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Patologia 04/10 Professor Victor - ATD3 Tumores osseos: Classificação dos tumores ósseos: - Muito diversos: variam de doenças extremamente “inocentes”, que passam desapercebidas, até doenças extremante graves, de evolução rápida e prognóstico ruim. Se diferenciam em diversos aspectos: • Macroscopia. • Microscopia. • História natural. • Agressividade. - Separam-se em aquelas que há formação de osso e aquelas que há formação de cartilagem. • Classificação de acordo com o tipo celular ou de tecido normal de origem. Tumores ósseos: - A maioria, por serem benignos e passarem desapercebidos, são achados radiográicos. • Incidência imprecisa: muitos benignos não são biopsiados. ❖ Nas 3 primeiras décadas de vida: benignos mais frequentes que os malignos. ❖ Nos idosos: maligno é mais frequente. - Nos EUA: • 2400 casos anuais de osteossarcoma. • 1300 mortes anuais. - De uma maneira geral, são de causas desconhecidas. Porém podem haver alguns fatores predispotentes: ✓ Osteomielite crônica (processo inflamatório). ✓ Doença de Paget (desequilíbrio entre formação e absorção de matriz). ✓ Raio X e próteses metálicas. Tumores formadores de ossos: I. Osteoma: • Alterações de crescimento séssil (base maior que a altura). • Se desenvolve abaixo do periósteo (subperiosteais). • Arredondados, ovais. • Locais mais acometidos: crânio e ossos da face. • Muitas vezes diagnosticado em exames de rotina por qualquer outro motivo. • Geralmente são solitários. • Acomete adultos de meia idade. • • Crescimento lento. • Pouco significado clínico: exceto se obstruir seios ou comprimir estruturas. Catarina Alipio XXIIB Página 1 Achado de imagem. Tumor em formato de “tufo” no seio maxilar. Patologia 04/10 Professor Victor - ATD3 • Mas quando a pessoa apresenta múltiplos osteomas, estamos a frente da Síndrome de Gardner. ✓ Osteomas. ✓ Pólipos intestinais. ✓ Fibromas. ✓ Tumores desmóides. ✓ Cistos epidermóides. II. Osteoma osteóide e osteoblastoma: • Características histológicas idênticas. • Diferem em tamanho, sítio e sintomas (correlação clínica diferentes). ➡Osteoma osteóide: - Lesões pequenas. - Em jovens. - Homens 2:1. - Ocorre no esqueleto apendicular e posterior de coluna (50% fêmur ou tíbia). - Produção de dor intensa, normalmente a noite, justificado por alta produção de prostaglandina pelos osteoblastos proliferastes do tumor. . ➡Osteoblastoma: - >2 cm. - Ocorrem na coluna vertebral. - Promovem dor de baixa intensidade. • Macroscopia: - Bem circunscritos. - Massas arredondadas. - Tecido arenoso hemorrágico (se desfaz ao toque). • Microscopia: - No interior da lesão, presença de num emaranhado de trabéculas ósseas com aprisionamento de osteoblastos. - Estroma de tecido conjuntivo frouxo com muitos capilares e congestos. Catarina Alipio XXIIB Página 2 Imagem E: lesão pequena na cortical do fêmur (osteoma osteóide). Imagem D: grande lesão na coluna (osteoblastoma). O tumor estimula o osso real a formar um osso verdadeiro ao redor desse tumor (osso reativo). O t u m o r r e a l ( n i d u s ) é a r a d i o l u c ê n c i a p e q u e n a e arredondada que pode ter centro mineralizado, em torno dela, uma proliferação óssea real. Patologia 04/10 Professor Victor - ATD3 III. Osteossarcoma: tumor mesenquimal maligno com produção de matriz óssea. • Tumor maligno primários mais comum (excluindo mieloma e linfoma) - 20%. • 75% dos casos ocorrem em indivíduos menores de 20 anos. • Quando diagnosticado em idoso, pode ser por doença de Paget ou radioterapia prévia na região. • Homens 1,6:1. • Local mais comum: região metafisária dos ossos longos (joelho). - Em idosos, a prevalência é igual em osso longos e ossos chatos. • 70% apresentam anormalidades genéticas adquiridas: - Gene retinoblastoma: regulação do ciclo celular. - P53: reparo do DNA e metabolismo celular. • Subtipos: ✓ Região de origem: intramedular, intracortical ou superficial. ✓ Grau de diferenciação. ✓ Multicentricidade. ✓ Primário ou secundário (desordens pré-existentes). ✓ Variantes histológicas: osteoblástica, condroblástica (deposição grande de matriz cartilaginosa), fibroblástica (grande proliferação de fibroblastos), de células grandes. • Mais comum: metáfise de ossos longos, primários, solitário, intramedular e pouco diferenciado. • Macroscopia: - Tumores volumosos. - Arenosos (frágeis à palpação). - Coloração branco-acizentada. - Areas de hemorragia. - Degeneração cística. Catarina Alipio XXIIB Página 3 Distribuição mais frequente do osteossarcoma As áreas roxas são compostas por matriz osteóide com calcificação. Os núcleos são ovalados, com cromatina frouxa e nucléolos evidentes. Figuras de mitose são vistas com facilidade. Infiltração de músculo esquelético salienta o caráter maligno e agressivo da neoplasia. Patologia 04/10 Professor Victor - ATD3 • Microscopia: - Deposição grande de matriz óssea com áreas de calcificação. • Tudo produzido pelo tumor. • O osso neoplásico geralmente é grosseiro, mas pode estar arranjado em folhetos ou trabéculas. • Por vezes, é possível observar produção de cartilagem (osteossarcoma condroblástico). - Células com núcleos ovalados, - Pode infiltrar músculo esquelético: caráter maligno e agressivo da neoplasia. - Variantes histológicas: • Curso clínico: - Massas expansivas, dolorosas, de aumento progressivo. - Pode predispor fraturas patológicas (pela sua expansão). - O tumor rompe/ perfura a cortical e passa a se proliferar abaixo do periósteo, que se eleva (formação de massa periosteal). • Passa a se desenvolver em tecidos moles. • Triângulo de Codman: imagem radiográfica gerada pela elevação do periósteo pela infiltração tumoral. - No momento do diagnóstico, cerca de 10% a 20% possuem metástase pulmonar. - Sobrevida de 5 anos em 60 a 70% dos casos, com quimioterapia e preservação do membro. - Metástase: 20%. Tumores formadores de cartilagem: I. Osteocondroma (exostose): tumor de cartilagem benigno. • Alteração muito benigna. - Tumor ósseo benigno mais comum. • Aspecto mais pedicéulado, aderido ao osso adjacente por um talo ósseo. • 85% são solitários. - Quando múltiplos: síndrome de exostose hereditária múltipla. • Diagnosticados no final da adolescência e em adultos jovens. • Homens 3:1. • Encontrados, mais comumente em ossos de origem endocondral. - Nas metáfises próxima à placa de crescimento de ossos longos tubulares (joelho). • Massas de crescimento lento. Catarina Alipio XXIIB Página 4 Variantes histológicas: Patologia 04/10 Professor Victor - ATD3 • Dor, ocorre se houver compressão de nervos ou uma fratura acidental do talo ósseo. • É um achado radiográfico. • Em geral, param o crescimento quando houver fechamento da placa de crescimento. • Transformação em condrossarcoma é rara (exostose hereditária). • Imagem: fêmur. • Macroscopia: - Sésseis. - Forma de cogumelo. - 1 a 20cm. - Capuz de cartilagem hialina de espessura variável e coberta pelo pericôndrio. • Microscopia: - Cartilagem com aspecto de placa de crescimento levemente desorganizado. - Ossificação endocondral formando o talo ósseo. - Córtex do talo é fusionado com o do osso sa - dio. - Cavidades medulares comunicadas. II. Condrossarcoma: comportamento maligno. • Subtipos: - Região: • Intramedular (mais comum). • Justacortical e superficial. - Histologicamente: • Convencional (mais comum): hialina e/ou mixóide. • Célula clara. • Diferenciado. • Mesenquimal. • 2º tumor maligno ósseo mais comum. • Ocorre em pacientes > de 40 anos de idade. • Homens 2:1. • Região de predileção: pelve, ombro e costelas. • 15% dos periféricos se originam de endocondroma ou osteocondroma. • São massas dolorosas de crescimento progressivo. • Macroscopia:- Tecido de característica de cartilagem: firme, claro, acizentado. - Convencional: Catarina Alipio XXIIB Página 5 Patologia 04/10 Professor Victor - ATD3 • Nódulos de tecido branco-acizentado. • Brilhante. • Pouco translúcido. - Mixóide: • Viscosos. • Gelatinosos. • Necrose central. Tumores fibrosos e fibro-ósseos: I. Displasia fibrosa: neoplasia ligada à interrupção no desenvolvimento. • Muitos não a consideram como tumor verdadeiro, pois ela não possui um crescimento autônomo durante toda a vida. - Alteração que surge durante o crescimento do individuo. - Todos os componentes ósseos estão presentes, mas não se diferenciam em estruturas maduras. • 3 padrões: - Monostótico (70%): 1 osso do esqueleto é acometido pela alteração. - Poliostótico (27%): vários ossos com a alteração presente. - Doença poliostótica (3%): além da displasia fibrosa, a pessoa presente pigmentações na pele tipo “café com leite”, anormalidades endócrinas (puberdade precoce). ➡ Displasia fibrosa monostótica: - H = M. - Principalmente em fêmur, tíbia, maxilares, costelas, calvária e úmero. - Assintomática. - Achado radiográfico. • Radiopacidade. • Aspecto de “vidro despolido”. - Lesões maiores podem causar distorção óssea (substituição do tecido sadio, por esse de maior densidade, que não respeita a conformidade anatômica normal, podendo levar a dificuldade de articulação do membro). - Não evolui para a poliostótica. ➡ Displasia fibrosa poliostótica: - Ocorre principalmente no fêmur, crânio, tíbia, úmero, costelas, fíbula, rádio, ulna, mandíbula e vértebras. - Acometimento craniofacial: 50%. • 100% dos casos extensos. - Deformidades graves em ombros e pelves. • Deformidade do fêmur em forma de “cajado de pastor”. Catarina Alipio XXIIB Página 6 Tomografia no corte coronal. Seio maxilar direito totalmente substiuído pela massa de alta densidade. Displasia fibrosa monostótica Patologia 04/10 Professor Victor - ATD3 ➡ Displasia fibrosa poliostótica com endocrinopatia: - Predisposição genética: • Síndrome de McCune-Albright. • Precocidade sexual. • Hipertireoidismo. • Adenomas hipofisários. • Hiperplasia adrenal primária. • Manchas café com leite irregulares no pescoço, tórax, dorso, ombro e pelve. • Curso clínico da displasia fibrosa: - Variado dependendo da extensão. - Monostótica: assintomática (dependendo da localização, não necessita de intervenção). - Cirurgia conservadora em casos sintomáticos propensos à fraturas. • Microscopia: - Trabéculas ósseas curvilíneas (aspecto de “letras chinesas”) sem presença de osteoblastos. - Proliferação fibroblástica moderada. - Não há osteoblastos nas bordas ósseas. - Degeneração cística ou hemorragia podem estar - presentes. - Macrófagos espumosos. Tumor de células gigantes: - Infiltrado de células mononucleadas agrupadas com grande quantidade de células gigantes multinucleadas (tipo osteoclastos). • Pela presença de osteoclastos, pode ser uma lesão localmente agressiva. - Neoplasia benigna rara. - Localmente agressiva. - Acomete de 20 a 40 anos de idade. - Curso clínico: • Em adultos: epífises ou metáfises. • Em crianças: metáfises próximas às placas de crescimento. • Solitário. - Macroscopia: • Grande. • Cor castanho-acizentado. • Degeneração cística: reabsorção óssea pelas células gigantes multinucleadas. Catarina Alipio XXIIB Página 7 Costela acometida pela displasia fibrosa. Parte medial, grande espessamento e substituição por tecido mais denso. Osso sad io com menor dens idade loca l (multinucleação), com tendência de expansão desse aspecto do osso. Ocorre por reabsorção óssea pela grande quantidade de osteoclastos em atividade. Patologia 04/10 Professor Victor - ATD3 - Microscopia: • Células se coalescem em um núcleo citoplasma, formando as células gigantes, que tem o papel de reabsorção óssea. • Células ovais mononucleoses uniformes. • Numerosas células gigantes multinucleadas. ‘Necrose. • Hemorragia. • Deposição de hemossiderina. Cisto ósseo aneurismático: - Tumor ósseo benigno. - Formação de vários espaços císticos multiloculados preenchidos por sangue. - Crescimento expansivo e rápido. - Aparência radiográfica agressiva, mas com comportamento benigno. - Tratamento é cirúrgico. - Curso clínico: • Primeiras duas décadas de vida. • Acomete metáfises de ossos longos e elementos posteriores de corpos vertebrais. • Dor e edema. • No raio X: lesão extensa com margens bem definidas. - Microscopia: • Formação de grandes cavidades, que são preenchidas por sangue. • Cavidades separadas por finos septos. • Estroma com células fusiformes. • Células gigantes multinucleadas. Mieloma múltiplo: ‣ Doença hematológica. ‣ Neoplasia maligna de plasmócitos (célula de origem). Catarina Alipio XXIIB Página 8 Padrão mais sutil, no interior do osso, área de maior radiolucidez (menor densidade). Patologia 04/10 Professor Victor - ATD3 ‣ Caracterizada por um desenvolvimento multifocal (vários locais do organismo). ‣ Causa de 1% das mortes por câncer. ‣ Homens > mulheres. ‣ 65 a 75 anos. ‣ Afrodescendentes. - Ossos comumente afetados: mas pode afetar qualquer osso. • Coluna vertebral. • Costelas. • Crânio. • Pelve. • Fêmur. - Múltiplos focos de reabsorção óssea, em vários ossos, ao mesmo tempo. • Lesões começam na medula, vão progressivamente a cortical e corroem o osso esponjoso. • Plasmóscitos mutados são capazes e responsáveis pela secreção do RANKL, responsáveis pela ativação de osteoclastos. • Radiografia apresenta múltiplas radioluscencias de 1 a 4 cm de diâmetro. - Aspectos clínicos: • Consequências da hipercalcemia (por aumento da reabsorção e cálcio no sangue): hipercalcemia concomitante. - Manifestações neurológicas (confusão). - Disfunção renal. • Produção reduzida de Ig normais. - Predisposição a infecções bacterianas recidivastes (por ausência da imunidade humoral). - Microscopia: • Substituição por plasmócitos anormais. • Pleomorfismo nuclear. • Células Mott: com gotículas intracitoplasmáticas, que são imunoglobulinas não funcionais. - Diagnóstico: achados radiográficos e laboratoriais. - Tratamento: • Não existe um tratamento eficiente. • Diversos agentes citotóxicos. - Prognóstico: • Desfavorável. - Sobrevida média de 4 a 6 anos. Catarina Alipio XXIIB Página 9 Múltiplos focos de reabsorção óssea, de tamanhos variados.
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