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1 Resumo Tut2- MV- 2021 FEBRE E IVAS 1) Descrever o mecanismo de termorregulação corporal (fisiopatologia da febre). Guyton Harrisson SanarFlix →Febre: elevação da temperatura corpórea acima de 37,8ºC (axilar) e 38,3ºC (oral) Pele fria devido à vasoconstrição Mecanismo de defesa Pode se alterar na aferição devido ao exercício físico e temperatura ambiente → Hiperpirexia = Temp. >41,5ºC Ocorre em infecções graves e hemorragias do SNC Quando em doses adequadas os antipiréticos podem produzir alguma alteração na temperatura →Hipertermia: aumento descontrolado da temperatura corporal, que excede a capacidade do organismo de perder calor → não há ajuste no centro hipotalâmico Não há presença de moléculas pirogênicas Pode evoluir rapidamente ao óbito Não responde aos antipiréticos Diagnosticada com base nos eventos que a antecedem → exposição ao calor ou medicamentos que interfiram na termorregulação Pele quente e seca, pois não há transpiração →Intermação: elevação da temperatura corporal central (aferida por via retal) acima de 40ºC Acompanhada de alterações no SNC, como desorientação, confusão mental, delírio, convulsões e até mesmo coma Também podem acompanhar náuseas, vômitos Sintomas são exacerbados pela perda de líquidos e eletrólitos excessiva pelo suor Alguns autores recomendam tratamento imediato com banho gelado, mas como esse procedimento causa muitos calafrios, com consequente aumento da produção de calor, outros autores sugerem que seria mais eficiente o resfriamento com uma esponja ou borrifos de água gelada →Ponto de ajuste hipotalâmico pode aumentar devido a algum traumatismo, tumor ou disfunção intrínseca No caso de febre por disfunção = febre hipotalâmica →A temperatura dos tecidos profundos costuma ser constante, podendo variar ±0,6°C diariamente Uma pessoa pode ser exposta a temperaturas de 13 a 60º e ainda sim, manter constância na sua temperatura central Temperatura central média normal = 36,5 – 37ºC (medida por via oral) e pode subir 0,6ºC se for medida por via retal →Já a temperatura da pele, varia conforme o ambiente ao redor →A temperatura corporal sofre variações porque os mecanismos de regulação não são perfeitos Exercício → produção de calor → elevação da temperatura até 38,3ºC a 40ºC Corpo exposto ao frio → temperatura pode cair abaixo de 36ºC Balanço entre a produção e a perda de calor Produção de calor > perda → calor se acumula no corpo → elevação da temperatura Perda de calor > produção →diminuição da temperatura corporal FISIOPATOLOGIA DA FEBRE CONCEITOS 2 Resumo Tut2- MV- 2021 →Produção de calor é um dos principais produtos finais do metabolismo. Fatores envolvidos: Intensidade do metabolismo basal de todas as células Intensidade da atividade muscular (incluindo contrações causadas pelo calafrio) Efeito da tiroxina sobre as células Efeito da epinefrina, norepinefrina e estimulação simpática Próprio aumento da atividade química das células, em especial quando a temperatura eleva Digestão, absorção e armazenamento dos alimentos (efeito termogênico) →Perda de calor acontece principalmente através da pele. Fatores envolvidos: Velocidade de condução do calor (centro do corpo → pele) Velocidade de transferência do calor (pele → meio ambiente) →Sistema de isolamento do corpo: pele, tecidos subcutâneos e o tecido adiposo →Transferência de calor: através do fluxo sanguíneo Plexo venoso contínuo, suprido pelo influxo de sangue dos capilares da pele Áreas mais expostas, como mãos e pés, o suprimento também ocorre pelas anastomoses arteriovenosas →Velocidade do fluxo sanguíneo pode chegar até 30% do débito cardíaco Como na pele há uma alta velocidade do fluxo → calor é conduzido do centro para a pele com grande eficiência – se a velocidade de fluxo para a pele diminuir, a condução de calor do centro do corpo também diminui Pele é um sistema controlado de “radiador de calor” →Controle da condução do calor para a pele pelo Sistema Nervoso Simpático Condução é controlada pelo grau de vasoconstrição das arteríolas e anastomoses arteriovenosas que suprem sangue para os plexos venosos da pele Vasoconstrição é controlada pelo SNP em resposta as alterações de temperatura do corpo e do ambiente →Sudorese e sua regulação pelo SNA: ocorre pela estimulação da área pré-óptica-hipotalâmica Essa área provoca sudorese tanto eletricamente como por excesso de calor Impulsos saem da área em direção à medula por vias autônomas e então para a pele pelo simpático Glândulas sudoríparas são inervadas por fibras nervosas colinérgicas Os sinais a respeito da temperatura, são enviados pelos nervos periféricos que transmitem as informações obtidas na pele e da temperatura do sangue que irriga a região → hipotálamo anterior pré-óptico e hipotálamo posterior → interagem no centro regulador do hipotálamo Hipotálamo coordena, mas tem auxílio da tireoide e suprarrenais Como o calor é perdido pela superfície cutânea? →Radiação: na forma de raios de calor infravermelhos (onda eletromagnética). Todos os objetos que não apresentam temperatura de 0 absoluto irradiam esses raios. Se a temperatura do corpo é maior do que a temperatura do ambiente, maior quantidade de calor é irradiada pelo corpo do que a que é irradiada para o corpo 3 Resumo Tut2- MV- 2021 →Condução: pode ocorrer tanto do corpo para objetos sólidos, quanto para o ar. Ocorre buscando igualar as temperaturas (+ → -) Quando as temperaturas se igualam, deixa de ocorrer a perda de calor por esse mecanismo → condução de calor do corpo para o ar é autolimitada Roupas aprisionam o ar próximo à pele, o que aumenta a espessura da “zona privada de ar adjacente à pele” → ↓ condução e ↓ convecção o Se a roupa estiver úmida isso não ocorre, pois a água aumenta a velocidade de transmissão do calor →Convecção: primeiro o calor é conduzido para o ar e depois removido pelas correntes de ar Pequena quantidade de convecção sempre está ocorrendo ao redor do corpo, pois há uma tendência do ar adjacente à pele ascender quando aquecido →Condução e convecção na água: Água tem um calor específico centenas de vezes superior ao do ar → água absorve mais calor que o ar Condutividade de calor é maior na água Velocidade de perda de calor para a água, é muito superior à velocidade de perda de calor para o ar →Evaporação: mecanismo de resfriamento necessário em temperaturas muito altas do ar Ocorre mesmo se a pessoa não estiver suando, a partir da pele e dos pulmões: 600-700 mL/dia → 16-19cal/hora Pessoas com ausência congênita das glândulas sudoríparas não conseguem se proteger da elevação da temperatura corporal quando a temperatura ambiente for maior → podem morrer devido ao calor em zonas tropicais Temp. pele > temp. ambiente = calor eliminado por radiação e condução Temp. ambiente > Temp. pele = corpo ganha calor por radiação e condução, e perde exclusivamente pela evaporação Como o calor é produzido e conservado? →Conservação de calor: Ponto de ajuste do hipotálamo elevado → inicia a vasoconstrição → desvio de sangue da periferia para os órgãos internos → ↓ perda de calor pela pele → indivíduo sente frio; há conservação e aumento da produção de calor →Geração de calor: Os tremores elevam a produção muscular de calor → são desnecessários se a temperatura sanguínea se elevar pelos mecanismos de conservação Termogênese sem tremores que ocorre no fígado também contribui para elevar a temperatura Adaptações comportamentais (vestir mais roupas) ajudam a elevar a temperaturacorporal ou reduzir a perda de calor Calafrios continuam até que a temperatura corporal chegue ao ponto de ajuste hipotalâmico Piloereção (pelos eriçados) → músculos eretores dos pelos se contraem → não é muito importante nos seres humanos →Os processos de conservação e geração continuam até que a temperatura do sangue atinja a mesma temperatura do hipotálamo no termostato → hipotálamo mantem a temperatura no nível febril pelos mesmos mecanismos de calor do indivíduo sem febre →Quando o ponto de ajuste hipotalâmico reduz sua temperatura, há uma vasodilatação generalizada → rubor →Uso de antipiréticos ou redução da concentração de pirogênios causa vasodilatação e transpiração → perda de calor →Mecanismos de diminuição da temperatura: vasodilatação, sudorese, diminuição da produção de calor →Mecanismos de elevação da temperatura: vasoconstrição, pioereção, termogênese 4 Resumo Tut2- MV- 2021 Efeito dos pirogênios →Pirogênios são substâncias com potencial de fazer com que o ponto de ajuste do termostato hipotalâmico se eleve Podem ser derivados da degradação de proteínas ou toxinas de lipossacarídeos Aqueles liberados por bactérias tóxicas ou por tecidos corporais em degeneração causam febre durante condições patológicas →Pirogênios atuam direta e indiretamente no hipotálamo, aumentando o ponto de ajuste Alguns atuam com períodos de latência → bacterianos gram-negativos Presença de bactérias no sangue/tecidos → fagocitose pelos leucócitos, macrófagos e linfócitos → quando estes digerem as bactérias, liberam citocinas (sinalizadoras) → IL-1 (uma das mais importantes, chamada de pirogênio leucocitário ou pirogênio endógeno) o Citocinas pirogênicas: IL-1, IL-6, TNF, IFNs Quando a IL-1 chega ao hipotálamo, ativa os processos produtores de febre → ↑Temp. Estudos sugerem que a IL-1 cause febre pela indução da formação de PGs, principalmente a PGE2 → aspirina impede a formação de prostaglandinas e assim reduz a febre Mesmo sem infecção microbiana, alguns processos inflamatórios, traumatismos, necrose tecidual podem estimular a produção dos pirógenos, que induzem o hipotálamo a elevar o ponto de ajuste Se as citocinas induzirem concomitantemente PGE2 em tecidos periféricos, pode ocasionar as mialgias e artralgias inespecíficas que costumam acompanhar a febre →Há quatro receptores para a PGE2, sendo que cada um transmite sinais às células por mecanismos diferentes EP-3 é essencial para produção da febre → em camundongos, quando esse gene foi deletado, deixaram de apresentar febre com injeção de IL-1 EP-3 → estimula liberação de AMPc → ativa terminações neuronais do centro termorregulador Efeitos prejudiciais das altas temperaturas →Hemorragias locais e degeneração parenquimatosa das células de todo o corpo Quando há destruição de células neuronais, elas não podem ser substituídas Lesões em órgãos como os rins e o fígado, podem levar à falência destes 5 Resumo Tut2- MV- 2021 Exame físico: o Cronologia dos eventos que precederam a febre o Medição da temperatura (oral ou retal, sendo que o local da primeira medição deve ser o utilizado para o acompanhamento) o OBS: neonatos, idosos, pacientes com doença hepática crônica e insuficiência renal, pacientes em uso de glicocorticoides → podem ter infecção ativa sem apresentar febre Exames laboratoriais: o Hemograma completo Contagem diferencial: identificação de formas jovens ou em bastão, granulações tóxicas e corpúsculos de Döhle, sugestivos de infecção bacteriana Em algumas infecções virais há neutropenia o Medição de citocinas não é utilizada → níveis ficam abaixo do limite para detecção ou não coincidem com a febre o Pacientes com nível baixo de febre ou suspeita de doença → PCR e VHS O tratamento da febre e seus sintomas não faz mal nem retarda a resolução de infecções virais e bacterianas comuns Nas infecções bacterianas, o não uso do antipirético, pode ajudar em uma avaliação mais efetiva de um antibiótico específico → antipirético pode mascarar uma infecção bacteriana inadequadamente tratada ABORDAGEM AO PACIENTE FEBRIL TRATAMENTO DA FEBRE 6 Resumo Tut2- MV- 2021 2) Identificar a importância das vias de entrada de microorganismos para a abordagem diagnóstica e terapêutica. Infecções Respiratórias de Importância Clínica- Ver. FIMCA, 2017 As doenças que ocorrem no trato respiratório, tanto superior quanto inferior, há a obstrução da passagem de ar, tanto a nível nasal quanto a nível bronquiolar e pulmonar Variam desde infecções agudas, como pneumonias e resfriados comuns até infecções - graves, como a tuberculose São conhecidas como IVAS São frequentes, mas raramente apresentam risco de vida Dentre os principais vírus causadores dessas infecções, estão: Influenza A, Rhinovírus, Coronavírus e vírus Sincicial Compreendem todas as infecções do Trato Respiratório acima da laringe, porém suas manifestações podem vir acompanhadas de um comprometimento das vias aéreas inferiores São conhecidas como IVAI São responsáveis por doenças - graves, como: gripe, pneumonia, tuberculose e bronquiolite (principais contribuintes para a mortalidade por infecções respiratórias agudas IRAS) São causadas principalmente por bactérias como: Neisseria meningitis, Streptococcus hemolyticos e Streptococcus pneumoniae FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA Uma observação importante é que a frequência respiratória irá se alterar de acordo com a via aérea comprometida: 1. IRA (Infecção Respiratória Aguda) com FR normal: está relacionada às IVAS 2. IRA com estridor e FR varável: está relacionada às infecções das vias aéreas de condução extrapulmonar ou intermediárias (doença periglótica) 3. IRA com FR -, sem estridor: está relacionada às IVAI - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 3) Caracterizar as infecções das vias aéreas superiores (otite, faringite, amigdalite e rinossinusite) diferenciando o modo de transmissão e as precauções para essas doenças. Não são condições graves, com exceção de epiglotite, laringite bacteriana e gripe grave; Os fatores de risco para aquisição de infecções de vias aéreas superiores (IVAS) são: o Baixa idade (6-24 meses); o Masculino; o Deficiências imunológicas e anomalias craniofaciais; o Creches, amigos e irmãos; o Chupeta, fumo passivo e aleitamento artificial; Podem ser de origem infecciosa, alérgica ou congênita; - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - DEFINIÇÃO Inflamação da orelha média, com evidência de efusão na otoscopia; INFECÇÕES DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES INFECÇÕES DAS VIAS AÉREAS INFERIORES OTITE MÉDIA AGUDA 7 Resumo Tut2- MV- 2021 EPIDEMIOLOGIA Maior prevalência nos dois primeiros anos de vida; A incidência declina após essa idade; Alta reicidiva; Fatores de risco: idade (<2 anos); sexo masculino, raça branca, pobreza, aleitamento artificial, tabagismo passivo, exposição ambiental e anomalias congênitas; ETIOLOGIA S. pneumoniae (30-50%) H.influenza não tipável (25-30%) M.catarrhalis (10-15%) A incidência por pneumococo vem diminuindo com a introdução da vacina no calendário vacinal público; Menos comuns: intrahospitalares: o Streptococus A; o Staphylococus aureus; o Gram -; FISIOPATOLOGIA Obstrução e inflamação nasal obstrui e causa disfunção da trompa de Eustáquio. ↓ ventilação do ouvido médio → pressão negativa no ouvido médio → estímulo à secreção de muco pelo epitélio. Acumula-se pus no ouvido médio, em um espaço totalmente fechado → OMA. Episódios intermitentes de aspiração, refluxo ou insuflação da tuba → podem lançar bactérias colonizadoras da nasofaringe na cavidadedo ouvido médio; Reação inflamatória piogênica → acúmulo de pus (“abscesso”) → abaulamento da membrana timpânica → otalgia → OMA. Resfriado comum Principal fator predisponente de OMA. Liberação de citoquinas e mediadores inflamatórios → obstrução e disfunção da tuba auditiva → acúmulo de secreção no ouvido médio (meio de cultura-bactérias). Hipertrofia da adenoide Leva à obstrução do óstio tubário → predispõe à OMA de repetição. Anomalias congênitas Fenda palatina e síndrome de Down → ↑ complacência da tuba → ↓ capacidade de evitar refluxo de secreções nasofaringeas para a orelha média. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Em crianças maiores de 2 anos, a clínica é evidente: o Otalgia, febre, astenia, inapetência e hipoacusia flutuante Já em menores, os sintomas são indiretos: criança leva a mão no ouvido, irritabilidade, choro intenso, dificuldade para dormir... Importante interrogar sobre quadro de rinofaringite viral antecedente às complicações acima. Otoscopia Membrana timpânica hiperemiada, convexa, abaulada e de coloração alterada (opacificação ou pontos esbranquiçados); Perda de mobilidade; Hiperemia não deve ser considerada OMA isoladamente; Miringite bolhosa: forma incomum com bolhas e eritema na membrana causada por bactérias; Secretora: efusão de líquido estéril; Apresentação grave Toxemia sepse Dor intensa Febre alta (>39 °C) COMPLICAÇÕES Perfuração timpânica: cura espontânea. 8 Resumo Tut2- MV- 2021 Hipoacusia: pode evoluir para acusia. Otite média secretora ou com efusão persistente: paciente que após o tratamento, evolui sem febre, melhora do abaulamento e sem sintomas – a membrana esta opaca, imóvel e com liquido na orelha média. Otite média crônica (OMC): infecção persistente. Dermatite infecciosa: infecção da pele do conduto auditivo externo, por contaminação pela secreção da orelha média. Mastoidite ou periostite: inflamação das células aéreas do processo mastoide do osso temporal. Paralisia facial Labirintite Infecção do SNC – meningite, abscesso ou tromboflebite do seio lateral. DIAGNÓSTICO Clínico 1) Otorreia não provocada por otite externa OU 2) Sinais de efusão na orelha média + sinais de inflamação TRATAMENTO Analgésico e antipirérico: paracetamol, dipirona ou ibunoprofeno. Antibióticos → Leva em conta a idade, quadro clínico certo e gravidade. → Indicações de início obrigatório: o - Presença de otorreia. o - Presença de sinais de gravidade. o - OMA bilateral em < 2 anos. → Primeira linha de tratamento: amoxicilina - 10 a 14 dias. o - Melhora da febre, otalgia ou da otorreia dentro de 48 a 72 horas. → Menores de 6 meses: sempre tratar. Se não tratar devem reavaliar o paciente em 48- 72h e se não houve melhora iniciar tratamento. → Resposta inadequada ou “falha terapêutica” – manter sintomas (microrganismo produz betalactamase – resistência) → prescrição de amoxicilina-clavulanato (90 mg/kg/dia) ou ceftriaxone (50 mg). → Medidas para desobstrução das fossas nasais → instalação de soro fisiológico PREVENÇÃO → Orientação quanto aos fatores de risco corrigíveis – tabagismo, aleitamento materno, uso de chupeta, locais aglomerados. → Imunizações: o Vacina antipneumocócica-10 valente → 2 e 4 meses – reforço aos 12 meses. o Vacina anti-influenza (gripe) → anual. → Antibioticoprofilaxia com amoxicilina (meia dose) durante os meses frios. → Cirurgia para inserção do tubo de timpanostomia – mantém o ouvido médio ventilado durante a fase da disfunção tubária. → Adenoidectomia. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - DEFINIÇÃO → Nasofaringite viral ou resfriado comum. FARINGITE 9 Resumo Tut2- MV- 2021 → Desordem infecciosa mais comum. → Natureza benigna e autolimitada. → Inflamação da mucosa do nariz, faringe e seios paranasais. → Predispõe a complicações bacterianas – otite media aguda e sinusite. → Resfriado ≠ gripe – sintomas no resfriado são restritos às vias aéreas superiores. EPIDEMIOLOGIA → Crianças: 6 a 8 episódios/ano. → Adultos: 2 a 3 episódios/ano. → Absenteísmo ao trabalho e a história. → Incidência da doença declina após os 3 anos. → Períodos de maior incidência: outono, inverno e primavera. ETIOLOGIA → Viral → Agente mais comum: rinovírus. → Agentes ocasionais: coronavírus, vírus sincicial respiratório (bronquiolíte viral aguda) e metapneumovírus. → Agentes incomuns: influenza, parainfluenza (laringite), adenovírus, enterovírus e bocavírus. → Período de incubação dos principais agentes – 2 a 5 dias. → Crianças – principais reservatórios do vírus – propagam a infecção em creches e escolas. → Transmitidos sob a forma de aerossol e partículas maiores – levados ao meio ambiente através da tosse e coriza. → Contato direto com mãos e objetos contaminados – principal forma. FISIOPATOLOGIA → Vírus invadem as células epiteliais colunares ciliares → liberação de bradicinina (mediador inflamatório) → resposta inflamatória local → mucosa congesta (edema, eritema) por vasodilatação + produção exacerbada de muco → citoquinas atraem neutrófilos para o local → coriza purulenta. → Estimulação de fibras colinérgicas locais → rinorreia e tosse. → Lesão dos cílios do epitélio → dificulta a limpeza adequada das secreções. → Lesão direta do epitélio da nasofaringe pelo vírus → dor de garganta (“arranhando”). → Rinovírus não provoca destruição celular, ao contrário do influenza e adenovírus. → Após 24 horas do início da infecção: presença de IgA específica nas secreções. → Após 1 semana: anticorpos IgG e IgM são encontrados no soro – imunidade para o sorotipo responsável. → Imunidade contra rinovírus é duradoura, mas não há imunidade cruzada entre os sorotipos (há mais de 100). → Vírus influenza: alta capacidade automutagênica. → Infecção por parainfluenza e o VSR não conferem imunidade específica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → Duração média do resfriado: 1 semana. → 10% dos casos duram 2 semanas. → Inicia-se com uma sensação de garganta “arranhando” – duração máxima de 3 dias. → Evolui com espirros, obstrução nasal (congestão das conchas) e rinorreia (coriza). → Coriza e obstrução nasal estão sempre presentes → síndrome da nasofaringite. → Coriza: abundante – clara nos três primeiros dias e purulenta nos últimos – infecção bacteriana secundária. → Obstrução nasal piora a noite (deitado). → Febre (pode ser alta) e mialgias – influenza, VSR e adenovírus. → Sintomas raros na síndrome por rotavírus. → Tosse – principalmente durante o sono, devido ao gotejamento ou dripping pós-nasal (posterior). → Dor de garganta. → Em lactentes: pode observar um período prodrômico – anorexia, inquietude, amolecimento das fezes e vômitos. *cor e espessura de coriza não é indício de infecção bacteriana. *febre alta não é indício de gravidade. COMPLICAÇÕES → Otite média aguda → Sinusite → Pneumonia → Piora de asma brônquica DIAGNÓSTICO → Diagnóstico é clínico. → Rinoscopia anterior: edema e hiperemia das conchas nasais – pode-se observar discreta hiperemia de orofaringe. → AP (ausculta pulmonar): pode ter estridor ou broncoespasmo. Na ausculta alterada deve-se fazer RX tórax. 10 Resumo Tut2- MV- 2021 TRATAMENTO → Tratamento sintomático. → Lavagem frequente das mãos. → Instilação de soluções salinas isotônicas nas narinas e uso de vaporizadores, para desobstruir o nariz. → Hidratação – aumentar a oferta de líquidos, para fluidificar a secreção. → Evitar o fumo ou o contato à fumaça. → Orientar para retorno em caso de piora. → Antitérmicos: se... → Temperatura axilar > 38ºC. → Uso com cautela – tratamento agressivo da febre pode aumentar a excreção viral. → Paracetamol: 1 gota/kg/dose – 6/6 horas. → Dipirona: 1 gota/2kg/dose – 6/6 horas. → Não se deve usar ácido acetilsalicílico, pois quando o vírus é Influenza pode causa a síndrome de Reye (degeneração gordurosa do fígado com comprometimento do SNC). o MS não recomenda o uso de anti-histamínicos e descongestionantes nasais de uso tópico e/ou oral para menores de 2 anos. PREVENÇÃO → Isolamento respiratório. → Lavagem de mãos. Imunização → Não existe vacina contra o rinovírus, mas existe contra a influenza. → Vacina anti-influenza faz parte do calendário básico vacinal do MS. → Anual para crianças de 6 meses a 14 anos e para idosos acima de 60 anos. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - DEFINIÇÃO → Faz parte do grande grupo de faringoamigdalites, por envolver a faringe e amígdalas palatinas; → Doença inflamatória da orofaringe; ETIOLOGIA → VIRAL e BACTERIANA. Vírus → Principais: adenovírus, coronavírus, enterovírus, rinovírus, vírus sincicial respiratório, Epstein-Barr Vírus (EBV) e herpes simples vírus. Bactérias → Principal: estreptococo-beta-hemolítico do grupo A de Lancefield (Streptococcus pyogenes) – principalmente entre 5 a 15 anos – escarlatina. Complica com febre reumática. → Streptococcus do grupo C, Mycoplasma pneumoniae e Arcanobacterium haemolyticum – adolescentes e adultos. → Faringite gonocócica (Neisseria gonorrhoeae) – adolescentes sexualmente ativos e casos de abuso sexual. → Difteria (Corynebacterium diphtheriae) – faringite aguda com membranas acinzentadas nas amígdalas e úvula. FISIOPATOLOGIA Transmissão → Principal fonte de contágio: pacientes sintomáticos → secreção nasal e saliva. → Contato próximo – aglomeração de pessoas, creches, escolas. Fisiopatologia → A localização anatômica e função de processamento do material infeccioso foco de infecção → Inflamação perda da integridade do epitélio da cripta criptite crônica e obstrução das criptas estase de resíduos de antígenos infecção; → 24-48 horas após início da antibioticoterapia – paciente não elimina mais o agente. → Sem o tratamento: contágio pendura algumas semanas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Infecções Virais → Quadros precedidos por sintomas respiratórios ou catarrais; AMIGDALITE 11 Resumo Tut2- MV- 2021 Infecção Bacteriana → Quadro bem agudo. → Inicia-se com queixas pouco específicas (cefaleia, dor abdominal e mal-estar). - Crianças: náuseas, vômitos e febre alta. → Algumas horas após: dor de garganta. → Exsudato – membrana amarelo-acinzentada limitada ao tecido linfoide. → Edema da úvula também pode ocorrer. → Linfadenopatia cervical anterior ou submandibular (única) precoce → linfonodos dolorosos. → Vermelhidão das amígdalas e pilares amigdalianos, associado ou não a exsudato + petéquias em palato mole. → Evolui quase sempre com resolução espontânea após 4-5 dias, mesmo sem uso de antibióticos, mas não é considerada benigna (risco de complicações graves). Tipos de faringoamigdalite → Eritematosas o Hiperemia e congestão da tonsila. o Principal etiologia: viral. o Sarampo: manchas de Koplik. → Eritematopultáceas o Hiperemia e edema associados a um exsudato amarelado não aderente nas criptas e na superfície tonsilar. o Faringite estreptocócica e por EBV. → Pseudomembranosas o Formação de placas esbranquiçadas aderentes ao tecido amigdaliano – pode invadir a faringe, palato e úvula. o Exsudato branco acinzentado, muito aderente – retirada provoca sangramento abundante – comum em difterias. → Ulcerosas o Úlceras superficiais (vesículas): herpangina e angina herpética. o Úlceras profundas: angina de Plaut-Vincent (unilateral, de odor fétido), tuberculose, sífilis e imunodeficiências. → Síndrome de Lemierre o Complicação da faringite provocada pelo Fusobacterium necrophorun. o Tromboflebite da veia jugular interna com êmbolos pulmonares sépticos → infiltrados pulmonares e hipóxia. COMPLICAÇÕES DIAGNÓSTICO → 1º passo: diferenciar viral de bacteriana. → Swab de orofaringe + cultura em ágar sangue. Teste antigênico rápido (streptococos). Cultura. → Cultura: padrão-ouro para o diagnóstico. → Testes de detecção rápida de antígenos estreptocócicos → resultado quase imediato – não são muito usados ainda. → Sorologia pareada → não é útil no manejo da amigdalite estreptocócica, pois demora o resultado final menor chance de prevenir sequelas supurativas; → Hemograma. → Leucograma: não diferencia com confiabilidade a etiologia das infecções. → Sorologias virais não costumam ser solicitadas, exceto em casos suspeitos de mononucleose infecciosa. TRATAMENTO → Maioria é viral – não necessita de terapia específica, exceto em casos de faringite por herpes-simples – pacientes imunodeprimidos → aciclovir parenteral. 12 Resumo Tut2- MV- 2021 Antibioticoterapia → Uso na faringite estreptocócica. → Previne febre reumática, complicações supurativas. → Não previne o surgimento de glomerulonefrite difusa aguda pós-estreptocócica. → Na prática, mesmo sem confirmação do diagnóstico, maioria dos médicos prescrevem antibióticos – com base no aspecto das amígdalas → exsudato purulento + febre alta + petéquias. → Droga de escolha: penicilina benzatina – dose única – intramuscular. o 600.000 UI (crianças com peso < 27 kg) a 1.200.000 UI (crianças com peso > 27 kg). → Outros: o Amoxicilina (50 mg/kg/dia 8/8h, por dez dias) – 10 dias. o Ampicilina – 10 dias. o Penicilina V - via oral –10 dias. → Alérgicos à penicilina → eritromicina (30 a 40 mg/kg/dia, por dez dias) ou azitromicina (por 5 dias). → Com o início da terapia antibiótica → defervescência nas primeiras 24 h. → Gargarejos com solução salina e uso de acetaminofen para controle da dor e da febre. → Faringotonsilites de repetição (> 7 episódios no último ano e > 5 episódios/ano nos dois últimos anos) → indicação à realização de tonsilectomia/adenoidectomia. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - DEFINIÇÃO → Todo processo inflamatório da mucosa de revestimento da cavidade nasal e dos seios paranasais; EPIDEMIOLOGIA → Prevalência em crianças entre 6-7 anos: 0,8-14,9%; o De 13-14 anos: 1,4-39,7% → De 6-8 episódios de IVAS virais, 5-13% evoluem para rinossinusite bacteriana ETIOLOGIA → A rinossinusite é classificada como: 1) Viral autolimitada 2) Bacteriana aguda: duração <4 semanas e resolução completa de sintomas; o Streptococcus pneumoniae o Haemophylus influenzae não tipável o Moraxella catarrhalis 3) Bacteriana subaguda: duração >4 semanas, porém <12 semanas; 4) Crônica: sinais e sintomas por >12 semanas; o Staphylococcus coagulase negativo o Staphylococcus aureus o Streptococcus alfa-hemolítico → Principais causas: evolução de infecções virais e rinite alérgica; → Frio, seco, fumaça, refluxo gastroesofágico, fibrose cística, imunodeficiência e discinesia ciliar. → Obstrução anatômica: pólipo, corpos estranhos, adenoides hipertrofiadas, tumores e desvio de septo; FISIOPATOLOGIA Relembrando... → Ao nascimento: apenas os seios etmoidais são pneumatizados; → 4 anos: pneumatização dos seios maxilares; → 5 anos: pneumatização dos seios esfenoidais; → 7-8 anos até a adolescência: pneumatização dos seios frontais. → A motilidade ciliar é o fator mais importante para drenagem dos seios; Fisiopatologia → Infecção viral de vias aéreas superiores edema inflamação da mucosa produção de muco espesso obstrução dos seios paranasais proliferação bacteriana secundária → Rinite alérgica edema de mucosa prejuízo da drenagem do óstio sinusal; → As secreções retidas nos seios funcionam como “meio de cultura” para o crescimento de bactérias; RINOSSINUSITE 13 Resumo Tut2- MV- 2021 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → Crianças menores de 5 anos → tosse + secreção nasal → “resfriadoque demora a passar” 3-14 dias; → Tosse intensa que persiste por mais de 10-14 dias – é o sintoma mais importante. o Tosse diurna e noturna. → Descarga nasal purulenta por mais de 3-4 dias consecutivas. → Coriza abundante. → Obstrução nasal. → Diminuição do olfato. → Febre. → Cefaleia. → Não há cefaleia na infância, pois o único seio formado é o etmoidal. → Dor facial, edema e sensibilidade à percussão da face. → Respiração com odor desagradável. COMPLICAÇÕES → Celulites periorbitária e orbitária. → Osteomielite. → Complicações intracranianas. o Trombose de seio cavernoso (proptose, vermelhidão e dor ocular). o Meningite. o Abscessos epidural e subdural. DIAGNÓSTICO → Maioria das vezes → clínico. o IVAS que não melhora em 10 dias. Radiografia de face → Achados: espessamento mucoso (>4 mm), opacificação do seio, nível hidroaéreo. → Definem o processo inflamatório, mas não servem para diferenciar o agente causal (vírus ou bactérias). → Possui baixa sensibilidade e especificidade em menores de 5 anos. → Sempre indicado para adolescentes e adultos. Tomografia computadorizada → Dúvida diagnostica. → Aspiração dos seios paranasais (identificação microbiológica) → presença de complicações, crianças imunossuprimidas e não responsividade a antibioticoterapia. → Triagem do IgE in vitro, teste cutâneo intradérmico ou análise citológica da secreção nasal → identificação de rinite alérgica. → Teste do suor → diagnóstico de fibrose cística → crianças com rinossinusite de repetição. → Testes de transporte mucociliar → pouco empregados → suspeita de discinesia ciliar. TRATAMENTO Antimicrobiano → Evitar complicações supurativas (crianças). → Deve ser tratado de 14 a 21 dias. → Escolha inicial → amoxicilina 45-50 mg/kg/dia. o Se observada resistência intermediária (não melhora em 72 horas) usar: amoxicilina + clavulanato 80-90 mg/kg/dia → Alérgicos à penicilina → cefuroxima, cefpodoxina, cefixima ou levofloxacina. → Azitromicina e sulfametoxazol-trimetroprin não são indicados (alto risco de resistência). 14 Resumo Tut2- MV- 2021 → Sinusite subaguda e crônica → amoxicilina + clavulanato – 4 semanas. → Sinusite frontal → ceftriaxone EV nos primeiros dias (risco de complicações intracranianas) – após o controle, pode continuar o tratamento com a via oral. Antipirético Instilação regular nasal de solução fisiológica → manter a mucosa hidratada e remover o muco em excesso. → Não devem ser usados anti-histamínicos → efeitos anticolinérgicos – promovem o espessamento da secreção. → Spray nasal de corticoide → reduz o edema. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 4) Caracterizar o quadro gripal (influenza) quanto ao mecanismo de lesão, o diagnóstico, as complicações e o tratamento. DEFINIÇÃO O influenza é um vírus de RNA, constituindo um orthomyxovirus Normalmente é de ¯ letalidade, porém os subtipos possuem uma - capacidade de mutação, se espalhando por uma população extensa Existem inúmeros subtipos, sendo que os principais são: A, B, C e D A diferença entre eles são as proteínas de superfície: a) Hemaglutinina facilita a entrada do material genético do vírus na célula (é o H do H1N1 por exemplo); b) Neuraminidase facilita a saída das partículas virais do interior das células infectadas (é o N do H1N1); A transmissão ocorre por gotículas (contato), superfícies, aerossol (ar), entre outros EPIDEMIOLOGIA Desde 1918 o vírus influenza foi detectado como causador de quadros gripais, ocasionando a Gripe Espanhola, que foi uma época em que ocorreram inúmeras mortes Um exemplo recente, foi a Gripe Suína, causada pelo subtipo de vírus Influenza H1N1 Subtipo A e B: são comuns em epidemias sazonais (próprio de uma estação- geralmente no inverno) e sofrem frequentes mutações Subtipo C: costuma ocasionar doenças subclínicas e não é comum como causador de epidemias (raramente causa doenças graves) Subtipo D: isolados em bovinos e suínos (não causam doença em humanos) A Taxa de Ataque anual é de 5/10% nos adultos e 20/30% em crianças (o risco de infecção é - em indivíduos institucionalizados) Grupos de Risco: Gestantes Extremos de Idades (¯ de 5 anos ou - de 60 anos) Comorbidades Imunossuprimidos População Indígena MECANISMO DE LESÃO 1. O vírus penetra nas células epiteliais do Trato Respiratório Superior através da proteína de superfície Hemaglutinina (funde a membrana do endossomo ao envoltório viral, fazendo com que o vírus consiga entrar na célula) 2. Se replica, com ciclos que possuem de 4/6 horas (as neuraminidases liberam os “vírus filhos” do interior da célula) 3. O epitélio que foi acometido pelo vírus pode necrosar e descamar, fazendo com que tenha uma substituição momentânea por células metaplásicas e achatadas 4. O vírus pode se proliferar para outras células do Trato Respiratório, propagando a infecção para o restante das vias aéreas 5. ¯ a função de neutrófilos, macrófagos e linfócitos, favorecendo o crescimento de patógenos presentes na rinofaringe, podendo ocasionar infecções secundárias 6. Após a invasão viral, há o - do número de macrófagos, que estimulam a fase aguda da resposta inflamatória 15 Resumo Tut2- MV- 2021 Na superfície dos macrófagos possui o receptor Toll-Like, que estimula a produção de citocinas (TNF-alfa, IFN-alfa, IL-6, IL-8) As citocinas recrutam outras células do sistema imune, - a inflamação e provocando sintomas sistêmicos (febre) Bradicininas provocam os sintomas locais, como dor de garganta e congestão nasal A gravidade da doença depende da quantidade de vírus eliminado nas secreções Uma observação é que os anticorpos só são detectáveis no sangue a partir da 2ª semana QUADRO CLÍNICO O período de incubação é de 1 a 4 dias (intervalo entre a data de contato com o vírus até o início dos sintomas) Excreção Viral/ Transmissão: pico no 2º dia (por isso os pacientes podem estar assintomáticos, porém já contaminando outros indivíduos) Obs: em indivíduos imunossuprimidos, a transmissão pode persistir por semanas Sintomas: Febre (diferença do resfriado- geralmente não tem febre) Sintomas de vias aéreas, como tosse, coriza intensa, hiposmia, anosmia, pressão facial, rinorréia posterior (no resfriado os sintomas são - brandos) Comprometimento Sistêmico, como adinamia e mialgia (no resfriado também é - brando) Cefaleia Prostração Podem ocorrer alterações oculares, como dor ao movimentar os olhos, hiperemia conjuntival, fotofobia, ardência ocular, entre outros Duração: pode durar até 7 dias (1 semana) Sinais de Piora: Persistência ou agravamento da febre por - de 3 dias Miosite comprovada por CPK (- ou igual a 2/3 x) Alteração do sensório Desidratação DIAGNÓSTICO Durante um surto, o diagnóstico é clínico Exame Físico: podem ser encontrados roncos, sibilos e estertores esparsos na ausculta pulmonar Hemograma: podem ocorrer diversas variações, como leucocitose, leucopenia e neutrofilia Leucopenia início da doença Leucograma Normal ou Leucocitose Discreta final da doença Neutrofilia Leucocitose Intensa infecção bacteriana secundária Bioquímica: - de CPK, TGO, TGP, bilirrubinas O vírus não se restringe aos pulmões e vias aéreas superiores, podendo causar lesões no músculo e no fígado, ocasionando uma hepatite Testes Diagnósticos: Aspirado de Nasofaringe Swabs Combinado Imunofluorescência Indireta PCR- RT (acurácia -) TRATAMENTO 16 Resumo Tut2- MV- 2021 PROFILAXIA Vacinação Anual: Vacina de vírus inativado tri (SUS) ou tetravalente Campanha nas semanas antes da temporada sazonal de influenza (inverno principalmente) É anual pelo fato de o vírus possuir grande capacidade de mutação (a vacina é feitacom os antígenos que circularam no ano anterior) Contraindicações: idade ¯ 6 meses, alergia grave ao ovo de galinha, história de hipersensibilidade prévia à vacina Crianças com ¯ de 9 anos recomenda-se tomar 2 doses para primovacinação: 2ª dose em 30 dias COMPLICAÇÕES Pneumonia Viral: primária Lesão do parênquima pulmonar ¯ comum É a complicação - grave, progredindo com aumento de febre, dispneia, cianose, com pouca produção de escarro Estertores difusos (respiração com ruídos) Infiltrados intersticiais difusos no RX Os - acometidos são cardiopatas, pneumopatas e as gestantes Pneumonia Bacteriana: secundária Principalmente o S.pneumoniae e S.aureus - comum Pode estar associada à primária (mista) Após um período inicial de melhora (2/3 dias), aparecem os sinais de pneumonia bacteriana, como tosse purulenta e RX com consolidação pulmonar Os - acometidos são cardiopatas, pneumopatas e idosos Sinusite/Otite: infecções secundárias ao quadro gripal Descompensação de Comorbidades: um exemplo é o paciente diabético, que pode apresentar um quadro de hiperglicemia; outro exemplo são os asmáticos, que podem ter um exacerbamento da doença Miosite/Miocardite/Encefalite Síndrome de Guillain Barré: ataque do próprio organismo ao sistema nervoso, levando à fraqueza muscular, paralisia, entre outros (autoimune) Indivíduos ¯ de 19 anos em uso de AAS: potencial risco de síndrome de Reye - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 5) Caracterizar o quadro gripal (COVID) quanto ao mecanismo de lesão, o diagnóstico e as complicações. O VÍRUS → RNA vírus envelopados; → Um dos maiores genomas virais → Alta capacidade de mutações; → Gêneros: alfa, beta, delta e gama; → Subtipos: 6 infectam humanos, sendo 2 do gênero alfa (HCoV-229E, HCov-NL63) e 4 do beta (HCov- HKU1, HCoV-OC43, MERS-CoV, SARS-CoV, SARS-CoV-2) COVID-19 17 Resumo Tut2- MV- 2021 → 4 são endêmicos em todo o mundo (resfriado comum); → Grande variedade no reino animal principalmente entre os morcegos (zoonoses); → A partir de 2002: 3 novos coronavirus com altas taxas de mortalidade e com potencial para causar pandemia → SARS-CoV2 2002: pangolin; → MERS-CoV2 2012: dromedálios; SARS 2002 → Pneumonia atípica Síndrome Respiratória Aguda Grave → Guandong (china); → Espalhou por 29 países; → Vírus SARS-CoV1: Reservatório natural são os morcegos; → 8 mil casos c/ 774 mortes; MERS-CoV 2012 → Setembro de 2012; → Arabia Saudita e região; → MERS CoV (novo corona vírus); → 2494 casos c/ 858 mortes; → 27 países restritos a península arábica; → Transmissão zoonotica esporádica, sem sustentação de transmissão comunidade camelos → Atingiu células humanas respiratórias, renais, intestinais e hepáticas; → Surtos localizados: Coreia do Sul; → Importância infecção hospitalar; → Letalidade alta: vários fatores como população, modos de transmissão; 2019-2020 SARS-CoV2 → Zoonose: reservatório em animais silvestres; → Homologia em vírus advindos de morcegos; → Dezembro: primeiros casos na china → 1 caso fatal: 11 de janeiro; → 12 de janeiro: sequência genética e compartilhada com OMS; → Ambos os SARS, utilizam o receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) ligação com a proteína S do vírus ORIGEM → Paciente com febre, tosse; → Quadro de pneumonia; → Não batia com a sequência genética que já tinham de painel viral; → Identificado como um novo tipo de vírus; → Mercado de frutos do mar de Wu-Han; TRANSMISSÃO → Por meio de gotículas (fala, tosse, espirro) diretas (1-2 m de distância) ou indiretas (objetos contaminados) → Período de Incubação: 2-14 dias → 3 dias antes do início dos sintomas as pessoas infectadas já podem contagiar outras; → Alta concentração do vírus no trato respiratório nos primeiros 3 dias de sintomas MECANISMO DE LESÃO 1. Entra pelas vias aéreas 2. Adere à mucosa do epitélio respiratório superior através da ligação da proteína S com o receptor ECA o Isso causa uma desregulação no Sistema- Renina-Angiotensina-Aldosterona vasoconstrição 3. Envelope viral de funde à membrana citoplasmática do hospedeiro entrada no citosol da célula; o Esse processo pode causar descamação de penumócitos, edema pulmonar, formação de membrana hialina, botões de brônquios e bronquíolos necrosados, presença de exsudato e excesso de muco; 4. Lesão endotelial e tromboinflamação ↓fibrinólise ↑ produção de trombina 5. Libera o RNA viral de fita simples com sentido positivo; 6. Início do processo de replicação viral nas células epiteliais respiratórias tipo I e II, localizadas no trato respiratório inferior (TRI); 7. Partículas virais podem invadir a corrente sanguínea; 18 Resumo Tut2- MV- 2021 8. Pode infectar fígado, rim, coração, músculo estriado e glândulas endócrinas → Ocorre também o aumento de D-dímero risco de infarto → Além da tempestade de citocinas aumento de TNF, IL-6 e IL-8; Figura 1 Figura 2 QUADRO CLINICO → Síndrome gripal: febre >38° C, tosse, dispneia, dor de garganta, anorexia, cefaleia, mialgia; → Inespecíficos: diarreia, vômitos, anosmia, ageusia e coriza; → Casos moderados: + taquipneia, boa SatO2 (>90%); → Casos graves: FR <30, desconforto respiratório grave ou SatO2 <90% → Crítico: SDRA (dispneia + suporte de O2 + infiltrados alveolares em 7 dias após pneumonia) ou sepse ou choque séptico → Casos e leves e moderados (40%), graves (15%) e doença crítica (5%); FATORES DE RISCO → Idade >60 anos; → Doença crônica não transmissível (DM, HAS, DPOC, AVC, DRC, imunossupressão, câncer; → Tabagismo COMPLICAÇÕES → Processos trombóticos estimulados pelo vírus ou pela cascata de citocinas inflamatórias; → Manifestações neurológicas (AVE, agitação, delirium), embolia pulmonar aguda e síndrome coronariana grave; DIAGNÓSTICO → Tomografia Computadorizada detecta pneumonia já nos 3 primeiros dias de sintomas; → Achados de opacidades em vidro fosco com distribuição periférica e subpleural com envolvimento de múltiplos lobos, sobretudo, 19 Resumo Tut2- MV- 2021 inferiores podem ser circundados por áreas de consolidação (halo invertido) → Diagnóstico clínico em pacientes leves “suspeito para COVID-19” → Amostra do trato respiratório superior (TRS) testada por transcrição reversa e reação em cadeia de polimerase (RT-PCR) → Elevada especificidade e sensibilidade padrão- ouro; → Realizado entre o 3° e 7° dia do início dos sintomas; → Sorologia visa detectar anticorpos IgG e IgM; → Após 7 dias IgM e após 11 IgG; → Bom para identificar pessoas que já tiveram contato com o vírus; MANEJO - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 20 Resumo Tut2- MV- 2021 6) Definir terapia antimicrobiana profilática, empírica e dirigida, identificando os critérios que indicam o espectro de cobertura. Farmacoterapêutica – Conselho Federal de Farmácia – CEBRIM/CFF As bases farmacológicas da terapêutica Espectro: percentual de espécies sensíveis (número de espécies/ isolados sensíveis) Potência ou concentração mínima (MIC): concentração de antibióticos necessária para inibir o crescimento bacteriano o Quanto menor o MIC, maior a potência Antibióticos podem ser usados de três maneiras: Terapia empírica, inicial ou presuntiva: cobertura contra todos os patógenos prováveis o Quando ainda não foi feito a identificação → exige o conhecimento dos microrganismos infectantes mais prováveis e suas sensibilidades aos antimicrobianos o Riscos de não iniciar o tratamento antes de receber os resultados laboratoriais é alto o Antibiótico de amplo espectro o Adotada quando o prazo para realização dos testes laboratoriais representar riscoao paciente o Deve ser baseada em dados epidemiológicos, potencial patogênico e padrão de suscetibilidade microbiana o Assim que o patógeno for identificado deve-se começar a terapia definitiva o Ex: infecções de comunidade prevalentes em que se sabe o patógeno mais provável (IVAS, ITUs) Terapia definitiva ou específica: quando o microrganismo já foi identificado por teste laboratorial ou quando a manifestação clínica bem característica de tal patógeno o Espectro estreito e baixa toxicidade Terapia preventiva ou profilática: prevenir infecção em situações de risco elevado o Deve-se obedecer a critérios bem definidos o Os riscos e a gravidade da infecção a ser evitada é maior que as consequências da terapia antimicrobiana o Ex: pacientes imunossuprimidos, pré- operatório cirúrgico, pós exposição (HIV, meningite), infecções recorrentes O quadro clínico pode sugerir o microrganismo específico Sempre considerar sua evolução É essencial saber quais microrganismos tem maior tendência a causar infecções específicas em determinado hospedeiro Exame mais valioso para identificação imediata de bactérias → exame de secreção infectada ou do líquido corporal por coloração pelo método de Gram → seleção mais racional da antibioticoterapia inicial Na maioria das situações, a identificação da morfologia do microrganismo não é adequada para estabelecer o diagnóstico bacteriológico específico, TERAPIAS CONCEITOS 21 Resumo Tut2- MV- 2021 fazendo com que a seleção de um único antibiótico de espectro estreito seja inadequada, principalmente nos casos de infecções fatais Indica-se uma cobertura antimicrobiana ampla até o isolamento e identificação do microrganismo → amostras devem ser obtidas antes do inicio da terapia farmacológica Como no primeiro atendimento normalmente não se conhece a etiologia, a escolha do antimicrobiano deve responder a algumas questões: Trata-se realmente de uma infecção? É uma infecção comunitária ou hospitalar? Qual o foco? Qual a faixa etária do paciente? Quais as condições predisponentes? Qual a gravidade da infecção? Como estão as funções hepática e renal? Em paciente do sexo feminino, verificar gravidez. Características do antimicrobiano ideal: Ação bactericida; Espectro o mais específico possível; Menor MIC; Maior nível no local da infecção; Melhor comodidade posológica; Compatível com o estado clínico do paciente; Menos tóxico; Mais barato. Posologia deve ser ajustada de acordo com a gravidade do caso Casos mais leves → doses mais baixas e por via oral Casos mais graves → doses mais elevadas e por VI De modo geral, os antimicrobianos devem ser mantidos por dois a três dias após terem cessado todos os sintomas - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 7) Descrever o mecanismo de ação dos medicamentos indicados no texto. MD.Saúde- Bulas SULFAMETOXAZOL-TRIMETOPRIM Conhecido popularmente como Bactrim ou Cotrimoxazol É um antibiótico importante, que faz parte da lista de medicamentos essenciais da OMS É um medicamento com duplo mecanismo de ação Além da combinação com sulfametoxazol, há a disponibilidade da trimetopima em uma preparação simples (única) Agem de modo sinérgico: um medicamento potencializa o outro Mecanismo de Ação: Tem ação sobre duas etapas da via de síntese do ácido tetraidrofólico, bloqueando as enzimas responsáveis pela produção do ácido fólico pelas bactérias, sendo que o ácido fólico é uma substância necessária para a síntese e reparação do DNA: a) A Sulfonamida inibe a incorporação do PABA ao ácido fólico, através da enzima diidropteroato sintetase b) A Trimetopima inibe a enzima ácido diidrofólico redutase (DHFG), impedindo a conversão do diidrofolato (DHF) a tetraidrofolato (THF), sendo que é uma etapa que conduz a síntese de purinas e DNA Uma resistência bacteriana é resultado da aquisição de um plasmídeo que codifica uma diidrofolato redutase alterada Indicações Terapêuticas: Infecções do Trato Urinário (ITU’s) Infecções Bacterianas do Trato Respiratório Infecções Gastrintestinais Infecções Renais Infecções Genitais (femininas e masculinas) Profilaxia para Pacientes Neutropênicos Infecções Diversas Pode ser administrado em casos de Otite, porém costuma ser indicado apenas para crianças que são alérgicas à amoxicilina Efeitos Adversos: Como nós, seres humanos, não sintetizamos o ácido fólico, mas sim o obtemos através dos alimentos, o Bactrim não causa dano à nossa capacidade de sintetizar ou reparar o DNA, porém podem surgir efeitos colaterais em pacientes com deficiência de ácido fólico Megaloblastose, leucopenia e trombocitopenia Reações gastrintestinais (náuseas e vômitos) Reações dermatológicas (rash e coceira) 22 Resumo Tut2- MV- 2021 Pacientes com AIDS podem ter reação de hipersensibilidade, como erupções, neutropenia, síndrome de Stevens Johnson Contraindicações: Pacientes com histórico de alergia a medicamentos à base de sulfa Crianças ¯ de 2 anos Paciente com histórico de anemia megaloblástica por deficiência de folato Pacientes com histórico de reações alérgicas do tipo Stevens-Johnson ou necrólise epidérmica tóxica Deve ser evitado no 1º trimestre de gravidez, pelo risco de interferir na formação do feto e no último mês de gestação, pelo fato de - o risco de icterícia neonatal
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