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Fernando Pires dos Santos Isabelle Sousa de Moura Rio de Janeiro 2020 INTRODUÇÃO Em 1974, após os diversos problemas nos mercados bancários internacionais provocada pela falência do banco alemão Bankhaus Herstatt., o Comitê da Basileia (Committee of Banking Regulations and Supervisory Practices) era formado, que surgiu como tentativa por parte dos bancos centrais e entidades supervisoras dos países membros do G-10, para definir os objetivos e mecanismos gerais de supervisão dos sistemas financeiros nacionais, com foco no sistema bancário mundial. Os Acordos de Basileia apresentam princípios básicos que através de uma metodologia de avaliação de risco de crédito busca conciliar liquidez e estabilidade financeira aos que seguem suas regras, estipulando-se, entre outras coisas, um capital mínimo que os bancos deveriam possuir para minimizar os riscos dos empréstimos. O Comitê era formado pelos bancos centrais dos seguintes países: Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Luxemburgo, Holanda, Espanha, Suécia, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos. Hoje ele é constituído por representantes de 27 países. Porém, mesmo os países que não são membros do Comitê de Basileia, costumam adotar suas normas como referencial para a política a ser adotada por suas respectivas instituições, muitas vezes com cronograma de implementação diverso e adaptando as suas realidades, mas ainda assim, seguindo os princípios básicos. . DESENVOLVIMENTO A partir da criação do Comitê, diversos documentos foram elaborados com normas a serem seguidas pelos países que faziam parte, numa tentativa de melhorar a eficiência do controle dos riscos a que estão expostas as instituições financeiras. Os termos previamente definidos foram sendo aprimorados. Após primeiro encontro, em 1975, o Comitê de Basileia passou a se reunir a cada três meses. Desses encontros surgiram, ao longo dos anos, três grandes acordos que ficaram conhecidos como: Basileia I, II e III. Acordo de Basileia (1988) – Basileia I O Acordo de Basileia I foi o passo inicial para uma metodologia comum de avaliação de risco de crédito para as operações financeiras. Que teve início em 1988, com objetivo de criar exigências mínimas de capital, que devem ser respeitadas por bancos comerciais, como precaução e mensuração do risco de crédito. Desde então, as medidas foram sendo progressivamente introduzidas por autoridades monetárias de diversos países. Algumas das medidas: • Índice mínimo de capital: É um conceito internacional definido pelo Comitê de Basiléia que recomenda uma relação mínima de 8% entre o Patrimônio de Referência (PR) e o Patrimônio Líquido Exigido (PLE). • Capital regulatório Determina que a instituição mantenha uma quantia de capital próprio depositado em caixa para aliviar possíveis riscos; • Avaliação de risco dos ativos: o banco deve fazer a avaliação de risco dos ativos que está emprestando baseando-se no perfil do tomador. Após o acordo, o sistema bancário mundial teve uma significante melhoria devido aos princípios e regras adotadas. Porém, o acordo de Basileia I não conseguiu evitar inúmeras falências de instituições financeiras na década de 90. https://blog.idwall.co/congresso-de-risco-febraban-2019/?utm_source=google&utm_medium=blog&utm_campaign=rastreamento_posts_blog&utm_term=acordo%20de%20basileia%20I&utm_content=https%3A%2F%2Fblog.idwall.co%2Facordo-de-basileia-I Acordo de Capital de Basileia II (2004) - Basileia II Basileia II, foi um acordo assinado no âmbito do Comitê de Supervisão Bancária de Basileia em 2004 para substituir o acordo de Basileia I. Os três pilares do Basileia II são: • Pilar 1 – Capital (guardar): Consiste nos requerimentos de capital para cobertura dos riscos de crédito, de mercado e operacional. Este requisito, expresso pela fórmula abaixo, é conhecido como Índice de Basiléia • Pilar 2 – Supervisão (fiscalizar): O processo de avaliação conduzido pelo supervisor de observância dos requisitos prudenciais e da adequação de capital. • Pilar 3 – Transparência e disciplina de mercado (divulgação de dados): Fomenta a disciplina de mercado por meio da divulgação de informações. Figura 1 -Resumo dos Pilares da Basiléia II Fonte: Garcia e Duarte, 2004 O Acordo de Basiléia II traz modificações, especialmente em termos de flexibilizações e ao mesmo tempo de novas exigências, sobre a forma como o gerenciamento de crédito deve ser realizado pelas instituições bancárias, especificamente no que se refere à manutenção de capital baseado nos riscos incorridos pela instituição. • Risco de Crédito: o risco de crédito se refere à probabilidade de um cliente faltar com os pagamentos de qualquer tipo de dívida. • Risco de Mercado: Risco de perdas em decorrência de oscilações em variáveis econômicas e financeiras, como taxas de juros, taxas de câmbio, preços de ações e de commodities. • Risco Operacional: Risco de perdas inesperadas de uma instituição, em virtude de seus sistemas, práticas e medidas de controle serem incapazes de resistir a erros humanos, à infraestrutura de apoio danificada, fraudes e a mudanças no ambiente empresarial. Acordos de Basileia III (2010) – Basileia III Após a crise de 2008, o terceiro acordo de Basileia veio para ampliar as regras contidas nos acordos anteriores. Aumentando assim a regulação sobre o sistema financeiro. Isso, obviamente, levou a imposição de limites mais rígidos para a atuação dos bancos e instituições. Diferente dos acordos anteriores, que focavam na reserva de capital que os bancos deveriam reservar em razão dos riscos dos empréstimos e investimentos, Basiléia III está primariamente relacionado ao risco de uma corrida aos bancos, exigindo diferentes níveis de reserva para diferentes formas de depósitos bancários e outros empréstimos. Neste acordo ficou estipulado que os bancos dos países participantes deveriam se proteger melhor de momentos crítico realizando reservas, quando possíveis, em momentos de estabilidade. Dois pontos importantes nesta nova parte do acordo são: • O banco deve fazer um colchão de conservação de capital que é uma reserva extra de 2,5% sobre os ativos de risco, além da base de 8% de reservas que a instituição deve fazer que dão um total de 10,5% de capital de alta qualidade para a instituição. https://pt.wikipedia.org/wiki/Corrida_aos_bancos • Em cima disso será acrescentado outro colchão, chamado de capital contra cíclico, que poderá variar de 0% a 2,5% e será adotado de acordo com as circunstâncias econômicas de cada país. Na soma total, o índice mínimo pode chegar a 13%. Basiléia III introduz a necessidade de uma gestão mais efetiva do risco de liquidez, criando dois novos índices, o Índice de Cobertura de Liquidez (LCR) e índice de Liquidez de Longo Prazo (NSFR).O Índice de Cobertura de Liquidez (LCR) tem por objetivo impedir que bancos transformem créditos de curto prazo em créditos de longo prazo através de refinanciamento; O Índice de Liquidez de Longo Prazo (NSFR) tem por objetivo incentivar os Bancos a financiarem suas atividades com fontes mais estáveis de captação; Em geral, pode-se afirmar que Basileia III, relativamente à Basileia II, contribui para tornar o sistema bancário mais forte, isso se deve por ser mais capaz de absorver perdas e de ser influenciado pela autoridade monetária em sua política de crédito. O Brasil: Membro do Comitê de Basileia desde 2009, tem cumprido o compromisso de aplicar as recomendações ao Sistema Financeiro Nacional. Basileia III está em implantação desde 2013, por meio de normas doConselho Monetário Nacional (CMN) e do Banco Central (BC). Ao final de 2013, foi analisado o arcabouço prudencial relativo a requerimentos mínimos de capital regulatório e avaliado com nota máxima (“compliant”). Em 2017 obteve também grau máximo para a regulamentação do indicador Liquidez de Curto Prazo (LCR), ou seja, capacidade de honrar seus compromissos de curto prazo mesmo em períodos de grande stress. Referências BIS Bank of International Settlements. [on-line] Available: <http://www.bis.org> Acesso em 16 set. 2007. Boletim de Mercado de Capitais, Associação Brasileira da Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Maio 2018. Figueiredo, Romana Picanço. Gestão de Riscos Operacionais em Instituições Financeiras – Uma abordagem qualitativa. Belém, 2001. Freitas, Maria Cristina Penido de. Racionalidade da Regulamentação e Supervisão Bancária: Uma interpretação Heterodoxa. In: SOBREIRA, Rogério (Org.). Regulação Financeira e Bancária. São Paulo: Atlas, 2005. Gavazza, I. de O.; Tiryaki, G. F. Inadimplência de crédito e os ciclos econômicos no Brasil entre 2002 e 2012. Encontro de Economia Baiana, 2014. Resoluções do BACEN (Banco Central do Brasil): resolução 4.192 e 4.193 de março de 2013. Silva, S. E.; Ferreira, B. P. Relações entre o índice de Basileia e o nível de endividamento das famílias brasileiras. Sociedade, Contabilidade e Gestão, Rio de Janeiro, 2016. GARCIA, L. F. T.; DUARTE, R. M. Adequações finais ao Acordo da Basiléia II. OLIVEIRA, G. C.; FERREIRA, A.N. BASILEIA III: CONCEPÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL
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