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Patologia 28/10 Professor Ângelo - ATD3 Linfadenites: - Discute e avalia todos os processos inflamatórios que ocorrem nos linfonodos. Linfonodos: - São estruturas do nosso sistema de defesa, que reagem muito facilmente à qualquer tipo de agressão, seja localizada ou sistêmica, ou de qualquer natureza, seja ela droga, tóxica, efeito infeccioso viral, bacteriano ou fúngico. Os linfonodos drenam grande parte dos nossos órgãos, qualquer coisa que tenha nesse órgão, inflamatório ou tumoral. - Tecido linfóide normal: ➡ Temos no nosso corpo, linfonodos em repouso, e linfonodos reativos frente à qualquer tipo de agressão. As linfadenites são uma “exacerbação” da atividade de um ou mais componentes dos linfonodos frente a um agente agressor. - Arquitetura do linfonodo: • Região cortical: presença folículos linfóides de células B. - Folículo primário: • Células B sem estímulo antigênico. • Células dendríticas foliculares. - Folículo secundário: reativo. • Centroblastos e centrócitos: centro germinativo (IgM, IgG, IgA, IgE). • Células foliculares dentrídicas. • Células Th. • Macrófago de “corpo tingível”. • Célula B da zona do manto (produz IgM e IgD) - células mais coesas, densas e escuras. • Células da zona marginal (mais clara). Catarina Alipio XXIIB Página 1 Folículo primário Folículo secundário Patologia 28/10 Professor Ângelo - ATD3 • Região paracortical: - Predomínio de células T (CD4>CD8). - Vênulas de endotélio alto. - Células apresentadoras de antígenos (positiva nas IH pelo marcador S100). • Região medular: constituída de cordões medulares de linfócitos e canais vasculares (seios medulares) entre esses agregados. - Ricos em plasmócitos (núcleo excêntrico, citoplasma basofílico e espalhado). - Seios medulares normalmente preenchidos por macrófagos. - Podem ser proeminentes ou de difícil visualização. - Expandidos nas expansões de células B (hiperplasia folicular reativa, doença de Castleman tipo célula plasmática). • Cápsula e trabéculas (prolongamentos) fibrosas: sustentação e estrutura nodular/ rinfóide dos linfonodos. - Tecido conjuntivo escasso. - Aumenta por presença de cicatrizes de processos inflamatórios anteriores. - Cápsula fibrosa que se projeta para o interior dos linfonodos em forma de trabéculas fibrosas. - Os seios são encontrados adjacentes às trabéculas. • Seios: ao redor das trabéculas (marginais ou medulares). - Linfáticos aferentes —> seio sub-capsular —> seio intermediário —> seio medular —> linfáticos eferentes (hilo). - Predominância de histiócitos e células linfóides em seu interior. Linfadenites inespecíficas: - Podem ter um quadro histológico comum às varias doenças e são difíceis de visualizar um agente etiológico. - São infecções que induzem a ativação das células imunes residentes (não ativadas, em repouso do folículo primário) e conduz mudanças morfológicas nos linfonodos. Com a estimularão antigênica, os folículos primários aumentam e adquirem centros terminativos e os linfócitos B passam a produzir anticorpos (folículos secundários). • A zona paracortical de linfócitos T também sofre hiperplasia. • São divididas em Linfadenites Inespecíficas Aguda ou Crônica. • Não dá para fazer biópsia de linfonodo, tem que retirá-lo inteiro para estudo. - Linfadenite inespecífica aguda: muito comuns na drenagem de algumas infecções territoriais. • Causa linfadenomegalia localizada: - Linfonodos cervicais: drenagem de infecções nos dentes e amígdalas. - Linfonodos axilares ou inguinais: drenagem de infecções nos MMSS e MMII, respectivamente. Catarina Alipio XXIIB Página 2 Região medular Cápsulas e trabéculas Patologia 28/10 Professor Ângelo - ATD3 - Linfonodos mesentéricos: reagem de forma aguda inflamatória em casos de apendicite e GECA (gastroenterocolite aguda). • Causa linfadenomegalia sistêmica: - Linfonodos generalizados: em casos de viremia e bacteremia. • Macroscopia: ✓ Linfonodos aumentados. ✓ Intumescidos. ✓ Cinza-avermelhados ou purulentos (quando infectados por bactérias piogênicas - branco amarelado). • Microscopia: ✓ Centros germinativos aumentados com mitoses e macrófagos. ✓ Restos celulares. ✓ Neutrófilos e/ou necrose (leva à cicatrização). • Ao exame físico observa-se nodos dolorosos com sinais inflamatórios na pele sobrejacente (tumefação, vermelhidão, calor e dor), podendo fistular e drenar pus (por romper a cápsula do linfonodo, formando um pertuito entre a pele e o linfonodo, chamado de fístula). - Linfadenite inespecífica crônica: • Ocorrem a longo prazo. • Podem aparecer em vários padrões morfológicos nos linfonodos: 1. Hiperplasia folicular: resposta imune humoral (linfócitos B). - Presença de grandes centros germinativos (folículos secundários) que são circundados por células do manto. - Os centros germinativos são polarizados em duas regiões: ❖ Zona escura (Linfócitos B centroblastos - mais jovens). ❖ Zona clara (Linfócitos B centrocítos - mais maduros). • Presença de macrófagos de “corpos tingíveis”. - Visto em doenças de caráter imunológico como artrite reumatóide, toxoplasmose e fase precoce do HIV. Catarina Alipio XXIIB Página 3 Hiperplasia folicular Centro germinativo da hiperplasia folicular Macrófagos de “corpos tingíveis” Patologia 28/10 Professor Ângelo - ATD3 2. Hiperplasia paracortical: resposta imune celular (linfócitos T). - A zona paracortical (linfócitos T) está expandida e podem ocupar o local dos folículos da região cortical (linfócitos B). • Parte da zona mais profunda para região mais sueprficial/ cortical do linfonodo. - Presença de numerosos e pequenos linfócitos T (CD4 > CD8) formando nódulos, e alguns linfócitos B ativados. - Hipertrofia dos sinusóides e do endotélio vascular. - Ocorre em infecções virais (ex: mononucleose infecciosa e reações de hipersensibilidade). 3. Histiocitose sinusal: não específica (pois é extremamente comum). - Aumento no número e tamanho das células que revestem os sinusóides linfáticos. - Aumento no número dos histiócitos. - Aumento no número de macrófagos com expansão e distensão de todos os seios (macrófagos se situam nos seios), mas principalmente na região medular. • Observar se há algum processo obstrutivo (possibilidade de neoplasia maligna que impede o fluxo linfático normal). - Pode ocorrer em cânceres que drenam para linfonodos. • Caracterizada por nodos aumentados e indolores, sem reação flogística (sinais cardinais da inflamação aguda). Comum na axila e região inguinal. - Quando um indivíduo tem um linfonodo aumentado exclusivamente na região inguinal, está relacionado à um quadro crônico (não são bons para análise). Linfadenites específicas: - São específicas de uma doença ou porque há uma agente etiológico conhecido. 1. Linfadenite da toxoplasmose: • Durante a infecção primária pelo Toxoplasma gondii (ingestão de oocistos das fezes dos gatos ou de cistos na carne mal cozida). • Tríade histológica: - Hiperplasia folicular reativa exuberante. - Hiperplasia de células B monocitóides exuberante: centroblastos soltos que imitam monócitos. - Histiócitos epitelióides (parece epitelial mas não é, que fazem parte de um granuloma) isolados ou em pequenos grupamentos, alguns invadindo ou justapostos aos Catarina Alipio XXIIB Página 4 Hiperplasia paracortical Observa-se os cordões medulares (roxos) e o seios medulares repletos de macrófagos e linfa obstruída (vacuolizada pois tem presença de lipídeo). Histiocitose sinusal Patologia 28/10 Professor Ângelo - ATD3 centros germinativos. • Citoplasma mais avermelhado que o normal, mas são macrófagos modificados. • Microorganismos nunca vistos, porém o DNA é detectado por PCR. 2. Doença de Castleman: hiperplasia exuberante linfonodal. • Não possui etiologia, mas em algumas ocasiões (minoria) pode evoluir para linfoma. • Tipo hialino-vascular:- Usualmente uma massa solitária no pescoço, axila intratorácica e retroperitoneal. - Sem sintomas específicos. - Muitas vezes é um achado ocasional. - Idade: entre 30 e 40 anos. - Morfologia: ✓ Os centros foliculares são atróficos. ✓ Zonas do manto exuberante e concêntricas (aspecto de “casca de cebola”). ✓ Vênulas hialinizadas. - Muitas vezes sao retirados como tumores. • Tipo célula plasmáticas: - Grande produção de plasmócitos. - Pode se formar imunocomplexos que se depositam, provocando as primeiras manifestações e início da investigação da doença. - Frequentemente é uma massa solitária. - Maior tendência à formação de linfomas. - Associação comum com sintomas sistêmicos (desaparecendo após excisão da lesão). - Morfologia: ✓ Hiperplasia folicular reativa. ✓ Denso infiltrado plasmocitário extendendo-se da medula até o córtex superficial do linfonodo. • Tipo multicêntrico: - Aumento de múltiplos linfonodos. - Hepatoesplenomegalia. - Sintomas sistêmicos comuns. 3. Linfadenopatia associada ao HIV: • Progride da seguinte maneira: ‣ Hiperplasia folicular explosiva: centros foliculares muito grande e expandidos (frequentemente de formato geográfico, zonas do manto finas ou ausentes e lise folicular com focos de hemorragia e degeneração). Catarina Alipio XXIIB Página 5 Centros foliculares atróficos, zonas do manto exuberante e concêntricas Vênulas hialinizadas Tipo célula plasmática Patologia 28/10 Professor Ângelo - ATD3 ‣ Involução folicular (pode simular doença de Castleman): folículos involuídos ou atróficos e zona paracortical expandidacom vasos hialinizados. ‣ Depleção linfóide: em pacientes com AIDS avançada. Linfonodos pequenos, compostos linfócitos, vasos sanguíneos e estroma proeminentes. • Se for confirmado HIV positivo, sempre procurar por Sarcoma de Kaposi, linfoma e infecção. 4. Doença da arranhadura do gato: • Agente etiológico: Bartonella henselae. - Bacilos pleomórficos identificados pela coloração de Warthin- Starry. - Pode ser detectada por Ac-anti Bartonella ou por imunohistoquímica. • Microscopia: - Hiperplasia folicular reacional. - Granulomas supurativos (granulomas com infiltração central neutrofílica e/ou necrose). 5. Linfadenite necrotizante de Kikuchi: • Linfadenopatia autolimitada (se resolve em alguns meses em pacientes jovens) de etiologia desconhecida, primeiramente descrita pelo Dr. M. Kikuchi. • Frequentemente é diagnosticada erroneamente como linfoma. • Quadro clínico: ‣ Mulheres jovens, orientais. ‣ Aumento de um linfonodos solitário no pescoço (mais comum). ‣ Febre ou ser precedido por sintomas de vias aéreas superiores. ‣ Neutropenia leve e linfocitose com linfócitos atípicos (não é específico do Kikuchi). ‣ Resolução dentro de 2 a 6 meses. • Patologia: ✓ Se manifesta, histologiacmente, como placas pálidas em forma de cunha no paracórtex. ✓ Cariorrexe predominante com necrose (linfadenite necrotizante). ✓ Histiócitos com núcleos contorcidos. Catarina Alipio XXIIB Página 6 Hiperplasia folicular explosiva Involução folicular Depleção linfóide Doença da arranhadura do gato Patologia 28/10 Professor Ângelo - ATD3 ✓ Células linfóides grandes misturadas. ✓ Pequeno número de linfócitos. Linfadenopatias granulomatosas: - Origem: • Fúngica: histoplasmose/ paracoccidiodomiose. • Bacteriana: TB e doença da arranhadura do gato. • Desconhecida: sarcoidose (sem necrose caseosa). - Microscopia: ✓ Granulomas epitelióides. ✓ Necrose caseosa. ✓ Halo de linfócitos T. ✓ Granuloma com abscedação (Bartonella hanselae). ✓ Corpos asteróides ou de Schaumann. Catarina Alipio XXIIB Página 7 Linfonodo preservado do lado esquerdo e cheio de necrose na parte direita, circundada por uma processo granulomatoso. Coloração pela prata (imagem 2) para confirmar diagnóstico. Histoplasmose linfonodal Linfonodo repleto de granulomas, áreas necróticas e células epitelióides. TB linfonodal
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