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1 Resumo capítulo 41 Guyton. Regulação da Respiração I- Centro Respiratório: Compõe-se de diversos grupos de neurônios situado bilateralmente na medula oblonga e na ponte do tronco cerebral. Divide-se em três agrupamentos maiores de neurônios: (1) um grupo respiratório dorsal, situado na porção dorsal do bulbo; (2) um grupo respiratório ventral, localizado na parte ventrolateral do bulbo; e (3) o centro pneumotáxico, encontrado na porção dorsal superior da ponte. 1) Grupo Respiratório Dorsal: É responsável principalmente pela inspiração e seus neurônios, em sua maioria, situam-se no interior do núcleo solitário, que corresponde à terminação sensorial dos nervos vago e glossofaríngeo, nervos que transmitem sinais sensorias ao centro respiratório a partir de: (1) quimiorreceptores periféricos, (2) barorreceptores e (3) vários tipos de receptores nos pulmões. O sinal nervoso transmitido aos músculos inspiratórios, principalmente o diafragma, não representa um surto instantâneo dos potenciais em ação. Ao contrário disso, na respiração normal, esse sinal exibe um início débil e uma elevação constante na forma de uma rampa por cerca de 2 segundos. Então, apresenta uma interrupção abrupta durante aproximadamente os 3 segundos seguintes, o que desativa a excitação do diafragma e permite o recuo elástico dos pulmões, produzindo a expiração. Em seguida, o sinal inspiratório reinicia-se em um novo ciclo. Consequentemente, o sinal inspiratório é um sinal em rampa. Há duas qualidades da rampa inspiratória passíveis de controle: ▪ Controle da velocidade de aumento do sinal em rampa, de modo que durante uma respiração mais intensa, a rampa cresça com rapidez e, dessa forma, promova a rápida expansão dos pulmões; ▪ Controle do ponto limítrofe de interrupção súbita da rampa. Método usual de controle da frequência respiratória; ou seja, quanto mais precocemente a interrupção da rampa, menor será a inspiração, reduzindo, também a expiração, o que gera um aumento na frequência respiratória. 2) Centro Pneumotáxico: Possui essencialmente o controle da frequência e da profundidade respiratória. O efeito primário desse centro é o de “desligamento” da rampa inspiratória, controlando, assim, a duração da fase de expansão do ciclo pulmonar. Sua função é basicamente limitar a inspiração, o que apresenta um efeito secundário de aumento na frequência respiratória. 3) Grupo Respiratório Ventral: Engloba o núcleo ambíguo rostralmente e o núcleo retroambíguo caudalmente. Possui funções que diferem-se daquelas do grupo respiratório dorsal em vários aspectos importantes; ▪ Permanecem quase que totalmente inativos durante a respiração normal e tranquila, pois esta é induzida apenas por sinais inspiratórios repetitivos do grupo respiratório dorsal; ▪ Não há evidências de que seus neurônios participem da oscilação rítmica básica responsável pelo controle da respiração; ▪ Contribui para um controle respiratório extra, quando o aumento da ventilação pulmonar torna-se superior ao normal; 2 ▪ A estimulação de alguns neurônios provoca a inspiração e a de outros, a expiração, sendo especialmente importantes na provisão de sinais expiratórios vigorosos aos músculos abdominais durante a expiração muito intensa. Portanto, essa área atua como um mecanismo supra-regulatório quando há necessidade de altos níveis de ventilação pulmonar, particularmente durante atividade física intensa. 4) O Reflexo de Hering-Breuer: Além dos mecanismos de controle do sistema nervoso central, os sinais sensoriais neurais provenientes dos pulmões também ajudam a controlar a respiração. Receptores de estiramento situados nas porções musculares dos brônquios e bronquíolos são responsáveis pela transmissão de sinais através dos nervos vagos até o grupo respiratório dorsal quando os pulmões sofrem estiramento excessivo. Tais sinais influenciam a inspiração de forma semelhante aos sinais provenientes do centro pneumotáxico; ou seja, quando os pulmões sofrem uma insuflação excessiva, os receptores de estiramento ativam uma resposta apropriada de feedback que “desativa” a rampa inspiratória, interrompendo a inspiração. Esse reflexo recebe o nome de reflexo de insuflação de Hering-Breuer. Este reflexo também aumenta a frequência respiratória, assim como o centro pneumotáxico. Em seres humanos só é ativado quando o volume corrente é aumentado em valores superiores à três vezes o normal, sendo um mecanismo protetor para evitar a insuflação pulmonar excessiva. II- Controle Químico da Respiração: O objetivo fundamental da respiração é manter concentrações apropriadas de oxigênio, dióxido de carbono e íons hidrogênio. O excesso de dióxido de carbono ou de íons hidrogênio no sangue atua de forma direta sobre o centro respiratório, gerando um grande aumento na intensidade de sinais motores inspiratórios e expiratórios para os músculos da respiração. O oxigênio, por outro lado, não apresenta efeito direto significativo sobre o centro respiratório. Ao contrário, este elemento atua quase que exclusivamente sobre os quimiorreceptores periféricos situados nos corpos carotídeos e aórticos, que transmitem sinais ao centro respiratório para o controle da respiração. 1) Controle Químico Direto da Atividade do Centro Respiratório: As áreas do centro respiratório não são diretamente influenciadas pelas mudanças na concentração de CO2 ou H+. Em vez disso, há uma outra área neural, uma área quimiossensível, situada bilateralmente. Essa área é altamente sensível às alterações na Pco2 ou na concentração de H+, estimulando, assim, outras porções do centro respiratório. Os neurônios quimiossensíveis são particularmente estimulados pelos íons hidrogênio, porém estes não atravessam a barreira hematoencefálica com facilidade, gerando uma estimulação menor da área quimiossensível. Já o CO2 atravessa a barreira hematoencefálica como se ela não existisse, gerando um potente efeito indireto sobre a área quimiossensível. Este efeito advém da reação do CO2 com a água no líquido intersticial do bulbo e no líquido cefalorraquidiano, gerando ácido carbônico que dissocia-se em H+ e HCO3-. O H+ agora próximo à área quimiossensível, exerce a sua função, estimulando-a. A excitação do centro respiratório pelo dióxido de carbono é notável durante as primeiras horas, porém declina gradativamente em 1 a 2 dias subsequentes. Parte desse declínio se deve ao reajuste renal da concentração de hidrogênio no sangue circulante de volta à normalidade. Em maior parte, os íons bicarbonato, em algumas horas, se difundem lentamente através da barreira hematoencefálica e se combinam diretamente com os íons hidrogênio. Portanto, uma mudança na 3 concentração sanguínea de CO2 possui um potente efeito agudo sobre o centro respiratório, mas um fraco efeito crônico após a adaptação de alguns dias. III- Sistema Quimiorreceptor Periférico: Os quimiorreceptores estão localizados no arco aórtico e bifurcação das carótidas, sendo responsáveis pela detecção de alterações nos níveis de O2 do sangue. Transmitem os sinais neurais ao centro respiratório para ajudar a regular a atividade respiratória. As fibras nervosas aferentes dos corpos carotídeos atravessam os nervos de Hering, dirigindo-se aos nervos glossofaríngeos e posteriormente à área respiratória dorsal do bulbo. IV- Regulação da Respiração durante o Exercício Físico: Na atividade física vigorosa, o consumo de oxigênio e a formação de dióxido de carbono aumentam intensamente. Contudo, a ventilação alveolar no atleta saudável costuma aumentar quase que proporcionalmente à elevação no nível do metabolismo do oxigênio. A Po2, a Pco2 e o pH arteriais permanecem quase exatamente normais. Acredita-se que o cérebro, durante a transmissão de impulsos nervosos aos músculos submetidos à atividadefísica, transmita simultaneamente impulsos colaterais ao tronco cerebral para estimular o centro respiratório. Obs.: Mecanismo Básico da Respiração de Cheyne-Stokes: Quando um indivíduo respira excessivamente , promovendo a remoção de grande quantidade de CO2 do sangue pulmonar e o aumento simultâneo de oxigênio sanguíneo, levam-se alguns segundos para que o sangue pulmonar possa ser transportado ao cérebro e iniba a ventilação excessiva. Quando o sangue hiperventilado finalmente chega ao centro respiratório, esse centro vem a sofrer uma depressão excessiva. Então, inicia-se o ciclo oposto. Ou seja, a quantidade de CO2 aumenta e a de O2 diminui nos alvéolos. Novamente demoram alguns segundos antes que o cérebro consiga responder a essas novas alterações. Quando responde, o indivíduo respira com dificuldade mais uma vez e o ciclo se repete. Isso decorre de uma anormalidade respiratória denominada respiração periódica, ocorrendo em diversas condições patológicas.
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