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MEIOS DIAGNÓSTICOS DA LEPTOSPIROSE CANINA (2)

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NILVIA DA HORA DE JESUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEIOS DIAGNÓSTICOS DA LEPTOSPIROSE CANINA: 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Universidade Federal Rural do 
Semi-Árido – UFERSA, Pró-Reitoria de Ensino e de Pós-
Graduação, para obtenção do certificado de Especialização em 
Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais. 
 
Orientador: Profª Ms Maria Amélia Fernandes Figueiredo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ - RN 
2009 
 2 
 
 
NILVIA DA HORA DE JESUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEIOS DIAGNÓSTICOS DA LEPTOSPIROSE CANINA: 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Universidade Federal do 
Semi-Árido (UFERSA), como exigência final para 
obtenção do título de Especialização em Clínica 
Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais. 
 
 
 
APROVADA EM: 21/11/2009 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
 
______________________________________ 
Profª. M. Sc. Laura Cristina Pinho de Oliveira 
Equalis 
 
 
____________________________________ 
Profº. M. Sc. Marcus Vinicius Fróes Barbosa 
UNIME 
 
 
_________________________________ 
Profª. Dra. Gláucia Bueno Pereira Neto 
UNIME 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus queridos pais, 
responsáveis por cada vitória em minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
A Deus, pelo dom da vida. 
 
Aos meus pais, Silvio e Tanilza, pelo amor e apoio. 
 
As minhas irmãs Silza e Silvilane, pelo carinho e amizade constantes. 
 
A Marcco Antonio, que com seu lindo sorriso me renova forças. 
 
A minha orientadora, Prof.ª Maria Amélia, que apesar da distancia, se fez presente 
durante a execução desse trabalho. 
 
Aos meus queridos colegas de pós-graduaçao, Cleusa, Hermes, Gustavo, Carlinhos, 
Ilka, Sharlene, Thiago, Carlos, entre tantos outros, que me proporcionaram momentos 
inesquecíveis de companheirismo e amizade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
RESUMO 
 
 
JESUS, N. H. Meios diagnósticos da Leptospirose Canina: revisão de literatura. 
Monografia (Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais) – Pró 
– Reitoria de Ensino e de Pós-Graduaçao – Universidade Federal Rural do Semi-Árido – 
2009. 
 
 
 
O diagnóstico precoce da Leptospirose Canina é de extrema importância para instituir o 
melhor tratamento. Contudo, muitas vezes seus sinais clínicos são confundidos com outras 
enfermidades, devido as suas variadas manifestações clínicas. Assim, é extremamente 
necessário ter conhecimento sobre essas variedades, inclusive para a escolha do método de 
diagnóstico mais adequado para a situação que o animal se encontra. A sintomatologia da 
infecção associada ao histórico, sinais clínicos e achados laboratoriais, como hemograma, 
bioquímica sérica e urinálise, possibilita o diagnóstico presuntivo de Leptospirose. Porém, 
para confirmar a presença da enfermidade se faz necessário à realização de exames 
confirmatórios, como microscopia de campo escuro, testes sorológicos, PCR, entre outros. O 
objetivo do presente trabalho foi descrever os métodos diagnósticos mais utilizados, visando o 
tratamento precoce dos animais enfermos. 
 
 
Palavras-chaves: cães, leptospirose canina, meios diagnósticos, testes confirmatórios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
ABSTRACT 
 
JESUS, N. H. Diagnostic means of Canine Leptospirosis: a literature review. 
Monografia (Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais) – Pró 
– Reitoria de Ensino e de Pós-Graduaçao – Universidade Federal Rural do Semi-Arido – 
2009. 
 
 
The early diagnosis of Canine Leptospirosis is extremely important to establish the best 
treatment. However, often their clinical signs are mistaken for other diseases, due to its varied 
clinical manifestations. Thus, it is extremely necessary to have knowledge about these 
varieties, including the choice of diagnostic method most appropriate for the situation that the 
animal is. Symptoms of infection associated with the history, clinical signs and laboratory 
findings, such as blood count, blood chemistry and urinalysis, allows the presumptive 
diagnosis of leptospirosis. However, to confirm the presence of the disease is necessary to 
carry out confirmatory tests, such as dark field microscopy, serology, PCR, among others. 
The objective of this study was to describe the most used diagnostic methods, aiming at an 
early animals sick. 
 
Key words: dogs, canine leptospirosis, diagnostic techniques, confirmatory tests. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 8 
2. REVISÃO DE LITERATURA 10 
2.1 Aspectos gerais da Leptospirose Canina 10 
2.2 Histórico e sinais clínicos 11 
2.3 Achados laboratoriais não específicos 12 
2.4 Microscopia de campo escuro 13 
2.5 Isolamento e cultivo do agente 14 
2.6 Diagnóstico anatomo-patológico 15 
2.7 Soroaglutinação microscópica (SAM) 15 
2.8 Teste de Elisa 17 
2.9 Reação em cadeia polimerase (PCR) 17 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 19 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
1. INTRODUÇÃO 
 
 A Leptospirose é uma doença infecto-contagiosa que acomete homens e animais, de 
ocorrência mundial, sendo mais comum em países tropicais e subtropicais. Os animais 
silvestres agem como portadores ou reservatórios de leptospiras para o homem e espécies 
domésticas (PAULA, 2005). 
 A água tem papel primordial na difusão e manutenção das leptospiras na natureza e 
assume particular importância na transmissão da doença, que ocorre por meio de contato com 
a água contaminada de rios, lagoas e canais ou oriunda de chuvas (SILVA et al., 2006). 
Assim, o contágio humano e canino acontece principalmente em situações de enchentes e 
inundações, onde a urina dos roedores (principal reservatório) está presente em esgotos e 
bueiros que se misturam as enxurradas e à lama de enchentes (BLAZIUS et al., 2005). 
 Para a prevenção da leptospirose, tanto humana quanto canina, é preciso à implantação 
de uma série de medidas de controle, como o controle da população de roedores, a 
manutenção de ambiente desfavorável à sobrevivência das leptospiras, e isolamento e 
tratamento dos animais infectados, além de se evitar o contato com água da enchente para que 
não ocorra a disseminação das leptospiras (OLIVEIRA et al., 2005). De acordo com Ettinger; 
Feldman (2004), a vacinação dos cães é de extrema importância como medida de controle da 
leptospirose canina e consequentemente da humana. 
 Os sinais clínicos da Leptospirose Canina muitas vezes são confundidos com a 
sintomatologia de outra enfermidade, o que dificulta o diagnóstico precoce da doença 
(ANZAI, 2006). O diagnóstico da leptospirose é baseado na combinação do histórico, sinais 
clínicos, achados laboratoriais não específicos e testes confirmatórios. Os exames 
laboratoriais como o hemograma, dosagem dos valores séricos de uréia e creatinina e 
urinálise, podem ser utilizados como exames complementares, pois contribuem para a 
avaliação clínica do animal (OLIVEIRA et al., 2005). Já os testes confirmatórios incluem 
microscopia de campo escuro, teste de soroaglutinação microscópica (SAM), isolamento em 
cultura de urina ou sangue, reação em cadeia de polimerase (PCR), entre outros (BIAZOTTI, 
2006). 
 O objetivo deste trabalho foi descrever os meios de diagnósticos mais utilizados para 
identificação da Leptospirose Canina, demonstrando inclusive as vantagens e desvantagens de 
cada técnica, para assim, auxiliar o clínico veterinário na escolha do melhor método de acordo 
com cada situação exposta. Portanto, quanto mais precoce o diagnóstico, melhorpara instituir 
 9 
o tratamento mais adequado, obtendo assim resultados positivos quanto à recuperação dos 
pacientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1 Aspectos gerais da Leptospirose Canina 
 
 
 A leptospirose é causada pela bactéria do gênero Leptospira, família 
Treponemataceae, ordem Spirochaetiales. Segundo Biazotti (2006), as leptospiras são 
bactérias flexíveis, delgadas e filamentosas em espiral, e extremidades em forma de anzol. O 
gênero Leptospira foi dividido anteriormente em duas espécies: Leptospira interrogans que 
compreende todas as estirpes patogênicas, e Leptospira biflexa, compreendendo leptospiras 
saprófitas isoladas do ambiente (RODRIGUES, 2008). Assim, as mesmas eram diferenciadas 
por reações sorológicas, e agora as leptospiras são classificadas por homologia do DNA, e 
dentro de cada espécie, várias sorovariedades são reconhecidas com base nas reações 
sorológicas (QUINN et al., 2005). 
 Segundo Biazotti (2006), os cães são infectados por L. australis, L. autumnalis, L. 
ballum, L. bratislava, L. bataviae, L. canicola, L. grippotyphosa, L. hardjo, L. 
icterohaemorrhagiae e L. pamona e L. tarassovi, pertencentes ao gênero Leptospira 
interrogans. 
 A transmissão das leptospiras, que atingem os animais pode ser por contato direto 
entre os mesmos ou pelo contato indireto, sendo esta a forma mais freqüente de transmissão 
(ETTINGER; FELDMAN, 2004). As leptospiras multiplicam-se rapidamente ao ingressarem 
no espaço vascular sanguíneo e produzem lesões em muitos órgãos nos hospedeiros 
suscetíveis (RODRIGUES, 2008). A leptospiremia ocorre entre quatro a doze dias pós-
infecção, e os alvos primários são os rins e fígado. A leptospira replica-se no epitélio tubular 
renal e pode causar lesão aguda e insuficiência renal, no fígado pode lesar hepatócitos 
resultando ocasionalmente em necrose hepática aguda, fibrose hepática e hepatite ativa 
crônica (BIAZZOTI, 2006). 
 Rodrigues et al. (2008) ressaltam que a doença nos cães pode ocorrer na forma 
subclínica ou clínica, com evoluções aguda ou crônica. As infecções menos graves causam 
febre, anorexia, vômito, desidratação, aumento de sede e relutância em mover-se. A 
deterioração progressiva da função renal resulta em oligúria ou anúria, e alguns cães também 
podem apresentar icterícia (ETTINGER; FELDMAN, 2004). Nos casos severos, o início é 
súbito e a doença se caracteriza por uma ligeira fraqueza, anorexia, vômito, febre em torno de 
 11 
40º C, e frequentemente há conjuntivite suave. Após alguns dias, a temperatura tende a cair, a 
depressão fica mais pronunciada, a respiração fica cada vez mais dificultada e a sede 
acentuada (HAGIWARA, 2003). 
 Ettinger; Feldman (2004) preconizam para o tratamento da Leptospirose Canina, a 
terapia de suporte. Entretanto, a mesma depende da gravidade da infecção, da presença da 
disfunção renal ou hepática e de outros fatores complicantes. Deve-se promover a hidratação 
com fluidoterapia intravenosa (IV), a qual pode reverter quadros de oligúria e anúria, devendo 
ser usados diuréticos em casos mais dramáticos, podendo ser necessário, até mesmo, diálise 
peritoneal (RODRIGUES, 2008). A antibioticoterapia deve ser iniciada o quanto antes, pois 
inibe rapidamente as complicações fatais da infecção como insuficiência renal e hepática. A 
penicilina e seus derivados é o antibiótico de escolha para interromper a leptospiremia, porém 
não elimina o estado de portador. Após a recuperação, a doxiciclina pode ser usada para a 
eliminação desse estado (RODRIGUES, 2008). No entanto, Aiello (2001), sugere o uso da 
diidroestreptomicina em doses elevadas por uma semana para a redução do estado de 
portador/eliminador. 
 De acordo com Ettinger; Feldman (2004), o controle da liberação de leptospiras pelos 
reservatórios naturais (principalmente roedores) é impossível. Por essa razão, a vacinação de 
cães é essencial para a prevenção e controle da enfermidade As bacterinas inativadas 
bivalentes que contêm dois sorotipos principais, L. canicola e a L. icterohaemorrhagia, e 
ainda a L. grippotyphosa e L. pamona estão disponíveis para os cães. A imunização é eficaz 
em reduzir a prevalência e a gravidade da leptospirose canina, mas não evita o estado de 
carreador, nem protege contra a infecção por outros sorotipos. 
 
 
2.2 Histórico e sinais clínicos 
 
 
 O diagnóstico inicial da leptospirose é feito com base nos sinais clínicos, avaliação do 
histórico e contexto epidemiológico. As manifestações clínicas da leptospirose em cães 
dependem da idade e imunidade do animal e da virulência do sorovar infectante. Os animais 
que apresentam infecção subaguda manifestam febre, anorexia, vômito, desidratação e 
polidipsia acentuada, além de apresentar mucosas congestas, petéquias e equimoses em todo o 
corpo (BIAZOTTI, 2006). 
 12 
 Segundo Oliveira et al. (2005), a maioria dos sorovares pode causar leptospiremia e 
vasculite em cães, contudo, o envolvimento dos órgãos está relacionado ao sorovar infectante. 
A infecção clássica pelo sorovar icterohaemorrhagiae é caracterizada por doença 
hemorrágica aguda, insuficiência hepática e renal, apresentando febre, mialgia, prostração e 
com a evolução do processo, o cão pode apresentar anúria, oligúria ou poliúria, indicando 
diferentes graus de comprometimento renal (HAGIWARA, 2003). 
 De acordo ainda com Hagiwara (2003), a doença causada pelo sorovar canicola se 
relaciona com o comprometimento renal, sem haver sintomas hepáticos. Os sintomas 
predominantes são aqueles relacionados com insuficiência renal progressiva e uremia: perda 
de peso, poliúria, desidratação, emese, diarréia (nem sempre), ulcerações na cavidade oral e 
necrose da língua, em casos mais avançados. 
 A forma urêmica geralmente acomete animais mais velhos, apresentando febre, apatia, 
sono, inapetência, vômito e diarréia, sensibilidade renal, mucosas congestas, úlceras orais e de 
língua, que tendem a necrose e o exame de urina mostra-se com alterações, como densidade 
baixa, glicosúria, proteinúria, bilirrubinúria, entre outras (SILVA et al., 2006). 
. Essa forma provoca nefrite intersticial aguda e leve insuficiência hepática. 
 Devido à alta ocorrência de sinais inespecíficos e manifestações variadas da doença, é 
difícil realizar o diagnóstico da leptospirose canina com base em apenas sinais clínicos ou 
patológicos de rotina (ANZAI, 2006). 
 
 
2.3 Achados laboratoriais não específicos 
 
 
 Comumente, as alterações hematológicas envolvem trombocitopenias, leucocitose 
com desvio à esquerda e aumento de fibrinogênio plasmático. Nas trombocitopenias das 
doenças infecciosas como a Leptospirose, há lesão vascular e consumo aumentado de 
plaquetas nas hemorragias. O processo é regenerativo com aumento do número de 
megacariócitos na medula óssea e liberação de plaquetas mais jovens na circulação. Essas 
plaquetas apresentam tamanho avantajado e são chamadas plaquetas gigantes ou 
megatrombócitos (GARCIA-NAVARO; PACHALY, 1994). 
 De acordo com Biazotti (2006), a contagem de leucócitos depende da fase e 
severidade da infecção, sendo que a leucopenia é comum na fase superaguda da 
leptospiremia, evoluindo para leucocitose com desvio a esquerda. A bioquímica sérica revela 
 13 
aumento da uréia e creatinina (com os níveis dependentes da gravidade da lesão renal), 
hiponatremia, hipocalcemia, hiperfosfatemia, hipoalbuminemia, hipocalcemia, 
hiperbilirrubinemia, níveis elevados de alanina amitransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA) 
resultantes da doença hepática, doença renal, perdas grastrointestinais e acidose. 
 Na urinálise de cães com leptospirose observa-se geralmente densidade baixa, 
glicosúria, proteinúria, bilirrubinúria, que normalmente precede hiperbilirrubinúria, 
acompanhadas de elevação de cilindros granulosos, leucócitos e eritrócitos no sedimento 
urinário(BIAZOTTI, 2006) 
 A natureza não especÍfica dessas alterações pode apenas sugerir diagnóstico de 
leptospirose, o qual deve ser confirmado por testes microbiológicos, sorológicos e 
moleculares (OLIVERIA et al., 2005). 
 
 
2.4 Microscopia de campo escuro 
 
 
 A microscopia de campo escuro aplica-se a observação de microorganismos vivos, 
sem preparação prévia. Os raios luminosos são projetados obliquamente sobre o preparado 
pela ação do condensador cordióide e, quando encontram obstáculos com capacidade de 
desviá-los, como, por exemplo, bactérias, são refratados e atingem a objetiva, formando uma 
imagem com contorno brilhante no campo microscópico (LEPTOSPIROSE CANINA, 2008). 
 Para o diagnóstico da Leptospirose Canina, a microscopia de campo escuro de rotina 
deve ser limitada à urina. Outros líquidos corporais contêm artefatos similares a leptospiras. 
Assim, centrifugação breve em baixa velocidade limpa a amostra de partículas que interferem, 
mas não irá sedimentar leptospiras (HIRSH; CHUNG, 2003). 
 A visualização direta de leptospiras em microscópio de campo escuro tem sido 
utilizada principalmente em amostras de urina durante a fase de leptospiúria. Entretanto, essa 
técnica apresenta como limitações: baixa sensibilidade, necessidade de experiência por parte 
do observador e principalmente a eliminação de leptospiras de forma intermitente pela urina e 
lise pelo pH ácido da urina, que contribuem para resultado falso. Contudo, resultados 
negativos de exames diretos não excluem leptospiras. (ANZAI, 2006). 
 
 
 
 14 
2.5 Isolamento e cultivo do agente 
 
 
 O exame bacteriológico é considerado definitivo para o diagnóstico da Leptospirose 
Canina. No entanto, para o isolamento das leptospiras são necessários tempo e técnica 
apropriados, devido às exigências para o crescimento do agente e a susceptibilidade do 
mesmo a mudanças ambientais (BIAZOTTI, 2006). 
 Segundo Oliveira et al. (2005), o isolamento do agente pode ser feito a partir de 
amostras clínicas de animais suspeitos e doentes como sangue e/ou urina, e até mesmo de 
material coletado post-mortem (tecidos e órgãos). 
 As leptospiras podem ser isoladas a partir do sangue durante os primeiros sete a dez 
dias da infecção e a partir da urina durante aproximadamente duas semanas após infecção 
inicial (QUINN et al., 2005). De acordo com Oliveira et al. (2005), a partir de dois dias de 
infecção leptospiras já podem ser vistas no túbulo proximal, o que coincide com o início da 
eliminação de leptospiras na urina e, então deve ser cultivada desde o mais cedo possível. A 
urina é o material ideal para o cultivo, porém devem ser colhidas mais de uma amostra, pois a 
liberação pela urina é intermitente. 
 Os meios de cultivo das leptospiras são líquido, semi-sólido ou sólido. Os meios mais 
utilizados são o Ellinghausen, McCullueg, Johnson, Harris (EMJH) e o meio de Fletcher. As 
culturas são incubadas a uma temperatura entre 28º e 30º C e examinadas semanalmente por 
microscopia de campo escuro durante pelo menos dois meses para se confirmar o diagnóstico 
(QUINN et al., 2005). Segundo Carter (1988), amostras com possível contaminação podem 
ser inoculadas em meios de cultura seletivos contendo antibióticos. Assim, a filtração ou a 
adição de 5-fluoracil pode ser usada para se reduzir os contaminantes. 
 Segundo Biazotti (2006), no laboratório também pode ser feito cultivo, através de 
inoculação em cobaia. As cobaias inoculadas com 0,5 -2 mL de urina geralmente morrem em 
7-12 dias pelo sorotipo icterohaemorrhagiae, mas não morrem pelo sorotipo canicola que é 
menos patogênico; neste caso será possível isolar o agente quando a cobaia se apresentar 
febril, com pêlos arrepiados, o que pode ocorrer entre 5 a 10 dias pós-inoculação. 
 Para o isolamento das leptospiras são necessários tempo e técnica apropriados. Assim, 
os resultados podem apresentar falso-negativos, sendo necessário realizar um exame paralelo, 
como Soroaglutinação Microscópica (SAM), para confirmar o diagnóstico. 
 
 
 15 
2.6 Diagnóstico anatomo-patológico 
 
 
 O exame pos-morten é extremamente valioso no diagnóstico da Leptospirose em cães, 
porém os achados anatomo-patológicos variam de acordo com a sintomatologia clínica 
desenvolvida (BIAZOTI, 2006). 
 Geralmente observa-se à necropsia, hepatomegalia, associado à degeneração e necrose 
hepática; congestão pulmonar, petéquias e sufusões pleurais; úlceras na língua; edema, 
congestão e necrose renal; hemorragias e aderência de cápsula renal; congestão, edema e 
hemorragias grastointestinais (BIAZOTTI, 2006). 
 Após a necropsia dos animais, os rins e fígado são os órgãos de escolha para 
identificação do agente. Assim, nesses animais o diagnóstico histopatológico é realizado 
principalmente a partir de fragmentos desses órgãos, corados por técnicas de impregnação 
pela prata. 
 
 
2.7 Soroaglutinação microscópica (SAM) 
 
 
 A reação de soroaglutinação microscópica é o teste sorológico recomendado pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS) e amplamente utilizado como prova-padrão no 
diagnóstico da leptospirase humana e animal. Esta reação utiliza como antígenos cultivos 
vivos e recentes de leptospiras. Os anticorpos podem ser revelados pela aglutinação com soro 
coletado entre o oitavo e décimo dia após o início do estado de leptospiremia 
(LEPTOSPIROSE CANINA, 2008). 
 A técnica consiste principalmente na reação entre anticorpos presentes no soro contra 
os antígenos encontrados na superfície da leptospira. Reações cruzadas entre sorovares, títulos 
vacinais e o início da fase aguda da enfermidade são fatores importantes na interpretação dos 
resultados laboratoriais, sendo assim, os testes sorológicos devem ser realizados levando em 
consideração dados epidemiológicos, bem como as informações obtidas na anamnese e no 
exame físico (ANZAI, 2006). 
 Além das reações cruzadas, podem ocorrer reações paradoxais (um animal infectado 
por um sorovar apresenta títulos de anticorpos para outros que não o sorovar infectante), só 
 16 
sendo possível afirmar o sorovar infectante a partir do isolamento e identificação da amostra 
isolada (OLIVEIRA et al., 2005). 
 De acordo com Brod et al. (2005), na soroaglutinação microscópica, o soro suspeito 
deve ser enfrentado com um número expressivo de antígenos, entre os quais estejam 
representantes dos principais sorogrupos patogênicos e de todos os sorovares comuns da 
localidade de ocorrência dos casos. Os títulos de anticorpos geralmente são maiores com 
antígenos provenientes da região onde estão ocorrendo os surtos com as cepas de antígenos 
estocados no laboratório, ainda que do mesmo sorogrupo. Portanto, um número expressivo de 
sorovares deve ser utilizado no teste de diagnóstico para que sejam detectados sorovares 
pouco comuns ou não detectados até então. As reações de SAM podem não corresponder 
exatamente ao sorogrupo que causou a infecção, sendo a capacidade de predizer o sorogrupo 
infectante menos que 40%. 
 O aumento de quatro vezes o título muitas vezes é necessária para a confirmação 
sorológica da doença. Como os títulos frequentemente são negativos na primeira semana da 
doença, uma segunda e, algumas vezes, uma terceira amostra deve ser obtida em intervalos de 
2 a 4 semanas (Ettinger; Feldman, 2004). Em geral, um título alto isolado (maior ou igual a 
1:800) é suficiente para o diagnóstico de leptospirose se o histórico do paciente e constatações 
clínicas e laboratoriais forem compatíveis. 
 Silva et al. (2006) afirmam que vacinação ou prévia infecção estão associadas a títulos 
menores de 1:300. No entanto, títulos próximos a 1:800 de sorovares canicola e 
icterohaemorrhagiae, podem ser encontrados, mas não persistem mais que três meses após a 
vacinação. Alguns cães desenvolvem elevados títulos (aproximadamente 3.200), após 
vacinação com esses mesmos sorovares, e depois de um tempo, ocorre o declínio do título que 
pode persistirpor até seis meses após a vacinação. As vacinas contra leptospirose, aplicadas 
rotineiramente nos cães domésticos, são capazes de protegê-los contra a doença, mas não 
contra o estado de portador renal. 
 Segundo as normas do Ministério da Saúde utiliza-se normalmente na soroaglutinação 
microscópica sorovares de Leptospira spp: Australis, Bratislava, Autumnalis, Butembo, 
Castellonis, Bataviae, Brasiliensis, Canicola, Whitcombi, Cynopteri, Djasiman, Sentot, 
Gripptyphosa, Hebdomadis, Copenhageni, Icterohaemorrhagiae, Javanica, Panama, 
Pomonona, Pyrogenes, Hardjo, Wolffi, Shermani e Tarassovi (SILVA et al., 2006). 
 
 
 
 17 
2.8 Teste de Elisa 
 
 
 A pesquisa de anticorpos específicos no soro de animais suspeitos pode ser feita 
também através do teste de Elisa. O princípio básico da técnica consiste na imobilização de 
um dos reagentes (anticorpo ou antígeno) em uma fase sólida. Após a adição da amostra, o 
outro reagente ligado a enzima reagirá com o complexo antígeno-anticorpo. Os 
imunocomplexos são revelados ao adicionar-se o substrato da enzima e um cromógeno 
formando um produto colorido. Os resultados de Elisa são expressos objetivamente pelas 
absorbâncias obtidas de espectrofotômetros, não dependendo de leituras subjetivas 
(CAVALCANTI et al, 2008). 
 O teste de Elisa pode distinguir entre anticorpos IgM e IgG anti-Leptospira. Estes 
testes podem ser de grande ajuda quando os testes de aglutinação microscópica produzem 
resultados confusos. Os cães desenvolvem título elevado de IgM maior que 1:320 na fase 
aguda da Leptospirose. A proporção de anticorpos IgM e IgG na fase convalescente após a 
imunoestimulação varia dependendo do sorovar (LEPTOSPIROSE NO BRASIL, 2009). 
 
 
2.9 Reação em cadeia da polimerase (PCR) 
 
 
 De acordo com Anzai (2006), o PCR vem sendo utilizado de forma crescente para o 
diagnóstico precoce da leptospirose no homem e em diversas espécies animais, por ser um 
meio eficaz de diagnóstico antes do desenvolvimento do título do anticorpo ou quando os 
títulos estão baixos e o curso clínico confuso. 
 Ainda segundo Anzai (2006), a técnica apresenta alta sensibilidade e especificidade, 
permitindo amplificar quantidades mínimas do DNA do microorganismo em diversos tipos de 
amostras biológicas tais como humor aquoso, soro sanguíneo, líquor, urina e tecidos. 
 Rodrigues (2008), afirma que leptospirúria pode ocorrer já nos primeiros dias da 
infecção, antes mesmo dos anticorpos serem detectáveis no soro, assim sendo a leptospira é 
passível de detecção pela PCR na urina logo no início da doença, logo é possível ter um 
diagnóstico precoce da Leptospirose com esta técnica. 
 O método consiste na amplificação exponencial „in vitro‟ de regiões específicas de 
DNA em curto espaço de tempo. Cada ciclo consiste de três fases: 1. desnaturação das fitas de 
 18 
DNA; 2. anelamento dos oligonucleotídeos iniciadores específicos ao DNA molde; 3. síntese 
do DNA específico utilizando a enzima Taq DNA polimerase. As moléculas amplificadas 
pela técnica são facilmente detectadas e identificadas pela eletroforese (ANZAI, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Atualmente dispomos de várias técnicas para diagnosticar a Leptospirose Canina, 
entretanto, como pôde ser constatado entre os testes confirmatórios, nenhum associa as 
exigências de sensibilidade, especificidade e praticidade. 
 A técnica de PCR se mostrou a mais adequada, por ser a mais rápida, específica e 
sensível, o que proporciona um diagnóstico precoce da leptospirose, visando o sucesso da 
terapia a ser instituída. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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