéticos. ○ Patologias que possam ter ocorrido durante a gravidez (hipertensão arterial, uso de drogas incluindo o álcool, ameaças de aborto), bem como o parto propriamente dito ● Avaliação de patologias - investigação de dimorfismos, alterações de pele, de membros e cabeça. Hipotonia, atrasos motores, dificuldades de aquisição de linguagem, ocorrência de crises febris, infecções, epilepsias, tiques, tremores e problemas de equilíbrio são alguns outros eventos que devem ser observados ao longo do desenvolvimento infantil. ● O desenvolvimento neurológico e suas funções ○ Fenômenos genéticos e ambientais que influenciam na formação de neurônios e do sistema nervoso em geral. Para compreender o estado patológico é fundamental saber como é o funcionamento adequado das estruturas em questão. ○ A genética contribui para a formação do cérebro, pré-requisito para os constructos neuropsicológicos, que envolvem as diversas habilidades cognitivas e regulação emocional e, por sua vez, podem ser avaliados por diagnósticos clínico-pedagógicos que avaliam, entre outras coisas, a aprendizagem ● Fatores genéticos desencadenadores de distúrbios neurológicos ○ Fatores Genéticos – envolvendo não apenas características físicas! Aspectos cognitivos e afetivos também possuem componentes biológicos. São várias reações bioquímicas que são governadas por nosso DNA, herdado dos pais. Condições como distúrbios psiquiátricos, deficiência intelectual, autismo e transtornos de aprendizagem sofrem influências genéticas, e investigar a ocorrência destas entre familiares próximos é um importante passo para fazer o diagnóstico. ○ Fatores Epigenéticos: consistem em mecanismos de regulação do DNA. Costumam ser mais estáveis do que os componentes genéticos. Essas alterações podem ocorrer em doenças autoimunes, síndromes e distúrbios psiquiátricos, como o autismo. ● O autismo é um distúrbio com diferentes níveis de comprometimento e por isso recebe a denominação de “espectro”, variando desde formas mais brandas as mais severas. Em geral, pessoas com espectro autista apresentam dificuldades de interação social com outros humanos, dificuldades na comunicação devido à ecolalia (fala repetida) ou ausência de fala e aspectos comportamentais, com ações e movimentos estereotipados e repetitivos, além de intolerância a mudanças na rotina. ● Fatores pré-natais: intercorrências durante a gravidez são os motivos de diversos transtornos e déficits, inclusive de aprendizagem e deve ser investigado. Este período é fundamental para a formação do sistema nervoso e o uso de drogas (lícitas, como cigarro e tabaco ou ilícitas, como crack, maconha e cocaína) podem levar a alterações biológicas e/ou comportamentais ou mesmo inviabilizar o feto. ● Fatores perinatais: a prematuridade pode trazer sérios riscos ao bebê, pois seu desenvolvimento deve ser suficiente para enfrentar as intempéries do mundo fora do útero, como a respiração, a capacidade de sucção para mamar, circulação etc. peso do bebê ao nascer, a ocorrência de crises epiléticas, anoxia perinatal, hipoglicemia e abstinência de drogas (bebês filhos de mães usuárias de drogas podem ter diversos problemas de formação e de neurodesenvolvimento, incluindo a inviabilidade do feto e a prematuridade). ● Entre as diversas drogas existentes, o álcool é uma droga legal que quando usado durante a gravidez pela mãe pode levar ao espectro de desordens fetais alcoólicas, causando alterações físicas, mentais, comportamentais e de aprendizado no feto. O cigarro, outra droga lícita, pode aumentar em até 40% os riscos de problemas de desenvolvimento da criança. Assim, o efeito deletério de drogas lícitas são bastante consideráveis e não podem ser menosprezados! ● Fatores pós-natais: os primeiros anos da infância são fundamentais para o desenvolvimento perfeito do cérebro e de suas capacidades. Infecções, inflamações e diversas doenças podem comprometer o neurodesenvolvimento e, por conseguinte, a aprendizagem, mas não são apenas componentes biológicos que estão relacionados à fase pós-natal! Como já foi dito anteriormente, os bebês humanos são frágeis e muito dependentes de adultos e, nesse período inicial da vida em que a criança é mais vulnerável, acidentes podem acarretar em sequelas neurológicas que também podem trazer prejuízo para as funções cognitivas e ao aprendizado. ● Após o nascimento, todo o desenvolvimento da criança deve ser acompanhado de perto pelos cuidadores e por profissionais competentes. O desenvolvimento neuropsicomotor é de especial interesse no que tange à aprendizagem. Atrasos no desenvolvimento neurológico são comumente associados a doenças pediátricas, psiquiátricas e dificuldades de aprendizagem acadêmica. Essas afecções podem ser causadas tanto por doença neurológica como ser desencadeadas por maus tratos e/ou por condições insuficientes de atendimento às demandas e necessidades da criança, incluindo condições físicas e psicológicas ● COMO AVALIAR O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR? ○ Algumas escalas ajudam os profissionais da saúde a verificarem se o desenvolvimento neuropsicomotor da criança em questão está dentro do esperado para sua faixa etária. Avaliação clínica de linguagem, observação de relacionamentos sociais da criança e aspectos motores e comportamentais da mesma estão incluídos na lista de fatores a serem considerados. Características similares, como o mau desempenho escolar, transtornos de aprendizagem são comumente confundidos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), transtornos do espectro autista, distúrbio específico de linguagem, deficiência intelectual, entre outros. ○ É importante lembrar que algumas diferenças entre indivíduos são esperadas e que pode refletir apenas especificidades e particularidades e não déficits ou transtornos. Apenas uma avaliação cuidadosa e completa realizada por profissionais habilitados poderá confirmar suspeitas e avaliar o grau de complexidade dos problemas enfrentados pela Criança. ● Condições associadas de risco neurológico ○ As habilidades neuropsicomotoras envolvem diversos elementos que são essenciais para um rendimento escolar adequado ○ Entre elas estão as funções executivas (que englobam capacidades de planejamento, análises de risco e tomada de decisões e controle inibitório), juntamente com memória operacional (de curto prazo), atenção, linguagem, coordenação psicomotora, velocidade de deslocamento, ritmo,percepção temporal e espacial. ○ O desenvolvimento inadequado dessas funções, principalmente entre os primeiros cinco anos de vida, pode ser indicativo de doenças ou problemas neurológicos. ○ Há vários fatores e condições que aumentam a probabilidade de alterações do desenvolvimento neurológico ocorrerem e que estão associados a prejuízos escolares. Entre as principais condições associadas de risco estão: transtornos do espectro autista, deficiência intelectual, TDAH e deficiência intelectual. ● Síndromes genéticas: ○ Bastante heterogêneas e de gravidade variável. Tem como origem anomalias no genoma, podendo ser de origem cromossômica (o ser humano possui 46 cromossomos divididos em 23 pares) ou de microdeleções (pequenos “defeitos”). Diversos tipos de alterações de neurodesenvolvimento, a depender do tipo e gravidade das falhas genéticas, podem ocorrer. ○ Em relação à aprendizagem e vida escolar esses indivíduos podem apresentar desde disfunções leves até deficiências intelectuais graves. ○ Como já salientado, apenas a identificação precoce e a tomada de medidas adequadas para minimizar e, quando possível, solucionar o problema pode auxiliar no atraso do desenvolvimento, na prevenção de piora do quadro, no planejamento familiar e preparação da sociedade (escola e família) para a melhor adequação do indivíduo com síndrome genética e dos demais ao seu redor. ● Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: TDAH - distúrbio do desenvolvimento que tem como características principais déficit de atenção e comportamento hiperativo, além da impulsividade. Esses comportamentos e características geralmente aparecem antes dos 12 anos de vida e são persistentes na adolescência para a maioria dos afetados por esse transtorno. Os sinais neurológicos precoces incluem atraso motor, de fala, agitação e inquietação extremas e diferentes das demais crianças de mesma faixa etária e educacional, além de dificuldades de funções executivas no geral. • crescimento indevido do diagnóstico de TDAH ● Deficiência intelectual: Caracterizados pelos prejuízos significativamente abaixo da média para tarefas intelectuais e sociais, levando-as a apresentar não apenas prejuízos escolares, mas também desenvolvimento social e afetivo prejudicados e empobrecidos. Os primeiros sinais costumam estar presentes nos primeiros três anos de vida e incluem: pouca iniciativa, interação pobre com o ambiente e com as outras pessoas, atraso no desenvolvimento da postura e motor, déficit na compreensão e na utilização adequada de símbolos, entre outros Reflexões da leitura: ● A avaliação de patologias deve incluir ainda a investigação de dimorfismos, alterações de pele, de membros e cabeça. Hipotonia, atrasos motores, dificuldades de aquisição de linguagem, ocorrência de crises febris, infecções, epilepsias, tiques, tremores e problemas de equilíbrio são alguns outros eventos que devem ser observados ao longo do desenvolvimento infantil. ● Mas como avaliar o desenvolvimento psicomotor? Algumas escalas ajudam os profissionais da saúde a verificarem se o desenvolvimento neuropsicomotor da criança em questão está dentro do esperado para sua faixa etária. Avaliação clínica de linguagem, observação de relacionamentos sociais da criança e aspectos motores e comportamentais dela estão incluídos na lista de fatores a serem considerados. Devido a algumas características similares, como o mau desempenho escolar, transtornos de aprendizagem são comumente confundidos com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos do espectro autista, distúrbio específico de linguagem, deficiência intelectual, entre outros. O diagnóstico diferencial entre transtorno de aprendizagem e outras comorbidades é importante para que sejam tomadas medidas que permitam o melhor tratamento possível ● Há vários fatores e condições que aumentam a probabilidade de alterações do desenvolvimento neurológico ocorrerem e que estão associados a prejuízos escolares. Entre as principais condições associadas de risco, estão: transtornos do espectro autista, deficiência intelectual, TDAH e deficiência intelectual e serão apresentadas a seguir ● Dimorfismos: termo utilizado na biologia para fazer referência a existência de dois aspectos ou condições diferentes. O dimorfismo sexual, por exemplo, é caracterizado pelas características de fisionomia presentes em homens ou em mulheres. ● Anóxia perinatal: caracterizado pela ausência ou insuficiência de oxigênio durante o trabalho de parto e/ou parto. Está relacionada com diversas condições associadas à dificuldade escolar e de aprendizagem, como autismo, dislexia e discalculia. TEMA 08 - NEUROEDUCAÇÃO: A NEUROCIÊNCIA EXPLICANDO E OTIMIZANDO O APRENDIZADO ○ Introdução ○ Explicar: Por que uns aprendem mais rápido que outros? Existem diferenças no cérebro que as expliquem? ○ Otimizar: Que técnicas de aprendizado seriam melhores? São capazes de gerar mudanças fisiológicas no cérebro? Alteram algum comportamento? ● Neurociências e educação: Neuroeducação ○ Vertente da Neurociência, até certo ponto. ○ Psicologia e pedagogia junto à educação: explicar processos mentais e comportamentos. ○ Conceito: área interdisciplinar – psicologia, pedagogia, neurociências (molecular, celular, sistêmica, comportamental e cognitiva) juntas para compreender o processo de aprendizagem. ● O que é aprendizado? ○ Várias aplicações do termo: ○ Molecular: Neurônios e novas sinapses – modificações estruturais e funcionais: neuroplasticidade. Forma de aprendizado. ○ Cognitivo: aquisição de eventos -> memória. ○ Comportamental: Processo neural complexo, multimodal, modulação e modificação de comportamentos com base na experiência. ○ Aprendizado e memória ■ Processos interligados e interdependentes, porém distintos. ■ Memória: envolve outras funções como atenção, motivação, emoções. ○ Aprendizado e educação ■ Resultado de todos esses processos. Mais amplo, envolve todos os outros. ■ Diversas redes neurais. ● Contribuições da neurociência para a neuroeducação ○ Compreendendo o aprendizado: ■ Estudos sobre memória ■ Experimentais e clínicos ○ Otimizando o aprendizado: ■ Efeito do treino cognitivo ■ Efeito do treino físico ○ Divulgação científica ○ Informações que se complementam ● Neurociência: ferramentas para a educação ○ Exercício físico ■ Mecanismos neuroplásticos e mudanças estruturais. ■ Melhora da capacidade de raciocínio e concentração. ■ Tão importante quanto reserva cognitiva. ■ Mudanças curriculares: 20 – 30min. de exercício moderado antes das aulas. ■ Efeitos se prolongam por até 4h – período propício ao aprendizado. ● Contribuições da neurociência para a educação • ○ Música ■ Ouvir ou aprender a tocar um instrumento – diversos processos neurais. ■ Processamento de sons em áreas que também processam linguagem, leitura. ■ Aprendizagem musical de crianças em risco de aprendizagem – melhores resultados. ○ Meditação ■ Recrutamento otimizado de redes neurais, controle emocional ○ Jogos eletrônicos ■ Pontos positivos e negativos – depende do que é avaliado (funções executivas, agressividade). ■ Estudos em contextos variados. ■ Ferramenta terapêutica – recuperação AVC. ○ Compreensão de mecanismos fisiopatológicos de distúrbios do aprendizado. ○ Transtornos do espectro autista ○ Dificuldades de focar o olhar e compreender emoções. ○ Divulgação científica ■ Um dos papéis da ciência é educar. ■ Divulgação científica: conscientização da população, efeitos na incidência de doenças e diminuição de estigmas. ■ AVC, epilepsia, autismo ○ Ferramentas didáticas ■ Ciência, despertar curiosidade, contextualizar problemas. Reflexões da leitura: ● De fato, se um circuito de neurônios que participa de um determinado processo é ativado repetidamente, temos um processo de aprendizagematravés do estabelecimento de novas sinapses ou do reforço de sinapses existentes. Essa capacidade de o tecido nervoso se reinventar conforme a necessidade é a famosa neuroplasticidade ● Dessa forma, podemos dizer que os neurônios aprendem para que possamos aprender: assim, adquirimos conhecimento e desenvolvemos capacidades cognitivas ● a. A palavra aprendizado se aplica a vários níveis e processos. Nos neurônios, há estruturas especializadas em formar conexões com outros neurônios, em resposta a um estímulo vindo do meio interno, do organismo, ou do meio externo, por isso os neurônios aprendem formando novas conexões. No cérebro, mais precisamente no encéfalo, os neurônios formam circuitos e redes que também são capazes de aprender, remodelando-se conforme necessário, fazendo uso da neuroplasticidade. ● Estudos com RMf mostram a ativação em maior ou menor de grau de redes formadas por várias regiões durante a execução de tarefas até mesmo as mais simples. A aprendizagem é um exemplo disso. O aprendizado é um processo neural do qual outros fazem parte. Aprender é modular e modificar comportamentos com base na experiência. Sem memória, não há experiência, não há arquivo nem recuperação do que foi vivenciado; logo, não há aprendizado. Para formar memória, é preciso a participação de outros processos, como motivação, atenção e emoções. Aprendizagem é também a aquisição de eventos que serão retidos por variados períodos de tempo na memória, de forma seletiva ● Já se sabe que o exercício físico é capaz de induzir o processo de neuroplasticidade, reforçar a memória, a capacidade de concentração e proteger o tecido nervoso do envelhecimento e de doenças neurodegenerativas ● Estudos com ressonância magnética mostraram que o exercício físico levaria ao aumento do hipocampo, estrutura encefálica relacionada à memória e às emoções e promoveria melhor retenção de memória dentro de até 4h depois de sua prática, período ideal para aprender. Acredita-se que isso se deve à liberação de neurotransmissores durante o exercício que se prolonga e se estende para diversas regiões do cérebro ● O aprendizado musical, assim como qualquer novo aprendizado, promove remodelação de circuitos neurais em áreas do cérebro relacionadas ao processamento de sons. Acontece que essas regiões também participam de outras habilidades como leitura e linguagem. Dessa forma, o aprendizado musical pode ser uma forma de potencializar o aprendizado em geral, visto que este depende de funções cognitivas como a linguagem. Um estudo mostrou que houve mudanças neurofisiológicas no cérebro de crianças de baixa renda que participavam de um programa educacional de música. Essas crianças estariam sob maior risco de apresentarem dificuldades de aprendizado devido a uma educação deficiente e, assim, se beneficiaram do ensino musical ● o. A meditação seria capaz de otimizar o recrutamento de redes neurais. Desse modo, tarefas seriam executadas com o uso de menos de redes, além de trazer benefícios como melhora da concentração e controle emocional. Há escolas que já utilizam a meditação e observam melhora na disciplina entre os alunos ● É o caso dos transtornos do espetro autista, cujas descobertas sobre os mecanismos neurobiológicos subjacentes (pesquisas apontam que há desequilíbrio de neurotransmissores e alterações corticais que resultam em dificuldade de focar o olhar e compreender emoções) podem ajudar e direcionar práticas pedagógicas para pessoas com alterações do desenvolvimento e aprendizado.
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