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Revisão Cultura da Soja ataque por nematoides do gênero Meloidogyne sp

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A soja (Glycine Max (L.) Merrill), constitui-se em um dos principais cultivos da 
agricultura mundial e brasileira, com uma área plantada, na safra 2013/2014, de 
aproximadamente 30,17 milhões de hectares com uma produção de 86,12 milhões de toneladas 
(CONAB, 2014). Devido ao seu alto potencial produtivo e a sua composição química e valor 
nutritivo, que lhe confere multiplicidade de aplicações na alimentação humana e/ou animal, 
possui relevante papel sócio-econômico, além de se constituir em matéria-prima indispensável 
para impulsionar diversos complexos agroindustriais. Dependendo do cultivar e condições 
ambientais, o ciclo da soja pode variar de 80 a 200 dias (Sediyama et al., 1985). 
A expansão da cultura da soja no Brasil tem sido crescente, podendo ser afetada por 
diversas doenças, sendo as radiculares, geralmente, consideradas de difícil controle, podendo 
causar danos importantes na cultura (Soares, 2011). Nematoides formadores de galhas nas 
raízes, pertencentes ao gênero Meloidogyne estão entre as principais doenças do solo (Lordello, 
1982). Os nematóides de galhas, Meloidogyne incognita e M. javanica são as espécies mais 
importantes para a cultura da soja no Brasil, sendo M. javanica de ocorrência generalizada, 
enquanto M. incognita predomina em áreas cultivadas anteriormente com café ou algodão (Dias, 
2010). Estes nematoides são conhecidos pela formação de galhas no sistema radicular, 
facilitando o seu diagnostico (Asmus, 2001). As galhas são engrossamentos radiculares de 
tamanhos variados, nas quais estão alojadas de uma a dezenas de fêmeas sedentárias do 
nematoide (Inomoto & Silva, 2011) e são parte integral da raiz, não sendo possível destacá-las 
sem ferir as raízes (Freitas et al., 2001). 
Os nematoides do gênero Meloidogyne sp. possuem ampla distribuição geográfica e 
representam um dos principais problemas para a cultura da soja. Nas lavouras de soja onde os 
nematoides de galhas estão presentes, são observadas manchas em reboleiras, onde as plantas 
ficam pequenas e amarelas. As galhas podem ocasionar murchas das plantas durante os períodos 
mais quentes do dia, menor desenvolvimento pelo comprometimento do sistema radicular, 
desfolha prematura, sintomas de deficiência mineral, clorose, redução e deformação do sistema 
radicular, decréscimo da eficiência das raízes em absorver e translocar água e nutrientes e 
menor crescimento da parte aérea, culminando com menor produção, comprometendo ou até 
inviabilizando o cultivo quando em infestações mais severas (TIHOHOD, 2000; ALMEIDA; 
SEIXAS, 2010). 
Possui ciclo de aproximadamente 25 a 40 dias e compreende as fases de ovo em quatro 
estádios juvenis e um adulto. As fêmeas são esbranquiçadas, brilhantes, globosas e o tamanho 
pode variar de 0,5 mm a mais de 2 mm. Os ovos são depositados em uma substância gelatinosa 
que, previamente, flui pelo ânus, formando ootecas. Cada fêmea produz de 400 a 500 ovos e o 
ciclo de vida varia de 28 a 54 dias (Lordello, 1992). A disseminação ainda é um dos grandes 
entraves no controle destes parasitas, pois são facilmente levados através de máquinas e 
implementos agrícolas (terceirizados, emprestados ou transferidos), movimentações excessivas 
de solo, sementes, calçados, sacarias e até mesmo enxurradas ou erosões. Sua sobrevivência 
pode variar de 6 a 12 meses e é menor em condições de plantio direto, pois o maior conteúdo de 
matéria orgânica e ocasiona na maior presença de inimigos naturais no solo. Além das 
características do solo, temperatura e umidade também interferem na sobrevivência dos 
nematóides de galha. 
No manejo integrado de nematoides, devem ser utilizadas várias estratégias 
combinadas, tais como medidas de exclusão, utilização de plantas antagonistas, controle 
químico, adubação verde, cultivares resistentes, rotação de culturas, pousio e controle biológico 
(BARKER; KOENNING, 1998). 
 
 
 
 
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