Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LITERATURA COMPARADA Francieli Borges Gabriela Semensato Ferreira Karina Regedor Gercke Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 B732l Borges, Francieli. Literatura comparada / Francieli Borges, Gabriela Semensato Ferreira, Karina Regedor Gercke. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 222 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-040-5 1. Literatura comparada. I. Ferreira, Gabriela Semensato. II. Gercke, Karina Regedor. III. Título. CDU 82.091 SER_Literatura_Comparada_Book.indb 2 25/01/2017 16:37:39 Delimitação do campo de trabalho da Literatura Comparada Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar as aproximações entre literatura comparada e a teoria literária. � Explicar as formas de contato entre a literatura comparada e outras artes. � Reconhecer estudos de literatura comparada com enfoque no cinema. Introdução Você sabia que dentro da ampla área dos estudos literários, a literatura comparada se firmou como um dos campos de trabalho mais importantes e variados para o crítico e o teórico da literatura? Ela fornece várias ferramentas para a análise do texto literário e abre os horizontes da teoria, ampliando as fronteiras da área para outras lingua- gens artísticas. A necessidade de se olhar para cruzamentos de limiares teóricos e críticos, portanto, é uma das principais contribuições desse campo, que se torna, dessa forma, não apenas um método interpre- tativo, como também uma crítica da própria teoria. Neste texto, você vai identificar as aproximações entre literatura comparada e teoria literária, vai verificar as formas de contato entre literatura e outras artes e vai conhecer os estudos comparatistas com enfoque no cinema. SER_Literatura_Comparada_Book.indb 38 25/01/2017 16:37:43 A Literatura Comparada e a teoria literária A Literatura Comparada sempre esteve de alguma forma ligada a outras áreas dos estudos literários, como a historiografia. Com o passar do tempo, sua relação com a teoria literária foi um dos vínculos que se fortaleceu, e isso fez com que o comparatismo reformulasse alguns de seus conceitos básicos. Mas você sabe o que é, ou o que faz, a teoria da literatura? Teorizar, de forma ampla, é problematizar algo e estudar um objeto sistematicamente. Fazer teoria da literatura, por isso, é considerar essa arte um objeto de estudo, é entender que é possível investigá-la, identificá-la como uma questão, um problema. O termo “teoria da literatura”, entretanto, e sua constituição como disciplina são bastante recentes. Só surgiram no século XX! A obra que difundiu o nome desses estudos foi Teoria da literatura, de René Wellek e Austin Warren, originalmente publicada em 1949. Essa perspectiva renova as diferentes metodologias dos estudos literários feitas durante o século XIX, principalmente. Em especial, essa obra sistematiza, organiza e divulga as correntes teóricas surgidas nas primeiras décadas do século XX, com métodos próprios, especificamente voltados para a investigação da produção literária. Cada grupo ou vertente dessa “teoria literária” inicial se estabeleceu com preceitos diferentes e, com isso, houve várias contribuições à Literatura Com- parada que podem, por vezes, ser conflitantes. De forma geral, porém, elas se opunham aos modelos do século XIX, que ainda usavam métodos de outras disciplinas (história, psicologia, sociologia, filologia) para estudar a literatura. Ainda hoje, há pesquisadores da literatura mais tradicionais que podem divergir no seu entendimento do que constitui a teoria da literatura, e incluí-la em campos mais abrangentes, como o da ciência da literatura ou da poética. Por isso, não há como se chegar a um consenso, a uma noção única, que vá definir como fazer uma pesquisa comparatista ou teórica da literatura. Mas há certas ideias que são importantes para esses campos pois se estabeleceram com as investigações do último século. Alguns dos nomes de destaque entre os teóricos das correntes do início do século XX são: Iuri Tynianov, Viktor Chklovski, Roman Jakobson (que pertenceram ao chamado Círculo Linguístico de Moscou), Jan Mukarovský (estruturalista do Círculo de Praga) e Mikhail Bakhtin. Os estudiosos do cír- culo de Moscou são considerados “formalistas russos”, apesar de defenderem ideias bem diversas. De acordo com Tania Carvalhal (2010), grande estudiosa da Literatura Comparada, um dos conceitos reformulados pelo contato entre esses teóricos foi o de “causalidade mecânica”, bastante utilizado durante o século XIX. 39Delimitação do campo de trabalho da Literatura Comparada SER_Literatura_Comparada_Book.indb 39 25/01/2017 16:37:43 Esse conceito envolvia outras questões, como o biografismo, o psicologismo, a história e a sociologia. Biografismo é a prática de estudar a vida do autor de um texto. O psicologismo, por sua vez, procura analisar um texto a partir do ponto de vista psicológico. Já estudos sociológicos e historicistas de uma obra literária se apoiariam em elementos do contexto histórico-social para interpretá-lo. O que esses teóricos criticam, entretanto, é apenas a análise literária baseada em métodos de outras disciplinas e fatores externos ao texto, e não o uso desses conhecimentos em si. Os formalistas também fizeram algumas outras contribuições que ainda estão presentes nos debates literários. Você já se perguntou, por exemplo, o que faz da literatura uma arte? Ou então como é possível definir o que é literatura, diferenciando um poema de uma receita de bolo? Essa discussão foi, em grande parte, iniciada por esses teóricos. Eles tentaram definir o que é especificamente literário e como essa linguagem talvez tenha uma função mais expressiva, enquanto a linguagem cotidiana tem função mais prática ou comunicativa. Termos como “literariedade” e língua poética vêm disso e continuam bastante polêmicos atualmente. Roman Jakobson e outros formalistas acreditavam que havia algo que tornava a literatura diferente de outros tipos de texto e chamou isso de “litera- riedade”. A linguagem literária, segundo essa noção, teria marcas distintivas, como um certo “desvio”, que poderia ser percebido em um poema, por exemplo, se comparado a outra linguagem verbal, como uma notícia de jornal. Para os formalistas, a linguagem poética seria um sistema, um conjunto de relações entre o todo e suas partes (CARVALHAL, 2010). Como já se disse, eles não concordavam com estudos literários que investigavam a gênese das obras, ou seja, que procuravam entender o texto literário baseando-se na vida do autor e em questões sociais. Defendiam, ao contrário, o princípio da ima- nência: a obra literária é algo que deve ser estudado em si mesmo, segundo sua coerência interna, e é preciso, para isso, analisar a forma como é construída. É claro que defender essa prática é complexo. Ela pode deixar a interpretação um tanto limitada, já que isolada de outros fatores, como elementos externos ao texto (extratextuais). Assim, Jakobson e Tynianov não concordaram com a Literatura comparada40 SER_Literatura_Comparada_Book.indb 40 25/01/2017 16:37:43 proposta imanente. Eles defendiam o foco na análise dos fenômenos literários, e não sua mera “catalogação”, ou identificação. Tynianov propunha verificar o que constituíam os sistemas literários. A literatura, para ele, não poderia ser estudada isoladamente. Até porque, como esses teóricos queriam definir o literário, seria preciso diferenciá-lo tanto de outras séries literárias quando das não literárias, ou extraliterárias. Veja, por exemplo, o “Poema tirado de uma notícia de jornal”, de Manuel Bandeira ([c2016?]). Esse poema nos faz questionar o que é matéria de jornal e o que é matéria de poesia. Bandeira retira palavras que são, ou poderiam ser, de uma notícia (um conteúdo “não literário”) e as insere na poesia. “João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem númeroUma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado” O que há de literário, portanto, na literatura? Considerar essa linguagem do ponto de vista artístico, em que exerce uma função específica diferente da jornalística, nesse caso, talvez seja a chave para entender essa problemática. Você percebe como essa discussão pode afetar o comparatismo? Se o comparatista percebe que um tema, uma imagem ou uma frase se repetem em textos diferentes, precisa, então, analisar essa “repetição” em cada contexto que aparece. A repetição, nesse sentido, não é mais sinônimo de “imitação”, e não é mais “o mesmo”. O que é repetido será sempre diferente, dependendo de como é inserido no discurso. Sua função muda de acordo com sua colocação. Mais uma contribuição de Tynianov é o sentido que atribuiu à tradição, próximo de como ela era entendida pela historiografia. Para ele, não se trata mais de uma tradição artística percebida como linha reta, uma evolução linear e contínua, mas sim de um processo conflituoso de idas e vindas (CARVALHAL, 2010). Assim, se o comparatista quer reconhecer “linhagens” literárias, algo 41Delimitação do campo de trabalho da Literatura Comparada SER_Literatura_Comparada_Book.indb 41 25/01/2017 16:37:43 que passa de uma obra para outra ao longo do tempo, passa a ir em busca de outros termos, como o de “precursores”, utilizado por Jorge Luis Borges. Jan Mukarovský aproveita de Tynianov as noções de “função” e de “do- minante”, enfatizando que a obra literária não está isolada, mas é parte de um sistema de correlações. Ele não estuda as obras para ver relações entre os elementos de sua estrutura. Em vez disso, procura comparar as estruturas de diferentes obras e ver como se relacionam. Bakhtin (2013) também faz algo similar, percebendo as ligações entre os textos literários e a história. Ele tem um estudo muito conhecido nessa área, intitulado Problemas da poética de Dostoiévski, originalmente publicado em 1929. Nele, avalia como várias vozes se cruzam no romance desse escritor e interpreta a confrontação entre elas como uma possibilidade de cruzar diferentes ideologias também. Por isso você deve entender as vozes, nesse caso, mais como “vozes históricas” do que como as vozes dos personagens. Isso leva os estudos comparatistas a entender o que há no texto literário de outra forma. Os elementos presentes nesses textos podem tanto ser analisados em sua estrutura interna como relacionados ao que há fora dela. Os estudos semiológicos, por exemplo, que verificam relações entre sistemas de signos, levam a novas aproximações entre a literatura e os objetos que há no mundo, em dimensões como a da publicidade, da moda ou da política. Você pode perceber, assim, que essa é uma das delimitações significativas do campo de trabalho da Literatura Comparada. Os comparatistas de escolas tradicionais, assim como os teóricos da literatura mais tradicionais, nem sempre consideram a relação entre literatura e outras artes como objeto de estudo dessas disciplinas. Essas são marcas de algumas vertentes adotas pelos americanos e por muitos outros estudiosos, como os latino-americanos, em que se incluem boa parte dos brasileiros. Para essa parcela da pesquisa acadêmica, essas inovações teóricas e meto- dológicas do século XX significaram poder trabalhar com as correlações entre as séries literárias e as não literárias. Além disso, essas práticas resultaram também em abordagens comparatistas atuais como a dos estudos culturais, dos estudos de gênero, das pesquisas com diferentes disciplinas e artes, entre outras. Por isso, essas investigações podem ultrapassar os limites também da teoria literária tradicional. Isso porque essas perspectivas podem questionar ideias como a de “valor artístico” e ampliar seus estudos para obras não consideradas como “cânone”, e sim populares. Literatura comparada42 SER_Literatura_Comparada_Book.indb 42 25/01/2017 16:37:43 A teoria literária, de qualquer modo, se mantém muito presente nos estudos da li- teratura, incluindo os comparatistas. Isso porque, como explica Roberto Acízelo de Souza (2007), a teoria literária: � tem caráter autorreflexivo, isto é, vocação para elaborar premissas e para questioná-las; � compreende a natureza histórica da literatura e das hipóteses que cria para explicá-la; � reflete sobre a contemporânea relativização de valores, como o valor estético. Outras contribuições teóricas Os estudos de Literatura Comparada hoje também se utilizam de teorias mais recentes, como as da estética da recepção e as chamadas “pós-estruturalistas”. O prefixo “pós” utilizado na palavra pós-estruturalista vai aparecer de forma recorrente. É uma forma de situar o que vem depois de um momento histórico, artístico ou mesmo de uma abordagem, como a estruturalista. Assim sendo, você já deve ter ouvido falar da sociedade “pós-moderna”. Há divergência entre professores e estudiosos de literatura, história, filosofia, entre outras áreas, sobre estarmos ou não inseridos na era pós-moderna, que seria ainda pós-estrutural e capitalista. Os que entendem que esse é o caso também apontam para a arte e a cultura criadas nesse período. A cultura pós-moderna, de forma geral, aparece a partir dos anos 1960 e tem como algumas de suas características a reflexão, a ironia e a mistura entre o popular e o erudito (SAMUEL, 2011). Da mesma forma que acontece com a pós-modernidade, há teóricos que veem a arte pós-modernista como continuação de alguns aspectos da modernidade, e alguns que a veem como ruptura. A literatura pós-modernista envolve a “metaficção historiográfica”, termo cunhado por Linda Hutcheon. Textos desse tipo combinam autoconsciência ou autorreflexão (um texto que se reconhece como texto e como ficção) com elementos históricos, tratados, porém, a partir de ironia ou paródia. Como você vê, essas noções são muito importantes para os estudos lite- rários, incluindo a Literatura Comparada. Esses textos pós-modernos, em especial da literatura contemporânea, subvertem discursos, como a de uma história linear e a partir de um ponto de vista (o dos grandes impérios que colonizaram o mundo). A partir daí, abordagens da literatura como a teoria pós-estruturalista e a pós-colonial vão tratar estruturas ideológicas – capita- 43Delimitação do campo de trabalho da Literatura Comparada SER_Literatura_Comparada_Book.indb 43 25/01/2017 16:37:43 lismo, patriarcado, imperialismo e humanismo – como convenções e propor formas diferentes de refletir sobre as relações entre a arte e o mundo. A teoria da recepção, outra vertente importante, contribui para o estudo de como as obras são recebidas pelo público. Esse tipo de campo, desenvolvido na Alemanha nos anos 1960 e 1970, se preocupa com a recepção, em vez de voltar-se para a produção ou a leitura do texto. Dois teóricos de destaque dessa abordagem são Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser. Uma das propostas dessa teoria era fundir contribuições do formalismo e do marxismo, sem isolar a obra de seu contexto. Nesse sentido, o consumidor ou leitor estaria incluído nos processos literários tanto quando o autor e o crítico. Literatura comparada e outras artes Como você viu até aqui, o comparatista pode se dedicar ao estudo das cor- relações entre literatura e outros saberes ou outras artes. Mas você consegue perceber algumas relações entre a literatura e as artes? Pensar em casos es- pecíficos é mais simples. Por isso, vamos nos concentrar em alguns contatos exemplares entre essas diferentes linguagens. Em primeiro lugar, o termo “linguagem” já informa bastante sobre essa perspectiva. Se você entende a literatura como linguagem verbal e uma pin- tura, por exemplo, como linguagem visual, então a comparação entre essas duas será a partir de um ponto comum: a ideia de linguagem. Ainda assim, é fácil observar que há uma boa distância entre ler um conto e ler um quadro. Não é possívelinterpretar ambos da mesma forma. Isso pode ocorrer porque cada um tem um sistema de códigos ou signos específicos, distintos de outras formas de expressão. Leitura, portanto, é uma palavra-chave. Diferença é outra. Se você pretende fazer um estudo comparativo entre literatura e uma arte como o cinema, ou a música, ou a escultura, precisa iniciar pela noção de que é possível “ler” essas obras, mesmo que cada uma use uma linguagem diferente. A partir disso, vai necessitar, também, conhecer esses signos, isto é, se informar sobre as especificidades de cada arte que pretende analisar e relacionar. Por fim, é impossível igualar essas linguagens, porque há diferenças entre elas, assim como há diferença entre ouvir uma ópera ou um rap. Entretanto, é essa diferença entre as artes, e ao mesmo tempo seus pontos em comum, que permite que você as relacione. A literatura e a música, por exemplo, têm pontos de contato desde as primeiras grandes obras, ainda orais, que a humanidade conhece, como a Ilíada e a Odisseia, atribuídas a Homero. Literatura comparada44 SER_Literatura_Comparada_Book.indb 44 25/01/2017 16:37:43 Nesses textos da epopeia já se falava de “contar uma história” como sinônimo, ou quase, de “cantar uma história”. Desde a antiguidade, uniam-se também, em uma mesma performance, instrumentos musicais, como a lira (um instrumento de cordas), à declamação de versos poéticos. Essa noção está na base do que se conhece ainda como “lírica” ou poesia lírica. Interpretações mais recentes do diálogo entre música e literatura, como a de Flávio Barbeitas (2004), destacam o fato de que a música popular pode dar voz a obras literárias ou temas que ficariam menos conhecidos se não fosse por esse contato. O mesmo pode ser dito do diálogo entre literatura e cinema, ou literatura e dança. Para refletir sobre isso, veja o caso do filme Bodas de Sangue (Bodas de Sangre, 1981), de Carlos Saura, uma adaptação indireta do poema trágico publicado em 1932 por Federico García Lorca. Seria uma aproximação bastante interessante para um estudo comparativo. Você poderia propor várias perguntas para fazer uma pesquisa por esse viés da Literatura Comparada: � De que forma a analogia com outra arte, como a música, pode auxiliar na compreensão de obras literárias? � Qual noção de arte, ou de texto, é utilizada para fazer uma comparação com a literatura? � De que formas podem ser articuladas essas diferentes artes? � De que formas um filme, por exemplo, pode adaptar ou traduzir um romance? 45Delimitação do campo de trabalho da Literatura Comparada SER_Literatura_Comparada_Book.indb 45 25/01/2017 16:37:43 � Que recursos de linguagem diferentes cada arte tem? E os que são similares, como a metáfora? Seria possível desenvolver um estudo com muitas outras perguntas em mente, pois cada grupo de obras terá um conjunto de fatores que se aproximam e se distanciam. Você deve ter notado, pelos casos citados, que a aproximação dos estudos comparatistas com a cultura popular é um assunto bastante atual. É por essa razão que um viés como o dos estudos culturais tem tanta força, já que essas pesquisas envolvem produtos que vêm de meios de comunicação de massa e de manifestações não mais apenas “eruditas”, mas também populares. Nesse contexto, os estudos acadêmicos começam a incluir literaturas “marginais” e acolher a diferença entre discursos e culturas. No campo da Literatura Comparada, além disso, a literatura passa a dividir espaço com outros produtos artísticos, como obras visuais. Literatura e artes visuais Atualmente, não é difícil encontrar exemplos de livros que tragam, como parte da narrativa, tanto textos verbais, ou escritos, como textos imagéticos, ou imagens. Porém, para reconhecer essas características e contemplá-las em um estudo comparatista, você precisa primeiro ficar a par dos sentidos de “imagem” que podem estar envolvidos nisso. Segundo Rosa Maria Martelo (2001), duas noções são relevantes: image, de sentido mais lato ou amplo (imagem), e picture, estritamente visual e material (foto, retrato, figura, imagem). Essa teórica explica, ainda, que houve uma mudança na maneira de as pessoas se relacionarem com a imagem a partir dos anos 1990. A filosofia também poderia ser vista a partir de uma série de “viradas”, à medida que problemas novos surgem. A última virada bastante reconhecida seria a linguística. É só pensar nos novos modelos de textualidade que você viu comentados aqui, que favorecem reflexões críticas sobre as artes, as mídias e as formas culturais. A própria sociedade, nesse ponto de vista, é um texto, enquanto a natureza e as representações são discursos. A virada pictórica é conectada com algumas pesquisas, como: a semiótica de Charles Pierce; a fenomenologia de diversos pesquisadores; a desconstrução de Jacques Derrida e suas considerações sobre o aspecto visível da escrita; as reflexões da escola de Frankfurt sobre meios de comunicação de massa, ou mídias; o estudo sobre as relações entre as palavras e as coisas, de Michel Foucault; e a crítica do imaginário, de Ludwig Wittgenstein. Literatura comparada46 SER_Literatura_Comparada_Book.indb 46 25/01/2017 16:37:43 Entretanto, os sentidos de “imagem”, sua relação com a linguagem escrita, como elas operam sobre as pessoas e qual sua história ainda são pontos de debate e causam questionamentos nesses campos. Lúcia Santaella (1993) constrói um quadro comparativo que pode ajudar a identificar essas definições. Você pode observar que essas separações são feitas levando em conta os diferentes discursos institucionais, como escolas de artes, de física, de psicanálise ou de linguística. Fonte: Adaptado de Santaella (1993). Imagem Gráfica Figuras Estátuas Design Ótica Espelhos Projeções Perceptiva Dados dos sentidos Aparências Mental Sonhos Memórias Ideias Verbal Metáforas Descrição Para conseguir estudar as relações entre as imagens e as palavras, portanto, é interessante que você possa partir de um ponto, como os tipos de imagem já identificados pela teoria e quais desses podem aparecer na literatura. As imagens perceptivas (percepções do mundo) e as mentais (como me- mórias) já estão presentes na literatura desde o início. Em períodos como o romantismo e o realismo, por exemplo, descrever o mundo que cerca um personagem era muito importante, apesar de os escritores terem razões dife- rentes para fazer isso. Intelectuais como Peirce também notam que há questões como os ícones e os símbolos que estão diretamente presentes na forma como vemos e en- tendemos o mundo. De modo geral, as mais frequentes no texto literário são as imagens mentais e as verbais, enquanto as gráficas e as óticas são mais recorrentes nas artes visuais. Porém, essa diferenciação não é sempre correta. Podem aparecer palavras, por exemplo, em pinturas, assim como a poesia também apresenta as palavras e sua organização visual como recursos gráficos. 47Delimitação do campo de trabalho da Literatura Comparada SER_Literatura_Comparada_Book.indb 47 25/01/2017 16:37:43 Figura 1. Luxo. Fonte: Campos (1966). Portanto, você pode estudar a relação entre as imagens e as palavras dentro de um romance, ou a relação entre um romance e uma obra visual. Também é bastante coerente e produtivo que você analise como a própria literatura pode ser lida por meio de seus recursos visuais. Esses recursos são bastante percebidos a partir do uso de figuras de linguagem ou, como se disse, pela forma como o texto é disposto na página. Um dos precursores dos poemas visuais foi o escritor Stéphane Mallarmé que, em 1897, lançou um livro conhecido como Um lance de dados (Un Coup de Dés Jamais N’Abolira Le Hasard). O complemento “jamais n’abolira le hasard” quer dizer “jamais abolirá o acaso”. O nome da poesia está refletido na forma como ela é construída, já que é como se as palavras tivessem sido lançadas na página ao acaso para formar versos. Como você pode observar, essas imagensfazem pensar o próprio discurso verbal. Não estão em oposição a esse discurso, mas conversam com ele de múltiplas formas. De acordo com Orhan Pamuk (2011), quando se procura estabelecer a proximidade entre palavras e imagens, ou pintura e literatura, é comum citar um verso de Horácio da Ars Poetica, em que se lê que “como é a pintura, assim é a poesia”. Apesar disso, as diferenças entre essas artes também são notáveis. Literatura comparada48 SER_Literatura_Comparada_Book.indb 48 25/01/2017 16:37:43 Em Laocoonte, obra publicada em 1766, de Gotthold Ephraim Lessing (2011), há uma distinção com a qual, em geral, ainda se concorda. Ele propõe que a poesia (ou a literatura) se desenrola no tempo, enquanto as outras artes visuais se desenrolam no espaço (como a pintura, a escultura, etc.). No en- tanto, é possível dizer que alguns tipos de literatura também se desenrolam no espaço. Basta pensar nos poemas gráficos citados. O espaço, é claro, ainda é o da página, porém essa é uma das questões que desestabilizam tentativas de oposição como essa. E há casos em que essa comparação é mais instável ainda, como nos quadrinhos. Assim, se você pretende seguir esse caminho de pesquisa, há muitas opções de investigação, especialmente pelo viés da Literatura Comparada. Estudos comparatistas com enfoque no cinema Você consegue pensar que relações existem entre literatura e cinema? Ambos se desenrolam em espaço e tempo, porém de formas diferentes. O tempo da literatura pode ser interno, isto é, o número de dias, meses ou anos que se passam do início de uma narrativa até seu fim. Mas também há o tempo de leitura, que dependerá de cada pessoa que interagir com a obra. O mesmo pode ser dito sobre seus espaços: há o espaço interno, onde se passa a história, e o externo, que diz respeito tanto ao livro enquanto materialidade (ou objeto) quanto ao “espaço” de uma obra no mercado literário. O cinema, por outro lado, se desenrola no tempo porque, como você já viu, precisa que as imagens projetadas sejam reproduzidas rapidamente em uma superfície para que o olho humano consiga captar sua sequência como movimento. O tempo que o espectador leva para ver um filme é fixo, dife- rentemente do que acontece com um livro. Mesmo que você pare o filme, enquanto o assiste na sua televisão, o tempo total dele não vai mudar. Já o espaço cinematográfico é diferente e talvez mais similar ao literário. Há, é claro, o espaço da sala de cinema ou de um local privado, onde você assiste o filme, mas também existe o espaço interno da narrativa, criado por imagens e, por isso mesmo, também uma forma de “simulação”. O espectador envolve sua própria imaginação e se deixa ser envolvido pela narrativa. Passa a entender os espaços que vê como espaços quase “reais”. O tempo interno da narrativa fílmica, como o de um livro, depende, mais uma vez, de quantos dias se passam do início até o fim do filme. Você pode notar, portanto, que há diversas aproximações entre o cinema e a literatura, e não apenas distâncias. Porém há mais elementos ainda. A maior 49Delimitação do campo de trabalho da Literatura Comparada SER_Literatura_Comparada_Book.indb 49 25/01/2017 16:37:43 parte dos filmes são narrativos. Ou seja, eles contam uma história; eles têm uma trama. Os romances também, pois eles têm um enredo. Por isso mesmo, ambos têm narradores e personagens, assim como criadores. O cinema tem um grupo de criadores: o diretor é o principal, mas ainda participam desse tipo de projeto roteiristas, produtores, operadores de câmeras, figurinistas, artistas visuais, maquiadores, músicos, etc. Filmes são, por essa razão, criações coletivas. A maioria dos livros não. Eles são escritos por uma pessoa e podem ser lançados só por ela. Hoje em dia há muitas editoras que também participam dessa criação, já que fazem o design editorial, por exemplo. Mesmo assim, a autoria é dada ao escritor. O roteirista, que também é escritor, só é autor do texto que será utilizado para gravar o filme, a não ser quando ele também atua em outras posições, como a de diretor ou produtor. No que diz respeito ao narrador, a mudança é bem maior. Há vários tipos de narradores na literatura, porém se pode dizer que são como uma “voz” que conta a história, que pode ser de um dos personagens ou não. No cinema, há principalmente dois tipos: o narrador visual e o auditivo. O visual pode ser a câmera e, dependendo de como ela for posicionada, você entende a narração de forma diferente. Se estiver simulando a visão de um personagem, é em primeira pessoa, e mostra esse ponto de vista pessoal. Se estiver mais distante do personagem, sobrevoando uma cena, por exemplo, é mais externa e obje- tiva, o que equivaleria a algo próximo de um narrador onisciente ou de um observador. O narrador auditivo é uma voz, como o narrador literário, porém é complexo utilizá-la porque pode ficar redundante ou repetitivo mostrar uma cena e ao mesmo tempo a narrar. Existem muitas obras sobre a linguagem do cinema, e a leitura de algumas delas pode ajudar muito o pesquisador que quiser entrar nesse assunto. Uma obra interessante é Narratologia: introdução à teoria da narrativa (Narratology: Introduction to the Theory of Narrative), de Mieke Bal (2009). Nela, a autora discute a teoria da narrativa, a partir do teórico Gérard Genette, e analisa como utilizá-la para leituras de filmes. Diversos pesquisadores se dedicam, hoje, às relações entre literatura e cinema. Gilles Deleuze (1997), por exemplo, diz que o cinema também pode ser poético. Isso ocorre quando trabalha de forma metonímica e metafórica, Literatura comparada50 SER_Literatura_Comparada_Book.indb 50 25/01/2017 16:37:43 figuras de linguagem muito presentes na poesia. No cinema, entretanto, não se diz que uma ação está se desenvolvendo. A ação é mostrada, é vista. Portanto, um estudo com enfoque no cinema pelo viés da Literatura Com- parada pode ter vários pontos de partida. Como investigador, você precisa estar ciente de que mesmo a recepção de uma obra literária e a de uma fílmica são diferentes. Por isso, um estudo a partir da estética da recepção seria produtivo. Enquanto um livro é lido por um leitor por meio das palavras (e imagens) que o constituem, um filme integra diferentes materialidades, como a palavra, o ruído, a música e a imagem (REBELLO, 2012). O cinema tem mais de 100 anos e, ao longo de toda sua história, a aproxi- mação entre essa arte e a literatura sempre foi constante. Há pesquisadores que reconhecem em obras literárias como Madame Bovary, publicada em 1857, de Gustave Flaubert, “cenas” escritas de forma muito próxima às cenas de um filme, como se usassem montagem para fazer uma transição entre dois locais diferentes. Há outros que vão ainda mais longe e veem outros elementos que depois seriam usados no cinema, como “congelar o tempo”, até na Ilíada de Homero. Como você sabe, essas obras são anteriores, ou bem anteriores, ao cinema. Mesmo assim, algumas técnicas que foram empregadas são pontos em comum entre as duas artes, ainda que utilizadas de formas diferentes. Outro ponto de contato que poderia ser explorado é o fato de que o cinema, desde o início, adotou histórias da literatura. Essa é uma das questões que gerou embates entre autores que aproveitavam romances e os adaptavam, por exemplo, e outros que criavam histórias originais. Adaptar é muito difícil e sempre gera perdas de elementos que estavam na narrativa literária e não podem ser traduzidos para a audiovisual. Mas gera, também, ganhos e transformações. Há coisas que podem ser mostradas muito mais rapidamente do que descritas. Um dos problemas na comparação entre livro e filme é a necessidade, que muitos espectadores têm, de hierarquizá-los. Você já deve ter ouvido muitas vezes que um filme “é pior” ou “melhor” do que um livro, ou que não há “fidelidade” suficiente. Esses termos surgem na tentativa de explicar porque a pessoa que assistiu ou leu a obra prefere uma à outra,seja pela qualidade ou por gosto pessoal. O comparatista, entretanto, não pode se basear apenas em suas preferências quando faz um estudo. Deve partir dos elementos que encontra, entre as obras, e que considera importante relacionar, sejam eles diferentes ou próximos. 51Delimitação do campo de trabalho da Literatura Comparada SER_Literatura_Comparada_Book.indb 51 25/01/2017 16:37:43 Estudos de adaptação As adaptações estão em todos os lugares. Você pode vê-las no cinema, nos quadrinhos, em musicais, em músicas, em romances, jogos, entre outros. Há filmes, inclusive, que abordam esse assunto, como Adaptação (Adaptation, 2002), de Spike Jonze. De certo modo, a adaptação é uma forma de tradução não literal de um conteúdo, partindo de um formato (como o romance) para outro (um filme). Essa tradução, entretanto, é intersemiótica, porque lida com sistemas de signos diferentes. Cada formato tem sua própria linguagem, como você já aprendeu. Por isso, a adaptação, assim como a tradução, é também transformação. De acordo com Linda Hutcheon (2013), em Uma teoria da adaptação, até mesmo Shakespeare transferiu histórias de sua própria cultura das páginas para o palco, e assim as tornou disponíveis para um público muito mais amplo. Adaptar, então, é um processo bem antigo. É também algo que ocorre em diversas instâncias, de arte para arte, de histórias a outras histórias. É importante que você observe, no entanto, que nem por isso as adaptações são bem aceitas por todos os críticos. Muitos ainda utilizam termos já referidos, como “infidelidade” e mesmo “traição” ou “deformação”, para se referir a elas. Como explica Hutcheon (2013), é possível que algo, nesse tipo de obra, incomode, como o sucesso comercial das adaptações. Só que o cinema pode contar histórias de formas que a literatura não pode. O inverso também é correto, pois cada linguagem, com seus recursos, vai abordar um tema, ou uma história, de forma diferente. Da mesma forma, cada autor que recontar uma narrativa vai fazê-lo de forma nova, e cada leitor vai interpretá-la a seu jeito. As adaptações tomam histórias já contadas por outro meio, ou seja, texto anteriores, e as recontam utilizando seus próprios recursos. Essa relação pode ser bem próxima ou mais vaga, mas é, em geral, bem mais aberta do que ocorre, por exemplo, na paródia. As peças de Shakespeare são alguns dos textos mais adaptados da história, especialmente no que diz respeito ao cinema. E, por serem tão conhecidos, é mais fácil de perceber que a adaptação ocorre. Mas é frequente que se sinta Literatura comparada52 SER_Literatura_Comparada_Book.indb 52 25/01/2017 16:37:43 que um filme é uma adaptação, justamente pela relação que ela sempre tem com outro texto. É como se você sentisse que “já viu aquilo antes”, mesmo que não saiba identificar exatamente onde. Essa conexão com outros textos é um dos motivos por que os estudos comparados tomam as adaptações como objeto de pesquisa tão frequentemente (HUTCHEON, 2013). O cineasta pode optar por adaptar a obra apenas parcialmente, fazer uma síntese das obras de um autor, ou então realizar uma tradução mais próxima do texto do qual partiu. Desse modo, para estudar esse tópico você deve seguir o mesmo tipo de método adotado pelos estudos comparatistas, de forma ampla. Primeiro identifique que relações existem entre o texto (ou discurso) adaptado e a adaptação. Depois, procure explicar que transformações ocorreram, seus contextos, as práticas envolvidas nesse processo e as consequências disso. 1. A aproximação entre teoria literária e literatura comparada permite ampliar os horizontes do comparatismo e problematizar suas relações com outros discursos e saberes. Nesse sentido, uma das inovações da teoria literária que beneficiou a literatura comparada no século XX foi: a) O princípio da imanência, segundo o qual a obra literária poderia ser estudada a partir de sua coerência interna e sua linguagem específica. b) A investigação da gênese das obras, isto é, entender o texto literário baseando-se na vida do autor e em questões sociais. c) A análise da obra a partir de seu contexto de produção e em como se insere em um movimento literário. d) A análise da obra a partir de seu contexto histórico e como reflete, em seu enredo, a crise social de uma época. e) A pesquisa de fontes e influências, para se verificar que autores e obras o texto literário imitou ou em quais se inspirou para criar. 2. Alguns teóricos, no século XX, rejeitaram a proposta de estudo da literatura apenas a partir de sua estrutura interna. Por que essa perspectiva imanente foi criticada? a) Essa perspectiva foi criticada por ser limitada, já que não previa a influência de outros autores e obras sobre a obra literária. b) Essa perspectiva foi imediatamente rejeitada por não considerar o problema da tradução nos estudos literários. c) Essa ideia foi criticada por ser limitada, isolando o texto literário de fatores externos. Tynianov, por exemplo, defendia a identificação de sistemas literários, já que a 53Delimitação do campo de trabalho da Literatura Comparada SER_Literatura_Comparada_Book.indb 53 25/01/2017 16:37:44 literatura, para ele, não poderia ser estudada isoladamente. Assim seria possível diferenciar séries literárias de não literárias. d) Essa ideia não foi aceita porque a maior parte dos teóricos, no século XX, adotava uma perspectiva historicista dos estudos literários e consideravam fundamental entender como as literaturas nacionais se aproximavam. e) Houve algumas críticas que se focavam no fato de que a análise da coerência interna do texto era utópica e não levaria a respostas concretas. 3. Em um estudo entre literatura e outras artes, como uma investigação a partir da literatura comparada poderia proceder? a) Poderia verificar como a música popular brasileira e a música clássica são similares atualmente. b) Um estudo comparatista entre artes poderia explorar quais tipos de filmes hoje são melhor recebidos pelo público e lucram mais, sem necessitar investigar seu conteúdo e suas relações com a literatura. c) Pode-se iniciar pela análise de um romance e os pontos mais interessantes de sua narrativa, criticando a forma como é construído e sugerindo, ou não, sua leitura. d) Poderia verificar os pontos de contato entre uma narrativa literária e um espetáculo de dança, a partir de elementos em comum, como a adaptação de uma história, e elementos diferentes, como a forma de interpretar a narrativa em linguagens distintas. e) Um estudo comparatista pode falar de romances a partir da análise de discurso com o objetivo de verificar as ideologias presentes na história. 4. Sabe-se que existem diversos pontos em comum entre literatura e artes visuais. Observe a reprodução de uma pintura de René Magritte, intitulada “A máscara vazia” (1928). Um estudo comparatista dessa obra seria possível a partir de que tipo de perspectiva? a) Apenas a partir das artes visuais, afinal trata-se de uma pintura, o que sai do domínio da literatura comparada. b) A partir da literatura comparada seria possível uma análise considerando a existência de palavras na pintura e, possivelmente, a visualidade que o pintor dá às palavras. c) As palavras na imagem indicam que uma análise dos processos de criação da pintura, como tipo de material usado, é a mais recomendada. d) Uma análise que enfoque a relação entre sociedade e literatura explicaria a presença das palavras na imagem. e) Um estudo baseado na aproximação entre literatura e psicanálise seria suficiente para explicar porque a pintura é subdivida em quatro quadros. 5. As relações entre literatura e cinema existem desde o nascimento desta última arte. Qual é um possível estudo comparatista atual com Literatura comparada54 SER_Literatura_Comparada_Book.indb 54 25/01/2017 16:37:44 enfoque no cinema? a) Um estudo dos roteiros originaismais populares em 2016. b) Uma pesquisa apontando as mais recentes tecnologias de computação gráfica em animações. c) Uma pesquisa sobre a história do cinema norte-americano e as melhores narrativas. d) A criação de um roteiro a partir de um conto. e) Uma investigação da transformação de um texto literário quando adaptado para um filme. ADAPTAÇÃO. Direção de Spike Jonze. Culver City: Columbia Pictures, 2002. 1 vídeo. BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013. BAL, Mieke. Narratology: introduction to the theory of narrative. Toronto: University of Toronto Press, 2009. BANDEIRA, Manuel. Poema tirado de uma notícia de jornal. Fortaleza: Jornal de Poesia, [c2016?]. Disponível em: <http://www.jornaldepoesia.jor.br/manuelbandeira04.html>. Acesso em: 13 dez. 2016. BARBEITAS, Flávio. Possibilidades do diálogo literário-musical no âmbito da literatura comparada. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIC, 9., 2004, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: ABRALIC, 2004. BODAS de sangue. Direção de Carlos Saura. [S.l.: s.n.], 1981. 1 vídeo. CAMPOS, Augusto de. Luxo. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Univer- sidade de São Paulo, 1966. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/ pessoa2884/augusto-de-campos>. Acesso em: 13 dez. 2016. CARVALHAL, Tania Franco. Teoria literária e comparativismo. In: CARVALHAL, Tania Franco. Literatura comparada. 5. ed. São Paulo: Ática, 2010. (Princípios, v. 58). DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. São Paulo: Editora 34, 1997. HUTCHEON, Linda. Uma teoria da adaptação. 2. ed. Florianópolis: UFSC, 2013. LESSING, Gotthold Ephraim. Laocoonte ou Sobre as Fronteiras da Pintura e da Poesia. 2. ed. São Paulo: Iluminuras, 2011. Originalmente publicado em 1766. MARTELO, Rosa Maria. Imagens, paisagens, espaços poéticos. In: MARTELO, Rosa Maria. Deambulações na poesia. Lisboa: Documenta, 2001. 55Delimitação do campo de trabalho da Literatura Comparada SER_Literatura_Comparada_Book.indb 55 25/01/2017 16:37:44 http://www.jornaldepoesia.jor.br/manuelbandeira04.html http://enciclopedia.itaucultural.org.br/ PAMUK, Orhan. Palavras, quadros, objetos. In: PAMUK, Orhan. O romancista ingênuo e o sentimental. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. REBELLO, Lucia Sá. Literatura comparada, tradução e cinema. Organon, Porto Alegre, v. 27, n. 52, jan.-jun. 2012. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/index.php/organon/ article/view/33475/21348>. Acesso em: 12 dez. 2016. SAMUEL, Rogel. Novo manual de teoria literária. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2011. SANTAELLA, Lúcia. Palavra, imagem e enigmas. Rev. USP, São Paulo, n. 16, 1993. SOUZA, Roberto Acízelo de. Teoria da literatura. 10. ed. São Paulo: Ática, 2007. Leituras recomendadas BRITO, João Batista. Texto literário e filme: como ler o confronto? In: BRITO, João Batista de. Literatura no cinema. [S.l.: s.n.], 2011. Disponível em: <https://imagensa- madasdotcom.files.wordpress.com/2011/04/literatura_no_cinema.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2016. COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Hori- zonte: UFMG, 1999. MALLARMÉ, Stéphane. Un Coup de Dés Jamais N’Abolira Le Hasard. Cosmopolis, 1897. MÜLLER, Adalberto. Além da literatura, aquém do cinema? Considerações sobre a intermidialidade. In: MACHADO JUNIOR, Rubens; SOARES, Rosana; ARAÚJO, Luciana (Org.). Estudos de cinema SOCINE. São Paulo: Annablume; Socine, 2007. WELLEK, René; WARREN, Austin. Teoria da literatura. Lisboa: Europa-América, 1962. Originalmente publicado em 1949. Literatura comparada56 SER_Literatura_Comparada_Book.indb 56 25/01/2017 16:37:44 http://seer.ufrgs.br/index.php/organon/ http://madasdotcom.files.wordpress.com/2011/04/literatura_no_cinema.pdf Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Compartilhar