Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Júlia Santos, Medicina Psiquiatria (OBJETIVOS) 1. Definir transtornos somatoformes (transtorno dos sintomas somáticos, ansiedade de doença, transtornos conversivos e transtorno factício), diferenciando o quadro clínico de cada transtorno. 2. Entender como se dá o diagnóstico de cada transtorno somatoforme, relacionando com sua conduta terapêutica (medicamentosa e não medicamentosa). 3. Saber distinguir as doenças orgânicas dos transtornos somatoformes, diferenciando a abordagem inicial para cada tipo de paciente. Transtornos Somatoformes Os transtornos somatoformes, ou psicossomático, são um conjunto de condições onde a mente afeta o corpo, pois o termo psicossomático vem de psique (alma) e soma (corpo). Dessa forma, há um grupo de transtornos mentais que geram sinais e sintomas físicos, incluindo comportamentos delirantes ou não. Também podem ser chamados de funcionais, ou seja, os sintomas não são criados intencionalmente, e de acordo com sentimentos fortes (como angústia), há uma somatização daqueles pensamentos para o físico. Contudo, a transformação de fatores psicológicos em sintomas somáticos podem ser gerados de forma involuntária ou voluntária (no caso do transtorno factício). Simulação X Dissimulação A dissimulação e a simulação se baseiam em distorcer a realidade a fim de garantir um benefício próprio. Dissimulação: ocorre quando se procura não demonstrar ou amenizar os sintomas que realmente existem, ocultando uma doença ou sua sintomatologia. Simulação: compreendida pela forma que o indivíduo tenta fingir sintomas que não existem, estando sempre relacionada a um incentivo externo. Ou seja, é a produção intencional de sintomas físicos ou mentais falsos. Conversivos Relativamente às perturbações anteriormente unificadas sob o signo da histeria, sejam perturbações conversivas (com sintomas físicos), designadas como perturbações de sintomas somáticos no DSM-5, ou perturbações dissociativas (com sintomas psicológicos ou da integração da consciência e do eu); ambas se distiguem da simul ação pela ausência de voluntariedade na produção dos sintomas em simultâneo com a ausência de consciência da motivação dessa produção. Factícios São justamente a voluntariedade e a consciência que distinguem os quadros simulados das perturbações factícias e das perturbações conversivas e dissociativas. Assim, tanto a simulação quanto as perturbações factícias partilham entre si o carácter de voluntariedade na produção de sintomas. Porém, se na simulação a motivação é consciente buscando um ganho secundário externo, concreto e objetivo; nas perturbações factícias esse ganho não existe, considerando- se a motivação inconsciente e determinada pelo mero ganho primário de satisfação de uma necessidade psíquica interna. Transtorno de Somatização Definição A ansiedade de doença é um transtorno de sintomas somáticos, também chamado de somatização, a qual é caracterizada por seis meses ou mais de uma preocupação geral e não delirante ao achar que é portador de uma doença grave. Normalmente, há sintomas corporais não relacionados à doença em si, mas que o paciente acredita estar acometido. Essa preocupação que causa um comportamento ansioso é extremamente prejudicial e gera um sofrimento significativo para o indivíduo, além de não ser justificada por outro transtorno clínico. Comumente, o paciente não tem o insight da presença desse transtorno. Epidemiologia A ansiedade de doença atinge cerca de 4-6% dos pacientes com queixas médicas gerais, podendo chegar a 15%, a qual é mais comum em pessoas entre 20-30 anos de idade. Já entre os estudantes de medicina, atinge cerca de 3% nos primeiros anos da faculdade. Voluntariedade Consciência Simulação e dissimulação Sim Sim Ansiedade de doença Sim Não Somatização Não Não Factício Sim Não Conversivo Não Não Júlia Santos, Medicina Psiquiatria Etiologia O principal achado desse transtorno é a amplificação dos sentimentos somáticos. Além disso, o indivíduo tem baixa tolerância ao desconforto físico. Dessa forma, a amplificação dessas sensações corporais estimula a procura do pronto-socorro, a fim de assumir o papel confortável de doente (sem obrigações, desafios ou deveres habituais). É importante citar à coexistência do transtorno de somatização com outros transtornos, como depressão e ansiedade, pois cerca de 80% dos pacientes apresentam outro diagnóstico. Outra forma de explicar o transtorno de somatização é o mecanismo de defesa de deslocamento, onde o paciente desloca seus desejos hostis para queixas físicas. Quadro Clínico Normalmente tem sintomas físicos gerais e os indivíduos creem que têm uma doença grave não detectada. Mesmo com o avançar do tempo e com testes patológicos negativos, o paciente não se convence de que está bem. Contudo, suas crenças não são suficientemente fixas para serem considerados delírios. Com frequência é acompanhado por depressão e ansiedade. Outros Transtornos Somáticos Embora o DSM-5 especifique que os sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses, podem ocorrer manifestações transitórias após estresses importantes, com mais frequência morte ou doença grave de alguém importante para o paciente que dure menos tempo. Dessa forma, recebe o diagnóstico de “outros transtornos de sintomas somáticos especificados e relacionados”. Diagnóstico Os critérios diagnósticos segundo o DSM-5 indicam que para haver o diagnóstico de transtorno de somatização é necessário que: O paciente esteja preocupado com a falsa crença de que têm uma doença grave, com base em sua falsa interpretação de sinais ou sensações físicos; Precisa durar pelo menos 6 meses; A crença não tenha a intensidade de um delírio (diagnosticado de modo mais apropriado como transtorno delirante); Não esteja restrita a um sofrimento em relação à aparência (diagnosticado de modo mais apropriado como transtorno dismórfico corporal); Os sintomas sejam intensos ao ponto de causar sofrimento emocional ou prejuízo na capacidade do indivíduo de funcionamento em áreas importantes da vida. Diferencial Os principais diagnósticos diferenciais são com doenças orgânicas, incluindo AIDS, endocrinopatias, miastenia, esclerose múltipla, doenças degenerativas do sistema nervoso, lúpus sistêmico eritematoso e neoplasias. Mas o maior diagnóstico diferencial é com a ansiedade de doença, onde o indivíduo tem medo excessivo de ter uma doença. Crenças como de transtorno delirante ocorrem na esquizofrenia e em outros transtornos psicóticos, mas podem ser diferenciadas de transtorno de sintomas somáticos por sua intensidade delirante e pela presença de outros sintomas psicóticos. Além disso, os delírios somáticos de pacientes com esquizofrenia tendem a ser bizarros e idiossincrásicos e a estar em desacordo com seu meio cultural, conforme ilustrado no caso a seguir. Já com o transtorno factício com sintomas físicos e de simulação, as diferenças principais são que os indivíduos com transtorno de somatização realmente sentem, e não simulam, os sintomas que relatam. Tratamento O principal manejo é a terapia psiquiátrica a fim de diminuir o estresse; Psicoterapia: principalmente no intuito de reduzir a ansiedade; Outros métodos, como a hipnose, podem gerar um insight no paciente, estimulando a melhora; Exames físicos frequentes ajudam a tranquilizar o paciente; A farmacoterapia alivia um transtorno de sintomas somáticos somente quando o paciente apresenta uma condição subjacente responsiva a drogas, como um transtorno de ansiedade ou um depressivo. Quando o transtorno de sintomas somáticos é secundário a outro transtorno mental primário, este deve ser tratado por si só. Ansiedade de Doença O conceito primordial de ansiedade de doença é o medo excessivo de ter ou contrair uma determinada doença. É um tipo variantedo transtorno de sintomas somáticos, ou hipocondria. No caso de ansiedade de doença, diferente do transtorno de sintomas somáticos, é que há poucos ou nenhum sintoma somático. Além disso, se enquadram nesse transtorno, as pessoas que têm uma condição clínica, mas reagem de forma extrema à ansiedade daquele diagnóstico, imaginando os piores prognósticos possíveis. Epidemiologia Em outros levantamentos, até 15% das pessoas na população em geral se preocupam com ficar doentes e incapacitadas, como consequência. É esperado que o transtorno seja diagnosticado com maior frequência em idosos do que em pessoas mais jovens. Etiologia A etiologia em si é desconhecida. Contudo, a parte somática desse transtorno vem do fato do indivíduo ter medo de determinada doença, assumindo o papel de doente. O papel de doente proporciona uma fuga que permite ao paciente ser dispensado dos deveres e das obrigações habituais. Alguns dos fatores que originam esse transtorno são: Sentimentos de culpa e desamparo são deslocados para o temor da doença; A raiva gera sintomas físicos ou medo de uma doença física; Parentes que morreram de determinada doença geram pânico em repassar à doença hereditariamente; Desejos agressivos geram medo de incapacidades físicas. Júlia Santos, Medicina Psiquiatria Manifestações Clínicas Os pacientes com transtorno de ansiedade de doença, assim como aqueles com problemas de sintomas somáticos, acreditam que têm uma doença grave que ainda não foi diagnosticada e não podem ser persuadidos do contrário. Mantêm uma crença de que têm uma doença em particular ou, à medida que o tempo passa, podem transferir sua crença para outra doença. Suas convicções persistem apesar dos resultados laboratoriais negativos, do curso benigno da doença alegada e da devida tranquilização por parte dos médicos. A preocupação com a doença interfere em sua interação com a família, amigos e colegas de trabalho. Frequentemente, são viciados em realizar pesquisas na internet sobre sua doença temida, inferindo o pior das informações (ou desinformações) que lá encontram. Diagnóstico O diagnóstico é clínico! Os critérios diagnósticos para ansiedade de doença pelo DSM-5 são: Preocupações com falsa crença de haver ou desenvolver uma doença grave; Pode ou não haver sintomas físicos (ausentes ou de intensidade leve); Deve durar pelo menos seis meses; Não haver achados patológicos; A ansiedade deve ser incapacitante; Deve haver comportamentos excessivos relacionados à saúde; O transtorno não é bem explicado por outra condição, como hipocondria, transtorno de pânico, TAG e etc; A crença NÃO pode ter caráter delirante. Lembrando que não é considerada ansiedade de doença o sofrimento com a aparência (mais bem diagnosticada como transtorno dismórfico corporal). Pode ou não haver visitas repetidas ao médico. Tratamento Tratamento psiquiátrico (alguns pacientes resistem); Psicoterapia de grupo homogêneo (com o mesmo transtorno); Psicoterapia individual para haver o insight (comportamental, cognitiva e hipnose); Farmacoterapia: foca-se em aliviar os sintomas de ansiedade. Transtorno Conversivo O transtorno conversivo, ou transtorno de sintomas neurológicos funcionais, é uma doença de sintomas que afetam funções motoras e sensoriais voluntárias que aparentam ter causas orgânicas. Contudo, as causas são fatores psicológicos, sendo precedidas por estressores ou conflitos. É importante frisar a influência da hereditariedade no surgimento desse transtorno. A doença já foi conhecida como transtorno de somatização, histeria, reação conversiva e reação dissociativa. Freud usou o termo conversão na hipótese de que os sintomas do transtorno conversivo refletem conflitos inconscientes. Epidemiologia O transtorno propriamente dito afeta entre 11-300 pessoas em 100 mil. A recorrência desse transtorno é de 5 a 15% das consultas psiquiátricas em um hospital geral e 25 a 30% das internações em um hospital para veteranos de guerra envolvem pacientes com diagnóstico de transtorno conversivo. A frequência em relação ao sexo é de 2-10 homens pra uma mulher. Além disso, o início do transtorno se dá geralmente no fim da infância até o início da idade adulta, sendo raro antes dos 10 anos e depois dos 35. Dados indicam que o transtorno conversivo é mais comum entre as populações rurais e em militares que foram expostos a situações de combate. Pode estar relacionado a outros transtornos, como depressão, esquizofrenia e ansiedade. Etiologia De acordo com as diferentes teorias, a etiologia do transtorno conversivo tem diversas origens. Psicanalítica: o transtorno seria causado pela repressão de um conflito interno ou pelo mecanismo de defesa em converter a ansiedade em um sintoma físico; os sintomas permitem a expressão parcial de desejos agressivos e proibidos. Pedagógica: o sintoma conversivo viria de um comportamento aprendido na infância, se tornando um meio de enfrentamento a um conflito. Biológica: consideraria a causa do transtorno conversivo como o hipometabolismo do hemisfério cerebral dominante e o hipermetabolismo do hemisfério não dominante; os sintomas são causados por uma excitação cortical excessiva de um dos lados, gerando efeitos motores. Quadro Clínico Os sintomas mais comuns desse transtorno são paralisia, cegueira e mutismo. Pode estar associado ao transtorno da personalidade passivo-agressiva. Os pacientes afetados correm risco de cometer suicídio. Motores Movimentos involuntários; Tiques; Blefarospasmo; Torcicolo; Opistótono; Convulsões: é uma pseudoconvulsao, onde pode haver transtorno epiléptico coexistente; há incontinência urinária, mordida na língua, e lesões pós-queda; Marcha anormal; Pode haver queda, sendo mais raro; Astasia-abasia (marcha extremamente atáxica e cambaleante acompanhada por movimentos truncais grosseiros, irregulares, movimentos espasmódicos truncais e de balanço dos braços); Paralisia; Fraqueza; Afonia. Sensoriais Anestesia (especialmente das extremidades; pode envolver apenas mãos e pés ou apenas a linha média); Parestesia; Cegueira; Visão de túnel; Surdez. Uni ou bilateral Júlia Santos, Medicina Psiquiatria Viscerais Vômito psicogênico; Pseudociese; Globo faríngeo; Desmaio ou síncope; Retenção urinária; Diarreia. Outros Sintomas Associados Ganho primário: o paciente obtém ganho primário ao manter os conflitos internos fora de sua consciência; Ganho secundário: os pacientes acumulam vantagens e benefícios tangíveis como resultado de estarem doentes; por exemplo, ser dispensado de obrigações e situações vitais difíceis, recebendo apoio e assistência; La belle indifférence: é uma atitude inapropriadamente arrogante de um paciente em relação a sintomas graves; isto é, ele parece estar despreocupado com o que parece ser um prejuízo importante; Identificação: Pacientes com transtorno conversivo podem moldar seus sintomas de forma inconsciente conforme os de alguém importante para eles. Por exemplo, um genitor ou uma pessoa que morreu recentemente podem servir como modelo para um transtorno conversivo. Durante a reação de luto patológico, as pessoas enlutadas costumam ter sintomas do morto. Comorbidade Frequentemente ocorrem distúrbios clínicos e, sobretudo, neurológicos entre pacientes com transtornos conversivos. O que costuma ser visto nessas condições neurológicas ou clínicas comórbidas é uma elaboração dos sintomas provenientes da lesão orgânica original. Tratamento Normalmente, a resolução dos sintomas é espontânea, mas pode ser facilitada por: Terapia de apoio + insight; Terapia comportamental; Hipnose; Ansiolíticos; Exercícios de relaxamento corporal; Medicamentos: lorazepam parenteral e amobarbital; Psicanálise pode ser extremamente útil na busca dosagentes estressores. Transtorno Factício O transtorno factício é uma condição de simulação, ou seja, o indivíduo teatraliza sinais e sintomas inexistentes, porém com incentivo de satisfação interna. As perturbações factícias são voluntárias, porém inconscientes, o que difere da simulação e dissimulação. Conceitos O paciente com transtorno factício simula, induz ou agrava uma condição/doença a fim de receber atenção, estando ou não doente. O principal anseio nesse transtorno é obter cuidados médicos, normalmente não incluindo ganho financeiro. Já o transtorno factício por procuração, ou imposto ao outro, é uma condição em que o paciente simula sinais e sintomas físicos em outra pessoa, normalmente bebês e crianças pequenas. Nessa busca por atenção, o paciente pode por a si mesmo ou a terceiros, em perigo de morte. Os transtornos factícios podem provocar morbidade significativa ou até mesmo mortalidade, pois o paciente forja sinais e sintomas físicos, sejam eles perigosos ou não. Portanto, mesmo que as queixas apresentadas sejam falsificadas, as necessidades clínicas e psiquiátricas desses indivíduos devem ser levadas a sério. Muitas pessoas diagnosticadas com transtorno factício têm diagnósticos psiquiátricos comórbidos (p. ex., transtornos do humor, da personalidade ou relacionados ao uso de substâncias). A Síndrome de Munchausen constitui uma forma crônica e extrema da doença factícia associada, habitualmente, a múltiplas hospitalizações, peregrinação por diferentes unidades de saúde e busca de procedimentos médico-cirúrgicos invasivos e desnecessários. Epidemiologia Cerca de 0,8 a 1% dos pacientes psiquiátricos têm síndrome de Munchausen, dos quais dois terços são homens. Já os pacientes diagnosticados com transtorno factício com sintomas físicos, as mulheres preponderam na proporção de 3 para 1. Normalmente são profissionais da área de saúde. Já o transtorno factício por procuração é mais comum entre mulheres contra bebês ou crianças pequenas. Etiologia É composto principalmente por fatores psicossociais. Já foram feitos estudos sobre os fatores biológicos que influenciariam no transtorno factício, mas nenhuma conclusão foi estabelecida. Fatores Psicossociais Relatos de caso empíricos indicam que muitos deles sofreram abuso ou privação na infância, resultando em hospitalizações frequentes durante os primeiros anos do desenvolvimento. Em tais circunstâncias, uma internação hospitalar pode ter sido considerada uma fuga de uma situação traumática em casa ou dos pais ausentes e rejeitadores. Os transtornos são uma forma de compulsão à repetição, repetindo o conflito básico de necessidade e busca de aceitação e amor; Indivíduos que procuram procedimentos dolorosos, como operações cirúrgicas e testes diagnósticos invasivos, podem ter uma constituição de personalidade masoquista em que a dor serve como punição por pecados passados; Indivíduos que simulam doenças psiquiátricas podem ter tido um parente que foi hospitalizado com a doença que estão simulando, esperando se reunir com o indivíduo. Isso ocorre principalmente com pessoas com problemas de identidade e em visualizar sua autoimagem. Além disso, há aquelas que incorporam as características sintomatológicas de terceiros. Se forem profissionais da saúde, com frequência esses indivíduos não são capazes de se diferenciar dos pacientes com quem entram em contato. Quadro Clínico O transtorno factício é dividido pelo DSM-5 em: Imposto a si mesmo; Imposto a outro. Contudo, pode ser feita a diferenciação do quadro clínico em dois, predominantemente psicológico e predominantemente físico. Júlia Santos, Medicina Psiquiatria Psicológico Inclui comportamentos depressivos, alucinatórios, dissociativos, conversivos e bizarros. Uma vez que a condição não melhora depois que são administradas as medidas terapêuticas de rotina, o paciente pode receber grandes doses de drogas psicoativas e submeter-se a eletroconvuloterapia. Nos casos de pacientes deprimidos, o paciente pode criar uma história falsa de um luto vivido em que a morte foi dramática e violenta. Também pode haver sintomas alucinatórios auditivos e visuais; alguns indivíduos podem até usar substâncias psicoativas para produzir esses efeitos. Outros sintomas do transtorno factício incluem pseudologia fantástica e impostura. Na pseudologia fantástica, um material factual limitado é misturado com extensas fantasias exuberantes. O interesse do ouvinte agrada o paciente e, dessa forma, reforça o sintoma. Físico É o tipo mais conhecido da síndrome de Munchausen! Também foi denominado adição a hospitais, adição policirúrgica (produzindo o assim chamado abdome de tábua de lavar) e síndrome do paciente profissional, entre outros nomes. O abdome de tábua de lavar recebe esse nome devido à grande quantidade de procedimentos cirúrgicos que esses pacientes passam devido à sua compulsão. As principais características dos pacientes com o transtorno predominantemente físico são as simulações de sintomas envolvendo algum sistema orgânico específico. São inúmeras as apresentações clínicas, que incluem hematomas, hemoptise, dor abdominal, febre, hipoglicemia, síndromes semelhantes a lúpus, náusea, vômitos, vertigem e convulsões. A urina é contaminada com sangue ou fezes; São tomados anticoagulantes para estimular distúrbios hemorrágicos; É usada insulina para produzir hipoglicemia; Simulação de dor principalmente cólica renal; Com resultados negativos, o paciente pode acusar o profissional de incompetência; isso provoca a saída do hospital, onde o paciente busca outra unidade e recomeça o ciclo. Transtorno Factício por Procuração Nesse diagnóstico, uma pessoa produz intencionalmente sinais ou sintomas físicos em outra pessoa que está sob seus cuidados, ou seja, um transtorno factício imposto a outro. Um objetivo aparente do comportamento é que o cuidador assuma de maneira indireta o papel de doente; outro objetivo é se aliviar do papel de cuidador fazendo o filho ser hospitalizado. O mais comum ocorre com mães que enganam a equipe médica com uma sintomatologia falsa do seu filho. Diagnóstico Deve-se desconfiar de transtorno factício quando: Apresentação dramática incomum de sintomas que desafiam a compreensão clínica ou psiquiátrica convencional; Sintomas que não respondem apropriadamente a tratamento ou medicamentos habituais; Emergência de sintomas novos e incomuns quando outros sintomas se resolvem; Avidez para se submeter a procedimentos ou testes ou para relatar os sintomas; Relutância em permitir acesso a fontes colaterais de informação (i.e., recusa em assinar a liberação de informações ou em dar informações de contato para a família e amigos); Extensa história médica ou evidências de múltiplas cirurgias; Alergias a muitos medicamentos; Profissão médica; Não recebe muitas visitas; Capacidade de prever a progressão incomum dos sintomas ou resposta incomum ao tratamento. Manejo do Diagnóstico 1. Buscar informações de amigos e parentes; comumente, fontes externas revelam a falsa doença. 2. Evitar questionamento acusatório que possa provocar truculência, evasão ou fuga do hospital. 3. Atentar para a queixa trazida pelo paciente, buscando exageros, incoerências e choque de informações. 4. Podem ser feitos testes. Mesmo que nenhum teste laboratorial ou de patologia seja diagnóstico de transtornos factícios, seus resultados podem ajudar a confirmar o diagnóstico demonstrando a simulação. Tratamento O principal aspecto do tratamento de transtornos factícios é diagnosticar precocemente a doença. O tratamento, assim, é mais bem focado no manejo em vez de na cura. As diretrizes para o tratamento e manejo do transtorno factício são apresentadas: 1. Reduzir o risco de morbidade e mortalidade; 2. Abordar as necessidades emocionais subjacentes ou o diagnósticopsiquiátrico subjacente ao comportamento de doença factícia; 3. Estar atento às questões éticas e legais; 4. Associar o tratamento com psicólogos especializados; 5. Em casos de transtorno factício por procuração, contatam-se os serviços de assistência à criança, devendo ser feitos arranjos para o monitoramento constante da saúde da criança.
Compartilhar