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Transtornos Alimentares Os transtornos alimentares são caracterizados por uma perturbação persistente na alimentação ou em comportamentos relacionados com a alimentação que resultam em prejuízo significativo à saúde física e à função psicossocial. CONCEITOS ALIMENTARES E NUTRICIONAIS Práticas alimentares O que se planta, o que se compra, o que se come, como se come, onde se come, com quem se come, em que frequência, em que horário, em que combinação, tudo isso conjugado como parte integrante das práticas sociais. Por algum tempo, os estudos sobre as práticas alimentares focavam apenas no consumo alimentar, que é a ingestão de alimentos, os quais, quando transformados em energia e nutrientes, passam a representar o consumo nutricional. Atualmente, além das representações biológicas e metabólicas das práticas alimentares, entende-se que as representações simbólicas, antropológicas, subjetivas e sociais são também constituintes e importantes de serem compreendidas, pois é reducionista pensar que comemos o que comemos apenas visando à contribuição nutricional e energética dos alimentos. Acredita-se que todas essas representações possam ser traduzidas nas motivações alimentares. Motivação alimentar Uma pessoa pode ser motivada a comer por fatores como: fome; aparência do alimento; porque deseja controlar seu peso ou lidar com alguma emoção; porque está na moda, lhe confere status social; conteúdo nutricional; tradição familiar, cultura; recomendações profissionais; ou simplesmente porque tem vontade e acha gostoso. Assim, pode-se definir motivação alimentar como a causa que impulsiona a ação de escolher comer ou não determinado alimento/comida. As motivações para comer influenciam as escolhas alimentares, embora nem toda motivação seja diretamente traduzida em escolha. Escolha alimentar Seleção e consumo de alimentos e bebidas que considera os aspectos do comportamento alimentar. As escolhas alimentares são continuamente dinâmicas e podem ser influenciadas por fatores diversos, como ambientais e econômicos, em um resgate de experiências individuais, sentimentos e valores que interagem com reflexões automáticas e subconscientes, além de necessidades e desejos, todos estes correspondidos ou não. As escolhas, portanto, determinam o consumo alimentar e nutricional, e de acordo com a organização do consumo, podem ser traçados padrão e estrutura alimentares. Padrão e estrutura alimentares O padrão alimentar é um termo referente à maneira como os alimentos são verdadeiramente consumidos, ou seja, combinações características de alimentos e preparações mais próximas de como o indivíduo realmente se alimenta. A estrutura alimentar corresponde à organização das refeições, identificando seus tipos, horários e regularidade. Os dados de escolha, consumo, padrão e estrutura alimentar são importantes na avaliação da qualidade da alimentação, mas não contemplam aspectos como motivações para comer, pensamentos, sentimentos, preferências e valores. Estes tornam possível uma visão holística de uma alimentação saudável e, na verdade, agem como aspectos reguladores da escolha, do consumo, do padrão e da estrutura. Atitudes alimentares Crenças, pensamentos, sentimentos, comportamentos e relacionamento com os alimentos, elas envolvem os componentes afetivos (sentimentos, humor, emoções), cognitivos (crenças e conhecimentos) e volitivos (intenção comportamental, predisposição para agir coerentemente com os afetos e cognições), e são influenciadas por fatores ambientais e internos. Comportamento e hábito alimentares O comportamento alimentar está inserido nas atitudes. Corresponde às ações em relação ao ato de se alimentar, “como, com o quê, com quem, onde e quando comemos”, e depende dos componentes afetivos e cognitivos. Quando os comportamentos são aprendidos e repetidos de maneira automática, tornam-se hábitos alimentares, que são costumes e modos de comer de uma pessoa ou comunidade, realizados geralmente de modo inconsciente. Todos os aspectos alimentares (estrutura, padrão, comportamento e atitudes) estão disfuncionais para os pacientes com TA, e a disfuncionalidade é consequência direta das atitudes problemáticas. Os pacientes não conseguem se relacionar positivamente com os alimentos porque apresentam crenças transtornadas e conhecimentos equivocados sobre alimentação, além de pensamentos obsessivos e confusos que sempre associam diretamente o alimento às consequências no peso e na forma corporal; por isso a distorção do papel da alimentação na vida. Atitudes disfuncionais como ficar com raiva porque tem fome, desejar ter controle total sobre o apetite, querer substituir o fato de ter que se alimentar por uma pílula, se houvesse, pensar obsessivamente em comida, comer até se sentir mal, sentir-se sujo após comer e não se preocupar em ter saúde ou não, mas sim em alcançar determinado corpo são frequentes para esses pacientes. ANOREXIA NERVOSA (AN) Restrição da ingestão energética em relação às necessidades, levando a uma massa corporal significativamente baixa no contexto da idade, gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde física. Medo intenso de ganhar massa corporal ou de engordar, ou comportamento persistente que interfere no ganho de massa corporal, mesmo estando com massa corporal significativamente baixa. Perturbação no modo como a própria forma corporal é vivenciada; influência indevida da massa corporal na autoavaliação; ausência persistente de reconhecimento da gravidade da baixa massa corporal atual. Tipo restritivo Durante os últimos três meses o indivíduo não se envolveu em episódios recorrentes de compulsão alimentar ou comportamento purgativo (i. e., vômitos autoinduzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas). Este subtipo descreve apresentações nas quais a perda de massa corporal seja conseguida principalmente por meio de dieta, jejum e/ou exercício excessivo. Tipo de compulsão alimentar purgativa Nos últimos três meses o indivíduo se envolveu em episódios recorrentes de compulsão alimentar purgativa (i. e., vômitos autoinduzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas). O cruzamento entre os subtipos é possível ao longo do curso da doença. Gravidade Leve: IMC ≥ 17 kg/m2 Moderada: IMC de 16 a 16,99 kg/m2 Grave: IMC de 15 a 15,99 kg/m2 Extrema: IMC < 15 kg/m A classe em que um indivíduo se encontra pode ser evoluída a critério médico de modo a refletir os sintomas clínicos, o grau de incapacidade funcional e a necessidade de supervisão. As manifestações iniciais normalmente ocorrem durante a adolescência ou no início da idade adulta, mas foram descritos casos pré-púberes e de início tardio (após os 40 anos). A taxa bruta de mortalidade é de cerca de 5% por década, com a morte sendo atribuída a complicações médicas diretamente relacionadas com a AN ou o suicídio. Fatores de risco Traços obsessivos na infância Transtornos de ansiedade Culturas/ambientes que valorizam a magreza Ocupações/vocações que incentivam a magreza, (modelo, atleta de elite) Parente biológico de primeiro grau com AN, BN, transtorno bipolar ou transtorno depressivo BULIMIA NERVOSA (BN) Episódios recorrentes de compulsão alimentar pelo menos uma vez por semana durante três meses. a. Ingestão, em um pequeno intervalo de tempo (p. ex., um período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes. b. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e quanto se está ingerindo). Comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes a fim de impedir o ganho de massa corporal, como vômitos autoinduzidos; uso indevido de laxantes,diuréticos ou outros medicamentos; jejum; ou exercício em excesso. Os episódios de compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem, em média, ao menos uma vez por semana durante três meses. A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e pela massa corporal. A perturbação não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa. Gravidade Leve: 1 a 3 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana. Moderada: 4 a 7 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana. Grave: 8 a 13 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana. Extrema: 14 ou mais episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana. A alternância entre os diagnósticos de BN e AN ocorre em 10 a 15% dos casos. No entanto, os indivíduos que passam à AN comumente voltam à BN, e alguns experimentam várias alternâncias entre esses transtornos. A BN está associada a um risco significativamente elevado de mortalidade (por todas as causas e suicídio). Fatores de risco Preocupações com a massa corporal Baixa autoestima Sintomas depressivos Transtorno de ansiedade social Transtorno de ansiedade da infância Internalização de corpo magro ideal Preocupação excessiva com a massa corporal Abuso sexual ou físico na infância Obesidade infantil Maturação puberal precoce Transmissão familiar Vulnerabilidades genéticas. TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR (TCA) Episódios recorrentes de compulsão alimentar, associados a três (ou mais) dos seguintes parâmetros: a. Comer mais rapidamente do que o normal. b. Comer até se sentir desconfortavelmente cheio. c. Comer uma grande quantidade de alimentos na ausência de sensação física de fome. d. Comer sozinho por vergonha do quanto está comendo. e. Sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em seguida. Sofrimento marcante em virtude da compulsão alimentar. Os episódios de compulsão alimentar ocorrem, em média, ao menos uma vez por semana durante três meses. A compulsão alimentar não está associada ao uso recorrente de comportamento compensatório inapropriado como na bulimia nervosa e não ocorre exclusivamente durante o curso de bulimia nervosa ou anorexia nervosa. Gravidade Leve: 1 a 3 episódios de compulsão alimentar por semana. Moderado: 4 a 7 episódios de compulsão alimentar por semana. Grave: 8 a 13 episódios de compulsão alimentar por semana. Extremo: 14 ou mais episódios de compulsão alimentar por semana. O TCA é mais prevalente entre os indivíduos que procuram tratamento para perda de massa corporal do que na população em geral. A alternância entre o TCA e outros transtornos alimentares é incomum. O TCA parece ser recorrente na família, o que pode refletir influências genéticas adicionais; pouco se sabe sobre os fatores de risco temperamentais e ambientais e os fatores prognósticos. OUTRO TRANSTORNO ALIMENTAR ESPECIFICADO Esta categoria se aplica a apresentações em que os sintomas característicos de um transtorno alimentar que causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo predominam, mas não satisfazem a todos os critérios para qualquer transtorno da classe diagnóstica de transtornos alimentares. Isto é feito por meio do registro de “outro transtorno alimentar especificado”, seguido da razão específica (p. ex., “bulimia nervosa de baixa frequência”). Anorexia nervosa atípica Todos os critérios para anorexia nervosa são preenchidos, exceto que, apesar da perda de massa corporal significativa, a massa corporal do indivíduo está dentro ou acima da faixa normal. Bulimia nervosa (de baixa frequência e/ou duração limitada) Todos os critérios de bulimia nervosa são atendidos, exceto que a compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios indevidos ocorrem, em média, menos de uma vez por semana e/ou por menos de três meses. Transtorno de compulsão alimentar (de baixa frequência e/ou duração limitada) Todos os critérios para transtorno de compulsão alimentar são atendidos, exceto que a hiperfagia ocorre, em média, menos de uma vez por semana e/ou por menos de três meses. Transtorno de purgação Comportamento de purgação recorrente para influenciar a massa corporal ou a forma corporal (p. ex., vômitos autoinduzidos, uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos) na ausência de compulsão alimentar. Síndrome do comer noturno Episódios recorrentes de ingestão noturna, manifestados pela ingestão ao despertar do sono noturno ou pelo consumo excessivo de alimentos depois de uma refeição noturna. Há consciência e recordação da ingestão. A ingestão noturna não é mais bem explicada por influências externas, como mudanças no ciclo de sono-vigília do indivíduo, ou por normas sociais locais. A alimentação noturna causa sofrimento significativo e/ou prejuízo no funcionamento. O padrão desordenado de ingestão não é mais bem explicado por transtorno de compulsão alimentar ou outro transtorno mental, incluindo uso de substâncias, e não é atribuível a outro distúrbio médico ou ao efeito de uma medicação. TRANSTORNO ALIMENTAR RESTRITIVO/EVITATIVO Uma perturbação alimentar (p. ex., aparente falta de interesse na alimentação ou em alimentos; esquiva baseada nas características sensoriais do alimento; preocupação acerca de consequências aversivas alimentares), manifestada por fracasso persistente em satisfazer as necessidades nutricionais e/ou energéticas apropriadas associada a um (ou mais) dos seguintes aspectos: a. Perda de massa corporal significativa (ou insucesso em obter o ganho de massa corporal esperado ou atraso de crescimento em crianças). b. Deficiência nutricional significativa. c. Dependência de alimentação enteral ou suplementos nutricionais orais. d. Interferência marcante no funcionamento psicossocial. A perturbação não é mais bem explicada por indisponibilidade de alimento ou por uma prática culturalmente aceita. A perturbação alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso de anorexia nervosa ou bulimia nervosa, e não há evidência de perturbação na maneira como a massa corporal ou a forma corporal é vivenciada. A perturbação alimentar não é atribuível a uma condição médica concomitante ou mais bem explicada por outro transtorno mental. Quando a perturbação alimentar ocorre no contexto de uma outra condição ou transtorno, sua gravidade excede a habitualmente associada à condição ou ao transtorno e justifica atenção clínica adicional. PICA Ingestão persistente de substâncias não alimentares durante um período mínimo de um mês. Ingestãp inapropriada ao estágio de desenvolvimento do indivíduo. O comportamento alimentar não faz parte de uma prática culturalmente ou socialmente aceita. Se o comportamento alimentar ocorrer no contexto de outro transtorno mental (p. ex., deficiência intelectual, transtorno do espectro do autismo, esquizofrenia) ou condição médica (incluindo gestação), é suficientemente grave a ponto de necessitar de atenção clínica adicional. TRANSTORNO DE RUMINAÇÃO Regurgitação repetida de comida ao longo de um período de pelo menos um mês. Os alimentos regurgitados podem ser remastigados, reingeridos ou cuspidos. A regurgitação repetida não é atribuível a uma condição gastrointestinal associada ou outra condição clínica (p. ex., refluxo gastroesofágico, estenose pilórica). O transtorno alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso da anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar ou transtorno alimentar restritivo/evitativo da ingestão de alimentos. Se os sintomas ocorrem no contexto de outro transtorno mental, eles são suficientemente graves para exigir assistênciaclínica adicional. ORTOREXIA A ortorexia se refere à fixação por ter alimentos perfeitos e limpos. O transtorno é categorizado pela compulsão por dieta e adesão a regras alimentares muito rígidas, muitas vezes levando a uma grande ruptura na própria capacidade de tomar parte na vida cotidiana. A palavra grega ortho se refere a “correta ou certa”, de modo que ao contrário da anorexia ou da bulimia, em que os alimentos muitas vezes são restritos ou ingeridos até que se fique empanturrado, a ortorexia muitas vezes leva os indivíduos a consumir alimentos se acreditarem que eles são saudáveis e puros. A ortorexia não é um transtorno alimentar definido clinicamente e não está incluída no DSM-5. O desejo de comer alimentos “saudáveis” não se enquadra na ortorexia, pelo contrário, é a obsessão por esses tipos de alimentos combinada ao isolamento social e a comportamentos desordenados que se tornam perigosos, possivelmente levando ao diagnóstico de um transtorno alimentar. COMPLICAÇÕES Alterações De restrição alimentar Dos métodos compensatórios Sistema digestório Esvaziamento gástrico lento; distensão abdominal; constipação intestinal Constipação intestinal; esofagite, relaxamento do esfíncter gastresofágico, perda do reflexo de náuseas; erosão dentária; aumento da incidência de cáries; maior risco de perda de dentes; hipertrofia de parótidas Alterações endócrinas Ciclos menstruais irregulares ou amenorreia, regressão dos ovários para estágios pré- puberais, regressão do tamanho mamário, redução do útero e infertilidade em mulheres; diminuição da testosterona em homens; aumento da concentração de cortisol; diminuição dos hormônios tireoidianos T3 e T4; -- hipercolesterole mia; e hipoglicemia Ósseas Osteopenia e osteoporose -- Hematológic as ou hidroeletrolí ticas Anemia ferropriva; carência de vitaminas e minerais Hipopotassemia, hipofosfatemia, hipomagnesemia e hipocalcemia Físicas Formação do lanugo (fina camada de pelos), pele seca; queda de cabelo; regressão das características sexuais secundárias -- Cardiovascu lares Atrofia do músculo cardíaco Arritmia cardíaca; hipotensão e taquicardia Renais -- Nefropatia hipopotassêmica, hematúria; falência renal TRATAMENTO NUTRICIONAL O tratamento dos transtornos alimentares requer uma abordagem multidisciplinar que inclui intervenções psiquiátricas, psicológicas, médicas e nutricionais idealmente prestadas em um nível de cuidados adequado à gravidade da doença. Objetivos: adequação do peso; cessação das práticas de restrição, compulsão e compensação; melhora da estrutura, do consumo e de atitudes alimentares; normalização da percepção de fome e saciedade; correção das complicações clínicas; e diminuição ou eliminação dos distúrbios de imagem corporal. O tratamento se inicia com a necessidade de mobilizar o paciente e estabelecer uma relação colaborativa. O diário alimentar é o instrumento de trabalho na orientação dos pacientes no tratamento dos TA, para que o nutricionista tenha elementos para orientação individualizada e para que o paciente tenha maior consciência sobre seu TA. Trata-se de uma ferramenta de automonitoramento, em que o paciente deve registrar diariamente: quais alimentos e em que quantidade consumiu; horários, local das refeições e com quem estava; presença de compulsões e purgações (se houver); “nota” para fome e saciedade (0 a 10); e sentimentos e pensamentos associados. A partir desses registros, o nutricionista pode trabalhar os diferentes aspectos alimentares, incluindo atitudes e comportamentos. A PRESCRIÇÃO DE DIETAS, CONTAGEM DE CALORIAS OU PESAGEM DE ALIMENTOS DEVEM SER DESENCORAJADAS. Anorexia nervosa Energia – 30 a 40 kcal/kg (fase inicial) Fase de ganho controlado com incrementos de 100 a 200 kcal 70 a 100 kcal/kg (fase final) 40 a 60 kcal/kg (manutenção) Proteínas – 15 a 20% Carboidratos – 50 a 55% Lipídeos – 30% Micronutrientes – suplementar ✓ Na fase inicial, prescrições energéticas maiores requerem avaliação cuidadosa e monitoramento contínuo à procura dos sintomas associados à síndrome da realimentação. ✓ Na fase final, se for necessária uma prescrição mais energética, o paciente deve ser avaliado à procura de vômitos, descarte de alimentos, exercício excessivo, termogênese pós-prandial exagerada. ✓ Diminuir carboidratos para 40% kcal se o paciente tiver glicemia elevada ou sintomas associados à síndrome de realimentação. ✓ Fornecer fibra insolúvel para o tratamento da constipação. ✓ Evitar suplementação com ferro: durante a fase inicial de realimentação e se o paciente estiver constipado. Bulimia nervosa Energia – DRIs (taxa metabólica normal) OU 1500 a 1600 (hipometabolismo) Aumentar 100 a 200 kcal até que seja alcançada a DRI Proteínas – 15 a 20% Carboidratos – 50 a 55% Lipídeos – 30% Micronutrientes – suplementar ✓ Evite dietas com restrição de energia, já que estas podem agravar comportamentos de compulsão e purgação ✓ Evite a suplementação com ferro se o paciente estiver constipado TCA As estratégias para o tratamento do TCA incluem o aconselhamento nutricional e o manejo dietético, a psicoterapia individual e em grupo, e a medicação. Alguns programas de tratamento se concentram principalmente no aconselhamento nutricional e na perda de massa corporal; outros se concentram principalmente na redução dos episódios de compulsão, em vez de na perda de massa corporal. A autoaceitação, a imagem corporal melhorada, o aumento na atividade física e a melhor nutrição em geral também são objetivos do tratamento na TCA. Orientações Os pacientes com transtornos alimentares podem parecer bem informados sobre alimentação e nutrição. Apesar disso, as orientações nutricionais são um componente essencial de seus planos de tratamento. Na realidade, alguns pacientes passam uma quantidade significativa de tempo lendo informações relacionadas com a nutrição, mas suas fontes podem não ser confiáveis e sua interpretação pode potencialmente ser distorcida por sua doença. Os seguintes tópicos podem ser eficazmente incorporados em sessões de aconselhamento individual: ✓ Diretrizes para a recuperação: ingestão de energia, macronutrientes, vitaminas, minerais e líquidos ✓ Impacto da desnutrição sobre o crescimento e o desenvolvimento dos adolescentes ✓ Consequências fisiológicas e psicológicas da desnutrição ✓ Teoria da massa corporal a ser mantida e determinação da massa corporal saudável ✓ Impacto da restrição energética sobre o metabolismo ✓ Ineficácia dos vômitos e uso de laxantes e diuréticos no controle da massa corporal no longo prazo ✓ Causas da compulsão e da purgação, e técnicas para interromper o ciclo ✓ Alterações na composição corporal que ocorrem durante a restauração da massa corporal ✓ Exercício e equilíbrio energético ✓ O que significa para você uma “alimentação saudável”? ✓ Regras alimentares desafiadoras ✓ Comer demais ou muito pouco por razão emocional ✓ Intuição na alimentação: como perceber os sinais de fome e saciedade ✓ Estratégias de planejamento das refeições para a recuperação e a manutenção de uma massa corporal saudável ✓ Alimentação em eventos sociais e festas ✓ Interpretação dos rótulos dos alimentos ✓ Estratégias para a compra de alimentos. REFERÊNCIAS MAHAN L K e ESCOTT-STUMP S. Krause - Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 14ª Edição,. Ed. Elsevier, 2018. ROSSI L.; POLTRONIERI F. Tratado de Nutrição e Dietoterapia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
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