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Idade Antiga - parte 2 Sócrates e os Sofistas Revisão - Pré-socráticos • A physis: o mundo natural. A compreensão da realidade natural não está no mundo sobrenatural, mas, nela mesma; • A causalidade: para tudo há uma causa natural e não mais mítica misteriosa. • A arque: existe um elemento primordial que serviria de ponto de partida para todo o processo, o que dá uma unidade à natureza. Ex: água para Tales de Mileto, o ar para Anaxímenes. Empédocles afirma a existência de 4 elementos: ar, água, terra e fogo... Isso dá a ideia de caráter geral que inaugura a ciência. • O cosmo: surgem as noções de ordem, harmonia e beleza. O mundo natural passa a ser considerado como uma realidade ordenada de acordo com os princípios racionais. • O logos: não é mais uma narrativa de caráter poético e mítico logos, mas sim, a explicação fundamentada na razão. É um discurso racional; • O caráter crítico: as verdades deixam de ser apresentadas como verdades absolutas, de forma dogmática, para serem passiveis de discussão, reflexão, sendo discordadas e criticadas. O pensamento filosófico verifica que as verdades absolutas precisam ser questionadas. Contexto - Vida artística e cultural extremamente desenvolvida; - discussões com enfoque antropológico que envolvia moral, política, artes, direito, costumes, espiritualidade, educação etc.; - Democracia direta (igualdade de todos os homens - cidadãos - diante da lei e o direito de participarem do governo da polis. Exceto: mulheres, escravos, crianças, idosos e estrangeiros. Nesse cenário, a filosofia que nasceu cosmológica, começou a vislumbrar um novo horizonte, o homem, ou seja, ela começou a tomar contornos antropológicos. Sócrates (469 a.C. - 399 a.C.) foi um filósofo grego, mesmo não sendo o primeiro filósofo da história, é reconhecido como o "pai da filosofia" por representar o grande marco da filosofia ocidental. Da sua infância pouco se sabe para além de sua origem pobre. Ele era filho de um escultor, Sofronisco, e uma parteira, Fenarete, da qual Sócrates pegaria a ideia do parto para sua forma de fazer filosofia. Homem feito, chamava atenção não só pela sua inteligência, mas também pela estranheza de sua figura e seus hábitos. Corpulento, olhos saltados, vestes rotas e pés descalços, era considerado o homem mais feio de Atenas. Costumava ficar horas mergulhado em seus pensamentos. Quando não estava meditando solitário, conversava com seus discípulos, procurando ajudá-los na busca da verdade. Sócrates Sócrates foi o principal filósofo desse período da filosofia antiga. Nessa fase, os filósofos passaram a se preocupar com os problemas relacionados ao indivíduo e a organização da humanidade. Passaram a perguntar: O que é verdade? O que é o bem? O que é a justiça?, uma vez que na primeira fase da filosofia grega a preocupação era com a origem do mundo, fase que ficou conhecida como período pré-socrático da filosofia. Principais ideias de Sócrates Para Sócrates, existiam verdades universais, válidas para toda a humanidade em qualquer espaço e tempo. Para encontrá-las, era necessário refletir sobre elas. Essa percepção da verdade como alcançável é um fator de diferenciação entre Sócrates e os sofistas. O princípio da filosofia de Sócrates estava na frase "Conhece-te a ti mesmo”. Antes de lançar-se em busca de qualquer verdade, o homem precisa se autoanalisar e reconhecer sua própria ignorância. Conhecendo a essência do Ser Humano Qual é a realidade última do ser humano? Qual é a essência do homem? A alma (psyché), sede da consciência, do caráter, da vontade, da racionalidade etc. "É evidente que a essência do homem é a alma, cuidar de si mesmo significa cuidar da própria alma, mais do que do corpo. E ensinar os homens a cuidarem da própria alma é a tarefa suprema do educador, precisamente a tarefa que Sócrates acredita ter recebido de Deus" (REALE e ANTISERI, 2004, p.95). Alguns elementos norteadores da filosofia socrática • Uma vida sem busca não é digna de ser vivida; • O sentido da vida é a busca pela verdade; • A verdade universal jaz dentro da alma humana; • O primeiro grande passo em direção a essa verdade (e também marca distintiva dos verdadeiros sábios) é o reconhecimento da ignorância. Para Sócrates, uma vida que não tenha busca não merece ser vivida, dado que o sentido dela é a busca pela verdade, que se encontra no interior da alma humana e somente virá à tona a partir do momento em que o ser humano reconhecer sua ignorância. Certa vez, o oráculo de Delfos declarou Sócrates o maior sábio da Grécia, dizendo: “Sábio é Sófocles, mais sábio é Eurípedes, mas entre todos os homens, Sócrates é sapientíssimo”.Categoricamente, Sócrates afirmou: “Só sei uma coisa. E é que nada sei”. Não se julgava um sábio erudito, mas simplesmente se autodenominava um “amante da sabedoria”. “E o que é senão ignorância, a ma... Leia mais em: https:// guiadoestudante.abril.com.br/especiais/ socrates/ Sócrates percebeu que ele era sábio porque, dentre os sábios, era o único que julgava não saber e buscava o verdadeiro conhecimento. Da afirmação de sua própria ignorância faz surgir sua mais célebre frase: “Só sei que nada sei!” A partir desta ideia, é desenvolvido o Método Socrático. O filósofo inicia uma discussão e conduz seu interlocutor ao reconhecimento de sua própria ignorância por meio do diálogo: é a primeira fase de seu método, chamada de ironia ou refutação. Na segunda fase, a "maiêutica" (técnica de trazer à luz), Sócrates solicita vários exemplos particulares do que está sendo discutido. Por exemplo, ao ser questionado sobre a coragem, desenvolve um diálogo com um general muito respeitado por sua atuação em guerras. O general (Laques) lhe dá exemplos de atos corajosos. Não satisfeito, Sócrates analisa esses casos com a finalidade de descobrir o que é comum a todos eles. Esse algo comum poderia representar o conceito de coragem, a essência dos atos heroicos, que existirá em qualquer ato corajoso, independente das circunstâncias que o cercarem. A "técnica de trazer à luz" pressupõe uma crença de Sócrates, segundo a qual a verdade está no próprio homem, mas ele não pode atingi-la porque não só está envolto em falsas ideias, em preconceitos, como está desprovido de métodos adequados. Derrubado esses obstáculos, chega-se ao conhecimento verdadeiro, que Sócrates identifica como virtude, contraposta ao vício, o qual se deve unicamente à ignorância. A morte de Sócrates A Morte de Sócrates: do conhecimento à iniquidade Jacques -Lou i s Dav id p in tou , em 1787 , a impressionante Morte de Sócrates, retratando o término de um empolgado discurso e a entrega da taça de cicuta ao filósofo, condenado à morte pela ingestão do fatal veneno. E é na questão da justiça ou da iniquidade que seu pensamento aflora com ânimo e vigor: “É pior cometer uma injustiça do que sofrê-la, porque quem a comete transforma-se num injusto e quem a sofre não.” Sócrates Iniquidade - Tornar normal o que é pecado, não sentir culpa pelo pecado cometido, de tanto uma pessoa cometer o mesmo pecado ou coisa errada, não se arrepender, pois já acha o que fez absolutamente normal. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques-Louis_David Sócrates era uma figura célebre de Atenas. Por onde ia, carregava consigo uma quantidade imensa de seguidores e discípulos, sobretudo jovens. Em seus encontros com figuras respeitadas da polis grega, por conta de seu método, acabava expondo e irritando seus interlocutores. Esse comportamento deu a Sócrates inimigos entre as figuras mais poderosas de Atenas. Em pouco tempo, o filósofo foi acusado de corromper a juventude e atentar contra os deuses gregos. Seu julgamento foi realizado em duas partes. Na primeira, a votação sobre sua culpa ou inocênciateve uma margem apertada a favor de sua condenação (280 a 220). Posteriormente, Sócrates propõe como pena alternativa o pagamento de uma multa. Essa pena é amplamente recusada e a condenação a favor da pena capital. Sócrates não deixou obra escrita, achava mais eficiente o intercâmbio de ideias, mediante perguntas e respostas entre duas pessoas e acreditava que a escrita enrijecia o pensamento. São quatro as fontes básicas para o conhecimento de Sócrates: a) o filósofo Platão, seu discípulo, em cujos Diálogos o mestre figura sempre como personagem central. b) a segunda fonte é o historiador Xenofonte, amigo e frequentador assíduo das reuniões que Sócrates participava. c) o dramaturgo Aristófanes cita Sócrates como personagem em algumas de suas comédias, mas sempre o ridiculariza. d) a última fonte é Aristóteles, discípulo de Platão, e que nasceu 15 anos após a morte de Sócrates. Essas fontes nem sempre são coerentes entre si. https://www.todamateria.com.br/platao/ Sofistas Características gerais da sofística Os sofistas, e toda a escola e pensamentos sofísticos, surgiram em uma Grécia que sofria grandes transformações de pensamentos, quando a imagem do Homem e da razão (logos) começam a ser fundamentos e destaques. Uma das principais características dos sofistas é a utilização da racionalidade para compreender os fatos, seja eles de cunho racional, seja de cunho irracional. Porém, mesmo com esse pensamento e alternância que a escola causou, eles não são considerados filósofos em relação aos ideais de Platão. Pois, diante do platonismo, acredita-se que a sofística não procurava a verdade e fugia da realidade. Os sofistas ampliaram a ideia de Paidéia (diz respeito à formação, à educação do humem, a seu melhoramento, a seu refinar-se) na época, da qual a pessoa deveria estudar e ter uma formação com base em gramática, retórica, dialética. Agora, adultos também deveriam seguir a Paidéia, conseguindo preparar as pessoas para uma vida mais política e argumentativa. • Oposição entre natureza (phýsis / natural) e cultura (nómos / convenção). • Diante de estudos históricos, os sofistas se concentravam em entender os conceitos filosóficos de problemas que os homens e a natureza sofriam. Eles entenderam que tudo que tem a natureza não pode ser alterado. Porém, o que é formado pela cultura ou linhagem pode ser alterado. Relativismo A escola sofística era relativa perante a temas como política, religiões e hábitos, pois considerava todos esses fatores culturais e que poderiam sofrer alterações. Sofistas colocavam em prova se as leis, seguimentos religiosos e algumas atitudes eram realmente necessárias para certas cidades, culturas e povos ou se necessitavam de mudanças. A existência dos deuses Os sofistas achavam que a existência de deuses não era tão plausível, apesar de eles não negarem totalmente que a imagens divinas existam, bem próximo de um pensamento agnosticismo. A escola sofística crê que, se os deuses existissem, eles não possuem formas e atitudes como de humanos. A natureza da alma Os sofistas acreditavam que a alma poderia ser modelada com conhecimentos e ideias que venham de fora. Para eles, as pessoas, por possuírem alma de natureza passiva, podem ser facilmente manipuladas por um discurso cativante. Assim, a escola sofística tentava dar conhecimento para o ser humano a fim de ajudar aqueles que estão falando para um grande público. A relação discursiva e oradora do ser humano é algo muito importante para os sofistas. Rejeitam questões metafísicas Os sofistas deixam de lado qualquer ideia e pensamento sobre origem, vida após a morte e afins. Isso porque acreditavam que era muito mais importante o viver de agora, com as necessidades e preocupações reais que o humano tinha e precisavam ser resolvidas. Ora, se tudo é por convenção, tudo pode ser ensinado, o que seria impossível se trouxéssemos em nós, de modo inato ou por natureza, todas as habilidades, leis, ideias, normas e costumes. Assim sendo, a virtude pode ser considerada convenção social. A areté é nomos, por isso pode ser ensinada (CHAUÍ, 2003, p. 167). Areté: virtude, mérito ou qualidade nos quais alguém mostra excelência. Conjunto de valores básicos, físicos, psíquicos, morais, éticos, políticos etc. Dois Sofistas Protágoras de Abdera (490 - 421 a.C.) - O homem é a medida de todas as coisas. Em outras palavras, toda espécie de conhecimento, físico, político, ético etc., depende do indivíduo que o vivencia e, então julga-o. Este vento está soprando, por exemplo, está frio ou quente? Segundo o critério de Protágoras, a resposta é a seguinte: Para quem está com frio, é frio; para quem não está, não é. Então, sendo assim, ninguém esta no erro, mas todos estão com a verdade (com a sua verdade) (REALE e ANTISERI, 2004, p. 77). Górgias de Leontini (485 - 375 a.C.) - Professor de retórica e oratória em Atenas; - O bom orador será sempre capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa. - Não podemos chegar à verdade por excelência absoluta. As verdades existem frente às situações. É, de fato, impossível saber o que realmente existe e o que não existe. A habilidade de argumentar Apesar de contradições, o auge da democracia, que se consolidava cada vez mais, fez com que os sofistas defendessem, até o fim, a real importância da argumentação em público. Conseguir abordar e falar de seus ideais e fazer outras pessoas entenderem e concordarem com o que você está falando era uma das principais características apresentadas pela escola sofística. Antilógica A antilógica é criticada negativamente por Platão e Aristóteles. Eles ensinavam os jovens a entenderem sobre um assunto e defender sua opinião. Logo depois, defender o contrário do que achavam ‘certo’. O sofismo como uma prática positiva Apesar de diversos julgamentos e críticas negativas que a escola sofreu, os sofistas foram um marco muito importante para o desenvolvimento e avanço filosófico. Diversos analistas e historiadores buscam encontrar o lado positivo do sofismo, fugindo e quebrando as críticas feitas por Platão e Aristóteles. O próprio platonismo, apesar de ser bem crítico aos sofistas, possuía influências da escola sofística. Também é estudado que Sócrates e os seus discípulos só existiram, diante dos seus pensamentos, graças ao sofismo. Pois, eles foram os percursores do afastamento do homem da religião. Sofista significa, em uma tradução direta, algo como amigo da sabedoria, logo sofistas significariam aquele que possuía e transmitia a sabedoria. Por isso, a escola sofística passava o conhecimento para quem pagasse e quisesse aprender um novo conhecimento. O êxito positivo dos sofistas ocorreu pela permissão que Péricles cedeu para eles, fazendo a escola evoluir, e obter e transmitir conhecimentos. Por fim, a escola sofística foi essencial para expandir o Hélade e a necessidade de políticos terem certos conhecimentos essenciais. A expansão da cultura grega pelo Oriente ficou conhecida como helenismo (os gregos diziam que habitavam a Hélade) Algumas faltas de informações e críticas negativas de filósofos renomeados fazem os sofistas possuírem uma visão negativa e gama de rejeição. Tanto Platão, como Aristóteles tinham visões mercenárias dos sofistas. Pois, eles cobravam para expandir seus ensinamentos. Aristóteles cita a escola sofística como negociante e que utilizam o ideal de filósofos somente como aparência. Outro crítico ferrenho da escola sofística foi Isócrates. Ele, além de criticar o fato deles cobrarem, dizia que os sofistas enganavam muitas pessoas. Pois, não conseguiam ensinarboa parte dos ensinamentos que prometia. MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia - Dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2002. MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Ética- de Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. https://periodicos.ufpb.br/index.php/arf/article/view/41007/20935 Vídeos Link 1 - https://youtu.be/AQU6s5_RJCs Filosofia Arroz com feijão – Autoconfiança Sócrates https://periodicos.ufpb.br/index.php/arf/article/view/41007/20935 https://youtu.be/AQU6s5_RJCs
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