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Transtorno de Escoriação (Skin-Picking)

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Transtorno de Escoriação (Skin-picking)
Psiquiatria 9
* Skin-Picking: caracterizado pelo comportamento compulsivo e repetitivo de beliscar a pele. Ele pode causar danos graves à pele e resultar na necessidade de vários tratamentos dermatológicos.
epidemiologia
* Transtorno de escoriação tem uma prevalência vitalícia de 1 a 5% na população em geral e de cerca de 12% na população psiquiátrica adolescente, ocorrendo em 2% dos pacientes com outros transtornos dermatológicos. 
* É mais prevalente em mulheres do que em homens.
etiologia
* Causa do comportamento de beliscar a pele é desconhecida.
* Alguns teóricos especulam que esse comportamento seja uma manifestação de raiva reprimida contra pais autoritários. Esses indivíduos beliscam a pele e realizam outros atos autodestrutivos para se afirmarem. Eles podem se beliscar como um meio de aliviar o estresse.
* De acordo com a teoria psicanalítica, a pele é um órgão erótico, e arranhá-la ou beliscá-la, levando a escoriações, pode ser uma fonte de prazer erótico. Nesse sentido, ele foi considerado um equivalente masturbatório. Os pacientes podem não estar cientes dessas relações, presumidamente no inconsciente. Muitos começam a se arranhar no início do aparecimento de condições dermatológicas, como a acne, e continuam se beliscando mesmo depois do fim da condição.
* Teorizou-se que anormalidades no metabolismo de serotonina, dopamina e glutamato sejam uma causa neuroquímica subjacente do transtorno, mas mais pesquisas são necessárias. 
diagnóstico e características clínicas
* Critérios diagnósticos do DSM-5 para o transtorno de escoriação requerem arranhões recorrentes, que resultam em lesões de pele e tentativas repetidas de reduzir ou parar com os arranhões. Estes devem causar níveis significativos de sofrimento ou prejuízo funcional. O comportamento de beliscar a pele não pode ser atribuído a outra condição médica ou mental e não pode ser o resultado de um transtorno por uso de substâncias (p. ex., uso de cocaína ou de metanfetaminas).
* O rosto é o local mais comum das escoriações. Outros locais comuns são as pernas, os braços, o tronco, as mãos, as cutículas, os dedos e o escalpo.
* Em casos graves, os arranhões na pele podem resultar em desfiguração física e consequências médicas que requerem intervenções clínicas ou cirúrgicas (p. ex., enxertos de pele ou radiocirurgia).
* Os pacientes podem sentir tensão antes de arranhar, e alívio e gratificação depois. Muitos reconhecem o ato de arranhar como um meio de aliviar o estresse, a tensão e outros sentimentos negativos.
diagnóstico diferencial
* Transtorno Psicótico: comportamento de beliscar a pele pode ocorrer em resposta a um delírio (i.e., parasitose) ou alucinação tátil (i.e., formigamento) em um transtorno psicótico. Em tais casos, o transtorno de escoriação não deve ser diagnosticado.
* Outros Transtornos Obsessivo-Compulsivos e Transtornos Relacionados: compulsões por lavagem excessiva em resposta a obsessões com contaminação em indivíduos com TOC podem levar a lesões cutâneas, e beliscar a pele pode ocorrer em indivíduos com transtorno dismórfico corporal, que beliscam sua pele unicamente devido a preocupações com a aparência; nesses casos, o transtorno de escoriação não deve ser diagnosticado. A descrição do transtorno de comportamento repetitivo focado no corpo em outro transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado especificado exclui indivíduos cujos sintomas satisfazem os critérios para o transtorno de escoriação.
* Transtornos do Neurodesenvolvimento: embora o transtorno do movimento estereotipado possa ser caracterizado pelo comportamento repetitivo de automutilação, seu início é em período precoce do desenvolvimento. Por exemplo, indivíduos com a condição neurogenética da síndrome de Prader-Willi podem ter início precoce do comportamento de beliscar a pele, e seus sintomas podem satisfazer os critérios para transtorno do movimento estereotipado. Embora os tiques em pessoas com transtorno de Tourette possam levar à automutilação, o comportamento não é semelhante aos tiques no transtorno de escoriação.
* Transtornos de Sintomas Somáticos e Transtornos Relacionados: transtorno de escoriação não é diagnosticado quando a lesão cutânea deve-se primariamente aos comportamentos enganosos no transtorno factício.
* Outros Transtornos: transtorno de escoriação não é diagnosticado se o beliscar da pele é principalmente atribuído à intenção de ferir-se que é característica da automutilação não suicida.
* Outras Condições Médicas: transtorno de escoriação não é diagnosticado se o beliscar a pele é principalmente atribuído a outra condição médica. Por exemplo, a escabiose é uma condição dermatológica invariavelmente associada a coceira grave e arranhões. No entanto, o transtorno de escoriação pode ser precipitado ou exacerbado por uma condição dermatológica subjacente. Por exemplo, acne pode levar a coçar e arrancar, o que também pode ser associado ao transtorno de escoriação comórbido. A diferenciação entre essas duas situações clínicas (acne com coceira e beliscar vs. acne com transtorno de escoriação comórbido) requer uma avaliação de até que ponto o beliscar a pele do indivíduo se tornou independente da condição dermatológica subjacente. 
* Transtornos Induzidos por Substâncias/Medicamentos: sintomas de beliscar a pele também podem ser induzidos por certas substâncias (p. ex., cocaína), em cujo caso o transtorno de escoriação não deve ser diagnosticado. Se esse beliscar da pele é clinicamente significativo, então um diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado induzido por substância/medicamento deve ser considerado.
curso e prognóstico
* Surgimento do transtorno de escoriação ocorre ou no início da vida adulta, ou entre os 30 e 45 anos. Também já foi registrado em crianças com menos de 10 anos. A idade média de início se dá entre os 12 e os 16 anos. Pode haver um intervalo de tempo entre o começo e o diagnóstico.
* Via de regra, os sintomas vêm e vão ao longo da vida do paciente. Aproximadamente 44% das mulheres relatam que a quantidade de escoriações coincide com seu ciclo menstrual.
tratamento
* Transtorno de escoriação é difícil de tratar, além de haver poucos dados sobre tratamentos eficazes. A maioria dos pacientes não busca ativamente tratamento devido a vergonha ou porque acredita que sua condição é intratável. Há suporte para o uso de ISRSs. 
* O opioide antagonista naltrexona já provou reduzir a necessidade de arranhar, de modo particular em pacientes que sentem prazer com o comportamento.
* Os agentes glutamatérgicos e a lamotrigina também demonstraram eficácia. 
* Os tratamentos não farmacológicos incluem reversão de hábitos e breve terapia cognitivo-comportamental (TCC).
* Terapia efetiva requer tanto tratamento psicológico quanto somático. Em alguns casos, impedir mecanicamente os arranhões de pele por meio de diferentes medidas de proteção pode ser útil em um esforço de quebrar o ciclo. A psicoterapia, ao mesmo tempo, lida com os fatores emocionais subjacentes.

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