Buscar

Psicologia da Educação Tema 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 70 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 70 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 70 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO 
A origem e a organização da Psicologia e os movimentos da Psicologia no século XX. 
PROPÓSITO 
Compreender que o conhecimento de facetas diversas do campo da Psicologia e de seus 
desenvolvimentos ao longo do século XX e XXI instrumentaliza profissionais a multiplicar suas 
capacidades e abordagens. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 
Reconhecer os movimentos históricos que contribuíram para a organização da Psicologia como 
ciência 
MÓDULO 2 
Identificar os movimentos da Psicologia do século XX 
MÓDULO 3 
Examinar o marco histórico, os conceitos fundamentais e os métodos da Psicologia Cognitiva 
MÓDULO 4 
Relacionar a Psicologia do século XX com a Psicologia do século XXI 
INTRODUÇÃO 
Estudar a história de uma ciência, de uma área do conhecimento humano, permite-nos compreender 
o propósito, a utilidade desse conhecimento em nossas vidas, em nossa prática profissional e em 
como exercemos nossa profissão. 
A Psicologia como uma profissão é restrita ao psicólogo e à psicóloga, devidamente inscritos em um 
conselho regional de Psicologia. No entanto, a Psicologia como ciência embasa o trabalho de 
psicólogos, pedagogos, professores, gestores e de qualquer outro profissional que necessite 
compreender o ser humano para manejar comportamento e cognição dentro de sua prerrogativa 
profissional. 
Algumas práticas da Psicologia são, portanto, restritas aos seus profissionais, mas o uso do 
conhecimento, em interseção com outras profissões, após uma formação de nível superior, para 
atuar na pedagogia, na docência, na gestão de pessoas, no desenvolvimento de soluções e produtos 
para as pessoas é possível e desejável. Essa é nossa proposta para você. Vamos nessa? 
MÓDULO 1 
 
Reconhecer os movimentos históricos que contribuíram para a organização da Psicologia 
como ciência 
PERSPECTIVA E ZEITGEIST 
TODO PONTO DE VISTA É A VISTA DE UM PONTO. LER SIGNIFICA RELER E COMPREENDER, 
INTERPRETAR. CADA UM LÊ COM OS OLHOS QUE TEM. E INTERPRETA A PARTIR DE ONDE 
OS PÉS PISAM. TODO PONTO DE VISTA É UM PONTO. 
PARA ENTENDER COMO ALGUÉM LÊ, É NECESSÁRIO SABER COMO SÃO SEUS OLHOS E 
QUAL É SUA VISÃO DE MUNDO. ISSO FAZ DA LEITURA SEMPRE UMA RELEITURA. 
A CABEÇA PENSA A PARTIR DE ONDE OS PÉS PISAM. 
PARA COMPREENDER, É ESSENCIAL CONHECER O LUGAR SOCIAL DE QUEM OLHA. VALE 
DIZER: COMO ALGUÉM VIVE, COM QUEM CONVIVE, QUE EXPERIÊNCIAS TEM, EM QUE 
TRABALHA, QUE DESEJOS ALIMENTA, COMO ASSUME OS DRAMAS DA VIDA E DA MORTE 
E QUE ESPERANÇAS O ANIMAM. ISSO FAZ DA COMPREENSÃO SEMPRE UMA 
INTERPRETAÇÃO. 
(BOFF, 1999) 
Sem a pretensão de analisar a complexidade revelada nessas poucas linhas do texto de Leonardo 
Boff, uma palavra atende ao nosso propósito inicial: Perspectiva. Em perspectiva, estudamos 
Psicologia, em perspectiva, usamos do conhecimento da Psicologia. Fundamentalmente, em 
perspectiva, buscamos compreender a complexidade dos fenômenos humanos, as pessoas e, 
também, os eventos históricos da Psicologia. 
ATENÇÃO 
Não conseguimos estudar Psicologia desconsiderando o Zeitgeist. Uma ciência não se desenvolve 
no vácuo, ela usa a tecnologia disponível de sua época e tenta dar respostas às perguntas que são 
feitas. Essas perguntas (as indagações dos filósofos e dos cientistas) consideram o acúmulo de 
conhecimento até aquele ponto da história. 
ZEITGEIST 
O espírito de uma época. As necessidades de uma época. O clima intelectual e cultural de uma 
época. 
A tecnologia está mais avançada no século XXI. Podemos dizer que, atualmente, os filósofos e os 
cientistas podem fazer perguntas mais complexas, pois detêm mais conhecimentos do que os 
filósofos e cientistas de meados do século XIX, quando surgiu a Psicologia Científica. Uma frase 
atribuída a Sir Isaac Newton (1643-1727), cientista do século XVII e cavaleiro da Coroa Real Inglesa, 
traduz bem essa ideia: 
SE ENXERGUEI UM POUCO MAIS LONGE, FOI POR ESTAR EM PÉ SOBRE OMBROS DE 
GIGANTES. 
 Fonte: Nicku/Shutterstock 
Não é recomendado julgar e/ou refutar um dado histórico se você estiver pensando com a cabeça 
do século XXI, a partir de suas ideias preconcebidas e do que você acha certo ou errado, ou seja, 
do seu sistema de crenças, de sua perspectiva, eventualmente, nutrida pelo senso comum, pelo 
conhecimento popular que não tenha sido testado e analisado pelo método da Filosofia ou da ciência. 
Segundo Schultz (2019), é necessário um distanciamento: ou seja, afastar-se momentaneamente do 
seu sistema de crenças e também do seu conhecimento do século XXI. Compreenda a perspectiva e 
o Zeitgeist do momento histórico que estiver estudando. 
Em ciência, não achamos, não deduzimos, sem antes observar, experimentar, demonstrar 
evidências. Em ciência, não existe o óbvio. Tudo precisa ser investigado e evidenciado. 
Com essa postura, você absorverá melhor o conteúdo, compreenderá melhor a nossa história, e, 
assim, perceberá o propósito e a utilidade daquele conhecimento para não cometer os mesmos erros 
javascript:void(0)
dos nossos antepassados, para prospectar o futuro, ou compreender como chegamos até o nosso 
momento histórico do século XXI. 
Em ciência, algumas vezes, para acertar é necessário errar. É a partir dos erros que alguns 
pesquisadores ficam inquietos, buscam evidências válidas e fidedignas para refutar o erro e alcançar 
evidências de maior qualidade. Os erros são tão relevantes quanto os acertos. 
VAMOS ANALISAR UM EXEMPLO PRÁTICO DO QUE TRATAMOS ATÉ AQUI? 
O que você diria se disséssemos que sua inteligência e suas características de personalidade podem 
ser medidas pelo tamanho de sua cabeça e do formato do seu crânio? Isso faria sentido? 
Pode parecer estranho, mas os primeiros indivíduos a tentar entender como funcionava a mente 
humana partiram do método de dissecação de corpos e do exame do cérebro, buscando 
compreender sua estrutura e a relação entre suas partes e as funções que desempenhava. Vamos 
conhecer um pouco mais sobre os caminhos dos estudiosos da mente. 
 SAIBA MAIS 
Nos dias atuais, afirmamos que a Frenologia é uma pseudociência, mas, em 1796, o alemão Franz 
Joseph Gall (1758-1828) exerceu influência na Psicologia e na psiquiatria com essa teoria. Com a 
Frenologia, Gall acreditava ser possível estudar as aptidões mentais analisando o tamanho e o 
formato do crânio. Por muitos anos, o tamanho e o formato do crânio de Gall e de outros estudiosos 
da Frenologia foram considerados, por eles mesmos, o padrão de excelência e um exemplo do 
melhor da espécie humana. 
 
Atualmente, essa ideia é um absurdo. No entanto, não podemos achar que esse conhecimento seja 
inútil, pois, em ciência, não chegamos a conclusões simplesmente por pensarmos que algo é 
obviamente verdadeiro ou falso. Precisamos buscar evidências. Isso quer dizer que só foi possível 
descartar essa teoria, porque esta foi posta à prova. Entretanto, as ideias de Gall de que algumas 
características são específicas de certas áreas do cérebro se sustentaram em momentos posteriores. 
Em ciência, aproveitamos o que é útil, como uma evidência consistente, e descartamos o resto, mas 
sem esquecer esse resto, pois, assim, evitamos cometer os mesmos erros no futuro (ao menos isso 
é o desejável). 
A Psicologia é recheada de exemplos de acertos e erros. Os erros nem sempre são oriundos de 
pseudociências, mas podem ser também resultado do método científico levado a sério, ético e 
rigoroso (errar faz parte – perceba, com humor, que “herrar é umano” –, mas permanecer nesse 
“herro” é obscurantismo). Entendemos como pseudociência algo que se diz ciência, mas que não é. 
Até nos dias atuais, precisamos ficar atentos e ser críticos. Podemos encontrar informações que se 
dizem embasadas no método científico, mas são pseudociências. Devemos ter cuidado e não 
acreditar em tudo, só porque dizem que é ciência. 
Nessa jornada fantástica, podemos perceber como algumas discussões são fundamentais e 
demonstrar que teses e hipóteses foram testadas e não se sustentaram quando passarampela 
prova, como ocorreu com a Frenologia. 
Assim, podemos afirmar, em pleno século XXI, com evidências científicas robustas, que somos seres 
únicos, ninguém é melhor do que ninguém, existe um lugar no mundo para os extrovertidos e para 
os introvertidos. 
Não existe raça superior, o melhor tratamento para o doente mental não é ser descartado em um 
hospício e a orientação sexual de uma pessoa só importa a ela mesma. A Psicologia Científica é 
autônoma e não se confunde com dogma religioso. Portanto, as discussões polêmicas que as 
civilizações se propuseram a debater, como a questão da raça, foram submetidas a contestações 
científicas e amplos estudos e evidências científicas demonstraram sua ineficácia de partida. Por 
exemplo: a Eugenia como uma hipótese não se sustenta para os seres humanos, pois apresenta 
sérios conflitos éticos. A homossexualidade não é uma doença para ser tratada. Na 
escola, não devemos separar as crianças por dificuldades de aprendizado e/ou outras condições 
como surdez, autismo etc. Entre outras discussões delicadas, só com reflexões e críticas amparadas 
pela ciência prosseguimos absorvendo as transformações pelas demandas sociais e atuando de 
forma a promover bem-estar e qualidade de vida. 
Assista a um vídeo sobre o tema Caminhos e descaminhos da psicologia. 
Dessas discussões e pesquisas ao longo da nossa história, surgem os argumentos para projetos 
individualizados para educação, mas sem desconsiderarmos a inclusão, e promovendo uma 
educação para o convívio com as diferenças. Por exemplo: os doentes mentais, em certas 
circunstâncias, ficarão internados, mas as comunidades terapêuticas são uma solução viável, em 
vez de internações de longa permanência. 
Várias estratégias vêm sendo desenvolvidas a partir de erros e acertos, para promovermos 
tolerância, compaixão, autocompaixão, saúde, e bem-estar físico e emocional. Buscamos os acertos 
e as evidências científicas, bem como caminhos mais éticos, humanizados, integradores. 
Mas, para acharmos a ética, em algum momento da história, foi necessário perdê-la. Para achar 
nossa humanidade, em algum momento da história, foi necessário nos depararmos com práticas 
desumanas. Para chegarmos às estratégias e ao manejo que promovem inclusão, foi necessário que 
vivenciássemos as consequências econômicas, sociais, éticas e políticas das práticas 
segregacionistas. Infelizmente, não aprendemos com todos os erros e, em parte de nossa civilização 
e de nossa sociedade, ainda encontraremos mazelas, mas estamos em tempos melhores como 
humanidade do que já estivemos em outras épocas. 
A história da Psicologia como ciência demonstra como essa área tem sido importante: 
 
Para a escola, os pedagogos, professores e ensinantes compreenderem o desenvolvimento humano 
e determinarem melhores estratégias de aprendizagem, considerando a maturação biológica, o 
funcionamento do cérebro e o perfil cognitivo do aprendente. 
 
Para organizações e instituições desenvolverem melhores práticas na gestão de pessoas. 
 
Para o estabelecimento de tratamentos mais humanizados na saúde mental, bem como de práticas 
para a promoção de saúde, negócios e neuromarketing. 
 
Para psicoterapia, para avaliação psicológica, neuroPsicologia, entre outras possibilidades de 
atuação do psicólogo e da psicóloga. 
Os eventos históricos são fundamentais para evitar equívocos e não repetir algumas práticas que 
trouxeram mais confusão do que solução. Analisar a história, compreender nosso passado, ajuda-
nos a imaginar o futuro e a direcionar melhor nossos esforços. Essa história é nossa. Ela é sua. É 
da nossa civilização, para o bem ou para o mal. 
A Psicologia como ciência e profissão, no Brasil do século XXI, tem sido posicionada de modo a 
evitar os erros da história, buscando o caminho do bem, promovendo os direitos universais humanos, 
a inclusão, a tolerância, a ciência, mas sabendo que: todo ponto de vista é a vista de um ponto 
(BOFF, 1999). 
Por onde começamos? 
A Psicologia, como ciência, foi influenciada por inúmeros pensadores, cientistas, movimentos e 
áreas. Citamos alguns: 
INFLUÊNCIAS DA FILOSOFIA 
 
A história da Psicologia está imersa na história do desenvolvimento do pensamento humano, na 
história da Filosofia: é assim que a Psicologia se organiza. 
Até certo ponto, a história da tradição filosófica é a história da Psicologia. Isso inclui o período da 
Grécia Antiga com os mitos gregos, a exigência racional com Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito e 
Parmênides, Sócrates, os Sofistas, Platão, Aristóteles. 
A Filosofia aborda o objeto que deseja conhecer por intermédio da razão, da argumentação (indutiva 
e dedutiva), da lógica, da retórica. Esses métodos são necessários para questionar o que é o 
conhecimento, os tipos de conhecimento, o que é verdadeiro nesse conhecimento. A Filosofia 
também se ocupa das falácias do conhecimento, ou seja, dos erros da argumentação filosófica, mas 
que convencem e enganam. Uma falácia do conhecimento sempre vem disfarçada de boas intenções 
e, eventualmente, confirma ideias do senso comum, confirma os desejos e as opiniões de algumas 
pessoas, e por isso convence os mais ingênuos. 
O papel da Filosofia, de apontar as falácias do conhecimento, é fundamental para nossa civilização, 
para os psicólogos, para os educadores (ensinantes), para os gestores, para o cidadão. As falácias 
do conhecimento estão em nosso passado, mas também no presente. O pensamento filosófico é 
uma vacina poderosa contra o obscurantismo e contra tais falácias, pois desenvolve o pensamento 
crítico. 
INFLUÊNCIA DE MOVIMENTOS E ESTUDOS 
 René Descartes. Fonte: Wikipedia 
Mecanicismo, a doutrina filosófica do século XVII, pela qual todos os fenômenos se explicam pela 
causalidade; pela discussão dos Racionalistas (tese) e dos Empiristas (antítese) e pela síntese do 
filósofo Immanuel Kant, no século XVIII. 
René Descartes (1596-1650). A publicação relevante para nossa discussão é de 1637: Discurso 
sobre o método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência. 
 Charles R. Darwin. Fonte: Wikipedia 
A Origem das Espécies (1872), livro publicado por Charles R. Darwin (1809-1882), abordou o 
desenvolvimento filogenético das espécies, incluindo a espécie humana. Isso aproxima os seres 
humanos de outras espécies que habitam o planeta em uma corrida por adaptabilidade e 
sobrevivência. Nossa espécie Homo sapiens (homem sábio), com as características morfológicas 
atuais, tem 350 mil anos; as características comportamentais modernas, cerca de 50 mil anos. Essas 
evidências são importantes para a delimitação da Psicologia como ciência e para o movimento do 
Funcionalismo com o estudo do papel adaptativo da consciência, em vez do seu conteúdo. 
EMPIRISMO 
Há vários representantes no movimento conhecido como Empirismo inglês. Destaque para a “mente 
como uma tabula rasa”, na publicação Ensaio Sobre o Entendimento Humano, do filósofo John Locke 
(1632-1704). 
Desde o início da Idade Moderna até a época do Iluminismo, os filósofos especularam sobre o 
funcionamento da mente humana, com o intuito de determinar por meio de quais processos o 
conhecimento é produzido. A ideia de que a faculdade da razão era o que possibilitava o saber não 
javascript:void(0)
era exatamente nova: já na Grécia Antiga e durante a Idade Média atribuía-se à razão essa função. 
No entanto, a compreensão de seu funcionamento ainda representava um desafio. John Locke 
concebeu a mente como uma espécie de folha em branco, ou tabula rasa, onde a experiência 
sensorial deixava suas impressões, assumindo, assim, que não havia pressupostos 
preestabelecidos, tanto para o pensar quanto para o agir. 
Outros pensadores, como René Descartes e Gottfried Leibniz (1646-1716), posicionavam-se de 
maneira diferente em relação à questão, pois, para eles, havia funções da consciência humana que 
não poderiam ser resultado da mera experiência sensorial,como as categorias do pensamento, o 
mecanismo das inferências lógicas, a noção de causalidade e o sentido do propósito. 
Independentemente do mecanismo, para os pensadores iluministas, a especulação precedente abriu 
uma porta para o funcionamento da mente humana que não poderia mais ser fechada. O debate 
sobre o mecanismo racional envolvia desde a ideia de que uma porção “divina” nos oferecia o sentido 
da verdade, do belo e do correto, até uma crítica necessária da “Razão Pura”, empreendida por 
Immanuel Kant. Outros pensadores afirmaram ainda que as ideias deviam seu processo de 
construção às dinâmicas sociais, interpretações e relações do sujeito com o meio. 
Nesse contexto, destaca-se o pensamento dialético de Hegel (1770-1831). O conceito de dialética 
apresentado pelo autor defende que os seres humanos constroem e reconstroem os seus conceitos. 
Seja em expedientes sociais, seja nas concepções artísticas, para Hegel, esse processo deve ser 
descrito como uma espiral constante. 
As sociedades – e os indivíduos que nelas vivem – estão sempre ancorados em teses, naturalizadas 
em seu cotidiano e assumidas como verdadeiras. Entretanto, no processo histórico, essas teses são 
constantemente contrastadas, negadas, enfrentadas, e desse enfrentamento, entre tese e antítese, 
emerge sempre algo novo, uma síntese (por isso espiral), que, posteriormente, será consolidada no 
meio social, tornando-se a tese então vigente. 
 Fonte: Chantal de Bruijne/Shutterstock 
INFLUÊNCIA DA PSICOFÍSICA 
A Psicofísica demarca uma mudança de abordagem. Eventualmente, você pode ler que a 
Psicologia, em sua fundação, rompe com a Filosofia, mas essa afirmação está equivocada. 
javascript:void(0)
PSICOFÍSICA 
Psicofísica é a relação entre um estímulo em seu aspecto físico e a resposta consciente do sujeito. 
Toda ciência precisa de uma base filosófica consistente para operar: a isso chamamos de bases 
epistemológicas. 
EPISTEMOLOGIA 
Filosofia da ciência ou, dependendo do momento histórico, teoria do conhecimento. 
A inovação dos psicofísicos é empregar o método experimental para estudar uma Psicologia 
Sensorial, uma Fisiologia experimental, não romper com o pensamento filosófico, buscando 
evidências empíricas por meio do método experimental e de resultados reprodutíveis. É fundamental 
conseguir dados constantes, não apenas as especulações, induções e deduções filosóficas. 
A teoria da evolução das espécies, os avanços da Fisiologia experimental com os psicofísicos, 
correlacionando nosso aparato sensorial à mente humana, a rigor, aos estados conscientes 
dessas sensações, além do Zeitgeist do século XIX, impulsionaram a criação do primeiro laboratório 
de Psicologia, em 1879, na Alemanha. 
SENSAÇÕES 
Tecnicamente, na Psicologia Científica, as sensações são os nossos sentidos: visão, audição, 
olfação, paladar, tato, propriocepção. Isso se difere da percepção. Enquanto as sensações são 
descritas puramente em termos fisiológicos e por uma linguagem neural (sinapses), as percepções 
são descritas como uma função psicológica. 
 SAIBA MAIS 
Para compreender o plano de fundo e o Zeitgeist do século XIX, é preciso considerar que os métodos 
das ciências naturais estavam em alta, e a Psicologia precisava seguir esse caminho. A Fisiologia 
foi uma resposta possível. O espírito metódico e rigoroso dos pensadores alemães construiu o 
ambiente propício para o desenvolvimento de uma Fisiologia experimental. Aparelhos tecnológicos 
estavam sendo desenvolvidos. Além disso, a influência do Empirismo inglês, que preconizava a 
necessidade de se estudar os sentidos e como estes podem levar ao erro, foi fundamental em um 
contexto social em que havia urgência de se fazer ciência, devido à predominância do espírito 
positivista, que defendia o método experimental. Nesse contexto, o conhecimento científico era 
considerado a via mais segura para se construir um conhecimento verdadeiro. 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
ORIGENS E CIENTISTAS 
No século XX, a medida em Psicologia, ou seja, a mensuração de construtos psicológicos, era, 
basicamente, de natureza cognitiva, por intermédio de testes psicológicos das diferenças individuais. 
Isso quer dizer compreender as particularidades de uma pessoa, por exemplo, mensurando o nível 
de inteligência ou investigando os traços de sua personalidade e correlacionando a dificuldades 
escolares ou ao desempenho em determinada área no mercado de trabalho. 
Na Psicologia, considerando a segunda metade do século XIX, as primeiras medidas não eram de 
natureza psicológica, mas Psicofísicas – uma Psicologia Sensorial. Essa influência da Fisiologia, por 
meio das primeiras medidas Psicofísicas, buscava as regularidades e os padrões da nossa Fisiologia, 
ou seja, o geral, não o particular ou as singularidades. 
SINGULARIDADES 
O que não é padrão, o que se tem de resultado ímpar em uma movimentação que tende a ser 
recorrente. 
WILHELM M. WUNDT (1832-1920) 
Ficou registrado na história como o responsável pelo marco fundante da Psicologia Científica. 
Foi esse pesquisador que, em 1879, delimitou em seu laboratório, fundado na Universidade de 
Leipzig, na Alemanha, o Psychologische Institut (Instituto Psicológico). 
 https://commons.wikimedia.org/Wilhelm M. Wundt 
Outros psicofísicos precederam o primeiro laboratório de Psicologia e trabalharam juntos (ou 
separados) a Wundt. Lembre-se de que uma ciência não se desenvolve no vácuo, mas em 
um continuum de acúmulo de conhecimento e tecnologia. Os psicofísicos estavam abrindo as 
portas para uma Psicologia Científica, e Wundt era um deles. Eles concordavam entre si e/ou se 
criticavam. Acertaram e erraram. Mas sempre persistiram. 
ERNST WEBER (1795-1878) 
Desenvolveu estudos para discriminar a distância tátil perceptível entre dois pontos (limiar de dois 
pontos), ou seja, a relação de uma estimulação física (sensação) e uma percepção (mental). 
javascript:void(0)
 https://commons.wikimedia.org/Wilhelm M. Wundt 
GUSTAV THEODOR FECHNER (1801-1887) 
Fechner disputa com Wundt o título de pioneiro da Psicologia Experimental e da própria Psicologia, 
embora suas primeiras contribuições para as ciências tenham se desenvolvido nos campos da 
matemática e da física. Posteriormente, devido a uma crise pessoal e influenciado pelo filósofo 
alemão Friedrich Schelling (1775-1854), passou a interessar-se por questões psicológicas e 
religiosas. 
 https://commons.wikimedia.org/Gustav Theodor Fechner 
De acordo com sua concepção de Paralelismo Psicofísico, as realidades física e psíquica não 
estariam em oposição, mas constituiriam aspectos de uma mesma realidade essencial. Fechner 
demonstrou que o mundo mental e o mundo material estão relacionados quantitativamente; e que se 
pode medi-los. 
HERMANN VON HELMHOLTZ (1821-1894) 
Foi pioneiro em medir a velocidade do impulso nervoso, de uma estimulação sensorial tátil até a 
resposta, ou seja, o movimento motor resultante. Para a Psicologia, isso foi importante na ideia de 
que o pensamento e o movimento se seguem um ao outro, e o intervalo entre um pensamento e um 
movimento resultante poderia ser medido. 
 https://commons.wikimedia.org/Hermann von Helmholtz 
Esses estudos, inovadores na época, foram gradualmente encorajando Wundt a conseguir os 
recursos e o espaço necessários para fundar um Instituto de Psicologia na Universidade de Leipzig. 
Antes desses estudos, a mente humana era abordada apenas pelos argumentos filosóficos, 
fundamentais, mas incapazes de demonstrar como a mente funciona e/ou se estrutura em aspectos 
fisiológicos. 
 https://en.wikipedia.org/ Wilhelm Wundt (sentado) com colegas em seu laboratório 
psicológico, o primeiro desse tipo. 
Wundt prosseguiu usando o método experimental, mas diferentemente de seus antecessores e 
contemporâneos, estava mais focado em delimitar o campo da nova ciência (Psicologia) e o seu 
objeto de estudo (consciência). Buscou definir a consciênciae descrever o caráter de seus elementos 
básicos. A maneira de estudá-la foi a introspecção, ou seja, a observação da experiência consciente. 
Uma forma de auto-observação guiada. O exame do próprio estado mental. Mas negou que a 
Psicologia seria capaz de estudar funções superiores. 
Alguns pesquisadores seguiram Wundt, mas outros o contestaram, desenvolvendo uma Psicologia 
não wundtiana: 
Hermann Ebbinghaus (1850-1909) estudou a aprendizagem e memória (funções superiores). 
Franz Brentano (1838-1917) fez uma distinção entre o conteúdo mental e a atividade mental. 
Muitos cientistas somaram esforços para delimitar esse campo de estudo no século XIX e essa nova 
Psicologia resultou em duas escolas: o Estruturalismo e o Funcionalismo. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. ESTUDAMOS EVENTOS HISTÓRICOS QUE ESTÃO NO ALICERCE DA PSICOLOGIA COMO 
UMA CIÊNCIA E UMA PROFISSÃO. QUAIS CUIDADOS DEVEMOS TER, PARA ESTUDAR 
DETERMINADO CONTEÚDO DA NOSSA HISTÓRIA, PARA TORNÁ-LO ÚTIL E SIGNIFICATIVO 
NO TEMPO PRESENTE: 
Considerar o Zeitgeist e usar do conhecimento do senso comum para dar sentido em minha vida 
cotidiana. 
Usar o método filosófico para evitar as falácias do conhecimento e o método científico para coletar 
evidências. 
Usar o método filosófico para, por meio da razão, desenvolvermos o conhecimento científico. 
Todo ponto de vista é a vista de um ponto. O método científico nem sempre trará um resultado para 
a Psicologia, como uma ciência e uma profissão, por causa dos erros e das pseudociências. 
2. A PSICOLOGIA CIENTÍFICA É DO SÉCULO XIX E ROMPE COM A FILOSOFIA PARA 
DELIMITAR-SE COMO UMA CIÊNCIA. EVENTO QUE É UM MARCO DE 1879 COM WUNDT 
FUNDANDO O PRIMEIRO LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA EXPERIMENTAL. ANALISE ESSA 
AFIRMAÇÃO E RESPONDA: 
Afirmativa correta. A Psicologia deixa de ser estudada pela Filosofia e passa a ser investigada pelo 
método científico. 
Afirmativa correta. Por uma exigência do positivismo, a Psicologia abandona a Filosofia. 
Afirmativa errada. A Psicologia Científica, como a conhecemos, foi fundada no século XX por 
Titchener nos Estados Unidos da América. 
Afirmativa errada. A Psicologia Científica amplia a abordagem dos fenômenos psicológicos pelo 
método experimental, mas não rompe com a Filosofia. 
GABARITO 
1. Estudamos eventos históricos que estão no alicerce da Psicologia como uma ciência e uma 
profissão. Quais cuidados devemos ter, para estudar determinado conteúdo da nossa 
história, para torná-lo útil e significativo no tempo presente: 
A alternativa "B " está correta. 
Ao ler sobre esses eventos e essas ideias, é natural interpretá-los a partir de determinado ponto de 
vista e, eventualmente, compará-los ao tempo presente e ao meu sistema de crenças que vai julgar 
o certo e o errado, tipicamente, pelas ideias do senso comum. Mas, em ciência, usamos o método 
filosófico para delimitar as bases epistemológicas e o método científico para colher as evidências. 
2. A Psicologia Científica é do século XIX e rompe com a Filosofia para delimitar-se como uma 
ciência. Evento que é um marco de 1879 com Wundt fundando o primeiro laboratório de 
Psicologia Experimental. Analise essa afirmação e responda: 
A alternativa "D " está correta. 
Toda ciência, para operar, necessita dos argumentos filosóficos para delimitar o seu campo de 
estudo e os seus métodos. Chamamos isso de bases epistemológicas. 
MÓDULO 2 
 
Identificar os movimentos da Psicologia do século XX 
ESTRUTURALISMO 
Na transição do século XIX para o início do século XX, a Psicologia alcançou visibilidade nas 
universidades dos Estados Unidos e da Europa, notadamente na Alemanha, e o ritmo de seu 
desenvolvimento foi marcado pelos movimentos do Estruturalismo e do Funcionalismo. 
 Fonte: https://pt.wikipedia.orgEdward B. Titchener 
Em 1896, nos Estados Unidos, o britânico Edward B. Titchener (1867-1927), discípulo de Wundt, 
divulgou um projeto diferente do de seu professor, em termos epistemológicos. 
Titchener e seus colaboradores identificaram mais de 40 mil qualidades e sensações, e afirmavam 
que cada elemento era consciente e poderia ser combinado para formar percepções e ideias. Esses 
elementos eram determinados pela qualidade, intensidade, duração e nitidez. 
Todos os processos conscientes e perceptuais poderiam ser reduzidos a esses elementos que, em 
última análise, são os átomos do pensamento. 
O reducionismo de chegar ao átomo do pensamento era uma exigência do Zeitgeist – aproximar a 
Psicologia das ciências naturais e do espírito positivista. 
Titchener treinou vários observadores a descrever o seu estado consciente em vez de descrever o 
estímulo, por intermédio de uma introspecção experimental sistemática. 
O pesquisador criticava que, até então, os instrumentos de medida da Fisiologia experimental 
aplicados à Psicologia, como taquistoscópio e o cronoscópio, eram mais importantes do que o próprio 
observador. Por isso, havia a urgência em treiná-los para empregar a introspecção. 
 Fonte: www.grahamfoundation.orgEdward B. Titchener, Um fantasma do curso das 
fibras no cérebro humano, 1895, Photographic Album on Psychological Instruments, EUA. 
 Fonte: Nikita/Shutterstock 
EXERCÍCIO 
O que você vê? Uma maçã? Resposta errada. Um objeto vermelho? Resposta errada. Analise suas 
sensações e descreva essa percepção, detalhando sua experiência consciente. A diferença entre 
luz e sombra, de tons, intensidade, duração e nitidez dessa experiência consciente. Pois é, não é 
fácil compreender a introspecção experimental sistemática. 
FUNCIONALISMO 
O norte-americano William James (1842-1910) publicou, em 1890, o texto Princípios da Psicologia, 
que se transformou nas bases do Funcionalismo nos Estados Unidos no século XX. Ele foi um 
representante da escola do pragmatismo e do Funcionalismo. James não estava interessado nos 
átomos do pensamento, mas na experiência imediata que um objeto impunha à consciência, ou 
seja, um fenômeno. Suas principais teorias são os estudos sobre a emoção, sua origem e função, 
com grande impacto para a Psicologia no século XX. 
 Fonte: Autor/ShutterstockForte em Saint Tropez ao por do sol 
James acreditava que uma alteração fisiológica no organismo levaria a uma emoção, ideia que foi 
corroborada em um estudo independente pelo fisiologista Carl G. Lange (1834-1900), psicólogo 
dinamarquês. 
Na perspectiva desses autores, não experimentamos uma emoção se não houver uma alteração 
fisiológica no organismo. Assim, o corpo reagiria de modo diverso aos eventos ambientais 
causadores de emoções, e as experiências emocionais nada mais seriam do que uma tentativa de 
dar sentido à alteração no organismo. 
EXEMPLO 
Se você escuta um barulho muito alto, como uma explosão, esse evento ambiental vai aumentar seu 
batimento cardíaco, causar sudorese, respiração mais rápida e curta, e o resultante disso é sua 
percepção de medo. Essa é a teoria James-Lange para explicar uma emoção. 
Os funcionalistas sofreram influência da teoria da evolução das espécies e estavam mais 
interessados no papel adaptativo da consciência, dos hábitos, da emoção, ou seja, em suas 
respectivas funções. Para os funcionalistas, isso era mais válido e pragmático do que investigar o 
conteúdo da consciência em termos estruturais. 
PRAGMATISMO 
Doutrina da Filosofia que define os critérios de utilidade do conhecimento. 
No início do século XX, entre 1901 e 1913, a Psicologia norte-americana vivenciou o debate, muitas 
vezes, fundamentalista e não amistoso, entre estruturalistas e funcionalistas. Na Europa, 
observamos outras discussões. 
A HISTÓRIA EM PERSPECTIVA 
 Fonte: https://pt.wahooart.comA Marcha da Humanidade, por David 
Alfaro Siqueiros. 
Nesse pequeno espaço, é difícil contar tudo o que acontecia na Europa e nos Estados Unidos, pois 
existiam intercâmbios e influência mútua, mas é uma escolha didática destacar aquilo que era mais 
evidente nessas localidades. 
Igualmente difícil é narrar todas asinfluências, perspectivas e os acontecimentos que tiveram 
impacto na formação da Psicologia como ciência entre 1879 e o fim do século XX, pois a proposta 
deste tema é dar uma visão panorâmica. 
[...] A CABEÇA PENSA A PARTIR DE ONDE OS PÉS PISAM [...] 
(BOFF, 1999) 
Antes de prosseguirmos, vamos analisar o que se desenvolveu ao longo do século XX, por influência 
da Psicologia do século XIX. 
javascript:void(0)
 
UMA HISTÓRIA À PARTE 
A Psicanálise é uma história à parte da Psicologia, mas que exerce grande influência nos psicólogos, 
pedagogos, médicos psiquiatras, neurocientistas, entre outros interessados no estudo das funções 
psicológicas humanas. 
Erros de tradução colocam Sigmund S. Freud (1856-1939), em certos livros, como um teórico do 
instinto, mas isso está equivocado. A palavra instinto não se aplica a Freud, pois ele não usou o 
termo Instinkt (instinto, em alemão). Para os seres humanos, ele usou Trieb, traduzido como impulso 
ou pulsão. 
 Fonte: https://commons.wikimedia.orgkSigmund S. Freud 
Freud também apresenta sua teoria sobre o desenvolvimento psicossexual (fase oral, anal, fálica, 
período de latência, genital). Lembra-se de quando abordamos o tópico perspectiva e Zeitgeist? 
Nesse aspecto, do desenvolvimento psicossexual, a Psicanálise é mal compreendida por leigos e 
pelo senso comum. 
ATENÇÃO 
Não reproduza esses enganos, mas busque compreender a perspectiva do autor. 
De maneira geral, uma teoria do impulso, como compreensão do funcionamento humano, concentra-
se em explicar como o nosso comportamento mantém o organismo em equilíbrio. A experiência 
psicológica de um desequilíbrio interno seria um impulso, ou seja, o “energizador” do 
comportamento. 
Por exemplo, a sede é um desconforto psicológico para a necessidade de ingestão de líquidos. 
As teorias do impulso explicam comportamentos e são focadas nas causas, em nosso 
funcionamento interno, na Fisiologia e/ou na estrutura da nossa mente. Não é incomum 
compararmos a proposta libidinal (Energia mental) de Freud com um sistema hidráulico. Imagine 
uma caixa de água sendo abastecida: se a boia da caixa falhar, a água escorrerá por um mecanismo 
de escape para fora da casa, um meio simples de segurança para sua casa não ser inundada pela 
água. 
Vamos descrever com essa analogia o funcionamento da mente humana na perspectiva desse autor: 
à medida que os impulsos corporais acumulam energia (por analogia, a água de nosso sistema 
hidráulico), a experiência psicológica resultante é um aumento da ansiedade, um desconforto 
psíquico. Então, é preciso proteger, por meio de um mecanismo de escape (como aquele presente 
na caixa-d’água), nossa saúde física e mental (para evitar a inundação de nossa residência). 
Freud descreverá minuciosamente esses mecanismos de defesa. Ele elenca três estruturas do 
aparato psicológico humano que vivem em uma interação dinâmica e, digamos, medindo forças: 
 https://www.wikiart.org 
A girafa ardente, por Salvador Dalí 
Id (evita a dor e maximiza o prazer). 
 https://www.wikiart.org 
Figura Clássica e Cabeça (inacabada), por Salvador Dalí 
Ego (o aspecto racional da personalidade). 
 https://www.wikiart.org 
A Madonna de Port Lligat, por Salvador Dalí 
Superego (a introjeção da moral da sociedade em nossa estrutura de personalidade). 
O Id, como uma estrutura psíquica inata, é regido pelo princípio do prazer e pela busca da satisfação 
imediata; representa, por analogia, a pressão da água que chega à nossa caixa. Essa pressão é 
constante e buscamos objetos que sejam capazes de satisfazer o desconforto psíquico. Como não 
podemos atender às pressões mais primitivas em busca do prazer, devido à ação do Superego e 
dos mecanismos de defesa, eventualmente, adoecemos, pois não podemos buscar os objetos que, 
de fato, desejamos. Esse adoecimento, muitas vezes, não apresenta os motivos para consciência 
(para o ego). 
A produção intelectual da Psicanálise, inicialmente, foi direcionada para a saúde mental e para o 
tratamento clínico de enfermidades mentais. Uma inovação para a época. Durante o século XX, a 
Psicanálise foi empregada de maneira mais ampla para compreender diversas manifestações 
humanas, uma vez que se constitui como uma teoria da personalidade e do desenvolvimento 
humano. Pode ser aplicada na Psicopedagogia, na Psicoterapia, na Educação, na Saúde e para 
práticas institucionais e comunitárias. 
A Psicanálise sofreu algumas variações, ao longo do século XX, nas mãos de outros autores que 
discordaram de certos aspectos da abordagem de Freud e/ou ampliaram algo que anteriormente não 
tinha sido abordado ou aprofundado. 
Para encerrar esse tópico, falaremos sobre Carl Gustav Jung, cuja teoria dos tipos psicológicos é 
amplamente utilizada como orientação profissional, no levantamento do estilo de aprendizagem de 
uma pessoa e seus interesses; isso pode ser utilizado no planejamento de projetos educacionais, 
bem como na seleção de pessoas em recursos humanos. 
 https://de.wikipedia.orgCarl Gustav Jung 
Carl Gustav Jung (1875-1961) foi um discípulo de Freud, mas romperam relações por divergências 
teóricas. O seu sistema é conhecido como Psicologia Analítica que é aplicada na psicoterapia, em 
saúde mental e na avaliação da personalidade. A tipologia de Myers-Briggs (classificação tipológica 
de Myers-Briggs) é um instrumento padrão-ouro para avaliação da personalidade (MBTI). Outro teste 
que é amplamente utilizado no Brasil é o Questionário de Avaliação Tipológica (QUATI). Ambos 
os recursos são de uso restrito do psicólogo e da psicóloga. 
 Fonte: https://pt.wikipedia.orgSigmund Freud, Stanley Hall, Carl Gustav Jung, 
Abraham Arden Brill, Ernest Jones e Sándor Ferenczi em fotografia de 1909. 
No Brasil, o uso e a comercialização de testes psicológicos são restritos aos profissionais da 
Psicologia com inscrição ativa em um conselho regional de Psicologia. Existem questões técnicas 
e psicométricas delicadas para garantir a correta utilização e fazer inferências corretas sobre a 
população brasileira. 
PSICOMÉTRICAS 
Trata-se do embasamento para a medida em Psicologia. 
BEHAVIORISMO (COMPORTAMENTALISMO) 
O Behaviorismo, também conhecido como Comportamentalismo, tem como objeto de estudo a 
análise científica dos comportamentos humano e animal. 
Busca descrever as circunstâncias relevantes para que um comportamento seja instalado no 
repertório comportamental de uma pessoa e o que é preciso para modificar esse comportamento, 
quando necessário. 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Desse modo, é possível evidenciar por que determinada pessoa se comporta dessa ou daquela 
maneira, os motivos de alguma decisão, e prever e alterar os possíveis comportamentos futuros. 
Nenhum sistema teórico, ou perspectiva psicológica, como vimos, surge em um vácuo, mas pelo 
acúmulo de conhecimento e pelo avanço da tecnologia. O Behaviorismo foi um protesto contra a 
Psicologia Wundtiana, a consciência como objeto de estudo e a introspeção como um método. 
BEHAVIORISMO 
Behaviorismo é um neologismo, criação de uma nova palavra a partir de outra já 
existente. Behavior (inglês) = comportamento. 
ORIGEM DO BEHAVIORISMO 
Em 1913, John Broadus Watson publicou o artigo A Psicologia como um behaviorista a vê, no qual 
expõe os principais posicionamentos científicos da Psicologia Comportamental. Watson propõe 
defini-la como uma ciência do comportamento, já que esta é fisicamente observável: é possível ver 
as pessoas andarem, comerem, conversarem, mas é difícil observar seus pensamentos e 
sentimentos. Vamos ver um exemplo. 
Podemos dizer que comemos porque sentimos fome. Você já parou para pensar nos eventos que 
fazem parte dessa contingência, ou seja, da probabilidade de um evento ser causado por outro 
evento? 
JOHN BROADUS WATSON 
John Broadus Watson (1878-1958) foi um cientista que fez conferências em que rejeitava as 
abordagens estruturalistas e funcionalistas e afirmava oabandono de métodos introspectivos. Inseriu 
a Psicologia como uma ciência que deveria ter um objeto natural e aplicações práticas para melhorar 
a qualidade de vida das pessoas. Estudou os reflexos aprendidos e as reações emocionais básicas 
(incondicionadas – medo, raiva, amor) e complexas (condicionadas). 
 autor/shutterstock 
MOMENTO 1 
Podemos dizer que houve um período de privação de comida. 
javascript:void(0)
 autor/shutterstock 
MOMENTO 2 
Durante essa privação, os processos associados à homeostase causam a sensação de fome 
materializada na consciência através de pensamentos sobre comida e/ou estratégias para saciar a 
fome (ir a uma lanchonete ou fritar um ovo na cozinha). 
 autor/shutterstock 
MOMENTO 3 
Com a sensação, você se dirige à cozinha, para fritar um ovo ou outro alimento de sua preferência, 
ou vai até uma lanchonete, e come. 
HOMEOSTASE 
Processo fisiológico que faz a manutenção da vida e busca o equilíbrio interno no organismo; por 
exemplo, a experiência na consciência de sede e fome é resultado de processo homeostático. 
Os momentos 1 e 3 podem ser observados diretamente. O momento 2 é encoberto aos olhos de um 
observador externo e só pode ser descrito pela introspecção, mas esse método é falho, na medida 
em que dois ou mais introspectistas podem experimentar ideias diferentes a respeito do fato. 
Essa é uma crítica feita pelos funcionalistas para os estruturalistas, embora os funcionalistas tenham 
continuado com a introspecção até o manifesto behaviorista de 1913. 
Os introspectistas, pela Psicologia Wundtiana, tratariam o momento 2, a sensação de fome, como a 
causa do momento 3, o comportamento de comer. Essa é a base do pensamento mentalista ingênuo, 
crítica feita pelos behavioristas: “como, porque sinto fome”. Se a fome é resultado da privação de 
comida, pode-se desconsiderar a causa mental, os pensamentos, a sensação, porque não é possível 
estudar os eventos só acessíveis pela introspecção. 
A tese do Behaviorismo é se preocupar somente com os fatos naturais, facilmente mensuráveis. 
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) recebeu influência de Watson e Thorndike e estabeleceu a 
distinção entre o Behaviorismo radical e o metodológico, além de descrever a aprendizagem por 
contingência (probabilidade de um evento ser causado por outro; relação entre eventos ambientais). 
javascript:void(0)
 Fonte: https://commons.wikimedia.orgBurrhus Frederic Skinner 
Skinner buscava descrever contingências, como elas ocorrem e são mantidas. O Behaviorismo 
apresenta protocolos interessantes para o manejo do comportamento na escola, nas organizações 
etc. Na perspectiva desse autor, o cérebro é um depositário de contingências, ou seja, armazena 
nossas experiências e os padrões do nosso repertório comportamental. 
As ideias essenciais de Skinner são reveladas em algumas frases: 
SEJA INATO OU ADQUIRIDO, O COMPORTAMENTO É SELECIONADO POR SUAS 
CONSEQUÊNCIAS. (SKINNER, 1983, p.155) 
UM EU OU UMA PERSONALIDADE É, NA MELHOR DAS HIPÓTESES, UM REPERTÓRIO DE 
COMPORTAMENTO PARTILHADO POR UM CONJUNTO ORGANIZADO DE CONTINGÊNCIAS. 
(SKINNER, 1974, p.130) 
O COMPORTAMENTO É UMA FUNÇÃO CONJUNTA DE CONTINGÊNCIAS FILOGENÉTICAS, 
AQUELAS QUE OPERAM NOS AMBIENTES ANCESTRAIS DURANTE A EVOLUÇÃO DE UMA 
ESPÉCIE, E DE CONTINGÊNCIAS ONTOGENÉTICAS, AS QUE OPERAM DURANTE A 
INTERAÇÕES DE UM ORGANISMO COM SEU AMBIENTE, DURANTE SUA PRÓPRIA VIDA. 
(SKINNER, 1966) 
 
PSICOLOGIA DA GESTALT 
A Psicologia da Gestalt é uma importante perspectiva da Psicologia. Foi crítica à Psicologia 
Wundtiana; à Lei do Efeito, de Thorndike (1874-1949), nos Estados Unidos; e à Psicologia do 
Reflexo, de Pavlov (1849-1936), na Rússia. 
PSICOLOGIA DA GESTALT 
Não confunda com Gestalt terapia, pois são movimentos diferentes. 
As principais personalidades desse movimento foram: Max Wertheimer (1880-1943); Kurt Koffka 
(1886-1941); Wolfgang Köhler (1887-1967). 
Os gestaltistas aceitavam o objeto de estudo da Psicologia Wundtiana, a consciência, mas negavam-
se a aceitar que o seu estudo acontecesse pela busca de seus elementos. Nesse aspecto, 
concordavam com a crítica que William James estabeleceu aos estruturalistas. 
De certo modo, a Psicologia da Gestalt foi um movimento funcionalista, mas ao estilo alemão; foi 
influenciada pela Filosofia de Immanuel Kant (1724-1804), e de Franz Brentano e pelo movimento 
fenomenológico alemão. 
javascript:void(0)
Max Wertheimer foi o precursor da Psicologia da Gestalt, sendo o principal fundador desse 
movimento. Em 1912, descreveu o movimento Phi, um fenômeno que demonstrou as propriedades 
da percepção humana e serviu de base para a tese inicial da Gestalt se opor a outros sistemas 
teóricos. 
 Fonte: https://pt.wikipedia.org 
MOVIMENTO PHI 
No fenômeno Phi, uma sequência de imagens foi apresentada, na época, por um taquistoscópio, 
com um intervalo de tempo de 60 milissegundos, dando a ilusão que era a mesma imagem se 
movimentando. 
Ao demonstrar uma ilusão, ou seja, um movimento aparente, os gestaltistas constataram que a 
consciência, a percepção do movimento, não poderia ser analisada a partir dos seus elementos 
sensoriais, premissa da Psicologia de Wundt. 
Como o movimento aparente não é real, não possui os dados sensoriais concretos de um movimento. 
A Psicologia da Gestalt também criticou a ideia de que a percepção seria a soma de elementos 
básicos, tese atomista defendida por Wundt. Os cientistas defendiam que uma percepção não 
dependia de processos mentais superiores ou de aprendizagem, mas os dados da percepção 
estavam presentes no próprio estímulo apreendido pela percepção, em um todo, não no somatório 
de partes elementares. 
Assista a um vídeo sobre o tema Gestalt e seu desenvolvimento. 
A TERCEIRA FORÇA DA PSICOLOGIA: HUMANISMO 
O Humanismo é um movimento, uma perspectiva teórica da Psicologia, do início da década de 
1960. 
Todas as perspectivas analisadas até aqui têm por base uma doutrina filosófica – o Determinismo, 
ambiental no caso do Behaviorismo, psíquico no caso da Psicanálise; os movimentos anteriores 
recebiam uma influência muito grande da Fisiologia e do Determinismo biológico. 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
DETERMINISMO 
Segundo essa perspectiva, eventos ordenados podem ser explicados por leis simples. Da mesma 
maneira, eventos psicológicos e/ou comportamentais são regidos por essas leis (propriedades). 
O Humanismo evidencia outra doutrina filosófica: o livre-arbítrio, que preconiza que as pessoas 
dirigem seus atos de modo consciente, independentemente de determinações psíquicas, cognitivas 
ou ambientais. O objeto de estudo do Humanismo não é a consciência ou o comportamento, 
tampouco a percepção, mas os interesses e valores humanos. Os humanistas se opunham ao 
mecanicismo e ao materialismo da cultura ocidental da época. 
As escolas com as quais os humanistas rivalizavam eram o Behaviorismo e a Psicanálise; criticavam 
que os dois sistemas ofereciam uma visão da natureza humana limitada e depreciativa. 
Entre muitas influências, destacamos Gordon Allport (1897-1967), com o livro A natureza do 
preconceito, de 1954. Allport utilizou a expressão Humanismo de forma pioneira, em 1930. 
 Fonte: https://www.psychologicalscience.org Gordon Allport 
Além de Allport, as principais referências da terceira força da Psicologia são: Kenneth B. Clark (1914-
2005), militante dos direitos civis e representante do Zeitgeist da época – mesmo que não associado 
diretamente ao movimento do Humanismo; Abraham Maslow (1908-1970); Carl Rogers (1902-1987). 
Abraham Harold Maslow foi um precursor do movimento da Psicologia Humanista. Defendia a 
capacidade de autorrealização de cada pessoa e criou a famosa pirâmide de necessidades. Embora 
seja uma teoria muito criticada dentro da Psicologia e careça de evidências para generalizar diversas 
populações, é amplamente utilizada, principalmente, em treinamentos para o desenvolvimento de 
pessoas.Fonte: https://en.wikipedia.org Abraham Harold Maslow 
Na perspectiva desse autor, todos temos tendência a buscar uma realização pessoal, que só é 
alcançada quando atingimos as prioridades dos degraus da pirâmide, da base para o topo. A ideia 
da hierarquia é criticada, sem dúvida temos necessidades que são fisiológicas, psicológicas e sociais. 
 
Pirâmide de Maslow 
Pesquisas que buscaram evidências da hierarquia em cinco níveis, em amostras mais amplas de 
pessoas, sugerem que é coerente pensar em apenas dois níveis que são necessidades por 
deficiência e necessidade por crescimento. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. ESTUDAMOS INÚMEROS SISTEMAS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA, QUE SURGIRAM POR 
DIVERGÊNCIAS DO OBJETO DE ESTUDO E DO MÉTODO EMPREGADO PARA ESTUDÁ-LO. 
DAS ALTERNATIVAS ABAIXO, IDENTIFIQUE AQUELA QUE CARACTERIZA O 
BEHAVIORISMO. 
Busca da objetividade do método científico, abandonando a introspecção, para compreender como 
os conteúdos mentais influenciam comportamentos. 
Busca da compreensão das motivações humanas e dos comportamentos de autorrealização. 
Uso da observação sistemática e do método experimental para descrever as circunstâncias em que 
um comportamento ocorre e modificá-lo, se necessário. 
Estudo da percepção humana, de suas propriedades e análise do comportamento pela 
reestruturação do campo perceptual. 
2. A FRASE “O TODO É MAIS IMPORTANTE QUE O SOMATÓRIO DAS PARTES” EXPRESSA 
UMA REFLEXÃO QUE NOS É DADA PELA PSICOLOGIA DA GESTALT, NO ESTUDO DA 
CONSCIÊNCIA E DA PERCEPÇÃO. ANALISE AS SENTENÇAS ABAIXO E IDENTIFIQUE 
AQUELA QUE MELHOR EXPRESSA OS ARGUMENTOS QUE DEFENDEM ESSA IDEIA. 
Evidências de um experimento que demonstrou que um movimento aparente não era real e que não 
podia ser compreendido por teses atomistas, pois o fenômeno simplesmente acontecia e não podia 
ser explicado, mas era apreendido pela consciência. 
O fenômeno Phi demonstrava os átomos da percepção consciente do movimento. Tal fenômeno 
demonstrou que o movimento como um todo é mais importante e pode ser percebido pela 
consciência pela apresentação sucessiva de estímulos a 60 milissegundos. 
Descrevendo em detalhes o estado consciente em vez de descrever o estímulo, do movimento Phi, 
ou movimento aparente, por meio de uma introspecção experimental sistemática, que era um método 
falho na perspectiva gestaltista. 
A Psicologia da Gestalt amplia a abordagem dos estruturalistas pelo método experimental, 
demonstrando como podemos analisar comportamentos estudando contingências. 
GABARITO 
1. Estudamos inúmeros sistemas teóricos da Psicologia, que surgiram por divergências do 
objeto de estudo e do método empregado para estudá-lo. Das alternativas abaixo, identifique 
aquela que caracteriza o Behaviorismo. A alternativa "C " está correta. 
O Behaviorismo refuta o estudo da mente humana, rompe com o modelo da Psicologia Wundtiana e 
elege o comportamento observável como objeto de estudo. 
2. A frase “O todo é mais importante que o somatório das partes” expressa uma reflexão que 
nos é dada pela Psicologia da Gestalt, no estudo da consciência e da percepção. Analise as 
sentenças abaixo e identifique aquela que melhor expressa os argumentos que defendem 
essa ideia. A alternativa "A " está correta. 
O experimento do movimento aparente (fenômeno Phi) apresentou uma ilusão, que demonstrou que 
uma percepção consciente não poderia ser descrita por um dado sensorial, uma vez que o 
movimento não era real, mas ilusório. 
MÓDULO 3 
 
Examinar o marco histórico, os conceitos fundamentais e os métodos da Psicologia Cognitiva 
INTRODUÇÃO 
A Psicologia Cognitiva traduz, em essência, o que é a ciência psicológica. Percorrer a história da 
Psicologia é uma viagem fantástica. Sabe o porquê? Tudo é cognição. 
 Cérebro e as funções cognitivas 
Sabemos que essa afirmação, por hora, talvez não faça muito sentido. No entanto, a partir de agora 
é importante você se lembrar da diferença entre a Psicologia do senso comum e a Psicologia 
científica. Vamos analisar alguns exemplos? Pense nos seguintes eventos da vida, que são 
psicológicos: 
 Fonte: Freepik 
A DOR 
 Fonte: Freepik 
A TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL 
 autor/shutterstock 
A DEPRESSÃO PÓS-PARTO 
O senso comum, quando utiliza a expressão “é psicológico”, tipicamente está fazendo menção a algo 
que é inventado e/ou uma frescura e/ou que podemos mudar se tivermos força de vontade. Força de 
vontade não é um construto que explica um comportamento motivado – essa é uma visão equivocada 
do senso comum. Vamos aprender que tudo é psicológico do ponto de vista da Psicologia Cognitiva 
javascript:void(0)
(científica). Você já parou para analisar algo a seu respeito, por exemplo, sobre seu estilo cognitivo? 
Pare agora por alguns minutos e pense sobre você. 
CONSTRUTO 
Objeto de estudo da psicologia enquanto uma ciência e uma profissão. 
Um construto psicológico é um conceito ideativo, hipotético, com uma finalidade científica 
predeterminada. Por exemplo, personalidade, cognição e resiliência são construtos psicológicos. 
Uma auto análise sobre o estilo cognitivo 
Agora vamos refletir sobre alguns dos exemplos que vimos: 
 Freepik 
Por que algumas pessoas, diante de alguns eventos, alteram seu humor – por exemplo, na tensão 
pré-menstrual – e outras não? 
 Freepik 
Por que alguns eventos resultam em depressão em algumas pessoas e em outras não? Já tentou 
refletir sobre a depressão pós-parto? Todas as mulheres ficam deprimidas depois de darem à luz? 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Você já parou para pensar por que algumas pessoas relatam serem felizes e gozar de bem-estar e 
outras pessoas não, mesmo quando as circunstâncias (o meio) estão favoráveis? O que é felicidade? 
O que é bem-estar e qualidade de vida? Lembra-se da proposta de viajar pela história da Psicologia 
para entender que tudo é psicológico, tudo é cognição? Vamos lá! 
CONCEITO E PRINCÍPIOS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 
A Psicologia Cognitiva pode ser definida como uma área de conhecimento que analisa os processos 
internos implicados na forma como as pessoas extraem sentido do ambiente – interno (fisiológico) e 
externo (cultura) – e decidem quais ações são apropriadas. Estuda a atividade e a estrutura do 
cérebro para compreender a cognição e o comportamento humano. 
 
Cérebro humano e a cognição. Fonte: Freepik.Fonte: Freepik. 
A investigação dos processos cognitivos inclui: 
 Fonte: Flaticon - ATENÇÃO 
 Fonte: Flaticon - PERCEPÇÃO 
 Fonte: Flaticon - APRENDIZAGEM 
 Fonte: Flaticon - MEMÓRIA 
 Fonte: Flaticon - MOTIVAÇÃO 
 Fonte: Flaticon - LINGUAGEM 
 Fonte: Flaticon - RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 
 Fonte: Flaticon - RACIOCÍNIO 
 Fonte: Flaticon - PENSAMENTO 
ATENÇÃO 
O pensamento é a “cereja do bolo” da Psicologia Cognitiva, principalmente clínica. 
Existe diferença entre a Psicologia Cognitiva aplicada à clínica, seus métodos e objetos de estudo, 
e a Psicologia Cognitiva enquanto um sistema teórico da Psicologia. A perspectiva teórica vai 
explicar o psicológico como um todo, definir e descrever os processos cognitivos, por exemplo. 
Gradualmente, ao longo desta leitura, você compreenderá melhor essa distinção. 
Existem processos psicoterapêuticos que podem atuar no manejo da dor, da irritabilidade, da 
angústia, da ansiedade etc. Mudar determinado padrão de comportamento, determinado padrão 
cognitivo (um perfil cognitivo) – obviamente quando necessário e desejado –, porém, exige 
investimento e engajamento da pessoa no processo de mudança, que pode ser conduzido, por 
exemplo, em uma terapia cognitivo-comportamental. 
Tudo é psicológico, e chamamos esse tipo de trabalho de reestruturação cognitiva, ou seja, ensinar 
uma pessoa a reinterpretar eventos e utilizar essas informações para motivar comportamentos mais 
adaptados e funcionais em suas vidas, ou seja, buscar qualidade de vida e bem-estar. 
TUDO É PSICOLÓGICO 
Para Sternberg (2016), a Psicologia Cognitiva é o estudo de como aspessoas percebem, aprendem, 
lembram-se de algo e pensam sobre informações. Podemos descrever as áreas do cérebro ativas 
na percepção, no aprendizado, na lembrança e no pensamento. A Psicologia Cognitiva vai 
estabelecer como tais informações são CODIFICADAS, INTERPRETADAS E UTILIZADAS. 
javascript:void(0)
Dito de outra forma, a reestruturação cognitiva significa: 
 Fonte: Unsplash 
Ensinar a pensar diferente sobre si próprio (o eu, o ego). 
 Fonte: Unsplash 
Ensinar a pensar diferente sobre o mundo (as pessoas e os acontecimentos) 
 Fonte: Unsplash 
Ensinar a pensar diferente sobre o futuro. 
Esses três fatores compõem a tríade cognitiva, na expressão teórica do autor da Psicologia clínica 
Aaron Beck (2013). 
RESUMINDO 
A Psicologia estuda como o indivíduo dá significado ao ambiente, a partir dos seus processos 
internos, permitindo a sua ressignificação. 
Você deve estar dizendo “certo, entendi tudo”, mas, afinal, o que é interpretar e decidir? A forma 
como decidimos as ações que são apropriadas e/ou simplesmente como agimos, nos comportamos 
e/ou interpretamos os eventos depende de nossa evolução ontogenética. 
EVOLUÇÃO ONTOGENÉTICA 
Trata-se do ciclo da vida, do ciclo de desenvolvimento do organismo (pessoa) ao longo da vida, 
desde o desenvolvimento embrionário 
ONTOGENIA é o desenvolvimento de um organismo. Já FILOGENIA é o desenvolvimento da 
espécie, por exemplo, de nossa espécie, Homo sapiens sapiens. (O sapiens repete duas vezes, isso 
mesmo, está correto!) 
MAS COMO FAZER ESSA INTERPRETAÇÃO? 
javascript:void(0)
A Psicologia Cognitiva adota o determinismo como um pressuposto epistemológico. Eventos no 
decorrer de nosso desenvolvimento podem resultar em um ambiente propício para desenvolvermos 
resiliência ou não, assim como em mais ou menos controle emocional e psicológico. Podemos ter 
uma vulnerabilidade a desenvolver transtornos de humor, por exemplo, a depressão. Segundo o 
paradigma de diátese-estresse, pessoas vulneráveis cognitivamente desenvolvem psicopatologias 
ao passar por eventos estressores. 
COMO DESENVOLVEMOS ESSA VULNERABILIDADE? 
O modelo de desenvolvimento ontogenético explica. Tudo vai depender da história de 
aprendizagem da pessoa (de seu desenvolvimento ontogenético). Vejamos: 
1 
Imagine que uma criança não tem as suas necessidades psicológicas básicas atendidas. 
NECESSIDADES PSICOLÓGICAS BÁSICAS ATENDIDAS 
A psicologia trata o tema com base em teorias diferentes, mas podemos entender as necessidades 
psicológicas em um âmbito geral como: 
1. Fisiológicas: sede, fome e sexo; 
2. Psicológicas: autonomia, relacionamento e competência; 
3. Sociais: afiliação e intimidade, realização e poder. Esses são alguns poucos exemplos. 
Na infância, as necessidades emocionais fundamentais são: vínculos seguros, autonomia, liberdade 
de expressão, espontaneidade e lazer, limites realistas e autocontrole. 
 
Na adolescência, essa ausência pode resultar em esquemas cognitivos disfuncionais em graus de 
impacto variados. 
2 
javascript:void(0)
 
Um esquema cognitivo pode ser positivo ou negativo, adaptado ou desadaptado. Se seu padrão 
de respostas está desadaptado ao meio e/ou com respostas (comportamentos) muito exacerbados, 
a Psicologia clínica pode ajudar. Sabe o porquê? Tudo é psicológico, e podemos mudar algumas 
coisas – outras não, e há aquelas de difícil mudança. A visão é monista, ou seja, não dualista (mente-
corpo). Trata-se de uma visão integrada e holística. Falar da mente, do psicológico, ou do cérebro 
é falar da mesma coisa com vieses diferentes. Vejamos alguns exemplos: 
 
Tomar uma medicação para depressão resulta em mexer na bioquímica do cérebro regulando algo 
que estava em desequilíbrio. 
 
Fazer psicoterapia (Psicologia clínica) também mexe com essa bioquímica do cérebro regulando 
algo que estava em desequilíbrio. A psicoterapia resulta em plasticidade neural. 
PLASTICIDADE NEURAL 
Trata-se da mudança do sistema nervoso em decorrência dos eventos da vida, da experiência, do 
comportamento. Podemos pensar a plasticidade neural por dois vieses básicos: estrutural, por 
conexões sinápticas; ou funcionais, que se traduzem por mudanças no comportamento e/ou no perfil 
cognitivo. Trata-se da mesma coisa, ou seja, plasticidade neural, explicada por vieses diferentes. 
Tanto manejo medicamentoso quanto psicoterapia agem sobre o cérebro, sobre o psicológico, 
apenas operam com mecanismos distintos. 
Nessa perspectiva, não existe um corpo adoecendo uma mente, ou uma mente adoecendo um corpo. 
O que vai existir é uma pessoa saudável, relativamente saudável, ou não saudável, em uma 
abordagem simplista e didática a respeito dos estados de saúde e de qualidade de vida de uma 
pessoa. O que importa, neste momento, é compreendermos essa visão da Psicologia Cognitiva 
contemporânea. Não se trata de um reducionismo materializante, mas de uma visão integrativa entre 
javascript:void(0)
Psicologia, Ciências da Saúde, Ciências Sociais e Neurociências. Com essa ideia de base, os 
determinantes do comportamento podem ser analisados: 
 Fonte: Freepik 
Em um aspecto físico (mapeamento neurológico). 
 Fonte: Freepik 
Em um aspecto psicológico (sensopercepção, atenção, pensamento, memória, volição, emoções, 
sentimentos etc.). 
 Fonte: Flaticon 
Em um aspecto ambiental/funcional (mapeamento cultural, socioeconômico etc.). 
ATENÇÃO 
Isso não significa dividir uma pessoa em três coisas diferentes, pois, como demonstrado, essa divisão 
é meramente didática. Uma pessoa é inteira e indivisível. Falar do psicológico, da mente, ou do 
cérebro é falar da mesma coisa, em perspectivas didáticas diferentes, que permitam trabalhos 
diferentes. Nada mais, nada menos. 
QUAL O MOTIVO DESSA DIVISÃO DIDÁTICA? 
É simples. Existe uma grande quantidade de variáveis que exercem influência em como os neurônios 
codificam as informações, e isso gradualmente vai determinar nossa estrutura de personalidade e 
nosso repertório comportamental. Quer alguns exemplos dessas variáveis? 
1 
Uma mulher que durante a gestação sofra descargas hormonais, bem-estar e estresse. 
 
Estilos parentais e ocorrências no meio externo (sol e chuva). 
OCORRÊNCIAS NO MEIO EXTERNO 
Em países com menos sol, estatisticamente, há mais prevalência de depressão e ideação suicida na 
população do que países com mais sol. 
2 
 
Tudo isso influencia em quem somos, em nosso estilo de agir e de tomar decisões, em nossa forma 
de interpretar os eventos, sejam os externos, sejam os internos (mudanças do próprio corpo). 
RESUMINDO 
A Psicologia Cognitiva estuda o indivíduo em diferentes aspectos: ambiental, psicológico e físico. 
OS MARCOS HISTÓRICOS RELATIVOS AO SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COGNITIVA 
Questionar como o cérebro ou a mente funciona e, fundamentalmente, o que motiva o 
comportamento está na base de nossa discussão. Podemos buscar esse entendimento na Filosofia 
e nas Ciências. As respostas que a Psicologia Cognitiva adota não são fruto de um único autor. 
Certamente, na Psicologia Cognitiva, há alguns marcos históricos, que podem ser antigos, modernos 
ou contemporâneos. Veja alguns desses marcos: 
javascript:void(0)
 
Ainda devemos compreender que existem duas modalidades de Psicologia Cognitiva, uma básica e 
outra aplicada. Veja a definição de cada modalidade: 
CIÊNCIA BÁSICA 
Busca delimitar uma área de conhecimento, definir construtos, construir e testar hipóteses, elaborar 
teorias que possam descrever os fenômenos. 
CIÊNCIA APLICADA 
Utiliza as diversas formas de conhecimento e a ciência básica para encontrar soluções para a vida 
das pessoas. As teorias de uma ciência aplicada são construídas com um viés de prática, ou seja, 
em nosso caso, no fazer do(a) psicólogo(a). 
Esses são modelos de ciência interdependentes, e essa divisão, muitas vezes, é meramente didática. 
O que é relevante é o uso que se faz da ciência, sendo básica ou aplicada. Na Psicologia Cognitiva 
aplicada,vamos encontrar, por exemplo, as teorias das práticas clínicas. Na Psicologia Cognitiva 
básica, vamos encontrar algumas teorias sobre como nosso aparato cognitivo funciona, ou seja, esse 
modelo vai responder a três perguntas fundamentais: 
 
1 Quais são os processos cognitivos? 
 
2 Como eles funcionam? 
 
3 Quais as variáveis intervenientes que podemos identificar e descrever? 
VARIÁVEIS INTERVENIENTES 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Por exemplo, estados internos que motivam um comportamento, como o comportamento criativo, 
entre outros. 
No escopo da Psicologia Cognitiva básica, surgem teorias da linguagem, da memória, da atenção, 
da percepção etc., ou seja, o que chamamos de processos cognitivos básicos. A Psicologia Cognitiva 
estuda, principalmente, alguns construtos que explicam como nos motivamos (comportamentos 
motivados), como criamos (criatividade), resiliência, autoeficácia, crenças, entre outras variáveis que 
exercem influência em nosso comportamento. 
RESUMINDO 
A Psicologia Cognitiva usa a ciência básica e a ciência aplicada para estudar as diversas variáveis 
que influenciam o comportamento do indivíduo. 
MARCOS HISTÓRICOS 
O ano é 1956... 
Esse foi um ano de grande relevância para coroar o movimento da Psicologia Cognitiva. O cientista 
cognitivo Noam Chomsky fez uma exposição sobre uma teoria para a linguagem (um processo 
cognitivo) para o famoso e internacionalmente conhecido Massachusetts Institute of Techonology 
(MIT). 
Nessa mesma ocasião, George Miller (1920-2012) apresentou o que ficou conhecido por o mágico 
número 7 na memória de curto prazo (outro processo cognitivo) e Newell (1927-1992) e Simon (1916-
2001) expuseram seu modelo de solução de problemas (General Problem Solver), precursor do 
desenvolvimento de programas de inteligência artificial. Solução de problemas e tomada de decisões 
são duas grandes áreas de interesse de cientistas cognitivos. 
 Fonte: WikipediaNoam Chomsky. Fonte: Wikipedia. 
RECOMENDAÇÃO 
Pesquise sobre essas personalidades e suas produções teóricas. Isso poderá enriquecer muito sua 
compreensão da Psicologia Cognitiva. 
Fim dos anos 1950 e década de 1960... 
Você deve ter percebido que o ano de 1956 é especial, mas a Psicologia Cognitiva está sendo 
construída em um continuum histórico, e não brotou nesse marco. Há outros trabalhos da década de 
1950 que são referência do movimento que chamamos de revolução cognitivista. Destacamos alguns 
marcos desse continuum histórico. 
 
Fonte: Baseado no conteudistaMarcos históricos da Psicologia Cognitiva no final dos anos 1950 e 
na década de 1960. 
Vamos conhecer um pouco mais sobre esses marcos. No fim dos anos 1950 e na década de 1960, 
os sistemas clínicos (ciência aplicada) começam a ganhar forma, e surgem as terapias cognitivas. A 
tradição filosófica tratou do tema do funcionamento da mente, da consciência, com base em seus 
métodos, que fundamentalmente englobam o manejo da palavra, a elaboração de ideias, a lógica, a 
dialética, mas não a experimentação. 
 Fonte: Wilhelm Wundt. Fonte: WikipediaWilhelm Wundt. Fonte: Wikipedia 
Como você viu na cronologia sobre os Marcos históricos, Wilhelm Wundt demarcou o primeiro 
laboratório de Psicologia. Curiosamente, os objetos de estudo são os processos elementares da 
percepção e a velocidade de processos mentais. Isso não quer dizer que Wundt rompeu com a 
Filosofia, mas buscou demarcar a Psicologia como uma ciência experimental. Seu método de estudo 
era a introspecção. 
Percepção e velocidade de processamento da informação são objetos de estudo da Psicologia 
Cognitiva. Por seu objeto de interesse ser estudado desde o período da Filosofia antiga, fica difícil 
demarcar onde e quando a Psicologia Cognitiva se constituiu. A ilustração a seguir demonstra o 
desenvolvimento da Psicologia Cognitiva: 
 
Fonte: Baseado no conteudistaDesenvolvimento da Psicologia Cognitiva. 
O movimento que ficou conhecido como revolução cognitivista é mais bem identificado, por seus 
métodos, pela analogia ao processamento computacional, pelo uso de tecnologia para demonstrar 
suas teorias, e tem como marco a conferência no MIT de proeminentes cientistas cognitivos em 1956. 
A formação da Psicologia Cognitiva, contudo, é demarcada formalmente, pelos historiadores da 
Psicologia, nas décadas de 1950 até 1970. A Psicologia Cognitiva resgata a história do estudo da 
mente que foi negligenciada pela força do Behaviorismo como um sistema teórico dentro da 
Psicologia. Para entender o Cognitivismo, é necessário compreender a história da Psicologia. 
Edward Chace Tolman (1886-1959), um behaviorista, declarou que o Behaviorismo de Watson foi 
um alívio, pois trazia cientificidade para a Psicologia, mas não foi um “watsoniano”. 
 Fonte: WikipediaEdward Chace Tolman. Fonte: Wikipedia. 
Tolman tentou superar o monismo materialista de Watson (pensamento com hábito). De certa forma, 
esse autor estabelece os alicerces para o Cognitivismo, pois afirma que aprendizagem não é 
mudança no comportamento, mas aquisição de novos conhecimentos/cognições. Apresenta as 
definições de um comportamento intencional – tal intencionalidade, embora existente, é um evento 
particular ao organismo, uma variável interveniente, e não estaria ao alcance dos instrumentos 
objetivos da ciência. 
EXEMPLO 
Tolman diria, por exemplo, que a fome é a intencionalidade para o comportamento de comer. Isso 
significaria ver a mente no comportamento, ou seja, falar da mente sem recorrer a teses mentalistas 
e a métodos não científicos. 
O ponto-chave para entender a revolução cognitivista (uma revolução lenta que demorou décadas 
para se consolidar) é perceber os esquemas dos modelos behavioristas. As contingências 
behavioristas baseadas na obra do Watson eram respondentes, em outras palavras, um estímulo 
que gera uma resposta, podendo ser representada da seguinte maneira: 
RESPOSTA 
Ocorrência do comportamento operante. Uma resposta que ocorre sem um estímulo eliciador é 
emitida. Aplica-se tanto ao responder a um estímulo discriminativo como ao responder de maneira 
indiscriminada. 
As contingências operantes baseadas na obra do Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) eram de três 
termos, um estímulo discriminativo (Sd), um comportamento (R) e uma consequência (S). A visão 
didática pode ser compreendida nos esquemas a seguir. 
javascript:void(0)
 
Fonte: Baseado no conteudistaContingências behavioristas 
Observe que, nas contingências behavioristas (respondentes e operantes), a relação entre um 
estímulo e uma resposta é direta, não mediada. Nesse modelo teórico, o sistema nervoso era visto 
como um depositário de contingências, passivo, que apenas codificava em uma linguagem neural 
(eletroquímica) e armazenava as experiências. Uma vez diante de um estímulo eliciador ou 
discriminante, gerava uma resposta – de fato, “uma tábula rasa”. 
A inovação do Cognitivismo foi buscar compreender as operações internas do organismo, ou seja, 
estudar o efeito dos processos cognitivos e como esses medeiam comportamentos. O esquema a 
seguir ilustra essas operações: 
 
INOVAÇÃO DO COGNITIVISMO 
Foco no estudo das variáveis intervenientes. 
 
Fonte: Baseado no conteudistaOperações internas do organismo. 
javascript:void(0)
RESUMINDO 
O cérebro, no Cognitivismo, é ativo, coordena e faz a mediação de comportamentos. Para o 
Behaviorismo, o importante não é saber o que causa os comportamentos, mas explicar e descrever 
em que circunstâncias eles acontecem. O Cognitivismo quer compreender o que causa um 
comportamento, quais as fontes de um comportamento motivado, por exemplo, a criatividade, a arte 
etc. Na atualidade, são sistemas teóricos que se complementam. 
Ainda existem profissionais que são behavioristas radicais, pois o Cognitivismo não veio para 
substituir esse modelo comportamentalista, mas para ampliá-lo. Na década de 1970, os temas do 
momento era o Cognitivismo ea Computação. Eram temas discutidos com a mesma intensidade que 
a civilização debate hoje inteligência artificial, automação e as Neurociências. 
VAMOS FAZER UM EXERCÍCIO! 
1. IMAGINE QUE UM INDIVIDUO TENHA MOTIVAÇÃO PARA A ARTE, A CORRENTE QUE 
BUSCA COMPREENDER AS CAUSAS DESSA MOTIVAÇÃO É CHAMADA DE: 
Behaviorismo 
Cognitivismo 
GABARITO 
1. Imagine que um individuo tenha motivação para a arte, a corrente que busca compreender 
as causas dessa motivação é chamada de: A alternativa "B " está correta. 
Enquanto o Behaviorismo busca explicar as circunstâncias em que um comportamento acontece, o 
Cognitivismo busca identificar as causas de determinado comportamento. 
OS PRINCIPAIS REPRESENTANTES DA PSICOLOGIA COGNITIVA E SUAS CONTRIBUIÇÕES 
A Neurociência Cognitiva, a Psicofisiologia e a Computação, na era informacional, constituem 
um Zeitgeist. Não se trata de estabelecer um monismo materialista e reduzir os eventos 
comportamentais e os processos cognitivos em termos físico-químicos – até porque os modelos 
computacionais e das Neurociências não conseguem explicar tudo –, mas sim de superar uma 
influência do dualismo e do realismo como uma base epistemológica presente na história da 
Psicologia e desenvolver um olhar mais integrativo. 
Para chegarmos até aqui, no que chamamos de Psicologia Cognitiva, muitos pesquisadores 
somaram esforços em um movimento histórico e epistemológico. Não necessariamente eram 
javascript:void(0)
psicólogos ou estavam envolvidos em uma revolução cognitiva, apenas estavam fazendo ciência que 
fosse útil para o Zeitgeist que vivenciavam em suas épocas. 
ZEITGEIST 
O espírito de uma época, o clima intelectual e cultural de uma época. 
COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS DE PESQUISA NA PSICOLOGIA COGNITIVA 
Existe uma Ciência Cognitiva e uma Psicologia Cognitiva. A Ciência Cognitiva inclui a Psicologia 
Cognitiva, mas também outros modelos com interesses e métodos de investigação distintos. São 
modelos que se complementam em certos contextos e estudos, mas também divergem. Podemos 
identificar algumas abordagens da Ciência Cognitiva: 
 Psicologia Cognitiva 
 Neuropsicologia 
 Neurociências 
 Ciência Cognitiva Computacional 
O MÉTODO DAS NEUROCIÊNCIAS 
As Neurociências buscam evidências de como a interação de áreas no cérebro resultam em 
cognição, uma vez que apenas apontar uma localização (blobology) está caindo em desuso, e até 
os modelos computacionais estão buscando correlações com o cérebro. Nas Neurociências, vamos 
encontrar as evidências científicas que são levantadas pelo uso da tecnologia, especialmente o uso 
de técnicas de neuroimagem, que são capazes de demonstrar atividades em regiões e circuitos do 
sistema nervoso central, durante um processamento sensorial, motor ou cognitivo. 
Exame cerebral. Fonte: Freepik. 
A organização de nosso sistema nervoso, basicamente, traduz-se por atividades excitatórias 
(ativação) e inibitórias (inibição), algo como sim e não. 
As estruturas como hipotálamo, feixe prosencefálico medial, área septal, córtex cerebral e córtex pré-
frontal esquerdo estão relacionadas à aproximação. 
 
Fonte: FreepikRepresentação do cérebro humano. Fonte: Freepik. 
Enquanto o córtex pré-frontal direito e a amígdala, à evitação. 
Existem correlações na literatura entre um sistema de ativação comportamental e um sistema de 
inibição comportamental e características da personalidade, por exemplo, o neuroticismo e a 
extroversão. Constantemente, a atividade cortical vai gerenciar as metas conscientes dos indivíduos. 
Por exemplo, quando um indivíduo durante a perda de peso pensa: 
 Fonte: Freepik 
Devo comer? 
(Sistema de ativação comportamental) 
 Fonte: FreepikFonte: Freepik 
 Fonte: Freepik 
Não devo comer? 
(Sistema de inibição comportamental). 
As interpretações cognitivas oriundas de nossas crenças, sistemas de crenças, pensamentos, 
sentimentos e humor a respeito das coisas também vão ativar os sistemas de ativação e inibição 
comportamental. Agir ou não agir? Fazer ou não fazer? Respostas automáticas ou voluntárias? 
Todas essas perguntas têm respostas que envolvem mecanismos complexos que nos impulsionam 
ou nos inibem diante das situações de desempenho. Tais sistemas se formam em decorrência de 
sua evolução ontogenética, e isso determina sua maneira de ser. 
Muitas evidências das Neurociências Cognitivas vão apoiar a ideia de que as pessoas apresentam 
características que evidenciam um sistema de inibição comportamental (por exemplo, neuroticismo) 
ou um sistema de ativação comportamental (por exemplo, extroversão). 
Veja a seguir como o sistema dorsal, o sistema ventral e a amígdala influenciam as respostas 
comportamentais: 
SISTEMA DORSAL 
Um sistema dorsal é composto por hipocampo, regiões dorsais do cíngulo anterior e córtex pré-
frontal. Esse sistema está relacionado à regulação dos estados afetivos, eliciando respostas 
comportamentais contextualmente apropriadas, e também está relacionado à cognição (memória e 
atenção). 
SISTEMA VENTRAL 
O sistema ventral é composto por circuitos envolvendo amígdala, ínsula, corpo estriado ventral, 
regiões ventrais do cíngulo anterior e córtex órbito-frontal. É um sistema que está relacionado às 
etapas de identificação do significado emocional de estímulos e de produção dos estados afetivos. 
Esse sistema também recebe aferências de áreas sensoriais primárias e de associação. 
AMÍGDALA 
A amígdala estimula respostas automáticas diante de um evento ameaçador, por exemplo: ativação 
do sistema nervoso simpático estimulando o núcleo hipotalâmico lateral; estimulação do núcleo 
paraventricular do hipotálamo para liberação de hormônios de estresse; e estimulação do nervo facial 
trigêmeo para expressão facial de medo. 
Richard J. Davidson, em seu livro O estilo emocional do cérebro, mostra os resultados de uma 
pesquisa que indicam que o temperamento típico observado em crianças, quanto a características 
típicas de uma inibição ou ativação comportamental em situações de desempenho, não é 
permanente em um indivíduo. Isso contraria alguns trabalhos que apontam a personalidade como 
características constantes e formadas precocemente. 
Mesmo com as divergências, a discussão de tais sistemas (ativação e inibição) envolve aspectos 
muito interessantes das bases neurobiológicas da personalidade e dos sistemas cognitivos, no que 
se refere ao processamento e às interpretações dos eventos que nos circundam. Se tais 
características são permanentes ou podem variar no desenvolvimento da pessoa é outra análise. 
Existem pesquisas muito relevantes evidenciando a relação de nossa cognição, de como 
interpretamos eventos, com a Neurobiologia e a de nosso comportamento típico com as diversas 
situações ambientais aversivas ou favoráveis. 
RESUMINDO 
O sistema nervoso humano exerce atividades de ativação e inibição, ou seja, influencia em decisões, 
como: Posso? Não posso? 
O MÉTODO DA PSICOLOGIA COGNITIVA (PESQUISA BÁSICA) 
Diversos são os métodos que podemos identificar, com e sem o uso de tecnologia. Optamos por 
apresentar uma metodologia de baixo custo e que é responsável por grandes paradigmas da 
Psicologia Cognitiva quanto às etapas de processamento da informação e do planejamento de uma 
resposta (comportamento). Trata-se da cronometria mental. 
A cronometria mental é utilizada para construir modelos do processo cognitivo. Podemos discutir por 
meio de tarefas se a informação tem um processamento serial, ou seja, uma etapa cognitiva é 
concluída antes de outra começar, ou um processamento em paralelo, ou seja, dois ou mais 
processos cognitivos ocorrem ao mesmo tempo. Tarefas de compatibilidade estímulo-resposta, 
como efeito Simon e efeito Stroop, são clássicos da Psicologia Cognitiva. 
 
Fonte: Freepik.Fonte: Freepik. 
Na tarefa de Stroop, o voluntário nomeia a cor na qual o nome das cores é apresentado – por 
exemplo, VERMELHO ou VERMELHO. O voluntário é mais rápido em processar e executar

Outros materiais