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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Tecnologia da Informação e da Comunicação – Profª. Ms. Alessandra Corrêa Farago e Prof. Ms. Randal Farago Olá, pessoal! Meu nome é Alessandra Corrêa Farago, sou graduada em Letras pela Unifafibe, especialista em Tecnologia da Informação e da Comunicação pela UnB, especialista em Planejamento e Gestão de Organizações Educacionais pela Unesp e mestre em Educação Escolar pelo Centro Universitário Moura Lacerda. Minha linha de pesquisa é voltada para a formação de professores, especificamente para a investigação das concepções e práticas de ensino. Sou professora efetiva de Língua Portuguesa na rede pública estadual há 17 anos e fui coordenadora pedagógica por sete anos do Curso Normal Integral (nos moldes do CEFAM) na Escola Estadual Otoniel Mota, em Ribeirão Preto. Também atuo como professora universitária nos cursos de Graduação e Pós-graduação na área de Educação das Faculdades Integradas Fafibe (Bebedouro) e do Claretiano - Centro Universitário de Batatais. Tenho uma família maravilhosa, e meus grandes amores são minha filha Marina e meu marido Randal, também professor do Claretiano, que compartilhou comigo a construção deste material. e-mail: farago@claretiano.edu.br Olá! Meu nome é Randal Farago, sou professor universitário desde 2000. Trabalho nos cursos de Graduação e Pós-graduação das Faculdades Integradas Fafibe (Bebedouro), do Centro Universitário Moura Lacerda (Ribeirão Preto) e do Claretiano - Centro Universitário. Sou formado em Matemática pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde fiz Mestrado em Engenharia de Produção. Atuei na área de Otimização Combinatória (subárea da Pesquisa Operacional) e hoje faço curso de Doutorado na FEARP-USP, na linha de Inovação e Sustentabilidade, sob a orientação da Profª. Drª. Sônia Valle Walter Borges de Oliveira. Na área corporativa, trabalhei na Companhia de Bebidas Ipiranga em Ribeirão Preto, como auditor interno e analista de custos e orçamentos. Tenho uma linda filha, chamada Marina, e uma esposa excepcional, chamada Alessandra Corrêa Farago, que também é tutora no Claretiano e autora deste material. e-mail: randalfarago@usp.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO Alessandra Corrêa Farago Randal Farago Batatais Claretiano 2014 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP) Versão: dez./2014 658.4038 F225t Farago, Alessandra Corrêa Tecnologia da informação e da comunicação / Alessandra Corrêa Farago, Randal Farago – Batatais, SP : Claretiano, 2014. 168 p. ISBN: 978-85-8377-334-4 1. Informática e educação. 2. Sociedade da informação e do conhecimento. 3. Informática nos projetos educacionais. 4. Era digital e aprendizagem colaborativa. 5. Veículos e linguagens do mundo contemporâneo. 6. Word, Point, Excel, PowerPoint, Publisher. 7. Internet. 8. Hipertexto. 9. Bibliotecas Virtuais. 10. Bibliotecas Virtuais. 11. Uso de softwares em sala de aula. I. Farago, Randal. II. Tecnologia da informação e da comunicação. CDD 658.4038 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Eduardo Henrique Marinheiro Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Juliana Biggi Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 12 UNIDADE 1 – TECNOLOGIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 35 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 36 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 36 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 39 5 SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E DA TECNOLOGIA ................................... 39 6 TECNOLOGIA NA VIDA E NA ESCOLA .............................................................. 42 7 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO ................................. 47 8 INTEGRAÇÕES DAS TECNOLOGIAS E DOS PROJETOS EDUCACIONAIS ........ 50 9 ERA DIGITAL E APRENDIZAGEM COLABORATIVA .......................................... 53 10 NOVO PARADIGMA PARA UM NOVO TEMPO ................................................ 55 11 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 56 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 58 13 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 59 14 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 59 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 60 UNIDADE 2 – TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 63 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 63 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 64 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 65 5 NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO.................. 66 6 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 87 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 89 8 CONSIDERAÇÕES ..............................................................................................90 9 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 91 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 92 UNIDADE 3 – INFORMÁTICA COMO RECURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO: 1ª PARTE 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 95 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 95 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 96 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 96 5 COMPUTADOR E SISTEMA OPERACIONAL ..................................................... 97 6 PAINT: PROGRAMA FEITO PARA ARTE ............................................................ 101 7 WORD: EDITOR DE TEXTOS EFICIENTE ........................................................... 107 8 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 113 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 114 10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 115 11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 115 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 116 UNIDADE 4 – INFORMÁTICA COMO RECURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO: 2ª PARTE 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 119 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 119 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 120 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 121 5 EXCEL: SUA PLANILHA DE CÁLCULO ............................................................... 121 6 POWER POINT: ENRIQUEÇA SUAS APRESENTAÇÕES .................................... 130 7 PUBLISHER: PUBLIQUE E APAREÇA! ............................................................... 138 8 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 143 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 145 10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 145 11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 145 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 146 UNIDADE 5 – INTERNET E SOFTWARES: CRIANDO REDES DE CONHECIMENTO 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 147 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 148 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 148 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 149 5 INTERNET EXPLORER: NAVEGANDO POR PÁGINAS NUNCA D’ANTES NAVEGADAS ...................................................................................................... 149 6 INTERNET E NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL ........................................... 153 7 CIBERESPAÇO E AMBIENTES VIRTUAIS .......................................................... 155 8 O QUE O USO DE HIPERTEXTOS TRAZ DE INOVADOR PARA A APRENDIZAGEM? ............................................................................................. 157 9 FERRAMENTAS DE BUSCA: SEARCH-ENGINE ................................................. 160 10 USO DE SOFTWARES EM SALA DE AULA ........................................................ 161 11 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 162 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 164 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 164 14 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 165 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 166 Claretiano - Centro Universitário EA D CRC Caderno de Referência de Conteúdo Conteúdo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A informática e a educação. Sociedade da informação e do conhecimento. In- formática nos projetos educacionais. Era digital e aprendizagem colaborativa. As novas tecnologias da informação e comunicação. Veículos e linguagens do mundo contemporâneo. O computador no processo ensino aprendizagem: Word, Point, Excel, PowerPoint, Publisher. A Internet e o novo paradigma educacional. O ciberespaço e os ambientes virtuais. Hipertexto. Bibliotecas Virtuais. Uso de softwares em sala de aula. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Com o estudo de Tecnologia da Informação e da Comunica- ção, você compreenderá conceitos, princípios e referenciais peda- gógicos na apropriação e utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) no processo educativo. Como futuro profissional do conhecimento, é importante não apenas compreender, mas também saber aplicar os princípios da TIC. Assim é necessário admitir que as TICs (TV, DVD, filmado- © Tecnologia da Informação e da Comunicação10 ra, calculadora, computador, lousa digital interativa, internet etc.) podem potencializar o trabalho didático-pedagógico do professor. Essa constatação corrobora a importância de incorporá-las ao cotidiano da escola, envolvendo as práticas didático-pedagógicas e demais atividades escolares. A literatura disponível e as pesquisas realizadas mostram que essa incorporação pode trazer contribui- ções relevantes, com bons resultados na aquisição de conhecimen- tos e na otimização do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, isso só ocorrerá se as tecnologias utilizadas es- tiverem atendendo às intenções educacionais, viabilizando estra- tégias mais adequadas às necessidades dos alunos, tendo em vista potencializar sua aprendizagem. Não se trata de apenas informatizar o ensino, pois isso traz em seu bojo um viés tecnicista e reducionista do uso das tecnolo- gias como recursos meramente instrumentais utilizados para "ins- truir o aluno". Hoje, o necessário nas escolas é utilizar as TICs de forma se- letiva, crítica e analítica, o que significa dizer que a sala de aula deve abrir espaço para discussões democráticas sobre os conteú- dos que são veiculados pela internet, televisão e outras mídias. Assim, o que aqui nos interessa é a ampliação das possibili- dades de uso das TICs, a fim de que o professor enriqueça a sua prática docente, variando os recursos didáticos e aprofundando os conteúdos no que tange à análise crítica do que é difundido nas mídias. Para que seus alunos tenham a oportunidade de desenvolver habilidades no manuseio das novas tecnologias e sejam capazes de lidar com a rapidez, a abrangência e a diversidade de informações, apresentando uma postura analítica e seletiva diante de tudo que é oferecido pelas TICs. O desenvolvimento dessas habilidades com certeza tornará o indivíduo mais competente para atender as de- mandas do perfil exigido para o trabalhador do século 21, Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo Porém, a escola deverá viabilizar novas formas de ensinar e de aprender, uma vez que o acesso à informação, à produção doconhecimento e às possibilidades de interação e comunicação foi drasticamente alterado se comparado ao contexto da escola do século 20. Entretanto, não podemos nos esquecer de que muitas esco- las ainda não estão preparadas para essas novas demandas, isso porque a realidade que elas vivenciam às vezes contraria as possi- bilidades de efetivação do uso das TICs na educação. Faltam equi- pamentos, pois os existentes ficam sem a devida manutenção; os espaços físicos são precários; os professores estão, muitas vezes, despreparados tecnicamente; não existem pessoas para darem auxílio técnico ao docente em suas eventuais dificuldades; enfim, muitos são os motivos para que a escola deixe de assumir a neces- sidade emergente de utilização das tecnologias existentes. Diante desse quadro, é preciso trabalhar. Nossa consciência política, moral e ética deve falar mais alto, e a formação de nossos alunos deve estar em primeiro lugar, pois muitos deles não têm a oportunidade de usar das TICs fora do espaço escolar. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente 12,46% da população no Brasil tem acesso a computadores e apenas 8,31% estão conectados à inter- net (2006). Esses percentuais expõem a escuridão digital e tecnológica em que vivem muitos de nossos alunos, e, quando a escola desis- te de implementar o projeto de incorporação das TICs às práticas educativas, acaba acentuando o desnível entre alunos de baixa renda e alunos de classes sociais abastadas. Ao longo deste estudo, você perceberá que a chegada das TICs nas escolas evidencia uma transformação nas ferramentas didático- -pedagógicas convencionais. Portanto, se você já tem alguma noção sobre esse assunto, será uma boa oportunidade para aprofundar seu conhecimento mediante a troca de ideias por meio da Sala de © Tecnologia da Informação e da Comunicação12 Aula Virtual, mas, se você não tem nenhuma noção a respeito, não se preocupe, pois esta obra o auxiliará nesta jornada. Nesta obra, o objetivo será justamente este: possibilitar uma reflexão criteriosa acerca da utilização das TICs no processo educa- tivo. Nas unidades que se seguirão, você compreenderá esse uni- verso conceitual e seus desafios para promover um viés sistemati- zado da prática educativa. Após esta introdução aos conceitos principais, apresentare- mos no tópico a seguir algumas orientações de caráter motivacio- nal, bem como dicas e estratégias de aprendizagem, que poderão facilitar o seu estudo. 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es- tudado. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um refe- rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que fundamentam este estudo. Iniciaremos refletindo sobre o papel das novas tecnologias no processo educacional, para que se perceba como as pessoas, nesse novo contexto, captam e processam a informação, a fim de criar ambientes de aprendizagem com recursos tecnológicos de in- formação e comunicação. Além disso, identificaremos as principais transformações sociais, culturais e econômicas que ocorreram na sociedade mediante o desenvolvimento das TICs. Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo Você já conhece o termo "sociedade da informação e do conhecimento"? Acreditamos que sim, porém, para uma melhor compreensão de tal conceito, é preciso retornar um pouco no tem- po e entender a evolução da sociedade contemporânea. Assim, ex- poremos a seguir uma trajetória histórica para compreender como chegamos à revolução tecnológica que conhecemos hoje. • De 1750 a 1950, vivemos a sociedade industrial, cuja ca- racterística era a produção em massa de bens de consumo e que teve origem com a Revolução Industrial. Baseava-se nos pressupostos do paradigma newtoniano-cartesiano, definido por uma visão de mundo mecanicista e reducio- nista. A preocupação existente estava na padronização das mercadorias e na mão de obra especializada. • De 1950 a 2000 (aproximadamente), temos a sociedade pós-industrial, que nasceu com a Segunda Guerra Mun- dial e cuja produção não se baseou na agricultura nem na indústria, mas, sim, na produção de serviços. Dessa forma, o trabalho intelectual começou a ser mais fre- quente que o manual e a criatividade mais importante que a simples execução de tarefas. O trabalhador pas- sou a ser intelectualizado, priorizando o dinamismo, a criatividade e a capacidade de se relacionar em diferen- tes contextos. • A partir do século 21, inicia-se a disseminação da socie- dade da informação, em consequência da expansão exa- cerbada da informação e da revolução da tecnologia, ca- racterizada pela rapidez na difusão da informação e do conhecimento e pelo aceleramento dos processos produ- tivos para atender as demandas mercadológicas. Com base nesse conceito de sociedade da informação e do conhecimento é que vamos entender a necessidade de se conhe- cer as tecnologias que propiciarão à informação e ao conhecimen- to se propagarem. © Tecnologia da Informação e da Comunicação14 Esta nova era é caracterizada pelo aumento das atividades produtivas que são dependentes do uso das TICs e da gestão dos fluxos de informação existentes. Neste novo contexto, uma ava- lanche de informações é veiculada diariamente, assumindo valo- res éticos, sociais, políticos, estéticos, religiosos, antropológicos, econômicos etc., essenciais para entender os novos padrões de funcionamento e organização de nossa sociedade atual. Mas, então, como podemos definir a sociedade da informa- ção e do conhecimento? Um estágio de desenvolvimento social caracterizado pela capacida- de de seus membros (cidadãos, empresas e administração pública) de obter e compartilhar qualquer informação, instantaneamente, de qualquer lugar e da maneira mais adequada (GRUPO TELEFÔNI- CA DO BRASIL, 2002). O que se constata com o advento da sociedade do conhe- cimento passa a exigir conexões, parcerias e trabalho conjunto, no sentido de ultrapassar a fragmentação e a divisão em todas as áreas do conhecimento. Hargreaves (2004, p. 34) menciona que: [...] a sociedade do conhecimento é uma sociedade de aprendi- zagem. O sucesso econômico e uma cultura de inovação contínua dependem da capacidade dos trabalhadores de se manter apren- dendo acerca de si próprios e uns com os outros. Uma economia do conhecimento não funciona a partir da força das máquinas, mas a partir da força do cérebro, do poder de pensar, aprender e inovar. As economias industriais precisam de trabalhadores para as máqui- nas; a economia do conhecimento precisa de trabalhadores para o conhecimento. Historicamente, estamos passando por uma mudança de pa- radigma, pois, com a evolução da ciência, existe uma tendência à superação do pensamento newtoniano-cartesiano, e, em decor- rência disso, há um repensar da sociedade e da educação. Para compreender melhor essa mudança paradigmática, antes de apresentarmos o paradigma newtoniano-cartesiano, co- nhecido como paradigma conservador, e o paradigma inovador e contemporâneo, também chamado de paradigma emergente, o Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo qual vem se consolidando desde meados do século 20, é necessá- rio esclarecer o que é um paradigma. Segundo Kuhn (1998, p. 225) "paradigma significa a conste- lação de crenças, valores e técnicas partilhadas pelos membros de uma comunidade científica". Já Morin (1996, p. 287) afirma que "um paradigma significa umtipo de relação muito forte, que pode ser de conjunção ou disjunção, que possui uma natureza lógica en- tre um conjunto de conceitos-mestres". Enquanto Cardoso (1995, p. 17) pondera que: [...] o conceito de paradigma é entendido como um modelo de pensar e ser capaz de engendrar determinadas teorias e linhas de pensamento dando certa homogeneidade e um modo de o homem ser no mundo, nos diversos momentos históricos. Dessa forma, constata-se que os paradigmas se apresentam como ideias e pressuposições bem estudadas, delineadas, teoriza- das, definidas por meio da reflexão e do caráter intencional. Eles se constituem orientadores que determinam as práticas educati- vas; constituem-se em estruturas que determinam a forma de se conceber a educação e, também, a ação educacional, ou seja, con- dicionam e determinam todas as ações, pensamentos e propostas educacionais de um dado momento histórico. Segundo Ferreira (2010, p. 3): Paradigma é um conjunto de conceitos interrelacionados de tal for- ma a ponto de proporcionar referenciais que permitem observar, compreender determinado problema em suas características bási- cas: o quê, como, o que se pretende observar e orientar possíveis so- luções. É um conjunto conceitual que garante a coerência interna de qualquer proposta na área da educação e articulação entre o que se faz e o que se pensa, permitindo ao professor agir intencionalmente. Ao educador cabe fazer distinção entre paradigmas para que se per- ceba as alternâncias no pensamento educacional ao longo da histó- ria e, da mesma forma, se perceba quais idéias são relevantes, quais são desconsideradas e em que época o são e por quê. É sob esta perspectiva, o movimento em educação: de posse do conhecimento de determinados paradigmas, que se busca encaminhar os proces- sos educativos, mas, para tanto, faz-se necessário reflexão, entender quais paradigmas são os orientadores e por que o são. © Tecnologia da Informação e da Comunicação16 O paradigma newtoniano-cartesiano, que perdurou até a metade do século 20, caracterizou-se pela visão racional, reducio- nista e fragmentada das coisas, tendo como foco a repetição, a memorização e a reprodução do conhecimento. Segundo Behrens (1999, p. 45) "os processos pedagógicos eram restritos a ações que envolviam o 'escute, leia, decore e repita'". Para Behrens (2005a, p. 17): O século XX manteve a tendência do século XIX, fortemente in- fluenciado pelo método cartesiano – a separação entre a matéria e a divisão do conhecimento em campos especializados em busca de uma maior eficácia. Esta forma de organizar o pensamento levou a comunidade científica a uma mentalidade reducionista na qual o homem adquire uma visão fragmentada não somente da verdade, mas de si mesmo, dos seus valores e dos seus sentimentos. No âmbito educacional, o pensamento newtoniano-cartesiano influenciou, significativamente, a prática docente e a concepção do processo de ensino-aprendizagem, uma vez que a fragmentação do conhecimento levou à compartimentalização de conteúdos, e, com isso, as áreas de conhecimento não dialogavam entre si, para que o aluno tivesse a noção global de informações afins. As metodologias pautavam-se na reprodução do conheci- mento. Como exemplo, utilizava-se a cópia ("siga o modelo"), a repetição (escreva 20 vezes a palavra "exceção"), a memorização de conteúdos e a mecanização das atividades realizadas. Com isso, o que se constata é que a ênfase de todo o proces- so pedagógico estava no produto, ou seja, no resultado, restringin- do-se ao cumprimento de tarefas de forma repetitiva, sem, muitas vezes, a criança perceber sentido naquilo que está realizando. De acordo com Behrens (1996, p. 51): A forte interferência do positivismo e a cisão entre o sujeito e ob- jeto provocam uma educação fragmentada e mecanicista. Ao se- parar corpo e mente, a ciência transfere para a educação e, por conseqüência, para o ensino um sistema fechado, compartimenta- lizado e dividido. A ênfase da prática educativa recai na técnica pela técnica. Busca lançar mão de manuais para organizar o processo ensino-aprendizagem. Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo A mudança de paradigma, ocorrida a partir do final do sé- culo 20, dá-se em função do progresso científico e tecnológico na história da humanidade. Os avanços oriundos da microeletrônica são impressionantes e alavancam a computação, a cibernética, as telecomunicações, as redes eletrônicas e a robótica. Essas transformações levaram intelectuais e cientistas a bus- carem novos referenciais, que pudessem romper com o pensa- mento racionalista e mecanicista que dominou o mundo ocidental por, aproximadamente, 300 anos. Atualmente, vivemos um novo paradigma, o qual alguns au- tores, como Capra (1996), Moraes (1997), Santos (1987) e Behrens (1996), têm denominado ecológico, holístico ou emergente. Esse novo paradigma possui como características a visão de totalida- de e o desafio de superação da reprodução para a produção do conhecimento. Para Capra (1996, p. 68), "o paradigma emergen- te tem como função essencial reaproximar as partes na busca de uma visão do todo". Nesse aspecto, o currículo da escola não contribui para de- senvolver, em nossos alunos, esse olhar para o todo, uma vez que temos um currículo fragmentado em disciplinas estanques. Segun- do o paradigma emergente, deveríamos começar revendo esse processo curricular de divisão de conteúdo, com vista à integração curricular, para que o aluno tenha a compreensão de totalidade. Segundo Prado (2010): O currículo por áreas evidencia as especificidades de cada área e, ao mesmo tempo, explicita a necessidade de integrá-las com vistas a compreender e transformar uma realidade. A compreensão da realidade é fundamental para que o aluno possa participar como protagonista da história, anunciando novos caminhos para exercer sua cidadania. Isso evidencia a necessidade de trabalhar com o de- senvolvimento de competências e habilidades, as quais se desen- volvem por meio de ações e de vários níveis de reflexão que con- gregam conceitos e estratégias, incluindo dinâmicas de trabalho que privilegiam a resolução de problemas emergentes no contexto ou o desenvolvimento de projetos. © Tecnologia da Informação e da Comunicação18 Pensando nessa situação, a metodologia de trabalho por projetos pode propiciar uma nova forma de aprender, viabilizando a integração entre conteúdos das áreas de conhecimento e diver- sas tecnologias disponíveis (computador, televisão, internet etc). Os alunos, por meio dos projetos didáticos, são capazes de realizar o trabalho com pesquisa, fazer novas buscas e levantar dúvidas, estabelecendo relações, descobertas e interpretações de problemas da realidade, podendo resolver situações concretas que permeiam suas vidas e seu cotidiano. Nesse sentido, exige-se que a escola torne o aluno um prota- gonista na produção do conhecimento, a fim de desenvolver a cria- tividade, a reflexão, a curiosidade, o espírito crítico e investigativo, entre outras habilidades. Considerando esse desafio, o professor precisará rever sua metodologia, que deverá ser pautada em situações-problema con- textualizadas, viabilizando discussões reflexivas, analíticas e críti- cas que, por sua vez, resultarão em produções coletivas e indivi- duais, visando à aprendizagem colaborativa. Behrens (2005a, p. 63) propõe que, para atender ao para- digma emergente, é necessário articular três pressupostos: o da visão sistêmica, o da abordagem progressista e o do ensino com pesquisa. a. A visão sistêmica ou holística busca a superação da fragmen- tação do conhecimento, o resgate do ser humano em sua to- talidade, considerando o homem com suas inteligências múl- tiplas, levando à formação de um profissional humano, ético e sensível. b. A abordagem progressista tem como pressuposto central a transformação social. Instiga o diálogo e a discussão coletiva como forças propulsoras de uma aprendizagemsignificativa e contempla os trabalhos coletivos, as parcerias e a participação crítica e reflexiva dos alunos e dos professores. c. O ensino com pesquisa instiga à produção do conhecimento com autonomia, espírito crítico e investigativo. Considera o aluno e o professor como pesquisadores e produtores dos seus próprios conhecimentos. Claretiano - Centro Universitário 19© Caderno de Referência de Conteúdo Dessa forma, Behrens (2005b) pontua que uma atuação do- cente competente deve se pautar nas demandas contemporâneas, que exigem a inter-relação desses três pressupostos atrelada à in- corporação das TICs ao processo educativo. O computador, a internet e outras tecnologias e mídias são, como recursos didáticos, suportes essenciais na conjectura de ino- vação do processo educativo, inovação essa que exige que o pro- fessor estabeleça parcerias e viabilize o trabalho em grupo, pois uma das funções da educação tecnológica é a formação do cida- dão capaz de aprender por meio da aprendizagem colaborativa. Desse ideário que mencionamos, advém a ideia de aprendi- zagem colaborativa, que deverá ser problematizadora, desafiadora e reflexiva, a fim de levar os alunos a buscarem soluções que serão discutidas em grupo e fundamentadas em referencial teórico. Para isso, é importante que se considere a oferta de requisitos bási- cos para viver numa sociedade em transformação, com vistas a preparar um cidadão responsável e ético para enfrentar os novos impactos tecnológicos. Assim, como professores, devemos nos preparar para par- ticipar dos processos de transformação e construção dessa reali- dade, que nos impõe a necessidade de incorporar novos hábitos, percepções e demandas. Nessas demandas, está a inserção das tecnologias ao cotidiano escolar, uma vez que nossos alunos preci- sam desenvolver habilidades para utilizar os instrumentos e recur- sos tecnológicos existentes em nossa cultura. Muito se fala, hoje, a respeito da qualidade em educação, e tal preocupação se reflete na melhoria da aprendizagem de nos- sos educandos, considerando-se o seguinte questionamento: que alunos devemos formar para enfrentar as novas exigências da so- ciedade da informação e do conhecimento? Essa dúvida nos faz refletir sobre nosso papel como educa- dores. Destacando o que diz Zabala (1998, p. 29) a esse respeito: © Tecnologia da Informação e da Comunicação20 Tudo que fazemos em sala de aula incide em menor ou maior grau na formação de nossos alunos. A maneira de organizar a aula, o tipo de incentivos, as expectativas que depositamos, os materiais que utilizamos, cada uma destas decisões veicula determinadas ex- periências educativas, e é possível que nem sempre estejam em consonância com o pensamento que temos a respeito do sentido e do papel que hoje em dia tem a educação. Dessa forma, precisamos organizar nosso trabalho pedagógi- co para a construção da cidadania e a transformação da escola em um espaço de vida, sonhos e produção de saberes, no qual as tec- nologias sejam utilizadas em situações que tragam aprendizagens efetivas e preparem os alunos para aprenderem ao longo de sua caminhada, podendo intervir, adaptar-se e criar novos cenários. Sobre essa questão, observe o que diz Hargreaves (2004, p. 14): As demandas que se colocam para os jovens e os desafios que lhes apresentam no século XXI são profundamente diferentes do que os anteriores. Hoje em dia, as demandas de uma economia produti- va moderna e de uma sociedade moderna includente levam nosso sistema de educacional a desenvolver o talento especial de cada criança. De fato, os meios de comunicação apresentam informação abundante e variada de um modo muito atrativo às crianças e jo- vens no contexto do século 21. Nakashima e Amaral (2006, p. 36) mencionam que, hoje, os jovens: [...] utilizam os mais diferentes espaços audiovisuais para se expres- sar, se relacionar e transformar a sua criatividade em uma produ- ção própria, através da utilização de fotos digitais, vídeos, e-mails [Messenger], comunidades de relacionamentos [Twitter, Facebook, Orkut] e blogs disponibilizados na internet. Algo que precisa ser dito nesta primeira conversa se refere à ênfase dada à perspectiva de que a escola prescinde de ser uma instituição de repasse de informações para tornar-se lugar forma- dor de pensamento, compreensão e interpretação. E, em meio a esse volume exorbitante de informações e às possibilidades de in- teração diversas, temos uma problemática a ser resolvida: a pouca Claretiano - Centro Universitário 21© Caderno de Referência de Conteúdo capacidade crítica para lidar com a variedade e a quantidade de in- formações, de meios de comunicação e de recursos tecnológicos. Nesse sentido, a ação docente precisa desenvolver procedi- mentos de análise e discussão no que se refere ao tratamento da informação, ou seja, viabilizar situações em que os alunos tenham de se posicionar de forma reflexiva, analítica e crítica, a fim de fa- zer escolhas, definir prioridades e avaliar o grau de qualidade das informações, mídias e tecnologias que lhe são apresentadas. Outro aspecto a se considerar são os espaços e meios de aprendizagem. Hoje, com as TICs, estes podem ocorrer por meios distintos e em lugares diferentes. Dessa forma, a aprendizagem poderá acontecer em ambientes virtuais ou físicos de aprendiza- gem, considerando as possibilidades de interação entre os alunos e a troca de informações, com vistas a responder aos objetivos comuns delineados pelas necessidades de grupo. Para Nakashima e Amaral (2006, p. 34): As mudanças no contexto escolar são necessárias, pois a geração de alunos que o compõe mudou. Atualmente, quando se observa uma criança a partir dos quatro anos, notam-se certas habilidades que, anteriormente, uma criança da década de 80, nessa mesma faixa etária, não apresentava, como por exemplo, a capacidade de ligar a televisão e o DVD sozinha, colocar seus filmes prediletos e escolher a cena que deseja ver, memorizar as falas de personagens com facilidade, ligar o computador e instalar os jogos que deseja brincar. As crianças de hoje não têm medo de conhecer e investigar os recursos que os eletroeletrônicos proporcionam. Elas pergun- tam aquilo que não sabem, gostam de experimentar coisas novas e fazer descobertas na prática, ou seja, elas já estão familiarizadas com o uso da tecnologia e interagem facilmente com a linguagem digital. No entanto, há certo preconceito notado em alguns educa- dores em utilizarem as tecnologias em sala de aula, em decorrên- cia do tecnicismo educacional, que surgiu na década de 1960. Se- gundo Leite (2003, p. 12): [...] a proposta de levar para a sala de aula qualquer novo equipa- mento tecnológico que a sociedade industrial vinha produzindo de modo cada vez mais acelerado foi, no Brasil, uma das pontas de © Tecnologia da Informação e da Comunicação22 um contexto político-econômico cujos objetivos eram inserir o país no mercado econômico mundial como produtor e consumidor de bens, em uma perspectiva de um desenvolvimento associado ao capital estrangeiro. Na educação isso se traduziu na defesa de um modelo tecnicista como fator de modernização da prática pedagó- gica e solução de todos os seus problemas. O tecnicismo educacional foi, e ainda é, criticado por muitos estudiosos da educação, pois apresenta uma visão tecnicista, re- ducionista e mecanizada de ensino, dando ênfase aos meios edu- cativos, sem questionar suas finalidades. Leite (2003, p. 12) pondera que: [...] nessa perspectiva, a educação é um universo fechado, sem ligação com as questões sociais, e gera seus próprios problemas, passíveis, portanto, de resolução mediante a utilização de moder- nas tecnologias e a elaboração de objetivos comportamentais e mensuráveis. A esse respeito, Freire (2001, p. 57) também alerta que: A técnica é sempre secundária e só é importante quando a servi- ço de algo mais amplo. Considerar a técnica primordial é perder o objetivo da educação.A questão não são as técnicas em si mes- mas – não que não sejam importantes, mas a verdadeira questão é a compreensão da substantividade do processo que, por sua vez, requer múltiplas técnicas para atingir um objetivo em particular. É o processo que leva à necessidade das técnicas que precisa ser entendido. O momento requer uma nova maneira de lidar com o uso das TICs no ambiente escolar, uma vez que não podemos apenas ins- trumentalizar nossos alunos para a utilização dessas tecnologias, mas também desenvolver habilidades que mudarão sua forma de agir e de pensar, isso porque terão de lidar com a abrangência e velocidade de informações e com o dinamismo do conhecimento. Entretanto, uma preocupação recorrente na implementação das TICs no processo educativo refere-se ao conhecimento técnico e pedagógico que os professores precisarão ter para que as tecno- logias sejam adequadamente utilizadas. O domínio do técnico e o pedagógico devem ser aprendidos pelo professor e incorporados à sua prática simultaneamente. Claretiano - Centro Universitário 23© Caderno de Referência de Conteúdo Outra questão a se considerar é que a chegada de novas tec- nologias (computador, internet, vídeo etc.) à escola aponta novos desafios para a comunidade escolar. Diante desse cenário, o pro- fessor vê-se em uma situação que implica novas aprendizagens e mudanças na prática pedagógica. Neste estudo, também dedicaremos grande parte do conteúdo apresentado a conhecer as especificidades das diferentes TICs – suas potencialidades, limitações e implicações pedagógicas. Isso nos levará a pensar sobre diferentes entendimentos que podemos ter acerca do que são as TICs, seu papel e uso no ambiente educacional. Nosso objetivo é você entender que as TICs podem ser utili- zadas para gerar situações de aprendizagem com maior qualidade, ou seja, para criar ambientes de aprendizagem em que a proble- matização, a atividade reflexiva, a atitude crítica, a capacidade de- cisória e a autonomia sejam privilegiadas. Também temos de evidenciar que a internet na escola não é garantia de inserção crítica das novas gerações e dos professores na cibercultura, pois muitas vezes ocorre que o professor convi- da o aprendiz a um site, mas a aula continua sendo uma palestra para a absorção linear, passiva e individual, enquanto o professor permanece como o responsável pela produção e transmissão dos "conhecimentos". Esse é um dos maiores desafios para a ação da escola, que terá de se viabilizar como espaço crítico em relação às informações e manifestações veiculadas pelas TICs. O fato constatado é que a educação não pode ficar alienada em relação ao momento que estamos vivendo, uma vez que "mu- dar" é a palavra de ordem na sociedade atual. Podemos concluir, com uma simples e evidente afirmação, que não usamos tecnologia por mera brincadeira ou para dizer que somos modernos, mas, sim, porque, com recursos lúdicos e contemporâneos, podemos educar crianças e jovens para viverem com responsabilidade, criatividade, espírito crítico, autonomia e liberdade em um mundo tecnologicamente desenvolvido. © Tecnologia da Informação e da Comunicação24 Nesse sentido, a inserção de TICs na escola deve mudar a forma como aprendemos, pois a função social deverá ser a de for- mar cidadãos criativos, críticos e preparados para a sociedade do conhecimento e da informação. Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi- da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhe- cimento dos temas tratados na obra Tecnologia da Informação e da Comunicação. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Banco de dados: "conjunto de informações arquivadas em registros. Um conjunto de registros forma um ban- co de dados. Cada registro tem um (ou mais) índice que permite o acesso rápido a suas informações. Exemplo: fichas de alunos contendo seu histórico escolar, com- portamento e dados pessoais. As fichas são os registros no banco de dados e podem ser acessadas através, por exemplo, do número ou nome do aluno" (UFSM, 2010). 2) Blog: "[...] página da web personalizada e pessoal que é atualizada constantemente e organizada cronologica- mente, como um diário" (NAKASHIMA; AMARAL, 2006). 3) Browser: "significa rastreador. Programa para navegar pela Internet. Os mais utilizados são o Internet Explorer, da Microsoft, o Mozilla Firefox, Opera e, mais atualmen- te, o Google Chrome. Os browsers, além de apresen- tarem textos, podem mostrar imagens, sons, vídeos e mesmo executar programas" (UFSM, 2010). 4) CD-ROM (Compact Disk-Ready Only Memory): "disco compacto usado como dispositivo de memória nos com- putadores" (UFSM, 2010). 5) Ciber: "vem de cibernética, ciência que estuda as comuni- cações e o sistema de controle nos seres vivos e nas má- quinas. Há poucos anos surgiu o termo ciberespaço, que se refere basicamente ao espaço virtual da Internet. Hoje em dia a palavra é usada com a conotação de ‘relativo à infor- mática, comunicação e novas tecnologias’" (UFSM, 2010). Claretiano - Centro Universitário 25© Caderno de Referência de Conteúdo 6) Ciberespaço: "Metáfora usada para descrever o espaço não físico criado por redes de computadores, nomeada- mente a Internet, onde as pessoas podem comunicar de diferentes maneiras, por exemplo, através de mensagens eletrônicas, em salas de conversa ou participando em grupos de discussão. Nota: o termo foi criado por William Gibson no romance "Neuromancer" (APDSI, 2007). 7) Conhecimento: "é o que cada indivíduo constrói como produto do processamento, da interpretação, da com- preensão da informação. É o significado que atribuímos e representamos em nossa mente sobre a nossa realida- de. É algo construído por cada um, muito próprio e im- possível de ser passado (o que é passado é a informação que advém desse conhecimento, porém nunca o conhe- cimento em si)" (VALENTE; ROMANO, 2011) 8) Construcionismo: "significa a construção de conheci- mento baseada na realização concreta de uma ação que produz um produto palpável (um artigo, um projeto, um objeto) de interesse pessoal de quem produz" (VALEN- TE, 1999, p. 141). 9) Download: "transferência de um arquivo de um com- putador remoto para um computador local. O arquivo é requisitado através do browser" (UFSM, 2010). 10) E-mail: "mensagem eletrônica que é enviada de uma pessoa a outra através dos computadores conectados à rede. Os usuários recebem do provedor uma caixa pos- tal (endereço eletrônico) que é utilizada para armaze- namento das mensagens. As mensagens são enviadas a esses computadores (servidores de e-mail), que as redi- recionam para os seus assinantes" (UFSM, 2010). 11) Ensinar: "[...] tem sua origem no latim, ensignare, que significa ‘colocar signos’, e, portanto, pode ser com- preendido como o ato de ‘depositar informação’ no aprendiz – é a educação bancária, criticada por Paulo Freire (1970)" (PRADO, 2010). 12) Ferramenta de busca (search-engine): "Programa que busca informações pela Internet, usando palavras-cha- ve" (UFSM, 2010). © Tecnologia da Informação e da Comunicação26 13) Grupo de discussão (news group): "[...] discussões man- tidas em algum computador e separadas por assunto dentro do qual os usuários podem enviar e ler mensa- gens. Para acompanhar as discussões o usuário precisa acessar o provedor (news server) de grupos de discus- são" (UFSM, 2010). 14) Homepage: "página escrita usando hipertexto e seguin- do um padrão específico adotado na Web (HTML). Um site de Internet pode ter várias páginas. A home page é a primeira página do site" (UFSM, 2010). 15) HTML (Hypertext Mark-Up Language): "É a linguagem de hipertextos usada na Web. Permite links para outros arquivos de texto, para arquivos de som, de imagem e de vídeo. Os links podem ser âncoras (dentro da mesma página), locais (dentro do mesmo site) ou externos (para outros sites)" (UFSM,2010). 16) HTTP (Hypertext Transfer Protocol): "Protocolo usado para a transferência de hipertexto (UFSM, 2010). 17) Internet: "rede mundial que interliga computadores. Co- meçou no final dos anos 60, com objetivos militares, e se caracteriza por ser uma rede altamente descentrali- zada. É comumente chamada de www ou web. Nasceu após uma experiência militar para conexão de computa- dores diferentes em várias partes do mundo, germinou na experiência de conexão de computadores de diversas universidades espalhadas pelo mundo. A Internet só foi possível após a criação de um protocolo de fácil manipu- lação e que poderia trafegar em qualquer equipamento de informática, o TCP-IP, de transfer control protocol- -Internet protocol, ou seja, protocolo de transferência" (BRASIL, 2010). Intranet: "rede local baseada no proto- colo IP" (UFSM, 2010). 18) Link: "[...] especifica o caminho (endereço) que o brow- ser precisa rastrear na rede para trazer a informação so- licitada pelo usuário. Os browsers entendem o formato html padrão que especifica endereços contidos em links (palavras destacadas). O clique do mouse sobre essas palavras leva a outras páginas" (UFSM, 2010). Claretiano - Centro Universitário 27© Caderno de Referência de Conteúdo 19) Lista de discussão: "discussões mantidas por assuntos predeterminados, em que um computador (list server) gerencia o envio e recebimento de mensagens para uma lista de e-mails (mailing lists). O usuário precisa se ins- crever e, então, passará a receber as mensagens em sua caixa postal" (UFSM, 2010). 20) Multimídia: "uso simultâneo de várias mídias (texto, som, imagem etc.). Um computador multimídia é aque- le capaz de utilizar essas mídias simultaneamente, para isso tem caixas acústicas, placa de vídeo e outros peri- féricos. Parte do crescimento da Web deveu-se às suas características multimídia" (UFSM, 2010). 21) Navegar: "o mesmo que surfar na Internet. Significa se- guir os links das páginas buscando informações. O na- vegador não precisa se preocupar com o local onde as informações estão armazenadas (elas podem estar em qualquer computador do planeta ligado à Internet)" (UFSM, 2010). 22) Notebook: "computador portátil" (UFSM, 2010). 23) Paradigma: "[...] conjunto de princípios cognitivos in- conscientes e pressupostos que definem o tipo de dados que somos capazes de ver em primeiro lugar" (WILBER, 1989, p. 70). 24) Processador de texto: "o mesmo que editor de texto. Programa para editar um texto e trabalhar sua estética" (UFSM, 2010). 25) Projetor multimídia: "aparelho para ser ligado ao com- putador e projetar numa tela as mesmas imagens que o computador envia ao monitor" (UFSM, 2010). 26) Provedor de acesso: "[...] tem uma ligação permanente com a Internet através de uma linha telefônica rápida, e modems ligados aos seus computadores para permitir que usuários o contatem e usem como ponte para aces- sar a Internet" (UFSM, 2010). 27) Rede: "o termo ‘rede’ refere-se a dois ou mais compu- tadores conectados com o objetivo de permitir que as pessoas se comuniquem e/ou compartilhem recursos" (BRASIL, 1998). © Tecnologia da Informação e da Comunicação28 28) Sistema operacional: "sistema utilizado pelo computa- dor para que o processador realize as operações conti- das nos diversos programas" (UFSM, 2010). 29) Site: "conjunto de páginas de uma mesma instituição na Internet. Um site contém páginas escritas em HTML (o protocolo padrão usado na Internet). Um site pode ser pessoal, institucional, comercial, educacional etc." (UFSM, 2010). 30) Software: "são os programas de computadores. Cada software pode conter um conjunto de programas e/ou diversos arquivos para funcionar. Quanto mais fácil de ser usado, maior será seu tamanho, necessitando, assim, de mais espaço tanto no disco rígido quanto na memória do tipo RAM" (BRASIL, 1998). 31) Tecnofobia: "medo de tecnologia" (UFSM, 2010). 32) Teleconferência: "Comunicação síncrona (em tempo real) para a troca de mensagens entre dois computado- res. Hoje em dia alguns programas permitem a criação de um 'quadro-branco' em que se pode desenhar ou mostrar arquivos de imagens, além da janela de texto. Também chamada de chat ou bate-papo" (BRASIL, 2010). 33) Tutorial: "Explicações passo a passo de uso de uma fer- ramenta. Usado geralmente em seções do tipo 'como fa- zer', na qual entram detalhes, explicações simplificadas e exemplos" (BRASIL, 2010). 34) Upload: "Arquivo transferido de um computador local para um computador remoto" (BRASIL, 2010). 35) URL (Uniform Resource Location): "Endereço da web" (BRASIL, 2010). 36) Videoconferência: "Comunicação síncrona (em tempo real) entre dois computadores usando imagens e sons obtidos por pequenas câmeras e microfones acoplados aos computadores" (BRASIL, 2010). 37) Web: "Sistema baseado em hipertexto que permite a na- vegação por computadores ligados à internet. Suporta texto, imagens, vídeo e sons" (BRASIL, 2010). 38) Webmaster: "Pessoa responsável por um site de inter- net. Normalmente com responsabilidades pela inte- Claretiano - Centro Universitário 29© Caderno de Referência de Conteúdo gridade do site do ponto de vista técnico (questões de segurança, validade de links, velocidade etc.), embora algumas vezes seja também responsável pelo conteúdo" (BRASIL, 2010). Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende- -se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co- nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe- dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza- gem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. © Tecnologia da Informação e da Comunicação30 Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor- nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe- cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele- cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponívelem: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon- ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 9 jun. 2011). Claretiano - Centro Universitário 31© Caderno de Referência de Conteúdo Tecnologia da Informação e da Comunicação Revolução Tecnológica Revolução Pedagógica Linha histórica das transformações sociais, econômicas e culturais 1750 a 1950 Sociedade Industrial 1950 a 2000 Sociedade Pós-Industrial Século 21 Sociedade da Informação Produção em massa de bens de consumo Produção de serviços Valorização do trabalho intelectual Explosão informacional e disseminação da informação e do conhecimento Paradigma Newtoniano- Cartesiano Visão reducionista e mecanicista Dinamismo, criatividade e capacidade de relacionar em diferentes contextos Paradigma Emergente Transformação das ferramentas didático- pedagógicas convencionais TV, DVD, Blu-Ray, Computador, Lousa Digital, Internet etc. Otimização do Processo Ensino- Aprendizagem Utilização das TICs de forma crítica, seletiva e analítica Potencialização do trabalho didático- pedagógico do professor Integração dos trabalhos por projetos e tecnologias Aprendizagem Colaborativa Educação Tecnológica Processos de transformações e construção de novos hábitos, percepções e demandas Exige conexões, parcerias e trabalhos em conjunto Visão sistêmica, ensino com pesquisa e abordagem progressista Trabalho manual Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Tecnologia da Informação e da Comunicação. Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem © Tecnologia da Informação e da Comunicação32 O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do ensino de Pedagogia pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re- solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhe- cimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profis- sional. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte- grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra- tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con- teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con- ceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Claretiano - Centro Universitário 33© Caderno de Referência de Conteúdo Dicas (motivacionais) O estudo desta obra convida você a olhar, de forma mais apu- rada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com- partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri- mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. © Tecnologia da Informação e da Comunicação34 Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este estudo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 1 EA D Tecnologia na Construção do Conhecimento 1. OBJETIVOS • Analisar o papel das novas tecnologias no processo edu- cacional. • Identificar as principais transformações sociais, culturais e econômicas que ocorrem na sociedade mediante o de- senvolvimento da informática. • Compreender e demonstrar como o indivíduo capta e processa a informação para criar ambientes de aprendi- zagem com recursos tecnológicos de informação e comu- nicação. • Distinguir informação e conhecimento. • Analisar as contribuições de algumas ferramentas da in- formática nos projetos educacionais por meio da apren- dizagem colaborativa. © Tecnologia da Informação e da Comunicação3636 2. CONTEÚDOS • Papel da informática no dia a dia. • Tecnologia na vida e na escola. • Sociedade da informação e do conhecimento. • Integração dos projetos educacionais e das tecnologias. • Era digital e aprendizagem colaborativa. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Tenha sempre à mão o significado dos termos explicita- dos no Glossário de Conceitos e suas ligações pelo Es- quema dos Conceitos-chave para o estudo de não ape- nas esta, mas todas as unidades desta obra. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 2) Nesta unidade, você aprenderá sobre a Era da sociedade do conhecimento. Dessa forma, será interessante fazer a leitura do livro O Ensino na Sociedade do Conhecimento, de Andy Hargreaves, para aprofundar seus conhecimen- tos e ampliar as convicções a respeito da necessidade de se repensar a função social da escola mediante as expec- tativas do contexto imposto no século 21. 3) Para saber um pouco mais sobre Paulo Freire, educa- dor notável brevemente apresentado a seguir, acesse o link que se encontra disponível em: <http://novaescola. abril.com.br/index.htm?ed/139_fev01/html/repcapa>. Acesso em: 29 out. 2010. Consulte, também, a obra Di- dática, para relembrar alguns conceitos relevantes des- se importante pensador. 4) Leia os textos indicados na bibliografia para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o ma- terial didático e discuta a unidade com seus colegas de curso e com o tutor. Claretiano - CentroUniversitário 37© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento 5) Antes de iniciar a leitura desta unidade, será interessan- te conhecer um pouco da biografia dos pensadores cujas ideias norteiam este estudo. Para saber mais, acesse os sites referenciados. Paulo Freire Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setem- bro de 1921, no Recife, Pernambuco, uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as dificuldades de sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no SESI (Serviço Social da Indús- tria) e no Serviço de Extensão Cultural da Universida- de do Recife. Ele foi quase tudo o que deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e "métodos". Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a universidade do Recife e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963. A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados. Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências educa- cionais tanto em zonas rurais quanto urbanas. Durante os 10 anos seguintes, foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional junto a vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África. Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil para "reaprender" seu país. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade do Brasil. Durante seu mandato, fez um grande esforço na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial dos professores. A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo preso após o Golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão, foi convencido a deixar o país. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu, durante 5 anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi aí que escreveu a sua principal obra: Pedagogia do oprimido. Em Paulo Freire, conviveram sempre presente senso de humor e a não menos constante indignação contra todo tipo de injustiça. Casou-se, em 1944, com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos. Após a morte de sua primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna. © Tecnologia da Informação e da Comunicação3838 Paulo Freire é autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade (1967), Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à Guiné Bissau (1975), Pedagogia da esperança (1992) À sombra desta mangueira (1995). Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior. A Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades. Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: "Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento" (Bélgica, 1980); "Prêmio UNESCO da Educação para a Paz" (1986) e "Prêmio Andres Bello" da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992). No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado "Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa". Paulo Freire faleceu no dia 2 de maio de 1997 em São Paulo (imagem disponível em: <http://redesocial. unifreire.org/pedagogia-vivencial-humanescente/blog/vii-coloquio-internacional- -paulo-freire>. Acesso em: 31 out. 2010. Texto disponível em: <http://www.pau- lofreire.org/pub/Crpf/CrpfAcervo000031/Vida_Biografias_Pequena_Biografia_ v1.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2011). Fernando Hernández Doutor em Psicologia e professor de História da Educação Artística e Psicologia da Arte na Universidade de Barce- lona. Tem 50 anos e há 20 trabalha com a inserção do trabalho com projetos na escola (imagem disponível em: <http://tataiaraujo.blogspot.com/2007/12/entrevista-com- -fernando-hernndez.html>. Acesso em: 20 dez. 2010. Texto disponível em: <http://novaescola.abril.com.br/in- dex.htm?ed/154_ago02/html/repcapa>. Acesso em: 3 jan. 2006). Marilda Aparecida Behrens Pedagoga pela UFPR, mestre e doutora em Educação pela PUC-SP. Atua há trinta anos na formação de profes- sores universitários, na graduação em pedagogia e nas licenciaturas. Leciona no mestrado em Educação da PUC do Paraná nas disciplinas Paradigmas Contemporâneos na Educa- ção Superior e Docência na Universidade. Na graduação em Pedagogia atua nas disciplinas Didática e Prática de Ensino. Especialista em Metodologia do Ensino Superior, lide- ra dois grupos de pesquisa: Paradigmas educacionais e formação de professores e Educação, comunicação, e tecnologia. A autora pu- blicou [...] O Paradigma emergente e a prática pedagógica (imagem disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4769299J2>. Acesso em: 29 nov. 2010. Texto disponível em: <http://www.erdos.com.br/deta- lhe_pro2.php?id=4769>. Acesso em: 29 nov. 2010, grifos do autor). Claretiano - Centro Universitário 39© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Com base no estudo desta unidade, esperamos que você re- flita sobre o papel da tecnologia no processo educacional e iden- tifique como o indivíduo capta e processa a informação para criar ambientes de aprendizagem com recursos tecnológicos de infor- mação e de comunicação. Nesse sentido, o nosso objetivo é que você compreenda a diferença entre informação e conhecimento e conheça um pouco da pedagogia de projetos, na perspectiva da integração entre dife- rentes mídias e conteúdos. Os tópicos a seguir abordam e discutem alguns conceitos, bem como possíveis implicações envolvidas na perspectiva de uma aprendizagem colaborativa, que se viabiliza pela articulação entre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), os saberes e os protagonistas. 5. SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E DA TECNOLOGIA Para que você entenda como se constituiu a sociedade em que vivemos atualmente, retornaremos um pouco no tempo. A grande transformação inicia-se com a sociedade de pro- dução em massa, fortemente influenciada pela Revolução Indus- trial e impregnada pelos pressupostos do paradigma newtoniano- -cartesiano, caracterizado por uma visão de mundo mecanicista e reducionista. Da Revolução Industrial, evoluímos para a revolução tecno- lógica, que, por sua vez, provocou a geração das redes de informa- tização. Essa nova geração proporcionou o contato rápido entre as pessoas, possibilitando o movimento de globalização. Segundo o Dicionário Aurélio (2004) globalização é o proces- so típico da segunda metade do século 20 que conduz a crescente © Tecnologia da Informação e da Comunicação4040 integração das economias e das sociedades dos vários países, es- pecialmente no que se refere à produção de mercadorias e servi- ços, aos mercados financeiros e à difusão de informações. Mesmo diante dessa revolução, percebemos que nossa edu- cação continua impregnada pelo pensamento conservador new- toniano-cartesiano, tendo grandes dificuldades em absorver as mudanças geradas por essa revolução tecnológica.A chegada da sociedade do conhecimento exigiu que as pessoas estabelecessem parcerias, conexões, trabalho coletivo e inter-relacional, ultrapassando a fragmentação e a divisão por dis- ciplinas em todas as áreas do conhecimento. Nesse sentido, a tecnologia passou a ser um mecanismo de bem-estar social, uma vez que o grande desafio imposto à escola é preparar o aluno para a cidadania, formando um indivíduo éti- co e responsável para enfrentar os novos desafios tecnológicos, levando-se em consideração os requisitos básicos para viver numa sociedade em constante transformação. Muitos autores afirmam que a sociedade do conhecimento pode também ser chamada de sociedade da informação, surgindo no final do século 20 junto ao contexto de globalização. Com a sociedade da informação, surge, então, uma nova era, em que as tecnologias de armazenamento são amplamente utili- zadas e as transmissões de dados são de baixo custo. Com isso, a informação chega aos lugares com rapidez e em maior quantidade. Mas o que é sociedade da informação? Sociedade da Informação é um estágio de desenvolvimento social caracterizado pela capacidade de seus membros (cidadãos, empre- sas e administração pública) de obter e compartilhar qualquer in- formação, instantaneamente, de qualquer lugar e da maneira mais adequada (FUNDACIÓN TELEFONICA, 2010). Observe a evolução da sociedade moderna na Figura 1. Claretiano - Centro Universitário 41© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento Sociedade Pós-industrial Sociedade Industrial Sociedade da Informação Figura 1 Evolução da sociedade moderna. A sociedade industrial perdurou, aproximadamente de 1750 a 1950 e, nesse período, o maior desafio foi manter a eficiência, ou seja, fazer o maior número de coisas no menor tempo possível, tornando mais dinâmico o ritmo de vida. Após a Segunda Guerra Mundial, surgiu a sociedade pós- -industrial, proveniente da expansão dos meios de interação e co- municação entre pessoas de diferentes lugares do mundo, com a transformação do sistema econômico e a propagação das novas tecnologias. Esse tipo de sociedade não se consolidava na produ- ção agrícola nem na indústria, mas, sim, na produção de serviços e informações. Para compreender a sociedade pós-industrial, temos de ter clara a ideia de que ela se difere muito da anterior. Isso é percebi- do no setor de serviços, que hoje absorve a maior parte da mão de obra disponível no mercado, mais que a agricultura e a indústria juntas, pois o trabalho intelectual é tido como mais importante do que o trabalho mecanizado. Antes, tínhamos a especialização do trabalho e a padroni- zação das mercadorias; agora, o que vale é a intelectualização e a desestruturalização do espaço e do tempo, ou seja, a possibilidade de estar em diferentes espaços de forma virtual tornando a comu- nicação muito mais ágil, dinamizando nossas relações e ações. © Tecnologia da Informação e da Comunicação4242 6. TECNOLOGIA NA VIDA E NA ESCOLA Atualmente, vive-se um momento de grandes transforma- ções, no qual a tecnologia está presente em atividades comuns do cotidiano. Segundo Kenski (2002), as atividades cotidianas mais co- muns, como dormir, comer, trabalhar, deslocar-se para diferentes lugares, ler, conversar e se divertir, são possíveis graças às tecnolo- gias a que todos têm acesso. De fato, o conceito tecnologia possui diferentes significados variando conforme o contexto. Observe como Kenski (2002, p. 1) trabalha essa definição: Para todas as demais atividades que realizamos em nossas vidas, precisamos de produtos e equipamentos resultantes de estudos, planejamentos e construções específicos para serem utilizados, na busca de melhores formas de viver. Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à constru- ção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade, chamamos de "tecnologia". Para construir qualquer equipamento – seja uma caneta esferográfica, seja um computador – os homens precisam pesquisar, planejar e criar tecnologias. O dicionário Aurélio (2004, p. 325) define tecnologia como "o conjunto de conhecimentos, princípios científicos, que se apli- cam a um determinado ramo de atividade". Já Kline apud Almeida (2003, p. 48) propõe uma definição de tecnologia mais abrangente: [...] como o estudo do emprego de ferramentas, aparelhos, máqui- nas, dispositivos, materiais, objetivando uma ação deliberada e a análise de seus efeitos, envolvendo o uso de uma ou mais técnicas para atingir determinado resultado, o que inclui as crenças e os va- lores subjacentes às ações, estando, portanto, relacionada com o desenvolvimento da humanidades. A rapidez com que se dá a circulação de informações e a pro- dução de conhecimento no mundo atual impõe novas demandas para o viver em sociedade. Assim, é necessário que as pessoas aprendam a conviver com as incertezas, com o imprevisto, com o provisório e com as constantes novidades. Claretiano - Centro Universitário 43© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento Segundo Behrens (1999, p. 25), isso pressupõe: [...] o desenvolver à capacidade de aprendizagem contínua, ou seja, à autonomia na construção e na reconstrução do conhecimento ao longo da vida, como analisar, refletir e ter disponibilidade para transformar seu conhecimento, processando novas informações e produzindo conhecimentos novos. A escola faz parte desse momento de revolução tecnológica, e, para cumprir sua função social, ela deve estar aberta e incorpo- rar novos comportamentos, hábitos e demandas, participando dos processos de transformação e construção de nossa sociedade. É necessário, pois, que os alunos desenvolvam habilidades para uti- lizar os recursos tecnológicos de nossa cultura. Para isso, a escola precisa integrar a cultura tecnológica ao seu cotidiano. Hoje, os meios de comunicação apresentam variedade e abundância de informação de maneira bastante atrativa. Dessa forma, os alunos têm acesso às diferentes informações, com níveis de complexidades distintos e que expressam diferentes percep- ções, pontos de vista e valores. Vale ressaltar que as Tecnologias da Informação e da Comu- nicação permitem que a aprendizagem ocorra de diferentes ma- neiras e em diferentes lugares. Por conseguinte, cada vez mais, as capacidades para imaginar, criar, questionar, inovar, tomar deci- sões com autonomia e encontrar soluções rápidas assumem im- portância. A escola tem a função de ensinar os alunos a se relacionarem de forma seletiva e crítica com o universo de informações a que têm acesso no seu dia a dia, uma vez que, ao fazer isso, os edu- cadores cumprem um importante papel de formar gerações mais conscientes, autônomas e críticas. Repensando a escola Diante desse novo contexto social, da sociedade da informa- ção e do conhecimento, torna-se necessário repensar o papel da escola e as questões referentes ao ensino e à aprendizagem. © Tecnologia da Informação e da Comunicação4444 É importante saber que o ensino na perspectiva tradicional, que privilegia a memorização de fatos e conceitos, organizado de forma fragmentada, bem como as soluções padronizadas e os exercícios repetitivos e de exaustão, não atende às exigências des- se novo paradigma. Assim, o momento requer uma nova forma de agir e de pensar para lidar com a abrangência, com o dinamismo do conhecimento e com a rapidez de informações. Podemos facilmente perceber uma gama de diferentes si- tuações em que o indivíduo precisa fazer escolhas e definir priori- dades, exigindo, para isso, capacidade de se posicionar de forma reflexiva e crítica. Sob essa ótica, o "ensinar" deve se configurar de forma diferente da perspectiva tradicional. Assim, é necessário que o nosso aluno desenvolva competências para atender as no- vas exigências da sociedade do século 21. Tais demandas valorizam a autonomia, a criatividade, a fle- xibilidade para trabalhar em meio a incertezas, a facilidade em buscar e interpretarinformações e a articulação de ações colabo- rativas e em parceria. Assim, exige-se que os alunos e, consequen- temente, os professores tenham uma nova postura diante do pro- cesso de aprendizagem e da busca e produção do conhecimento. Já é fato que o envolvimento do aluno no processo de aprendi- zagem é fundamental. Segundo estas novas exigências, os alunos precisam ser protagonistas na ação de aprender. De acordo com os PCNs (1999, p. 7): [...] a escola deve propiciar ao aluno caminhos para encontrar sen- tido e funcionalidade naquilo que constitui o foco dos estudos em cada situação da sala de aula. Essa forma contextualizada de apren- der é que permite ao aluno relacionar aspectos presentes da vida pessoal, social e cultural, mobilizando as competências cognitivas e emocionais já adquiridas para novas possibilidades de reconstru- ção do conhecimento. Portanto segundo Perrenoud (1999, p. 69), "as competências são construídas somente no confronto com verdadeiros obstácu- los, em um processo de projeto ou resolução de problemas". Nes- Claretiano - Centro Universitário 45© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento se contexto, o currículo escolar apresenta a necessidade de inte- grar as disciplinas e as áreas do conhecimento, com vistas a formar um aluno protagonista da sua história e capaz de compreender e transformar uma realidade. Assim, é importante que você compreenda a tecnologia, em termos das implicações do seu uso no processo de ensino e apren- dizagem. Essa compreensão é que permitirá integrá-lo à prática pedagógica. Entretanto, essa integração é vista de forma equivocada, e a tecnologia incorporada ao currículo escolar, como mais uma disci- plina, servindo pra instrumentalizar sua utilização. É comum ouvir os professores dizendo: "precisamos oferecer a disciplina de infor- mática ou mesmo cursos extracurriculares". Diferentemente dessa perspectiva, ressaltamos a importân- cia de a tecnologia ser incorporada à sala de aula, à escola e à sociedade, tendo em vista sua utilização como recurso didático- -pedagógico. No entanto, o que é necessário fazer para a implantação das novas tecnologias na escola? É preciso antes questionar: será que os professores sem co- nhecimento técnico são capazes de implantar soluções pedagógi- cas inovadoras utilizando os recursos tecnológicos? Refletindo sobre essa questão, observe a Figura 2. © Tecnologia da Informação e da Comunicação4646 Fonte: MOA (2003, p. 66). Figura 2 Aula com auxílio da internet. Como vimos, a professora, por ausência do conhecimento técnico, acabou por não conseguir utilizar o computador como re- curso pedagógico inovador na sua prática docente. Portanto, é importante que o professor tenha clareza quanto às possibilidades técnicas e pedagógicas de utilização dos recursos tecnológicos. Para isso, há dois aspectos que devem ser considera- dos na implantação dos recursos tecnológicos na escola. O primeiro refere-se à importância de se ter o conhecimento técnico e pedagógico, visto que é enganosa a ideia de que se tor- nar um especialista em informática já garante o sucesso de uma boa aula. O conhecimento técnico e o pedagógico são essenciais para a implantação das TICs. Como afirma Valente (2002, p. 85): [...] o domínio das técnicas acontece por necessidades e exigências do pedagógico e as novas possibilidades técnicas criam novas abertu- ras para o pedagógico, constituindo uma verdadeira espiral de apren- dizagem ascendente na sua complexidade técnica e pedagógica. Claretiano - Centro Universitário 47© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento Ainda, de acordo com Valente (2002), o segundo aspecto re- fere-se à possibilidade de implementação pedagógica atendendo às especificidades de cada tecnologia. Para isso, o autor afirma que: O professor deve conhecer o que cada uma dessas facilidades tec- nológicas tem a oferecer e como ela pode ser explorada em dife- rentes situações educacionais. Em um determinado momento, por exemplo, a televisão pode ser mais apropriada do que o computa- dor (VALENTE, 2002, p. 86). 7. SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO O que significa conhecimento e como ele se difere da infor- mação? Informação refere-se aos dados que as pessoas trocam entre si e aos fatos divulgados na mídia em geral. Já o conheci- mento, segundo Valente (2002, p. 98): [...] é o que cada indivíduo constrói como produto do processamen- to, da interpretação, da compreensão da informação. É o significa- do que atribuímos e representamos em nossa mente sobre a nossa realidade. É algo construído por cada um, muito próprio e impos- sível de ser passado (o que é passado é a informação que advém desse conhecimento, porém nunca o conhecimento em si. Assim, o fato de você ter informação não significa que tem conhecimento sobre um assunto, pois este precisa passar por um processo de interpretação e compreensão da informação recebi- da. Isso possibilita atribuir uma mudança nos processos que envol- vem o "ensinar" e o "aprender". Um dos possíveis significados para o conceito de ensino pode partir da origem etimológica da palavra. Vejamos que: Ensinar tem origem no latim, ensignare, que significa "colocar sig- nos" e, portanto, pode ser compreendido como o ato de "depositar informação" no aprendiz – que é a educação bancária, tão criticada por Paulo Freire (VALENTE, 2011). © Tecnologia da Informação e da Comunicação4848 É importante você saber que Paulo Freire (1997) defende ser necessário acabar com a Educação Bancária, na qual o professor de- posita em seus alunos os conhecimentos que possui. Observe a Fi- gura 3. Nela podemos notar que a concepção que se tem é que o professor ao ensinar vai depositando informações na mente do aluno. Figura 3 Educação bancária. Partindo dessa premissa, pode-se imaginar que o professor ensina quando passivamente transmite informações ao aluno e este aprende porque reproduz e memoriza a informação. Contrário a essa ideia, La Torre (1993, p. 58) explicita que "ensinar é intercambiar, compartilhar, confrontar, debater idéias, e, mediante essas atividades, o sujeito transcende seus conheci- mentos adquiridos, gerando novas estruturas mentais". Para Freire (1996, p. 52), o papel do professor sobrepõe-se à mera transmissão de conhecimentos. Assim, ele afirma que: Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua construção. Quando entro em sala de aula devo estar sendo um ser aberto às indagações, à curio- Claretiano - Centro Universitário 49© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento sidade, às perguntas dos alunos, às suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento. Outra interpretação para o conceito de aprender é construir conhecimento. Dessa forma, o aprendiz deve processar a informa- ção que obtém interagindo com o mundo. Segundo Veiga (2006), a construção do conhecimento dá-se por uma mediação social. Nes- sa interação, o aprendiz coloca-se diante de situações que devem ser resolvidas e, para isso, busca informações que atendem às suas necessidades. Segundo Anastaciou (2005, p. 14): Existe também uma diferença entre aprender e apreender, embora nos dois verbos exista a relação entre os sujeitos e o conhecimen- to. O apreender, do latim apprehendere, significa segurar, prender, pegar, assimilar mentalmente, entender, compreender, agarrar. Não se trata de um verbo passivo; para apreender é preciso agir, exercitar-se, informar-se, tomar para si, apropriar-se, entre outros fatores. O verbo aprender, derivado de apreender por síncope, sig- nifica tomar conhecimento, reter na memória mediante estudo, receber a informação de... É preciso distinguir quais ações estão presentes na meta que esta- belecemos ao ensinar. Se for apenas receber a informação de, bas- tará passá-la por meio da exposição oral. Nessa perspectiva, uma boa palestra é o suficiente para a transmissãoda informação. No entanto, se nossa meta se refere à apropriação do conhecimen- to pelo aluno, para além do simples repasse da informação, é pre- ciso se reorganizar, superando o aprender, que tem se resumido em processo de memorização, na direção do apreender, segurar, apropriar, agarrar, prender, pegar, assimilar mentalmente, enten- der e compreender. Daí a necessidade atual de se revisar o "assistir a aulas", pois a ação de apreender não é passiva. O agarrar por parte do aluno exige ação constante e consciente: informar-se, exercitar-se, instruir-se. O assistir ou dar aulas precisa ser substituído pela ação conjunta do fazer aulas. Nesse fazer aulas é que surgem as necessárias formas de atuação do professor com o aluno sobre o objeto de estudo e a definição, escolha e efetivação de estratégias diferenciadas que facilitem esse novo fazer. Desse modo, Valente (2005, p. 24) pondera que: © Tecnologia da Informação e da Comunicação5050 Ensinar deixa de ser o ato de transmitir informação e passa a ser o de criar ambientes de aprendizagem para que o aluno possa interagir com uma variedade de situações e problemas, auxiliando-o em sua interpretação para que consiga construir novos conhecimentos. 8. INTEGRAÇÕES DAS TECNOLOGIAS E DOS PROJE- TOS EDUCACIONAIS Hernández (1998) contribui dizendo que uma das temáticas que hoje vêm sendo discutidas no cenário educacional é o traba- lho por projetos. Mas que projeto? O projeto pedagógico da es- cola? O projeto do professor? O projeto do aluno? O projeto de informática? O que se propõe, atualmente, é a integração das novas tec- nologias e do trabalho por projetos. Isso se faz necessário para consolidar uma nova maneira de ensinar na escola, por meio da articulação das mídias existentes e dos conteúdos propostos que se configuram na aprendizagem construcionista. Segundo Valente (1999, p. 141): O construcionismo significa a construção de conhecimento basea- da na realização concreta de uma ação que produz um produto pal- pável (um artigo, um projeto, um objeto) de interesse pessoal de quem produz. Dessa forma, os projetos didáticos viabilizam a aprendiza- gem do aluno por meio de situações mais significativas e contex- tualizadas, uma vez que o ponto de partida é a realidade do aluno. Essa metodologia de trabalho tem como característica a pes- quisa, o levantamento de dúvidas, o incentivo a descobertas e à criatividade, a interpretação de informações e a reconstrução de conhecimentos. Logo, o professor deixa de ser meramente um transmissor de informações para criar situações de aprendizagem que incidam sobre as relações que se estabelecem nesse processo, cabendo a ele realizar as mediações necessárias para que o aluno possa en- Claretiano - Centro Universitário 51© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento contrar sentido naquilo que está aprendendo com base nas rela- ções criadas nessas situações. Além disso, o trabalho com projetos permite que o educan- do "aprenda fazendo", reconhecendo-se como protagonista no processo de aprendizagem por meio de situações investigativas que viabilizem a contextualização de conceitos já apreendidos e a descoberta de outros que surgirem no decorrer do projeto. Com essa perspectiva de aprendizagem, o aluno precisa to- mar decisões, trabalhar em grupo, selecionar informações signifi- cativas, confrontar ideias, argumentar, criticar, enfim, desenvolver competências para aprender de forma colaborativa e cooperativa juntamente com seus colegas. Mas, afinal, o que é projeto? O projeto, de acordo com a origem etimológica da palavra, derivada do latim projectus, significa algo "lançado para frente". É organizado conforme a intenção que se deseja concretizar e con- cebido por ações articuladas previamente estabelecidas necessá- rias para executá-lo, a fim de modificar determinada problemática em uma situação esperada. O trabalho por projetos é capaz de transformar o ambiente escolar em um lugar de interações, vivo e rico em possibilidades nas suas múltiplas dimensões. Os projetos didáticos abrangem a pesquisa no sentido de se conhecer o conteúdo com o qual vai trabalhar e a forma de aplicá- -lo. Identificam-se, por meio da observação feita a priori, aspectos relacionados com a sala de aula e sua clientela, possibilitando um acompanhamento e a superação de problemas predeterminados. De acordo com Hernández (1998, p. 56): Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando ati- tudes diante dos fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados objetivos. Ensina-se não só pelas respostas dadas, mas também pelas experiências proporcionadas, pelos problemas criados, pela ação desencadeada. © Tecnologia da Informação e da Comunicação5252 Trabalhar com projetos é útil ao aluno e à comunidade e prepara o cidadão para o mundo exigente do trabalho. Eles apre- sentam problemas autênticos, permitindo aos alunos trazerem o conhecimento externo para dentro da escola, tornando-os, dessa forma, capazes de resolver problemas com competência de análi- se e tomada de decisão. Constitui-se uma nova maneira de pensar a escola, uma nova concepção de ensino, que possibilita aflorar a identidade dos alunos, trazendo à escola a vida cotidiana e oportunizando aos alu- nos experiências significativas desde o levantamento dos temas, permitindo, assim, o acesso às diferentes fontes de informação, a partir de situações-problema que levam à aprendizagem. No que se refere à organização de conteúdo, a pedagogia de projetos potencializa as possibilidades de interdisciplinaridade. Isso só acontece porque os projetos didáticos favorecem a articulação e a inter-relação das disciplinas, rompendo com as fronteiras de fragmentação das diferentes áreas do conhecimen- to, por meio das problemáticas estudadas em contextos reais de aprendizagem. Entretanto, muitas vezes, acontece um equívoco e o pro- fessor acaba por alimentar a crença de que apenas as atividades interdisciplinares são relevantes para desenvolver o seu trabalho, recusando o trabalho disciplinar. Para negar essa visão, Fazenda (1994) pondera que a interdisciplinaridade pode acontecer sem desconsiderar a identidade que cada disciplina possui. Nesse sentido, Almeida (2002, p. 58) destaca: [...] que o projeto rompe com as fronteiras disciplinares, tornando- -as permeáveis na ação de articular diferentes áreas de conheci- mento, mobilizadas na investigação de problemáticas e situações da realidade. Isso não significa abandonar as disciplinas, mas in- tegrá-las no desenvolvimento das investigações, aprofundando-as verticalmente em sua própria identidade, ao mesmo tempo, que estabelecem articulações horizontais numa relação de reciproci- dade entre elas, a qual tem como pano de fundo a unicidade do conhecimento em construção. Claretiano - Centro Universitário 53© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento O que se pode constatar é que o conhecimento disciplinar oferece ao aluno a possibilidade de compreender e interpretar as especificidades de um determinado conteúdo. Já o conhecimen- to interdisciplinar oferece ao aluno a possibilidade de estabelecer relações significativas entre conhecimentos. Ambos coexistem e realimentam-se. Nesse sentido, a utilização dessa prática inovadora de inte- gração de projetos e TICs concebe o ensino e a aprendizagem de forma interdependente. Isso é muito importante para o professor poder conciliar a intencionalidade pedagógica com os conheci- mentos prévios, interesses e necessidades dos alunos. Segundo Hernández (1999, p. 33): Ao desenvolver projetos em sala de aula, é importante levantar pro- blemáticas relacionadas com a realidade do aluno, cujas questões e temáticas em estudo partam do conhecimento que ele traz de seu contexto e busquem desenvolver investigações para construir um conhecimento científico que ajude esse aluno a compreender o mundo e a conviver criticamente na sociedade. Veremos, no Tópico 9, um exemplo de como trabalhar com projetos.Por isso, se você ainda tiver dúvidas, esta é a oportunida- de para esclarecê-las! 9. ERA DIGITAL E APRENDIZAGEM COLABORATIVA Como já mencionamos, a pedagogia tradicional, pautada na transmissão de informações feita pelo professor e na repetição com vistas a memorizar conteúdos, dá lugar a uma prática docen- te baseada na construção e produção coletiva do conhecimento (LÉVY, 1999). Acredita-se que os processos de interação e comuni- cação e a aprendizagem colaborativa são essenciais para formar o cidadão que está inserido na sociedade da informação. Para desenvolver esses processos, a escola precisa ampliar os seus espaços e aguçar a criatividade do aluno e do professor para buscar novas possibilidades de aprender, derrubando barrei- © Tecnologia da Informação e da Comunicação5454 ras e transformando o ambiente dominado apenas por quadro de giz e livro-didático (BEHRENS, 1996). Em meio a tantas informações, os professores precisam aguçar os alunos a utilizarem as tecnologias para a resolução de problemas reais e concretos que acontecem em seu cotidiano. A aprendizagem deve se tornar significativa, problematizadora e de- safiadora para que os alunos busquem soluções viáveis por meio da discussão em grupo e do corpo teórico disponível e requisitado no trabalho de pesquisa. Dessa forma, o que se constitui como aprendizagem cola- borativa ocorre quando professores e alunos participam de um processo coletivo para aprender de forma dinâmica e criativa, per- meado pelo diálogo e pela descoberta em parceria. Segundo Behrens (2011): Com essa nova visão, cabe aos docentes empreenderem projetos que contemplem uma relação dialógica na qual, ao ensinar, apren- dem; e os alunos, ao aprender, possam ensinar (Freire, 1997). Os professores e os alunos passam a ser parceiros solidários que en- frentam desafios a partir das problematizações reais do mundo contemporâneo e demandam ações conjuntas que levem à cola- boração, à cooperação e à criatividade, para tornar a aprendizagem colaborativa, crítica e transformadora. A ótica do trabalho por projetos didáticos atrelado à apren- dizagem colaborativa e às tecnologias de interação deve viabilizar situações de aprendizagem inovadoras. Embora não se tenha para isso um receituário, Behrens (2000, p. 77) sinalizam algumas re- comendações: 1. investigação de problemas; 2. contextualização do tema; 3. tomada de decisões em grupo; 4. situações de troca; 5. reflexão individual e coletiva; 6. tolerância e a convivência com as diferenças, as constantes ne- gociações e as ações conjuntas. Claretiano - Centro Universitário 55© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento Essa metodologia pode propiciar ao professor momentos de análise, reflexão e criação de sua própria prática docente, uma vez que o professor precisa ensinar em meio à imprevisibilidade e in- certeza das problemáticas que serão apresentadas pelos alunos. 10. NOVO PARADIGMA PARA UM NOVO TEMPO Muitos autores, como Capra (1996), Moraes (1997), Santos (1987) e Behrens (1996), denominaram o novo paradigma peda- gógico como ecológico, holístico ou emergente. Moran (2011) define "paradigma" como forma padronizada ou modelo orientador da pesquisa e da organização de seus resul- tados em um campo delimitado de conhecimento. Esse novo paradigma tem o desafio de superação da repro- dução para a produção do conhecimento, além de caracterizar-se pela visão de totalidade, e não pela fragmentação, objetividade e racionalidade, existentes anteriormente. Conforme pondera Behrens (2000, p. 77): O paradigma emergente tem como função essencial reaproximar as partes na busca de uma visão do todo. A exigência de tornar o aluno um competente produtor do seu próprio conhecimento im- plica valorizar a reflexão, a ação, a curiosidade, o espírito crítico, a incerteza, a provisoriedade, o questionamento e, para tanto, exige que o professor reconstrua a prática conservadora que vem desen- volvendo em sala de aula. O professor precisa ter claro que os ambientes educativos devem ter como foco o espírito investigativo, a autonomia, a cria- tividade e a possibilidade do trabalho em equipe. Considerando esse desafio, o professor precisa optar por metodologias que bus- quem suscitar situações-problema, que levem a discussões críticas e reflexivas de forma contextualizada e que visem à aprendizagem colaborativa. Behrens (1999), em suas pesquisas sobre a prática docente nos diferentes níveis de ensino, constatou que, para contemplar © Tecnologia da Informação e da Comunicação5656 o paradigma emergente, é preciso articular três pressupostos bá- sicos: visão sistêmica, abordagem progressista e ensino com pes- quisa. A autora defende que o professor precisa ampliar os recur- sos oferecidos para a aprendizagem dos alunos, em especial com a instrumentalização da tecnologia inovadora. A importância da op- ção por essa aliança implica apresentar as características de cada abordagem: • Visão sistêmica ou holística: busca a superação da fragmen- tação do conhecimento, o resgate do ser humano em sua to- talidade, considerando o homem com suas inteligências múl- tiplas, levando à formação de um profissional humano, ético e sensível. • Abordagem progressista: tem como pressuposto central a transformação social. Instiga o diálogo e a discussão coletiva como forças propulsoras de uma aprendizagem significativa e contempla os trabalhos coletivos, as parcerias e a participação crítica e reflexiva dos alunos e dos professores. • Ensino com pesquisa: instiga a produção do conhecimento com autonomia, espírito crítico e investigativo. Considera o aluno e o professor como pesquisadores e produtores dos seus próprios conhecimentos (BEHRENS, 1999, p. 36). Para tornar a atuação docente mais competente, é necessá- rio que a escola acompanhe os desafios da sociedade moderna. Para isso, é importante utilizar os recursos tecnológicos existentes para efetivar uma pedagogia inovadora. 11. TEXTO COMPLEMENTAR No texto a seguir, o pesquisador José Manuel Moran traça um panorama a respeito de como as novas tecnologias podem ser inseridas no processo educativo. A integração das tecnologias na educação ––––––––––––––– O computador continua, mas ligado à internet, à câmera digital, ao celular, ao mp3, principalmente nos pockets ou computadores de mão. O telefone celular é a tecnologia que atualmente mais agrega valor: é wireless (sem fio) Claretiano - Centro Universitário 57© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento e rapidamente incorporou o acesso à Internet, à foto digital, aos programas de comunicação (voz, TV), ao entretenimento (jogos, música-mp3) e outros serviços. Estas tecnologias começam a afetar profundamente a educação. Esta sem- pre esteve e continua presa a lugares e tempos determinados: escola, salas de aula, calendário escolar, grade curricular. Há vinte anos, para aprender oficialmente, tínhamos que ir a uma escola. E hoje? Continuamos, na maioria das situações, indo ao mesmo lugar, obriga- toriamente, para aprender. Há mudanças, mas são pequenas, ínfimas, diante do peso da organização escolar como local e tempo fixos, programados, ofi- ciais de aprendizagem. [...] Há avanços na virtualização da aprendizagem, mas só conseguem ar- ranhar superficialmente a estrutura pesada em que estão estruturados os vários níveis de ensino. Moran também nos mostra que a internet nos possibilita pensar o ensinar e o aprender de forma diferenciada, em que as questões de tempo e espaço possam se adequar às possibilidades de cada indivíduo, viabilizando um ensino de maior flexibilidade e agilidade. Observe o que ele diz no excerto a seguir: A interconectividade que a Internet e as redes desenvolveram nestes últi- mos anos está começando a revolucionar a forma de ensinar e aprender. As redes, principalmente a Internet, estão começando a provocar mudanças profundas na educação presencial e a distância. Na presencial, desenraizam o conceito de ensino-aprendizagemlocalizado e temporalizado. Podemos aprender desde vários lugares, ao mesmo tempo, on e off line, juntos e sepa- rados. Como nos bancos, temos nossa agência (escola) que é nosso ponto de referência; só que agora não precisamos ir até lá o tempo todo para poder aprender.[...] A educação presencial está incorporando tecnologias, funções, atividades que eram típicas da educação a distância, e a EAD está descobrin- do que pode ensinar de forma menos individualista, mantendo um equilíbrio entre a flexibilidade e a interação. Moran aponta alguns problemas na integração das tecnologias na educação. Como constatamos a seguir: A escola é uma instituição mais tradicional que inovadora. A cultura escolar tem resistido bravamente às mudanças. Os modelos de ensino focados no professor continuam predominando, apesar dos avanços teóricos em busca de mudanças do foco do ensino para o de aprendizagem. Tudo isto nos mos- tra que não será fácil mudar esta cultura escolar tradicional, que as inovações serão mais lentas, que muitas instituições reproduzirão no virtual o modelo centralizador no conteúdo e no professor do ensino presencial. Os alunos estão prontos para a multimídia, os professores, em geral, não. Os professores sentem cada vez mais claro o descompasso no domínio das tec- nologias e, em geral, tentam segurar o máximo que podem, fazendo peque- nas concessões, sem mudar o essencial. Creio que muitos professores têm medo de revelar sua dificuldade diante do aluno. Por isso e pelo hábito man- têm uma estrutura repressiva, controladora, repetidora. Os professores per- cebem que precisam mudar, mas não sabem bem como fazê-lo e não estão preparados para experimentar com segurança. Muitas instituições também exigem mudanças dos professores sem dar-lhes condições para que eles as efetuem. Freqüentemente algumas organizações introduzem computadores, © Tecnologia da Informação e da Comunicação5858 conectam as escolas com a Internet e esperam que só isso melhore os pro- blemas do ensino. Os administradores se frustram ao ver que tanto esforço e dinheiro empatados não se traduzem em mudanças significativas nas aulas e nas atitudes do corpo docente. [...] As mudanças na educação dependem, mais do que das novas tecnologias, de termos educadores, gestores e alunos maduros intelectual, emocional e eticamente; pessoas curiosas, entusiasma- das, abertas, que saibam motivar e dialogar; pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos (MORAN, 2011). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 12. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Sugerimos, neste tópico, que você responda, discuta e co- mente as questões a seguir, que abordam a temática desenvolvida nesta unidade, ou seja, a possibilidade de incorporação das no- vas tecnologias no âmbito educacional, a fim de tornar o processo de aprendizagem mais significativo, preparando jovens e crianças para se inserirem em nossa sociedade e nela intervir de forma crí- tica e cidadã. As questões autoavaliativas podem ser uma ferramenta im- portante para testar seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos es- tudados para sanar suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu- cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma cooperativa e colaborativa. Portanto, compartilhe suas descober- tas com seus colegas de curso. Confira, a seguir, as questões propostas para verificar seu de- sempenho no estudo desta unidade: 1) O que significa conhecimento e como ele se difere da informação? 2) Explique o que é aprendizagem construcionista e como ela se dá no proces- so educativo. 3) O que é e como ocorre a aprendizagem colaborativa? 4) O que é paradigma emergente? Quais os pressupostos necessários para atender as exigências de tal paradigma? Claretiano - Centro Universitário 59© U1 - Tecnologia na Construção do Conhecimento 5) Leia a assertiva: "o momento requer uma nova forma de agir e de pensar para lidar com a abrangência, com o dinamismo do conhecimento e com a rapidez de informações" (PRADO, 2001, p. 3). Você concorda com essa afirmação? Na sua opinião, como os professores poderiam agir para garantir o sucesso na aprendizagem nesse novo processo de mediação do conheci- mento? 6) O que são projetos didáticos e como eles se caracterizam? 7) Apresente sua crítica sobre esta unidade, destacando e explicando: a) Quais são os pontos fundamentais? b) Qual a sua importância para a formação do professor? 13. CONSIDERAÇÕES Como pudemos perceber ao longo desta unidade, a tecno- logia faz parte do nosso dia a dia, cabendo à escola incorporá-la a seu contexto, de modo que sirva como recurso didático-pedagógi- co, a fim de inovar, com competência, as práticas docentes. Diante disso, achamos relevante fazer uma análise sobre as questões técnicas e pedagógicas das novas tecnologias na educa- ção, mostrando que um dos grandes desafios desta área está na combinação do técnico com o pedagógico. Nossa preocupação é que essa formação contribua para você orientar e desafiar seus futuros alunos nas atividades com as TICs, visando à aquisição de novos conhecimentos. É o que veremos nas próximas unidades! 14. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Evolução da sociedade moderna. Disponível em: <http://www.telefonica.es/ sociedaddelainformacion/pdf/informes/brasil_2002/parte1_1.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2008. Figura 3 Educação bancária. Disponível em: <http://tailinehijaz.wordpress. com/2009/12/13/a-educacao-bancaria-de-freire-nas-faculdades-de-direito/>. Acesso em: 1 dez. 2011. © Tecnologia da Informação e da Comunicação6060 Sites pesquisados BEHRENS, M. A. Aprendizagem colaborativa com tecnologia interativa. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/2sf.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2011. FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário eletrônico Aurélio. [s.l.]: Positivo Informática Ltda, 2004. CD-ROM. FUNDACIÓN TELEFONICA. Sociedad de la información. Disponível em: <http:// sociedadinformacion.fundacion.telefonica.com/>. Acesso em: 29 nov. 2010. KENSKI, V. TV na Escola e os desafios de hoje. Programa 2: As tecnologias na educação básica. As tecnologias invadem nosso cotidiano. Disponível em: <http://www.tvebrasil. com.br/SALTO/boletins2002/tedh/tedhtxt2a.htm>. Acesso em: 14 jan. 2008. MORAN, J. M. A integração das tecnologias na educação. Disponível em: <http://www. eca.usp.br/prof/moran/integracao.htm>. Acesso em: 1 nov. 2010. ______. Desafios da televisão e do vídeo à escola. Disponível em: <http://oficinas.psico. ufrgs.br/html/pedagogico/3sf.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2011. VALENTE, J. A. O papel do computador no processo ensino-aprendizagem. Disponível em: <http://cursoproinfo100h.blogspot.com/2009/03/o-papel-do-computador-no- processo_3726.html>. Acesso em: 1 jan. 2011. 15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, F. J.; FONSECA JÚNIOR, F. M. Projetos e ambientes inovadores. 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OBJETIVOS • Conhecer e identificar as especificidades das diferentes Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs). • Diferenciar as linguagens utilizadas pelas diversas tecnologias. • Definir o conceito de audiovisual e seu uso em sala de aula. • Compreender e incorporar novas linguagens, desvelando có- digos, possibilidades de expressão e possíveis manipulações. • Reconhecer que o desenvolvimento das tecnologias da comunicação acarreta transformações na sociedade con- temporânea. 2. CONTEÚDOS • Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação. • Veículos e linguagens do mundo contemporâneo. • Tecnologias audiovisuais: TV e vídeo na escola. © Tecnologia da Informação e da Comunicação64 • Processos de produção de vídeos com a filmadora. • Câmera fotográfica. • Rádio. • Calculadora. • Computador no processo de ensino-aprendizagem. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Nesta unidade, você aprenderá sobre as especificidades das diferentes Tecnologias da Informação e da Comuni- cação (TICs). Por isso, será interessante fazer uma leitura complementar para ampliar seus conhecimentos a res- peito dos recursos tecnológicos que podem ser utiliza- dos em sala de aula para otimizar o processo de ensino- -aprendizagem. Assim, sugerimos os livros: a) LEITE, L. S. (Coord.). Tecnologia educacional: descu- bra suas possibilidades na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 2003. b) SANDHOLTZ, J. H.; RINGSTAFF, C.; DWYER, D. C. Ensi- nando com tecnologia: criando salas de aula centra- das nos alunos. Porto Alegre: Artmed, 1997. 2) Antes de iniciar esta leitura, também será interessante você conhecer os pesquisadores que fundamentam o re- ferencial teórico utilizado nesta unidade. Dessa maneira, apresentamos a seguir as biografias de José Manuel Mo- ran e Fredric Michael Litto. José Manuel Moran Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), é assessor da Faculdade Sumaré, em São Paulo, e professor aposentado da USP. Nascido na Espanha e naturalizado brasileiro, Moran é um estudioso das formas de integração entre as tecnologias de comunicação, especialmente a internet, na educação presen- cial e a distância, dentro de uma visão humanista e inovado- ra. Tem vários artigos e livros publicados sobre comunicação pessoal, educação e tecnologias, onde procura integrar a vi- Claretiano - Centro Universitário 65© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas são humanista com a inovação tecnológica. Como ver televisão (1991) e Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica (2000) são algumas de suas obras. Nas décadas de 70 e 80 participou do Projeto Leitura Crítica da Comunicação, da União Cristã Brasileira de Comunicação Social (UCBC), que orientava pais e professores não só a analisar os meios de comunicação, principalmente a televi- são e o jornal, como também a integrá-los com tecnologias e mídias na educação (imagem e texto disponíveis em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.ht ml?idEdicao=16&idCategoria=8>. Acesso em: 31 out. 2010). Fredric Michael Litto [Fredric Michael Litto] possui graduação em Rádio-Televi- são – University of California, Los Angeles (1960) – e dou- torado em História do Teatro – Indiana University (1969). Desde 1995 é presidente da Associação Brasileira de Edu- cação a Distância; Membro do Comitê Executivo do ICDE – International Council of Open and Distance Learning –; e membro do Conselho Editorial das revistas científicas: American Journal of Distance Education, Revista Iberoa- mericana de Educación a Distancia, Advanced Technology and Learning, International Review of Research in Open & Distance Learning; e Open Learning. Tem experiência na área de Ciência da Informação, com ênfase em Co- municação Mediada por Computadores, atuando principalmente nos seguintes temas: educação a distância, aprendizagem, telemática, repositórios digitais e novas formas de trabalhar (imagem disponível em: <http://www2.abed.org.br/vi- sualizaDocumento.asp?Documento_ID=206>. Acesso em: 31 out. 2010. Texto adaptado do original, disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/ visualizacv.jsp?id=K4787785Y6>. Acesso em: 7 nov. 2010). 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Como vimos na Unidade 1, o papel da escola é capacitar os indivíduos para que exerçam plenamente sua cidadania. Assim, in- serida na sociedade do conhecimento e da informação, a escola deve estar aberta para incorporar novos hábitos, comportamen- tos, percepções e demandas. Nesta unidade, conheceremos as especificidades das diferen- tes Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), suas poten- cialidades, limitações e implicações pedagógicas. Isso nos levará a pensar sobre diferentes entendimentos que podemos ter acerca das TICs, do seu papel e do seu uso no ambiente educacional. © Tecnologia da Informação e da Comunicação66 Nosso objetivo é você entender que as TICs (televisão, In- ternet, computador, DVD, lousa digital interativa, entre outras) podem propiciar práticas pedagógicas significativas.Isso quer di- zer que é necessária a criação de espaços de aprendizagem que contemplem a autonomia, a problematização, o espírito reflexivo, a criticidade e a tomada de decisão, entre outras habilidades im- portantes para a inserção na sociedade do século 21. Prontos para esta inovadora proposta de ensino? 5. NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA CO- MUNICAÇÃO É fato que hoje estamos, a todo minuto, nos benefician- do dos avanços da tecnologia. Podemos observar que atividades como assistir TV; utilizar o computador e a internet; retirar dinhei- ro de um caixa eletrônico; viajar de avião, trem, carro ou ônibus; fazer parte de uma rede social, como o Facebook ou o Orkut, são situações cotidianas para muitos de nós. Podemos notar que toda a sociedade utiliza a tecnologia na medida em que a realização dessas atividades pressupõe a pre- sença de aportes tecnológicos em algum estágio do seu processo, ou seja: 1) na produção das mídias audiovisuais; 2) na produção do mercado editorial; 3) nas transações comerciais; 4) na produção de produtos de bens de consumo; 5) no sistema de telecomunicações. Assim, os aportes tecnológicos são: [...] produtos da tecnologia, qualquer objeto criado para facilitar o trabalho humano. Portanto, a roda, o machado, utensílios domés- ticos, televisão, telefone, trator, relógio, são recursos tecnológicos, assim como motores, engrenagens, turbinas, cabos e satélites (BRASIL, 2010, p. 135). Claretiano - Centro Universitário 67© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas Segundo Nakashima e Amaral (2006, p. 34): A evolução da tecnologia se caracteriza pela crescente velocidade e constante atualização das informações. A cada dia, inventores e cientistas dedicam seu tempo na criação de objetos inovadores que visam a facilitar a vida do ser humano ou simplesmente contribuir para o consumismo. A proliferação de dispositivos digitais na atual sociedade da informação, como MP3, celulares, câmeras fotográfi- cas, palmtops, visual phones, dentre outros, visam oferecer maior mobilidade, personalização e conectividade aos usuários. Esse cenário está relacionado ao desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação que, segundo Pretto (1995), ganham in- cremento a partir do movimento de aproximação entre as diversas indústrias da eletrônica, informática, entretenimento e comunica- ção, objetivando o aperfeiçoamento dessas tecnologias e o aumen- to das possibilidades de comunicação entre as pessoas. As TICs tornam possíveis novas maneiras de organização da vida humana, uma vez que propiciam múltiplas situações que demandam novas possibilidades de atuação do homem sobre seu contexto. É fato que, há alguns anos, não existia a possibilidade de co- municação on-line entre pessoas fisicamente distantes nem era possível compartilhar instantaneamente imagens e acontecimen- tos em vários lugares do mundo. Nesse sentido, também não era possível conceber que uma pessoa pudesse aprender tendo como interlocutor uma máquina, como é o caso da aprendizagem inter- mediada pelo computador (MORAN, 2001). Portanto, de acordo com Matos (2010), as Tecnologias da In- formação e da Comunicação dizem respeito aos recursos tecnoló- gicos que permitem o trânsito de informações, os quais podem ser os diferentes meios de comunicação (jornalismo impresso, rádio e televisão, livros, computadores etc.). Apenas uma parte diz respeito aos meios eletrônicos, que surgiram no final do século 19 e se torna- ram publicamente reconhecidos no início do século 20, com as pri- meiras transmissões radiofônicas e de televisão, na década de 1920. Essas transformações nos processos de produção de conhe- cimentos e de comunicação geram mudanças bruscas na percep- ção de mundo, nos valores, na consciência individual e nas formas de atuação social. Isso também se fortaleceu porque: © Tecnologia da Informação e da Comunicação68 Os meios eletrônicos de comunicação [...] permitem a interação com diferentes formas de representação simbólica – gráficos, tex- tos, notas musicais, movimentos, ícones, imagens –, e podem ser importantes fontes de informação, da mesma forma que textos, livros, revistas e jornais da mídia impressa. Entrevistas, debates, documentários, filmes, novelas, músicas, noticiários, softwares, CD-ROM, BBS e Internet são apenas alguns exemplos de formatos diferentes de comunicação e informação possíveis utilizando-se es- ses meios (PCNs, 2008 p. 141). Na escola, os meios eletrônicos e tecnológicos podem ser usados para comparar, analisar e obter informações de diferentes naturezas sobre fenômenos naturais; acontecimentos mundiais, políticos e econômicos; períodos, autores e obras da literatura; mudanças climáticas; aspectos históricos e geográficos; entre ou- tros, por meio de uma apropriação ativa da informação que gere novos conhecimentos. As atividades pedagógicas que envolvem o uso do compu- tador viabilizam a criação de espaços de aprendizagem onde os alunos são capazes de realizar pesquisas, esclarecer dúvidas, fazer antecipações, criar soluções, confirmar ideias prévias, experimen- tar, argumentar, executar simulações, desenvolvendo diferentes operações mentais. Além disso, possibilitam a comunicação e interação entre os indivíduos de diferentes lugares do mundo, por meio dos sistemas de comunicação interativos, como a internet, que disponibiliza sites de relacionamento (tais como Facebook, Orkut, Quepasa, Twitter, MySpace, Sonico etc.) e ferramentas síncronas de comuni- cação (tais como MSN, Skype, etc.). Descobrindo o potencial educativo das TICs Você, futuro educador, conhece experiências significativas com o uso das novas TICs? Poucos educadores reconhecem a potencialidade desses re- cursos, e são muitos os fatores que contribuem para isso, entre os quais, destacam-se: Claretiano - Centro Universitário 69© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas 1) dificuldade em captar recursos financeiros para atuali- zação e manutenção dos equipamentos e capacitação técnica dos professores; 2) pouco conhecimento e domínio técnico por parte dos docentes na utilização das ferramentas tecnológicas; 3) dificuldade metodológica e técnica na criação de espa- ços de aprendizagem colaborativa; 4) pouca ou nenhuma disponibilidade de equipamentos nas escolas; 5) instalações precárias que inviabilizam o uso dos equipa- mentos tecnológicos disponíveis. Essa situação precisa ser mudada com urgência, uma vez que há a necessidade de a escola atender às novas demandas que contemplam os processos de transformação da sociedade. Vamos conhecer agora alguns meios eletrônicos que poten- cializam, complementam e aperfeiçoam o processo de ensino e aprendizagem. Todos ligados na TV! Como já mencionamos, vivemos uma nova era, em que a tecnologia amplia as possibilidades de acesso à informação e co- municação por meio de recursos tecnológicos, como a televisão, a internet, o telefone, entre outros, modificando nossa maneira de aprender e de viver nos dias atuais. Já não agimos mais como antigamente, época em que as pessoas saíam às ruas ou às janelas de suas casas para obter infor- mação e, assim, por meio de conversas, muitas vezes, informais, ficavam sabendo sobre o que estava acontecendo nas proximida- des e em sua região. Na atualidade, a janela em que as pessoas buscam suas informações é a televisão. Por meio dela, é possível que saibam tudo o que acontece em todos os lugares do mundo. A televisão é o veículo de comunicação em que predomina o entretenimento, o acesso à informação, a socialização e a publici- dade, pensada segundo os interesses mercadológicos. © Tecnologia da Informação e da Comunicação70 Por meio da TV, pessoas de diferentes gerações conhecem a si mesmas, aprendem a consumir, descobrem sobre a cultura dos povos e vislumbram distintos lugares do mundo. Segundo os livros do MEC sobre Tecnologia da Informação e da Comunicação (2006): O conteúdooferecido pelos programas televisivos passou a orien- tar nossas vidas. Pessoas de todas as idades, condições econômi- cas e níveis intelectuais começaram a viver "ligadas na televisão". [...] Assumiram em suas vidas valores, hábitos e comportamentos copiados dos personagens da televisão. [...] Não conseguem mais viver distantes da televisão [...]. A televisão [...] aproxima-se cada vez mais da realidade cotidiana. O sucesso de novos programas, como reality shows, mostra o quanto a vivência cotidiana das pessoas alimenta o "show" oferecido pela mídia. A ficção confunde-se com a realidade produzida no espaço artificial dos cenários televisivos. Artistas e pessoas comuns vivem um cotidiano totalmente documentado e exibido que desperta a curiosidade geral do grande público [...]. Este é um dos maiores desafios para a ação da escola diante do que é veiculado pela televisão na atualidade: viabilizar-se como espaço crítico em relação às informações e às manifestações veiculadas pela TV. Aos professores é designada a importante tarefa de refletir com seus alunos sobre o que é apresentado pela televisão, suas po- sições e problemas, reconhecer sua interferência no modo de ser e de agir das pessoas e na própria maneira de se comportar diante do seu grupo social, como cidadãos (adaptado de KENSKI, 2011). Na sociedade de consumo, a TV, a internet, as vitrines, as revistas e a moda geram um grande fluxo, convertendo a vida em um show contínuo e as pessoas em espectadores permanentes. Como tais, nesse contexto, estamos sempre prontos a não atuar e a não intervir, só consumir. Em que medida nós, educadores, estamos tocados pela es- petacularização e nos transformamos em espectadores do proces- so de alienação de nossos alunos diante da sociedade de consumo e do sensacionalismo e banalização das relações humanas (como apresentadas nos reality shows na TV)? Observe a Figura 1 e reflita sobre a questão: qual a função da escola diante de tal contexto? Claretiano - Centro Universitário 71© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas Figura 1 A TV que informa ou deforma? Para responder a esse questionamento, entendemos que a função social da escola é desenvolver a capacidade analítica, sele- tiva e crítica, levando os alunos a fazerem uma leitura ativa e re- flexiva de tudo aquilo que assistem na TV. Para isso, a sala de aula deve se tornar um ambiente de aprendizagem propício para dis- cussões democráticas e críticas sobre o conteúdo oferecido pela televisão, internet e outras TICs. Além disso, a família também cumpre o papel de mediar e discutir com seus filhos sobre tudo que é apresentado pelos dife- rentes veículos de comunicação e interação. Entretanto, isso mui- tas vezes não ocorre, e a escola precisa abraçar essa causa e alertar crianças e jovens sobre as concepções e valores éticos, políticos, sociais, estéticos, econômicos, morais, religiosos, entre outros que adentram todos os dias nossas casas. Acompanhe o texto, que ilustra essa questão: Atividade construtivista ––––––––––––––––––––––––––––––– Um exemplo de atividade construtivista foi realizado por alunos de alfabetização, com idade entre 6 e 7 anos, da Casa Escola do Rio Grande do Norte. [...] Após terem participado de uma filmagem na escola, os alunos levantaram questões sobre a forma de transmissão, a programação da televisão, como telejornais, desenhos, propagandas e até mesmo a atitude dos pais diante da televisão. A pesquisa levou-os a compreender diferentes aspectos relacionados com essa mídia e a desenvolver o senso crítico diante da programação dos canais tele- visivos. Os alunos visitaram a TV Universitária local, onde observaram de perto a produção de programas e puderam debater sobre como produzir programas educativos. O projeto foi concluído com uma exposição dos trabalhos produzidos a respeito de suas descobertas. No projeto descrito, poderia dar aos alunos a oportunidade de criar roteiros e tomar a filmadora nas mãos, a fim de produzir seus próprios vídeos, de modo © Tecnologia da Informação e da Comunicação72 que pudessem representar o significado de suas análises na mídia audiovisual. Além disso, a articulação entre mídia audiovisual e impressa poderia expandir-se para outras mídias, como o computador, para aprofundar as pesquisas e elaborar novas produções, trocar idéias e experiências com alunos de outras escolas e socializar suas descobertas em sites (adaptado de ALMEIDA, 2011). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A princípio, a programação convencional da TV não apresen- ta, explicitamente, intencionalidade educativa. No entanto, o pro- fessor poderá utilizá-la como fonte de informação para problema- tizar os diferentes conteúdos curriculares por meio de situações didáticas mais significativas e desafiadoras, nas quais a televisão poderá ser uma ferramenta capaz de viabilizar a mobilização de distintas operações mentais, como análise, comparação, identifi- cação, observação, relação de informações e acontecimentos etc. Nesse contexto, a escola deixa de ser uma instituição de re- passe de informação para tornar-se lugar de construção do conhe- cimento, de compreensão e de interpretação do pensamento. Ela deve preparar os jovens para utilizarem com seletividade e criati- vidade a televisão, bem como desenvolver com eles competências para análise e crítica a partir de linguagens, comunicações, infor- mações, produção e recepção. Vejamos, a seguir, a utilização do texto audiovisual: • Serve para apresentar informações a respeito de um as- sunto a ser estudado em uma disciplina. Nesse caso, a situação pedagógica deverá privilegiar as seguintes ope- rações mentais: ver, compreender, relacionar, ouvir, rela- cionar, fazer anotações, argumentar, selecionar informa- ções, interpretar, memorizar etc. • Serve como base para focalizar, propriamente, o uso da língua portuguesa, assim como seu vocabulário, sua es- trutura, o gênero oral, as escolhas de estilo, a variação linguística, os dialetos etc. E, então, como a televisão se comunica? Segundo Moran (2011), Claretiano - Centro Universitário 73© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas Os meios de comunicação desenvolvem formas sofisticadas multi- dimensionais de comunicação sensorial, emocional e racional, su- perpondo linguagens e mensagens que facilitam a interação com o público. A televisão permite que primeiro o "sentimento" seja expresso – "o que você sentiu", não o que você conheceu. As idéias estão embutidas na roupagem sensorial, intuitiva e afetiva. As mídias audiovisuais partem do visível, do concreto, do imediato, mexendo com as sensações e os sentimentos por meio de uma música envolvente, do close etc. Com isso, sentimo-nos envolvidos com aquilo que estamos assistindo. Leite (2003, p. 108) sugere que o professor pontue algumas reflexões que podem ser feitas com os alunos a respeito dos meios de comunicação em massa. Estas devem se pautar nas seguintes indagações: [...] de que modo os telejornais operam com as notícias? O que há de implícito/explícito na estrutura narrativa da novela, do outdoor, das campanhas publicitárias, dos filmes de sucesso? Quais são os motivos da sedução exercida pelos videogames? Há somente uma influência do consumismo? Como analisar o fascínio pela linguagem fragmentada dos video- clips ou dos anúncios publicitários ou dos realitys shows? Isso nos oferece pistas para começar o trabalho na sala de aula pelo lado afetivo, pelo sensorial, por aquilo que toca o aluno antes que se fale de conceitos, de ideias e de teorias. Partir do ime- diato para o mediato, da ação para a reflexão, do concreto para o abstrato, da produção para a teorização – essa é a nova tendência de inovação pedagógica para a escola. Segundo Chiappini (2000), os professores devem realizar, com seus alunos, a análise crítica dos telejornais, para refletir so- bre diferentes aspectos que estãopropositalmente dispostos nes- ses programas. Tal processo de análise nos revela a não neutrali- dade dos telejornais e a sua coerência com interesses ideológicos marcados. © Tecnologia da Informação e da Comunicação74 Chiappini (2000, p. 82) destaca alguns desses aspectos: • As notícias ao serem editadas, muitas das vezes aparecem jo- gadas e descontextualizadas, ou seja, relatam apenas o que aconteceu. Não remetem o telespectador a uma marca de tempo, muito menos levam-no a refletir sobre as múltiplas causas e conseqüências dos fatos, seria como se estas últimas não existissem; • Os telejornais são construídos segundo diferentes doses de superficialidade, sensacionalismo, espetacularização do fato, seriedade ou polêmica; • O telejornal, ao editar a notícia tornando-a concisa e facilmen- te digerível, pode fabricá-la; • As seqüências de más notícias são seguidas, ao final do telejor- nal, de uma notícia agradável, que pode ir desde o entreteni- mento, esportes até um sorriso de boa-noite de apresentador. Ora, não seria por acaso tal sequência, assim o telejornal infor- ma a população, sem perder a sua credibilidade – indispensá- vel à audiência, porém alivia os sentimentos dos telespectado- res de indignação, revolta, desespero, tristeza, atenuados por uma notícia do tipo "luz no fim do túnel" ou pelo humor que arrefece emoções e desorienta o sentido de reflexão. O que se constata é que precisamos analisar e refletir sobre os meios de comunicação de massa como produtos culturais, con- siderando suas consequências sociais e ideológicas. A leitura crítica desses veículos de inculcação ideológica des- mistifica a imparcialidade, credibilidade, veracidade e autoridade que a TV e outros veículos de comunicação representam para to- dos nós. Dessa forma, professores e alunos tornam-se telespectado- res ativos, pesquisadores e analistas de tudo que é veiculado pelos meios de comunicação de massa, podendo desvendar mecanismos de produção da informação e suas reais intenções (LEITE, 2003). E o DVD? A grande vantagem do videocassete ou do DVD é permitir que os programas ou filmes sejam transmitidos no momento de- sejado, sendo possível, ainda, voltar, adiantar e interromper cenas, se necessário. Além disso, os gravadores de DVDs servem para re- Claretiano - Centro Universitário 75© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas produzir filmes e programas educativos transmitidos pela TV, com o objetivo de assisti-los no momento em que o professor conside- rar mais pertinente aos conteúdos que está trabalhando em sala de aula. Na escola, o DVD é usado para a reprodução de uma mídia que pode ter sido gravada pelo professor ou fazer parte do acervo de filmes de videolocadoras ou da própria escola. Outra possibi- lidade é reproduzir vídeos produzidos pelos alunos por meio de câmera filmadora na realização de diferentes atividades, tais como produção audiovisual, apresentação teatral, pesquisas de campo etc. Com a utilização de DVDs ou CDs, é possível criar situações de aprendizagem em que os alunos possam analisar, comparar, ob- servar, questionar e inferir uma série de questões sobre diversos assuntos. A seguir, apresentamos um roteiro que pode ser pedido aos alunos sobre o filme assistido. Roteiro de análise de filme para os alunos –––––––––––––––– Qual é o tema do filme? O que os produtores tentaram apresentar? Eles conse- guiram passar a mensagem pretendida? Justifique sua resposta. 1) Do que você mais gostou no filme? Por quê? 2) Você aprendeu algo com esse filme? O quê? 3) Algum aspecto ou elemento do filme não foi compreendido? 4) Qual seu personagem favorito no filme? Por quê? 5) Qual o personagem de que você menos gostou? Por quê? 6) Descreva o uso das cores no filme. Elas enfatizam as emoções que os realizadores tentaram evocar? Como você as usaria? 7) Analise o uso da música no filme. Ela conseguiu criar um clima correto para a história? Como você a usaria? 8) Todos os eventos retratados no filme são reais e verdadeiros? Descreva as cenas que você achou mais coerentes e fiéis à realidade. 9) Quais as sequências que parecem menos reais? Por quê? 10) Qual a síntese da história contada pelo filme? 11) Como a produção e a montagem do filme interferem na história contada? –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Tecnologia da Informação e da Comunicação76 E a filmadora? De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais: O uso da filmadora torna possível documentar cenas, ambientes, acontecimentos da vida cotidiana escolar ou fenômenos ambien- tais, que posteriormente podem ser utilizados para atividades de observação, reflexão e análise. A videogravadora é um recurso para criar imagens, simulando programas de televisão, produzindo um audiovisual, uma encenação etc., o que permite a participação ati- va do aluno, uma vez que exige o planejamento da situação que será objeto da filmagem e a consideração de aspectos técnicos (foco da câmera, ângulos e tempo de filmagem, luz e sombras na cena etc.) (BRASIL, 1998, p. 144). Vejamos agora as estratégias de utilização da TV, do vídeo e da filmadora em sala de aula. A escola precisa aproveitar o que está acontecendo na TV e em outros meios tecnológicos e de comunicação, mostrando e discutindo com os alunos os temas em questão, ajudando-os a perceberem os aspectos positivos e negativos sobre os assuntos debatidos em sala de aula. O vídeo e a televisão são excelentes recursos para mobilizar os alunos em torno de problemáticas, quando se deseja despertar neles o interesse para trazer novas perspectivas de investigações ou iniciar estudos sobre temas ou assuntos de determinados com- ponentes curriculares. O livro do MEC sobre Tecnologia da Informação e da Comuni- cação apresenta as seguintes reflexões, para que você exercite sua criatividade e a interdisciplinaridade usando vídeos. Veja os exemplos: 1. [...] tire o som de um programa e deixe que os alunos escrevam os diálogos (aproveite para ajudá-los no domínio da língua portuguesa, porque eles precisam conhecê-la para ter sucesso nos vestibulares, nos concursos e nos empregos); 2. passe o início de um vídeo e peça que os alunos escrevam o final, comparando as diversas produções dos estudantes com a do filme; Claretiano - Centro Universitário 77© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas 3. se você, sua escola ou seus alunos tiverem câmera de vídeo, incentive-os a produzir um roteiro e a realizar um filme, apre- sentando-o aos colegas (uma produção desse tipo pode ser objeto de avaliação, em vez de uma prova); 4. se ninguém tiver câmera, peça aos alunos que dramatizem o roteiro preparado, apresentando-o como uma peça de teatro ou novela, incentivando-os na pesquisa, na elaboração, na ilu- minação e na sonorização da peça; 5. analise com os alunos vídeos do ponto de vista do conteúdo, ilu- minação, sonorização, figurino, recursos técnicos e roteiro; [...] 7) escolha uma notícia importante e acompanhe sua apresentação em três telejornais diferentes, observando formas de abordagem e de aprofundamento em cada um deles (NEVES, 2008, p. 51). Segreto (2011) apresenta dez sugestões de atividades com vídeo: 1. Procure desenvolver a oralidade, estimulando os alunos a fa- larem sobre o que viram no vídeo. No caso de filmes de ficção, sugerir, por exemplo, que os alunos modifiquem o desfecho da história, que criem outras falas para os personagens, que relacionem a história com outras. 2. Solicite que os alunos façam associações das questões levan- tadas pelo vídeo com o meio em que vivem (o bairro, a rua, a escola, etc.). É importante incentivar o aluno a trazer suas experiências para dentro da escola. Ao exprimir a emoção através das palavras, o aluno articula, organiza o pensamento. 3. Pode-se dramatizar as cenas mais marcantes do vídeo. Estimu- le a expressão musical, plástica e artística dos alunos. 4. Os vídeospodem gerar vários tipos de textos, como poesias, narrativas, relatórios, etc. Os textos podem ser organizados em jornais de sala de aula, etc. 5. Após assistir ao vídeo, observando os enquadramentos da câ- mera, o professor pode solicitar aos alunos para representar ou recriar os melhores momentos do vídeo. 6. Trabalhando com os sons. Chame a atenção para a música e sons do ambiente apresentados no vídeo. Faça a experiência de abaixar o volume do áudio e peça para os alunos recriarem ritmos que traduzam o clima do vídeo, por exemplo passagens mais românticas, dramáticas, cômicas, suspense, terror. 7. Simule um tribunal de julgamento com todos os seus elemen- tos: juiz, advogado de defesa, promotor, escrivão, jurados. As idéias contidas no vídeo serão atacadas e defendidas neste tri- bunal. © Tecnologia da Informação e da Comunicação78 8. Pesquise você mesmo um pouco da televisão que os seus alu- nos assistem. Compare as imagens dessa televisão cotidiana com aquelas que você escolher para entrar na sala de aula. Discuta com outros professores este assunto e proponha ativi- dades conjuntas a partir das imagens. 9. Peça para os alunos uma pesquisa sobre os comerciais que co- nhecem. Discuta aspectos estéticos, de conteúdo e a natureza das escolhas dos alunos. Peça para os alunos criarem comer- ciais e discuta os objetivos de suas criações. 10. Forme equipes de reportagens na classe para entrevistar pes- soas da escola sobre algum tema suscitado pelo vídeo. A partir das entrevistas, faça um jornal de sala de aula que poderá ser apresentado em uma TV feita com caixa de papelão. Como vimos até aqui, a TV tornou-se um recurso pedagógi- co envolvente, com grande apelo sensitivo e emocional. Com isso, é curioso conhecermos as inovações tecnológicas que essa mídia nos oferece. Faça a leitura do excerto a seguir e vislumbre tal ino- vação. Tela plana: o cinema em casa –––––––––––––––––––––––––– Novas tecnologias nos trazem telas planas de grandes dimensões, qualidade e luminosidade, juntamente com sistemas de sonorização ambiente com 5.1 ca- nais que fazem com que a experiência de assistir à TV se torne muito mais prazerosa e imersiva. Em resumo, toda esta tecnologia veio nos proporcionar a possibilidade de vermos TV sem ruídos ou fantasmas, com uma alta definição de imagem de mais de 2 milhões de pontos, isto é, 6 vezes mais definição que a TV tradicional, áudio com qualidade de DVD com 5.1 canais e com uma série de serviços interativos agregados. A TVD nos dará a opção de vermos nossos programas prediletos em telefones celulares, em assistentes eletrônicos pessoais (PDA), em ônibus, barcos e auto- móveis. Isto é o que chamamos de portabilidade e mobilidade. Além do mais, a TV poderá ter alta definição de imagem ou ter mais programas sendo exibidos no mesmo momento. A multiprogramação é uma opção para aumentar a segmen- tação e diversificação da programação recebida em nossas casas (LUZ, 2010). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Os gravadores de CDs (Compact Disc) Grande parte de nossos computadores apresentam grava- dores de CD (para arquivos de áudio) ou DVDs (para arquivos aui- diovisuais) é um equipamento para gravar ou reproduzir CDs ou DVDs, que servem para guardar e transmitir informações de diver- sos tipos (texto oral, música, histórias e entrevistas). Claretiano - Centro Universitário 79© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas Além disso, hoje contamos com outros recursos de gravação de áudio e imagem que são os aparelhos celulares ou gravadores de voz (MP3 ou MP4). Segundo Leite (2003, p. 80-81), com estes recursos "o pro- fessor e/ou aluno poderão fazer gravações de entrevistas, pales- tras, debates, músicas etc." Segundo a autora, as gravações de áudio e/ou imagem po- dem servir para: • Documentar pontos importantes de um encontro ou entrevis- ta; • Servir de revista ou jornal falado, contendo relato de novos acontecimentos, programas com especialistas em determina- do conteúdo; • Apresentar ou explicar situações-problema para serem solu- cionadas pelo grupo; • Documentar o desempenho de papéis em dinâmica de grupo para posterior análise; • Apresentar documentos históricos ou gravações de poesias; • Utilizar a música popular, estudando suas letras e ritmo, para eliminar preconceitos dos alunos na área da Língua Portugue- sa ou em outras; • Treinar a pronúncia e ouvir letras de músicas no estudo de Lín- guas Estrangeiras; • Apresentar entrevistas ou palestras; • Desenvolver a capacidade de ouvir e interpretar; • Desenvolver a atenção exercitando a capacidade de selecionar as ideias principais, anotando-as e visualizando as explicações; • Aperfeiçoar a expressão oral, pois o gravador permite ao aluno a repetição, favorecendo uma auto-reflexão; • Utilizar gravações musicais durante as aulas de criatividade em redação, possibilitando clima emocional adequado à atividade proposta, e/ou em atividades corporais e relaxamento. Além do gravador e da fita sonora, conheceremos, a seguir, outro recurso tecnológico simples, porém bastante interessante para incrementar nossas aulas, a câmera fotográfica. © Tecnologia da Informação e da Comunicação80 Câmera fotográfica A máquina fotográfica permite o registro de cenas, ambien- tes, acontecimentos da vida, entre outras informações visuais, que, posteriormente, podemos analisar, lembrar, refletir, compa- rar e observar o que foi produzido e registrado. A câmera fotográfica também pode ser utilizada na escola para levantar informações visuais sobre diferentes assuntos ou temas, como folclore, poluição, saúde, questões ambientais, eco- nômicas etc. Esses aportes visuais e imagéticos devem propiciar a comparação de semelhanças, diferenças e mudanças ocorridas no fato registrado. Assim, a máquina fotográfica e as fotografias podem ser utili- zadas para a problematização de conteúdos. Por exemplo, é possível pedir que os alunos tragam fotos de pontos históricos da cidade ou de pessoas em diferentes estágios da vida, ou imagens de pontos de referência para fornecer índices de determinado percurso. A seguir, você conhecerá um pouco sobre o rádio, outra TIC interessante para ser utilizada no trabalho pedagógico da escola, porém pouco explorada pelos professores, por desconhecerem suas possibilidades de utilização. Rádio Antes do advento da televisão e da internet, a maioria das pessoas informava-se e entretinha-se com o rádio, um meio de comunicação importante cuja característica é a emissão de textos sonorizados, palavras, músicas, efeitos sonoros etc. O rádio é um veículo democrático e de fácil acesso, pois permite que as pessoas ouçam aquilo que é veiculado, ao realizar outras tarefas simulta- neamente. Segundo os PCNs (1998, p. 145): O rádio na escola pode ser usado para desenvolver uma atitude que possibilite uma escuta reflexiva e crítica: identificar, selecionar, relacionar, imaginar a partir da audição. Ajuda, também, desen- volver capacidades e habilidades de expressão oral e escrita por Claretiano - Centro Universitário 81© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas meio de propostas de elaboração, produção e realização de proje- tos para rádio na escola (simulação de programas musicais, entre- vistas, noticiários e outros), que exigem características específicas da linguagem radiofônica. É possível, ainda, aproveitar a variedade temática das transmissões radiofônicas para abordar questões da vida cotidiana, como sexo, drogas, preconceitos e estereótipos, que podem contribuir diretamente para a formação dos alunos. Leite (2003) afirma que programas de rádio podem ser simu- lados em aula, fazendo uso de gravações em fita sonora ou CD. O professor pode ajudar os alunos a planejarem e realizarem progra- mas variados para sua turma ou para sua escola. Ainda de acordo com a autora, o rádio pode ser utilizado como veículo para a educação formal e de aperfeiçoamentode conhecimentos. Para isso, sua programação deverá fornecer elementos que permi- tam a compreensão, a problematização e a estimulação do pensa- mento crítico. Por outro lado, possui limitações, como a unilatera- lidade, a comunicação fugaz e irreversível e a ausência de imagens estas limitações podem ser minimizadas com a atuação organizada do professor, que deverá dinamizar a informação, retificando, ra- tificando, ampliando ou criticando a mensagem, com a utilização, por exemplo, de recursos destinados a ilustrar os assuntos tratados (LEITE, 2003, p. 93). Calculadora A calculadora é outro importante recurso utilizado em nos- so dia a dia, que pode ser usada, também, como instrumento de aprendizagem para potencializar a aprendizagem dos conteúdos que envolvem o raciocínio lógico (como, por exemplo, os mate- máticos), uma vez que favorece o desenvolvimento de estratégias para a resolução de situações-problema. Segundo os PCNs (1998), o uso das calculadoras na escola deve ser mediado pelos professores que devem orientar os alunos a utilizá-las apenas em determinadas situações. Por isso, ela não substitui o cálculo mental e escrito, uma vez que estes estarão pre- sentes em muitas outras situações. © Tecnologia da Informação e da Comunicação82 Computador O computador é um instrumento de mediação, desde que pos- sibilite estabelecer novas relações para a construção do conhecimento e de novas formas de atividade mental. A abordagem desse recurso se destaca das demais na abrangência e no detalhe, em virtude do caráter recente da sua utilização nas escolas. O que se pretende é chamar a atenção para as potencialidades educativas do meio informático. Segundo Leite (2003, p. 73), computador "é um equipamen- to que recebe, guarda, manipula e emite dados e símbolos". Por- tanto, seu uso possibilita a interação e produção de conhecimento no espaço e no tempo, por meio dos recursos da telemática que se refere à integração das telecomunicações e da informática, como, por exemplo, fax-modem, videotexto, telefonia digital e outros. O computador ainda possibilita distintas possibilidades de comunicação e interação, produção e recepção de informações: comunicação entre usuários mediada pelo computador, entre o computador e seus usuários e entre computadores interligados. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1998, 147-149): O uso do computador permite criar ambientes de aprendizagem que fazem surgir novas formas de pensar e aprender, pois ele: 1. favorece a interação com uma grande quantidade de informa- ções, que se apresentam de maneira atrativa, por suas diferen- tes notações simbólicas (gráficas, lingüísticas, sonoras etc.). As informações são apresentadas em textos informativos, mapas, fotografias, imagens, gráficos, tabelas, utilizando cores, símbo- los, diagramação e efeitos sonoros diversos; 2. pode ser utilizado como fonte de informações. Existem inúme- ros softwares que oferecem informações sobre assuntos em todas as áreas de conhecimento. Além disso, é possível utilizar a Internet como uma grande biblioteca sobre todos os assun- tos. Algumas pessoas descrevem a Internet como um tipo de repositório universal do conhecimento; 3. possibilita a problematização de situações por meio de pro- gramas que permitem observar regularidades, criar soluções, estabelecer relações, pensar a partir de hipóteses etc.; Claretiano - Centro Universitário 83© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas 4. favorece a aprendizagem colaborativa, pois permite a intera- ção e a colaboração entre alunos (da classe, de outras escolas ou com outras pessoas) no processo de construção de conhe- cimentos, em virtude da possibilidade de compartilhar dados pesquisados, hipóteses conceituais, explicações formuladas, textos produzidos, publicação de jornais, livros e revistas pro- duzidos pelos alunos, utilizando um mesmo programa ou via Internet; 5. favorece aprendizagem ativa controlada pelo próprio aluno, já que permite representar idéias, comparar resultados, refletir sobre sua ação e tomar decisões, depurando o processo de construção de conhecimentos; 6. motiva os alunos a utilizarem procedimentos de pesquisa de dados que manualmente requerem muito mais tempo e de- dicação; 7. oferece recursos rápidos e eficientes para realizar cálculos complexos, transformar dados, consultar, armazenar e trans- crever informações, o que permite dedicar mais tempo a ativi- dades de interpretação e elaboração de conclusões; 8. permite simular reações químicas e físicas, operações mate- máticas etc.; 9. permite uma atividade que coloca o aluno diante do compu- tador como um manipulador de situações que imitam ou se aproximam de um sistema real ou imaginário; 10. oferece recursos que permitem a construção de objetos vir- tuais, imagens digitalizadas, e que favorecem a leitura e cons- trução de representações espaciais; 11. permite múltiplas revisões e correções, entre a primeira ver- são e a última, devido à facilidade para modificar o texto, o gráfico ou o desenho, por meio de Processadores de texto; 12. possibilita que os alunos tenham outros interlocutores para suas produções, por meio de BBS ou Internet, em várias for- mas de comunicação: correio eletrônico, salas de bate-papo ou Chat. No próximo tópico, apreciaremos uma inovação tecnológica que vai dar vida ao tão famoso quadro de giz: a lousa digital intera- tiva (Figura 3), capaz de viabilizar a problematização de conteúdos e possibilitar que o professor apresente demonstrações, vídeos de animação e outras ações, por meio da interatividade com as ativi- dades propostas no quadro. Vamos conhecê-la? © Tecnologia da Informação e da Comunicação84 Lousa digital interativa Figura 3 Funcionamento da lousa digital interativa. A lousa digital interativa é uma ferramenta de apresentação que viabiliza a inserção da linguagem audiovisual no texto de sala de aula. Para ela funcionar, é necessário que esteja conectada à Unidade Central de Processamento (CPU) de um computador. To- das as imagens visualizadas no monitor são projetadas para o qua- dro por meio de um projetor multimídia. Por meio da tecnologia Digital Vision Touch (DViT), a super- fície desse quadro se torna sensível ao toque. Assim, ao tocar com o dedo na lousa, professores e alunos realizarão funções que pro- piciam a interatividade com as atividades propostas no quadro. O toque com o dedo executa ações diretamente no quadro e cumpre as mesmas funções do mouse, ou seja, escolher opções de ações, abrir ou fechar programas, realizar tarefas e, até, desenhar. Desse modo: Quando se observa a lousa digital é possível perceber as suas seme- lhanças em relação à lousa tradicional e à televisão, que são equi- pamentos muito conhecidos, tanto para os professores, como para os alunos. Ao se pensar na utilização de uma tecnologia inovadora nos processos educativos, verifica-se uma familiaridade maior com Claretiano - Centro Universitário 85© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas a lousa digital, devido ao intenso contato que se tem com a televi- são e a lousa tradicional, o que facilitaria a sua integração nas ati- vidades pedagógicas desenvolvidas em sala de aula (NAKASHIMA; AMARAL, 2010). O professor pode, com a utilização da lousa interativa, aces- sar sites, desenhar, escrever, editar, gravar os arquivos de tudo que foi escrito e realizado na lousa durante a aula e enviar por e-mail aos alunos, além de poder utilizar o que foi salvo em arquivo em outra aula. Isso só será possível se houver um notebook capaz de ar- mazenar informações, como imagens, textos ou vídeos, para que sejam apresentados na lousa digital. É importante saber que: Há também a opção de utilizar acessórios, como canetas especí- ficas que possuem uma ponta de borracha, juntamente com um apagador especial que não danifica a superfície do quadro. As ca- netas ficam em um suporteintegrado à lousa e cada uma delas pos- sui uma "tinta eletrônica" nas cores: azul, vermelho, preto e verde. Ao retirar uma delas do suporte há sensores ópticos que detectam automaticamente a escolha da cor da caneta e os traços que forem feitos na lousa serão da cor correspondente. Para que os traços saiam da forma desejada é necessário ter firme- za no traçado, tendo o cuidado para não apoiar a mão no quadro, evitando que essas marcas indesejadas fiquem registradas. Para apagar aquilo que foi escrito na lousa, basta retirar o apagador do suporte e movimentá-lo suavemente sobre as anotações, que au- tomaticamente serão apagadas. É importante ressaltar que a lousa digital sempre reconhece o último acessório retirado do suporte (NAKASHIMA; AMARAL, 2010). Na Figura 4, veja um exemplo de utilização da lousa digital interativa. © Tecnologia da Informação e da Comunicação86 Figura 4 Utilização da lousa digital interativa. As propostas didáticas que utilizam as TICs como instrumen- tos de aprendizagem devem ser complementadas e integradas com outras propostas de ensino. Para garantir a inovação pedagógica e as aprendizagens sig- nificativas, o professor precisa considerar os conhecimentos pré- vios dos alunos no que diz respeito aos recursos tecnológicos e ao conteúdo que será estudado, além de organizar as situações didáticas em função do nível de conhecimento dos alunos. Segundo Leite (2003, p. 74), o computador pode ser utiliza- do em sala de aula como: • instrutor, para ensinar um determinado conteúdo; • colega, nos jogos e programas interativos; • orientador, quando corrige e analisa trabalhos dos alunos; • ferramenta, ao fazer simulações, concretizar experiências, acessar e armazenar informações; Claretiano - Centro Universitário 87© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas • meio de comunicação, através da utilização de redes internas de computadores, correios eletrônicos (e-mails), redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut); • catálogo ou banco de dados, ao realizar uma pesquisa escolar que deverá guardar bibliografias, trechos de artigos e livros, e anotações a serem utilizadas durante o trabalho de pesquisa; • processador de texto, para digitar e imprimir o trabalho produ- zido durante a pesquisa; • ferramenta de busca de informações por meio de softwares ou internet. Vale ressaltar que o uso dos aportes tecnológicos existentes não é condição sine qua non para garantir o sucesso da aprendi- zagem de nossos alunos. Por isso, faz-se necessária a criação de ambientes de aprendizagem para que os alunos sejam capazes de: 1) problematizar situações; 2) ter iniciativa na execução de atividades; 3) trabalhar em grupo, compartilhando tarefas; 4) ter possibilidades para corrigir erros; 5) criar soluções pessoais e coletivas. Além disso, quando o professor utiliza uma ferramenta tec- nológica como recurso pedagógico ou como fonte de informação para as situações didáticas criadas em sala de aula, ele possibilita que os alunos desenvolvam habilidades e atitudes para se relacio- nar com elas na vida, por meio das práticas sociais que permeiam a necessidade de utilização de tais recursos. 6. TEXTO COMPLEMENTAR Nesta unidade, estudamos alguns recursos tecnológicos que podem ser utilizados para dinamizar o processo de ensino- -aprendizagem e trazer para mais perto de nossos alunos tais tec- nologias, para que eles as dominem e possam se perceber inseri- dos nas práticas sociais que são permeadas pelos recursos midiá- ticos. © Tecnologia da Informação e da Comunicação88 Diante disso, José Manuel Moran (2010) traz informações re- levantes de como os vídeos podem facilitar o processo de ensino e aprendizagem. No texto a seguir, observe o que o pesquisador fala em uma entrevista dada ao Portal do MEC. A linguagem do vídeo e da TV –––––––––––––––––––––––––– As linguagens da TV e do vídeo respondem à sensibilidade dos jovens e da grande maioria da população adulta. São dinâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão. As crianças e os jovens lêem o que podem visua- lizar, precisam ver para compreender. Toda a sua fala é mais sensorial-visual do que racional e abstrata. Lêem nas diversas telas que utilizam: da TV, do DVD, do celular, do computador, dos games. Os vídeos facilitam a motivação, o interesse por assuntos novos. Os vídeos são dinâmicos, contam histórias, mostram e impactam. Facilitam o caminho para níveis de compreensão mais complexos, mais abstratos, com menos apoio sensorial como os textos filosóficos, os textos reflexivos. Os vídeos também são um grande instrumento de comunicação e de produ- ção. Os alunos podem criar facilmente vídeos a partir do celular, do compu- tador, das câmaras digitais e divulgá-los imediatamente em blogs, páginas web, portais de vídeos como o YouTube. Os computadores e celulares deixaram de ser apenas ferramentas de recep- ção. Hoje, são também de produção. Uma criança pode tirar fotos ou fazer vídeos com um celular e publicá-los na internet. Professores e alunos podem ter acesso a inúmeros vídeos prontos e assisti-los no momento ou salvá-los para exibição posterior. Ao mesmo tempo, todos podem editar, produzir e divulgar novos conteúdos a partir do computador ou do celular. Entramos numa nova era da mobilidade e da integração das tecnologias, como nunca antes foi possível. Ao ser questionado sobre como utilizar os vídeos na sala de aula, Moran apre- sentou alguns argumentos contundentes para viabilizar essa utilização. Acom- panhe: Os vídeos podem ser utilizados em todas as etapas do processo de ensino e aprendizagem. Os principais usos são: Para motivar, sensibilizar os alunos – É do meu ponto de vista, o uso mais importante na escola. Um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo assunto, para despertar a curiosidade, a motivação para novos temas. Isso facilitará o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o assunto do vídeo e da matéria. Para ilustrar, contar, mostrar, tornar próximos temas complicados – O vídeo pode ajudar a tornar mais próximo um assunto difícil, a ilustrar um tema abs- trato, a visibilizar cenários de lugares, eventos, distantes do cotidiano. Hoje, é muito mais fácil do que antes encontrar e visualizar vídeos sobre qualquer assunto importante na internet, em portais como o YouTube, por exemplo. Claretiano - Centro Universitário 89© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas Como vídeo-aulas – Alguns vídeos trazem assuntos já preparados para os alunos, já estão organizados como conteúdos didáticos. Utilizam técnicas interessantes de manter o interesse, como dramatizações, depoimentos, ce- nas de filmes, jogos, tempo para atividades. Podem ser adequados para que o professor não tenha que explicar determinados assuntos. O professor age a partir do vídeo, com questionamentos, problematização, discussão, elabo- ração de síntese, formas de aplicação no dia-a-dia. Esses vídeos podem ser disponibilizados no portal da escola e os alunos podem acessá-los fora da sala de aula também. Vídeo como produção individual ou coletiva – As crianças adoram fazer ví- deo e a escola precisa incentivar o máximo possível a produção de pesqui- sas em vídeo pelos alunos. A produção em vídeo tem uma dimensão mo- derna, lúdica. Moderna, como um meio contemporâneo, novo e que integra linguagens. Lúdica, pela miniaturização das câmaras, que permite brincar com a realidade, levá-las junto para qualquer lugar. Filmar é uma das expe- riências mais envolventes tanto para as crianças como para os adultos. Os alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma determinada maté- ria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar. E também produzir programas informativos, feitos por eles mesmos e colocá-los em lugares visíveis dentro da escola e em horários onde muitas crianças possam assisti-los e também na página web da escola ou em blogs ou portais da internet. O vídeo também é importantepara documentação, registro de eventos, de aulas, de estudo do meio, de experiências, de entrevistas, depoimentos. Isto facilita o trabalho do professor, dos alunos e da comunidade. Esse material pode ser divulgado, quando conveniente, na internet. O vídeo também pode ser útil para avaliação, principalmente as que mos- tram situações complexas, estudos de caso, projetos, sozinho ou com textos relacionados (MORAN, 2010). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Como você, em seu papel de professor, pode ensinar seus alunos a fazerem uma leitura crítica de tudo que é veiculado pela TV? 2) Muitos acham que notebooks/netbooks (computadores portáteis) e e-books (livros eletrônicos) tendem a substituir, respectivamente, o caderno e o livro em papel, inclusive o didático. O que você pensa sobre isso? © Tecnologia da Informação e da Comunicação90 3) Como preparar nossos alunos para a sociedade da informação e do conhe- cimento? 4) Quais as características da mídia televisiva e como o professor pode se apro- veitar delas para otimizar o trabalho em sala de aula? 5) Leia o excerto a seguir: É possível que daqui a uns vinte anos, quem sabe menos, as pessoas olhem para trás e se perguntem: como é que nós educávamos, no final do século XX, sem computadores, sem redes digitais que transmitem informações multimí- dia de um canto para outro do mundo em microssegundos, sem ferramentas de busca e pesquisa que nos permitem encontrar qualquer informação em se- gundos, sem poder nos comunicar instantaneamente uns com os outros inde- pendentemente do local em que nos encontramos. Ou será que daqui a vinte anos ainda estaremos educando do mesmo jeito de hoje, do mesmo jeito que o fazia, cem anos atrás, o professor congelado, usando apenas as tecnologias da voz, do livro, do giz e do quadro-negro? (CHAVES, 2011, p. 335). Agora, mediante essa reflexão, responda: por que a escola tem demorado tanto para perceber a importância do uso das TICs no desenvolvimento do trabalho pedagógico? 8. CONSIDERAÇÕES Educar com as novas TICs é um desafio que até agora não foi encarado efetivamente. Temos feito apenas adaptações e peque- nas mudanças. É fato que o modelo de educação tradicional já não atende às demandas de nossa sociedade. Por isso, faz-se necessário ino- var, construir e vivenciar novas práticas pedagógicas por meio dos recursos tecnológicos disponíveis. Segundo Moran, Masetto e Behrens (2001, p. 15): Vivemos uma época de grandes desafios no ensino focado na aprendizagem. Vale a pena pesquisar novos caminhos de integra- ção do humano e do tecnológico; do sensorial, do emocional, do racional e do ético; do presencial e do virtual; de integração da es- cola, do trabalho e da vida. Dessa forma, podemos concluir esta unidade com uma sim- ples e evidente constatação: o uso das tecnologias na escola não deve atender às tendências de "modismos" dos ambientes educa- Claretiano - Centro Universitário 91© U2 - Tecnologias da Informação e da Comunicação e suas Implicações Pedagógicas cionais, pois, muitas vezes os recursos tecnológicos são utilizados apenas para fazer marketing e pouca relevância se dá ao potencial que as TICs têm na formação e na preparação do cidadão que vai enfrentar as novas demandas impostas no século 21. 9. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 A TV que informa ou deforma? Disponível em: <http://www.inep.gov.br/ download/enem/2004/prova/ENEM04_amarela.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2007. Figura 2 Olho humano. Disponível em: <http://marcelogoncalvesribeiro.blogspot.com/>. Acesso em: 5 nov. 2010. Figura 3 Funcionamento da lousa digital interativa. Disponível em: <http://lantec.fae. unicamp.br/lantec/publicacoes/rosaria.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2010. Figura 4 Utilização da lousa digital interativa. Disponível em: <http://lantec.fae.unicamp. br/lantec/publicacoes/rosaria.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2010. Sites pesquisados ALMEIDA, M. E. B. de; MORAN J. M. Integração das tecnologias na educação: salto para o futuro. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/desafio.htm>. Acesso em: 3 jun. 2011. ______. Prática e formação de professores na integração de mídias. Disponível em: <http://midiasnaeducacao-joanirse.blogspot.com/2009/02/pratica-e-formacao-de- professores-na.html>. Acesso em: 1 abr. 2011. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 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OBJETIVOS • Reconhecer e caracterizar a importância do processador de textos no processo de ensino-aprendizagem. • Analisar as diferentes estratégias didáticas no uso do Paint e do Word em sala de aula. • Perceber e demonstrar as possibilidades de utilização do Paint e do Word como ferramentas na construção do co- nhecimento. • Conhecer e identificar as funções básicas dos produtos de automação da microinformática, bem como compreender conceitos computacionais que facilitem a incorporação de ferramentas específicas nas atividades pedagógicas. 2. CONTEÚDOS • Sistema Operacional: Windows. • Processador de texto: Word. © Tecnologia da Informação e da Comunicação96 • Programa com recurso para arte: Paint. • Uso do Paint e do Word em sala de aula. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Nessa unidade, discutiremos as diferentes estratégias didáticas no uso do Paint e do Word em sala de aula. Para que você amplie essa discussão é interessante que realize a leitura do livro de Seymour Papert, A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. 2) O autor que fundamenta teoricamente esta unidade e cuja biografia resumida disponibilizamos a seguir: Seymour Papert Papert é matemático, Ph.D, diretor do grupo de Epis- temologia e Aprendizado do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e um dos fundadores do MIT Media Lab, onde continua pesquisando. Ele também trabalha em um programa de educação de jovens infratores em Maine, onde mora (imagem disponível em: <http://sme- projetos.blogspot.com/2010/07/seymour-papert.html>. Acesso em: 31 out. 2010. Texto disponível em: <http:// www.dimap.ufrn.br/~jair/piu/artigos/seymour.html>. Acesso em: 13 dez. 2010). 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na Unidade 2, estudamos as diferentes Tecnologias da Infor- mação e da Comunicação (TICs), suas potencialidades, limitações e implicações pedagógicas. Nesta unidade, ampliaremos nossos conhecimentos sobre a tecnologia computacional, conhecendo as possibilidades de utili- zação do MS-Paint e do MS-Word como recursos na construção do conhecimento. Claretiano - Centro Universitário 97© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte Nosso objetivo é compreender as funções básicas dos pro- dutos de automação da microinformática, bem como entender conceitos computacionais que facilitam a incorporação de ferra- mentas específicas nas atividades pedagógicas. 5. COMPUTADOR E SISTEMA OPERACIONAL O computador nada mais é do que um equipamento que ar- mazena e/ou manipula, lógica e matematicamente, quantidades numéricas representadas física ou digitalmente. São exemplos de computadores o ábaco (Figura 1), a calculadora e o computador digital. É interessante saber que: A história do computador tem seu início há muito tempo, desde quando o homem descobriu que somente com os dedos, ou com pedras e gravetos, não dava mais para fazer cálculos. Diante disso, surge, há aproximadamente 4.000 a.C., um aparelho muito simples formado por uma moldura retangular de madeira com varetas pa- ralelas e pedras deslizantes. Esse aparelho era chamado de ábaco – palavra de origem Fenícia (SANTOS; RODRIGUES, 2010). Observe a Figura 1: Figura 1 Ábaco. O ábaco é utilizado para executar tarefas repetitivas. Com a ajuda de tal equipamento, conseguimos uma economia de tempo, bem como maior credibilidade nos cálculos ou perfeição nas tare- fas em geral. © Tecnologia da Informação e da Comunicação98 Já o computador possui uma série de comandos, conheci- dos como "instruções". Para um conjunto de instruções que reali- zam uma dada tarefa, damos o nome de software ou programa. O software que faz a comunicação entre o usuário e o computador é o sistema operacional, sem o qual não é possível utilizar o com- putador. No mercado atual, encontramos vários tipos de sistemas operacionais que executam tarefas a partir de comandos visuais (figuras ou ícones). A maioria desses softwares adotou o sistema gráfico por ser mais amigável com o usuário, permitindo maior po- pularização do microcomputador, chegando até a área da Educa- ção. Entre eles, podemos destacar: System 8, da Apple; Windows, da Microsoft; e OS/2, da IBM. Vale ressaltar que existem sistemas operacionais como o Linux, Android, Symbian, Ubuntu. Um computador pessoal ou PC (do inglês Personal Compu- ter) é organizado e basicamente composto por: • Unidade Central de Processamento ou CPU (do inglês Central Processing Unit): interpreta, carrega informações contidas nos programas e executa instruções. Pode ser considerada o cérebro do computador e é constituída por milhares de circuitos ligados a um chip, como mostra a Figura 2. Figura 2 Unidade Central de Processamento. • Memória: é o local onde ficam armazenados os dados do computador e as instruções dos programas. Observe a Fi- gura 3. Claretiano - Centro Universitário 99© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte Figura 3 Memória. • Unidades de entrada e saída de dados: teclado, mouse, scanner, entrada de discos e leitora de códigos de barras são exemplos de unidades de entrada. Como exemplos de unidades de saída, temos o monitor, a rede de compu- tadores, CD-ROM e impressoras. Observe as unidades de entrada e saída na Figura 4. mouse disquete teclado processador (CPU) chip de memória rede de computadores CD ROM impressora Fonte: Almeida; Almeida (2000, p. 12). Figura 4 Unidades de entrada e saída de dados. © Tecnologia da Informação e da Comunicação100 Sistema operacional Windows O sistema operacional é um conjunto de programas que permite a criação e manutenção de arquivos, além da execução de programas e da utilização do mouse, do teclado, do vídeo, do CD-ROM, da impressora, do scanner, da webcam etc. O Windows, da Microsoft tornou-se um dos sistemas opera- cionais mais utilizados no mundo, pois tem a característica de ser um sistema amigávelao usuário. Sua opção pelo sistema gráfico permite que qualquer pessoa execute tarefas com facilidade, aces- sando a maior parte dos recursos que ele possui. O símbolo do Windows lembra uma janela (tradução de window) estilizada, pois o sistema trabalha com "janelas" que são abertas pelo usuário. Antes de surgir o Windows, os sistemas operacionais eram difíceis de ser utilizados, pois os comandos eram feitos por meio de códigos digitados. Também não havia a facilidade do posiciona- mento do mouse em um dado ícone para executar a tarefa com um ou dois cliques sobre este. Hoje, além de termos essa facilidade, as figuras dos ícones facilitam a utilização de outros programas mes- mo que jamais os tenhamos visto anteriormente, como ocorre, por exemplo, quando efetuamos as ações indicadas nos ícones de abrir, fechar, copiar, colar, recortar etc. O Windows permite, também, trocar informações entre di- ferentes documentos, que podem ser elaborados por um mesmo programa ou por outro. A seguir, veremos alguns programas, com seus respectivos ícones, que são encontrados no Windows e que serão tratados nesta obra. Claretiano - Centro Universitário 101© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte 6. PAINT: PROGRAMA FEITO PARA ARTE O MS-Paint, ou simplesmente Paint, é um programa para de- senho, com recursos muito fáceis de serem usados. Com os inú- meros recursos que oferece (por exemplo, lápis, borrachas, tintas spray, pincéis, cores, formas básicas – quadrado, retângulo, elipse etc.), é possível desenvolver várias atividades pedagógicas, como: 1) representação de figuras geométricas; 2) estudo das cores; 3) construção de cenários; 4) histórias do dia a dia etc. Veja alguns exemplos do que podemos obter com o uso do Paint: Para chegar ao programa Paint, devemos proceder da se- guinte maneira: Iniciar/Programas/Acessórios/MS-Paint. Observe a imagem que você encontrará na tela do computador: © Tecnologia da Informação e da Comunicação102 Ao entrar no Paint, podemos ver, no lado esquerdo da tela, um menu de ferramentas. É interessante clicar sobre cada uma de- las e verificar suas funções. Claretiano - Centro Universitário 103© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte Podemos escolher, também, as cores que queremos traba- lhar. Observe que a cor selecionada está destacada no quadrado maior, à esquerda do menu: Agora, podemos abrir cada um dos menus a seguir e explorar suas funções: Para salvar seu arquivo, clique em Arquivo/Salvar Como (dê um nome para seu arquivo)/Salvar. Veja: © Tecnologia da Informação e da Comunicação104 Para imprimir o arquivo, clique em Arquivo/Imprimir.../Im- primir (ou OK). Claretiano - Centro Universitário 105© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte Paint e prática em sala de aula Você sabe utilizar o Paint como recurso didático-pedagógico? Como sabemos: [...] o computador integrado às práticas de sala de aula funciona como um catalisador para a criação de ambientes de aprendizagem interdisciplinares, cujos elementos fundamentais são [...] os profes- sores e os alunos (TAVARES et al., 2011). Dessa forma, esses espaços de aprendizagem oportunizam situações interdisciplinares, desafiadoras e significativas, levando os alunos a resolverem situações-problemas e a explorarem am- bientes virtuais diversificados, por meio de descoberta, busca e seleção de informações para a realização de projetos didáticos e a constante reconstrução do conhecimento. O professor deve considerar que as atividades realizadas com a utilização do computador e desenvolvidas com os alunos podem surgir de um tema emergente, referente aos conteúdos que deverão ser tratados na disciplina a ser apresentada. Podem, ainda, surgir do contexto no qual o aluno está inserido e/ou de uma questão ou problema social, econômico e político que se de- seja investigar. Isso leva à elaboração e ao desenvolvimento de um projeto e instrumentaliza o aluno para ser o sujeito de sua história. Assim, objetivando a compreensão dos problemas atuais, o professor ouve seus alunos e considera as necessidades deles, suas preocupações e seus interesses, para promover a construção de conhecimentos que possam auxiliá-los a compreender e trans- formar o presente, tendo em vista a formação de uma sociedade mais participativa e igualitária. De acordo com Tavares et al. (2011): Os temas transversais são um ponto de partida para investigar questões relacionadas a fatores éticos, econômicos, convívio social, preservação da natureza, biodiversidade, poluição, qualidade da água, recuperação dos espaços escolares, aproveitamento do lixo orgânico etc., bem como para estabelecer conexões com diferentes áreas do conhecimento, tais como Ciências, [...] Geografia, História, Língua Portuguesa, Matemática, Artes, Biologia, Física, Química etc. © Tecnologia da Informação e da Comunicação106 O Paint é um software editor de desenhos que, embora seja simples, pode enriquecer e divertir nossas aulas. Podemos utili- zá-lo nas atividades em que os alunos precisem se expressar por meio do desenho, bem como integrá-lo a outros programas ou aplicativos, incrementando trabalhos de produção de textos, o jor- nalzinho da escola, o convite da festa junina, os cartões de natal, as cartas aos pais, a ilustração de livros produzidos pelos alunos, entre outros. A seguir, encontramos algumas sugestões que devem ser reelaboradas e apropriadas a cada situação específica, segundo os objetivos pedagógicos da atividade. Vamos a elas: • A CRIAÇÃO COLETIVA DE DESENHOS ou cenários sobre deter- minado tema é um trabalho interessante e promove situações de colaboração, troca, respeito ao outro etc. que devem ser discutidas coletivamente para dar continuidade à atividade de acordo com os objetivos pedagógicos. • A REPRESENTAÇÃO DE UM ESPAÇO por meio da elaboração de uma planta baixa favorece o desenvolvimento da orientação espacial, propicia a visualização, interpretação e análise da for- ma como as relações são percebidas. Esses espaços podem ser locais significativos na vida dos alunos, tais como a escola, a residência, um local visitado anteriormente e que está sendo objeto de estudos (museu, parque, marco representativo de certo acontecimento histórico...). • A ELABORAÇÃO DE MAPAS ou de guias de ruas, bairros, cida- des, itinerários de ônibus, caminhos percorridos pelo aluno ao se deslocar para a escola, roteiros de viagens, excursões etc., favorece a compreensão dos espaços, de sinais de trânsito e símbolos gráficos, bem como a análise de importantes fatores que influem na vida de cada comunidade e caracterizam cada local. • A REPRESENTAÇÃO DA LINHA DO TEMPO, que revela a evo- lução de determinados acontecimentos ou fatos históricos e, principalmente, a própria vida do aluno, é uma atividade que promove a compreensão histórica e ajuda o aluno a situar-se como sujeito de seu tempo. • A RECONSTRUÇÃO DE HISTÓRIAS DA LITERATURA INFANTO- -JUVENIL, nas quais os alunos se colocam como personagens e Claretiano - Centro Universitário 107© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte desenvolvem em conjunto outras atividades, como encenação teatral, é uma estratégia que facilita a compreensão da litera- tura e pode desenvolver o prazer pela leitura. • EM MATEMÁTICA, O PROFESSOR PODERÁ UTILIZAR AS FIGU- RAS GEOMÉTRICAS para trabalhar conceitos de semelhança e proporcionalidade, representação de diagramas, operações aritméticas, frações e outros conceitos cuja representação, por meio de desenhos elaborados pelos alunos, permite que o professor provoque a reflexão e a interpretação do seu signifi- cado (TAVARES et al., 2011). 7. WORD: EDITOR DE TEXTOS EFICIENTE O MS-Word, ou simplesmente Word, é um programa para edição de textos que apresenta muitos recursos para a escrita, como copiar, recortar e colar, formatar fontes (tipos, tamanhos e cores), criar tabelas e inserir gráficos e figuras. Ele aindapossui um corretor ortográfico padrão ou escolhido pelo usuário, que auxilia nos erros de digitação ou gramaticais. Com esse corretor, os erros de digitação (ortográficos) ou as palavras desconhecidas (palavras que não estão no dicionário do Word) são sublinhadas em vermelho. Já os erros de concordância ou outros erros gramaticais vêm sublinhados em verde. Para entrar no Word, clique em: Iniciar/Programas/Micro- soft Word. © Tecnologia da Informação e da Comunicação108 Para iniciar um novo arquivo, podemos simplesmente come- çar a digitar na página em branco ou abrir um novo arquivo, clican- do em Arquivo/Novo, ou clicar no ícone que representa uma folha em branco: Em seguida, podemos salvar o arquivo com um nome especí- fico (que lembre seu conteúdo) em uma pasta qualquer: A seguir, apresentamos os recursos mais utilizados no Word: Abrir arquivos. Salvar arquivos. Claretiano - Centro Universitário 109© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte Imprimir arquivos. Executar correção. Recortar bloco. Copiar bloco. Colar bloco. Texto em negrito. Texto em itálico. Texto sublinhado. Alinhar à esquerda. Centralizar. Alinhar à direita. Justificar. Para praticar um pouco esse editor de texto e explorar al- guns de seus recursos, digite um texto qualquer, salve-o, faça a correção ortográfica (e gramatical) e torne a salvá-lo. Feche o ar- quivo e retorne à tela do Windows. Depois, acesse novamente o arquivo pelo ícone do Word. Os nomes dos quatro arquivos mais recentes utilizados ficam no lado direito da página do Word, permitindo acesso rápido por meio de links. Veja se a versão de seu Word permite essa facilidade. Você pode configurar o menu com os botões que mais utiliza. Para isso, vá em Exibir/Barra de ferramentas/Personalizar, escolha os botões na caixa de comandos e arraste-os até o menu principal. Quando for utilizar o corretor ortográfico, tenha o cuidado de verificar se o seu texto está realmente correto, Por exemplo, se você quiser digitar a palavra "sábia", mas, por algum engano, digi- tar "sabia" ou "sabiá", o corretor não encontrará erro algum nessa parte do texto, porém a frase não terá o sentido correto. Podemos, também, inserir figuras no decorrer do texto em que estamos trabalhando. Veja como é fácil: clique em Inserir/Fi- gura/Clip-art (ou "Do arquivo", ou, ainda, "do scanner ou câmera"). Se for "Do arquivo", podemos utilizar algum trabalho do Paint, ou outro arquivo de imagem salvo no computador. Veja o exemplo. © Tecnologia da Informação e da Comunicação110 Para inserir tabelas nos arquivos do Word, clique no desenho da tabela, conforme o exemplo a seguir, e escolha a quantidade de linhas e colunas da tabela. Note no desenho que, ao posicionar- mos o cursor (seta do mouse) sobre o ícone, uma janela automa- ticamente é aberta, com maiores detalhes ao usuário. Exemplo: "Inserir tabela". Caso queira montar uma tabela com cálculo em determinada célula, você terá essa opção. Para tanto, efetue o seguinte procedi- mento: Tabela/Fórmula e, em seguida, digite a fórmula no campo especificado. Veja a seguir uma sugestão de tabela com aplicação em sala de aula: Claretiano - Centro Universitário 111© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte Sugestão de fórmula –––––––––––––––––––––––––––––––––– Um exemplo para o uso de fórmula poderia ser uma tabela que contivesse os números de chamada, os nomes e as idades dos alunos. Na última célula das idades, poderia haver uma média aritmética. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Word e prática em sala de aula O Word pode ser utilizado como recurso didático-pedagógi- co em diferentes situações em sala de aula. Os recursos disponí- veis nesse software editor de textos permitem: 1) trabalhar com os alunos a correção ortográfica das pala- vras em Português ou até em outros idiomas; 2) trabalhar a produção e formatação de textos; 3) organizar diferentes tipos de listas em ordem alfabética; 4) mudar fontes de letras, bem como cores, estilos para elaboração de capas de trabalhos, cartões, cartas, entre outras; 5) elaborar cartas com diferentes formatos; 6) ilustrar cartões com desenhos feitos no Paint, acompa- nhados de textos escritos no Word. Dessa forma, pode-se utilizar o Word para trabalhar em sala de aula os diversos estilos de carta, fax, memorando e relatório, como complemento de alguma outra atividade desenvolvida. É possível elencarmos uma infinidade de situações didáticas com o uso do Word: © Tecnologia da Informação e da Comunicação112 1) elaborar o jornal da escola, trabalhando todos os recur- sos de edição e revisão dos textos; 2) organizar concursos de produção textual, os famosos "concursos de redação", sendo o texto editado e revisa- do por meio do Word; 3) ilustrar e elaborar histórias, desenvolvendo a criativida- de e a autonomia do aluno; Veja os exemplos dados por Almeida e Almeida (2000, p. 32- 33) sobre a utilização do software Word no trabalho educativo da escola: Carta – Correspondência: Para a conceituação, diferenciação e análise dos diversos tipos de correspondências, pode-se elaborar um projeto de produção de cartas, envolvendo os mais diversos te- mas e integrando o conteúdo dos textos a ilustrações, cabeçalhos, rodapés etc. Concurso de cartas/cartão: O concurso tem por finalidade aliar a criatividade da produção visual à consistência de texto. O ideal é fazer vários tipos de correspondência, valorizando diversas formas de expressão escrita. Produção de jornais: A produção de jornais apresenta inúmeras possibilidades e coloca o aluno em contato com a linguagem infor- mativa, aproximando-o de fatos cotidianos. Veja alguns exemplos: Notícias através dos tempos (comparação histórica) – pode-se es- tabelecer uma análise comparativa entre notícias atuais e fatos his- tóricos. Jornal da escola – produção do jornal escolar objetiva levar informações sobre as atividades desenvolvidas na escola aos seus alunos e à comunidade. Jornal temático – a escola elege um tema a ser trabalhado sob os diversos aspectos abordados pelas discipli- nas. A partir da realização deste trabalho, produz-se um jornal que permita ao aluno perceber as várias faces do conhecimento. Convites dos eventos da escola: a produção de convites para even- tos a serem realizados na escola envolve o conhecimento sobre a atividade em questão e noções básicas de organização e comunica- ção na transmissão de informações. Cartazes informativos: a produção de cartazes informativos valo- riza a comunicação na comunidade escolar – desde a indicação de salas até informações sobre atividades – despertando o interesse do aluno para participar das atividades do cotidiano. Redação, histórias e poemas: Com o Word, é possível elaborar um livro de histórias e/ou de poemas. Essas atividades podem ser fei- tas individual ou coletivamente, cada uma com sua riqueza para Claretiano - Centro Universitário 113© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte a aprendizagem. A elaboração coletiva possibilita a conexão e a aceitação de idéias entre os alunos, podendo ser realizada entre grupos de uma classe ou entre classes diversas. Ou entre alunos de diferentes escolas que se comunicam a distância e trabalham de forma cooperativa. 8. TEXTO COMPLEMENTAR Seymour Papert é sul-africano, visionário no que tange à uti- lização das TICs na educação. Em 1980, ele já havia publicado um livro sobre como utilizar as máquinas no ensino. Papert defende que os cidadãos precisam saber lidar com as novas exigências da sociedade. A seguir, leia alguns trechos da entrevista que ele concedeu ao Departamento de Informática e Matemática Aplicada, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A maior vantagem competitiva é a habilidade de aprender –– O que os cidadãos do futuro precisam saber? Como lidar com desafios. Precisam saber como enfrentar um problema inesperado para o qual não há umaexplicação preestabelecida. Precisamos adquirir habilidades necessárias para participar da construção do novo ou então nos resignarmos a uma vida de dependência. A verdadeira habilidade competitiva é a habilidade de aprender. Não devemos aprender a dar res- postas certas ou erradas, temos de aprender a solucionar problemas. E por que ainda existe tanta resistência para adotar novas formas de ensino? Acho que antes as pessoas eram mais resistentes. Quando as tecnologias eram caras e distantes, qualquer proposta parecia muito radical. Atualmen- te, com fácil acesso, a necessidade de se preparar para um mundo cada vez mais informatizado estimula os cidadãos a buscarem o novo. Hoje, três milhões de crianças norte-americanas deixaram escolas tradicionais e seus pais buscam outras formas de ensino, muitas vezes em suas próprias casas. Isso não parece ser o fim da escola? Não. Mas é um forte indício de que a escola da forma que a conhecemos, e que nossos pais e avós conheceram, precisa mudar radicalmente (SOUZA, 2010). © Tecnologia da Informação e da Comunicação114 Papert pondera, ainda, que o currículo que a escola tem nos dias atuais precisa ser mudado para que se incorpore as TICs ao processo educativo. Ao fazer essa análise, Papert menciona que: E o currículo que as escolas têm hoje? O que tem de ser mudado para incorporar as necessidades da era da informação? O currículo, no sentido de separar o que deve ser aprendido e em que idade deve ser aprendido, pertence a uma época pré-digital. Ele será substituído por um sistema no qual o conhecimento pode ser obtido quando necessário. Qualificações serão baseadas no que as pessoas tiverem feito, produzido. Muito do conteúdo do atual currículo é conhecimento de que ninguém preci- sa ou é necessário apenas para especialistas. Esse é um dos aspectos que você critica na educação tradicional: a segregação das crianças por idade. Por quê? Qual seria a solução? É um absurdo achar que só se deve aprender determinado conteúdo quando se tem sete anos e outro quando se tem oito. A idéia de um currículo linear lembra o sistema de produção em série industrial. Temos de aprender a per- ceber a necessidade de cada indivíduo. Ele é quem vai ditar o que precisa aprender, a que hora e com que intensidade. Ou seja, devemos dar às crianças poder para controlar seu processo de aprendizado. Mas que poder é esse? Devemos dar a chance de as crianças apontarem suas necessidades de aprendizado. Mas elas já estão fazendo isso. As crianças das novas gera- ções cada vez aprendem mais fora da escola. Nos Estados Unidos, 60% das crianças em idade escolar têm computador em casa. É verdade que nem todas usam o computador como uma ferramenta eficaz, mas algumas o fa- zem e têm ricas experiências de aprendizado. São elas que estão chegando à escola e questionando "por que não estamos fazendo aqui o que sabemos como fazer em casa"? Elas estão pressionando as escolas e os professores a mudar as coisas. Caso contrário, elas mesmas o farão (SOUZA, 2010). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar seu de- sempenho no estudo desta unidade: 1) Em que aspectos a informática – vista como ferramenta – pode contribuir para a motivação e o processo de aprendizagem? 2) Qual a importância das informações apresentadas nesta unidade para sua formação? Claretiano - Centro Universitário 115© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte 3) Quais as contribuições dos programas estudados nesta unidade para otimi- zar o processo de ensino-aprendizagem? 4) Explique e destaque quais os pontos fundamentais do que foi apresentado para a incorporação da informática em sala de aula. 10. CONSIDERAÇÕES Com o estudo desta unidade, tivemos a oportunidade de entender conceitos computacionais dos programas Paint e Word. Esperamos que os conhecimentos adquiridos facilitem a incorpo- ração dessas ferramentas específicas nas atividades pedagógicas. Na próxima unidade, conheceremos as ferramentas compu- tacionais Excel, PowerPoint e Publisher. 11. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Ábaco. Disponível em: <http://www.acheiox.com.br/abaco-mais-que-uma- calculadora/>. Acesso em: 3 jan. 2011. Figura 2 Unidade Central de Processamento. Disponível em: <http://www.eletrohoo. com.br/artigos/conteudo.asp?faq=12&fldAuto=196>. Acesso em: 2 jan. 2011. Figura 3 Memória. Disponível em: <http://www.rotsinformatica.com.br/index. php?cPath=22>. Acesso em: 2 jan. 2011. Figura 4 Unidades de entrada e saída de dados. Disponível em: <http://www.proinfo.gov. br/>. Acesso em: 9 jan. 2006. Sites pesquisados TAVARES, A. M. B. de N. et al. Informática no contexto escolar da rede municipal de Natal: uma proposta de uso pedagógico dos recursos computacionais. Orientação de Denilton Silveira de Oliveira. In: NTE NATAL. Projeto de uso dos laboratórios. Disponível em: <http:// nte-natal.pbworks.com/w/page/5368956/Projeto-de-uso-dos-laborat%C3%B3rios>. Acesso em: 3 jan. 2011. SANTOS, E. de A. dos; RODRIGUES, J. M. Evolução dos computadores. Disponível em: <http://www.slideboom.com/presentations/73846/Evolu%C3%A7%C3%A3o-dos- Computadores>. Acesso em: 13 dez. 2010. © Tecnologia da Informação e da Comunicação116 SOUZA, A. de F. A maior vantagem competitiva é a habilidade de aprender. In: UFRN/ CCET/DIMAP. Entrevista Seymour Papert. Disponível em: <http://www.dimap.ufrn. br/~jair/piu/artigos/seymour.html>. Acesso em: 6 nov. 2010. 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, F. J. de. Educação e informática: os computadores na escola. São Paulo: Cortez, 1988. ALMEIDA, F. J. de; ALMEIDA, M. E. B. Aprender construindo: a informática se transformando com os professores. Brasília: MEC/SEED, 2000. ALMEIDA, M. C. (Coord.). Informática: orientações para o uso do microcomputador na educação. São Paulo: FDE/SEC, 1986. BELLONI, M. L. O que é mídia e educação. Campinas: Autores Associados, 2001. CARRAHER, D. O papel do computador na aprendizagem. 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A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. PRETTO, N. de L. Uma escola sem/com futuro. Campinas: Papirus, 1996. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). SCHAFF, A. A sociedade informatizada. São Paulo: Brasiliense, 1992. SIQUEIRA, E. O desafio da informatização da escola. Revista Educação e Informática, São Paulo, FDE/SEC, jan. 2008. TAIJRA, S. F. Informática na educação: professor na atualidade. São Paulo: Érica, 1998. Claretiano - Centro Universitário 117© U3 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 1ª parte TENÓRIO, R. M. Computadores de papel: máquinas abstratas para o ensino concreto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001. v. 80. (Coleção Questões da Nossa Época.). VALENTE, J. A. O uso inteligente do computador na educação. Revista Pedagógica Pátio, Porto Alegre, v. 1, n. 1, jul. 1997. Claretiano - Centro Universitário EA D 4 Informática como Recurso Didático-Pedagógico:2ª parte 1. OBJETIVOS • Reconhecer a informática como ferramenta para novas es- tratégias de aprendizagem, capaz de contribuir de forma sig- nificativa para o processo de construção do conhecimento. • Identificar as potencialidades de aplicação dos programas do Windows como recurso pedagógico. • Conhecer e identificar as funções básicas dos princípios dos produtos de automação da microinformática, bem como compreender conceitos computacionais que facili- tam a incorporação de ferramentas específicas nas ativi- dades pedagógicas. 2. CONTEÚDOS • Planilha de cálculo: Excel. • Programa de apresentação: PowerPoint. © Tecnologia da Informação e da Comunicação120 • Programa de publicações: Publisher. • Uso do Excel, PowerPoint e Publisher em sala de aula. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Nesta unidade, você aprenderá sobre a Era da Sociedade do Conhecimento. Dessa forma, seria interessante que você fizesse a leitura dos livros: • PAIS, L. C. Educação escolar e as tecnologias da infor- mática. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. • SANCHO, J. M. (Org.). Para uma tecnologia educacio- nal. Tradução de Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Artmed. 2001. 2) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am- plie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático e discuta a unidade com seus colegas de curso e com o tutor. 3) Antes de iniciar a leitura desta unidade, será interessante conhecer um pouco da biografia de José Armando Valen- te, cujo pensamento também norteia este estudo. Para saber mais, acesse os sites referenciados. José Armando Valente Professor do Departamento de Multimeios, Mídia e Co- municação do Instituto de Artes (DMM-IA), Unicamp/ SP; pesquisador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED), Unicamp/SP; professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currí- culo (PUC/SP); livre docente em Multimeios e Ciências (DMM-IA), Unicamp/SP; doutor pelo Departamento de Engenharia Mecânica e Divisão para o Estudo e Pesqui- sa em Educação, Massachusetts Institute of Technology (MIT), Cambridge, Massachusetts, USA (imagem disponível em: <http://www. unicamp.br/unicamp/imagens/jose-armando-valente-0>. Acesso em: 4 jan. 2010. Texto disponível em: <http://www.avercamp.com.br/autores/josevalente.htm>. Acesso em: 4 jan. 2010). Claretiano - Centro Universitário 121© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na Unidade 3, conhecemos as possibilidades do trabalho pe- dagógico com o uso dos programas Paint e Word. Nesta unidade, iremos oportunizar a construção e o desen- volvimento de conceitos, de princípios e de referenciais pedagógi- cos para a apropriação das seguintes ferramentas computacionais: Excel, PowerPoint e Publisher. Tentaremos, dessa forma, nos aproximar do aparato tecno- lógico disponível e aplicável ao processo pedagógico. 5. EXCEL: SUA PLANILHA DE CÁLCULO O MS-Excel, ou simplesmente Excel, é um software baseado em planilhas eletrônicas, utilizadas para cálculos e elaboração de tabelas e gráficos. Com o auxílio de suas ferramentas, podemos digitar fórmulas ou utilizar funções do próprio programa para rea- lizar cálculos simples ou avançados. Além disso, podemos montar gráficos dos mais variados tipos, como, por exemplo, histogramas, de linha, de barras, de setores (pizza) etc. Ao utilizarmos uma fórmula de cálculo ou função, estamos evitando o processo manual, muitas vezes repetitivo e sujeito a erros. Os gráficos podem surgir da própria tabela montada, permi- tindo uma análise mais apurada dos dados. Nesse caso, se alguma mudança na base de dados (tabela) for realizada, o gráfico irá se alterar automaticamente e não perderá o trabalho feito anterior- mente. Agora, vejamos o caminho que percorremos para entrar no Excel. Clique em: Iniciar/Programas/Microsoft Excel. © Tecnologia da Informação e da Comunicação122 Ao ser carregado, o Excel exibe uma planilha em branco, com o nome de Pasta 1. Cada célula pode ser preenchida com textos, números ou fórmulas. A célula ativa (na qual podem ser inseridos dados) indica o cruzamento de uma coluna (representada por le- tras: A, B, C...) com uma linha (representada por números: 1, 2, 3...). A pasta de trabalho é o arquivo em si. Contudo, dentro de uma pasta, pode haver muitas planilhas e gráficos, que poderão ser renomeados. O nome em negrito indica a planilha ativa. Veja a figura: Claretiano - Centro Universitário 123© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte Acompanhe um exemplo prático para utilizar alguns recur- sos do Excel. Suponhamos que você deseja criar uma tabela para saber os percentuais de alunos de ambos os sexos. Inicialmente, vamos digitar os nomes das colunas da tabela. Observe que, se o nome não couber na célula, podemos deslocar a divisão para os lados: A célula Total é um cálculo (soma das quantidades de ho- mens e de mulheres), que pode ser obtido por meio da seguinte fórmula: © Tecnologia da Informação e da Comunicação124 Depois de especificarmos a fórmula, temos de teclar Enter para ver o resultado. Vamos, agora, calcular os percentuais. Lembre-se de que devemos dividir cada uma das quantidades pelo total. Observe a fórmula: Aplicando o mesmo procedimento nas duas células, temos: Claretiano - Centro Universitário 125© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte Entretanto, o que queremos é que a apresentação dos resul- tados de ambas as células seja em valores percentuais (%). Então, deixamos cada uma das células ativas e clicamos com o mouse no botão %. A formatação da tabela final pode ser feita da seguinte for- ma: 1) Marque toda a tabela com o mouse. 2) Vá até o botão de bordas e escolha um estilo para as linhas de grade. Em seguida, sem desmarcar a tabela, escolha o estilo para a borda da tabela 3) O resultado final da formatação deverá ser como a figura a seguir: © Tecnologia da Informação e da Comunicação126 Utilizando o mesmo exemplo, imagine que desejamos fazer um gráfico de setores (pizza) com os dados da tabela. Acompanhe os passos: 1) Vá até a tabela e marque as seguintes células, conforme a figura: 2) Em seguida, clique no ícone assistente de gráfico ou cli- que em Inserir>Gráficos... (Windows XP). 3) Escolha o tipo de gráfico e a apresentação (por exemplo, em três dimensões). Clique em Avançar duas vezes e dê o nome para o gráfico. Em seguida, clique novamente em Avançar. Claretiano - Centro Universitário 127© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte 4) Escolha uma entre as opções de local para visualizar o gráfico (por exemplo, deixando-o na mesma planilha). Em seguida, clique em Concluir. Formate as fontes do gráfico (tamanho). Opte por mos- trar a legenda que segue e os percentuais em cada uma das partes. Assim, temos o seguinte resultado. © Tecnologia da Informação e da Comunicação128 Percentual da Sala de Aula 40% 60% Homens Mulheres Excel e prática em sala de aula Em nosso cotidiano, encontramos jornais, revistas e livros trazendo quadros, tabelas e gráficos que representam aconteci- mentos relacionados ao dia a dia. As informações veiculadas normalmente são trabalhadas em termos de média, porcentagem, frequência, amostra, projeção etc. Assim, essas informações e seus respectivos números podem ser facilmente compreendidos se visualizados por meio de plani- lhas e de gráficos que possibilitem a interpretação dos resultados apresentados. O Excel pode ser um poderoso instrumento pedagógico quando o professor o utiliza para desenvolver uma pesquisa com a participação dos alunos. Dessa forma, eles poderão coletar e re- gistrar as informações relevantes para o estudo de um fenômeno, para a compreensão de uma questão ou para a solução de um pro- blema. Partindo de acontecimentos da vida dos alunos, o professorpromove a realização de investigações, cujos dados são represen- tados em planilhas e, posteriormente, discutidos e interpretados para aprofundar a compreensão do tema e, também, a proposição de ações que possam conduzir à solução do problema. Você verá, a seguir, algumas sugestões que podem ser de- sencadeadas com a participação dos alunos em investigações cujos Claretiano - Centro Universitário 129© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte dados são representados no Excel e, posteriormente, inseridos em outros programas, como Word, PowerPoint etc. Vejamos: 1) Levantamento e análise dos gastos domésticos da resi- dência de cada aluno, como, por exemplo, o consumo de energia elétrica, de gás, de telefone, de água etc., o que pode provocar debates sobre as formas de racionalizar o consumo e como cada um poderá colaborar para isso. 2) Análise de gráficos e tabelas publicados em jornais, o que abre possibilidades de trabalho com a montagem de outras planilhas que complementam os dados apre- sentados, além de propiciar a leitura e a compreensão do mundo em que o aluno vive. 3) Coleta de dados que uma turma de alunos realiza com todas as outras turmas da escola, a qual pode ser repre- sentada em tabelas e gráficos, cujos resultados poderão desencadear debates e campanhas esclarecedoras so- bre os temas pesquisados. 4) Pesquisas de preços de alguns produtos, cujos dados são levantados em visitas a seus pontos de venda ou em jor- nais e revistas e, posteriormente, representados em pla- nilhas, o que pode ajudar os alunos a compreenderem a importância da matemática para a sua vida e o quanto eles podem colaborar com suas famílias nas compras do dia a dia. 5) Fenômenos físicos, químicos ou naturais são mais bem entendidos quando representados na forma de tabelas e gráficos, cuja facilidade de elaboração deixa mais tempo para análises e discussões sobre o seu significado. Como você pode perceber, o Excel é um poderoso aliado do professor por permitir uma rápida visualização e interpretação de dados, os quais devem ser discutidos coletivamente para que pos- sam levar à conscientização, à construção de novos conhecimen- tos e à proposição de medidas que promovam a mudança de ati- tudes, a aquisição de hábitos mais saudáveis e o desenvolvimento de campanhas comunitárias em prol da melhoria da qualidade de vida. © Tecnologia da Informação e da Comunicação130 Veja um exemplo de projeto com a utilização do Excel e do PowerPoint e compreenda melhor as suas funções. Utilização do Excel e do Power Point –––––––––––––––––––– A montagem de um documentário é o projeto desenvolvido pelo professor de Ciências com alunos do Ensino Fundamental, da periferia de Campinas. O pro- fessor lançou a idéia para várias turmas, mas somente uma encantou-se com ela. Os alunos mobilizaram-se na distribuição dos grupos para apresentação do documentário, escrita do roteiro e levantamento dos recursos necessários que estavam disponíveis. O tema escolhido foi "Coleta de Lixo" na localidade que, segundo o professor, era uma problemática séria e polêmica na cidade, porque o lixo era freqüentemente jogado às margens da rodovia, o que criava um sério problema para a preservação ambiental. O documentário envolveu a realização de uma pesquisa de campo, na qual os alunos visitaram a prefeitura para ob- ter dados técnicos sobre o lixo, tais como: número de vezes por semana em que deveria ocorrer a coleta, produção de lixo por pessoa, locais previstos para armazenamento do lixo etc. Depois, verificaram as condições desses locais, o tratamento dado ao lixo e a rota do caminhão coletor. O PowerPoint e o Excel foram usados para representar o conhecimento, à medida que os dados eram coletados. Este trabalho se articulou com outra pesquisa já desenvolvida sobre o lixo e publicada no jornal da escola, orientada pelos professores de português (ALMEIDA, 2011). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6. POWER POINT: ENRIQUEÇA SUAS APRESENTAÇÕES O MS-PowerPoint, ou simplesmente PowerPoint, é um pro- grama que foi desenvolvido para a elaboração de apresentações com recursos de multimídia: som, animação, caixa de texto, ima- gem e videoclipe. Esse programa tem grande aplicação na área acadêmica, pois torna a apresentação mais dinâmica e possibilita maior inte- ratividade por intermédio de suas animações e links com vídeos, sons e outras partes da apresentação. Dessa forma, nele, a área de trabalho de cada página ou tela é tratada como slide, independentemente do padrão utilizado na apresentação. Para entrar no PowerPoint, devemos ir em: Iniciar/Progra- mas/Microsoft PowerPoint: Claretiano - Centro Universitário 131© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte Após o programa ser carregado, siga o seguinte procedimen- to: Inserir/Novo slide (ou simplesmente clique na página, confor- me a figura a seguir). Em seguida, poderemos escolher um modelo de layout do slide (posicionamento do texto no slide) que mais se adapte ao trabalho. Poderemos escolher, também, o design de slide (modelo de apresentação) em um banco de slides disponível no programa. Para isso, clique em: Formatar/Design do slide. © Tecnologia da Informação e da Comunicação132 No lado direito da tela, abrirá um menu com várias sugestões de design. Você ainda poderá trocar as cores ou animações de um modelo selecionado por meio do esquema de cores e de anima- ção, respectivamente. Claretiano - Centro Universitário 133© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte Na barra de ferramentas da tela do PowerPoint, você pode ver os três modos de exibição dos slides: normal (melhor forma para trabalhar), folhetos (consegue melhor noção sobre a sequên- cia do trabalho) e apresentação (tela cheia para melhor projeção), respectivamente, conforme os ícones: Depois de escolhido o slide, ainda poderemos posicionar as caixas de texto da melhor forma possível, formatar as fontes, substituir ou retirar animações, entre outras ações, utilizando as seguintes ferramentas: Caixa de texto Inserir WordArt Inserir organograma ou fluxograma Inserir Clip-Art Inserir figura Cor da fonte É importante que você saiba que os comandos de atalho CTRL+C (copiar) e CTRL+V (colar) funcionam em todos os progra- mas apresentados até agora. São bem interessantes, pois agilizam a execução dos trabalhos. Por exemplo, no caso do PowerPoint, você pode copiar as caixas de textos de um slide e trocar os textos de dentro. Entretanto, as animações não serão perdidas. Vamos propor, agora, um exemplo, a fim de aplicarmos todos os conteúdos vistos para a realização de uma boa apresentação. Suponhamos que você queira montar uma simples apresen- tação, com uma capa e dois slides de conteúdo, abordando qual- quer assunto. O primeiro passo é abrir o PowerPoint e escolher o layout de texto. Após essa etapa, escolhemos o design do slide. A seguir, temos o slide escolhido para o exemplo: © Tecnologia da Informação e da Comunicação134 Como o primeiro será a capa, podemos utilizar ou não a cai- xa de subtítulo. A fonte da caixa de texto do título foi aumentada, a fim de dar maior ênfase. Para inserir uma animação nas caixas de texto, clique den- tro de cada uma delas com o botão direito do mouse e marque a opção Personalizar animação, ou vá até o menu Apresentações e, em seguida, escolha a opção Personalizar animação. As duas possibilidades são ilustradas a seguir: Claretiano - Centro Universitário 135© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte Para o título, podemos escolher um efeito e uma entrada em caixa. Utilizando o mesmo procedimento, podemos inserir a ani- mação na caixa de texto do subtítulo. Caso optemos pela mesma animação para todas as caixas de textos de um slide, podemos marcar todas com a tecla CTRL e inserir a animação como antes. © Tecnologia da Informação e da Comunicação136 Há várias formasde se iniciar uma animação, como, por exemplo, clicar com o mouse na apresentação. Em todas essas op- ções, podemos ainda escolher a velocidade da animação (muito lenta, lenta, média, rápida ou muito rápida). Como opção, também podemos colocar sons nas animações – contudo, uma dica: isso torna as apresentações cansativas! Depois de preenchido o slide da capa, podemos manter o padrão para os próximos slides de conteúdos. Para isso, devemos clicar em: Inserir/Duplicar slide. Qualquer alteração em um slide que deva ser aplicada para toda a apresentação deverá ser feita diretamente no modo Slide mestre. Para isso, siga o seguinte procedimento: Exibir/Mestre/ Slide mestre. Poderemos alterar, até mesmo, o design original do slide escolhido. PowerPoint e prática em sala de aula Uma apresentação no PowerPoint pode ter como objetivo a discussão de um tema, o desenvolvimento de uma investigação e a representação de ideias ou conceitos que promovam a construção de novos conhecimentos. Claretiano - Centro Universitário 137© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte No entanto, para elaborar uma apresentação, o professor terá de pesquisar, analisar, selecionar, sintetizar, organizar e articu- lar informações sobre o tema, criando telas (slides) que articulem a forma de representação e o conteúdo em estudo. Dessa forma, cabe ao professor provocar seus alunos para que eles desenvolvam suas apresentações sobre os temas em es- tudo, incentivando-os a refletirem, a depurarem e a reelaborarem o que está sendo desenvolvido. A organização e a articulação dos conceitos pesquisados fa- vorecem a construção de conhecimento ao autor da apresentação, e aqueles que fazem uso da apresentação previamente elaborada passam a ter uma fonte de pesquisa e de referência esteticamente atraente. Deve-se utilizar, portanto, as apresentações em PowerPoint ou em retroprojetor quando: 1) diagramas, tabelas e imagens ajudarem a apresentar o conteúdo; 2) dados estatísticos ou numéricos forem apresentados; 3) houver necessidade de enfatizar e facilitar a retenção de informações-chave. Veja algumas dicas para a criação de apresentações de Po- werPoint ou de transparências para retroprojetores: 1) Utilizar um tamanho de fonte que possa ser visto por todo o grupo (mínimo 20, ideal 32). 2) Colocar apenas seis pontos por lâmina, com seis pala- vras por ponto. 3) Utilizar apenas as palavras e as frases mais importantes, pois demora muito para os participantes lerem frases in- teiras. 4) Deixar espaços entre palavras e linhas, de modo a maxi- mizar a facilidade de leitura. 5) Limitar o número de slides, pois as pessoas tendem a parar de ler após a quarta ou quinta lâmina. © Tecnologia da Informação e da Comunicação138 6) Colocar as transparências dentro de uma moldura de pa- pel e escrever anotações na própria moldura. 7) Disponibilizar uma cópia da lâmina aos ouvintes. Ao usar o PowerPoint como um recurso para que seus alu- nos possam organizar ideias, expressar pensamentos, analisar questões e desenvolver projetos, o professor estará promovendo o desenvolvimento de atitudes de leitura, investigação, seleção, análise, síntese, criação, reflexão, depuração, integração, articula- ção etc. Veja um exemplo de projeto com a utilização do PowerPoint: Utilização do PowerPoint –––––––––––––––––––––––––––––– O projeto para a criação do roteiro de um filme rodado pelos alunos foi idealizado pela professora Márcia, da 3ª série do Ensino Fundamental da Escola Girassol. A organização das idéias do filme foi trabalhada coletivamente durante um bimestre e deu origem ao roteiro, à caracterização dos personagens, ao planejamento das cenas etc. Os papéis foram assumidos pelos alunos: editor, diretor de imagem, eletricista (aluno cujo pai é eletricista), atores, responsável pela sonoplastia – DJ (aluno que ajuda conjuntos musicais), operador de câmera, figurantes, diretor de ensaios. O computador foi empregado para compor a abertura e o fechamento do filme e para editar textos no PowerPoint (ALMEIDA, 2011). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 7. PUBLISHER: PUBLIQUE E APAREÇA! O MS-Publisher, ou simplesmente Publisher, é um software caracterizado pela facilidade em criar e editar publicações do tipo: jornais, boletins informativos, folhetos, panfletos, sites da web, cartões de visita, cartões-postais etc. Esse instrumento de aprendizagem pode ser muito útil den- tro de uma sala de aula, a fim de reforçar o conteúdo estudado. Para entrar no Publisher, clique em: Iniciar/Programas/ Microsoft Publisher. Claretiano - Centro Universitário 139© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte Na página inicial do programa (abertura), você já terá acesso a todas as opções de publicação (menu), começando com Publica- ções rápidas e terminando com Origami, dependendo da versão utilizada. Só precisamos escolher o que melhor atenderá às nossas necessidades. Quando o marcador estiver em forma de seta, ainda teremos opções de submenus. Observe, na figura a seguir, o menu Folhetos. Clicando nele, ainda encontramos as opções: informativo, lista de preços, evento e ação beneficente. © Tecnologia da Informação e da Comunicação140 A fim de entendermos melhor as funcionalidades de tal pro- grama, vamos acompanhar um exemplo. Nele, proporemos a mon- tagem de um folheto de ação beneficente que chamará a atenção dos alunos da escola sobre a importância da destinação correta do lixo, assim como sua separação para posterior reciclagem. Inicialmente, deve-se clicar em Folhetos/Ação beneficente, e escolheremos o modelo Grade, conforme a figura: Claretiano - Centro Universitário 141© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte O próximo passo é preencher os campos preestabelecidos no modelo com os textos elaborados pelos alunos (cada grupo pode montar um folheto, e, posteriormente, pode-se fazer uma votação para a escolha do melhor trabalho). Veja um exemplo: Você pode notar que o lado interno do folheto pode ser acessado e editado somente quando clicamos na folha número 2, no rodapé da página de trabalho. Confira a seguir: © Tecnologia da Informação e da Comunicação142 Outro formato interessante é a opção Calendário do Pub- lisher, aonde você pode dispor o calendário escolar (discentes), adicionando os eventos importantes. Publisher e prática em sala de aula Observe algumas possibilidades de utilização do Publisher como ferramenta didático-pedagógica: 1) Designe atribuições para os alunos, como editores, re- visores, repórteres, redatores e desenhistas de layout, para criar um boletim informativo para a escola. Peça que seus alunos planejem, desenhem e criem o boletim informativo na escola, conforme os segmentos apropria- dos da comunidade. Claretiano - Centro Universitário 143© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte 2) Crie e distribua panfletos ou outros anúncios para cam- panhas de preservação ambiental, coleta seletiva do lixo, direitos dos cidadãos etc. 3) Crie um calendário semanal para os alunos levarem para casa, mantendo os pais informados e envolvidos. 4) Crie panfletos para a divulgação da feira de ciências da escola. 5) Planeje um evento especial para os pais. Crie convites, panfletos ou símbolos para anunciar o evento. 6) Crie um folheto de viagem com os seus alunos. 7) Selecione um período da história e crie um boletim in- formativo sob o ponto de vista de um editor que tenha vivido naquela época. Para obter as informações neces- sárias, use dados pesquisados na internet ou em enciclo- pédias digitais. 8) Organize uma campanha de coleta de agasalhos e ali- mentos não perecíveis. Crie, no Publisher, algum mate- rial informativo, como, por exemplo, panfletos, cartazes e/ou boletins, utilizando um modelo que atenda ao ob- jetivo da atividade. 9) Ensine seus alunos a elaborar um curriculum vitae na op- ção Currículos do Publisher. 10) Crie um cardápio com asrespectivas receitas de comidas e locais do mundo de onde estas são originárias, com base em um trabalho de pesquisa. 8. TEXTOS COMPLEMENTARES O professor José Armando Valente (1997) defende a impor- tância do uso do computador de forma inteligente. Observe, nos trechos a seguir, retirados de um dos seus artigos, os argumentos apresentados pelo autor sobre essa questão. O USO INTELIGENTE DO COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO ––– A análise dessa questão nos permite entender que o uso inteligente do com- putador não é um atributo inerente ao mesmo, mas está vinculado a maneira como nós concebemos a tarefa na qual ele será utilizado. Um sistema edu- © Tecnologia da Informação e da Comunicação144 cacional mais conservador certamente deseja uma ferramenta que permite a sistematização e o controle de diversas tarefas específicas do processo atual de ensino. Uma máquina de ensinar e administrar esse ensino facilita muito a atividade do professor. Sistemas computacionais com essas características já foram desenvolvidos, desempenhando tarefas que contribuem muito para essa abordagem educacional e passam a ser muito valorizados pelos profis- sionais que compartilham dessa visão de educação. Por outro lado, os profissionais da educação que não compartilham dessa abordagem educacional certamente não necessitam de sistemas computa- cionais com tais características. Mesmo os sistemas de ensino mais sofis- ticados, com qualidades de inteligência – como a capacidade de identificar os erros cometidos pelos alunos ou indicar tarefas de acordo com o nível do aluno – não são considerados como uma forma de uso inteligente do compu- tador na educação. Isso significa dizer que a análise de um sistema computacional com finalida- des educacionais não pode ser feita sem considerar o seu contexto pedagó- gico de uso. Um software só pode ser tido como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo como ele será utilizado. Portanto, para ser capaz de qualificar um software é necessário ter muito clara a abordagem educacional a partir da qual ele será utilizado e qual o papel do computador nesse contex- to. E isso implica ser capaz de refletir sobre a aprendizagem a partir de dois pólos: a promoção do ensino ou a construção do conhecimento pelo aluno (VALENTE, 1997, p. 3). Valente (1997) apresenta-nos, também, algumas considerações importantes sobre como se desvencilhar do tecnicismo educacional para, de fato, inserir o computador no cotidiano escolar. Ele diz: Se o computador pode ser usado para catalisar e auxiliar a transformação da escola, mesmo diante dos desafios que essa transformação nos apresenta, essa solução, a longo prazo, é mais promissora e mais inteligente do que usar o computador para informatizar o processo de ensino. O ensino tradicional ou a informatização do ensino tradicional são baseados na transmissão de conhecimento. Nesse caso, tanto o professor quanto o computador são proprietários do saber, e assume-se que o aluno é um reci- piente que deve ser preenchido. O resultado dessa abordagem é o aluno passivo, sem capacidade crítica e com uma visão de mundo limitada. Esse aluno, quando formado, terá pouca chance de sobreviver na sociedade atual. Na verdade, tanto o ensino tradicio- nal quanto a informatização desse ensino prepara um profissional obsoleto. As mudanças que ocorrem nos meios de produção e de serviço indicam que os processos de apreciação do conhecimento assumirão papel de destaque, de primeiro plano (DRUCKER, 1993). Essa mudança implica em uma alte- ração de postura dos profissionais em geral e, portanto, requer o repensar dos processos educacionais. Nesse caso, devemos utilizar todos os recursos disponíveis para isso, inclusive o computador, mesmo sabendo que não es- tamos usando os mais sofisticados sistemas computacionais. Devemos ter muito claro o que é importante do ponto de vista pedagógico e como tirar proveito da tecnologia para atingirmos tal objetivo. Isso é ser inteligente. In- formatizar o ensino é solução mercadológica, moderninha, paliativa e que só contribui para adiar as grandes mudanças que o atual sistema de ensino deve passar. Isso não é solução inteligente! (VALENTE, 1997, p. 4). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Claretiano - Centro Universitário 145© U4 - Informática como Recurso Didático-Pedagógico: 2ª parte 9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Segundo Valente (1997), o que seria a utilização do computador de maneira inteligente na educação? 2) Em que medida os softwares analisados nesta unidade poderão contribuir para a melhoria do trabalho pedagógico em sala de aula e, assim, auxiliar na construção do conhecimento? 3) Qual a importância da discussão proposta nesta unidade para a sua forma- ção? 4) Faça uma revisão de tudo o que foi apresentado nesta unidade e reflita: em que as TICs contribuíram para o processo educativo? 10. CONSIDERAÇÕES Chegamos ao final desta unidade, na qual você teve a opor- tunidade de perceber quais são as contribuições das ferramentas computacionais Excel, PowerPoint e Publisher para se desenvolver um bom trabalho pedagógico em sala de aula. Acreditamos que, com a utilização desses recursos, você, fu- turo professor, em lugar de guardião da aprendizagem transmiti- da, passa a ser aquele que propõe a construção do conhecimento, disponibilizando um campo de possibilidades, de caminhos, de sig- nificações livres e plurais. Dessa forma, o professor não apenas educa com as novas tecnologias, como também constrói a cidadania em nosso tempo. 11. E-REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. E. B. de. Prática e formação de professores na integração de mídias. Disponível em: <http://www.slideshare.net/aurelyano/capitulo-1-tecnologia-curriculo- e-projetos>. Acesso em: 3 jun. 2011. © Tecnologia da Informação e da Comunicação146 ______. Prática pedagógica e formação de professores com projetos: articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias. Disponível em: <http://midiasnaeducacao- joanirse.blogspot.com/2009/02/pratica-e-formacao-de-professores-na.html>. Acesso em: 1 abr. 2011. 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M. C. (Coord.). Informática: orientações para o uso do microcomputador na educação. São Paulo: FDE/SEC, 1986. LOLLINI, P. Didática e computador: quando e como a informática na escola. São Paulo: Loyola, 1991. MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 4. ed. Campinas: Papirus, 2001. NIQUINI, D. P. Informática na educação: implicações didático-pedagógicas e construção do conhecimento. Brasília: Universal, 1996. OLIVEIRA, R. Informática educativa. Campinas: Papirus, 1997. PRETTO, N. de L. Uma escola sem/com futuro. Campinas: Papirus, 1996. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). TAIJRA, S. F. Informática na educação: professor na atualidade. São Paulo: Érica, 1998. TENÓRIO, R. M. Computadores de papel: máquinas abstratas para o ensino concreto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001. v. 80. (Coleção Questões da Nossa Época.). VALENTE, J. A. O uso inteligente do computador na educação. Revista Pedagógica Pátio, Porto Alegre, v. 1, n. 1, jul. 1997. EA D 5 Internet e Softwares: Criando Redes de Conhecimento 1. OBJETIVOS • Analisar a contribuição do uso da internet como ferra- menta na construção do conhecimento. • Reconhecer os diversos periféricos e o funcionamento da internet e dos softwares para criar estratégias que poten- cializem o uso dos computadores na educação. • Propiciar atividades de pesquisa na internet e em outras mídias. • Reconhecer as diversas possibilidades de uso de softwares educacionais. • Compreender e demonstrar que os meios de comunica- ção, como a internet, desenvolvem formas sofisticadas de comunicação sensorial, emocional e racional, sobrepon- do linguagens e mensagens que facilitam o processo de interação. © Tecnologia da Informação e da Comunicação148 2. CONTEÚDOS • Internet Explorer.• Internet e novo paradigma educacional. • Ciberespaço e ambientes virtuais. • Hipertexto. • Ferramentas de busca: search-engine. • Uso de softwares em sala de aula. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Durante os estudos de não apenas esta, mas todas as uni- dades, consulte o Glossário de conceitos, a fim de facilitar o seu entendimento a respeito dos assuntos abordados. Também, é importante que você leia os livros da biblio- grafia indicada para ampliar seus horizontes teóricos. 2) Antes de iniciar a leitura desta unidade, será interessan- te conhecer um pouco da biografia de Pierre Lévy, cujo pensamento também norteia este estudo. Para saber mais, acesse os sites referenciados. Pierre Lévy Pierre Lévy é filósofo. Nasceu em 1956, na cidade de Túnis (Tunísia). Realizou seus estudos na França, douto- rou-se em Sociologia e em Ciências da Informação e da Comunicação. Lecionou em várias universidades de Pa- ris e Montréal. Atualmente é professor da UQTR (Univer- sité du Québec à Trois-Rivières), na cidade de Quebec, Canadá. Presta serviço a vários governos, organismos internacionais e grandes empresas sobre as implicações culturais das novas tecnologias. É autor de uma dezena de obras filosóficas sobre a cultura do mundo virtual e as novas tecnologias (imagem disponível em: <http://vol- neyfaustini.wordpress.com/2010/01/11/pierre-levy-volta- -ao-brasil/>. Acesso em: 9 jan. 2011. Texto disponível em: <http://www.escolanet.com.br/levy/levy_biog.html>. Acesso em: 7 nov. 2010). Claretiano - Centro Universitário 149© U5 - Internet e Softwares: Criando Redes de Conhecimento 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na Unidade 4, estudamos as ferramentas computacionais Excel, PowerPoint e Publisher e suas aplicações pedagógicas no espaço educacional. Agora, nesta última unidade, teremos a oportunidade de analisar as contribuições do uso da internet como ferramenta na construção do conhecimento. Além disso, será importante você reconhecer os diversos pe- riféricos e o funcionamento da internet e dos softwares para criar estratégias que potencializem o uso dos computadores na educa- ção, valendo-se da compreensão de que os meios de informação e comunicação, como a internet, desenvolvem formas sofisticadas de comunicação sensorial, emocional e racional, sobrepondo lin- guagens e mensagens que facilitam o processo de interação. 5. INTERNET EXPLORER: NAVEGANDO POR PÁGINAS NUNCA D’ANTES NAVEGADAS O Microsoft Internet Explorer, ou simplesmente Internet Ex- plorer, é um software que conecta o usuário à rede mundial de computadores, sendo também conhecido por "navegador". Atual- mente existem diversos navegadores, como o Mozilla Firefox, Ope- ra, Google Chrome, dentre outros. Dessa forma, chamamos de rede de computadores dois ou mais equipamentos conectados entre si. Com esse navegador, po- demos acessar diversos tipos de serviços. Entre eles, os mais usa- dos são: • e-mail: correio eletrônico; • web: abreviação de world wide web, ou www, que, em português, significa "ampla teia mundial". © Tecnologia da Informação e da Comunicação150 A web permite o acesso à informação e à sua aplicação no formato de páginas. É interessante que você saiba que um computador pode ser conectado a outro de diversas formas: por meio de cabo, linha te- lefônica, backbone (espinha dorsal, em português), ondas de rádio etc. Qualquer que seja o sistema adotado, a informação trafegará digitalizada em forma de sinais elétricos e eletromagnéticos. Embora a internet só esteja operando comercialmente há pouco mais de uma década, ela é uma rede muito antiga, iniciada no final dos anos 1950, com objetivos militares. Por motivos de se- gurança e pela falta de hábito do uso da informática, sua utilização ficou restrita por muito tempo. A rede que interliga os computadores no mundo todo criou e propagou uma nova cultura, de caráter universal, entre os po- vos e as organizações. Pela possibilidade de acesso instantâneo a qualquer sistema de informação organizado, podemos dizer que computadores e internet são, hoje, quase sinônimos. Atualmente, podemos obter várias informações em diferen- tes locais de maneira instantânea, sendo possível localizar ou con- versar com pessoas de outros países, bem como procurar, encon- trar e comprar produtos e serviços em qualquer lugar. É possível, ainda, ensinar e aprender por meio da internet. Para tanto, as páginas acessadas na web são produzidas e colocadas à disposição dos internautas (qualquer pessoa que na- vegue no espaço virtual da internet) em milhões de computadores no mundo todo. Um conjunto de páginas compõe um site ("sítio", em português, no sentido de local). Para acessar um site, preci- samos de um endereço eletrônico (por exemplo, www.claretiano. edu.br), tecnicamente chamado de URL. Dessa forma, para acessar a internet, precisamos de um pro- vedor de acesso (gratuito ou não), além de um navegador, como, por exemplo, o Internet Explorer. Claretiano - Centro Universitário 151© U5 - Internet e Softwares: Criando Redes de Conhecimento Entretanto, você deve saber que um provedor de acesso à internet é uma empresa que mantém hardwares e softwares co- nectados ao backbone da grande rede. Os usuários domésticos, e mesmo as corporações, conectam-se ao provedor por meio de linhas telefônicas comuns ou exclusivas, por cabos ou por ondas de rádio. Alguns serviços que podemos encontrar comercialmente são o Speedy, da Telefônica, e o Virtua, da Net. É possível contratar um serviço de acesso à internet por meio de um provedor pago (Globo, UOL, Terra, entre outros), que ofere- ce serviços e procura garantir qualidade e vantagens no acesso de seus assinantes, ou por meio de um gratuito (IG, iTelefônica, entre outros), que pode ser uma alternativa para quem está iniciando o uso da rede e, também, para usuários que não a utilizam com muita frequência. Ilustraremos os procedimentos que devemos seguir para ter acesso à internet pelo Internet Explorer. Clique em Iniciar/Programas/Internet Explorer: O navegador possui vários comandos para facilitar a nave- gação pelos sites da internet, de modo que os ícones podem ser © Tecnologia da Informação e da Comunicação152 diferentes, dependendo da versão utilizada do Internet Explorer. Vamos resumir cada um dos mais utilizados, a fim de que você possa praticar: Voltar: mostra a exibição anterior. Avançar: mostra o que estava sendo exibido antes de voltar. Parar: para o carregamento de uma página. Atualizar: recarrega a página que está sendo acessada. O comando CTRL+F5 é bem eficaz nesse sentido, pois atualiza a página dentro do próprio servidor. Página inicial: retorna à página que foi carregada quando o Internet Explorer foi iniciado. Pesquisar: busca uma palavra ou frase em páginas da web. Favoritos: armazena endereços de sites acessados com mais frequência. Histórico: exibe os endereços de sites visitados recentemente. Correio: permite ler mensagem ou notícia e enviar link ou página. Imprimir: imprime a página exibida. O endereço eletrônico da página a ser acessada deve ser di- gitado na barra de endereços, conforme o exemplo a seguir: Caso o endereço não tenha sido digitado corretamente, po- derá aparecer a mensagem de erro ilustrada a seguir. Saiba que a falta de um simples ponto pode ocasionar erro de acesso: Claretiano - Centro Universitário 153© U5 - Internet e Softwares: Criando Redes de Conhecimento É importante que você saiba que podemos salvar páginas da web como arquivos de extensão .htm ou .html. Esse recurso é uti- lizado quando se quer ter, fielmente, a cópia da página visitada. Basta clicar em Arquivo > Salvar Como e escolher a pasta de seu computador onde quer salvar uma cópia da página visitada. Outra forma seria marcar o texto e as figuras da página, copiar o conteú- do selecionado e colar em um editor de textos, como, por exem- plo, o MS-Word. Entretanto, esteprocedimento pode acarretar em perda da formatação original da página da internet. 6. INTERNET E NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL Com o início do século 21, vivemos uma grande expansão da rede mundial de computadores (internet). Dessa forma, surge um novo espaço "comunicacional-cultural" conhecido como cibercul- tura. Tal denominação tem sido apresentada por diferentes auto- res. Segundo o dicionário on-line Priberam da Língua Portuguesa (2011), a cibercultura é um "Conjunto de aspectos e padrões cul- turais relacionados com a internet e a comunicação em redes de computadores". De acordo com Cruvinel (2010, p. 6): As novas tecnologias proporcionam mudanças de ambiente de in- formações e dão o tom da nova lógica comunicacional. Se cada es- cola não se incluir nessa nova era, estará na contramão da história, alheia ao espírito do tempo, deixando de produzir a inclusão social e a cibercultura. © Tecnologia da Informação e da Comunicação154 Cibercultura quer dizer modos de vida e de comportamentos as- similados e transmitidos na vivência histórica e cotidiana marcada pelas tecnologias informáticas, mediando a comunicação e a infor- mação via internet [...]. Sobre essa temática, leia as palavras de Viggiano (2007) no excerto a seguir. O ciberespaço enquanto ambiente informal de aquisição de competências –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O termo ciberespaço foi criado pelo escritor de ficção científica William Gibson, sendo projetado em seu livro Neuromancer, de 1984 [...]. Nesse, o autor tra- ta de um real que se constitui por meio do engendramento de um conjunto de tecnologias, enraizadas de tal forma na vida em sociedade que lhe modifica as estruturas e princípios, transformando o próprio homem, que de sujeito histórico torna-se objeto de uma realidade virtual que os conduz e determina [...]. Na inter- pretação de Sfez (1993), esse contexto encerra as condições para que os seres humanos pensem estar na expressão (na vivência efetiva das coisas), quando encontram-se na representação (na simulação das coisas). Não estamos imersos num cenário tal qual descrito em Neuromancer, porém já experimentamos uma realidade que tem como um de seus pilares as TICs e suas possíveis virtualidades formativas, conforme salientamos. Não por acaso, o uso da expressão ciberespaço tornou-se corrente nos dias atuais, passando a ser empregada para designar o espaço abstrato, virtual, criado pelas redes de com- putadores por meio das tecnologias de comunicação avançadas, principalmente a Internet (VIGGIANO, 2011). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O computador e a internet definem esse novo espaço infor- macional e transmitem o tom da nova lógica comunicacional. As- sim, produz-se cada vez mais, informações on-line que são social- mente partilhadas. Nesse contexto, a educação on-line ganha seu espaço, uma vez que viabiliza a flexibilidade e a interatividade próprias da in- ternet. Se a escola não inclui a internet na educação das novas gerações, ela está na contramão da história, produzindo exclusão social ou exclusão da cibercultura, além de estar alheia ao espírito do seu tempo. Silva (2011, p. 63) pondera que: [...] Na cibercultura, a lógica comunicacional supõe rede hipertex- tual, multiplicidade, interatividade, imaterialidade, virtualidade, tempo real, multissensorialidade e multidirecionalidade. A con- Claretiano - Centro Universitário 155© U5 - Internet e Softwares: Criando Redes de Conhecimento tribuição da educação para a inclusão do aprendiz na cibercultura exige um aprendizado prévio por parte do professor. Uma vez que não basta convidar a um site para se promover inclusão na cibercul- tura, ele precisará se dar conta de pelo menos quatro exigências da cibercultura oportunamente favoráveis à educação cidadã. Assim, é necessário que o professor conheça os recursos pe- dagógicos da internet, tais como a pesquisa, a comunicação e a representação, para orientar na criação de ambientes que possam enriquecer o processo de aprendizagem do aluno. E a cibercultura na escola? O acesso à internet na escola não garante por si só a inserção crítica dos alunos e dos professores na cibercultura. Segundo Valente (1997), o educador pode até convidar o aprendiz a explorar um site, mas, muitas vezes, a aula continua sendo uma palestra para a absorção linear, passiva e individual, enquanto o professor permanece como o responsável pela produ- ção e transmissão dos "conhecimentos". Dessa forma, o professor e seus alunos experimentam a pos- sibilidade de explorar a internet e, embora tenha se criado um am- biente de aprendizagem, só isso não viabiliza a verdadeira inclusão cidadã, uma vez que as oportunidades de acesso não devem se restringir apenas à sala de aula. 7. CIBERESPAÇO E AMBIENTES VIRTUAIS Como vimos em outras disciplinas, é fato deste curso que "ensinar é organizar situações de aprendizagem". Entretanto na obra Tecnologia da Informação e da Comunicação, é preciso ir além, criando condições que favoreçam a compreensão do mun- do, do contexto, do ser humano e da própria identidade. E você já imagina como organizar situações didáticas que compreendam a criação de ambientes de aprendizagem? © Tecnologia da Informação e da Comunicação156 Segundo Moran, Masetto e Behrens (2000), a criação dos ambientes de aprendizagem com a presença das TICs significa uti- lizá-las para a representação, a articulação entre pensamentos e a realização de ações, bem como o desenvolvimento de reflexões que constantemente questionem essas ações e as submetam a uma avaliação contínua. Assim, o professor que associa a TIC a uma oportunidade ati- va de aprendizagem precisa articular o domínio da tecnologia ao da prática pedagógica, pois, segundo Almeida (2011): A aprendizagem é um processo de construção do aluno (autor de sua aprendizagem), mas nesse processo o professor, além de criar ambientes que favoreçam a participação, a comunicação, a intera- ção e o confronto de idéias dos alunos, também tem sua autoria. Dessa forma, cabe ao professor promover o desenvolvimento de atividades que provoquem o envolvimento e a livre participação do aluno, assim como a interação que gera a co-autoria e a articulação entre informações e conhecimentos, com vistas a construir novos conhecimentos que levem à compreensão do mundo e à atuação crítica no contexto social. A incorporação da TIC na escola favorece a criação de redes individuais de significados e a constituição de uma comunidade de aprendizagem que cria sua própria rede vir- tual de interação e colaboração. Assim, é caracterizada por avanços e recuos em um movimento não-linear de interconexões em um espaço complexo, que conduz ao desenvolvimento educacional, social e cultural. Observe a Figura 1 e analise: será que o professor não se encontra resistente à incorporação das TICs em sala de aula e, por essa razão, acaba preferindo o método tradicional de ensino, em que o aluno é um receptor passivo de informação? Claretiano - Centro Universitário 157© U5 - Internet e Softwares: Criando Redes de Conhecimento Fonte: AGNER (2008, p. 66). Figura 1 O professor dinossauro e o uso da internet. Refletindo sobre a Figura 1, podemos concluir que, para in- corporar as TICs na escola, é preciso ousar, vencer desafios, arti- cular saberes, tecer continuamente a rede, criando e desatando novos nós conceituais que se inter-relacionam com a integração de diferentes tecnologias, com a linguagem hipermídia, com as teorias educacionais, com a aprendizagem do aluno, com a prática do educador e com a construção da mudança em sua prática, na escola e na sociedade. 8. O QUE O USO DE HIPERTEXTOS TRAZ DE INOVA- DOR PARA A APRENDIZAGEM? Como já vimos, o surgimento das TICs produziu novas opor- tunidades e desafios para a incorporação de tecnologias na escola no que se refere às diferentes formas de comunicação de ideias e de transmissão de informações. © Tecnologia da Informação e da Comunicação158Nesse sentido, as principais características das TICs, de via- bilizarem a aprendizagem colaborativa do conhecimento e amplia- rem a interação entre diferentes pessoas em diferentes lugares, estimularam o desenvolvimento de habilidades de leitura, escrita e compreensão textual, neste caso, por meio dos hipertextos. Você deve estar se perguntando: o que são hipertextos? Segundo o dicionário Aurélio (2004, p. 311): Hipertexto é uma forma de apresentação ou organização de in- formações escritas, em que blocos de texto estão articulados por remissões, de modo que, em lugar de seguir um encadeamento linear e único, o leitor pode formar diversas seqüências associati- vas, conforme seu interesse, ou um conjunto de textos estrutura- dos ou organizados dessa forma, sendo implementado em meio eletrônico computadorizado, no qual as remissões correspondem a comandos que permitem ao leitor passar diretamente aos ele- mentos associados. Como você pôde perceber, o hipertexto é um "documento que contém links (ligações) para outros documentos, o que permi- te um processo de leitura não seqüencial" (GLOSSÁRIO TÉCNICO, 2011). Com o hipertexto, "o ato de ler se transforma historicamen- te" (KENSKI, 2001, p. 132). Segundo Almeida (2003, p. 8): Não se trata da leitura realizada no espaço linear do material im- presso, mas em uma leitura não-linear na tela do computador, a qual está baseada em indexações, conexões entre idéias e concei- tos articulados por meio de links (nós e ligações), que conectam informações representadas sob diferentes formas, tais como pala- vras, páginas, imagens, animações, gráficos, sons, clipes de vídeo etc. Desta forma, ao clicar sobre uma palavra, imagem ou frase de- finida como um nó de um hipertexto, encontra-se uma nova situa- ção, evento ou outros textos relacionados. O uso do hipertexto altera a leitura por meio do que tem iní- cio, meio e fim prefixados. Abandona-se a sequência estática e li- near para que o leitor estabeleça suas próprias relações e ligações, saltando entre uma informação e outra, segundo suas necessida- des. O leitor, dessa forma, torna-se ativo, interagindo com o texto e tornando-se coautor do hipertexto. Assim: Claretiano - Centro Universitário 159© U5 - Internet e Softwares: Criando Redes de Conhecimento A leitura do hipertexto na tela é feita em camadas, iniciando e ter- minando no ponto que o leitor decide, o qual pode ter liberdade e autonomia para intervir no texto e reconstruí-lo. Assim, a comuni- cação pela tela está criando não só novos gêneros da escrita, mas também está inovando o sistema da escrita (BRASIL, 2011). Pierre Lévy (1996) assevera que leitura e escrita se confun- dem na construção do texto digital, uma vez que ler e escrever se configuram de outra forma. O leitor/escritor é capaz de interagir para fazer escolhas entre diferentes links apresentados no corpo do hipertexto. Essas novas ligações estabelecidas pelo leitor viabi- lizam os seguintes aspectos: • criação dos próprios percursos; • reconfiguração de espaços; • elaboração de narrativas pessoais; Portanto: É importante integrar as potencialidades das tecnologias de infor- mação e comunicação nas atividades pedagógicas, de modo que favoreça a representação textual e hipertextual do pensamento do aluno, a seleção, a articulação e a troca de informações, bem como o registro sistemático de processos e respectivas produções, para que o aprendiz possa recuperá-las, refletir sobre elas, tomar deci- sões, efetuar as mudanças que se fizerem necessárias, estabelecer novas articulações com conhecimentos e desenvolver a espiral da aprendizagem (ALMEIDA, 2011). Nessa grande aventura, o professor também é desafiado a assumir o papel de constante investigador do aluno, seu nível de desenvolvimento cognitivo, social e afetivo, de sua forma de linguagem, expectativas e necessidades, bem como de seu estilo de escrita, seu contexto social e sua cultura, além de desenvolver uma postura de aprendiz ativo, crítico e criativo, articulador do en- sino com a pesquisa (BEHRENS, 1984). Nesse sentido, as TICs propiciam, por meio das representa- ções em textos, hipertextos e sites, novas e diferentes maneiras de produção de saberes e descobertas de conhecimentos, além de diversas representações que entrelaçam forma e conteúdo nos © Tecnologia da Informação e da Comunicação160 significados que os autores atribuem aos fatos, aos fenômenos ou aos problemas em estudo, ligando mídias e linguagens que se dife- rem. Com a utilização do hipertexto, o professor constrói uma rede de significados e define um conjunto de possibilidades a serem exploradas. Isso porque, de acordo com Silva (2011, p. 54): O hipertexto oferece múltiplas informações (em imagens, sons, textos etc.), sabendo que estas potencializam, consideravelmente, ações que resultam em conhecimento e em diferentes informa- ções. O professor incita cada aluno a contribuir com novas informa- ções e a criar e oferecer mais e melhores percursos, participando como co-autor do processo de aprendizagem e de comunicação. 9. FERRAMENTAS DE BUSCA: SEARCH-ENGINE Na escola, o uso da internet pode viabilizar o acesso a in- formações, de modo a potencializar as múltiplas possibilidades de utilização dos recursos didáticos que podem ser usados em dife- rentes situações de aprendizagem. Uma dessas possibilidades se refere aos "sites de busca", que podem facilitar o acesso a dados e informações e incentivar o aluno em trabalhos de pesquisa. Sobre mais esse recurso, Valente (2005, p. 27-28) traz as se- guintes contribuições: O computador apresenta um dos mais eficientes recursos para a busca e o acesso à informação. Existem hoje sofisticados mecanis- mos de busca que permitem encontrar de modo muito rápido a informação existente em banco de dados, em CD-ROM e mesmo na web. Em geral, há softwares que permitem a escolha. Neles, as informa- ções são organizadas na forma de hipertextos (textos interligados). Assim, passar de um hipertexto para outro constitui a ação de "na- vegar" no software. A Internet está ficando cada vez mais interessante e criativa, o que possibilita a exploração de um número incrível de assuntos. Porém, se o aprendiz não tem um objetivo nessa navegação ele pode ficar perdido. Se a informação obtida não é posta em uso, se ela não é Claretiano - Centro Universitário 161© U5 - Internet e Softwares: Criando Redes de Conhecimento trabalhada pelo professor, não há nenhuma maneira de estarmos seguros de que o aluno compreendeu o que está fazendo. Nesse caso, cabe ao professor suprir essas situações para que a constru- ção do conhecimento ocorra. O uso da Internet como fonte de informação demonstra que a ação que o aluno realiza é a de escolher entre opções oferecidas. Ele não está descrevendo o que pensa, mas decidindo entre várias pos- sibilidades oferecidas pela web. Uma vez escolhida uma opção, o computador apresenta a informação disponível e o aprendiz pode refletir sobre ela. Com base nessas reflexões, o aluno pode sele- cionar outras opções, provocando idas e vindas entre tópicos de informação e, com isso, navegar pela web. Para que você compreenda melhor, acesse o site de busca <www.google.com.br> e faça uma rápida pesquisa sobre algum tema do seu interesse. Ainda utilizando o Google, encontre ou- tros sites de busca, a fim de utilizá-los em futuras pesquisas. Digi- te palavras-chave no campo de busca, tais como: "site de busca", "busca" etc. 10. USO DE SOFTWARES EM SALA DE AULA Inicialmente, é fundamental que o professor conheça os softwares que pretende utilizar para problematizar os conteúdos curriculares. Isso é requisito básico para que ele possa propor boas situações de aprendizagem utilizando os computadores. Por isso, cada software deve ser explorado antecipadamente pelos profes- sores, com o objetivo de identificar as possibilidades de trabalho pedagógico. É importante relembrar que software é qualquer programa ou grupo de programas (inclusivesistemas operacionais, proces- sadores de texto e programas aplicativos em geral) que instrui o computador sobre como ele deve executar uma tarefa. É necessário se preocupar com a qualidade da interação com as informações, pois estas variam em função do tipo de programa. Além disso, cada software pode ter diferentes possibilidades de © Tecnologia da Informação e da Comunicação162 utilização no processo de ensino-aprendizagem. É importante ob- servar que utilizar um só tipo de programa com os alunos pode ser pouco desafiador. Por conseguinte, é necessário refletir sobre as possibilidades de cada software em relação aos diferentes momentos de apren- dizagem, pois quanto mais conhecimento o aluno tiver sobre o conteúdo de aprendizagem e o programa, mais ele poderá explo- rar os recursos do software. Para concluir, é importante lembrar que o uso de um software não é condição suficiente para garantir a aprendizagem dos conteúdos curriculares em sala de aula. O professor deve cum- prir um papel importante, estimulando a curiosidade e o desejo de aprender, estabelecendo relações, comentando, dando infor- mações e criando novos problemas para que os desafios sejam superados. 11. TEXTO COMPLEMENTAR Como você pôde observar, nesta unidade, abordamos espe- cificamente a potencialidade de se incorporar o uso da internet no processo educativo. A esse respeito, mais uma vez, citaremos José Manuel Mo- ran, que muito tem contribuído para fortalecer e aprofundar as discussões sobre a utilização das TICs na escola. Em uma entrevista concedida ao Portal Educacional, o au- tor apresenta suas ideias sobre o uso da internet na educação, fundamentando-se na perspectiva de aprendizagem colaborativa e evidenciando a necessidade da interação humana para que a in- formação possa circular e o aprender se torne mais significativo. A internet nos ajuda, mas ela sozinha não dá conta da complexidade de aprender ––––––––––––––––––––––––––––– "A Internet nos ajuda, mas ela sozinha não dá conta da complexidade do aprender hoje, da troca, do estudo em grupo, da leitura, do estudo em campo Claretiano - Centro Universitário 163© U5 - Internet e Softwares: Criando Redes de Conhecimento com experiências reais". A tecnologia é tão-somente um "grande apoio", uma âncora, indispensável à embarcação, mas não é ela que a faz flutuar ou evita o naufrágio. "A Internet traz saídas e levanta problemas, como por exemplo, saber de que maneira gerenciar essa grande quantidade de informação com qualidade" [...]. A questão fundamental prevalece sendo "interação humana", de forma co- laborativa, entre alunos e professores. Continua a caber ao professor dois papéis: "ajudar na aprendizagem de conteúdos e ser um elo para uma com- preensão maior da vida". [...] Os educadores que não quiserem se lançar ao mar, muito apegados à terra firme, poderão ficar a ver navios. Mas não há mais porto seguro: o oceano de informações que a Internet disponibiliza aos alunos obrigará os professores a se atualizar constantemente e a se preparar para lidar com as múltiplas interpretações da realidade. (CASIMIRO in MORAN, 2011). Moran pondera que a inserção da tecnologia por si só não resolve os problemas educacionais, uma vez que urgente e necessário é que haja uma mudança no referencial da educação existente. Veja o que ele diz: O importante é mudar o modelo de educação porque aí, sim, as tecnologias podem servir-nos como apoio para um maior intercâmbio, trocas pessoais, em situações presenciais ou virtuais. Para mim, a tecnologia é um grande apoio de um projeto pedagógico que foca a aprendizagem ligada à vida. [...] A tecnologia entra como um apoio, mas o essencial é estabelecer rela- ções de parceria na aprendizagem. Aprende-se muito mais em uma relação baseada na confiança, em que alunos e professores possam se expressar. Criar e gerenciar esse ambiente é muito mais importante que definir tecno- logias. Embora eu trabalhe com elas, noto que o foco está na interação hu- mana, presencial ou virtual. Preocupa-me muito a dificuldade que temos em estabelecer relações participativas, porque todos nós carregamos estruturas tremendamente autoritárias, sendo submissos ou dominadores, e reproduzi- mos isso na escola. A cultura da imposição, do controle, é talvez a barreira mais difícil de derrubar no processo pedagógico (MORAN, 2011). O autor, em vários artigos e entrevistas, menciona que a apropriação e inserção das novas tecnologias no processo educativo exige que o professor vença as resistências e a dificuldade em trabalhar com esse elemento da contemporanei- dade. Entretanto, Moran também afirma que os alunos costumam se apresentar mais familiarizados com as ferramentas tecnológicas existentes. Veja, em sua fala, as considerações que ele faz sobre o assunto: Ele [o aluno] é privilegiado na relação que tem com a tecnologia. Ele apren- de rapidamente a navegar, sabe trabalhar em grupo e tem certa facilidade de produzir materiais audiovisuais. Por outro lado, o aluno tem dificuldade de mudar aquele papel passivo, de executor de tarefas, de devolvedor de informações. Na prática, acaba assumindo um papel bastante passivo em relação às suas reais potencialidades. O aluno tem capacidade de ir muito além, ele está pronto. Porém, a escola impõe modelos autoritários, voltando ao começo, quando o professor controlava e o aluno executava. E isso não o motiva. Por isso, a mudança mais séria deve vir mesmo dos professores. O novo professor dialoga e aprende com o aluno. Isso pressupõe uma certa humildade que nos custa como adultos a ter. Nós queremos ter a última pa- lavra (MORAN, 2011). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Tecnologia da Informação e da Comunicação164 12. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar seu de- sempenho no estudo desta unidade: 1) Como a internet contribui para a aprendizagem de nossos alunos, no sentido de ajudá-los a construírem o conhecimento? 2) O que o uso do hipertexto traz de inovador para a aprendizagem? 3) Segundo Moran (2010), que expectativas devemos ter com relação às novas tecnologias na educação? 4) Moran (2011) afirma que existe um paradoxo no que se refere ao uso das tecnologias educacionais. Ele afirma que: Há uma quantidade de informação quase inesgotável acessível pela Internet. Por outro lado, quando se é confrontado com esse volume de informação, há a tendência de dedicar menos tempo à análise pela compulsão de navegar e descobrir novas páginas. 5) Segundo o autor, como essa situação pode ser resolvida? 6) De que forma utilizar os ambientes virtuais integrados ao processo pedagó- gico? 13. CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos, enfim, ao final da nossa obra! Neste estudo, foi importante você ter aprendido que a inserção das inovações tec- nológicas só tem sentido na escola se resultar em melhoria da qua- lidade do ensino. A simples presença de TICs na escola não é por si só garantia de sucesso na aprendizagem dos alunos, pois a apa- rente modernidade pode mascarar um ensino tradicional baseado na recepção e na memorização de informações. É importante refletir sobre o fato de que haver em sala de aula o aparato tecnológico não garante mudanças na forma de ensinar e aprender. A tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente de aprendizagem, propiciando a construção de conheci- mentos por meio de uma atuação crítica, ativa e criativa por parte de alunos e professores. Claretiano - Centro Universitário 165© U5 - Internet e Softwares: Criando Redes de Conhecimento Dessa forma, se compreendemos a escola como um local de socialização do saber, de construção do conhecimento, de troca de experiências, de discussão e de elaboração de uma nova socieda- de, é fundamental que façamos uma discussão em conjunto com a comunidade escolar sobre as possibilidades de utilização dos re- cursos tecnológicos na escola. Isso certamente irá transformar o ambiente escolar em um espaço mais rico de oportunidades,com vistas à efetivação de uma inclusão cidadã. Não se esqueça, futuro educador, de que a maioria das experiên- cias com o uso de tecnologias informacionais na escola está apoiada em uma concepção tradicional de ensino e aprendizagem. Esse fato deve alertar para a importância da reflexão sobre qual é a educação que queremos oferecer aos nossos alunos, para que a incorporação da tecnologia não seja apenas o antigo travestido de moderno. Vimos, também, que a educação não pode ficar alienada em relação ao momento que estamos vivendo, uma vez que mudar é a palavra de ordem na sociedade atual. Nesse sentido, a inserção de TICs na escola deve mudar a forma como aprendemos, pois a função social deverá ser a de for- mar cidadãos criativos, críticos e preparados para a sociedade do conhecimento e da informação. Por fim, desejamos que as TICs possam contribuir para a construção de um projeto de inovação curricular e tecnológica, objetivando a construção de uma sociedade melhor para todos. 14. E-REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. E. B. de. Prática e formação de professores na integração de mídias. Disponível em: <http://www.eadconsultoria.com.br/matapoio/biblioteca/textos_pdf/ texto19.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2011a. ______. 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