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Plantas filtradoras, bioindicadoras e restauradoras do solo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE BIOLOGIA
Discente: Alisson Igor Braga Santos
Plantas filtradoras, bioindicadoras e restauradoras do solo.
A poluição aquática é um sério problema que impacta nascentes, cursos d'água e aquíferos, sendo urgente pesquisar medidas de tratamento e de prevenção, uma vez que as cabeceiras são áreas de proteção permanente e que têm grande importância como mananciais e na conservação de bacias hidrográficas. A poluição pode ser de vá rios tipos e ter origem rural, urbana e industrial. A poluição rural é causada por agrotóxicos, carga de sedimentos e resíduos orgânicos (esterco). A urbana é basicamente de esgoto doméstico e de lixões, além de uma série de resíduos menos percebidos, como os de desgaste de pneus e de tintas de construções, de lavagem de carros (detergentes), dentre outras. A industrial é muito mais variada e intensa, também envolvendo substâncias químicas e orgânicas, contidas em esgoto de agroindústrias como frigoríficos, usinas de açúcar e álcool, e outros. Foi comprovado que além da remoção de poluentes as plantas aquáticas podem descontaminar a água de germes de doenças, reduzindo a população de patógenos (Valentim, 1999), por meio dos microrganismos associados (perifiton), decompositores de substâncias orgânicas, e da absorção de produtos da decomposição e da oxigenação do sistema. 
Aguapé
São encontradas em crescimento espontâneo em rios e lagos, sobre águas fundas ou rasas, estas com fundos lamacentos e abundância de matéria orgânica. Tem a capacidade de absorver metais pesados como chumbo, podendo ser utilizada para limpeza de águas contaminadas residuais de indústria. A queima controlada das partes vegetais recupera os produtos particulados no líquido, reciclando assim o material. A planta tem grande capacidade de extração de nutrientes dissolvidos na água e suas raízes podem reter na sua superfície grande quantidade de metais em suspensão. Não há grande problema em cultivar esta planta, nem necessidade de adicionar nutrientes ao meio de cultivo. Para fazer mudas é necessário separar os rizomas com duas folhinhas e colocar em meio líquido ao sol. Seu uso em paisagismo deve ficar restrito a laguinhos fechados, sem possibilidade de que haja invasão de mudas para açudes, córregos e rios. É uma planta que aceita bem águas cinza provenientes de água descartada por pias, chuveiros e tanques de lavar roupa ou máquinas de lavar. Tem a capacidade de limpá-la dos elementos contaminantes, podendo ser feito um reservatório de acolhimento da água servida onde serão postas mudas do aguapé para ajudar na sua limpeza. As flores são brancas e ficam fora da água flutuantes em pequenos pedúnculos delicados, contém algumas ramificações, mas seu tamanho não é definido, depende da espécie e das condições de cultivo.
Elódea
Seu cultivo é em meio aquático, em aquários e laguinhos. Aprecia o substrato limoso do fundo do lago e cresce bem em condições de luminosidade. Para fazer mudas da planta basta cortar pequenas estacas e plantar em recipientes com solo orgânico conservando bem encharcado. Como suas sementes são difíceis de obter é o método mais utilizado. Esta planta tem grande capacidade de resistência e pode ser colocada em tanques para descontaminação de águas cinza. Tem capacidade enorme de absorver carbono e propiciar ao elemento hídrico grandes quantidades de oxigênio, ideal para restabelecer o equilíbrio da água. Os peixes apreciam comer a vegetação então para laguinhos com peixes que consomem vegetais é excelente.
Salvínia auriculata (Salviniaceae)
Erva aquática flutuante livre, anual ou perene. Formada por três folhas. Planta bastante adaptável, tanto em aquário ou em tanques externos. Em aquário, deverá ser mantida sobre iluminação intensa e não são exigentes em termos de nutrientes. Em lagos, pode-se utilizar como planta para filtragem e sombreamento, devendo tomar cuidado pra que não se propaguem muito. Em caso de propagação, utiliza-se uma retenção circular (mangueira), delimitando o espaço onde crescerão. 
Rabo de raposa (Ceratophyllum)
Planta herbácea de pequeno porte até uns 20 cm, talos flexíveis e folhas filiformes e frágeis. Rabo de raposa (Ceratophyllum) é uma planta que se desenvolve submersa dentro da água e muito usada em aquaricultura. A Ceratophyllum é uma planta produz flores masculinas e femininas, mas não têm expressão ornamental. Não sobrevive em meio seco, e se desenvolve solta na água por que não possui raízes. Para fazer flores desta planta basta destacar estacas dos talos e deixá-los soltos dentro da água. Pode tornar-se um problema em laguinhos sem peixes, pois poderá abrigar larvas de mosquitos.
 Lentilha D’agua
É considerada a menor Angiosperma do mundo, seu tamanho é diminuto, cerca de 5 mm, tem a forma arredondada e possui duas folhinhas acopladas e uma única raiz. Sua flor é diminuída e passa despercebida. Possui um estigma com dois estames. Em meio aquático, indiferente à qualidade da água. Isto a torna excelente para recuperação de águas poluídas. Os peixes apreciam suas folhas, mas elas contêm alguns princípios tóxicos, inerentes à família a que pertencem. Produz fruto e semente viável, mas sua reprodução é mais vegetativa. Novas folhinhas nascem de gemas entre as folhas, ficando acopladas a elas até estarem mais desenvolvidas, soltando-se depois. Sua velocidade de reprodução é assombrosa e com rapidez preenchem os espaços na água. Tem grande capacidade de conversão de CO2 em oxigênio o que a torna altamente desejável para águas cinza.
Referências:
VALENTIM, M. A. A. Uso de leitos cultivados no tratamento de efluente de tanque séptico modificado. 1999. Universidade Estadual de Campinas, Campinas/SP.
OLIVEIRA, P. de. Plantas de aquário. Lisboa: Ed. Presença, 1981. 238 p.
POTT, V. J.; POTT, A. Plantas aquáticas do Pantanal. Brasília: Embrapa, 2000. 404 p.
POTT, V. J.; CERVI, A. C. A família Lemnaceae Gray no Pantanal (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo , v. 22, n. 2, p. 153-174, 1999.

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