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S�-1 SI���� DI����N�I��� E DE AT��ÇÃO IVAS As infecções das vias aéreas superiores (IVAS) são um dos problemas mais comuns encontrados em serviços de atendimento médico pediátricos, resultando em morbidade significativa em todo o mundo. As IVAS são a causa mais comum de crianças atendidas por infecção respiratória aguda. Rinofaringite aguda Este termo abrange quadros como o do resfriado comum e ainda outros englobados sob a denominação de rinite viral aguda . É a doença infecciosa de vias aéreas superiores mais comum da infância. Crianças menores de cinco anos podem ter de cinco a oito episódios por ano. Esta situação é causada quase que exclusivamente por vírus. Entre as centenas deles, os mais frequentes são rinovírus, coronavírus, vírus sincicial respiratório (VSR), parainfluenza, influenza, coxsackie, adenovírus e outros mais raros. Pelo processo inflamatório da mucosa nasal, pode ocorrer obstrução dos óstios dos seios paranasais e tubária, permitindo, por vezes, a instalação de infecção bacteriana secundária (sinusite e otite média aguda). Alguns agentes etiológicos, como o VSR e o adenovírus, podem estar associados à evolução para infecção de vias aéreas inferiores. A gripe, causada pelo vírus da influenza, costuma ser classificada separadamente do resfriado comum, caracterizando-se por um quadro de IVAS com maior repercussão clínica. Pode apresentar-se, na criança maior, com febre alta, prostração, mialgia e calafrios. Os sintomas de coriza, tosse e faringite podem ficar em segundo plano frente às manifestações sistêmicas mais intensas. Febre, diarréia, vômitos e dor abdominal são comuns em crianças mais jovens. Tosse e fadiga podem durar várias semanas. Transmissão: através de gotículas produzidas pela tosse e espirros (como um aerossol), ou pelo contato de mãos contaminadas com a via aérea de indivíduos sadios. Contágio: é significativo em comunidades fechadas e semifechadas, como domicílio, creches (importante na morbidade de lactentes), escolas e outras coletividades. Período de incubação: dois a cinco dias. Período de contágio: desde algumas horas antes, até dois dias após o início dos sintomas. Sinais e sintomas A rinofaringite pode iniciar com dor de garganta, coriza, obstrução nasal, espirros, tosse seca e febre de intensidade variável, podendo ser mais alta em menores de cinco anos. Alguns pacientes com essa infecção têm o seu curso sem a presença de febre. Determinados tipos de vírus podem também causar diarréia. Durante a evolução, pode surgir: - em lactentes: inquietação, choro fácil, recusa alimentar, vômitos, alteração do sono e dificuldade respiratória por obstrução nasal em lactentes mais jovens; - em crianças maiores: cefaléia, mialgias, calafrios. Ao exame físico, percebe-se congestão da mucosa nasal e faríngea e hiperemia das membranas timpânicas. Este último achado, isoladamente, não é elemento diagnóstico de otite média aguda, principalmente se a criança está chorando durante a otoscopia. Alterações inespecíficas leves da membrana timpânica podem estar somente associadas a infecções de etiologia viral, considerando que esses agentes podem estar associados a infecções de ouvido médio. Complicações Algumas complicações bacterianas podem ocorrer durante infecções respiratórias virais. Sugerem a ocorrência de alguma delas: persistência de febre além de 72 horas, recorrência de hipertermia após este período, ou prostração mais acentuada. Além disto, o surgimento de dificuldade respiratória (taquipnéia, retrações ou gemência) indicam a possibilidade de bronquiolite aguda, pneumonia ou laringite. As complicações bacterianas mais frequentes são otite média aguda e sinusite. Além disso, episódios de infecções virais são um dos fatores desencadeantes mais importantes de asma aguda na criança, principalmente pelos vírus sincicial respiratório e rinovírus. Diagnóstico O diagnóstico de rinofaringite é essencialmente clínico. O diagnóstico diferencial deve ser feito com manifestações iniciais de várias doenças: sarampo, coqueluche, infecção meningocócica ou gonocócica, faringite estreptocócica, hepatite A e mononucleose infecciosa. O surgimento de um quadro de IVAS de repetição, com sintomas quase que permanentes nos períodos de inverno e primavera, deve fazer o médico suspeitar da existência de rinite alérgica. Exames complementares A identificação de vírus é desnecessária. Em algumas situações de importância epidêmica, pode ser conveniente a pesquisa de vírus respiratórios para melhor controle, ou prevenção, por parte da autoridade sanitária. Tratamento geral - Repouso no período febril. - Hidratação e dieta conforme aceitação. - Higiene e desobstrução nasal: instilação de solução salina isotônica nas narinas, seguida algum tempo depois de aspiração delicada das fossas nasais com aspiradores manuais apropriados. O lactente menor de seis meses de idade pode apresentar muito desconforto com a obstrução nasal causada pela rinofaringite viral. Portanto, este cuidado é especialmente importante nesses lactentes, antes das mamadas e durante o sono. - Umidificação do ambiente: efeitos benéficos não comprovados. - Antitérmico e analgésico: acetaminofeno ou ibuprofeno. - Descongestionante nasal tópico: quando as medidas higiênicas das narinas não forem efetivas, descongestionantes tópicos podem ser usados com moderação em crianças maiores, em um período máximo de cinco dias de uso (risco de rinite medicamentosa). Não existe nenhuma evidência científica de que essa medicação possa ser utilizada com segurança em crianças menores ou que previna otite média aguda. - Antitussígenos e anti-histamínicos via oral: uso desaconselhável devido à ineficácia e presença de efeitos adversos. A associação de anti-histamínicos com descongestionantes sistêmicos não é eficaz em crianças menores. - Antimicrobianos: não são indicados por não prevenir infecções bacterianas secundárias nas infecções virais e poderem causar efeitos adversos, incluindo o aumento de cepas bacterianas resistentes na orofaringe. Tratamento específico Para a maioria dos vírus, não existe nenhum tratamento específico. Entretanto, no caso da gripe causada pelo vírus da influenza, já existem algumas medicações disponíveis. A utilização de amantadina ou rimantadina pode prevenir aproximadamente 70-80% das doenças causadas por influenza A. Ambas medicações reduzem a gravidade e encurtam a duração da doença em pessoas saudáveis, quando iniciadas nas primeiras 48 horas do início dos sintomas. A amantadina é liberada para o uso em crianças maiores de um ano, mas a rimantadina somente para maiores de 13 anos . Não é conhecida a eficácia dessas medicações na prevenção de complicações graves em pacientes de alto risco. Desvantagens do uso de amantadina ou rimantadina incluem ineficácia em relação à infecção por influenza B, desenvolvimento de resistência viral durante tratamento e efeitos adversos no sistema nervoso central (agitação, dificuldade de concentração e, raramente, tremores ou convulsões). Contudo, estas duas drogas são significativamente de menor custo do que os novos inibidores da neuraminidase (Oseltamivir e Zanamivir), quejá são liberados para uso em crianças a partir de um ano e sete anos, respectivamente . Assim, por ser necessária a identificação do agente etiológico (influenza A), ter de iniciar o tratamento até 48 h do início dos sintomas, restrição da idade e efeitos colaterais com algumas medicações, na prática, sua indicação ainda fica restrita aos grupos de risco, que são os mesmos para os quais a vacina está indicada. Prognóstico Doença autolimitada (5-7 dias), apresenta bom prognóstico em crianças previamente hígidas. Lactentes, desnutrição ou estado de imunodepressão são fatores de risco para complicações. Medidas preventivas - Lavagem das mãos e cuidados com secreções e fômites provenientes do paciente. - Prevenção primária: evitar contato de pacientes mais vulneráveis (menores de 3 meses, imunodeprimidos) com pessoas infectantes por esses vírus, especialmente em escolas e creches. - Não existe nenhum estudo demonstrando o benefício do uso de vitamina C no tratamento de IVAS na infância em relação à redução da frequência ou gravidade das rinofaringites. - Vacina para vírus da influenza: não existe uma indicação formal em crianças hígidas, apesar de que parece reduzir a incidência de otite média aguda. Mesmo assim, o impacto epidemiológico talvez ainda possa ser pequeno neste sentido, já que a maioria dos casos de IVAS não são causados por influenza. Portanto, nesses casos, a indicação é individual. Entretanto, sua indicação é obrigatória em pacientes com asma, doenças cardiopulmonares crônicas, hemoglobinopatias, doenças renais ou metabólicas crônicas, doenças que necessitam de uso contínuo de aspirina ou imunodeficiências. - Em casos de crianças com IVAS recorrentes que frequentam creche, resultando em grande morbidade nos períodos de inverno e primavera, deve ser sempre pesado o risco de permanência com o benefício de retirada da criança da creche. Sinusite aguda Pode ser definida como infecção bacteriana dos seios paranasais, com duração menor de 30 dias, no qual os sintomas desaparecem completamente. Os seios paranasais são constituídos por cavidades pertencentes a quatro estruturas ósseas: maxilar, etmoidal, frontal e esfenoidal. Estas cavidades comunicam-se com as fossas nasais através de pequenos orifícios (óstios). Os seios maxilares e etmoidais já estão presentes no recém-nascido, mas são de tamanho muito reduzido durante os primeiros dois anos de vida, o que torna discutível a indicação de estudo radiológico antes desta idade. Os seios frontais e esfenoidais desenvolvem-se após os quatro anos de idade, atingindo seu tamanho adulto somente na puberdade. Os seios mais frequentemente comprometidos são o maxilar e etmoidal. A etmoidite costuma aparecer após os seis meses de idade. A infecção maxilar produz manifestações clínicas após o primeiro ano de vida. A sinusite frontal é rara antes dos 10 anos de idade . Os agentes bacterianos mais comuns são o Streptococcus pneumoniae , o Haemophilus influenzae não-tipável e a Moraxella catarrhalis . Agentes infecciosos virais podem estar associados a quadros de sinusite. Sua relação como causa isolada em alguns casos, ou mesmo como fator predisponente, ainda não é clara. Alguns outros fatores estão associados à sinusite, como: outro tipo de obstrução do óstio sinusal (não viral), rinite alérgica, rinofaringite viral, adenoidite, tabagismo (ativo ou passivo), desvio de septo, corpo estranho e tumores nasais, imunodeficiências, asma e fibrose cística, atividades de mergulho. Sinais e sintomas O início pode ser lento ou súbito. Nas formas leves de sinusite, as manifestações iniciais de IVAS passam a se prolongar por mais de 10 dias ou, após período de melhora clínica, há persistência ou retorno dos sintomas nasais (obstrução e secreção nasal purulenta). Esse quadro pode ser acompanhado de halitose. Costuma haver tosse diurna, com piora à noite. Em alguns casos, pode ocorrer febre. Nas formas moderadas a graves, ou em crianças maiores, as manifestações citadas podem ser mais intensas, acompanhando-se, eventualmente, de edema palpebral, cefaléia, prostração, desconforto ou dor, espontâneos ou provocados, no local do(s) seio(s) afetado(s) ou nos dentes. A celulite periorbitária é um sinal de etmoidite. Ao exame do nariz, pode constatar-se congestão da mucosa e presença de secreção purulenta no meato médio. Na orofaringe pode se observar gota purulenta pós-nasal. Complicações Dentre as possíveis complicações, podem ser citadas as seguintes: sinusite crônica, osteíte frontal, osteomielite maxilar, celulite periorbitária, abscesso orbitário e subperiosteal, meningite, trombose de seio cavernoso e sagital superior, abscesso epidural, empiema subdural e abscesso cerebral. Diagnóstico O diagnóstico de sinusite aguda é clínico. A história clínica, associada aos achados de exame físico anteriormente mencionados, permite a realização do diagnóstico de sinusite na criança. O estudo radiológico de seios da face é raramente necessário. O diagnóstico diferencial deve ser realizado com prolongamento da infecção viral não complicada, rinite alérgica, corpo estranho nasal e adenoidite. A avaliação otorrinolaringológica deve ser solicitada em casos de: - sinusites recorrentes (sinusites bacterianas agudas, separadas por períodos assintomáticos maiores de 10 dias); - sinusite crônica (episódios de inflamação dos seios paranasais com duração maior de 90 dias); - sinusite aguda com dor persistente ou outras complicações locais. Exames complementares - Hemograma: apresenta alterações compatíveis com infecção bacteriana aguda. - Cultura de secreção nasal: parece não contribuir para a identificação do agente intra-sinusal, por falta de correlação dos achados das duas localizações. - Radiografia: não deve ser utilizada para o diagnóstico de sinusite aguda não complicada. Os achados mais comuns para este diagnóstico são presença de nível hidroaéreo, opacificação completa da cavidade sinusal e espessamento da mucosa da parede lateral do seio maxilar maior do que 4 mm. - Tomografia computadorizada: útil na refratariedade ao tratamento adequado, ou na suspeita de complicações ósseas, orbitárias ou intracranianas. - Punção aspirativa: indicada em crianças com imunodeficiência ou casos graves refratários ao uso de antimicrobianos apropriados. - Endoscopia nasal: na suspeita de fatores anatômicos nasais predisponentes. Tratamento geral - Repouso inicial. - Umidificação do ar em lugares muito secos. - Analgésico e antitérmico: acetaminofeno ou ibuprofeno. - Descongestionantes tópicos ou sistêmicos: não existem evidências científicas do seu benefício nesta doença. Tratamento específico - Antimicrobianos: vários antibióticos de amplo espectro podem ser utilizados no tratamento da sinusite aguda. As alternativas mais freqüentemente recomendadas são: Amoxicilina : é ainda a droga de primeira escolha. Dose: 60-80mg/kg/dia, VO, 8/8h, por 14-21 dias. Cefuroxima ou amoxicilina associada ao ácido clavulânico : em casos de suspeita de agentes produtores de beta-lactamase (dado epidemiológico ou ausência de resposta ao tratamento com antimicrobianos de primeira escolha). Claritromicina e azitromicina são outras alternativas de tratamento.Está indicada a substituição do antimicrobiano inicial, se não houver atenuação das manifestações em 72 horas. Casos graves devem ser hospitalizados e tratados com antibióticos intravenosos. Alguns autores têm demonstrado que o curso de uma sinusite aguda não complicada pode não ser modificado com o uso de antimicrobiano, havendo uma elevada tendência à cura espontânea. Novos estudos são necessários para avaliar melhor o papel do uso de antimicrobianos na sinusite aguda não complicada, antes de adotar-se uma conduta de suspensão da indicação de antibacterianos nesta doença. - Corticóide: alguns estudos demonstraram que o uso de corticóide tópico nasal, associado ao antimicrobiano, pode ser benéfico na melhora dos sintomas de sinusite aguda em crianças e adolescentes. O uso de corticóide sistêmico pode estar indicado em casos de pacientes com sinusite aguda, associados à história prévia e sintomas agudos sugestivos de rinite alérgica ou asma. - Tratamento cirúrgico: a critério do especialista, para drenagem do seio afetado por aparecimento de alguma complicação. Prognóstico Em crianças normais, o prognóstico é bom, quando o tratamento utilizado foi adequado. Crianças com rinite alérgica, ou outros fatores de risco têm maior propensão a episódios recorrentes ou crônicos de sinusite. Informações e instruções para familiares - Observar, durante a evolução, surgimento de aumento ou persistência de dor local ou de febre, edema e hiperemia na área afetada ou região periorbitária. Nesses casos, fazer contato ou consultar o pediatra. - Retornar para revisão de rotina em duas semanas. - Evitar contato com fumaça de cigarro no ambiente. - Evitar natação com mergulho até a cura completa do processo. Medidas preventivas - Tratar rinite alérgica, quando presente (profilaxia). - Evitar mergulhos durante IVAS. - Evitar tabagismo (ativo e passivo). - Correção cirúrgica de fatores predisponentes. Faringoamigdalite aguda estreptocócica A faringoamigdalite aguda estreptocócica (FAE) é uma infecção aguda da orofaringe, na maioria das vezes, produzida por um estreptococo beta-hemolítico, o Streptococcus pyogenes do grupo A. Acompanha-se, em geral, de manifestações sistêmicas. Acomete com maior frequência crianças após os cinco anos de vida, mas pode ocorrer, não raramente, em menores de três anos. Essa estreptococcia é mais comum no final do outono, inverno e primavera, nos climas temperados. O período de incubação é de dois a cinco dias. O meio mais comum de contágio é pelo contato direto com o doente, por secreções respiratórias. Fora de períodos epidêmicos, a FAE é responsável por aproximadamente 15% dos casos de faringite aguda. A importância desta doença está no fato de que, além das complicações supurativas provocadas diretamente pela infecção, ela pode desencadear reações não supurativas tardias, como febre reumática (FR) e glomerulonefrite difusa aguda (GNDA), conforme o tipo de cepa. A FR pode ser, em larga extensão, evitada com o uso apropriado de antimicrobianos (AM). Entretanto, o tratamento antimicrobiano precoce de FAE parece não reduzir significativamente o risco de desenvolvimento de GNDA. O estado de portador, em geral, não apresenta consequências significativas para o próprio portador. Nestes casos, a contagiosidade não costuma ser elevada, e é frequentemente uma situação autolimitada, que pode persistir por muitos meses. Sinais e sintomas O início é mais ou menos súbito, com febre alta, dor de garganta, prostração, cefaléia, calafrios, vômitos e dor abdominal. Na inspeção da orofaringe, há congestão intensa e aumento de amígdalas, com presença de exsudato purulento e petéquias no palato. Ainda pode estar presente adenite cervical bilateral. A presença de exantema áspero, macular e puntiforme, com sensação de "pele de galinha", flexuras avermelhadas (sinal de Pastia) e palidez perioral (sinal de Filatov) são características da escarlatina. Diagnóstico Aumento significativo das amígdalas, linfonodomegalia cervical dolorosa, erupção escarlatiniforme e ausência de coriza. Presença de exsudato amigdaliano e história de exposição à infecção estreptocócica da garganta nas duas semanas antecedentes. O diagnóstico de certeza de FAE é realizado somente através do exame laboratorial de esfregaço da orofaringe. Durante o exame físico, ao encontrar congestão faríngea, aumento significativo do volume amigdaliano (com ou sem exsudato), linfonodomegalia cervical dolorosa e ausência de coriza está autorizado a realizar o diagnóstico presuntivo de FAE e a dar prosseguimento à conduta adequada. O diagnóstico diferencial deve ser feito com: - faringites virais: coriza, tosse, rouquidão e vesículas ou ulcerações na orofaringe; - faringite por micoplasma e clamídia: mais comum em adolescentes; - mononucleose, citomegalovirose, toxoplasmose (com suas manifestações próprias, incluindo comprometimento de órgãos e estruturas a distância); - faringite meningocócica ou gonocócica (história e dado epidemiológico); - difteria: placas branco-acinzentadas aderentes na orofaringe, invasão eventual da úvula, comprometimento laríngeo; - faringites por outros estreptococos, hemófilos ou moraxella: raras; - outras afecções: tumor de orofaringe e angina da agranulocitose. Complicações - Abscesso de linfonodo cervical: eritema, edema e flutuação. - Abscesso periamigdaliano: dor e dificuldade para engolir mais intensas, voz abafada ou anasalada, proeminência da amígdala e do pilar anterior da faringe, deslocamento da úvula para o lado não afetado. - Sepse: toxemia e choque. - Choque tóxico: toxemia, hipotensão, erupção cutânea maculopapular. - Otite média aguda. - Artrite reacional (não supurativa): durante período agudo da faringite, surge quadro poliarticular que não preenche os critérios de Jones para FR aguda. A importância maior desta situação é a de que alguns desses pacientes venham a apresentar tardiamente cardite silenciosa ou manifesta, com todas as consequências deste comprometimento. - Febre reumática. - Glomerulonefrite estreptocócica. Exames complementares Teste rápido de identificação direta de material da garganta: há uma tendência atual a ser o método preferido no lugar do exame cultural (padrão-ouro), quando são usados reagentes de alta sensibilidade. Quando disponível, deve ser utilizado para a confirmação do diagnóstico. Não é necessário realizar cultura para os testes de alta sensibilidade de resultado negativo. O alto custo deste teste ainda dificulta a sua indicação de rotina na prática médica em nosso país. Nos testes de sensibilidade mais limitada, um resultado negativo demanda a realização do exame cultural. Outros testes específicos para diagnóstico diferencial, como mononucleose, mycoplasma, gonococo, entre outros. Tratamento geral - Repouso no período febril. - Estimular ingestão de líquidos não ácidos e não gaseificados e de alimentos pastosos, de preferência frios ou gelados. - Analgésico e antitérmico: acetaminofeno ou ibuprofeno. - Irrigação da faringe com solução salina isotônica morna. Tratamento específico Antimicrobianos: encurtam a fase aguda e reduzem complicações. Os antibióticos de primeira escolha são a penicilina G ou a amoxicilina. - Fenoximetilpenicilina(Penicilina V Oral) Doses: < 27 kg: 400.000 U (250 mg), 8/8 horas, por 10 dias. > 27 kg: 800.000 U (500 mg), 8/8 horas, por 10 dias. - Penicilina G benzatina: garante o tratamento em casos de suspeita de má adesão ao tratamento. Doses: < 27kg: 600.000 U, IM, dose única. > 27kg: 1.200.000 U, IM, dose única. A injeção torna-se menos dolorosa se o frasco for previamente aquecido à temperatura corporal. Observação: a penicilina G benzatina deve ser considerada como primeira escolha no tratamento da FAE, em casos de potencial não adesão ao tratamento. - Amoxicilina: 40-50 mg/kg/dia, VO, 8/8 horas ou 12/12 horas, por 10 dias. - Eritromicina estolato (alérgicos a penicilina): 20-40mg/kg/dia, em 2-3 tomadas por dia, por 10 dias. - Cefalexina: dose: 30mg/kg/dia, 8/8h, por 10 dias. Observação: tetraciclinas e sulfonamidas não devem ser utilizadas no tratamento de FAE. Drenagem cirúrgica ou punção aspirativa: podem estar indicadas nos casos de abscedação com flutuação de linfonodo cervical. Manejo da artrite reacional: acompanhamento cardiológico a longo prazo, com vistas à possibilidade do surgimento de cardite. Prognóstico Casos de FAE adequadamente tratados têm bom prognóstico, com encurtamento da fase aguda e redução das complicações supurativas e não supurativas, como FR. Informações e instruções para familiares Observar durante evolução e contatar seu médico no caso de: - aumento da dificuldade para engolir; - presença de voz abafada ou nasalada; - falta de ar; - manchas avermelhadas na pele; - agravamento de outras condições locais ou gerais; - surgimento de retorno da febre, dores articulares, urina de cor escura, oligúria, ou edema palpebral, durante evolução ou após a primeira semana de doença. Cuidados com contágio de familiares e outros contatos: - suspender o comparecimento à creche, escola ou festas por, pelo menos, 24 horas de uso de AM; - procurar atendimento médico em casos de outros familiares com dor de garganta ou febre, na mesma ocasião. Medidas preventivas Primárias Para faringite aguda: - evitar contato com doentes com FAE até 24 horas de uso de AM adequado por parte destes; - suspender o comparecimento à creche, escola ou festas por, pelo menos, 24 horas de uso de AM. Para febre reumática: - tratamento da FAE com AM adequado, até o nono dia da evolução da doença, é ainda efetivo; - tentar erradicar o estreptococo da orofaringe do paciente quando este ou algum familiar tenham história prévia de FR. Para GNDA: - o risco de GNDA não é reduzido com o uso de AM na fase aguda de FAE. Secundárias Contato de pessoas com paciente com FAE, que passam a apresentar dor de garganta e febre: - proceder à pesquisa de estreptococo na orofaringe, tratando a seguir aqueles com resultado positivo. Recorrência da FAE: - documentar, por laboratório, a presença de estreptococo beta-hemolítico na orofaringe do paciente; - evitar, sempre que possível, que o paciente com recorrências de FAE, quando assintomático, entre em contato com outros pacientes com faringite aguda; - usar cefalosporinas, clindamicina, ou amoxicilina com ácido clavulânico por 10 dias, na suspeita de recorrências, pela presença de germes produtores de beta-lactamase na orofaringe; - tentar erradicar o estreptococo da orofaringe dos familiares portadores da criança com FAE recorrente. - amigdalectomia: FAE recorrente grave (mais de cinco episódios de FAE por ano) não é indicação formal de amigdalectomia. Entretanto, deve ser considerada em casos de falha da terapia antimicrobiana, na prevenção das freqüentes recorrências, ou cronificação do processo, ambas com prejuízo da saúde básica dessas crianças. Laringite viral aguda Também denominada de crupe viral , está laringite é uma inflamação da porção subglótica da laringe, que ocorre durante uma infecção por vírus respiratórios. A congestão e edema dessa região acarretam um grau variável de obstrução da via aérea. Acomete com maior freqüência lactentes e pré-escolares, com um pico de incidência aos dois anos de idade. A evolução pode ser um pouco lenta, com início do quadro com coriza, febrícula e tosse. Em 24-48 horas acentua-se o comprometimento da região infraglótica, com obstrução de grau leve a grave e proporcional dificuldade respiratória. A evolução natural, na maioria dos casos, é a persistência do quadro obstrutivo da via aérea por 2-3 dias e regressão no final de cinco dias. O vírus parainfuenza I e II e o vírus sincicial respiratório são os agentes causais mais comuns. Adenovírus, influenza A e B e vírus do sarampo também podem estar envolvidos. O micoplasma, com menor freqüência, pode estar envolvido em casos agudos de obstrução de vias aéreas superiores. Sinais e sintomas - Pródromos: coriza, obstrução nasal, tosse seca e febre baixa. - Evolução: tosse rouca, disfonia, afonia ou choro rouco e estridor inspiratório. Em casos de obstrução mais grave, surge estridor mais intenso, tiragem supraesternal, batimentos de asa do nariz, estridor expiratório e agitação. Nos casos extremos, além de intensa dispnéia e agitação, surgem palidez, cianose, torpor, convulsões, apnéia e morte. Diagnóstico diferencial Deve ser feito com: - laringite espasmódica (estridulosa): bastante comum. Em geral, não há pródromos de infecção viral, nem febre. Surgimento de dificuldade respiratória, de início mais ou menos súbito, ao final da tarde ou à noite e após deitar. Os sintomas costumam regredir espontaneamente, auxiliados pela melhora com umidificação do ambiente, ou com a saída para a rua, em busca de atendimento médico. Antecedentes atópicos pessoais ou familiares ou associação com refluxo gastroesofágico podem ocorrer; - epiglotite aguda: febre alta, dor ou dificuldade para deglutir até a própria saliva (sialorréia), ausência de rouquidão, prostração e toxemia; - malformação congênita de via aérea: as mais freqüentes são laringomalácia, traqueomalácia e estenose subglótica. Episódios recorrentes de laringites, laringite com duração superior a cinco dias no primeiro ano de vida, ou laringite aguda em lactentes jovens sugerem a presença associada de malformações congênitas da via aérea; - corpo estranho: história de episódio inicial de sufocação, engasgo, crise de tosse ou cianose. Relato freqüente de sintomas com início súbito; - laringotraqueíte bacteriana: muitas vezes secundária a IVAS viral. Há febre alta, toxemia, refratariedade ao tratamento de suporte; - laringite diftérica: ausência ou vacinação incompleta para difteria. Presença de placas na orofaringe e toxemia; - laringoedema alérgico: história de uso de medicação sistêmica ou contato com substâncias, inclusive inalatórias, resultando em reação anafilática; - abscesso retrofaríngeo: febre com exame clínico da orofaringe característico. Exames complementares Imagem - Radiografia de região cervical: na laringite viral, a epiglote é normal e há diminuição da luz do segmento subglótico (sinal da ponta do lápis). Corpo estranho só é percebido se for radiopaco. - Broncoscopia flexível: não é indicada em casos de laringite viral. Nos casos com suspeita de malformações congênitas da via aérea (ver item diagnóstico diferencial ), sua realização é mandatória. Consultorias Em casos graves ou recorrentes, pode ser necessária a avaliação por um otorrinolaringologistaou um pneumologista pediátrico. Tratamento geral Casos leves : tratamento domiciliar ou ambulatorial. - Alimentação leve, com pequenas porções e frequentemente. - Hidratação. - Umidificação do ambiente (vapor d'água): medida controversa por falta de evidências científicas (estudos sem grupo controle e difícil método de aferição). - Manter ambiente calmo em casa. Casos moderados a graves (1% a 5% dos casos necessitam de atendimento de emergência): encaminhar para unidade de emergência pediátrica hospitalar. Sintomas e sinais de gravidade que indicam encaminhamento imediato para uma unidade de emergência e muito provável hospitalização são os seguintes: suspeita de epiglotite, estridor progressivo, estridor importante em repouso, retrações torácicas, agitação, febre alta, toxemia, palidez, cianose ou torpor. Estes dois últimos são sinais tardios de insuficiência respiratória. A idade entre 12 a 24 meses de vida está associada a uma maior taxa de casos graves. - Corticóide inalatório: budesonida pode ser uma alternativa à dexametasona. Sua indicação, no início do quadro de laringite, para prevenção de formas graves, ainda não está definida. Prognóstico Baixo risco de mortalidade, se corretamente manejado. Crupe viral causada pelo vírus influenza parece estar associada com um curso mais grave. Informações e instruções para os familiares Observar, durante a evolução, piora do estridor, das retrações torácicas, agitação ou prostração, febre alta ou recusa de líquido. Nestes casos, comunicar-se com o pediatra ou dirigir-se com a criança a uma unidade de emergência pediátrica. Medidas preventivas Evitar o contato, sempre que possível, de menores de dois anos com pessoas com IVAS. RESFRIADO COMUM O resfriado e a gripe são doenças virais agudas do trato respiratório superior altamente transmissíveis, muitas vezes de difícil distinção entre si. O resfriado raramente é acompanhado de complicações sistêmicas e tem evolução autolimitada. A gripe, ao contrário, costuma ser acompanhada de complicações sistêmicas, podendo evoluir de maneira autolimitada, porém com significativa chance de apresentar agravos clínicos importantes em idosos e em portadores de doenças associadas. Dado o seu potencial pandêmico, a gripe pode ainda ser classificada nas variantes sazonal, forma clínica que ocorre anualmente, e pandêmica, forma clínica verificada em periodicidade de anos não previsíveis. O resfriado comum é uma enfermidade benigna autolimitada, causada por vírus respiratório. É a doença aguda mais frequente em todo o mundo, responsável por 500 milhões de casos por ano. Representa cerca de 40% de ausência ao trabalho e à escola por ano. É causado por aproximadamente 200 subtipos de vírus, tendo na maioria das vezes o rinovírus como responsável (30-50%) e em menor escala o coronavírus (10-15%), o vírus sincicial respiratório (5%), o adenovírus (5%), os enterovírus (5%) e o vírus parainfluenza. Cerca de 20-30% são de etiologia não determinada. O período de incubação costuma ser de 24 a 72 horas e os sintomas podem variar de paciente para paciente, mas a rinite e a congestão nasal são os mais comuns. A referência de garganta “arranhando” costuma também ser sintoma comum na fase inicial. A dor de garganta aparece acompanhando os sintomas nasais até o terceiro dia. A tosse inicia comumente no quarto dia, ocasião em que os sintomas nasais diminuem. Achados de exame físico são pobres, apesar do intenso mal-estar referido pelo paciente. Em 25% dos casos os sintomas podem perdurar até duas semanas, durando em média 3 a 10 dias. Uma pessoa com a doença pode transmitir o vírus em um período compreendido entre 2 dias antes do surgimento dos sintomas e 5 dias após a apresentação clínica de tal enfermidade, tendo o pico de transmissão entre segundo e terceiro dia. Tem como fatores de risco que aumentam a gravidade da doença a baixa idade, prematuridade, tabagismo, doença crônica, imunodeficiências e desnutrição. O diagnóstico é essencialmente clínico , a presença dos sintomas, associados à sazonalidade e à possibilidade de contato recente com portadores de infecção aguda viral das vias respiratórias superiores, costumam ser suficientes para a definição diagnóstica. Sendo assim, não há necessidade de realização de exames complementares. A obstrução nasal pode melhorar com descongestionantes nasais, os descongestionantes nasais tópicos são mais eficazes do que os orais , mas o uso de medicamentos tópicos por > 3 a 5 dias pode causar congestão de rebote. Os antitussígenos têm seu uso limitado, uma vez que a tosse comumente é causada por obstrução nasal e gotejamento nasal posterior. Pode-se aliviar a rinorreia com anti-histamínicos de 1ª geração, como clorfeniramina ou brometo de ipratrópio intranasal (2 borrifos da solução a 0,03%, 2 ou 3 vezes/dia), mas devem ser evitados para os idosos e os pacientes com hipertrofia benigna da próstata ou glaucoma. Entre as complicações temos a sinusite, otite média aguda e pneumonias. Com relação a sinusite, dados mostram que 0,5 a 2,5% dos adultos podem desenvolver sinusite bacteriana após quadro agudo de resfriado. A otite média aguda foi diagnosticada em associação com 30% de infecções virais, principalmente em crianças e a disfunção de tuba auditiva é relativamente comum em pacientes com infecções de vias aéreas superiores. As viroses respiratórias em geral estão ligadas a cerca de 40% dos ataques agudos de asma , bem como em hiper-reatores, e estão relacionadas à persistência da tosse. RINOSSINUSITE Rinossinusite é todo processo inflamatório da mucosa de revestimento da cavidade nasal e dos seios paranasais . Essa resposta inflamatória representa uma reação a um agente físico, químico ou biológico (bacteriano, fúngico ou viral), ou também pode ser decorrente de mecanismos alérgicos.O termo rinossinusite é atualmente consensual, já que rinite e sinusite são frequentemente doenças em continuidade.No resfriado comum, a rinossinusopatia viral é resultado da continuidade da mucosa nasal com as cavidades paranasais. A persistência da secreção nasal por mais de 7 dias é consequente ao dano da mucosa respiratória pela infecção e resposta inflamatória. Existem fatores predisponentes, que aumentam o risco dessa complicação. Etiologia Os agentes etiológicos são S. pneumoniae, Moraxella catarrhalis, H.influenzae (encapsulado ou não) e vírus. Na microbiologia da sinusite crônica são encontrados anaeróbios (bacteroides, fusobactérias), S. aureus, S. pyogenes e, mais raramente, gram negativos e fungos. - mais comum viral: rinovírus - mais comum bacteriana: streptococcus pneumoniae e influenza O que diferencia a bacteriana da viral é a febre e o aspecto da secreção. Sintomas: uma inflamação do nariz e dos seios paranasais caracterizada por 2 ou mais sintomas, sendo que um deles deve ser obstrução nasal ou rinorreia (anterior ou posterior), acompanhados ou não de dor/pressão facial e/ou redução ou perda do olfato, além da presença de sinais endoscópicos de pólipos nasais, rinorréia mucopurulenta em meato médio, edema de mucosaou obstrução primária do meato médio, alterações tomográficas mostrando bloqueio do complexo óstio meatal e/ou dos seios paranasais. A rinossinusite bacteriana aguda deve ser considerada nas crianças com quadro de tosse e secreção nasal purulenta por período superior a 10 dias, ou na persistência ou recorrência da febre após o quarto dia de evolução de uma IVAS. Diagnóstico: exame físico e anamnese Fatores preditivos das rinossinusites agudas bacterianas. Maiores - Tosse, febre persistente ou recorrente, dor à pressão facial, secreção nasal ou retronasal purulenta, com duração < 10 a 14 dias, hiposmia ou anosmia, secreção nasal posterior. Menores - Cefaleia, mau hálito, dor em arcada dentária, otalgia/pressão ouvidos. O diagnóstico diferencial deve ser realizado com prolongamento da infecção viral não complicada, rinite alérgica, corpo estranho nasal e adenoidite. Tratamento: tem resolução espontânea em 40% a 50 % das vezes. Medidas de higiene e desobstrução nasal com uso de solução salina são fundamentais para permitir a drenagem das secreções e limpeza dos seios. Os anti-histamínicos não são recomendados, pois causam espessamento das secreções. Uso de solução salina hipertônica e o uso de corticosteróide tópico nasal. Quando indicado, o antibiótico de escolha é a amoxicilina, eficaz contra a maioria das cepas de S. pneumoniae e H. influenzae. A avaliação otorrinolaringológica deve ser solicitada nas seguintes situações: ● Sinusites recorrentes - Sinusites bacterianas agudas, separadas por períodos assintomáticos superiores a 10 dias; ● Sinusite crônica - Episódios com duração superior a 90 dias; ● Sinusite aguda com dor persistente ou outras complicações locais. Antibióticos - O antibiótico de primeira linha é amoxicilina/clavulanato, com doxiciclina ou fluoroquinolonas respiratórias como alternativas. GRIPE A influenza, normalmente conhecida como gripe, é uma doença grave que causa danos à saúde das pessoas há muitos séculos. Em geral, é associada ao aumento das taxas de hospitalização e de mortes por pneumonia, especialmente em pacientes que apresentam doenças crônicas e fatores de risco . A taxa de ataque anual é calculada em 5-10% nos adultos e em 20-30% nas crianças. A gripe é quase sempre causada pelos vírus do grupo influenza, um vírus RNA da família Orthomyxoviridae. Existem quatro tipos de vírus influenza: A, B, C e D. Os vírus A e B apresentam maior importância clínica. Estima-se que, em média, o tipo A causa 75% das infecções, mas em algumas temporadas, ocorre predomínio do tipo B. A sintomatologia é da febre é mais complexa comparada ao resfriado comum. Há o comprometimento sistêmico com febre, mialgias, cefaléia, prostração tornando o paciente incapaz para suas atividades diárias, sendo uma das principais características da gripe, enquanto o resfriado traz maior desconforto pelos sintomas nasais de coriza e obstrução. A tosse é o principal sintoma respiratório da gripe, geralmente acompanhada dos sintomas sistêmicos mencionados, os quais têm início súbito e com período de incubação de 1 a 4 dias, tendo o pico de excreção viral no segundo dia. É comum encontrar febre e os demais sintomas sistêmicos nos primeiros 3 dias, prevalecendo os sintomas respiratórios, notadamente a tosse, nos dias subsequentes, podendo perdurar por até 4 semanas. Outros sintomas que podem acompanhar o quadro são hiposmia, anosmia, pressão facial e rinorreia posterior. A associação da tosse e da febre no mesmo paciente apresenta um valor preditivo positivo de cerca de 80% em diferenciar a infecção pelo vírus influenza dos outros quadros de infecção viral. Nos exames laboratoriais pode-se encontrar leucocitose, leucopenia, neutrofilia, aumento de CPK, TGO, TGP e bilirrubina, pois o vírus tem tropismo não apenas para o trato respiratório. O diagnóstico é feito com a clínica positiva e junto a testes diagnósticos, onde a amostra ideal é a proveniente de secreção respiratória , a qual pode ser obtida, preferencialmente, por meio de swabs nasofaríngeo, aspirado nasofaríngeo e lavado nasal, mas também por swabs nasais e/ou de garganta. Em geral, a recomendação da realização da coleta é de até 5 dias do início dos sintomas para a realização da imunofluorescência e testes rápidos em 7 dias para a técnica de reação em PCR. O exame realizado com mais frequência é a imunofluorescência , a qual, idealmente, deve ser feita no mesmo dia da coleta, pois esta técnica não apresenta bons resultados quando se utilizam amostras armazenadas sob refrigeração. Outro método muito realizado é a técnica de real-time PCR que é aplicável em amostras refrigeradas, sendo de escolha para o diagnóstico do vírus H1N1. A PCR viral apresenta alta sensibilidade e especificidade, variando entre 60-95% e 52-99%, respectivamente, para a detecção do influenza vírus. Resultados negativos não excluem a possibilidade de infecção, devendo-se, nestas situações, avaliar o período da coleta com relação ao início dos sintomas, o armazenamento, o sítio anatômico da infecção no trato respiratório e o uso prévio de antivirais. O tratamento específico da gripe pode ser obtido com os inibidores da neuraminidase, os quais atuam impedindo a replicação dos vírus, cujos fármacos disponíveis são o oseltamivir e o zanamivir . O zanamivir é aplicado por meio de aerossol e o oseltamivir, pela via oral. O zanamivir pode ser encontrado na traqueia e nos brônquios mais de 24 h após a inalação de uma única dose. Recomenda-se usá-lo com cuidado nos pacientes portadores de asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), pelo fato de poder promover broncoespasmo, embora tal ocorra com pouca frequência. Seu emprego também não é recomendado em mulheres grávidas e em período de lactação . O oseltamivir deve ser prescrito em dose reduzida em pacientes com depuração de creatinina menor do que 30 mℓ/min. Encontra-se intolerância gastrointestinal em 5 a 15% dos pacientes, efeito que raramente leva ao abandono do tratamento. Ambos os fármacos reduzem a duração dos quadros clínicos de influenza em até 1 dia, se usados dentro das primeiras 48 horas do início da doença. Alguns estudos mostram que o emprego dos inibidores da neuraminidase possibilitou a redução dos casos de pneumonia decorrentes da infecção por influenza. No caso específico da gripe, existe ainda o recurso da vacina , destacando-se as de vírus atenuado, as de vírus inativado contendo adjuvantes e as produzidas em culturas de células. O Brasil adota a vacina anti-influenza composta de vírus inativados, fracionados e purificados. As mudanças antigênicas constantes do vírus influenza determinam a necessidade de alterações anuais da vacina, cuja composição em geral contém dois fragmentos do vírus influenza A e um fragmento do vírus influenza B. Existe ainda a vacina quadrivalente, cuja composição contém uma segunda cepa de um subtipo B. A definição dessa composição é estabelecida por um grupo de especialistas coordenado pela Organização Mundial da Saúde. Pneumonia é uma complicação importante e pode ter como agentes causais o próprio vírus ou bactérias. O comportamentoclínico pode ser de extrema gravidade e, muitas vezes, é responsável pelos casos de óbito. Miosite, miocardite, pericardite, síndrome de Guillain-Barré, mielite transversa e encefalite são outros exemplos de complicações menos frequentes. LARINGITES A laringite aguda catarral é uma afecção de etiologia viral e acompanha os processos infecciosos das vias respiratórias superiores. O agente etiológico mais comum é o vírus parainfluenza . Entretanto, podem estar implicados outros vírus, como parainfluenza, influenza A, rinovírus, sincicial respiratório e, mais raramente, Mycoplasma pneumoniae. O diagnóstico se baseia na história clínica e no exame físico. O quadro clínico se caracteriza por tosse rouca, febre baixa, disfonia, dor, irritação na garganta e, menos comumente, dispnéia e estridor inspiratório. Para o tratamento costumam ser suficientes medidas de apoio, como hidratação, umidificação das vias respiratórias com vapor d’água, repouso vocal e o afastamento de possíveis fatores irritantes (principalmente tabagismo domiciliar e poluentes ambientais). A epiglotite ou laringite supraglótica é uma infecção bacteriana da laringe supraglótica, causada pelo Haemophilus influenzae b (Hib), que acomete crianças entre 2 e 6 anos de idade. Doença potencialmente fatal, manifesta-se por febre alta, dor de garganta e sialorréia, que em poucas horas progride para dispnéia e estridor inspiratório. A radiografia da região cervical pode revelar aumento do volume da epiglote, obliterando a valécula. O paciente é encaminhado de imediato a ambiente hospitalar, onde se pode realizar uma e deve ser laringoscopia, sob supervisão de um anestesiologista, para confirmação do diagnóstico. O tratamento clássico é constituído por intubação orotraqueal durante 48 a 72 h, corticoterapia sistêmica em doses anti-inflamatórias, hidratação intravenosa, nebulização com oxigênio e soro fisiológico e antibioticoterapia com cefalosporina de terceira geração. A imunização contra o Hib assume papel fundamental na profilaxia de epiglotite. A laringite estridulosa , também conhecida como laringite sufocante da infância ou subglótica, caracteriza-se por episódio súbito de dispneia noturna, progressiva, acompanhada de tosse rouca, cornagem, estridor e retração intercostal. O paroxismo da tosse é seguido de vômitos que provocam a cessação do ataque. Geralmente, acomete crianças entre 1 e 4 anos de idade, em episódios isolados, ou repetindo-se durante duas a três noites. Embora fatores associados, como hiperplasia de vegetações adenoideanas, infecções de vias respiratórias superiores e alergia respiratória, possam acompanhar o quadro, sabe-se que a maioria dessas crianças apresenta algum grau de refluxo gastroesofágico. A simples umidificação de vias respiratórias por meio de nebulizações com soro fisiológico é suficiente para aliviar os sintomas da crise, e medidas e tratamento medicamentoso anti refluxo gastroesofágico costumam prevenir suas recidivas. OTITE MÉDIA A otite média é a infecção da orelha média, da tuba auditiva e de celas da mastóide. Em geral, aparece subitamente, na maioria das vezes precedida por infecção viral das vias respiratórias superiores. É a infecção das vias aéreas superiores mais diagnosticada nos EUA – até os 2 anos de idade, cerca de 75% das crianças têm, no mínimo, um episódio de otite média aguda (OMA); 59%, dois episódios; e 25%, três episódios –, e prevalente no mundo inteiro. Embora o diagnóstico de OMA tenha por base um conjunto de sintomas e sinais clínicos – otalgia, febre, irritabilidade, choro e inapetência –, as características da membrana timpânica observadas à otoscopia são os sinais diagnósticos mais importantes. Os principais achados a serem verificados na otoscopia são abaulamento, perda da transparência e alteração na cor . Desses, o abaulamento é o sinal mais importante. Em relação à alteração na cor da membrana timpânica, deve-se ter em mente que não é só a hiperemia que faz o diagnóstico de OMA, mas a mudança de cor, podendo ser branco ou amarelo. A OMA pode ser causada por vírus ou bactérias. Os vírus mais frequentemente associados à OMA são: vírus sincicial respiratório, adenovírus e influenza A e B. Os vírus alteram a mucosa da tuba auditiva e diminuem a função dos leucócitos polimorfonucleares, predispondo, dessa maneira, à infecção bacteriana. As principais bactérias responsáveis pela OMA são: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. •O tratamento da OMA de origem viral consiste em medidas sintomáticas de ordem geral. Os sinais e os sintomas locais e sistêmicos da OMA podem ser aliviados imediatamente, com o uso de analgésicos, antipiréticos e antieméticos comuns. Os antibióticos são geralmente indicados se houver suspeita de etiologia bacteriana. Apesar de estudos demonstrarem que cerca de 80% das crianças com OMA obtiveram cura espontânea em um período de 7 a 14 dias sem o uso de antimicrobianos (95% de cura quando tratadas com antibiótico), o tratamento antimicrobiano é indicado para a melhora mais rápida dos sintomas, a prevenção das recorrências e principalmente das complicações, como a mastoidite aguda. Em geral, a escolha do antibiótico na OMA é empírica e deve considerar a eficácia e a segurança do agente antimicrobiano, assim como a aderência do paciente ao tratamento e o seu custo. Se ocorrer falha no tratamento em um período de 48 a 72 h, ou havendo OMA em pacientes com antecedentes da doença recorrente, são recomendados antibióticos de maior espectro, como amoxicilina associada ao ácido clavulânico, cefalosporinas de segunda geração e cefalosporinas de terceira geração, como a ceftriaxona parenteral. QUADRO CLÍNICO: de adenovírus Após curto período de incubação (1 a 4 dias), pode-se observar início súbito, febre elevada (> 38°C), tosse seca e sintomas gerais, incluindo mialgia, calafrios, dor de garganta e cefaleia, que persistem por 3 a 4 dias. A tosse e a fadiga podem persistir até 2 semanas após o término da febre. No entanto, nos períodos de outono e inverno os quadros podem se confundir com a rinite e a faringite dos resfriados comuns, ou serem assintomáticos. Crianças podem apresentar dor abdominal, vômitos, diarreia e complicações, como crupe, bronquiolite e otite média aguda. Em idosos, é comum evolução mais insidiosa, com febre baixa ou ausente, confusão mental e fraqueza. QUADRO CLÍNICO: VSR Tanto o VSR como o hMPV causam sintomas similares. Corrimento nasal e febre começam três a cinco dias após a infecção. Cerca de metade das crianças com uma primeira infecção também desenvolvem tosse e sibilos, o que indica envolvimento das vias respiratórias inferiores. Em bebês com menos de seis meses de idade, o primeiro sintoma pode ser um período de interrupção da respiração (apneia). Algumas crianças, em geral bebês pequenos, desenvolvem desconforto respiratório grave e algumas morrem. Em adultos saudáveis e crianças mais velhas, a doença é normalmente leve e pode se manifestar apenas na forma de um resfriadocomum. FARINGOAMIGDALITE Definição A faringotonsilite é um grupo de doenças inflamatórias e infecciosas que acometem a faringe, as tonsilas palatinas e as tonsilas faríngeas, sendo um dos principais distúrbios encontrados em ambulatórios de otorrinolaringologia, sendo popularmente conhecidas como “amigdalites” ou “dor de garganta”. Epidemiologia da faringoamigdalite As faringotonsilites representam cerca de 15% de todas as consultas médicas de atenção primária. Mais comuns na infância, têm seu pico de incidência no inverno e primavera, podendo variar entre quadros leves e intensos. Transmissão A transmissão ocorre por gotículas de saliva e tem período de incubação de cerca de 1 a 4 dias. Etiologia A etiologia é bastante variada, podendo ser viral, bacteriana ou não infecciosa. As infecções de etiologia viral (sobretudo o Rinovírus) representam cerca de 75% dos casos em menores de 3 anos e diminuem após a puberdade. No Brasil, 20-30% das faringotonsilites em crianças entre 2 e 12 anos são causadas por estreptococo beta-hemolítico do grupo A (EBHGA). Quadro clínico da faringoamigdalite As manifestações clínicas estão intimamente relacionadas à etiologia: estreptocócica ou não-estreptocócica. Viral As faringotonsilites de etiologia viral apresentam um quadro clínico de leve intensidade com dor faríngea, disfagia, tosse, febre baixa, coriza hialina, espirros e mialgia. Ao exame físico se observa hiperemia e edema de faringe e tonsilas palatinas, podendo ter, raramente, presença de exsudato. Linfadenomegalia cervical também é comum. Costuma ser uma infecção autolimitada com resolução espontânea em após cerca de 7 dias. Mononucleose Infecciosa A mononucleose infecciosa é uma faringotonsilite causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), que tem potencial para evoluir para doença sistêmica. O EBV tem tropismo pelos linfócitos B e pelas células epiteliais da faringe e glândulas salivares. Ocorre principalmente na faixa etária de pré-adolescentes até adultos jovens. Sua tríade clássica é marcada por febre, faringite e poliadenopatia. A febre pode ser alta, persistente e acompanhada de fadiga e astenia. Ao exame físico se observa eritema e edema tonsilar com presença de exsudato e presença de poliadenopatia dolorosa difusa. Geralmente, os sintomas duram poucas semanas, sendo a adenomegalia e a fadiga os de maior duração, podendo durar por até 6 meses. Casos mais graves podem evoluir com hepatoesplenomegalia, edema periorbitário e meningite. Estreptocócica A faringoamigdalite estreptocócica apresenta como principal sintomatología a dor faríngea de início súbito, odinofagia, e otalgia reflexa. O paciente apresenta febre de intensidade variável que pode estar associada à queda do estado geral. Ao exame físico é observado hiperemia e edema tonsilar, com exsudato purulento e adenomegalia em cadeia jugular-digástrica. Sinais que sugerem maior envolvimento das vias aéreas superiores, como secreção nasal e espirros, não são comumente encontrados. Complicações A faringotonsilite estreptocócica pode trazer, além de complicações supurativas como abscesso periamigdaliano e parafaríngeo, complicações não supurativas tardias como febre reumática e glomerulonefrite difusa aguda. Diagnóstico da faringoamigdalite O diagnóstico da faringotonsilite é basicamente clínico, baseado na história clínica e nos achados de exame físico. No entanto, os achados na doença estreptocócica e na não-estreptocócica são parecidos, dificultando a identificação clara da etiologia. Quando há dúvida da etiologia, alguns testes podem ser realizados, como a cultura de orofaringe (padrão-ouro) e o teste rápido através do método de ELISA. Tratamento da Faringoamigdalite Em infecções virais, o tratamento não é específico, sendo baseado em sintomáticos, para alívio da dor. Utiliza-se, então, analgésicos simples e anti-inflamatórios. Havendo diagnóstico de infecção por EBHGA faz-se necessário o uso de antimicrobiano para encurtar a fase aguda e diminuir o risco de infecção. As drogas de primeira escolha são penicilina V oral na dose de 250 mg, 4X/dia ou 500 mg, 2X/dia, por 10 dias em adolescentes e adultos ou amoxicilina oral na dose de 50 mg/Kg/dia, 1X/dia (máximo de 1000 mg/dia) ou 25mg/Kg/dose (máximo de 500 mg/dose), 2X/dia , por 10 dias. Existe também a opção de penicilina G benzatina intramuscular na dose de 1.200.000 UI em adultos, dose única. A exérese cirúrgica da tonsila palatina pode ser indicada em algumas situações, como 7 ou mais episódios de faringotonsilite em 1 ano ou 5 ou mais episódios por ano em 2 anos consecutivos. ETIOLOGIA VIRAL X BACTERIANA DIFERENÇAS GERAIS: A principal diferença entre doenças causadas por vírus e bactérias está na forma como elas vão se desenvolver no organismo. As bactérias, por serem organismos celulares, vão se dividir e multiplicar no seu corpo, causando uma piora no quadro na medida em que ganham mais espaço no organismo. Já os vírus não possuem células e dependem das células do próprio corpo para se desenvolverem. Assim, ele se multiplica no organismo na medida em que contamina outras células. DIFERENÇAS ENTRE OS SINTOMAS: Em geral, especialmente no início da doença, os sintomas de infecções virais e bacterianas são muito parecidos e inespecíficos: febre, náuseas e/ou diarreias, acúmulo de muco nas fossas nasais e no peito, mal-estar generalizado, etc. Na medida em que avançam, algumas doenças podem ter sintomas mais específicos, como a rigidez da nuca no caso das meningites. Mas alguns sintomas podem ser comuns a mais de uma doença, como as manchas vermelhas na pele, presentes nos casos de dengue, sarampo e escarlatina. Nas infecções respiratórias, é possível observar a diferença na textura e na cor do muco quando se trata de vírus ou bactéria. Secreções claras e mais líquidas indicam, em geral, que o mal-estar está sendo causado por vírus. Secreções mais densas, esverdeadas ou amareladas, indicam a infecção por bactéria. A mudança da cor se deve à ação de neutrófilos, que são células de defesa que atacam as bactérias e liberam uma proteína de cor verde. QUAIS DOENÇAS VIRAIS E BACTERIANAS SÃO MAIS COMUNS? Entre as principais doenças causadas por vírus estão: gripes e resfriados, hepatites , HIV, dengue , rubéola, varíola, etc. As principais doenças causadas por bactérias são: tuberculose, coqueluche, tétano, sífilis, cólera, pneumonia, dentre outras. TRATAMENTO DAS DOENÇAS VIRAIS: Boa parte das viroses mais comuns, como gripes, resfriados e diarréias, vai sumir espontaneamente em até sete dias. Em geral, o tratamento e a medicação tem o objetivo de aliviar os sintomas. Antitérmicos e analgésicos para febre e dor são os mais comuns. Maior ingestão de água e repouso completam os cuidados nesses casos. Para alguns tipos de vírus será prescrito um retroviral específico para neutralizar e eliminar o vírus do organismo do paciente. É o caso, por exemplo, dos antirretrovirais utilizados para tratar o HIV. TRATAMENTO DAS DOENÇAS BACTERIANAS: No caso de doenças causadas por bactérias, o tratamento é feito com antibióticos . Como há diferentes tipos de bactérias que causam os mais diversos tipos de infecções, énecessário utilizar antibióticos diferentes, respeitando o tipo de bactéria para que se tenha um resultado efetivo. O uso de antibióticos deve ser muito criterioso, pois o abuso desse fármaco pode fazer com que as bactérias se tornem resistentes ao medicamento , tornando o tratamento mais complicado. COMO PREVENIR? Manter as mãos higienizadas e ter uma alimentação equilibrada para manter o sistema imunológico saudável é a melhor forma de evitar as doenças causadas por vírus e bactérias. Outras medidas incluem manter os ambientes limpos e bem arejados, já que muitas das doenças virais e bacterianas são transmitidas por meio de secreções das vias aéreas, expelidas na tosse e no espirro.O uso de preservativo ainda é a forma mais eficaz de evitar as doenças transmitidas por via sexual , como a sífilis e o HIV. Os cuidados com a higienização dos alimentos e a qualidade da água evitam as doenças gastrointestinais, como a cólera e a salmonella. PREVENÇÃO DAS IVAS A prevenção dessas doenças está baseada tanto na redução da incidência das infecções das vias aéreas superiores como na redução da colonização nasofaríngea por seus patógenos. Dentre as medidas de prevenção podemos destacar: - Higiene das mãos A transmissão viral pelo contato mão a mão parece ser altamente eficiente. Indivíduos podem também se infectar no contato da mão contaminada com a secreção nasal. Portanto, a interrupção do contato direto na transmissão viral apresenta um potente alvo de intervenção. https://www.hipolabor.com.br/blog/2016/07/02/hipolabor-explica-quais-sao-os-tipos-de-hepatite/ https://www.hipolabor.com.br/blog/2015/08/26/hipolabor-ensina-saiba-como-identificar-os-sintomas-da-dengue/ https://www.hipolabor.com.br/blog/2015/08/20/hipolabor-ensina-como-identificar-viroses/ https://www.hipolabor.com.br/blog/2016/07/27/hipolabor-explica-como-funcionam-os-antibioticos/ https://www.hipolabor.com.br/blog/2014/05/16/surgimento-das-superbacterias/ https://www.hipolabor.com.br/blog/2014/05/16/surgimento-das-superbacterias/ https://www.hipolabor.com.br/blog/2016/04/15/hipolabor-alerta-saiba-como-se-proteger-das-dsts/ - Higienização ambiental Crianças expostas à poeira em suas casas têm maior número de infecções das vias aéreas superiores. - Soluções salinas intranasais A lavagem nasal promove a limpeza do muco nasal e de secreções patológicas. Também promove a melhora da função mucociliar e aumenta a aeração da mucosa, diminuindo a inflamação local. - Não exposição ao fumo Admite-se que a fumaça de cigarro cause dano à função mucociliar, alterando a competência imunológica do trato respiratório. A exposição ao fumo aumenta o risco de otite média em 277% e em 166% quando em presença, respectivamente, de localização urbana e alergia. O número de recorrência de otite média está diretamente relacionado à quantidade de cigarros fumados pelos pais. - Amamentação A amamentação exclusiva por pelo menos três meses reduz a incidência de otite em 13% e por seis meses para 50%, proporcionando, assim, uma medida protetora ao longo do primeiro ano de vida. A alimentação o mais próximo possível da posição sentada é uma tentativa de diminuir o refluxo, prevenindo a otite. - Não uso de chupetas O uso de dispositivos como a chupeta induz pressão prejudicial na nasofaringe, aumentando o refluxo de suas secreções para a tuba auditiva, o que é associado a maior risco de otite. - Vacina pneumocócica A vacinação é um fator efetivo na diminuição da colonização nasofaríngea pelo pneumococo, reduzindo significantemente os episódios de otite. As três vacinas pneumocócicas conjugadas (VPC) atuais diferem em relação ao número de sorotipos existentes em sua formulação (7, 10, 13). Quando administrada dentro do primeiro ano de vida, a VPC-7 evita 6-7% de todos os episódios de otite, mais que 30% das otites pneumocócicas e mais de 50% das otites causadas pelos sorotipos que contém. Quando aplicada após um ano, a VPC-7 não apresenta diminuição significativa das otites devido ao pobre efeito que sua aplicação tem sobre a colonização nasofaríngea. A introdução da VPC com maior número de sorotipos (10 e 13) poderia aumentar a proteção para otite média em todas as crianças. A VPC-10 modifica o transporte nasofaríngeo do pneumococo de forma semelhante à VPC-7. A VPC-13 é a única que contém o sorotipo 19A, um sorotipo identificado recentemente como a causa mais importante de doença pneumocócica grave, incluindo mastoidite. O uso da VPC-13 prevê diminuir o número total de casos de otite média aguda pneumocócica de 53 para 19% em apenas alguns anos. ANTIBIÓTICOS O uso de antibióticos no tratamento da IVAS deve ser feito de forma consciente, pois na grande parte dos casos não se faz necessário. As bactérias, como todos os microrganismos vivos, sofrem alterações ao longo do tempo em resposta às mudanças ambientais. Devido ao consumo generalizado e abusivo de antibióticos, as bactérias estão constantemente expostas a esses medicamentos. Ao selecionar um antibiótico, os médicos também consideram alguns fatores como: - Natureza e seriedade da infecção - Estado do sistema imunológico da pessoa - Possibilidade de alergias ou outras reações - Custo do medicamento - Eventuais efeitos colaterais do medicamento Com relação aos efeitos colaterais comuns de antibióticos são comuns o desconforto estomacal, diarreia, vômitos e em mulheres infecções vaginais por leveduras. Alguns efeitos colaterais são mais graves e, dependendo do antibiótico, podem alterar o funcionamento dos rins, do fígado, da medula óssea e de outros órgãos. Mecanismos de ação dos antimicrobianos: ➨ Inibição da síntese de parede celular; ➨ Inibição da síntese de proteínas; ➨ Alteração da membrana citoplasmática; ➨ Inibidores da síntese dos ácidos nucléicos (DNA/RNA); ➨ Alteração do metabolismo do ácido fólico (PABA). 1. ß-Lactâmicos [ penicilinas (Amoxicilina e Penicilina G benzatina ), cefalosporinas (Ceftriaxona e Cefalexina), carbapenens ( Imipenem ), monobactans ( aztreonam )] O grupo de antimicrobianos classificados como ß-lactâmicos possui em comum no seu núcleo estrutural o anel ß-lactâmico, o qual confere atividade bactericida. O mecanismo de ação dos antimicrobianos ß-lactâmicos resulta em parte da sua habilidade de interferir com a síntese do peptideoglicano (responsável pela integridade da parede bacteriana). 2. Quinolonas (ciprofloxacino, levofloxacino) As primeiras quinolonas foram utilizadas no início dos anos 60, com a introdução do ácido nalidíxico na prática clínica. No início dos anos 80, com o acréscimo de um átomo de flúor na posição 6 do anel quinolônico, surgiram as fluorquinolonas (principal representante: ciprofloxacina), com aumento do espectro, para os bacilos gram-negativos e boa atividade contra alguns cocos gram-positivos, porém, pouca ou nenhuma ação sobre Streptococcus spp., Enterococcus spp. e anaeróbios. Este foi um dos principais motivos para o desenvolvimento das novas quinolonas: levofloxacina, gatifloxacina, moxifloxacina e gemifloxacina. Recentemente, foram descritas alterações nos níveis de glicemia com o uso dessas quinolonas mais associadas com a gatifloxacina, sobretudo em pacientes idosos e diabéticos, motivopelo qual essa quinolona foi retirada de mercado. Inibem a atividade da DNA girase ou topoisomerase II, enzima essencial à sobrevivência bacteriana . A DNA girase torna a molécula de DNA compacta e biologicamente ativa. Ao inibir essa enzima, a molécula de DNA passa a ocupar grande espaço no interior da bactéria e suas extremidades livres determinam síntese descontrolada de RNA mensageiro e de proteínas, determinando a morte das bactérias. Também inibem, in vitro , a topoisomerase IV, porém não é conhecido se este fato contribui para a ação antibacteriana. 3. Glicopeptídeos (vancomicina): Apresentam um múltiplo mecanismo de ação, inibindo a síntese do peptideoglicano, além de alterar a permeabilidade da membrana citoplasmática e interferir na síntese de RNA citoplasmático. Desta forma, inibem a síntese da parede celular bacteriana. 4. Oxazolidinonas (linezolida): Exerce sua atividade por inibição da síntese protéica, porém, em etapa distinta daquela inibida por outros antimicrobianos. Dessa maneira, não ocorre resistência cruzada com macrolídeos, estreptograminas ou mesmo aminoglicosídeos. 5. Aminoglicosídeos (gentamicina ): Ligam-se à fração 30S dos ribossomos inibindo a síntese proteica ou produzindo proteínas defeituosas. Para atuar, o aminoglicosídeo deve primeiramente ligar-se à superfície da célula bacteriana e posteriormente deve ser transportado através da parede por um processo dependente de energia oxidativa. 6. Macrolídeos (azitromicina, claritromicina, eritromicina ) : Sua ação ocorre através da inibição da síntese protéica dependente de RNA, através da ligação em receptores localizados na porção 50S do ribossoma, particularmente na molécula 23S do RNA, i mpedindo as reações de transpeptidação e translocação . 7. Lincosaminas (clindamicina ) : Inibem a síntese proteica nos ribossomos, ligando-se à subunidade 50S, sendo, portanto, bacteriostáticas. Desta forma alteram a superfície bacteriana, facilitando a opsonização, fagocitose e destruição intracelular dos microrganismos. 8. Nitroimidazólicos (metronidazol): metronidazol é um bactericida potente, com excelente atividade contra bactérias anaeróbicas estritas (cocos gram-positivos, bacilos gram-negativos, bacilos gram-positivos) e certos protozoários como amebíase, tricomoníase e giardíase. Após a entrada na célula, por difusão passiva, o antimicrobiano é ativado por um processo de redução. O grupo nitro da droga atua como receptor de elétrons, levando à liberação de compostos tóxicos e radicais livres que atuam no DNA, inativando-o e impedindo a síntese enzimática das bactérias. As bactérias aeróbicas não possuem enzimas que reduzem a droga, e não formam, portanto, os compostos tóxicos intermediários com atividade antibacteriana. 9. Cloranfenicol : O cloranfenicol se liga à subunidade 50S do ribossomo, inibindo a síntese protéica da bactéria, tendo, assim, ação bacteriostática. Porém, pode ser bactericida contra algumas espécies como S. pneumoniae, H. influenzae e N. meningitidis , através de mecanismo não bem elucidado. 10. Sulfonamidas (sulfadiazina e sulfametoxazol ) : As sulfonamidas têm efeito bacteriostático e inibem o metabolismo do ácido fólico, por mecanismo competitivo. As células humanas conseguem aproveitar o folato exógeno para o metabolismo, enquanto as bactérias dependem da produção endógena. MECANISMO DE AÇÃO: Os mecanismos de ação dos antimicrobianos variam de acordo com a classe à qual pertencem . Antimicrobianos que atuam em sítios bacterianos específicos e não têm um alvo comum com a célula humana, como os betalactâmicos , são preferencialmente utilizados, pois apresentam menos reações adversas . Por outro lado, há classes de antimicrobianos (ex. quinolonas ) que inibem a síntese de DNA bacteriano por meio da inibição de enzimas denominadas topoisomerases, encontradas também nas células humanas, e podem apresentar mais reações adversas no organismo humano. OBS → CRIANÇA NÃO FAZ O USO DE QUINOLONA ← Os antimicrobianos clinicamente disponíveis hoje têm como sítio de ação a inibição da síntese da parede celular, da síntese de DNA e da síntese de proteínas ou de metabólitos bacterianos. Considerando o momento ao longo da linha de progressão da doença em que o tratamento é iniciado, este pode ser profilático, antecipatório ou preventivo, empírico, definitivo ou supressor. A profilaxia consiste em tratar pacientes que ainda não estão infectados ou não desenvolveram a doença. O objetivo é evitar a infecção ou impedir o desenvolvimento de uma doença potencialmente perigosa em indivíduos que já têm evidências de infecção. O tratamento preventivo é usado como substituto à profilaxia universal e como tratamento precoce dirigido aos pacientes de alto risco que já tenham indícios laboratoriais ou outro teste indicando que um paciente assintomático foi infectado. O princípio desse tratamento é que sua administração antes do desenvolvimento dos sinais e dos sintomas (pré-sintomático) erradica a doença iminente. Deve ter duração curta e pré-definida. Um exemplo da utilização deste tipo de tratamento é para evitar a doença causada por citomegalovírus (CMV) depois dos transplantes de células-tronco hematopoiéticas e órgãos sólidos. O tratamento empírico consiste na iniciação do tratamento baseado na apresentação clínica, que pode sugerir o microrganismo específico, assim como no conhecimento dos microrganismos mais prováveis de causarem infecções específicas em determinados hospedeiros, antes da confirmação laboratorial da própria infecção e do patógeno. Sempre deve ser avaliado se o tratamento está realmente indicado. Antes de iniciar o tratamento empírico, deve-se sempre obter os materiais para as culturas apropriadas. O tratamento definitivo consiste no tratamento individualizado com antibiótico específico empregado quando um patógeno é isolado e os resultados dos testes de sensibilidade estão disponíveis. O tratamento com um único fármaco é preferível para reduzir os riscos de toxicidade e seleção de patógenos resistentes, embora haja situações especiais nas quais há evidências inequívocas a favor do tratamento combinado. A duração deve ser a menor possível. Os princípios da utilização de terapia combinada são: evitar resistência, acelerar a rapidez da atividade microbicida, aumentar a eficácia terapêutica ou ampliar a atividade microbicida e reduzir a toxicidade (como nos casos em que a eficácia plena de um antibacteriano pode ser conseguida apenas com doses tóxicas e a administração de um segundo fármaco produz efeitos aditivos). O tratamento supressor consiste no tratamento mantido com dose mais baixa após o controle da doença inicial com o antimicrobiano. O objetivo é mais propriamente de profilaxia secundária. Isso ocorre porque, nesses casos, a infecção não foi completamente erradicada e a anormalidade anatômica ou imune que causou a infecção original ainda persiste. Isso é comum, por exemplo, nos pacientes com Aids e nos transplantados. OSELTAMIVIR Inibidores da neuraminidase Oseltamivir O fosfato de oseltamivir é o profármaco do carboxilato de oseltamivir,
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