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Curso Regular de Língua Portuguesa Prof. Ludimila Lamounier, AULA 01 ATENÇÂO! Essa obra é protegida por direitos autorais. O material é de uso restrito do seu adquirente, sendo expressamente proibida a sua distribuição ou o fornecimento a terceiros sem a prévia autorização do autor ou do Concurseiro Fiscal. A reprodução, distribuição, venda ou utilização em grupo por meio de rateio sujeita os infratores às sanções da Lei nº 9.610/1998. Os grupos de rateio são ilegais! Valorize o trabalho dos professores e somente adquira materiais diretamente no site Concurseiro Fiscal. O Concurseiro Fiscal dispõe de descontos exclusivos para compras em grupo. Adquira de forma legal. http://www.concurseirofiscal.com.br Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 1 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br AULA 01 Mecanismos de coesão textual: elementos de referenciação, substituição e repetição; conectores; outros elementos de sequenciação textual. SUMÁRIO PÁGINA 1. Coesão e Coerência 02 2. Elementos (Recursos) Coesivos 04 3. Coesão Lexical 08 3.1 Substituição Léxica 09 3.2 Exemplos – Trechos de Textos de Provas 19 4. Coesão Gramatical 20 4.1 Operadores Lógicos 21 4.2 Exemplos – Trechos de Textos de Provas 28 5. Coesão Sequencial 29 5.1 Exemplos – Trechos de Textos de Provas 36 6. Outras Nomenclaturas 37 Questões propostas 38 Gabarito 47 Questões comentadas 48 Olá, concurseiro fiscal! Seja bem-vindo à Aula 01 do Curso Regular de Língua Portuguesa para Concursos. Espero que tenha aproveitado bastante a Aula 00 e absorvido muito conhecimento. Fez todas as questões da última aula? É importante fazer os exercícios e prestar atenção em que ponto está o erro, e como ele é corrigido. Quando fazemos assim, assimilamos de uma forma que nunca mais erramos aquilo de novo. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 2 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br DICA DA VEZ – IMPORTÂNCIA DOS EXERCÍCIOS Aqui, iniciaremos nossa série “Dica da Vez”. A cada aula, darei um macete sobre algum aspecto que envolva a vida de concurseiro. Tudo isso para ajudar você a ficar mais seguro e preparado para a prova! Bom, hoje vamos alertá-lo sobre a importância de praticar o conteúdo estudado. Não se engane, o domínio da teoria é apenas uma parte do processo. Geralmente, as questões utilizadas pelas bancas examinadoras se repetem. Por isso, além de analisar as provas mais recentes e perceber qual o posicionamento adotado pela organizadora em certos temas, é importante também resolver as provas dos últimos dez anos. A prioridade deve ser sempre a instituição responsável pelo seu concurso. Aconselho que, após o estudo teórico de determinado assunto, você escolha, ainda na mesma semana, um momento calmo para a resolução de questões. Primeiro, resolva todas, anote as dúvidas que surgirem e, só ao final, confira o gabarito. As questões com comentários confiáveis são as mais indicadas para o aprendizado e a fixação. Comece pelas questões de nível médio e, depois, aumente a dificuldade dos exercícios gradativamente. É importante que, ao final de cada mês, você realize simulados que abordem todos os assuntos estudados até então, dessa forma, tudo permanecerá sempre atualizado. Nesta aula, veremos um assunto muito cobrado em provas: Coesão Textual. Muita concentração! Então, vamos lá! Mecanismos de Coesão Textual 1. Coesão e Coerência Na aula de hoje, vamos estudar os mecanismos de coesão textual: elementos de referenciação, substituição e repetição; conectores; outros elementos de sequenciação textual. Logo de início, vale lembrar que as provas de concurso público têm cobrado, com frequência, o conhecimento dos mecanismos de coesão textual. O CESPE, especialmente, tem na coesão um de seus assuntos preferidos. Mas, afinal, o que é coesão textual? Para explicar o que é a coesão, antes, precisamos entender o que é coerência textual, pois os dois conceitos estão intimamente ligados. Um texto coerente é aquele bem construído, sem incompatibilidade entre as suas partes, que possui uma correta interpretação, e, não é Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 3 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br apenas uma soma ou sequência de frases sem lógica ou com contradições. A coerência estabelece um sentido para o texto e faz com que este tenha uma adequada relação com seu receptor. A coerência é a responsável pela continuidade dos sentidos no texto. Temos, ainda, que prestar atenção em um fator: a incoerência não depende apenas da maneira como são combinados os elementos linguísticos no texto, mas também dos conhecimentos sobre o mundo em que ele se insere. Um mesmo texto, portanto, pode ter sentido ou não, a depender de fatores como o tipo dele e a situação em que ele se relaciona com o leitor ou até mesmo com outros textos. Em resumo, existe coerência na medida em que se é possível estabelecer no texto alguma forma de unidade ou relação entre seus elementos. Diante do exposto, percebemos que se pode conceituar a coerência como um princípio de interpretabilidade, ou seja, não existe o texto incoerente por si só, mas o texto pode ser incoerente em uma certa situação de comunicação com o interceptor. Assim, para classificarmos um texto como incoerente, temos que determinar as questões de incoerência. Essas questões podem ser da ordem de adequação a alguma situação, como a intenção comunicativa do autor, objetivos do texto, destinatários, regras socioculturais, etc. E qual a relação entre coerência e coesão? A coerência está totalmente ligada à coesão textual, uma vez que a coesão se refere às relações que se estabelecem entre os elementos que formam o texto, ou seja, a coesão é a responsável pela conexão e ligação, entre as partes do texto, por meio dos chamados mecanismos de coesão textual. A coesão também trata da relação entre as orações dentro do texto. Assim, quando se empregam corretamente os elementos linguísticos, geralmente, conseguimos um texto coerente. Geralmente, porque, embora a coesão esteja bastante presente na estrutura da coerência, ela, por si só, não garante que um texto seja coerente. Os mecanismos coesivos nem sempre são suficientes ou necessários para que a coerência se estabeleça de forma completa. Há, em grande parte das vezes, a necessidade de conhecimentos referentes a situações externas ao texto, como: conhecimento de mundo, dos interlocutores, de normas sociais, etc. Desse modo, há muitas sequências de palavras, com poucos ou nenhum elemento coesivo, mas, por serem coerentes, constituem um texto e, por isso, possuem a chamada textura ou textualidade. Eles são, portanto, textos sem coesão, porém, coerentes. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 4 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br De maneira inversa, como a coesão, às vezes, não é suficiente para obtenção da coerência, há sequências linguísticas coesas que dificilmente conseguem estabelecer, para o leitor, um sentido global que as tornem coerentes, ou seja, não há como se determinar uma continuidade ou unidade de sentido. É importante, portanto, percebermos que é a coerência que dá textualidade a uma sequência linguística e não a coesão. Podemos dizer que a coesão atua na organização da sequência linguística do texto. Ela trabalha a conexão entre as diversas partes do texto e, desse modo, observa-se que a coesão é sintática e gramatical, mastambém semântica, porque, em várias ocorrências, os mecanismos de coesão se baseiam em uma relação entre os significados dos elementos constantes do texto. A coesão tem relação com a coerência quando verificamos que aquela é um dos fatores que permite o cálculo desta. 2. Elementos (Recursos) Coesivos Antes de começarmos a estudar os tipos de coesão existentes e explicar cada um dos mecanismos coesivos, quero conversar com você sobre os conceitos de alguns elementos (recursos) coesivos de nossa língua. Assim, vai ficar mais fácil entender de que forma são usados os mecanismos que veremos depois. Vamos, lá? Ânimo! Elemento coesivo endofórico São elementos que possuem referentes dentro do texto – referentes internos. Podemos dividir os recursos endofóricos em anafóricos e catafóricos, como veremos em seguida. Elemento coesivo anafórico Quando um componente que já foi explicitado no texto é retomado, temos o que se conceitua como anáfora. Assim, quando um termo apresenta referente anteposto, dizemos que ele é um elemento coesivo anafórico. Veja o seguinte exemplo: O diretor da empresa assinou os papéis que iam ser despachados no dia seguinte. Perceba que o pronome relativo que retoma o antecedente os papéis. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 5 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Elemento coesivo catafórico A catáfora ocorre quando um componente do texto é precedido (previsto) por algum outro elemento textual como um pronome, verbo, advérbio, quantificador, os quais substituem o referido componente. Desse modo, quando um termo apresenta referente posposto, dizemos que ele é um elemento coesivo catafórico. Exemplo: Este é o melhor remédio para gripe: repouso. Observe que o pronome demonstrativo este se refere ao termo posposto repouso. Percebe-se, assim, que a catáfora tem a função de anunciar o que vai ser dito. Se resumirmos: caso você já tenha registrado a referência de determinado termo no texto, é anáfora (referente anteposto). Se você ainda for escrever a referência dele, é catáfora (referente posposto). Elementos coesivos exofóricos São elementos que apresentam referente fora do texto – referentes externos. Para entender melhor, observe o seguinte exemplo: Eu considero que deve haver uma revisão nas leis que disciplinam o trânsito no Brasil. Note que o pronome pessoal eu não se refere a nenhum termo registrado na oração, por isso dizemos que o referente não está no texto, certo? Nesse contexto de elemento exofórico, cabe estudarmos o elemento dêitico (dêixis – mostrar). O recurso dêitico é um elemento linguístico que designa algo mostrando, e não conceituando. Ou seja, o elemento dêitico aponta por meio da linguagem. Ele mostra, verbalmente, as condições ou informações contextuais em que determinado enunciado ou texto é produzido. Podemos dividir os dêiticos em espaciais, temporais e subjetivos. O dêitico espacial indica o lugar onde o redator está, ou seja, marca a localização espacial. Exemplo: Este município receberá muitos turistas nos próximos meses. Por sua vez, o dêitico temporal marca a localização temporal, o momento em que o redator se encontra. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 6 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Exemplos: Neste mês, haverá aumento no preço da gasolina. Atualmente, há problemas econômicos na Europa. Por último, o dêitico subjetivo mostra traços de quem redige ou fala. Ele marca o papel dos participantes na situação relatada - o relator é o marco de referência. Exemplo: Eu defendo o voto facultativo. Neste caso, registra-se que não é necessária a presença do pronome eu para que exista uma marca dêitica na oração acima. Portanto, bastaria estar escrito: “Defendo o voto facultativo”, pois, pela conjugação verbal, já se percebe tratar-se da 1ª pessoa do singular. Alerto para termos cuidado com o uso do dêitico subjetivo (pessoal): a depender de como, quando e quanto ele é utilizado, o elemento pode trazer alto grau de subjetividade ao texto. Outro ponto de atenção se refere à correta identificação do elemento dêitico, cuidado para não fazer confusão com os elementos endofóricos, como no exemplo abaixo: Meu nome é João. Eu sou um jornalista do Rio de Janeiro. Neste caso, o pronome pessoal eu não é elemento dêitico, e, sim, recurso endofórico (anáfora), uma vez que o termo possui referente anteposto (João). Os pronomes serão estudados em outra aula, contudo é muito importante mencionar os pronomes demonstrativos esse e este (e suas variações) como elementos dêiticos espaciais fundamentais. Desse modo, vejamos: Esta mochila é minha. (a mochila está perto de quem fala) Essa mochila é sua. (a mochila está longe de quem fala) Por fim, de forma a facilitar a identificação de possíveis elementos dêiticos, devemos estar sempre atentos em relação a pronomes pessoais, desinências verbais, pronomes demonstrativos, locuções prepositivas e adverbiais, advérbios de lugar (aqui, aí, etc.) e de tempo (hoje, amanhã, agora, ultimamente, recentemente, ontem, etc.). Elemento coesivo vicário O elemento vicário é uma palavra que substitui uma oração inteira (substitutivo oracional). Mas, cuidado! A função vicária é única, ou seja, o elemento não Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 7 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br substitui qualquer coisa, substitui somente orações. Exemplo: Haverá outro caso de aposentadoria compulsória amanhã? Creio que sim. Observe que o vocábulo sim substitui a oração anterior inteira (Creio que haverá outro caso de aposentadoria compulsória amanhã). Neste momento, você deve estar pensando: mas, precisa saber esses nomes tão estranhos para fazer a prova ou basta saber o conceito? Infelizmente, precisamos decorar todas essas nomenclaturas. Em algumas questões, a banca examinadora faz o questionamento usando o nome do elemento coesivo. Então, se você não decorou qual é qual, não consegue responder. E não dá para perder ponto assim, não é mesmo? A FGV (e outras bancas) adora cobrar as nomenclaturas nas questões, veja a seguir um exemplo. (FGV) Técnico Legislativo – Administração – Senado Federal/2012 No segundo quadrinho, o pronome essa tem valor: a) anafórico b) catafórico c) dêitico d) relativo e) expletivo Comentários Note que o enunciado solicita ao candidato que ele marque a alternativa que apresenta o valor coesivo do pronome essa no segundo quadrinho. Portanto, é muito importante que, além do conceito, você saiba a nomenclatura de cada elemento coesivo estudado na parte teórica que acabamos de ver. No caso do segundo quadrinho, o pronome essa tem valor dêitico, uma vez que o recurso dêitico é um elemento linguístico que designa algo mostrando, e não conceituando. Ou seja, o elemento dêitico aponta por meio da linguagem. Ele não faz referência a algo que já foi registrado no texto (anáfora) ou algo que ainda será (catáfora). Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 8 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Em relação ao valor relativo (alternativa d), temos os pronomes relativos, tema de outra aula. Quanto ao valor expletivo (alternativa e), ele se refere às denominadas partículas expletivas, que são palavras ou expressões usadas para realçar o texto, com valor genérico de reforço ou ênfase. A retirada desses elementos não prejudica o sentido do texto, mas a ênfase desaparece. Exemplo:Nós é que o convencemos a ficar. (expressão expletiva ser + que). Gabarito: C 3. Coesão Lexical Você já notou que um texto produz cadeias coesivas à medida que os vocábulos são registrados? Dizemos, assim, que o texto possui uma estrutura diafórica, em que ideias são sempre retomadas ou previstas. Ou seja, os elementos de coesão lexical e gramatical apresentam referentes antepostos, pospostos, internos e externos. Assim, de uma forma mais geral, podemos dividir a coesão em lexical e gramatical. A coesão lexical, também denominada reiteração léxica, refere-se ao tipo de coesão que é obtida por meio da simples repetição ou da substituição léxica (de palavras). Observe que os termos usados para esse tipo de substituição sempre terão uma afinidade semântica. Aqui, cabe registrar a questão da coesão por repetição de vocábulos. Podemos pensar que a repetição de palavras sempre gera um texto mal construído, mal estruturado. Mas, não é bem assim, pois a repetição pode ser um recurso estilístico ou de ênfase, ou seja, ela pode ser intencional. A repetição, portanto, deve ser feita com muito cuidado, tendo em vista que desejamos que nossos textos fiquem ricos e bem articulados. Não queremos textos pobres, não é mesmo? Em primeiro lugar, vamos ver os problemas da repetição (coisas que não podem acontecer na estrutura dos textos). Uma precaução que sempre devemos ter é a proximidade entre as palavras repetidas. Quando elas estão muito próximas, ocorre um desconforto. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 9 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Para tanto, observe a seguinte oração: Mariana trabalhava em uma indústria automobilística. Após dois anos como secretária, Mariana resolveu mudar de setor. Outro cuidado importante se relaciona com a repetição de um mesmo vocábulo em número excessivo, o que deixa o texto monótono e com uma estrutura deficiente. Vejamos um exemplo: João é um rapaz que gosta muito de estudar matemática, mas nos últimos meses, ele tem achado matemática uma matéria difícil, pois o professor de matemática indicou um livro de matemática bastante complicado. Em segundo lugar, verificam-se alguns casos específicos, em que a repetição é usada de forma intencional, com o objetivo de se realçarem as ideias, como recurso estilístico ou de se obter ênfase. Esse artifício costuma ser aplicado em textos literários, publicitários, discursos, provérbios e ditados populares. Exemplos: “Cana na fazenda dá pinga; pinga na cidade dá cana.” “Saudade, palavra que nunca morre, quando morre fica arquivada no coração.” “Vermelhos Especiais de Koleston. Cores mais quentes que duram, duram, duram.” Ainda há um outro caso de repetição que não é visto como problema: quando o termo repetido é usado com diferente aspecto semântico (outro sentido). Exemplo: Quem casa quer casa. Note que o substantivo casa foi empregado com dois significados diferentes. 3.1 Substituição Léxica Vamos, agora, estudar a substituição léxica (de palavras, vocábulos, expressões). Esse tipo de mecanismo coesivo é bastante útil, pois permite evitar a repetição não intencional e enriquece o texto. Sobre o assunto, precisamos estudar alguns conceitos, que serão explicados a seguir. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 10 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Sinonímia Como o próprio nome diz, é uma substituição feita por meio do uso de palavras ou expressões sinônimas. Atente-se para o fato de não existir uma sinonímia perfeita, e, sim, uma aproximação semântica. Desse modo, procuramos usar uma palavra que tenha um significado semelhante àquela que será substituída, ou seja, tenha uma identidade referencial. Mas, cuidado! Temos sempre que examinar o contexto e a coerência, para termos certeza de que uma palavra pode ser trocada por outra. A depender do sentido do texto, podemos usar em um determinado caso, mas não em outro. Então, devemos verificar se a palavra realmente se encaixa no trecho em questão. Ainda precisamos examinar se é necessário mudar alguma outra palavra para que a estrutura da oração continue gramaticalmente correta, ou seja, talvez seja preciso trocar ou colocar uma preposição, ou alterar as palavras de feminino para masculino, etc. Que tal um exemplo para facilitar o entendimento? Observe estas palavras: aquiescência, anuência, autorização, concordância e consentimento. É perceptível que elas possuem sentidos aproximados e que, de uma forma geral, podem ser trocadas entre si, pois estão inseridas em um mesmo campo semântico. Agora, vamos usá-las em uma sentença, que mostra o que acabamos de ler: O fato de os empresários terem conduzido a negociação sem a anuência dos jogadores irritou a alta cúpula do clube. Esse consentimento era necessário conforme acordo anterior. O fato de os empresários terem conduzido a negociação sem a autorização dos jogadores irritou a alta cúpula do clube. Essa aquiescência era necessária conforme acordo anterior. Vamos ver uma questão que propõe a troca de palavras de forma a se manter o mesmo sentido: Questão – (FCC) Analista Judiciário TRF - 1ª Região/2006 (Adaptada) Orgulho ferido Um editorial da respeitada revista britânica The Lancer sobre o futuro de Cuba acendeu uma polêmica com pesquisadores latino-americanos. O texto da revista sugeriu que o país pode Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 11 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br mergulhar num caos após a morte do ditador Fidel Castro, que sofre de câncer, tal como ocorreu nos países do Leste Europeu após a queda de seus regimes comunistas. E conclamou os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária para os cubanos. De quebra, a publicação insinua que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano fazer frente a esse quadro. "O editorial é um desrespeito à soberania de Cuba", diz Maurício Torres Tovar, coordenador-geral da Alames (Associação Latino-Americana de Medicina Social). "A atenção do Estado cubano para com a saúde de sua população é um exemplo para todos. Cuba tem uma notável vocação solidária, ajudando, com remédios e serviços de profissionais, diversos países atingidos por catástrofes", afirmou. Sergio Pastrana, da Academia de Ciências de Cuba, também protestou: "Temos condição de decidir se precisamos de ajuda e direito de escolher a quem pedi-la." (Revista Pesquisa Fapesp. Outubro 2006, n. 128.) Quatro ações são atribuídas, no primeiro parágrafo do texto, ao editorial da revista britânica The Lancer: acender, sugerir, conclamar e insinuar (palavras sublinhadas no texto). Considerando-se o contexto, não haveria prejuízo para o sentido se tivessem sido empregados, respectivamente: a) ensejar – aventar – convocar – sugerir b) instigar – propor – reiterar - infiltrar c) dirimir – conceder – atribuir - insuflar d) solapar – retificar – conceder - induzir e) conduzir – insinuar – proclamar - confessar Comentários Esta é uma questão muito comum em provas. A banca pede a troca de palavras por outras e questiona se o sentido foi mantido. É importante que você estude a troca proposta com bastante cuidado – preste atenção no contexto. Lembre-se, sempre, do que vimos na aula: temos sempre que examinar o contexto e a coerência, para termos certeza de que uma palavra pode ser trocada por outra. A depender do sentido do texto, podemos usar em um determinado caso, mas não em outro. Então, temos que verificar se a palavra realmente se encaixa no trecho em questão.Neste tipo de exercício, também é necessário um conhecimento de vocabulário, pois você não terá um dicionário para consultar na hora da prova, não é mesmo? Após a verificação do significado de cada palavra que consta das alternativas e do texto (e realizadas as respectivas trocas), respondemos à questão. Gabarito: A Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 12 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Hiperonímia A substituição lexical por hiperonímia é feita por meio de palavras que possuem uma significação mais ampla (abrangente) do que a substituída. Devemos notar que os vocábulos (que se conectam) remetem a uma mesma noção e, portanto, permitem que o texto ou o trecho dele fique bem articulado e possua uma unidade de significação. Para esclarecer, observe as seguintes palavras: trabalhador – operário – homem Podemos, afirmar que operário é sinônimo de trabalhador e que homem é hiperônimo (sentido mais amplo) tanto de trabalhador, quanto de operário. remédio – medicamento – produto No exemplo, medicamento é sinônimo de remédio, e produto é hiperônimo tanto de remédio, quanto de medicamento. Hiponímia O conceito de substituição por hiponímia é similar ao da hiperonímia, mas, aqui, a palavra substituta tem uma significação mais restrita (específica). Como exemplos, veja as seguintes palavras: remédio – medicamento – analgésico Note que, medicamento é sinônimo de remédio, e analgésico é hipônimo tanto de remédio, quanto de medicamento. cor - preto - negro Por sua vez, preto é sinônimo de negro, e ambos são hipônimos do vocábulo cor. Metonímia Tipo de substituição lexical que ocorre quando o segundo vocábulo mantém com o anterior uma relação de contiguidade e aproximação semântica. Preste atenção nestas palavras: moços – jovens - juventude - mocidade Temos que moços e jovens são pessoas, e, portanto, podem ser palavras consideradas sinônimas. A mesma coisa acontece com juventude e mocidade, ambas são fases de vida e sinônimas. Mas, agora, compare moços (e jovens) com mocidade (e juventude); Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 13 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br observe que se trocou a ideia de pessoa por fase de vida em que ela se encontra. Apesar disso, os vocábulos remetem a um mesmo sentido e possuem, entre si, uma estreita ligação semântica. Percebemos, assim, que esse tipo de substituição contribui para que o texto ou o trecho dele fique bem articulado e possua uma unidade de significação. Elipse e Zeugma É um tipo de substituição por zero. Mas, como assim? Na verdade, não há substituição, e sim uma ausência ou retirada do vocábulo. Elipse e zeugma possuem características semelhantes. Na elipse, existe a omissão de um termo não mencionado antes, mas de fácil identificação pelo contexto. Na zeugma, o termo ou expressão já foi anteriormente citado, ou seja, a segunda palavra fica logicamente subentendida em relação à primeira. Exemplo de elipse: No fim da festa de aniversário, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. Neste caso de elipse, note que, antes de sobre, está subentendido (pelo contexto) o termo havia. Exemplo de zeugma: Os estudantes fizeram uma passeata na Praça da República. Também danificaram parte de um monumento histórico. Note que, antes de também, está logicamente subentendido o vocábulo estudantes. Podemos considerar zeugma um tipo de elipse. Então, estará correto se a questão da prova trouxer qualquer um desses dois tipos de omissão e denominá-lo elipse. Elipse e zeugma representam, portanto, mais um tipo de coesão que contribui para uma devida articulação do texto, e, consequentemente, para a manutenção de uma unidade semântica. Nominalização A nominalização é um mecanismo coesivo feito por meio da substituição de um verbo por um nome, ou seja, formas nominalizadas. Exemplo: Os grevistas paralisaram todas as atividades do metrô. A paralisação durou dois dias. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 14 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Expressões ou grupos nominais definidos Trata-se de expressões que exercem a retomada de termos (referem-se a outros vocábulos) por meio de propriedades ou características destes. Destaco que é importante observar o contexto e as instruções coletadas ao longo do texto para a correta identificação dos termos conectados entre si, ou seja, dos mecanismos coesivos. Exemplos: Obama perdeu a batalha no Congresso. O presidente dos Estados Unidos vem sofrendo diversas derrotas políticas. Uma mulher perambulava pela rua escura: faminta, suja, cansada. A pobre criatura parecia não notar a chuva fina que caía. Quando a substituição qualifica uma pessoa ou coisa, temos o que se denomina epíteto. Exemplo: Fernanda Montenegro ganhou outro prêmio por sua participação no filme Central do Brasil. Na cerimônia de apresentação, a grande dama do teatro estava muito emocionada. Vamos tentar entender como as questões costumam cobrar o assunto. Questão – (FCC) Analista Judiciário TER-TO/2011 (Adaptada) Até alguns anos atrás, a palavra biodiversidade era quase incompreensível para a maioria das pessoas. Hoje, se ainda não chega a ser um tema que se discuta nos bares, vem se incorporando cada vez mais na sociedade em geral. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular, convencer governos e sociedades de que a biodiversidade tem importância fundamental para a espécie humana e para o próprio planeta é uma perspectiva remota. Afinal, a quantidade de espécies aparentemente não influencia a vida profissional, social e econômica de quem está mergulhado nas decisões mais prosaicas do dia a dia. Como diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, o objetivo desse encontro é "desenvolverem novo plano estratégico para as próximas décadas, incluindo uma Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 15 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br visão para 2050 e uma missão para a biodiversidade em 2020." Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Diariamente, 100 delas entram em processo de extinção e calcula-se que nos próximos 20 anos mais de 500 mil serão varridas definitivamente do globo. Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à intervenção humana. Nessas espécies encontra-se um vasto e generoso banco genético, cuja exploração ainda engatinha, capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. Esse fato poderia constituir argumento suficiente para a preservação das espécies e das áreas em que elas se encontram. No entanto, o raciocínio conservacionista tem sido puramente contábil: quanto vale a biodiversidade, qual é o prejuízo que representa sua diminuição e que investimento é necessário para mantê-la. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas oferecem - como a purificação do ar e da água, o fornecimento de água doce e de madeira, a regulação climática, a proteção a desastres naturais, o controle da erosão e até a recreação. E a ONU avisa: mais de 60% desses serviços estão sofrendodegradação ou sendo consumidos mais depressa do que podem ser recuperados. (Roberto Amado. Revista do Brasil, outubro de 2010, pp. 28- 30, com adaptações.) Veja o seguinte trecho retirado do texto: capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. (trecho sublinhado no texto) Considerando-se o par de palavras eminentes/iminentes, é correto afirmar que se trata de exemplo de: a) antonímia b) sinonímia c) paronímia d) homonímia e) homofonia Comentários Aqui, temos uma questão que cobra dos alunos conceitos sobre aspectos semânticos. Estudamos que a sinonímia é uma substituição de vocábulos feita por meio do uso de palavras ou expressões sinônimas. De forma oposta à sinonímia, temos a antonímia, pois agora a substituição é efetuada por meio de palavras de sentido contrário. Por sua vez, a homonímia é a designação geral para os casos em que vocábulos de significados diferentes têm a mesma grafia (os homônimos homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos), com grafia diferente. Assim, as palavras homófonas (homofonia) são aquelas cuja pronúncia é igual, mas têm grafia e significado diferentes. Por último, na Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 16 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br paronímia, as palavras são bastante semelhantes, e geram, muitas vezes, confusão. Embora tenham significados diferentes, são parecidas na grafia e na pronúncia, o que é o caso das palavras do enunciado desta questão: minentes/iminentes. Vejamos um exemplo de homonímia: O bebê nasceu são (saudável) e bonito. No dia 28 de outubro, comemora-se o dia de São Judas Tadeu (santo). Os lápis são (verbo ser) da Ana. Vejamos um exemplo de homofonia: Quando viajo, eu gosto dos assentos perto das janelas. Na língua portuguesa usamos o acento tônico e também o agudo. Gabarito: C IMPORTANTE Você precisa perceber, em cada conceito explicitado acima, a conexão que existe entre a coesão léxica e os elementos (recursos) coesivos vistos no tópico anterior. Assim, como exemplo, o mecanismo coesivo pode ser por meio de uma expressão ou grupos nominais definidos, em conjunto com um elemento anafórico. Volte ao exemplo de coesão lexical já citado: Obama perdeu a batalha no Congresso. O presidente dos Estados Unidos vem sofrendo diversas derrotas políticas. Dizemos que é um exemplo de anáfora lexical, porque a expressão presidente dos Estados Unidos refere-se a um termo anteposto e é uma substituição léxica. A seguir, mais uma questão que solicita a substituição de palavras. Vemos, portanto, ser um tema bastante cobrado nos concursos. QUESTÃO - (FGV) Advogado – Senado Federal/2008 (Adaptada) Justiça de qualidade A instalação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2005 sinalizou profundas mudanças no Judiciário, até então apontado como o mais hermético e resistente a mudanças entre os três poderes. Foram instituídas normas para proibir o nepotismo nos Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 17 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br tribunais e regras para a aplicação do teto remuneratório para coibir os supersalários que recorrentemente escandalizavam a opinião pública. A correção dos desvios refletiu nova atitude dos magistrados, mais aberta ao diálogo com a sociedade e mais propensa a assimilar construtivamente críticas em relação aos serviços judiciais. Pôs-se fim ao clichê do juiz encastelado em torre de marfim, distante da sociedade. Tal atitude implicou a busca de maior transparência. Era preciso assegurar ao cidadão amplo acesso a informações sobre o desempenho da Justiça. Essas informações, lamentavelmente, não existiam ou eram imprecisas e defasadas. O Judiciário, na verdade, não se conhecia. Nesse contexto, a Corregedoria Nacional de Justiça lançou em 2007 o programa Justiça Aberta, um banco de dados com informações na internet (www.cnj.jus.br) atualizadas continuamente, que permite o monitoramento da produtividade judicial pelo próprio Poder Judiciário e pela sociedade. É a prestação de contas que faltava. Esse autoconhecimento é o ponto de partida para que o Judiciário dê continuidade a mudanças que se reflitam, efetivamente, na qualidade da prestação jurisdicional, que, sabemos, é alvo de insatisfação por parte dos jurisdicionados. A principal das reclamações é a morosidade, muitas vezes associada à impunidade ou não-efetivação da Justiça. Mais de 50% das representações que chegam ao CNJ referem-se a esse problema. É um problema que atinge desde a primeira instância até os tribunais superiores. Nascido na Constituinte que ampliou os direitos e as garantias do cidadão, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) completará 20 anos no dia 7/4 do ano que vem, com aumento de 8.920% no número de processos julgados. No primeiro ano de funcionamento, julgou 3.700 processos. Em 2007, 330 mil processos. A progressão geométrica da demanda compromete não só a celeridade, mas a própria missão constitucional do STJ, que é a de uniformizar a interpretação das leis federais. Chegou-se ao paradoxo em que, por julgar número excessivo de processos, a construção da jurisprudência, que é seu papel maior, ficou em segundo plano. Com uma média anual de 10 mil processos julgados por cada ministro, o complexo ato de julgar corre o risco de se transformar em mero ato mecânico. Atacar esse mal implica a adoção de um conjunto de ações e iniciativas. A busca da gestão eficiente, certamente, é uma delas. A emenda constitucional 19, de 1998, forneceu importante meio de a sociedade exigir a qualidade dos serviços prestados pelo Estado, ao introduzir a eficiência como um dos princípios da administração pública. Diagnósticos precisos, planejamento, profissionalismo, soluções criativas, racionalização, enfim, todos os requisitos de uma gestão Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 18 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br moderna não são, portanto, apenas desejáveis, mas indispensáveis. Se a Constituinte de 1988 deu ênfase à segurança jurídica, particularmente à garantia do contraditório e da ampla defesa, em detrimento da celeridade processual, o que se observa hoje é o clamor da sociedade por uma Justiça mais rápida. A emenda constitucional 45, da reforma do Judiciário, refletiu esse anseio ao inserir entre os direitos fundamentais a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade da tramitação. É difícil conciliar esses dois princípios antagônicos: celeridade x segurança. A demanda por transparência e por celeridade processual exige uma Justiça de qualidade. Esta deve ser buscada não apenas com uma ou duas ações, mas, sim, com múltiplas iniciativas, que passam pela busca de uma gestão mais eficiente, com o aproveitamento racional dos recursos, a capacitação de magistrados e servidores e a racionalização de procedimentos, por avanços na informatização do processo, de acordo com os procedimentos previstos na Lei 11.419/06, pela reforma processual e por tantas outras medidas. Esse é um desafio a ser enfrentado não apenas pelos dirigentes do Judiciário, mas por todos os partícipes da atividade judicial, sejam eles magistrados, membros do Ministério Público, advogados, servidores, promotores. Somente com a mobilização de todos esses atores é que o Judiciário poderá atender à exigência da sociedade de uma Justiça de qualidade, efetiva e em tempo razoável. (Cesar Asfor Rocha. Folha de São Paulo, 8 de setembro de 2008.) Por transparência (palavra em negrito no texto) não se pode entender: a)diafaneidade b) translucidez c) cristalinidade d) perspicuidade e) crassidade Comentários Novamente, o mesmo tipo de questão, tal como a da banca FCC já estudada nesta aula. Note, assim, que é bastante comum este tipo de questão em provas de diversas bancas. O examinador pede a substituição de uma palavra por outra e questiona se o sentido foi mantido. É importante que você estude a troca proposta com bastante cuidado – preste atenção no contexto. Lembre-se do que vimos na aula: temos sempre que examinar o contexto e a coerência, para termos certeza de que uma palavra pode ser trocada por outra. A depender do sentido do texto, podemos usar em um Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 19 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br determinado caso, mas não em outro. Então, devemos verificar se a palavra se encaixa no trecho em questão. Neste tipo de exercício, também é necessário um bom conhecimento de vocabulário, ou seja, do significado das palavras. Após a verificação do significado de cada palavra que consta das afirmativas e do texto (e realizadas as respectivas trocas), respondemos à questão. Cuidado! Nesta questão ocorre uma pegadinha muito usada pela FCC. Ela pede para marcar a palavra que NÃO pode ser usada para substituir transparência, ou seja, ela quer a negativa. Então, temos que prestar bastante atenção nisso para não marcarmos a alternativa errada. Nesta questão, a única palavra que não serve como sinônimo de transparência é crassidade (particularidade ou qualidade daquilo que é crasso e/ou se apresenta desta forma; consistência). Gabarito: E 3.2 Exemplos – Trechos de Textos de Provas Neste tópico, vou colocar para vocês trechos retirados de textos que foram objeto de provas anteriores. Neles, irei apontar o tipo de mecanismo coesivo utilizado. Preste atenção! Sartre mora na esquina da rue de l’Abbaye, num quarto andar aonde se ascende por uma escada meio escura, em caracol. Esse solteirão de 45 anos vive com sua mãe, e tem um apartamento bem arranjado. A expressão esse solteirão de 45 anos se refere ao substantivo próprio anteposto Sartre – exemplo de anáfora lexical. É o que propõe o Projeto de Lei n. 3.111/2012. Pela proposta, os postos que distam mais de vinte quilômetros de centros urbanos deverão ter ambulâncias e pessoal treinado para prestar socorro. O substantivo proposta foi empregado como elemento de coesão lexical (nominalização). A divulgação científica, as informações e os conhecimentos que podemos oferecer à educação são elementos que contribuem para formar a opinião, a capacidade de crítica e de decisão dos diferentes setores da sociedade. Por ser mais abrangente e abarcar os sentidos específicos das três Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 20 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br palavras mencionadas, note que o termo elementos funciona como hiperônimo (anafórica lexical) do trecho divulgação científica, as informações e os conhecimentos. A lei caracteriza algumas ações e as define como crimes. Esses delitos são classificados de acordo com o tipo de bem que atingem, material ou imaterial. Por ser mais específico e inserir-se no sentido mais abrangente de delitos, perceba que o termo crimes funciona como hipônimo (anafórica lexical) de delitos. As grandes atividades arquetípicas da sociedade humana são, desde o início, inteiramente marcadas pelo jogo. Como, por exemplo, no caso da linguagem, esse primeiro e supremo instrumento que o homem forjou a fim de poder comunicar, ensinar e comandar. É a linguagem que lhe permite distinguir as coisas, defini-las e constatá-las, em resumo, designá-las e com essa designação elevá-las ao domínio do espírito. Na criação da fala e da linguagem, brincando com essa maravilhosa faculdade de designar, é como se o espírito estivesse constantemente saltando entre a matéria e as coisas pensadas. Por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e toda metáfora é jogo de palavras. No trecho acima, observamos a repetição da palavra linguagem, mas não é uma repetição equivocada. É um exemplo de repetição intencional, que não deixa o texto monótono ou mal articulado. Aqui, também se verifica a repetição da palavra metáfora, mas apesar de as duas ocorrências estarem próximas, percebe-se que foi uma repetição para se obter ênfase. O exemplo também mostra o uso de coesão lexical (nominalização), pois o substantivo designação foi empregado para substituir o verbo designar. Ainda temos outros exemplos de coesão lexical (anáfora), uma vez que as expressões primeiro e supremo instrumento, maravilhosa faculdade de designar e toda expressão abstrata fazem referência à palavra anteposta linguagem. 4. Coesão Gramatical A coesão gramatical se caracteriza pelo uso de mecanismos conhecidos como operadores lógicos da língua (pronomes, numerais, advérbios) e operadores de sequenciação (coesão sequencial). Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 21 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br IMPORTANTE Você perceberá que, tal como ocorreu na coesão lexical, existe conexão entre a coesão gramatical e os elementos (recursos) coesivos vistos no “Tópico 2 – Elementos (Recursos Coesivos)”. Preste atenção, então, em todos os operadores lógicos que serão vistos e seus respectivos conceitos. 4.1 Operadores Lógicos Agora, depois da explicação sobre os elementos coesivos, vamos estudar os operadores lógicos. No início do “Tópico 4 – Coesão Gramatical”, eu disse que a coesão gramatical se caracterizava pelo uso de operadores lógicos da língua (pronomes, numerais, advérbios) e operadores de sequenciação. Vamos estudar os operadores lógicos e deixar para um próximo tópico os operadores de sequenciação. Operadores lógicos Pronomes Cabe registrar que iremos estudar os pronomes e suas particularidades na Aula 04 – aqui, vamos ver o uso do pronome como mecanismo coesivo. Em primeiro lugar, você deve ter em mente que os pronomes são mecanismos de coesão por excelência, porque são amplamente usados para retomar (anáfora) ou projetar (catáfora) termos em um texto. O tema é muito vasto, portanto, vamos ver os casos mais importantes e que são cobrados em prova, certo? O essencial, aqui, e que você precisa dominar para fazer a prova é saber ligar o pronome ou qualquer outro operador lógico ao seu respectivo referente. Não importa qual o tipo de pronome ou operador usado na sentença. O que a banca pergunta, geralmente, é se você sabe a qual referente se conecta determinado operador, ou seja, se você sabe identificar o mecanismo coesivo. Vamos destrinchar mais um pouco o assunto? Pronomes Demonstrativos Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 22 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Devemos ter uma atenção especial com os pronomes demonstrativos. Isso porque eles possuem uma particularidade no seu uso anafórico e catafórico. Existem regras para tanto, que devem ser observadas com o objetivo de se obedecer à norma culta da língua. Vamos a essas regras? O pronome este (e suas variações estes, esta, estas, isto) é usado, em um texto, para anunciar algo que ainda será dito ou escrito. Dessa forma, podemos afirmar que o pronome este possui uma função catafórica. Por sua vez, o pronome esse (e suas variações esses, essa, essas, isso) é utilizado, em um texto, para retomar algo que já foi dito ou escrito. Assim, dizemos que o pronome essepossui uma função anafórica. Vejamos os seguintes exemplos: O caminho para a aprovação nos concursos é este: estudar muito. Estudar muito: o caminho para a aprovação nos concursos é esse. Observe que, na primeira sentença, ainda vamos dizer qual o caminho para aprovação, e que, na segunda, já revelamos qual é o caminho. Os pronomes demonstrativos podem exercer função localizadora, ou seja, dar ao leitor instruções sobre a localização dos respectivos referentes no texto. Assim, quando temos uma sentença e queremos fazer uma distinção entre dois elementos já mencionados, usamos o pronome este (e suas variações estes, esta, estas, isto) para retomar o elemento citado por último e o pronome aquele (e suas variações aqueles, aquela, aquelas, aquilo) para retomar o que foi citado em primeiro lugar. Portanto, no caso acima, os pronomes este e aquele possuem, ambos, função anafórica. Vamos ver um exemplo: Podemos comprar livros nacionais e importados em boas livrarias de Brasília. Mas, sabemos que aqueles são mais baratos que estes. Neste exemplo, identificamos que aqueles se refere a livros nacionais e que estes se refere a livros importados. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 23 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br QUESTÃO - (FGV) Advogado – Senado Federal/2008 (Adaptada) Justiça de qualidade A instalação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2005 sinalizou profundas mudanças no Judiciário, até então apontado como o mais hermético e resistente a mudanças entre os três poderes. Foram instituídas normas para proibir o nepotismo nos tribunais e regras para a aplicação do teto remuneratório para coibir os supersalários que recorrentemente escandalizavam a opinião pública. A correção dos desvios refletiu nova atitude dos magistrados, mais aberta ao diálogo com a sociedade e mais propensa a assimilar construtivamente críticas em relação aos serviços judiciais. Pôs-se fim ao clichê do juiz encastelado em torre de marfim, distante da sociedade. Tal atitude implicou a busca de maior transparência. Era preciso assegurar ao cidadão amplo acesso a informações sobre o desempenho da Justiça. Essas informações, lamentavelmente, não existiam ou eram imprecisas e defasadas. O Judiciário, na verdade, não se conhecia. Nesse contexto, a Corregedoria Nacional de Justiça lançou em 2007 o programa Justiça Aberta, um banco de dados com informações na internet (www.cnj.jus.br) atualizadas continuamente, que permite o monitoramento da produtividade judicial pelo próprio Poder Judiciário e pela sociedade. É a prestação de contas que faltava. Esse autoconhecimento é o ponto de partida para que o Judiciário dê continuidade a mudanças que se reflitam, efetivamente, na qualidade da prestação jurisdicional, que, sabemos, é alvo de insatisfação por parte dos jurisdicionados. A principal das reclamações é a morosidade, muitas vezes associada à impunidade ou não-efetivação da Justiça. Mais de 50% das representações que chegam ao CNJ referem-se a esse problema. É um problema que atinge desde a primeira instância até os tribunais superiores. Nascido na Constituinte que ampliou os direitos e as garantias do cidadão, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) completará 20 anos no dia 7/4 do ano que vem, com aumento de 8.920% no número de processos julgados. No primeiro ano de funcionamento, julgou 3.700 processos. Em 2007, 330 mil processos. A progressão geométrica da demanda compromete não só a celeridade, mas a própria missão constitucional do STJ, que é a de uniformizar a interpretação das leis federais. Chegou-se ao paradoxo em que, por julgar número excessivo de processos, a construção da jurisprudência, que é seu papel maior, ficou em segundo plano. Com uma média anual de 10 mil processos julgados por cada ministro, o complexo ato de julgar corre o risco de se transformar em mero ato mecânico. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 24 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Atacar esse mal implica a adoção de um conjunto de ações e iniciativas. A busca da gestão eficiente, certamente, é uma delas. A emenda constitucional 19, de 1998, forneceu importante meio de a sociedade exigir a qualidade dos serviços prestados pelo Estado, ao introduzir a eficiência como um dos princípios da administração pública. Diagnósticos precisos, planejamento, profissionalismo, soluções criativas, racionalização, enfim, todos os requisitos de uma gestão moderna não são, portanto, apenas desejáveis, mas indispensáveis. Se a Constituinte de 1988 deu ênfase à segurança jurídica, particularmente à garantia do contraditório e da ampla defesa, em detrimento da celeridade processual, o que se observa hoje é o clamor da sociedade por uma Justiça mais rápida. A emenda constitucional 45, da reforma do Judiciário, refletiu esse anseio ao inserir entre os direitos fundamentais a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade da tramitação. É difícil conciliar esses dois princípios antagônicos: celeridade x segurança. A demanda por transparência e por celeridade processual exige uma Justiça de qualidade. Esta deve ser buscada não apenas com uma ou duas ações, mas, sim, com múltiplas iniciativas, que passam pela busca de uma gestão mais eficiente, com o aproveitamento racional dos recursos, a capacitação de magistrados e servidores e a racionalização de procedimentos, por avanços na informatização do processo, de acordo com os procedimentos previstos na Lei 11.419/06, pela reforma processual e por tantas outras medidas. Esse é um desafio a ser enfrentado não apenas pelos dirigentes do Judiciário, mas por todos os partícipes da atividade judicial, sejam eles magistrados, membros do Ministério Público, advogados, servidores, promotores. Somente com a mobilização de todos esses atores é que o Judiciário poderá atender à exigência da sociedade de uma Justiça de qualidade, efetiva e em tempo razoável. (Cesar Asfor Rocha. Folha de São Paulo, 8 de setembro de 2008.) “Tal atitude implicou a busca de maior transparência. Era preciso assegurar ao cidadão amplo acesso a informações sobre o desempenho da Justiça. Essas informações, lamentavelmente, não existiam ou eram imprecisas e defasadas. O Judiciário, na verdade, não se conhecia.” A respeito do trecho acima (sublinhado no texto), analise o item a seguir: Essas exerce papel anafórico. Gilselia Realce Gilselia Realce Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 25 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Comentários Esta é uma questão muito comum nas provas da banca FGV, que quase sempre cobra do aluno o conhecimento e a diferença entre anáfora e catáfora. A questão solicita para analisar se o pronome demonstrativo essas exerce papel anafórico. O que estudamos sobre isso? Vamos ver um resuminho da teoria? Caso você já tenha registrado a referência de determinado termo no texto, é anáfora (referente anteposto). Se você ainda for escrever a referência dele, é catáfora (referente posposto). Vimos, também, a particularidade dos pronomes esse e este, não foi? O pronome este (e suas variações estes, esta, estas, isto) é usado, em um texto, para anunciar algo que ainda será dito ou escrito. Dessa forma, podemos afirmar que o pronome este possui uma função catafórica. Por sua vez, o pronome esse (e suas variações esses, essa, essas, isso) é utilizado, em um texto, para retomar algo que já foi dito ou escrito. Assim, dizemos que o pronome esse possui uma função anafórica. Depois da recordação da teoria, damosuma olhada no texto da questão e, dessa forma, verificamos realmente que a expressão essas informações se refere a algo dito anteriormente. Concluímos, assim, que o pronome essas foi corretamente empregado como mecanismo de coesão anafórica, ou seja, ele exerce um papel anafórico. Gabarito: CERTA Pronomes relativos Vamos ver o pronome relativo que. O pronome que é muito usado em nossa língua e se caracteriza por ser um importante mecanismo de coesão, pois ele serve para retomar substantivos e facilitar bastante o processo coesivo, o que evita repetições desnecessárias. Exemplo: Estive em uma cidade que é considerada uma das mais bonitas do mundo. Note que o pronome que se refere ao substantivo cidade, e podemos entender assim: Estive em uma cidade. A cidade é considerada uma das mais bonitas do mundo. Esse mesmo princípio se aplica também a outros pronomes relativos como quando, onde, o qual (e variações os quais, a qual, as quais) Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 26 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br e cujo (e variações cujos, cuja, cujas). Quanto ao pronome cujo, alerto que possui uso um pouco mais específico, com algumas regrinhas especiais em relação aos outros relativos. Atenção! Não se esqueça de que vamos ver todos os detalhes desses e outros pronomes em aulas posteriores. São estas as regrinhas do pronome cujo: • concorda com o consequente; • retoma o antecedente (função anafórica); • dá uma ideia de posse; • não aceita artigo antes dele nem depois; • aceita preposição antes dele. Um exemplo: A lei cujos artigos são obsoletos será abolida. Aí, vemos que o pronome cujos retoma o substantivo lei (antecedente) e concorda com o substantivo artigos (consequente). Pronomes possessivos Os pronomes possessivos também são muito empregados para fazer referência a outras palavras no texto. Veja o exemplo: Mariana vendeu o apartamento. Depois que seu marido faleceu, ela preferiu sair de lá. Notamos, de forma clara, que o pronome possessivo seu refere-se ao substantivo anteposto Mariana, coesão pelo recurso anafórico. Pronomes pessoais Os pronomes pessoais são bastante utilizados para fazer referência a outras palavras no texto. Veja o exemplo: Mariana vendeu o apartamento. Depois que seu marido faleceu, ela preferiu sair de lá. Percebe-se que o pronome possessivo ela refere-se ao substantivo anteposto Mariana, coesão pelo recurso anafórico. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 27 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Pronomes indefinidos Os pronomes indefinidos (ex: tudo, todos, nenhum, vários, cada um, cada qual) também trabalham como elementos coesivos em um texto. Exemplo: Trouxeram-lhe joias, flores, doces. Foi tudo obra de um admirador. Observe que tudo se refere a joias, flores, doces e, dessa forma, retoma uma expressão já citada (função anafórica). Advérbios Os advérbios possuem papel fundamental no processo coesivo, uma vez que podem posicionar o tempo ou lugar de um termo no texto, por meio de sua função anafórica, catafórica ou dêitica. Nada melhor que exemplos para entendermos: João foi ao Rio de Janeiro. Lá é uma cidade que recebe muitos turistas. Percebe-se, no exemplo acima, que o relator não se encontra no Rio de Janeiro, por causa do uso do advérbio lá como mecanismo coesivo, que retoma Rio de Janeiro. Venha ao Ceará e conheça as maravilhas daqui. Observe que, o uso do advérbio daqui se refere ao substantivo já mencionado Ceará e demonstra sua função coesiva. Numerais Os numerais (operadores lógicos) também exercem função coesiva. Note, por meio dos exemplos a seguir, que o numeral é um mecanismo de coesão, pois ele pode ser usado para se fazer referência a outros termos de uma sentença ou de um texto. Antônio, Francisco e João estudam na mesma faculdade. Os três pretendem formar-se no ano que vem. Haverá prêmios para os melhores trabalhos. O primeiro será uma viagem a Paris. Maria, Ana e Amanda são atletas. A primeira joga tênis, a segunda joga futebol e a terceira pratica natação. Atenção! Vou repetir aqui o que já disse no início do tópico sobre pronomes, pois isso é de extrema importância para a resolução de provas. O que você precisa dominar para fazer a prova é saber ligar o operador lógico ao seu respectivo referente. Não importa qual o Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 28 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br tipo de operador usado na sentença. O que a banca pergunta, geralmente, é se você sabe a qual referente se conecta determinado operador, ou seja, se você sabe identificar o mecanismo coesivo. 4.2 Exemplos – Trechos de Textos de Provas Neste tópico, vou colocar para vocês trechos retirados de textos que foram objeto de provas anteriores. Neles, irei apontar o tipo de mecanismo coesivo utilizado. Preste atenção! A civilização deu uma importância extraordinária à escrita e, muitas vezes, quando nos referimos à linguagem, só pensamos nesse seu aspecto. É preciso não perder de vista, porém, que lhe há ao lado, mais antiga, mais básica, uma expressão oral. Notamos que o pronome possessivo lhe refere-se ao substantivo anteposto escrita – uso de recurso anafórico. Em milênios de filosofia, só dois filósofos quebraram as fronteiras da academia para que seus nomes gerassem adjetivos conhecidos de todos, até de quem não sabe quem eles foram: Platão e Maquiavel. Todos ouvimos falar em amor platônico ou em pessoas maquiavélicas. Não interessa que os especialistas se irritem porque Maquiavel não foi maquiavélico; o fato é que ele, como Platão, deixou uma marca no imaginário social. Temos, aqui, um exemplo de função anafórica do pronome pessoal ele, pois verifica-se que esse pronome se refere ao substantivo Maquiavel, anteriormente mencionado. Durante os primeiros séculos da história do Brasil, o uso de abreviaturas nos documentos aqui escritos era constante. Percebe-se que a expressão durante os primeiros séculos da história do Brasil é um termo dêitico temporal. Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes da Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver. O pronome demonstrativo este é um recurso catafórico, pois projeta a expressão referente (fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver) à frente no texto. Gilselia Realce Gilselia Realce Gilselia Realce Gilselia Realce Gilselia Realce Gilselia Realce Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 29 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Quando se fala em sistema público de comunicação, pensa-se justamente em um conjunto de mídias públicas (nos diversos suportes, como rádio, televisão, Internet etc.) que operam de modo integrado e sistêmico, tendo como horizonte o interesse dos cidadãos. Para o professor Laurindo Leal Filho, da Universidade de São Paulo, um dos pioneiros na pesquisa sobre mídia pública no Brasil, esse não é um conceito fechado. No exemplo acima, o pronome esse refere-se ao conceito de sistema público de comunicação explicitado anteriormente. Dessa forma, temosum emprego de recurso anafórico. De sorte que, saindo das insolações demoradas para as inundações subitâneas, a terra, mal protegida por uma vegetação decídua, que as primeiras requeimam e as segundas erradicam, se deixa, a pouco e pouco, invadir pelo regime francamente desértico. Verifica-se que o numeral primeiras se refere à expressão mencionada anteriormente insolações demoradas. Por sua vez, o numeral segundas retoma a expressão anteposta inundações subitâneas. Assim, ambos são casos de numeral exercendo sua função coesiva anafórica. 5. Coesão Sequencial Para facilitar o entendimento sobre coesão sequencial, vamos retomar um conceito já visto nesta aula: A coesão gramatical se caracteriza pelo uso de mecanismos conhecidos como operadores lógicos da língua (pronomes, numerais, advérbios) e operadores de sequenciação (coesão sequencial). Por meio dessa definição, vemos que a coesão sequencial (ou sequenciação) se inclui na coesão gramatical, pois naquela se usam os operadores de sequenciação (ou operadores argumentativos) como mecanismos de coesão textual. Esses operadores são, em grande parte, as conjunções coordenativas, as subordinativas adverbiais, locuções conjuntivas, preposições, locuções prepositivas. Aqui, cabe salientar que iremos estudar as conjunções e as preposições e suas particularidades em aulas seguintes – nesta, vamos ver o uso da conjunção como mecanismo coesivo. A coesão sequencial se refere basicamente à ligação de palavras, orações, parágrafos. Desse modo, os operadores sequenciais não são Gilselia Realce Gilselia Realce Gilselia Realce Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 30 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br somente as conjunções e preposições, também outras palavras fazem as vezes de mecanismo coesivo na sequenciação textual. Na sequenciação, é sempre essencial garantir a manutenção temática e os encadeamentos, de modo a buscar os elementos lógicos e operadores da sequência linguística que forma o texto. O estudo da coesão sequencial é bastante denso e estudado em um nível mais elevado por muitos teóricos. O assunto é muito complexo e, aqui, estudaremos apenas o que é passível de ser cobrado em provas de concurso, certo? Temos que ter conhecimento de que os operadores de sequenciação são os responsáveis pela conexão dentro do texto, e por isso, dão sequência à leitura, estabelecem relações de sentido e ligam as ideias constantes no texto. Para fazermos as provas, precisamos estudar os operadores de sequenciação (ou argumentativos). Eles serão divididos em grupos de valor semântico para facilitar nosso entendimento. Atenção! Esta lista a seguir não é exaustiva, são apenas exemplos mais comuns. Vamos, lá? Oposição, contraste, adversidade, compensação, concessão: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, não obstante, pelo contrário, em contraste com, exceto por, por outro lado, ainda que, mesmo (que), apesar de, em detrimento de, a despeito de, conquanto, se bem que. Exemplos: Estudo muito, mas não passo no concurso. Ainde que trabalhe muito, ganha pouco. Tempo: quando, logo que, depois que, antes que, sempre que, desde que, até que, assim que, enquanto, mal, apenas, finalmente, enfim, por fim, atualmente, logo após, ao mesmo tempo, enquanto isso, frequentemente, eventualmente, se. Exemplos: Vou estudar muito até que passe no concurso. Quando eu tirar férias, vou viajar. Objetivo, finalidade, propósito, intenção: para, para que (porque), a fim de que, com o objetivo (intuito, escopo), com o fim de, com a finalidade de, a fim de. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 31 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Exemplos: Estou estudando para que eu passe no concurso. Vou tirar férias com o objetivo de fazer uma viagem para a Europa. Prioridade, relevância, ordem: primeiramente, precipuamente, em primeiro lugar, primeiro, antes de mais nada, acima de tudo, sobretudo, por último, antes de tudo. Exemplos: Antes de mais nada, quero almoçar com os meus amigos. Primeiramente, quero conversar com o gerente da loja. Ilustração, esclarecimento, exemplificação ou retificação: ou seja, isto é, vale dizer ainda, a saber, melhor dizendo, quer dizer, ou melhor, ou antes, na realidade, aliás, por exemplo, em outras palavras. Exemplos: Quero jantar com a minha família, ou seja, meus pais. Amanhã, estudarei várias matérias, por exemplo: matemática, português e física. Contraposição: de um lado, de (ou por) outro lado. Exemplo: De um lado, mansões; de outro favela. Inclusão: inclusive, ainda, mesmo, até, também. Exemplo: Ele gosta de todos os esportes, até dos mais perigosos. Resumo, recapitulação: em suma, em síntese, enfim, dessa maneira, em resumo, recapitulando, em conclusão, portanto. Exemplo: Ele gosta de natação, tênis, basquete, vôlei, futebol, boxe, em suma, de todos os esportes. Proporcionalidade, simultaneidade, concomitância de fatos: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais (menos, menor, maior, melhor, pior). Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 32 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Exemplos: Quanto mais estudo, mais animada eu fico com as provas. As árvores crescem à medida que cuidamos delas. Acordo, conformidade: conforme (ou como), consoante, segundo, que. Exemplos: Segundo o professor, as provas finais serão complicadas. Essa notícia, consoante já falamos, é verdadeira. Dúvida, condição, hipótese: se, caso, contanto que, exceto se, desde que (verbo no subjuntivo), a menos que, a não ser que, exceto se, provavelmente, é provável que, possivelmente, não é certo que, se é que. Exemplos: O professor irá ajudar, desde que estudemos a matéria necessária. Se não chover amanhã, é provável que faça muito calor. Semelhança, comparação, analogia: (do) que (após mais, menos, maior, menor, melhor, pior), qual ou como (após tal), como ou quanto (após tanto ou tão), como (ou igual a), assim como, como se, feito, igualmente, da mesma forma, analogamente, por analogia, de acordo com, sob o mesmo ponto de vista, assim também. Exemplos: Viva o hoje como se não houvesse o amanhã. Eu gosto de limão assim como Adriana gosta de maracujá. Explicação, motivo, razão, causa: porque, que, porquanto, senão, pois (antes do verbo), visto que (ou como), uma vez que, já que, dado que, na medida em que, em virtude de, devido a, por motivo (causa, razão de), graças a, em decorrência de, como, por isso. Exemplos: Iniciei um curso de matemática, uma vez que preciso fazer uma prova específica. Em virtude de uma manifestação, ficamos presos no trânsito. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 33 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Conclusão, consequência: como resultado, por consequência, logo, portanto, por isso, por conseguinte, então, assim, em vista disso, sendo assim, pois (depois do verbo), de modo (forma, maneira, sorte que). Exemplos: O ônibus estragou, dessa forma Joana chegou atrasada. Não gostava de trabalhar na indústria, por isso pediu demissão. Alternância, exclusão: ou...ou, ora...ora, quer...quer, já...já, umas vezes...outras vezes, talvez...talvez, seja...seja..., ou. Exemplos: Brasil ou Espanha ganhará a competição. Quer consiga o novo cargo, quer não, nunca desistirei de trabalhar no setor público. Continuação, soma, acréscimo, adição: e, nem (e não),não só (apenas, somente), tanto quanto (como), além de, além disso, também, ainda, outrossim, ainda mais, ademais. Exemplos: A felicidade não só faz bem, como é essencial. Não desista de estudar nem de trabalhar. Eu gosto de estudar e de trabalhar. Atenção! A conjunção e, além do valor aditivo, pode ter outros valores semânticos como adversidade e consequência. Exemplos: Nós trabalhamos até tarde, e não conseguimos acabar o serviço. Mariana foi muito aplaudida e ficou tímida. Lugar: perto de, longe de, próximo a, além de, mais adiante. Exemplo: Estarei no parque amanhã, perto do lago. Em seguida, vamos ver um exemplo de questão que aborda a coesão sequencial. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 34 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Questão – (CESPE) AL/ES - Nível Superior/2011 (Adaptada) Sr. Y (sem revisão do orador) — Boa tarde a todos. Primeiramente, dizemos aos presentes que, em todo o mundo, está sendo celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Em 1948, foi aprovada e proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos como o mais forte grito a humanidade contra a intolerância, a discriminação e o preconceito. De lá para cá, muita coisa avançou. O Brasil tornou-se país signatário de todos os tratados e convenções dos direitos humanos. E, nesse avanço, há quinze anos surgiu o Conselho Estadual de Direitos Humanos do Estado do Espírito Santo, um “adolescente” que teve papel extremamente importante, no Espírito Santo, em todas as lutas, estando sempre ao lado dos humilhados e dos ofendidos. O Conselho Estadual de Direitos Humanos foi a voz dos excluídos e dos presos, em uma época recente. Internacionalmente, ressoou, na Corte Interamericana dos Direitos Humanos e na ONU, o grito dos excluídos, extremamente importante para o Espírito Santo, para o Brasil e para o mundo. Enquanto teimarmos e não reconhecermos que existem problemas, discriminação, preconceito e violência, não avançaremos. É fundamental que reconheçamos que eles existem, pois esse é o papel do Conselho Estadual de Direitos Humanos. Graças ao Conselho Estadual de Direitos Humanos, o Espírito Santo avançou muito. Com apenas quinze anos, nosso conselho é um dos mais velhos do Brasil. Graças a esse conselho, muitas conferências foram estimuladas. Agora ele está empenhado na criação de um programa voltado para a educação em direitos humanos, o enfrentamento à tortura, o combate à homofobia e o combate a todas as formas de preconceito e discriminação. Esta sessão solene celebra momento muito importante para nós, para o Espírito Santo, para o Brasil e para o mundo. Os direitos humanos devem-nos orientar e dar-nos esperança e disposição para remarmos contra a maré. Temos de entender que as pessoas não podem continuar sendo discriminadas se quisermos construir um projeto de nação. Os direitos humanos têm de ser uma política pública — é fundamental que assim seja — e incorporada definitivamente como projeto de nação, pois uma nação sem direitos humanos não pode ter o nome de nação. Nenhuma nação será forte enquanto as mulheres não tiverem respeitados e garantidos todos os seus direitos; nenhuma nação será forte enquanto o povo sofrer qualquer discriminação racial ou de gênero; nenhuma nação será forte se houver intolerância religiosa; nenhuma nação será forte se houver homofobia, em suma, nenhuma forma de preconceito pode existir. Os direitos humanos têm a tarefa de ser a tribo civilizadora. Internet: <www.al.es.gov.br> (com adaptações). Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 35 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Em relação aos elementos linguísticos do texto, julgue a seguinte afirmativa: A expressão “em suma”, de caráter explicativo, tem a função de retomar, exclusivamente, o trecho imediatamente anterior: “nenhuma nação será forte se houver homofobia”. (trechos sublinhados no texto) Comentários Esta é uma questão que sempre aparece nas provas. A banca solicita que você analise a afirmativa de modo a verificar a retomada de termos ou trechos de um texto. O examinador tenta confundir o candidato, ele oferece um determinado trecho (ou palavra, ou expressão) que estaria sendo retomado e questiona se aquilo está certo, se é realmente aquele o trecho retomado pela expressão constante do enunciado. O candidato precisa ter bastante atenção e domínio do processo coesivo para identificar corretamente o que é retomado (às vezes, a diferença é sutil), de acordo com o pedido do enunciado. Nesta questão, a banca pede para verificar se a expressão em suma retoma, exclusivamente, o trecho imediatamente anterior: nenhuma nação será forte se houver homofobia. Atente-se para a palavra exclusivamente! Dessa forma, é preciso que voltemos ao texto para examinar se em suma retoma apenas o trecho do enunciado, se retoma mais trechos ou se retoma trechos completamente diferentes. Ao relermos as últimas linhas do texto, percebemos que o elemento de coesão sequencial em suma dá início a um resumo de toda a informação exposta anteriormente a ele (Nenhuma nação será forte enquanto as mulheres não tiverem respeitados e garantidos todos os seus direitos; nenhuma nação será forte enquanto o povo sofrer qualquer discriminação racial ou de gênero; nenhuma nação será forte se houver intolerância religiosa; nenhuma nação será forte se houver homofobia), e não apenas o trecho nenhuma nação será forte se houver homofobia. Lembrou-se do que vimos, na parte teórica da aula, sobre os operadores sequenciais e os sentidos (ideias) deles? Lá, há uma lista com vários operadores e os respectivos valores que transmitem. Transcrevo o item que nos interessa nesta questão: Resumo, recapitulação: em suma, em síntese, enfim, dessa maneira, em resumo, recapitulando, em conclusão, portanto. Assim, há outro erro na afirmativa da questão: o elemento de coesão sequencial em suma não tem valor explicativo e, sim, de resumo. Gabarito: ERRADA Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 36 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br 5.1 Exemplos – Trechos de Textos de Provas Neste tópico, vou colocar para vocês trechos retirados de textos que foram objeto de provas anteriores. Neles, irei apontar o tipo de mecanismo coesivo utilizado. Preste atenção! O Príncipe, que, em breve, completará 500 anos, tem características notáveis. Primeira: é livro facílimo de ler. Segunda: apesar disso, não há acordo sobre o que quer dizer. Nós o lemos com facilidade e não temos certeza do que ele pretende. Talvez porque, terceira característica, pareça contradizer o resto da vida e obra do autor. Perceba que, ao enumerar as características da obra de Maquiavel, o autor empregou o recurso coesivo da sequenciação numérica. Comportamentos etnocêntricos resultam também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Por isso, práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais. O operador sequencial por isso é empregado para fazer uma ligação entre a ideia anterior e a ideia posterior, ou seja, como mecanismo de coesão sequencial. Note seu valor de conclusão (consequência). Abri uma página ao acaso e li uma frase que dizia ser um sinal de fraqueza, e não de virtude, ir agachar-se sob o túmulo a fim de escapar dos golpes do destino. Observe a presença do operador sequencial a fim que estabelece uma relação semântica (de valor) de finalidade. Transcrevo um trecho da parte teórica da aula para você relembrar: Objetivo, finalidade, propósito,intenção: para, para que (porque), a fim de que, com o objetivo (intuito, escopo), com o fim de, com a finalidade de. Cada discurso, não só dos principais oradores, mas dos secundários, era para o Nicolau verdadeiro suplício. E, não obstante, firme, pontual. Perceba que o operador sequencial não obstante é empregado para fazer uma conexão entre a ideia anterior e a ideia posterior, ou seja, como mecanismo de coesão sequencial. Note seu valor adversativo, de oposição e contraste. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 37 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br 6. Outras Nomenclaturas Chegamos ao último tópico teórico da aula. Espero que tenha lido tudo e aproveitado cada conceito explanado. Agora, quero destacar outras nomenclaturas também usadas quando falamos de coesão textual. Como você notou, eu usei a divisão: coesão lexical e gramatical; e dentro de cada uma, suas subdivisões. Alguns autores fazem outras divisões como coesão referencial e sequencial. Nesse caso, vamos conceituar (em síntese) o que é a coesão referencial. A coesão referencial é aquela existente entre dois ou mais componentes de um texto que faz remissão ou possibilita recuperar um referente (referência a palavra, expressão ou trecho do texto expresso anteriormente ou posteriormente). Pode-se obter a coesão referencial por meio de dois mecanismos de coesão: substituição (anáforas, pronomes, advérbios, elipses e outros) e reiteração (epítetos, sinônimos, nominalizações, repetições e outros). Dessa maneira, você nota que são apenas as nomenclaturas que se diferem, então não há com o que se preocupar. A banca não costuma exigir que você saiba esse tipo de nomenclatura. Atenção! Apesar de você não precisar saber essas nomenclaturas, você necessita decorar as nomenclaturas dos termos estudados no “Tópico 2 – Elementos (Recursos) Coesivos”, como já foi avisado, porque cai muito em prova. Aqui, encerramos nossa aula sobre mecanismos de coesão textual (elementos de articulação do texto). Espero que tenha tido um estudo produtivo, e em caso de qualquer dúvida, não hesite em me perguntar. Saliento que teremos uma aula muito importante (Aula 10), relacionada com o assunto de hoje, na qual trataremos da reescritura de frases e parágrafos do texto. Agora, é hora de testar e aprofundar os conhecimentos vistos acima: vamos à nossa bateria de 18 questões! Em um primeiro momento, as questões serão apresentadas em forma de lista, para que você possa resolvê-las normalmente. Após a conclusão da última questão, Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 38 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br verifique seu rendimento pelo gabarito e, então, proceda à correção pelos comentários apresentados. É importante a leitura atenta de todos os comentários, ainda que você tenha acertado a questão! Essa é uma etapa fundamental para fixar a teoria e para sanar dúvidas. Portanto, vamos à resolução! QUESTÕES PROPOSTAS Questão 01 – (CESPE) IRB – Diplomata/2011 (Adaptada) Poucos depoimentos eu tenho lido mais emocionantes que o artigo-reportagem de Oscar Niemeyer sobre sua experiência em Brasília. Para quem conhece apenas o arquiteto, o artigo poderá passar por uma defesa em causa própria — o revide normal de um pai que sai de sua mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem bater. Mas, para quem conhece o homem, o artigo assume proporções dramáticas. Pois Oscar é não só o vesso do causídico, como um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em minha vida. Sua modéstia não é, como de comum, uma forma infame de vaidade. Ela não tem nada a ver com o conhecimento realista — que Oscar tem — de seu valor profissional e de suas possibilidades. É a modéstia dos criadores verdadeiramente integrados com a vida, dos que sabem que não há tempo a perder, é preciso construir a beleza e a felicidade no mundo, por isso mesmo que, no indivíduo, é tudo tão frágil e precário. Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes da Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver. Eu acredito também nisso, e quando vejo aquilo em que creio refletido num depoimento como o de Oscar Niemeyer, velho e querido amigo, como não me emocionar? Vinicius de Moraes. Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1982, p. 134-5 (com adaptações). Julgue (C ou E) o item a seguir, relativo às estruturas linguísticas do texto. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 39 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br A elipse em “nem que estará” e o emprego do pronome anafórico “ele” são mecanismos de coesão utilizados para referenciar o substantivo “Oscar”. (trechos sublinhados no texto) Questão 02 – (CESPE) Analista Judiciário – TJ-RJ/2008 Assinale a opção em que as palavras grifadas mantêm, entre si, a relação semântica indicada entre parênteses. a) Todos os réus foram julgados sem discriminação. Nos processos não houve ato algum de descriminação. (paronímia) b) A lei caracteriza algumas ações e as define como crimes. Esses delitos são classificados de acordo com o tipo de bem que atingem, material ou imaterial. (hiperonímia/hiponímia) c) O crime já foi definido como toda conduta humana que infringisse a lei penal. Nesse sentido, o indivíduo que transgredisse essa lei deveria ser punido. (homonímia) d) A dissidência nem sempre impossibilita a conciliação. (sinonímia) e) A delação constrangeu os jurados, o que motivou a dilação do julgamento pelo juiz. (antonímia) Questão 03 – (FGV) Analista de Sistemas – Especialista - MEC/2009 (Adaptada) O Fórum Social Mundial e a crise da globalização O Fórum Social Mundial (FSM) de Belém abre um novo ciclo do movimento altermundialista. O FSM acontecerá na Amazônia, no coração da questão ecológica planetária, e deverá colocar a grande questão sobre as contradições entre a crise ecológica e a crise social. Será marcado ainda pelo novo movimento social a favor da cidadania na América Latina, pela aliança dos povos indígenas, das mulheres, dos operários, dos camponeses e dos sem-terra, da economia social e solidária. Esse movimento cívico construiu novas relações entre o social e o político que desembocaram nos novos regimes e renovaram a compreensão do imperativo democrático. Ele modificou a evolução do continente, mostrando a importância das grandes regiões na globalização e diante da crise de hegemonia dos Estados Unidos. O movimento altermundialista deverá também responder à nova situação mundial nascida da crise escancarada da fase neoliberal da globalização capitalista. O movimento altermundialista em seus diferentes significados é portador de uma nova esperança nascida da recusa da fatalidade. É esse o sentido da afirmação “um outro mundo é possível”. Não vivemos nem “o fim da História” nem “o choque de civilizações”. A estratégia desse movimento se organiza em torno da convergência dos movimentos sociais e pela cidadania que enfatizam a solidariedade, as liberdades e a paz. No espaço do FSM, eles comparam suas lutas, práticas, reflexões e propostas. E constroem também uma nova cultura política, fundada na diversidade, nas atividades autogeridas, na partilha, na“horizontalidade” em vez da hierarquia. Ao longo dos fóruns, uma orientação estratégica se consolidou: a do acesso aos direitos fundamentais para todos. Trata-se da construção de uma alternativa à Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 40 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br lógica dominante, ao ajustamento de todas as sociedades ao mercado mundial por meio da regulação pelo mercado mundial de capitais. À evidência imposta, que presume que a única forma aceitável de organização de uma sociedade é a regulação pelo mercado, podemos opor a proposta de organizar as sociedades e o mundo a partir do acesso para todos aos direitos fundamentais. Essa orientação comum ganha sentido com a convergência dos movimentos e se traduz por uma nova cultura da transformação que se lê na evolução de cada um dos movimentos. Os debates em curso no movimento enfatizam a questão estratégica. Ela põe em relevo o problema do poder, que remete ao debate sobre o Estado, e atravessa a questão dos partidos e do modelo de transformação social, assim como dos caminhos do desenvolvimento. O movimento altermundialista não se resume aos Fóruns Sociais, mas o processo dos fóruns ocupa de fato uma posição especial. O movimento altermundialista não deixa de expandir e de se aprofundar. Com a expansão geográfica, social, temática, viu sua força aumentar consideravelmente em menos de dez anos. No entanto, nada está ganho, mesmo que a crise em muitos aspectos confirme várias de suas análises e justifique seu chamado à resistência. O movimento altermundialista é histórico e prolonga e renova os três movimentos históricos precedentes: o da descolonização – o altermundialismo modificou em profundidade as representações norte-sul em proveito de um projeto mundial comum; o das lutas operárias – desse ponto de vista, está comprometido com a mudança rumo a um movimento social e pela cidadania mundial; e o das lutas pela democracia a partir dos anos 1960-1970 – é um movimento pela renovação do imperativo democrático após a implosão dos Estados soviéticos em 1989 e as regressões representadas pelas ideologias e doutrinas de segurança / militaristas / disciplinares / paranoicas. A descolonização, as lutas sociais, o imperativo democrático e as liberdades constituem a cultura de referência histórica do movimento altermundialista. O movimento altermundialista se vê diante da crise da globalização capitalista em sua fase neoliberal. Essa crise não é uma surpresa para o movimento; ela estava prevista e era anunciada há muito tempo. Três grandes questões determinam a evolução da situação em escala mundial e marcam os diferentes níveis de transformação social (mundial, por região, nacional e local): a crise ecológica mundial, que se tornou patente, a crise do neoliberalismo e a crise geopolítica com o fim da hegemonia dos Estados Unidos. A crise de hegemonia norte-americana aprofunda-se rapidamente. A evolução das grandes regiões se diferencia: as respostas de cada uma à crise de hegemonia norte-americana são muito diferentes. A luta contra a pretensa guerra entre civilizações e contra a tão real guerra sem-fim constitui uma das prioridades do movimento altermundialista. A fase neoliberal parece ofegante. A nova crise financeira é particularmente grave. Não é a primeira crise financeira deste período (outras ocorreram no México, Brasil, Argentina etc.) nem é suficiente para sozinha caracterizar o esgotamento do neoliberalismo. A consequência das diferentes crises é mais singular. A crise financeira aumenta as incertezas a respeito dos rearranjos monetários. A crise imobiliária nos Estados Unidos revela o papel que o superendividamento exerce, bem como suas limitações como motor do crescimento. A crise energética e a climática revelam os limites do ecossistema planetário. A crise alimentar, de gravidade excepcional, pode pôr em xeque os equilíbrios mais fundamentais. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 41 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br O aprofundamento das desigualdades e das discriminações, em cada sociedade e entre os países, atinge um nível crítico e repercute na intensificação dos conflitos e das guerras e na crise de valores. (...) (Gustave Massiah. Le Monde Diplomatique Brasil, janeiro de 2009.) “O movimento altermundialista se vê diante da crise da globalização capitalista em sua fase neoliberal. Essa crise não é uma surpresa para o movimento; ela estava prevista e era anunciada há muito tempo.” (trecho sublinhado no texto) Assinale a alternativa em que o termo, no trecho acima, não resgate um termo anterior. a) sua b) Essa c) movimento d) ela e) há Questão 04 – (FCC) Analista Judiciário – TRT – 18ª Região/2013 (Adaptada) Pintor e desenhista, Van Gogh compôs um dos mais renomados conjuntos de obras de arte do acervo da história das artes plásticas mundiais. Influenciou, direta ou indiretamente, a produção de sucessivas gerações de artistas, e, em razão da tragicidade de sua existência, tornou-se um modelo, uma espécie de paradigma de personalidade artística criadora. De vida interior intensa e conturbada, a ele foi impossível uma existência regular, dentro de padrões. Em sua atividade artística, tardia e extraordinariamente breve (quando morreu, contava apenas 37 anos de idade), Van Gogh encontrou somente a frustração e a indiferença entre seus contemporâneos. Suas telas, se não eram destruídas ou vilipendiadas, eram guardadas em porões e depósitos como qualquer entulho. Triste ironia, considerando-se que hoje acompanhamos pelos noticiários internacionais os leilões de suas obras, arrematadas por colecionadores do mundo todo a preços vultosos. Dele, como artista, ou mesmo de sua obra, já não se de- ve falar, visto que ingressaram, indiscutivelmente, no rol dos inquestionáveis tesouros humanos. No entanto, no interior mesmo do mundo objetivo da cultura, ao qual sua pintura se integra, seu legado poderia ser utilizado, como modelo ou premissa, para a análise de inúmeras questões − sociais ou estéticas − que envolvem a arte contemporaneamente. (Adaptado de João Werner. Ensaios sobre arte e estética. Formato ebook) Suas telas, se não eram destruídas ou vilipendiadas, eram guardadas... (trecho sublinhado no texto). Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 42 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Preservando-se o sentido original, o elemento sublinhado acima pode ser corretamente substituído por: a) embora b) como c) quando d) desde que e) caso Questão 05 – (FCC) Analista Judiciário TER-TO/2011 (Adaptada) Cultura de paz, para mim, não é um objeto profissional, é um meio de vida. Aprendi muito cedo em casa, com a família, que a paz é a coisa mais importante do mundo. Sua cultura tem base em tolerância e solidariedade. Ela respeita os direitos individuais, assegura e sustenta a liberdade de opinião e se empenha em prevenir conflitos, resolvendo-os em suas fontes, que englobam novas ameaças não militares para a paz e a segurança, como a exclusão, a pobreza extrema e a degradação ambiental. Está intrinsecamente ligada à prevenção e à resolução não violenta dos conflitos. A cultura da paz é uma iniciativa de longo prazo, que leva em conta os contextos histórico, político, econômico, cultural e social de cada sociedade. É um processo que tem um começo, mas nunca pode ter um fim. Sua elaboração e seu estabelecimento requerem profunda participação de todos, sendo o pano de fundo de qualquer mobilização a tolerância, a democraciae os direitos humanos. Considerando o fragmento de texto acima, adaptado de entrevista concedida por Marlova J. Noleto à revista Planeta em março de 2011, julgue o item subsecutivo. No desenvolvimento do texto, o pronome “Ela” remete a “Sua cultura”, que, por sua vez, refere-se à cultura da paz. (expressões sublinhadas no texto) Questão 06 – (FGV) Investigador da Polícia Civil – SSP(RJ)/2008 (Adaptada) Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 43 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br A respeito da tirinha acima, analise o item a seguir: No segundo quadrinho, o demonstrativo é catafórico. Questão 07 – (ESAF) Auditor Fiscal da Receita Federal – Receita Federal/2014 (Adaptada) No Brasil, a criação e a paulatina expansão das ouvidorias são consequência da centralidade dos direitos fundamentais e do princípio da dignidade da pessoa humana na Constituição de 1988, relacionando-se à democratização do Estado e da sociedade brasileira. Na administração pública, além de concretizar o direito constitucional de petição, fornecendo aos cidadãos um canal adequado para tratamento de reclamações, denúncias e sugestões, as ouvidorias ampliam a transparência de órgãos e entidades estatais, além de ensejar o contato do gestor público com problemas da população. De forma complementar, as ouvidorias públicas emergem como um importante instrumento de gestão participativa, aproximando o Estado da população, que pode sugerir correções de medidas governamentais e se informar do amplo portfólio de políticas públicas. Ademais, podem impedir a judicialização de pleitos ordinários, o que não é pouco, visto que os direitos podem ser efetivados com mais celeridade. (Adaptado de Paulo Otto von Sperling. Ouvidorias, eficiência e efetivação de direitos. Correio Braziliense, 18 mar. 2014.) No desenvolvimento da textualidade, ficam prejudicadas as relações de coesão e a coerência argumentativa ao retirar do texto: a) o artigo em “a paulatina” b) o artigo na contração em “Na administração”, escrevendo apenas Em c) o artigo em “o direito” d) o artigo em “as ouvidorias” e) o artigo na contração em “da população”, escrevendo apenas de Questão 08 – (FCC) Defensor Público DPE-RS/2011 (Adaptada) (Texto para as questões 08, 09 e 10) Lição de bom senso O Ministério da Educação (MEC) contornou com habilidade e bom senso a polêmica gerada em torno do veto, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), de um livro do escritor Monteiro Lobato, sob o pretexto de que contém expressões racistas. A alternativa encontrada pelo ministro foi a de acrescentar um esclarecimento de que, em 1933, quando a obra foi publicada pela primeira vez, o país tinha hábitos Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 44 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br diferentes e algumas expressões não eram consideradas ofensivas, como ocorre hoje. É importante que esse tipo de decisão sirva ocorre hoje. É importante que esse tipo de decisão sirva posição a tentações apressadas de recorrer à censura. O caso mais recente de tentativas de restringir a livre circulação de ideias envolve a obra Caçadas de Pedrinho, na qual a turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo sai em busca de uma onça-pintada. Ocorre que, ao longo de quase oito décadas de carreira do livro, o Brasil não conseguiu se livrar de excessos na vigilância do politicamente correto, nem de intolerâncias como o racismo. Ainda assim, já não convive hoje com hábitos como o de caça a animais em extinção e avançou nas políticas para a educação das relações étnico-raciais. Assim como em qualquer outra manifestação artística, portanto, o livro que esteve sob ameaça de censura precisa ter seu conteúdo contextualizado. Se a personagem Tia Nastácia chegou a ser associada a estereótipos hoje vistos como racistas, é importante que os educadores se preocupem em deixar claro para os alunos alguns aspectos que hoje chamam a atenção apenas pelo fato de o país ter evoluído sob o ponto de vista de costumes e de direitos humanos. No Brasil de hoje, não há mais espaço para a impunidade em relação a atos como o racismo. Isso não significa, porém, que seja preciso revolver o passado, muito menos sem levar em conta as circunstâncias da época. (Editorial Zero Hora, 18/10/2010.) A palavra animais (negritada no texto) estabelece ligações com espécies que estão em extinção. Qual a propriedade semântica dessa relação? a) hiperonímia b) sinonímia c) homonímia d) paronímia e) antonímia Questão 09 – (FCC) Defensor Público DPE-RS/2011 Em A alternativa encontrada pelo ministro foi a de acrescentar (trecho sublinhado no texto), há uma elipse que faz referência à palavra: a) expressão b) elipse c) polêmica d) encontrada e) alternativa Questão 10 – (FCC) Defensor Público DPE-RS/2011 A palavra hoje (negritada no texto), no texto, refere-se deiticamente I. A 18/10/2010. II. Ao ano de 2010. III. Ao momento que abrange um período de tempo maior do que um dia. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 45 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Está correto o que se afirma em: a) I, apenas b) II, apenas a c) III, apenas d) I, II e III e) I e III, apenas Questão 11 – (CESPE) Câmara dos Deputados – Técnico em Gesso/2012 (Adaptada) (Texto para as questões 11 e 12) Postos da Polícia Rodoviária Federal poderão ter ambulâncias e paramédicos para atendimento às vítimas de acidentes durante 24 horas por dia. É o que propõe o Projeto de Lei n.º 3.111/2012. Pela proposta, os postos que distam mais de vinte quilômetros de centros urbanos deverão ter ambulâncias e pessoal treinado para prestar socorro. Segundo dados do Departamento da Polícia Rodoviária Federal, de janeiro a novembro de 2011, foram registrados mais de 170 mil acidentes nas rodovias federais do Brasil, sendo 57 mil com feridos e 6 mil com vítimas fatais. O assessor nacional de comunicação da Polícia Rodoviária Federal lembrou que a presteza no atendimento, muitas vezes, faz a diferença entre a vida e a morte. “Nós sabemos que existe uma regra chamada ‘a hora de ouro’. Se uma vítima politraumatizada dá entrada em um hospital em até uma hora 16 após o acidente, a chance de sobrevida aumenta em até 80%.” A Polícia Rodoviária Federal fiscaliza mais de 61 mil quilômetros de rodovias e estradas federais e conta com 400 postos de fiscalização e 150 delegacias. Internet: <www2.camara.gov.br> (com adaptações.) Em relação às ideias e estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item subsecutivo. Mantêm-se as informações originais do período ao se substituir a palavra “presteza” (palavra sublinhada no texto) por celeridade. Questão 12 – (CESPE) Câmara dos Deputados – Técnico em Gesso/2012 (Adaptada) Em relação às ideias e estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item subsecutivo. Após o período que se encerra ao final do primeiro parágrafo, seria coerente e coeso inserir o seguinte trecho, no mesmo parágrafo: “O presidente da ONG Trânsito Amigo considera importante o projeto, mas lembra que a Polícia Rodoviária Federal tem um déficit muito grande de agentes e viaturas. Para ele, o melhor seria investir em UTIs móveis.” Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 46 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Questão 13 – (CESPE) Câmara dos Deputados – Técnico em Gesso/2012 (Adaptada) (Texto para as questões 13, 14 e 15) Tramitana Câmara o Projeto de Lei n.º 3.596/2012, do Senado, que estabelece medidas para inibir erros de administração e uso equivocado de medicamentos. Pelo texto, a rotulagem e a embalagem dos produtos deverão ter características que possibilitem a sua imediata identificação. O autor da proposta observa que a medida poderia evitar equívocos semelhantes ao ocorrido, recentemente, no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, onde uma técnica de enfermagem trocou sedativo por ácido. “Entre outras causas, a utilização de rótulos e embalagens iguais ou semelhantes para produtos de composição diferente é fator que induz a equívocos, muitas 13 vezes fatais”, alerta. Internet: <www2.camara.gov.br> (com adaptações). Com base nas informações e nas estruturas linguísticas do texto, julgue o próximo item. O sentido original do período permanece inalterado se a palavra “administração” (palavra sublinhada no texto) for substituída pela palavra “gerenciamento”. Questão 14 – (CESPE) Câmara dos Deputados – Técnico em Gesso/2012 (Adaptada) Com base nas informações e nas estruturas linguísticas do texto, julgue o próximo item. Pelos sentidos do texto, depreende-se que o pronome “sua” retoma, por coesão, o antecedente “dos produtos” (expressão sublinhada no texto). Questão 15 – (CESPE) Câmara dos Deputados – Técnico em Gesso/2012 (Adaptada) Com base nas informações e nas estruturas linguísticas do texto, julgue o próximo item. Prejudica-se a informação do período se a palavra “observa” (palavra sublinhada no texto) for substituída por qualquer uma das seguintes: lembra, afirma, pondera. Questão 16 – (CESPE) STM – Nível Superior/2011 (Adaptada) (Texto para questões 16, 17 e 18) Em meio à multidão de milhares de manifestantes, rapazes vestidos de preto e com a cabeça e o rosto cobertos por capuzes ou capacetes caminham dispersos, tentando manter-se incógnitos. A atitude muda quando encontram um alvo: um cordão de isolamento policial, uma vitrine ou uma agência bancária. Eles, então, Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 47 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br agrupam-se e, armados com porretes, pedras e garrafas de coquetel molotov, quebram, incendeiam e agridem. Quando a polícia reage, os vândalos voltam a se misturar à massa de gente que protesta pacificamente, na esperança de, com isso, provocar um tumulto e incitar outros manifestantes a entrar no confronto. É a tática do black bloc (bloco negro, em inglês), cujo uso se intensificou nos protestos de rua que dominaram a Europa este ano. Quase sempre, a minoria violenta é formada por anarquistas — que, de seus análogos do início do século XX, imitam os métodos violentos e o ódio ao capitalismo e ao Estado. Diogo Schelp. In: Veja, 22/12/2010 (com adaptações). No que se refere aos aspectos morfossintáticos e semânticos do texto acima, julgue o item seguinte. Os complementos elípticos das formas verbais “quebram”, “incendeiam” e “agridem” possuem o mesmo referente no texto. (palavras sublinhadas no texto) Questão 17 – (CESPE) STM – Nível Superior/2011 (Adaptada) No que se refere aos aspectos morfossintáticos e semânticos do texto acima, julgue o item seguinte. A palavra “análogos” (palavra sublinhada no texto) está sendo empregada com o sentido equivalente a antecessores. Questão 18 – (CESPE) STM – Nível Superior/2011 (Adaptada) No que se refere aos aspectos morfossintáticos e semânticos do texto acima, julgue o item seguinte. O elemento “que”, nas ocorrências sublinhadas no texto, possui a propriedade de retomar palavras ou expressões que o antecedem. GABARITO 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 C A E C C E D A E C 11 12 13 14 15 16 17 18 C C E C E E E C Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 48 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br QUESTÕES COMENTADAS Questão 01 – (CESPE) IRB – Diplomata/2011 (Adaptada) Poucos depoimentos eu tenho lido mais emocionantes que o artigo- reportagem de Oscar Niemeyer sobre sua experiência em Brasília. Para quem conhece apenas o arquiteto, o artigo poderá passar por uma defesa em causa própria — o revide normal de um pai que sai de sua mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem bater. Mas, para quem conhece o homem, o artigo assume proporções dramáticas. Pois Oscar é não só o vesso do causídico, como um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em minha vida. Sua modéstia não é, como de comum, uma forma infame de vaidade. Ela não tem nada a ver com o conhecimento realista — que Oscar tem — de seu valor profissional e de suas possibilidades. É a modéstia dos criadores verdadeiramente integrados com a vida, dos que sabem que não há tempo a perder, é preciso construir a beleza e a felicidade no mundo, por isso mesmo que, no indivíduo, é tudo tão frágil e precário. Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes da Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver. Eu acredito também nisso, e quando vejo aquilo em que creio refletido num depoimento como o de Oscar Niemeyer, velho e querido amigo, como não me emocionar? Vinicius de Moraes. Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1982, p. 134-5 (com adaptações). Julgue (C ou E) o item a seguir, relativo às estruturas linguísticas do texto. A elipse em “nem que estará” e o emprego do pronome anafórico “ele” são mecanismos de coesão utilizados para referenciar o substantivo “Oscar”. (trechos sublinhados no texto) Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 49 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Comentários Temos aqui uma típica questão de coesão textual, mais especificamente de referenciação. É hora de ir ao texto e marcar as expressões dadas no comando. Vamos lá? Observe que o enunciado denomina os mecanismos coesivos como elipse e pronome anafórico. É importante que você, antes de mais nada, examine se é isso mesmo. A banca pode colocar uma pegadinha aí. Então, mãos à obra! Realmente, há uma elipse antes do trecho nem que estará, pois foi omitida aí a palavra Oscar, de forma a evitar uma repetição desnecessária. A elipse é um tipo de substituição de palavras por zero. Você se lembra disso? Por sua vez, ele é um pronome pessoal e refere-se ao substantivo Oscar, pois o substitui, também de maneira a evitar uma repetição desnecessária. Como esse pronome se refere a um termo anteposto (já registrado no texto), ele tem papel anafórico. Já verificamos, então, que as denominações estão corretas. Ao mesmo tempo, ainda vimos que os dois mecanismos coesivos propostos no comando se referem ao substantivo Oscar. GABARITO: CERTA Questão 02 – (CESPE) Analista Judiciário – TJ-RJ/2008 Assinale a opção em que as palavras grifadas mantêm, entre si, a relação semântica indicada entre parênteses. a) Todos os réus foram julgados sem discriminação. Nos processos não houve ato algum de descriminação. (paronímia) b) A lei caracteriza algumas ações e as define como crimes. Esses delitos são classificados de acordo com o tipo de bem que atingem, material ou imaterial. (hiperonímia/hiponímia) c) O crime já foi definido como toda conduta humana que infringissea lei penal. Nesse sentido, o indivíduo que transgredisse essa lei deveria ser punido. (homonímia) d) A dissidência nem sempre impossibilita a conciliação. (sinonímia) e) A delação constrangeu os jurados, o que motivou a dilação do julgamento pelo juiz. (antonímia) Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 50 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Comentários Esta é uma questão que mistura alguns conceitos que estudamos nesta aula de mecanismos de coesão textual: hiperonímia, hiponímia e sinonímia. Também vimos, em uma questão comentada na parte teórica, as definições de paronímia, homonímia e antomínia. Vamos revisar? Sinonímia é a substituição feita por meio do uso de palavras ou expressões sinônimas. Hiperonímia é a substituição lexical feita por meio de palavras que possuem uma significação mais ampla (abrangente) do que a substituída. Hiponímia tem conceito similar à hiperonímia, mas, aqui, a palavra substituta tem uma significação mais restrita (específica). Antonímia é a substituição feita por meio de palavras de sentido contrário. Homonímia é a designação geral para os casos em que vocábulos de significados diferentes têm a mesma grafia (os homônimos homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos), com grafia diferente. Assim, as palavras homófonas (homofonia) são aquelas cuja pronúncia é igual, mas têm grafia e significado diferentes. Paronímia são palavras muito semelhantes, parecidas na grafia e na pronúncia, mas com significados diferentes. Depois de vistas as definições, vamos à questão? Precisamos identificar, entre as alternativas, aquela em que as palavras grifadas mantêm, entre si, a relação semântica (conceitos vistos aqui) indicada entre parênteses. Alternativa a: Todos os réus foram julgados sem discriminação. Nos processos não houve ato algum de descriminação. (paronímia) Esta alternativa é a resposta da questão. Temos um exemplo clássico de paronímia. São duas palavras muito semelhantes, parecidas na grafia e na pronúncia, mas com significados diferentes. Assim, discriminar significa diferençar; distinguir; tratar de modo preferencial, geralmente com prejuízo para uma das partes. Por sua vez, descriminar significa absolver de crime; inocentar. Além disso, notamos que a sentença desta alternativa emprega ambas as palavras em seu sentido correto. Alternativa b: A lei caracteriza algumas ações e as define como crimes. Esses delitos são classificados de acordo com o tipo de bem que atingem, material ou imaterial. (hiperonímia/hiponímia) Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 51 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Por ser mais específico e inserir-se no sentido mais abrangente de delitos, perceba que o termo crimes é hipônimo de delitos. A alternativa está errada, pois os termos entre parênteses estão trocados, ou seja, deveria ser: (hiponímia/hiperonímia). Alternativa c: O crime já foi definido como toda conduta humana que infringisse a lei penal. Nesse sentido, o indivíduo que transgredisse essa lei deveria ser punido. (homonímia) Esta alternativa troca o conceito de homonímia com sinonímia, pois transgredir e infringir são sinônimos. Alternativa d: A dissidência nem sempre impossibilita a conciliação. (sinonímia) Esta alternativa troca o conceito de antonímia com sinonímia, pois conciliação e dissidência são palavras antônimas. Alternativa e: A delação constrangeu os jurados, o que motivou a dilação do julgamento pelo juiz. (antonímia) Aqui, temos um exemplo de paronímia. São duas palavras muito parecidas na grafia e na pronúncia, mas com significados diferentes. Assim, delatar significa denunciar alguém por sua culpabilidade em algum crime. Por sua vez, dilatar significa aumentar o volume de um corpo pela elevação de sua temperatura; estender; alargar; ampliar; propagar. GABARITO: A Questão 03 – (FGV) Analista de Sistemas – Especialista - MEC/2009 (Adaptada) O Fórum Social Mundial e a crise da globalização O Fórum Social Mundial (FSM) de Belém abre um novo ciclo do movimento altermundialista. O FSM acontecerá na Amazônia, no coração da questão ecológica planetária, e deverá colocar a grande questão sobre as contradições entre a crise ecológica e a crise social. Será marcado ainda pelo novo movimento social a favor da cidadania na América Latina, pela aliança dos povos indígenas, das mulheres, dos operários, dos camponeses e dos sem-terra, da economia social e solidária. Esse movimento cívico construiu novas relações entre o social e o político que desembocaram nos novos regimes e renovaram a compreensão do imperativo democrático. Ele modificou a evolução do continente, mostrando a importância das grandes regiões na Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 52 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br globalização e diante da crise de hegemonia dos Estados Unidos. O movimento altermundialista deverá também responder à nova situação mundial nascida da crise escancarada da fase neoliberal da globalização capitalista. O movimento altermundialista em seus diferentes significados é portador de uma nova esperança nascida da recusa da fatalidade. É esse o sentido da afirmação “um outro mundo é possível”. Não vivemos nem “o fim da História” nem “o choque de civilizações”. A estratégia desse movimento se organiza em torno da convergência dos movimentos sociais e pela cidadania que enfatizam a solidariedade, as liberdades e a paz. No espaço do FSM, eles comparam suas lutas, práticas, reflexões e propostas. E constroem também uma nova cultura política, fundada na diversidade, nas atividades autogeridas, na partilha, na “horizontalidade” em vez da hierarquia. Ao longo dos fóruns, uma orientação estratégica se consolidou: a do acesso aos direitos fundamentais para todos. Trata-se da construção de uma alternativa à lógica dominante, ao ajustamento de todas as sociedades ao mercado mundial por meio da regulação pelo mercado mundial de capitais. À evidência imposta, que presume que a única forma aceitável de organização de uma sociedade é a regulação pelo mercado, podemos opor a proposta de organizar as sociedades e o mundo a partir do acesso para todos aos direitos fundamentais. Essa orientação comum ganha sentido com a convergência dos movimentos e se traduz por uma nova cultura da transformação que se lê na evolução de cada um dos movimentos. Os debates em curso no movimento enfatizam a questão estratégica. Ela põe em relevo o problema do poder, que remete ao debate sobre o Estado, e atravessa a questão dos partidos e do modelo de transformação social, assim como dos caminhos do desenvolvimento. O movimento altermundialista não se resume aos Fóruns Sociais, mas o processo dos fóruns ocupa de fato uma posição especial. O movimento altermundialista não deixa de expandir e de se aprofundar. Com a expansão geográfica, social, temática, viu sua força aumentar consideravelmente em menos de dez anos. No entanto, nada está ganho, mesmo que a crise em muitos aspectos confirme várias de suas análises e justifique seu chamado à resistência. O movimento altermundialista é histórico e prolonga e renova os três movimentos históricos precedentes: o da descolonização – o altermundialismo modificou em profundidade as representações norte-sul em proveito de um projeto mundial comum; o das lutas Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 53 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br operárias – desse ponto devista, está comprometido com a mudança rumo a um movimento social e pela cidadania mundial; e o das lutas pela democracia a partir dos anos 1960-1970 – é um movimento pela renovação do imperativo democrático após a implosão dos Estados soviéticos em 1989 e as regressões representadas pelas ideologias e doutrinas de segurança / militaristas / disciplinares / paranoicas. A descolonização, as lutas sociais, o imperativo democrático e as liberdades constituem a cultura de referência histórica do movimento altermundialista. O movimento altermundialista se vê diante da crise da globalização capitalista em sua fase neoliberal. Essa crise não é uma surpresa para o movimento; ela estava prevista e era anunciada há muito tempo. Três grandes questões determinam a evolução da situação em escala mundial e marcam os diferentes níveis de transformação social (mundial, por região, nacional e local): a crise ecológica mundial, que se tornou patente, a crise do neoliberalismo e a crise geopolítica com o fim da hegemonia dos Estados Unidos. A crise de hegemonia norte-americana aprofunda-se rapidamente. A evolução das grandes regiões se diferencia: as respostas de cada uma à crise de hegemonia norte-americana são muito diferentes. A luta contra a pretensa guerra entre civilizações e contra a tão real guerra sem-fim constitui uma das prioridades do movimento altermundialista. A fase neoliberal parece ofegante. A nova crise financeira é particularmente grave. Não é a primeira crise financeira deste período (outras ocorreram no México, Brasil, Argentina etc.) nem é suficiente para sozinha caracterizar o esgotamento do neoliberalismo. A consequência das diferentes crises é mais singular. A crise financeira aumenta as incertezas a respeito dos rearranjos monetários. A crise imobiliária nos Estados Unidos revela o papel que o superendividamento exerce, bem como suas limitações como motor do crescimento. A crise energética e a climática revelam os limites do ecossistema planetário. A crise alimentar, de gravidade excepcional, pode pôr em xeque os equilíbrios mais fundamentais. O aprofundamento das desigualdades e das discriminações, em cada sociedade e entre os países, atinge um nível crítico e repercute na intensificação dos conflitos e das guerras e na crise de valores. (...) (Gustave Massiah. Le Monde Diplomatique Brasil, janeiro de 2009.) Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 54 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br “O movimento altermundialista se vê diante da crise da globalização capitalista em sua fase neoliberal. Essa crise não é uma surpresa para o movimento; ela estava prevista e era anunciada há muito tempo.” (trecho sublinhado no texto) Assinale a alternativa em que o termo, no trecho acima, não resgate um termo anterior. a) sua b) Essa c) movimento d) ela e) há Comentários Temos aqui outra questão do mecanismo coesivo de referenciação. É hora de ir ao texto e marcar as palavras das alternativas e verificar qual delas não retoma algum termo anterior. Já sabemos que, quando uma palavra tem como referente um termo anterior, é caso de anáfora. Atenção! Não se esqueça de que a questão solicita a palavra que NÃO retoma. Muito cuidado com esse tipo de comando. Vamos lá? Alternativa a: sua Quando vamos ao trecho do texto e fazemos uma análise de termos anteriores ao pronome possessivo sua, vemos que sua retoma o termo crise da globalização capitalista. Alternativa b: essa Ao examinarmos o trecho do texto, vemos que o pronome demonstrativo essa retoma o termo crise da globalização capitalista Alternativa c: movimento Ao se analisar o trecho do texto, percebemos que o substantivo movimento retoma o termo movimento altermundialista. Alternativa d: ela Ao examinarmos o trecho do texto, notamos que o pronome pessoal ela retoma o termo crise da globalização capitalista Alternativa e: há Ao lermos novamente o trecho do texto, notamos que o verbo há (haver) não retoma nenhum termo anteposto a ele. GABARITO: E Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 55 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Questão 04 – (FCC) Analista Judiciário – TRT – 18ª Região/2013 (Adaptada) Pintor e desenhista, Van Gogh compôs um dos mais renomados conjuntos de obras de arte do acervo da história das artes plásticas mundiais. Influenciou, direta ou indiretamente, a produção de sucessivas gerações de artistas, e, em razão da tragicidade de sua existência, tornou-se um modelo, uma espécie de paradigma de personalidade artística criadora. De vida interior intensa e conturbada, a ele foi impossível uma existência regular, dentro de padrões. Em sua atividade artística, tardia e extraordinariamente breve (quando morreu, contava apenas 37 anos de idade), Van Gogh encontrou somente a frustração e a indiferença entre seus contemporâneos. Suas telas, se não eram destruídas ou vilipendiadas, eram guardadas em porões e depósitos como qualquer entulho. Triste ironia, considerando-se que hoje acompanhamos pelos noticiários internacionais os leilões de suas obras, arrematadas por colecionadores do mundo todo a preços vultosos. Dele, como artista, ou mesmo de sua obra, já não se de- ve falar, visto que ingressaram, indiscutivelmente, no rol dos inquestionáveis tesouros humanos. No entanto, no interior mesmo do mundo objetivo da cultura, ao qual sua pintura se integra, seu legado poderia ser utilizado, como modelo ou premissa, para a análise de inúmeras questões − sociais ou estéticas − que envolvem a arte contemporaneamente. (Adaptado de João Werner. Ensaios sobre arte e estética. Formato ebook) Suas telas, se não eram destruídas ou vilipendiadas, eram guardadas... (trecho sublinhado no texto). Preservando- se o sentido original, o elemento sublinhado acima pode ser corretamente substituído por: a) embora b) como c) quando d) desde que e) caso Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 56 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Comentários Esta questão aborda o assunto coesão sequencial. Quando estudamos a sequenciação, vimos o emprego dos operadores sequenciais. Esses conectivos são usados como mecanismo de coesão textual. Você se lembra da lista que coloquei lá na parte teórica? Ela divide esses operadores conforme seu valor semântico. Se você não estiver muito seguro sobre isso, sugiro que volte a esse tópico da aula e releia, com muito cuidado, toda a lista, pois facilita bastante a resolução de questões como esta. Esta questão solicita que você escolha o conectivo que pode substituir a conjunção (conectivo) se. Nesta hora, você precisa identificar o valor semântico do se e verificar, entre as alternativas, qual conectivo possui o mesmo valor, para que possa ser feita a substituição de forma correta. Observe que o comando exige que a substituição não acarrete prejuízo ao sentido original do texto. Ao fazermos uma análise do texto, verificamos que o operador se possui um valor temporal, ou seja, na época ou momento em que as suas telas não eram destruídas ou vilipendiadas, eram guardadas em porões e depósitos como qualquer entulho. Dessa forma, a alternativa correta é o conectivo quando, que também possui valor temporal e substitui corretamente o operador se. GABARITO: C Questão 05 – (FCC) Analista Judiciário TER-TO/2011 (Adaptada) Cultura de paz, para mim, não é um objeto profissional, é um meio de vida. Aprendi muito cedo em casa, com a família, que a paz é a coisa mais importante do mundo. Sua cultura tem base em tolerância e solidariedade. Elarespeita os direitos individuais, assegura e sustenta a liberdade de opinião e se empenha em prevenir conflitos, resolvendo-os em suas fontes, que englobam novas ameaças não militares para a paz e a segurança, como a exclusão, a pobreza extrema e a degradação ambiental. Está intrinsecamente ligada à prevenção e à resolução não violenta dos conflitos. A cultura da paz é uma iniciativa de longo prazo, que leva em conta os contextos histórico, político, econômico, cultural e social de cada sociedade. É um processo que tem um começo, mas nunca pode ter um fim. Sua elaboração e seu estabelecimento requerem profunda participação de todos, sendo o pano de fundo de qualquer mobilização a tolerância, a democracia e os direitos humanos. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 57 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Considerando o fragmento de texto acima, adaptado de entrevista concedida por Marlova J. Noleto à revista Planeta em março de 2011, julgue o item subsecutivo. No desenvolvimento do texto, o pronome “Ela” remete a “Sua cultura”, que, por sua vez, refere-se à cultura da paz. (expressões sublinhadas no texto) Comentários Novamente, uma questão de coesão textual - referenciação. É hora de ir ao texto e marcar as expressões dadas no comando. Sugiro que, para uma melhor análise dos mecanismos coesivos, você substitua os termos (mentalmente ou reescrevendo) para verificar se realmente um é referente do outro. Percebemos que o pronome pessoal ela (operador lógico) retoma a expressão sua cultura de forma a evitar a repetição, ou seja, temos o emprego da coesão gramatical. Ao examinar o texto, também percebemos que sua cultura se refere à expressão cultura da paz, pois a retoma de forma coerente. GABARITO: CERTA Questão 06 – (FGV) Investigador da Polícia Civil – SSP(RJ)/2008 (Adaptada) A respeito da tirinha acima, analise o item a seguir: No segundo quadrinho, o demonstrativo é catafórico. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 58 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Comentários Esta questão é típica da FGV, como já disse para vocês na parte teórica desta aula. Nela, pede-se para avaliar se o pronome este (segundo quadrinho) é catafórico. Veja que a FGV usa a nomenclatura do elemento coesivo. Portanto, é muito importante que, além do conceito, você saiba a nomenclatura de cada elemento coesivo estudado na parte teórica desta aula. No caso do segundo quadrinho, o pronome esta tem valor dêitico, uma vez que o recurso dêitico é um elemento linguístico que designa algo mostrando, e não conceituando. Ou seja, o elemento dêitico aponta por meio da linguagem. Ele não faz referência a algo que já foi registrado no texto (anáfora) ou algo que ainda será (catáfora). GABARITO: ERRADA Questão 07 – (ESAF) Auditor Fiscal da Receita Federal – Receita Federal/2014 (Adaptada) No Brasil, a criação e a paulatina expansão das ouvidorias são consequência da centralidade dos direitos fundamentais e do princípio da dignidade da pessoa humana na Constituição de 1988, relacionando-se à democratização do Estado e da sociedade brasileira. Na administração pública, além de concretizar o direito constitucional de petição, fornecendo aos cidadãos um canal adequado para tratamento de reclamações, denúncias e sugestões, as ouvidorias ampliam a transparência de órgãos e entidades estatais, além de ensejar o contato do gestor público com problemas da população. De forma complementar, as ouvidorias públicas emergem como um importante instrumento de gestão participativa, aproximando o Estado da população, que pode sugerir correções de medidas governamentais e se informar do amplo portfólio de políticas públicas. Ademais, podem impedir a judicialização de pleitos ordinários, o que não é pouco, visto que os direitos podem ser efetivados com mais celeridade. (Adaptado de Paulo Otto von Sperling. Ouvidorias, eficiência e efetivação de direitos. Correio Braziliense, 18 mar. 2014.) No desenvolvimento da textualidade, ficam prejudicadas as relações de coesão e a coerência argumentativa ao retirar do texto: Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 59 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br a) o artigo em “a paulatina” b) o artigo na contração em “Na administração”, escrevendo apenas Em c) o artigo em “o direito” d) o artigo em “as ouvidorias” e) o artigo na contração em “da população”, escrevendo apenas de Comentários Nesta questão do último concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal, a ESAF solicitou que o candidato analisasse o texto, de forma a verificar as relações de coesão e coerência. Aprendemos que a coerência estabelece um sentido para o texto e faz com que este tenha uma adequada relação com seu receptor. A coerência é a responsável pela continuidade dos sentidos no texto. Também estudamos que a coerência está totalmente ligada à coesão textual, uma vez que a coesão se refere às relações que se estabelecem entre os elementos que formam o texto, ou seja, a coesão é a responsável pela conexão e ligação entre as partes do texto por meio dos chamados mecanismos de coesão textual. A coesão também trata da relação entre as orações dentro do texto. Assim, quando se empregam corretamente os elementos linguísticos, geralmente, conseguimos um texto coerente. Desse modo, temos que examinar a retirada de determinadas palavras do texto e identificar se a ausência delas causa prejuízo à coerência e à coesão textuais. Vamos analisar as alternativas? Alternativa a: o artigo em “a paulatina” Se retirarmos o artigo a em a paulatina, estaremos prejudicando a coesão, porque, nesta sentença, temos dois termos que se conectam à expressão “das ouvidorias”, quais sejam, a criação e a paulatina expansão. No momento em que retiramos o artigo, ferimos o paralelismo entre esses dois termos e, portanto, prejudicamos a coesão. Alternativa b: o artigo na contração em “Na administração”, escrevendo apenas Em Neste caso, o artigo a é empregado como forma de se determinar a qual administração o texto se refere. Quando retiramos o artigo, a expressão administração pública passa a ter um sentido genérico, o que prejudica a coerência e a coesão. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 60 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Alternativa c: o artigo em “o direito” Nesta opção, o artigo o é empregado como forma de se determinar a qual direito o texto se refere. Percebemos, assim, que sua retirada prejudica a coerência e a coesão. Quando retiramos o artigo, a expressão direito constitucional de petição passa a ter um sentido genérico, o que prejudica a coerência e a coesão. Alternativa d: o artigo em “as ouvidorias” Nesta alternativa, vemos que o substantivo ouvidorias tem uma conotação genérica, em suas duas aparições. Desse modo, a retirada do artigo não afeta a coerência nem a coesão. Esta é a resposta. Alternativa e: o artigo na contração em “da população”, escrevendo apenas de Neste caso, o artigo a é empregado como forma de conexão entre o Estado e a população. Note que ambas as palavras (Estado e população) estão acompanhadas do artigo a. Dessa forma, se retirarmos o artigo a próximo à população também teríamos que retirar aquele que fica colado à palavra Estado, para que não houvesse prejuízo à coesão e à coerência. GABARITO: D Questão 08 – (FCC) Defensor Público DPE-RS/2011 (Adaptada) (Texto para as questões 08, 09 e10) Lição de bom senso O Ministério da Educação (MEC) contornou com habilidade e bom senso a polêmica gerada em torno do veto, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), de um livro do escritor Monteiro Lobato, sob o pretexto de que contém expressões racistas. A alternativa encontrada pelo ministro foi a de acrescentar um esclarecimento de que, em 1933, quando a obra foi publicada pela primeira vez, o país tinha hábitos diferentes e algumas expressões não eram consideradas ofensivas, como ocorre hoje. É importante que esse tipo de decisão sirva ocorre hoje. É importante que esse tipo de decisão sirva posição a tentações apressadas de recorrer à censura. O caso mais recente de tentativas de restringir a livre circulação de ideias envolve a obra Caçadas de Pedrinho, na qual a turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo sai em busca de uma onça-pintada. Ocorre que, ao longo de quase oito décadas de carreira do livro, o Brasil não conseguiu se livrar de excessos na vigilância do politicamente correto, nem de intolerâncias Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 61 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br como o racismo. Ainda assim, já não convive hoje com hábitos como o de caça a animais em extinção e avançou nas políticas para a educação das relações étnico-raciais. Assim como em qualquer outra manifestação artística, portanto, o livro que esteve sob ameaça de censura precisa ter seu conteúdo contextualizado. Se a personagem Tia Nastácia chegou a ser associada a estereótipos hoje vistos como racistas, é importante que os educadores se preocupem em deixar claro para os alunos alguns aspectos que hoje chamam a atenção apenas pelo fato de o país ter evoluído sob o ponto de vista de costumes e de direitos humanos. No Brasil de hoje, não há mais espaço para a impunidade em relação a atos como o racismo. Isso não significa, porém, que seja preciso revolver o passado, muito menos sem levar em conta as circunstâncias da época. (Editorial Zero Hora, 18/10/2010.) A palavra animais (negritada no texto) estabelece ligações com espécies que estão em extinção. Qual a propriedade semântica dessa relação? a) hiperonímia b) sinonímia c) homonímia d) paronímia e) antonímia Comentários Temos, novamente, uma questão que traz conceitos que estudamos nesta aula de mecanismos de coesão textual: hiperonímia e sinonímia. Também vimos, em uma questão comentada na parte teórica, as definições de paronímia, homonímia e antomínia. Vamos revisar a teoria? Sinonímia é a substituição feita por meio do uso de palavras ou expressões sinônimas. Hiperonímia é a substituição lexical feita por meio de palavras que possuem uma significação mais ampla (abrangente) do que a substituída. Antonímia é a substituição feita por meio de palavras de sentido contrário. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 62 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Homonímia é a designação geral para os casos em que vocábulos de significados diferentes têm a mesma grafia (os homônimos homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos), com grafia diferente. Assim, as palavras homófonas (homofonia) são aquelas cuja pronúncia é igual, mas têm grafia e significado diferentes. Paronímia são palavras muito semelhantes, parecidas na grafia e na pronúncia, mas com significados diferentes. Depois de vistas as definições, vamos à questão? Precisamos identificar, entre as alternativas, aquela que traduz a propriedade semântica da relação que a palavra animais estabelece com espécies que estão em extinção. Alternativa a: hiperonímia Esta alternativa é a resposta da questão. Temos um exemplo de hiperonímia. Percebemos, assim, que animais possui uma significação mais ampla (abrangente) do que espécies em extinção. Alternativa b: sinonímia De acordo com o conceito visto acima, nota-se que não é a resposta. Alternativa c: homonímia Conforme a definição vista acima, percebemos que não é a resposta. Alternativa d: paronímia Mesmo caso das alternativas b e c. Alternativa e: antonímia Também não é a resposta da questão, consoante definições explanadas acima. GABARITO: A Questão 09 – (FCC) Defensor Público DPE-RS/2011 (Adaptada) Em A alternativa encontrada pelo ministro foi a de acrescentar (trecho sublinhado no texto), há uma elipse que faz referência à palavra: a) expressão b) elipse c) polêmica Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 63 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br d) encontrada e) alternativa Comentários Vamos, agora, ver esta questão que trata da substituição léxica (de palavras, vocábulos, expressões). Esse tipo de mecanismo coesivo é bastante útil, pois permite evitar a repetição não intencional e contribui para uma devida articulação do texto, e, consequentemente, para a manutenção de uma unidade semântica. Nesta questão, o mecanismo de substituição empregado foi a elipse. Que tal dar uma revisada na teoria? Elipse e Zeugma É um tipo de substituição por zero, na qual não há substituição, e sim uma ausência ou retirada do vocábulo. Elipse e zeugma possuem características semelhantes. Na elipse, existe a omissão de um termo não mencionado antes, mas de fácil identificação pelo contexto. Na zeugma, o termo ou expressão já foi anteriormente citado, ou seja, a segunda palavra fica logicamente subentendida em relação à primeira. Podemos considerar zeugma um tipo de elipse. Então, estará correto se a questão da prova trouxer qualquer um desses dois tipos de omissão e denominá-lo elipse, certo? De volta à questão, temos que analisar o trecho do texto e identificar qual palavra, entre as opções oferecidas, é o referente da elipse existente no trecho A alternativa encontrada pelo ministro foi a de acrescentar. Ao examinarmos esse trecho, percebemos que foi omitida uma palavra entre a e de, dessa maneira, vamos às alternativas e colocamos nesse “espaço” os vocábulos: expressão, elipse, polêmica, encontrada e alternativa. Com isso, percebemos que o substantivo alternativa é o que se encaixa e mantém o sentido original. Veja como ficaria a sentença: A alternativa encontrada pelo ministro foi a alternativa de acrescentar. A solução encontrada pelo relator para deixar o texto mais fluido e coeso foi a de omitir a palavra alternativa (elipse), a fim de evitar sua repetição. GABARITO: E Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 64 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Questão 10 – (FCC) Defensor Público DPE-RS/2011 (Adaptada) A palavra hoje (negritada no texto), no texto, refere-se deiticamente I. A 18/10/2010. II. Ao ano de 2010. III. Ao momento que abrange um período de tempo maior do que um dia. Está correto o que se afirma em: a) I, apenas b) II, apenas a c) III, apenas d) I, II e III e) I e III, apenas Comentários Temos mais uma questão que requer do candidato o conhecimento dos mecanismos de coesão textual, além de sua nomenclatura. No caso desta questão, a banca solicita que o candidato analise três expressões e verifique a qual (ou quais) delas o advérbio hoje se refere deiticamente. Vamos relembrar o que é dêitico na coesão textual? Uma palavra tem valor dêitico ao designar algo mostrando, e não conceituando. Ou seja, o elemento dêitico aponta por meio da linguagem. Ele não faz referência a algo que já foi registrado no texto (anáfora) ou algo que ainda será (catáfora). Podemosdividir os dêiticos em espaciais, temporais e subjetivos. Nesta questão, temos, como exemplo, o dêitico temporal, que marca a localização temporal, o momento em que o redator se encontra. Ao se verificar o emprego do advérbio hoje no texto, percebemos que seu autor se refere ao momento atual (atualidade) e não à data ou ano em que ele o escreveu. Dessa forma, a única alternativa que se encaixa é a III - ao momento que abrange um período de tempo maior do que um dia. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 65 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br GABARITO: C Questão 11 – (CESPE) Câmara dos Deputados – Técnico em Gesso/2012 (Adaptada) (Texto para as questões 11 e 12) Postos da Polícia Rodoviária Federal poderão ter ambulâncias e paramédicos para atendimento às vítimas de acidentes durante 24 horas por dia. É o que propõe o Projeto de Lei n.º 3.111/2012. Pela proposta, os postos que distam mais de vinte quilômetros de centros urbanos deverão ter ambulâncias e pessoal treinado para prestar socorro. Segundo dados do Departamento da Polícia Rodoviária Federal, de janeiro a novembro de 2011, foram registrados mais de 170 mil acidentes nas rodovias federais do Brasil, sendo 57 mil com feridos e 6 mil com vítimas fatais. O assessor nacional de comunicação da Polícia Rodoviária Federal lembrou que a presteza no atendimento, muitas vezes, faz a diferença entre a vida e a morte. “Nós sabemos que existe uma regra chamada ‘a hora de ouro’. Se uma vítima politraumatizada dá entrada em um hospital em até uma hora 16 após o acidente, a chance de sobrevida aumenta em até 80%.” A Polícia Rodoviária Federal fiscaliza mais de 61 mil quilômetros de rodovias e estradas federais e conta com 400 postos de fiscalização e 150 delegacias. Internet: <www2.camara.gov.br> (com adaptações.) Em relação às ideias e estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item subsecutivo. Mantêm-se as informações originais do período ao se substituir a palavra “presteza” (palavra sublinhada no texto) por celeridade. Comentários Questão que envolve conhecimentos de semântica, pois trata-se de substituição de palavras por sinonímia. Este tipo de questão exige que você volte ao texto e substitua a palavra escrita lá, pela palavra constante no comando. Para tanto, você tem que examinar, além do significado das duas palavras, o contexto. Isso porque duas palavras podem até ser trocadas Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 66 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br entre si em um âmbito isolado, mas podem não ser cambiáveis quando se leva em conta um determinado sentido do texto. Nesta questão, as duas palavras possuem sentidos equivalentes, porque o texto emprega a palavra presteza (ligeireza, agilidade) e o vocábulo proposto é celeridade (rapidez, velocidade). Ou seja, ambos os termos estão inseridos em um mesmo campo semântico e são perfeitamente permutáveis. GABARITO: CERTA Questão 12 – (CESPE) Câmara dos Deputados – Técnico em Gesso/2012 (Adaptada) Em relação às ideias e estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item subsecutivo. Após o período que se encerra ao final do primeiro parágrafo, seria coerente e coeso inserir o seguinte trecho, no mesmo parágrafo: “O presidente da ONG Trânsito Amigo considera importante o projeto, mas lembra que a Polícia Rodoviária Federal tem um déficit muito grande de agentes e viaturas. Para ele, o melhor seria investir em UTIs móveis.” Comentários Esta questão versa sobre coerência e coesão. Ela solicita que você verifique se é possível inserir um trecho após o primeiro parágrafo e, ainda assim, o texto continuar coerente e coeso. Vamos ver o primeiro parágrafo do texto com a proposta de inserção? Postos da Polícia Rodoviária Federal poderão ter ambulâncias e paramédicos para atendimento às vítimas de acidentes durante 24 horas por dia. É o que propõe o Projeto de Lei n.º 3.111/2012. Pela proposta, os postos que distam mais de vinte quilômetros de centros urbanos deverão ter ambulâncias e pessoal treinado para prestar socorro. O presidente da ONG Trânsito Amigo considera importante o projeto, mas lembra que a Polícia Rodoviária Federal tem um déficit muito grande de agentes e viaturas. Para ele, o melhor seria investir em UTIs móveis. Em questões assim, você tem que verificar se a inserção do trecho proposto prejudica a continuidade de sentido do texto original. Deve ser verificada a ligação entre o contexto e as informações trazidas pelo novo trecho, de modo a identificar se a coerência é mantida. Também precisamos verificar se houve algum emprego incorreto dos mecanismos de coesão. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 67 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br No caso em análise, vemos que as novas informações foram adicionadas de modo harmônico e conferiram fluência ao texto, sem alterar seu sentido. Observe a presença do substantivo projeto (sublinhado na transcrição acima): ele é um mecanismo de coesão importante, pois retoma algo dito anteriormente. Dessa maneira, o trecho sugerido tem conexão com o tema e o sentido do texto, então a inserção não afeta a coerência. Da mesma forma, a coesão também não foi prejudicada. GABARITO: CERTA Questão 13 – (CESPE) Câmara dos Deputados – Técnico em Gesso/2012 (Adaptada) (Texto para as questões 13, 14 e 15) Tramita na Câmara o Projeto de Lei n.º 3.596/2012, do Senado, que estabelece medidas para inibir erros de administração e uso equivocado de medicamentos. Pelo texto, a rotulagem e a embalagem dos produtos deverão ter características que possibilitem a sua imediata identificação. O autor da proposta observa que a medida poderia evitar equívocos semelhantes ao ocorrido, recentemente, no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, onde uma técnica de enfermagem trocou sedativo por ácido. “Entre outras causas, a utilização de rótulos e embalagens iguais ou semelhantes para produtos de composição diferente é fator que induz a equívocos, muitas 13 vezes fatais”, alerta. Internet: <www2.camara.gov.br> (com adaptações). Com base nas informações e nas estruturas linguísticas do texto, julgue o próximo item. O sentido original do período permanece inalterado se a palavra “administração” (palavra sublinhada no texto) for substituída pela palavra “gerenciamento”. Comentários Aqui, a banca solicita que o candidato analise a troca de uma palavra por outra, de forma a avaliar se há prejuízo para o sentido original do Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 68 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br texto. Temos, então, uma questão de sinonímia (substituição lexical), ou seja, de semântica. Dessa forma, vamos verificar os significados das palavras administração e gerenciamento. Além disso, você tem que verificar o contexto. Isso porque as duas palavras podem até ser trocadas entre si em um âmbito isolado, mas podem não ser cambiáveis quando se leva em conta um determinado sentido do texto. Neste exercício, as duas palavras não possuem sentidos equivalentes, porque o texto emprega a palavra administração (no sentido de ministrar medicação e não no sentido de gerir um negócio) e o termo proposto é gerenciamento (no sentido de direção de uma organização, empresa). Desse modo, os dois vocábulos não estão inseridos em um mesmo campo semântico e não são perfeitamente permutáveis. Caso se substitua um termo pelo outro, o sentidooriginal do período ficará alterado. GABARITO: ERRADA Questão 14 – (CESPE) Câmara dos Deputados – Técnico em Gesso/2012 (Adaptada) Com base nas informações e nas estruturas linguísticas do texto, julgue o próximo item. Pelos sentidos do texto, depreende-se que o pronome “sua” retoma, por coesão, o antecedente “dos produtos” (expressão sublinhada no texto). Comentários Temos uma questão de coesão gramatical. Esta se caracteriza pelo uso de mecanismos conhecidos como operadores lógicos da língua (pronomes, numerais, advérbios) e operadores de sequenciação (coesão sequencial). No caso desta questão, o operador lógico usado como mecanismo coesivo foi o pronome possessivo sua. A banca solicita que o candidato avalie se o pronome “sua” retoma o antecedente “dos produtos”. Estudamos, na parte teórica, que, quando um termo apresenta referente anteposto, dizemos que ele é um elemento coesivo anafórico. Lembra-se disso? Vamos ao texto para observar o emprego do pronome sua: Pelo texto, a rotulagem e a embalagem dos produtos deverão ter Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 69 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br características que possibilitem a sua imediata identificação. Se reescrevermos o trecho acima, teremos: Pelo texto, a rotulagem e a embalagem dos produtos deverão ter características que possibilitem a imediata identificação dos produtos. Dessa forma, percebemos que o pronome sua retoma, por coesão (evita a repetição de palavras desnecessária), o antecedente dos produtos. GABARITO: CERTA Questão 15 – (CESPE) Câmara dos Deputados – Técnico em Gesso/2012 (Adaptada) Com base nas informações e nas estruturas linguísticas do texto, julgue o próximo item. Prejudica-se a informação do período se a palavra “observa” (palavra sublinhada no texto) for substituída por qualquer uma das seguintes: lembra, afirma, pondera. Comentários Temos, aqui, uma questão de sinonímia (substituição lexical), ou seja, de semântica. Questões deste tipo exigem que você volte ao texto e substitua a palavra escrita lá, pelas palavras propostas no comando. Para isso, você tem que verificar, além do significado dos vocábulos, o contexto. Isso porque palavras podem até ser trocadas entre si em um âmbito isolado, mas podem não ser cambiáveis quando se leva em conta um determinado sentido do texto. Neste exercício, as três palavras possuem sentidos equivalentes, porque o texto emprega a palavra observa (no sentido de constatar) e os termos propostos são lembrar (no sentido de sugerir, advertir); afirmar (no sentido de manifestar, declarar) e ponderar (no sentido de expor, considerar). Desse modo, os três vocábulos estão inseridos em um mesmo campo semântico e são perfeitamente permutáveis. GABARITO: ERRADA Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 70 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Questão 16 – (CESPE) STM – Nível Superior/2011 (Adaptada) (Texto para questões 16, 17 e 18) Em meio à multidão de milhares de manifestantes, rapazes vestidos de preto e com a cabeça e o rosto cobertos por capuzes ou capacetes caminham dispersos, tentando manter-se incógnitos. A atitude muda quando encontram um alvo: um cordão de isolamento policial, uma vitrine ou uma agência bancária. Eles, então, agrupam-se e, armados com porretes, pedras e garrafas de coquetel molotov, quebram, incendeiam e agridem. Quando a polícia reage, os vândalos voltam a se misturar à massa de gente que protesta pacificamente, na esperança de, com isso, provocar um tumulto e incitar outros manifestantes a entrar no confronto. É a tática do black bloc (bloco negro, em inglês), cujo uso se intensificou nos protestos de rua que dominaram a Europa este ano. Quase sempre, a minoria violenta é formada por anarquistas — que, de seus análogos do início do século XX, imitam os métodos violentos e o ódio ao capitalismo e ao Estado. Diogo Schelp. In: Veja, 22/12/2010 (com adaptações). No que se refere aos aspectos morfossintáticos e semânticos do texto acima, julgue o item seguinte. Os complementos elípticos das formas verbais “quebram”, “incendeiam” e “agridem” possuem o mesmo referente no texto. (palavras sublinhadas no texto) Comentários Outra vez a elipse – muito cobrada nas provas, não é mesmo? A elipse é um tipo de substituição de palavras por zero. Você se lembra disso? A banca questiona se os complementos elípticos dos três verbos (constantes do comando) possuem o mesmo referente. Assim, o complemento de cada termo é aquele que foi omitido para evitar repetição desnecessária (elipse). Antes de mais nada, vamos dar uma olhada no significado (semântica) desses verbos. Incendiar e quebrar possuem uma relação com coisas materiais; por sua vez, agredir se associa com pessoas. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 71 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br De volta ao trecho do texto, percebemos, com esse raciocínio, que incendiar e quebrar se conectam com os referentes vitrine e agência bancária. De maneira diferente, agredir tem como referente a polícia GABARITO: ERRADA Questão 17 – (CESPE) STM – Nível Superior/2011 (Adaptada) No que se refere aos aspectos morfossintáticos e semânticos do texto acima, julgue o item seguinte. A palavra “análogos” (palavra sublinhada no texto) está sendo empregada com o sentido equivalente a antecessores. Comentários Outra questão de semântica, de substituição lexical por sinonímia. Este tipo de exercício é aquele que exige que você volte ao texto e substitua a palavra escrita lá, pela palavra proposta no enunciado. Para isso, você tem que verificar, além do significado das duas palavras, o contexto. Isso porque duas palavras podem até ser trocadas entre si em um âmbito isolado, mas podem não ser cambiáveis quando se leva em conta um determinado sentido do texto. Nesta questão, as duas palavras não possuem sentidos equivalentes, porque o texto emprega a palavra análogos (correspondentes, semelhantes) e o termo proposto é antecessores (algo que antecede). Ou seja, uma coisa pode anteceder outra, mas não necessariamente, é semelhante a ela. GABARITO: ERRADA Questão 18 – (CESPE) STM – Nível Superior/2011 (Adaptada) No que se refere aos aspectos morfossintáticos e semânticos do texto acima, julgue o item seguinte. O elemento “que”, nas ocorrências sublinhadas no texto, possui a propriedade de retomar palavras ou expressões que o antecedem. Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 72 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Comentários Temos uma questão de coesão gramatical. Esta se caracteriza pelo uso de mecanismos conhecidos como operadores lógicos da língua (pronomes, numerais, advérbios) e operadores de sequenciação (coesão sequencial). Neste caso, vamos identificar se a palavra que está sendo usada como pronome relativo (operador lógico) com a finalidade de retomar palavras ou expressões que o antecedem. Já sabemos que isso é a denominada anáfora. Vamos rever? Elemento coesivo anafórico Quando um componente que já foi explicitado no texto é retomado, temos o que se conceitua como anáfora. Assim, quando um termo apresenta referente anteposto, dizemos que ele é um elemento coesivo anafórico. Também estudamos, na parte teórica, que o pronome que é muito usado em nossa língua e se caracteriza por ser um importante mecanismo de coesão, pois ele serve para retomar substantivos e facilitar bastante o processocoesivo, o que evita repetições desnecessárias. De volta à questão, analisamos as três ocorrências e verificamos que o elemento que retoma os seguintes termos (antepostos) em negrito: • misturar à massa de gente que protesta pacificamente; • nos protestos de rua que dominaram a Europa este ano; • formada por anarquistas que... imitam os métodos violentos. GABARITO: CERTA Língua Portuguesa para o concurso Curso Regular Teoria e questões comentadas Prof. Ludimila Lamounier – Aula 01 Página 73 de 73Concurseiro Fiscal www.concurseirofiscal.com.br Caro aluno, Chegamos ao final da nossa Aula 01. Esta aula teve como objetivo expor conceitos sobre a coesão textual. Espero que tenha aproveitado a matéria e o aguardo no próximo encontro. Vou adorar acompanhar você durante sua preparação. Um grande abraço e bons estudos! Ludimila