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Sabrina Angheben │Pediatria Bronquiolite DEFINIÇÃO E INCIDÊNCIA - É uma doença infecciosa de etiologia viral. - Bactéria não causa bronquiolite, apenas infecções secundárias. - Resulta na obstrução inflamatória das pequenas vias aéreas inferiores (bronquíolos). - É responsável por internações prolongadas e reinternações frequentes, com uso elevado de antibióticos. - Mais comum em lactentes (menores de 24 meses), especialmente menores de 6 meses. - É a causa mais frequente de internação em lactentes. - É mais grave entre o primeiro e terceiro mês de vida. - Mais comum durante o inverno. LACTENTES Apresentam condição anatomofisiológica das vias aéreas que os tornam mais vulneráveis à obstrução bronquiolar. - Resistência do ar: - A resistência do fluxo de ar é inversamente proporcional à quarta potência do raio. - Portanto, qualquer inflamação da mucosa e acúmulo de secreção leva ao grande aumento da resistência e, portanto, maior dificuldade para passagem de ar. - Complacência da parede torácica: - O lactente possui parede torácica muito complacente. - Durante a inspiração, a pressão negativa exercida pode produzir colabamento das vias aéreas e consequente atelectasia. - Sistema imunológico: - Número elevado de células imunes, principalmente mastócitos e eosinófilos. - Leva ao aumento da produção de citocinas em caso de infecção (histamina, leucotrienos e interleucinas). - Ocorre mais broncoespasmo em casos infecciosos. AGENTES ETIOLÓGICOS E TRANSMISSÃO - É predominantemente viral. - 50% dos casos → Sincicial respiratório. - Outros agents: parainfluenza 1 e 3, influenza, rinovírus, adenovírus 7 e 21 e Mycoplasma pneumoniae - Contaminação é comumente por outros moradores ou na creche. - Transmissão: - A inoculação viral ocorre pela mucosa nasal. - Contato direto com as secreções nasofaríngeas de infectados. - Em menor proporção, disseminação aérea. - A secreção nasal pode manter-se infectante por mais de 6h. Em superfícies até 1h. - Período de incubação de 3-5 dias, iniciando com sintomas de VAS. - Acomete VAI por aspiração das secreções nasofaríngeas. FISIOPATOLOGIA - Nem toda criança infectada irá desenvolver a doença. - A gravidade varia conforme fatores do hospedeiro, como alterações anatômicas e imunológicas. ● Bronquiolite aguda: - Caracterizada por obstrução inflamatória dos bronquíolos (edema, muco, acúmulo de fibrina e debris celulares). - O espessamento, mesmo que leve, aumenta a resistência e, portanto, a sibilância e hiperinsuflação. - Alteração da relação ventilação/perfusão. - Causa hipoxemia, retenção de CO2 e acidose respiratória. - Pode evoluir para pneumonia, em casos graves. - Pode causar atelectasias de absorção aérea. Vírus adentra pelo epitélio na mucosa nasal → Se replica no epitélio da nasofaringe → Ocorre descamação, liberando células contaminadas para VAI por aspiração Vírus acomete bronquíolos → Ativação de resposta imunológica, causando inflamação local → Obstrução por edema, produção de muco local, deposição de fibrina e restos celulares → Aumento da resistência → Sibilância e hiperinsuflação → Hipoxemia e retenção CO2 MANIFESTAÇÕES ● Pródromo: - Período de replicação na VAS. - Sintomas VAS, como espirro, obstrução nasal e rinorréia. - Febre pode estar presente (38,5-39ºC) ou não. ● Evolução: - Tosse - Sibilância - Dispnéia - Irritabilidade - Esforço respiratório: - Taquipnéia - Gemência - Batimento asa nasal - Retrações intercostais - Não costuma cursar com diarreia e vômito. - Pode ocorrer apnéia ou sibilância. ● Exame físico: - Sibilos→ inspiratórios ou bifásicos. - Prolongamento do tempo expiratório. - Sinais de estresse respiratório → taquipnéia e dispnéia (batimento das asas nasais, retrações intercostais e subcostais). ● Exames complementares: - Oximetria de pulso: pode indicar hipoxemia. - RX tórax: hiperinsuflação (aumento do diâmetro ântero-posterior, retificação dos arcos costais e aumento da transparência). - Infiltrados de reticulonodulares e atelectasia são comuns. - Leucograma comumente sem alterações. - A gasometria arterial é útil na avaliação de hipoxemia e hipercapnia. - Os testes para vírus (ex: imunofluorescência direta, PCR e cultura) a partir das secreções respiratórias podem ser usados nos casos em que o diagnóstico é duvidoso ou para propósitos epidemiológicos. ● Fatores de risco para evolução grave: - Prematuros, especialmente menores de 32 semanas. - Bronco displásicos. - Cardiopatas. - Lactentes <3 meses. - Saturação <95% em repouso. - FR >70 ipm ● O diagnóstico é clínico. ● Complicações: - Atelectasia - OMA (mais comum) - Pneumonia em casos graves TRATAMENTO É de suporte, voltado para as manifestações clínicas do paciente. - Controle da temperatura - Aporte hídrico e nutricional - Limpeza das VAS com salina fisiológica - Internação em casos graves ou com fatores de risco para gravidade. ● Oxigenoterapia: - Em caso de hipoxemia → umidificado. - Manter saturação acima de 92-85%. ● Aporte nutricional: - VO deve ser cautelosa e contraindicada em caso de taquipneia. - Poderá ser por sonda orogástrica ou enteral, bem como parenteral. ● Broncodilatadores: - O uso é controverso. - A nebulização com adrenalina poderá ser mais indicada. - Realizar teste terapêutico e avaliar resposta. ● Corticóides: - Crianças previamente hígidas em primeiro quadro de bronquiolite não deverão receber corticóides. - Indicações: corticóide inalatório - Episódios recorrentes de sibilância. - Quadro moderado a grave de broncoespasmo. - História importante de atopia (alergia alimentar e eczema). ● Ribavirina: - É um antiviral de alto custo. - Indicações: - Cardiopatias congênitas, displasia broncopulmonar, fibrose cística ou doenças pulmonares crônicas. - Prematuros. - Doentes graves. - Ventilação mecânica. - Menores de 6 semanas. ● Antibióticos: - Eles somente devem ser prescritos se houver pneumonia bacteriana secundária.
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