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Transtornos Alimentares

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Transtornos Alimentares 
 
Os transtornos alimentares são caracterizados por 
uma perturbação persistente na alimentação ou em 
comportamentos relacionados com a alimentação 
que resultam em prejuízo significativo à saúde física 
e à função psicossocial. 
 
CONCEITOS ALIMENTARES E NUTRICIONAIS 
Práticas alimentares 
O que se planta, o que se compra, o que se come, 
como se come, onde se come, com quem se come, 
em que frequência, em que horário, em que 
combinação, tudo isso conjugado como parte 
integrante das práticas sociais. 
 
Por algum tempo, os estudos sobre as práticas 
alimentares focavam apenas no consumo alimentar, 
que é a ingestão de alimentos, os quais, quando 
transformados em energia e nutrientes, passam a 
representar o consumo nutricional. Atualmente, 
além das representações biológicas e metabólicas 
das práticas alimentares, entende-se que as 
representações simbólicas, antropológicas, 
subjetivas e sociais são também constituintes e 
importantes de serem compreendidas, pois é 
reducionista pensar que comemos o que comemos 
apenas visando à contribuição nutricional e 
energética dos alimentos. Acredita-se que todas 
essas representações possam ser traduzidas nas 
motivações alimentares. 
 
Motivação alimentar 
Uma pessoa pode ser motivada a comer por fatores 
como: fome; aparência do alimento; porque deseja 
controlar seu peso ou lidar com alguma emoção; 
porque está na moda, lhe confere status social; 
conteúdo nutricional; tradição familiar, cultura; 
recomendações profissionais; ou simplesmente 
porque tem vontade e acha gostoso. Assim, pode-se 
definir motivação alimentar como a causa que 
impulsiona a ação de escolher comer ou não 
determinado alimento/comida. As motivações para 
comer influenciam as escolhas alimentares, embora 
nem toda motivação seja diretamente traduzida em 
escolha. 
 
Escolha alimentar 
Seleção e consumo de alimentos e bebidas que 
considera os aspectos do comportamento 
alimentar. As escolhas alimentares são 
continuamente dinâmicas e podem ser 
influenciadas por fatores diversos, como ambientais 
e econômicos, em um resgate de experiências 
individuais, sentimentos e valores que interagem 
com reflexões automáticas e subconscientes, além 
de necessidades e desejos, todos estes 
correspondidos ou não. As escolhas, portanto, 
determinam o consumo alimentar e nutricional, e de 
acordo com a organização do consumo, podem ser 
traçados padrão e estrutura alimentares. 
 
Padrão e estrutura alimentares 
O padrão alimentar é um termo referente à maneira 
como os alimentos são verdadeiramente 
consumidos, ou seja, combinações características 
de alimentos e preparações mais próximas de como 
o indivíduo realmente se alimenta. 
 
A estrutura alimentar corresponde à organização 
das refeições, identificando seus tipos, horários e 
regularidade. 
 
Os dados de escolha, consumo, padrão e estrutura 
alimentar são importantes na avaliação da 
qualidade da alimentação, mas não contemplam 
aspectos como motivações para comer, 
pensamentos, sentimentos, preferências e valores. 
Estes tornam possível uma visão holística de uma 
alimentação saudável e, na verdade, agem como 
aspectos reguladores da escolha, do consumo, do 
padrão e da estrutura. 
 
Atitudes alimentares 
Crenças, pensamentos, sentimentos, 
comportamentos e relacionamento com os 
alimentos, elas envolvem os componentes afetivos 
(sentimentos, humor, emoções), cognitivos (crenças 
e conhecimentos) e volitivos (intenção 
comportamental, predisposição para agir 
coerentemente com os afetos e cognições), e são 
influenciadas por fatores ambientais e internos. 
 
Comportamento e hábito alimentares 
O comportamento alimentar está inserido nas 
atitudes. Corresponde às ações em relação ao ato 
de se alimentar, “como, com o quê, com quem, onde 
e quando comemos”, e depende dos componentes 
afetivos e cognitivos. Quando os comportamentos 
são aprendidos e repetidos de maneira automática, 
tornam-se hábitos alimentares, que são costumes e 
modos de comer de uma pessoa ou comunidade, 
realizados geralmente de modo inconsciente. 
 
Todos os aspectos alimentares (estrutura, padrão, 
comportamento e atitudes) estão disfuncionais 
para os pacientes com TA, e a disfuncionalidade é 
consequência direta das atitudes problemáticas. Os 
pacientes não conseguem se relacionar 
positivamente com os alimentos porque 
apresentam crenças transtornadas e 
conhecimentos equivocados sobre alimentação, 
além de pensamentos obsessivos e confusos que 
sempre associam diretamente o alimento às 
consequências no peso e na forma corporal; por isso 
a distorção do papel da alimentação na vida. 
 
Atitudes disfuncionais como ficar com raiva porque 
tem fome, desejar ter controle total sobre o apetite, 
querer substituir o fato de ter que se alimentar por 
uma pílula, se houvesse, pensar obsessivamente em 
comida, comer até se sentir mal, sentir-se sujo após 
comer e não se preocupar em ter saúde ou não, mas 
sim em alcançar determinado corpo são frequentes 
para esses pacientes. 
 
 
 
ANOREXIA NERVOSA (AN) 
 Restrição da ingestão energética em relação às 
necessidades, levando a uma massa corporal 
significativamente baixa no contexto da idade, 
gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde 
física. 
 Medo intenso de ganhar massa corporal ou de 
engordar, ou comportamento persistente que 
interfere no ganho de massa corporal, mesmo 
estando com massa corporal 
significativamente baixa. 
 Perturbação no modo como a própria forma 
corporal é vivenciada; influência indevida da 
massa corporal na autoavaliação; ausência 
persistente de reconhecimento da gravidade 
da baixa massa corporal atual. 
 
Tipo restritivo 
Durante os últimos três meses o indivíduo não se 
envolveu em episódios recorrentes de compulsão 
alimentar ou comportamento purgativo (i. e., 
vômitos autoinduzidos ou uso indevido de laxantes, 
diuréticos ou enemas). Este subtipo descreve 
apresentações nas quais a perda de massa corporal 
seja conseguida principalmente por meio de dieta, 
jejum e/ou exercício excessivo. 
 
Tipo de compulsão alimentar purgativa 
Nos últimos três meses o indivíduo se envolveu em 
episódios recorrentes de compulsão alimentar 
purgativa (i. e., vômitos autoinduzidos ou uso 
indevido de laxantes, diuréticos ou enemas). 
 
O cruzamento entre os subtipos é possível ao longo 
do curso da doença. 
 
Gravidade 
Leve: IMC ≥ 17 kg/m2 
Moderada: IMC de 16 a 16,99 kg/m2 
Grave: IMC de 15 a 15,99 kg/m2 
Extrema: IMC < 15 kg/m 
 
A classe em que um indivíduo se encontra pode ser 
evoluída a critério médico de modo a refletir os 
sintomas clínicos, o grau de incapacidade funcional 
e a necessidade de supervisão. 
 
As manifestações iniciais normalmente ocorrem 
durante a adolescência ou no início da idade adulta, 
mas foram descritos casos pré-púberes e de início 
tardio (após os 40 anos). A taxa bruta de 
mortalidade é de cerca de 5% por década, com a 
morte sendo atribuída a complicações médicas 
diretamente relacionadas com a AN ou o suicídio. 
 
Fatores de risco 
 Traços obsessivos na infância 
 Transtornos de ansiedade 
 Culturas/ambientes que valorizam a magreza 
 Ocupações/vocações que incentivam a 
magreza, (modelo, atleta de elite) 
 Parente biológico de primeiro grau com AN, 
BN, transtorno bipolar ou transtorno 
depressivo 
 
BULIMIA NERVOSA (BN) 
 Episódios recorrentes de compulsão alimentar 
pelo menos uma vez por semana durante três 
meses. 
a. Ingestão, em um pequeno intervalo de 
tempo (p. ex., um período de duas horas), de 
uma quantidade de alimento 
definitivamente maior do que a maioria dos 
indivíduos consumiria no mesmo período 
sob circunstâncias semelhantes. 
b. Sensação de falta de controle sobre a 
ingestão durante o episódio (p. ex., 
sentimento de não conseguir parar de 
comer ou controlar o que e quanto se está 
ingerindo). 
 
 Comportamentos compensatórios 
inapropriados recorrentes a fim de impedir o 
ganho de massa corporal, como vômitos 
autoinduzidos; uso indevido de laxantes,diuréticos ou outros medicamentos; jejum; ou 
exercício em excesso. 
 Os episódios de compulsão alimentar e os 
comportamentos compensatórios 
inapropriados ocorrem, em média, ao menos 
uma vez por semana durante três meses. 
 A autoavaliação é indevidamente influenciada 
pela forma e pela massa corporal. 
 A perturbação não ocorre exclusivamente 
durante episódios de anorexia nervosa. 
 
Gravidade 
Leve: 1 a 3 episódios de comportamentos 
compensatórios inapropriados por semana. 
Moderada: 4 a 7 episódios de comportamentos 
compensatórios inapropriados por semana. 
Grave: 8 a 13 episódios de comportamentos 
compensatórios inapropriados por semana. 
Extrema: 14 ou mais episódios de comportamentos 
compensatórios inapropriados por semana. 
 
A alternância entre os diagnósticos de BN e AN 
ocorre em 10 a 15% dos casos. No entanto, os 
indivíduos que passam à AN comumente voltam à 
BN, e alguns experimentam várias alternâncias 
entre esses transtornos. A BN está associada a um 
risco significativamente elevado de mortalidade 
(por todas as causas e suicídio). 
 
Fatores de risco 
 Preocupações com a massa corporal 
 Baixa autoestima 
 Sintomas depressivos 
 Transtorno de ansiedade social 
 Transtorno de ansiedade da infância 
 Internalização de corpo magro ideal 
 Preocupação excessiva com a massa corporal 
 Abuso sexual ou físico na infância 
 Obesidade infantil 
 Maturação puberal precoce 
 Transmissão familiar 
 Vulnerabilidades genéticas. 
 
TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR 
(TCA) 
 Episódios recorrentes de compulsão 
alimentar, associados a três (ou mais) dos 
seguintes parâmetros: 
a. Comer mais rapidamente do que o normal. 
b. Comer até se sentir desconfortavelmente 
cheio. 
c. Comer uma grande quantidade de 
alimentos na ausência de sensação física de 
fome. 
d. Comer sozinho por vergonha do quanto 
está comendo. 
e. Sentir-se desgostoso de si mesmo, 
deprimido ou muito culpado em seguida. 
 
 Sofrimento marcante em virtude da 
compulsão alimentar. 
 Os episódios de compulsão alimentar ocorrem, 
em média, ao menos uma vez por semana 
durante três meses. 
 A compulsão alimentar não está associada ao 
uso recorrente de comportamento 
compensatório inapropriado como na bulimia 
nervosa e não ocorre exclusivamente durante 
o curso de bulimia nervosa ou anorexia 
nervosa. 
 
Gravidade 
Leve: 1 a 3 episódios de compulsão alimentar por 
semana. 
Moderado: 4 a 7 episódios de compulsão alimentar 
por semana. 
Grave: 8 a 13 episódios de compulsão alimentar por 
semana. 
Extremo: 14 ou mais episódios de compulsão 
alimentar por semana. 
 
O TCA é mais prevalente entre os indivíduos que 
procuram tratamento para perda de massa corporal 
do que na população em geral. A alternância entre o 
TCA e outros transtornos alimentares é incomum. 
O TCA parece ser recorrente na família, o que pode 
refletir influências genéticas adicionais; pouco se 
sabe sobre os fatores de risco temperamentais e 
ambientais e os fatores prognósticos. 
 
OUTRO TRANSTORNO ALIMENTAR 
ESPECIFICADO 
Esta categoria se aplica a apresentações em que os 
sintomas característicos de um transtorno 
alimentar que causam sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento social, 
ocupacional ou em outras áreas importantes da vida 
do indivíduo predominam, mas não satisfazem a 
todos os critérios para qualquer transtorno da 
classe diagnóstica de transtornos alimentares. Isto 
é feito por meio do registro de “outro transtorno 
alimentar especificado”, seguido da razão específica 
(p. ex., “bulimia nervosa de baixa frequência”). 
 
Anorexia nervosa atípica 
Todos os critérios para anorexia nervosa são 
preenchidos, exceto que, apesar da perda de massa 
corporal significativa, a massa corporal do indivíduo 
está dentro ou acima da faixa normal. 
 
Bulimia nervosa (de baixa frequência e/ou 
duração limitada) 
Todos os critérios de bulimia nervosa são atendidos, 
exceto que a compulsão alimentar e os 
comportamentos compensatórios indevidos 
ocorrem, em média, menos de uma vez por semana 
e/ou por menos de três meses. 
 
Transtorno de compulsão alimentar (de baixa 
frequência e/ou duração limitada) 
Todos os critérios para transtorno de compulsão 
alimentar são atendidos, exceto que a hiperfagia 
ocorre, em média, menos de uma vez por semana 
e/ou por menos de três meses. 
 
Transtorno de purgação 
Comportamento de purgação recorrente para 
influenciar a massa corporal ou a forma corporal (p. 
ex., vômitos autoinduzidos, uso indevido de 
laxantes, diuréticos ou outros medicamentos) na 
ausência de compulsão alimentar. 
 
Síndrome do comer noturno 
Episódios recorrentes de ingestão noturna, 
manifestados pela ingestão ao despertar do sono 
noturno ou pelo consumo excessivo de alimentos 
depois de uma refeição noturna. Há consciência e 
recordação da ingestão. A ingestão noturna não é 
mais bem explicada por influências externas, como 
mudanças no ciclo de sono-vigília do indivíduo, ou 
por normas sociais locais. A alimentação noturna 
causa sofrimento significativo e/ou prejuízo no 
funcionamento. O padrão desordenado de ingestão 
não é mais bem explicado por transtorno de 
compulsão alimentar ou outro transtorno mental, 
incluindo uso de substâncias, e não é atribuível a 
outro distúrbio médico ou ao efeito de uma 
medicação. 
 
TRANSTORNO ALIMENTAR 
RESTRITIVO/EVITATIVO 
 Uma perturbação alimentar (p. ex., aparente 
falta de interesse na alimentação ou em 
alimentos; esquiva baseada nas características 
sensoriais do alimento; preocupação acerca de 
consequências aversivas alimentares), 
manifestada por fracasso persistente em 
satisfazer as necessidades nutricionais e/ou 
energéticas apropriadas associada a um (ou 
mais) dos seguintes aspectos: 
a. Perda de massa corporal significativa (ou 
insucesso em obter o ganho de massa 
corporal esperado ou atraso de 
crescimento em crianças). 
b. Deficiência nutricional significativa. 
c. Dependência de alimentação enteral ou 
suplementos nutricionais orais. 
d. Interferência marcante no funcionamento 
psicossocial. 
 
 A perturbação não é mais bem explicada por 
indisponibilidade de alimento ou por uma 
prática culturalmente aceita. 
 A perturbação alimentar não ocorre 
exclusivamente durante o curso de anorexia 
nervosa ou bulimia nervosa, e não há evidência 
de perturbação na maneira como a massa 
corporal ou a forma corporal é vivenciada. 
 A perturbação alimentar não é atribuível a uma 
condição médica concomitante ou mais bem 
explicada por outro transtorno mental. 
Quando a perturbação alimentar ocorre no 
contexto de uma outra condição ou 
transtorno, sua gravidade excede a 
habitualmente associada à condição ou ao 
transtorno e justifica atenção clínica adicional. 
 
PICA 
 Ingestão persistente de substâncias não 
alimentares durante um período mínimo de um 
mês. 
 Ingestãp inapropriada ao estágio de 
desenvolvimento do indivíduo. 
 O comportamento alimentar não faz parte de 
uma prática culturalmente ou socialmente 
aceita. 
 Se o comportamento alimentar ocorrer no 
contexto de outro transtorno mental (p. ex., 
deficiência intelectual, transtorno do espectro 
do autismo, esquizofrenia) ou condição médica 
(incluindo gestação), é suficientemente grave a 
ponto de necessitar de atenção clínica 
adicional. 
 
TRANSTORNO DE RUMINAÇÃO 
 Regurgitação repetida de comida ao longo de 
um período de pelo menos um mês. Os 
alimentos regurgitados podem ser 
remastigados, reingeridos ou cuspidos. 
 A regurgitação repetida não é atribuível a uma 
condição gastrointestinal associada ou outra 
condição clínica (p. ex., refluxo 
gastroesofágico, estenose pilórica). 
 O transtorno alimentar não ocorre 
exclusivamente durante o curso da anorexia 
nervosa, bulimia nervosa, transtorno de 
compulsão alimentar ou transtorno alimentar 
restritivo/evitativo da ingestão de alimentos. 
 Se os sintomas ocorrem no contexto de outro 
transtorno mental, eles são suficientemente 
graves para exigir assistênciaclínica adicional. 
 
ORTOREXIA 
A ortorexia se refere à fixação por ter alimentos 
perfeitos e limpos. O transtorno é categorizado pela 
compulsão por dieta e adesão a regras alimentares 
muito rígidas, muitas vezes levando a uma grande 
ruptura na própria capacidade de tomar parte na 
vida cotidiana. 
 
A palavra grega ortho se refere a “correta ou certa”, 
de modo que ao contrário da anorexia ou da bulimia, 
em que os alimentos muitas vezes são restritos ou 
ingeridos até que se fique empanturrado, a 
ortorexia muitas vezes leva os indivíduos a 
consumir alimentos se acreditarem que eles são 
saudáveis e puros. A ortorexia não é um transtorno 
alimentar definido clinicamente e não está incluída 
no DSM-5. O desejo de comer alimentos 
“saudáveis” não se enquadra na ortorexia, pelo 
contrário, é a obsessão por esses tipos de alimentos 
combinada ao isolamento social e a 
comportamentos desordenados que se tornam 
perigosos, possivelmente levando ao diagnóstico de 
um transtorno alimentar. 
 
COMPLICAÇÕES 
Alterações 
De restrição 
alimentar 
Dos métodos 
compensatórios 
Sistema 
digestório 
Esvaziamento 
gástrico lento; 
distensão 
abdominal; 
constipação 
intestinal 
Constipação 
intestinal; 
esofagite, 
relaxamento do 
esfíncter 
gastresofágico, 
perda do reflexo 
de náuseas; 
erosão dentária; 
aumento da 
incidência de 
cáries; maior risco 
de perda de 
dentes; 
hipertrofia de 
parótidas 
Alterações 
endócrinas 
Ciclos 
menstruais 
irregulares ou 
amenorreia, 
regressão dos 
ovários para 
estágios pré-
puberais, 
regressão do 
tamanho 
mamário, 
redução do útero 
e infertilidade em 
mulheres; 
diminuição da 
testosterona em 
homens; 
aumento da 
concentração de 
cortisol; 
diminuição dos 
hormônios 
tireoidianos T3 e 
T4; 
-- 
hipercolesterole
mia; e 
hipoglicemia 
Ósseas 
Osteopenia e 
osteoporose 
-- 
Hematológic
as ou 
hidroeletrolí
ticas 
Anemia 
ferropriva; 
carência de 
vitaminas e 
minerais 
Hipopotassemia, 
hipofosfatemia, 
hipomagnesemia 
e hipocalcemia 
Físicas 
Formação do 
lanugo (fina 
camada de pelos), 
pele seca; queda 
de cabelo; 
regressão das 
características 
sexuais 
secundárias 
-- 
Cardiovascu
lares 
Atrofia do 
músculo cardíaco 
Arritmia cardíaca; 
hipotensão e 
taquicardia 
Renais -- 
Nefropatia 
hipopotassêmica, 
hematúria; 
falência renal 
 
TRATAMENTO NUTRICIONAL 
O tratamento dos transtornos alimentares requer 
uma abordagem multidisciplinar que inclui 
intervenções psiquiátricas, psicológicas, médicas e 
nutricionais idealmente prestadas em um nível de 
cuidados adequado à gravidade da doença. 
 
Objetivos: adequação do peso; cessação das 
práticas de restrição, compulsão e compensação; 
melhora da estrutura, do consumo e de atitudes 
alimentares; normalização da percepção de fome e 
saciedade; correção das complicações clínicas; e 
diminuição ou eliminação dos distúrbios de imagem 
corporal. 
 
O tratamento se inicia com a necessidade de 
mobilizar o paciente e estabelecer uma relação 
colaborativa. O diário alimentar é o instrumento de 
trabalho na orientação dos pacientes no tratamento 
dos TA, para que o nutricionista tenha elementos 
para orientação individualizada e para que o 
paciente tenha maior consciência sobre seu TA. 
Trata-se de uma ferramenta de 
automonitoramento, em que o paciente deve 
registrar diariamente: quais alimentos e em que 
quantidade consumiu; horários, local das refeições 
e com quem estava; presença de compulsões e 
purgações (se houver); “nota” para fome e saciedade 
(0 a 10); e sentimentos e pensamentos associados. 
A partir desses registros, o nutricionista pode 
trabalhar os diferentes aspectos alimentares, 
incluindo atitudes e comportamentos. 
 
A PRESCRIÇÃO DE DIETAS, CONTAGEM DE 
CALORIAS OU PESAGEM DE ALIMENTOS 
DEVEM SER DESENCORAJADAS. 
 
Anorexia nervosa 
 
Energia – 30 a 40 kcal/kg (fase inicial) 
Fase de ganho controlado com 
incrementos de 100 a 200 kcal 
70 a 100 kcal/kg (fase final) 
40 a 60 kcal/kg (manutenção) 
Proteínas – 15 a 20% 
Carboidratos – 50 a 55% 
Lipídeos – 30% 
Micronutrientes – suplementar 
 
✓ Na fase inicial, prescrições energéticas 
maiores requerem avaliação cuidadosa e 
monitoramento contínuo à procura dos 
sintomas associados à síndrome da 
realimentação. 
✓ Na fase final, se for necessária uma prescrição 
mais energética, o paciente deve ser avaliado à 
procura de vômitos, descarte de alimentos, 
exercício excessivo, termogênese pós-prandial 
exagerada. 
✓ Diminuir carboidratos para 40% kcal se o 
paciente tiver glicemia elevada ou sintomas 
associados à síndrome de realimentação. 
✓ Fornecer fibra insolúvel para o tratamento da 
constipação. 
✓ Evitar suplementação com ferro: durante a 
fase inicial de realimentação e se o paciente 
estiver constipado. 
 
Bulimia nervosa 
 
Energia – DRIs (taxa metabólica normal) 
OU 1500 a 1600 (hipometabolismo) 
Aumentar 100 a 200 kcal até que seja 
alcançada a DRI 
Proteínas – 15 a 20% 
Carboidratos – 50 a 55% 
Lipídeos – 30% 
Micronutrientes – suplementar 
 
✓ Evite dietas com restrição de energia, já que 
estas podem agravar comportamentos de 
compulsão e purgação 
✓ Evite a suplementação com ferro se o paciente 
estiver constipado 
 
TCA 
As estratégias para o tratamento do TCA incluem o 
aconselhamento nutricional e o manejo dietético, a 
psicoterapia individual e em grupo, e a medicação. 
Alguns programas de tratamento se concentram 
principalmente no aconselhamento nutricional e na 
perda de massa corporal; outros se concentram 
principalmente na redução dos episódios de 
compulsão, em vez de na perda de massa corporal. 
A autoaceitação, a imagem corporal melhorada, o 
aumento na atividade física e a melhor nutrição em 
geral também são objetivos do tratamento na TCA. 
 
Orientações 
Os pacientes com transtornos alimentares podem 
parecer bem informados sobre alimentação e 
nutrição. Apesar disso, as orientações nutricionais 
são um componente essencial de seus planos de 
tratamento. Na realidade, alguns pacientes passam 
uma quantidade significativa de tempo lendo 
informações relacionadas com a nutrição, mas suas 
fontes podem não ser confiáveis e sua interpretação 
pode potencialmente ser distorcida por sua doença. 
 
Os seguintes tópicos podem ser eficazmente 
incorporados em sessões de aconselhamento 
individual: 
✓ Diretrizes para a recuperação: ingestão de 
energia, macronutrientes, vitaminas, minerais 
e líquidos 
✓ Impacto da desnutrição sobre o crescimento e 
o desenvolvimento dos adolescentes 
✓ Consequências fisiológicas e psicológicas da 
desnutrição 
✓ Teoria da massa corporal a ser mantida e 
determinação da massa corporal saudável 
✓ Impacto da restrição energética sobre o 
metabolismo 
✓ Ineficácia dos vômitos e uso de laxantes e 
diuréticos no controle da massa corporal no 
longo prazo 
✓ Causas da compulsão e da purgação, e técnicas 
para interromper o ciclo 
✓ Alterações na composição corporal que 
ocorrem durante a restauração da massa 
corporal 
✓ Exercício e equilíbrio energético 
✓ O que significa para você uma “alimentação 
saudável”? 
✓ Regras alimentares desafiadoras 
✓ Comer demais ou muito pouco por razão 
emocional 
✓ Intuição na alimentação: como perceber os 
sinais de fome e saciedade 
✓ Estratégias de planejamento das refeições 
para a recuperação e a manutenção de uma 
massa corporal saudável 
✓ Alimentação em eventos sociais e festas 
✓ Interpretação dos rótulos dos alimentos 
✓ Estratégias para a compra de alimentos. 
 
REFERÊNCIAS 
MAHAN L K e ESCOTT-STUMP S. Krause - Alimentos, 
Nutrição e Dietoterapia. 14ª Edição,. Ed. Elsevier, 2018. 
 
ROSSI L.; POLTRONIERI F. Tratado de Nutrição e 
Dietoterapia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2019.

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